Brasil de Fato PR - Edição 258

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Cultura | p. 7

Esportes | p. 8

Floresta bem na foto

A jogada mais bonita

Trabalho do fotógrafo Felipe Prando mostra natureza em Bocaiúva do Sul

Atleta do Fortaleza para contra-ataque porque adversário se machucou Divulgação

PARANÁ

Ano 5 Edição 258 27 de maio a 2 de junho de 2022 distribuição gratuita www.brasildefatopr.com.br

Divulgação

Máscaras obrigatórias em Curitiba?

Notas BdF | p. 3

Tortura e assassinato à luz do dia Rapaz negro morre asfixiado após ação da Polícia Rodoviária

Casos de Covid e doenças respiratórias “estouram” na capital Paraná | p. 5

Reprodução

Editorial | p. 2

Universidades em risco Projetos propõem cobrança de mensalidades em instituições públicas

Giorgia Prates

Giorgia Prates

Paraná | p. 5

O frio que mata População em situação de rua sofre com a queda das temperaturas


Brasil de Fato PR 2 Opinião editorial

Brasil de Fato PR

Paraná, 27 de maio a 2 de junho de 2022

SEMANA

Em defesa de universidades públicas fortes e gratuitas

N

esta semana, foi divulgado um documento elaborado por institutos ligados a membros das forças militares chamado “Projeto de Nação”. Nele, projeta-se que, até o ano de 2035, as universidades públicas brasileiras – assim como o Sistema Único de Saúde (SUS) – terão se tornado pagas. Em paralelo, começou a ser movimentada na Câmara dos Deputados a PEC 206/2019, que pretende estabelecer a cobrança de mensalidades nas universidades públicas. Coincidência ou não, a PEC foi proposta justamente por um militar, o deputado paulista General Peternelli (União-SP). A medida é desastrosa e precisa ser derrotada. Dentre muitas, algumas razões: 1) a maior parte dos estudantes das universidades públicas são pobres e não teriam condições de pagar mensalidades, havendo risco de grande parte deles não conseguir acessar as políticas de isenção; 2) a possibilidade de diferenciação entre estudantes pagantes e isentos criaria divisões internas negativas na comunidade acadêmica; 3) as cobranças poderiam motivar a redução ainda maior de repasses de recursos públicos às universidades, tornando-as dependentes das mensalidades e criando pressão para restringirem as políticas de isenção. Educação e saúde públicas, gratuitas e de qualidade, são direitos e fundamentos de uma nação soberana.

Até que ponto a fé e a política podem se misturar? opinião

Guilherme Mikami,

jornalista, cientista político, diretor da agência de comunicação sindical Abridor de Latas e participante da Frente de Evangélicos pelo Estado Democrático de Direito

E

ssa é uma dúvida que vem crescendo no coração e na mente de uma parcela cada vez maior de evangélicos no Brasil, especialmente a partir das mudanças sentidas nos últimos anos em muitas igrejas e comunidades, nas quais os princípios básicos do cristianismo, como o amor e a solidariedade, foram perdendo espaço para a intolerância e o ódio implantados com objetivos políticos-econômicos-eleitorais. Não é de hoje que eles sabem que as pessoas reagem mais pelo sentimento do que pela racionalidade. O

objetivo dos pregadores do “evangelho do ódio” é espalhar medo. Em excesso, medo vira paranoia. Em grande escala, se transforma em paranoia coletiva, que é o que eles espalham nas igrejas brasileiras ao disseminar mentiras de cunho político. Em grande escala, isso criou uma nova geração de pessoas “desigrejadas”, que deixaram de frequentar cultos, células e outros espaços de convivência porque sofreram com a intolerância de “irmãos” e “irmãs” (que é a forma como se identificam as pessoas na igreja) ou porque se desapontaram ao ver lideranças envolvidas em uma política de baixo nível, disseminando a discórdia a partir de mentiras e conteúdos extremistas. Essa pode ser uma das explicações para o gigantesco fracasso da chamada “Marcha para Jesus”, que

aconteceu no dia 21 de maio em Curitiba. Quando anunciaram que Bolsonaro participaria da chamada Marcha para Jesus, em Curitiba, os organizadores disseram a jornais da capital paranaense que esperavam entre 200 e 300 mil pessoas. Apesar do exagero, a expectativa era atrair mais participantes do que nas edições anteriores, que chegaram a contar com mais de 100 mil pessoas antes da pandemia de Covid-19 (segundo os mesmos organizadores). Em vez de aumentar, o evento deste ano encolheu. E muito. Quando Bolsonaro discursou em frente a um teatro na capital, não havia mais do que três mil pessoas. Isso equivale a 1% do público esperado.

EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 258 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Guilherme Mikami, José Pires e Paula Cozero ARTICULISTAS Cesar Caldas, Douglas Gasparin Arruda, Fernanda Haag, Marcio Mittelbach e Manoel Ramires REVISÃO Lea Okseanberg ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio, Robson Sebastian CONTATO pautabdfpr@gmail.com /bdfpr @brasildefatopr REDES SOCIAIS

O artigo completo está no site www.brasildefatopr.com.br Agora é sua vez! Entre em contato por e-mail ou pelas redes sociais, comente uma de nossas matérias e apareça aqui no Brasil de Fato impresso

FALA POVO


Brasil de Fato PR

Passaporte da vacina na pauta Curitiba vive novo surto de Covid-19 e a pandemia foi normalizada pelo poder público. Com 1.685 novos casos, a média móvel aumentou 110,8% em comparação aos últimos sete dias. Já o número de casos ativos, 11.629, subiu 152% em duas semanas. Dados que reforçam a iniciativa da bancada de oposição na Alep de tentar revogar lei que proíbe a adoção do passaporte vacinal no estado. A Ação Direta de Inconstitucionalidade foi protocolada no Tribunal de Justiça do Paraná. Os parlamentares apontam a inconstitucionalidade formal e material da lei e pedem a suspensão de seus efeitos até o julgamento final pelo TJ. Citam que entra em conflito com orientações de especialistas e fere a autonomia de instituições. Assinam a ADI os deputados Arilson Chiorato (PT), Goura (PDT), Luciana Rafagnin (PT), Professor Lemos (PT), Requião Filho (PT) e Tadeu Veneri (PT). Na capital, a Secretária de Saúde recomendou a utilização de máscaras em ambientes fechados e coletivos como ônibus, supermercados e eventos esportivos. O município também é contra a adoção do passaporte. Já na Alep, embora parlamentares tenham proibido a obrigatoriedade de máscara, circular interna afirma que “a partir de segunda-feira (23), adotaremos uso de máscara em todos os ambientes fechados de uso coletivo no âmbito da Assembleia”.

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Paraná, 27 de maio a 2 de junho de 2022

FRASE DA SEMANA

QUE DIREITO

“É muito difícil se relacionar com quem apoia Bolsonaro por dois motivos: ou porque é um escroto ou é burro.”

Paula Cozero

É ESSE?

Por que o FGTS é importante?

Disse em entrevista ao podcast Diacast a chef de cozinha Paola Carosella, que depois foi atacada por bolsonaristas nas redes, que a mandavam voltar para a Argentina ou sugeriam boicote a seus restaurantes.

Divulgação

NOTAS BDF

Por Frédi Vasconcelos

É o horror Na implantação do AI 5 pela ditadura, o vice-presidente Pedro Aleixo questionou: “Presidente, o problema de uma lei assim não é o senhor nem os que com o senhor governam o país; o problema é o guarda da esquina”. Dois fatos recentes mostram como a exaltação da violência por Bolsonaro tem levado a cada vez mais ao terror cotidiano: as execuções em “operação” no Rio e a morte de Genivaldo Santos numa viatura da Polícia Rodoviária Federal transformada em câmara de gás, em Sergipe.

Chacina no Rio Em outra ação, com participação da PRF e do Bope, 23 pessoas morreram na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro. A “operação”, que segundo a polícia era para prender traficantes, na segunda-feira, numa ação dita de “inteligência”. Nas redes sociais, moradores relataram momentos de terror com policiais atirando de fuzil em direção às pessoas apenas para aterrorizar, numa ação que durou 12 horas. Reprodução

Asfixia No caso de Genivaldo, laudo do IML aponta morte por asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda. Para quem não viu o vídeo, o rapaz negro de 38 anos, que tinha distúrbios mentais, foi colocado dentro de uma viatura da PRF. Um policial jogou gás e outro fechou a porta da viatura, segurando Genivaldo até que parasse de se mexer. Quando estava sendo preso, a vítima perguntava: “O que fiz, por que estão me tratando assim?” Tudo à luz do dia e com inúmeras testemunhas.

Impunidade Há muitos anos, a impunidade policial é denunciada. No ano de 2021, por exemplo, Cesar Munoz, da Human Rights Watch (HRW) declarou que: “A raiz fundamental deste problema crônico que vivemos no Brasil é a impunidade. É um problema muito prejudicial e que tem muitos efeitos colaterais. A violência dos policiais tem um impacto imediato e trágico nas comunidades [favelas] que são onde estão, principalmente, as vítimas [das polícias]”.

O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) é um direito de todas as pessoas empregadas. Ele obriga a empresa a depositar todo mês o valor de 8% do salário em uma conta em nome do/a trabalhador/a na Caixa Econômica Federal. Este valor não é descontado do salário, deve ser arcado apenas pela empresa. O FGTS funciona como uma poupança que só pode ser usada em hipóteses específicas: aquisição de casa própria, aposentadoria, doença grave etc. Quando a/o empregada/o é dispensada/o sem justa causa, tem o direito de sacar o saldo da conta e recebe da empresa mais uma multa de 40% sobre o total depositado. Há, ainda, a possibilidade de optar pelo “saque-aniversário”, com isso, o saldo é recebido de forma parcelada, uma vez no ano, nos aniversários da pessoa. Neste caso, quando há demissão sem justa causa, não se pode sacar o valor depositado, mas permanece o direito à multa de 40% sobre o total de depósitos do contrato (inclusive sobre o valor já sacado). A multa de 40% do FGTS é um direito muito importante porque ajuda financeiramente a pessoa enquanto não encontra novo emprego. Além disso, desencoraja as empresas a demitirem por terem que desembolsar um valor a mais na hora da dispensa. Paula Cozero Advogada e membro da Rede de Advogadas e Advogados Populares


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Paraná, 27 de maio a 2 de junho de 2022 Schneyder Mendoza

Colômbia e Ucrânia: duas trincheiras dos EUA no mapa global Eleições do dia 29 de maio têm importância histórica e também na atualidade global

Pedro Carrano

N

o dia 29 de maio (domingo) está marcado momento dos mais importantes na história recente da América Latina. As eleições para presidente na Colômbia podem, pela primeira vez, levar um candidato de esquerda ao governo. No contexto global, este país tem sido usado como ponte pelo governo dos Estados Unidos, por décadas, entre outras questões,

para pressionar o governo bolivariano na Venezuela, país vizinho. Inclusive, nesta semana, uma equipe do exército colombiano viaja à Europa para capacitar soldados ucranianos em técnicas de remoção de minas terrestres –, reforçando o interesse do governo dos EUA em manter a guerra na Ucrânia e, ao mesmo tempo, ter a Colômbia como aliado estratégico da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Acontecimentos violentos, provocados por grupos armados colombianos na fronteira com a Venezuela, tentam atrair o governo de Nicolás Maduro para uma guerra semelhante àquela que a Otan tem provocado na fronteira entre a Rússia e Ucrânia, afirma o site Opera Mundi, apontando o fato de que a fronteira entre os dois países caribenhos é uma região importante devido à biodiversidade e aos recursos naturais.

Esquerda rumo ao governo? O candidato de esquerda, o ex-guerrilheiro e senador Gustavo Petro, soma 41% de apoio. Ele é candidato pela Coalizão Pacto Histórico, formado em 2021, que reúne organizações de esquerda e setores médios contrários ao atual governo. A vice de Petro é Francia Márquez, advogada negra, militante ambiental e pelos direitos humanos. O repórter brasileiro Leonardo Severo, integrante da Comunicasul, grupo de jornalistas progressistas, dos poucos a falar das eleições no país, aponta que os setores que integram a campanha de Petro estiveram na linha de frente dos protestos massivos de 2021. “Destaque para as lideranças de mulheres, senadoras, indígenas, negras, tem uma participação muito presente dos movimentos populares sociais, algo muito impactante, ao lado da participação forte da juventude”, relata em entrevista ao Brasil de Fato Paraná. Entre as bandeiras apontadas por Petro está a crítica ao caráter importador e pouco industrializado

da economia do país; o cumprimento dos acordos de Paz, de 2016, que trouxe as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) para a sociedade civil, e o desmantelamento do crime organizado, como informa artigo de Juan Pablo Tapiro, porta-voz da organização Marcha Patriótica. Extrema-direita O termo “uribismo” usado para designar a oposição a Petro, deriva do ex-presidente Álvaro Uribe, mandatário entre 2002 e 2010, que teve uma política de alinhamento ao governo dos EUA, combate contra as organizações populares, sob pretexto do combate ao narcotráfico, além do uso de paramilitares para isso. Entre 1999 e 2005, paramilitares cometeram 9 mil assassinatos. Uribe influencia o atual presidente colombiano, Ivan Duque, e o segundo colocado nas pesquisas, Federico Gutiérrez, com 27%, além do empresário Hernández, em terceiro lugar, com 20%, com posições de extrema direita. Assim como no Brasil, sem deixar espaço para o “centro” político.

Eleições violentas A violência e as atuais ameaças se elevaram nesses dias. Afinal, de imediato, é a chance de enfraquecimento da extrema-direita neoliberal no continente – uma vez que Bolsonaro no Brasil e Ivan Duque na Colômbia fazem parte de uma onda conservadora iniciada em 2015. Também pode ser a primeira vez que um governo de esquerda vença as eleições presidenciais. As lutas na Colômbia assumiram mobi-

lizações nas ruas e a disputa institucional, após 52 anos de lutas político-militares, encampadas pela guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (Farc) e pelo Exército de Libertação Nacional (ELN). Uma mudança de rumo no país surgiu, na verdade, em 2021, quando milhões de pessoas saíram às ruas para expressar insatisfação com Duque, que anunciou, em meio à pandemia, reformas trabalhista, previdenciária e tributária.

PERSEGUIÇÃO E MORTES O processo colombiano é marcado por perseguição de líderes do país. O Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos na Colômbia re-

velou que 78 defensores dos direitos humanos foram mortos no país em 2021 – em que pese a assinatura dos acordos de paz, em 2016. Reprodução


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Paraná, 27 de maio a 2 de junho de 2022

Máscara será novamente obrigatória em Curitiba, segundo epidemiologista Necessidade é por causa do Coronavírus e de outras doenças respiratórias

Movimentos pedem abertura de casas de acolhimento 24 horas em Curitiba

Frio ameaça pessoas em situação de rua. Já há morte com suspeita de hipotermia

Giorgia Prates

Gabriel Carriconde

José Pires

N

a última sexta (20), a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Curitiba voltou a recomendar o uso de máscaras em locais fechados ou abertos que tenham aglomerações de pessoas. A medida, que não é obrigatória, foi tomada depois de a capital registrar alta no número de novos casos e de casos ativos de Covid-19 e aumento de casos de outras doenças respiratórias. A recomendação é para que a população use máscara no transporte coletivo, nos terminais de ônibus, nas estações-tubo, nos shows, em escolas, em jogos, shoppings, lojas, supermercados, entre outros. Permanece, ainda, a indicação de uso da proteção em estabelecimentos de saúde e por pessoas com sintomas respiratórios. Na quarta-feira (25), a (SMS) divulgou 1.758 novos casos de Covid, além de quatro mortes. A média móvel de casos nos últimos sete dias teve alta de 86,7% em quinze dias. Já o número de casos ativos teve aumento de 116%. E a média móvel de óbitos em decorrência da Covid cresceu 80% em duas semanas. Máscara obrigatória O uso de máscaras voltou a ser necessário e como destaca o médico Moacir Pires Ramos, Infectologista e Epidemiologista do Escritório Regio-

Crédito da foto

nal do Ministério da Saúde (MDS) no Paraná. “O inverno é um período muito delicado, nele temos o aumento das doenças respiratórias. Assim, o uso de máscara deve ser recorrente, não apenas por causa do Coronavírus, mas também por outras doenças como a Influenza”, destaca. Para ele, em breve o uso de máscaras será obrigatório. “O cenário indica isso, com a chegada do frio, as doenças respiratórias continuarão a crescer e, entre elas, a Covid-19. Isso pode saturar nosso sistema de saúde”, afirma. A volta da obrigatoriedade é recomendada também pelo sindicato dos trabalhadores em saúde do Paraná (SindSaúde). E a entidade levou a demanda à Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) em reunião na terça-feira (24), como revela Lucia-

ne Nunes Borges, diretora da entidade. “As máscaras devem ser obrigatórias em todos os ambientes. Inclusive levamos essa posição à Sesa e eles estão avaliando”, revela. A Sesa afirmou ao Brasil de Fato, por meio de nota, que, caso seja necessário, vai emitir novamente decreto com a obrigatoriedade das máscaras na capital. E ressaltou que a recomendação para o uso do equipamento em ambientes fechados se fez necessária depois de aumento de 10% acima do que era esperado para essa época nos quadros de sintomas respiratórios. “A recomendação do uso da máscara em ambientes fechados e em ambientes abertos com aglomeração é parte das medidas adotadas para o enfrentamento deste momento.”

C

apital mais fria do Brasil, Curitiba registrou queda acentuada nas temperaturas nas últimas semanas. Se para muitos foi o momento de tirar os casacos e cobertores do armário, parte da população sofreu mais. Desde 2021, houve aumento de 50% de moradores em situação de rua, segundo dados do CadUnico. A pandemia piorou a situação, com cerca de 2,7 mil pessoas ficando sem moradia na cidade, números que podem ser ainda maiores, segundo pessoas que trabalham com essa população. Com o frio, o risco de óbitos por hipotermia também aumenta, trazendo a necessidade de atendimento em casas acolhimento por 24 horas, segundo movimentos populares e assistentes sociais ouvidos pelo BDF-PR. Suspeita de óbito No último dia 22, um morador de rua foi encontrando morto próximo à Praça Tiradentes, no centro de Curitiba. De acordo com a PM, um homem entre 40 e 50 anos de idade teve seu corpo encontrado por policiais e teria morrido por hipotermia. Na madrugada, a cidade chegou a registrar 6,2 graus. O homem, de apelido “Barba”, de acordo com a Fundação de Ação Social, teria recusado o acolhimento da instituição. Para Leonildo Monteiro Filho, coordenador do Movimento Nacional do Povo da

Rua, o poder público deveria abrir espaços por 24 horas no inverno. “Não adianta você simplesmente fazer o convite para o morador de rua ir para as casas de acolhimento, tem que convidar a sociedade civil para construir ações efetivas para de fato acolher. Você precisa de serviços que funcionem 24 horas por dia para que o sujeito tenha estrutura de chegar, tomar um banho, um café. As pessoas na rua acabam confiando mais nas pessoas do que no poder público”, critica. Elza Campos, assistente social aposentada e assessora de movimentos que trabalham com moradores em situação de rua, analisa que a pandemia agravou a situação. “Muitos não aceitaram ir para as casas de acolhimento, pois falta humanização. Muitos são trabalhadores e trabalhadoras que foram jogadas na rua por conta da crise, essa é uma realidade bem dura”, revela. Em nota, a Fundação de Ação Social afirma que a “Prefeitura de Curitiba reforça que equipes da saúde estão acompanhando a FAS nas abordagens, para garantir o suporte necessário”, e que, neste momento, “há 1334 vagas disponíveis, mas o sistema tem capacidade para novas vagas emergenciais”. A FAS ainda destaca que desde o início da Ação Inverno-Curitiba Que Acolhe “sobram vagas nas unidades”.


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Paraná, 27 de maio a 2 de junho de 2022

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A cidade educadora não está tão educadora assim

Em suas falas, o prefeito Rafael Greca insiste que Curitiba é uma cidade educadora. Mas, na prática, desvaloriza e desrespeita professores da educação infantil. Informe Institucional | SISMUC

A

Prefeitura de Curitiba tem deixado muito a desejar na garantia de um direito fundamental, previsto na Constituição: a educação. Com o retorno das aulas em formato presencial, um grave problema que já acontecia antes mesmo da pandemia foi escancarado — não há professores suficientes para o atendimento adequado das crianças que frequentam as salas de aulas dos 230 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) de Curitiba. Esta situação, que tem sido constantemente denunciada, inviabiliza que as professoras e professores de educação infantil garantam um trabalho pedagógico de qualidade e inclusivo. Além disso, o número insuficiente de servidores coloca em risco a integridade física e emocional dos próprios profissionais, que precisam se desdobrar para dar conta

de todos os atendimentos. “Fico sempre me perguntando como será aquele dia, se vou conseguir almoçar, ir ao banheiro… porque já tive vezes de eu ter ficado sozinha [em sala] e de ter ido ao banheiro só quando eu chegasse em casa, porque não tinha quem ficasse com as crianças. Tá muito triste e humilhante essa situação. A saúde mental das professoras está esgotada!”, desabafa uma professora da educação infantil, que afirma que muitas trabalham doentes, pois sabem que se afastar para ir ao médico e pegar atestado, vai afetar toda a equipe. Como ficam os curitibinhas? A consequência desse caos na educação infantil se projeta nas crianças e impacta diretamente em sua segurança, já que não há profissionais suficientes para atendê-las. Também faltam tutores adequados para atendimento e supervisão SISMUC

das crianças com deficiência, as PcDs. A inclusão e o desenvolvimento da criança com deficiência no ambiente escolar depende fundamentalmente da estimulação precoce e do incentivo. Por isso, o tutor é a ponte para estimular e supervisionar adequadamente o PcD, garantindo que ele tenha um maior estímulo às atividades motoras e psíquicas. Mas, mesmo tendo ciência disso, e com mais de 1,2 mil crianças com deficiência nos CMEIs de Curitiba, o Departamento de Inclusão e Atendimento Educacional Especializado (DIAEE) divulgou recentemente a contratação de apenas 880 tutores, número insuficiente para garantir o atendimento de qualidade a estas crianças. Não há contratação de professores de educação infantil via concurso público desde 2016 e, na tentativa de solucionar este problema, a Prefeitura realiza a contratação de professores via Processo Seletivo Simplificado (PSS). São professores temporários, que em dois anos não terão renovação de contrato. Ou seja, não há tempo para construção de vínculo emocional, afetivo e de confiança com as crianças. É importante reforçar que, a presença do professor de educação infantil é essencial para garantir contextos seguros, que promovam o desenvolvimento, o bem-estar e que sejam favoráveis à vivência de experiências. Afinal, toda criança merece o melhor. O melhor CMEI, a melhor educação, até mesmo um prefeito melhor.

Como você pode contribuir? Você pode ajudar a garantir uma educação de qualidade para seus filhos e a segurança dos Professores de Educação Infantil nos CMEIs. Ligue para o número 156 ou entre em contato por meio do Chat no site (156.curitiba.pr.gov.br). Denuncie e exija da Prefeitura uma solução imediata para essa situação. Participe das mobilizações. Siga as redes sociais do Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba e fique atento às próximas datas dos atos dos professores. Aponte o leitor de código QR para a imagem ao lado


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Paraná, 27 de maio a 2 de junho de 2022

Exposição fotográfica mostra observação da Floresta das Araucárias de Bocaiúva do Sul “Mata”, de Felipe Prando, está em exposição na galeria Ponto de Fuga, em Curitiba Felipe Prando

Redação

A

té 30 de junho, está em exibição na Galeria Ponto de Fuga, em Curitiba, a exposição “Mata”, do fotógrafo, artista visual, pesquisador e educador Felipe Prando. O ensaio fotográfico foi realizado nos dois anos de isolamento em função da pandemia da Covid-19, na região de Bocaíuva do Sul, Região Metropolitana de Curitiba. Ali, encontra-se um tipo de floresta que caracteriza o meio ambiente do Sul do Brasil,

Festival de cinema

DICAS MASTIGADAS | Arroz doce

Afirmação política A mesa de debate do domingo, dia 5/6, às 10h30, terá como tema o “Cinema pós-pandemia: das políticas afi rmativas às afi rmações políticas”, contando com a mediação de Nika Braun e as participações de Bea Gerolim, Jussara Locatelli e Renata Martins. Na pauta, como tudo se transformou em audiovisual na pandemia e a paralisação de políticas públicas nos atuais governos.

Grafite no Tatuquara Em homenagem a profissionais de saúde que ficaram na linha de frente na pandemia, foram pintados grafites no Tatuquara, em Curitiba. Podem ser conferidos no muro da Casa Irmã Dulce e na UPA Tatuquara. Os trabalhos foram coordenados pela artista Eloá Cruz, que mora no bairro. No muro da Casa Irmã Dulce, o destaque é a médica Nise da Silveira, que revolucionou o tratamento psiquiátrico no Brasil.

e são impressas em papel fine-print com padrão museológico de conservação. Felipe Prando é doutor em artes visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e professor adjunto do Departamento de Artes de Universidade Federal do Paraná (DeArtes-UFPR). A exposição está aberta à visitação de segunda a sábado, das 18h às 22h. A Galeria Ponto de Fuga fica na Rua Saldanha Marinho, 1220, Centro de Curitiba.

A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Reprodução

Divulgação

O Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba – acontecerá na capital do Paraná de 1º a 9 de junho, com “reflexão sobre a linguagem cinematográfica e diálogos da expressão dessa linguagem com a sociedade”, segundo sua divulgação. Será presencial, com entrada gratuita e sem inscrição prévia. Será no Cine Passeio (Auditório Valêncio Xavier) e com transmissão ao vivo no youtube.com/olhardecinema

denominada Floresta Ombrófila Mista ou Floresta das Araucárias. O trabalho do fotógrafo foi ver os diferentes desenhos dessa mata, que se transformava a cada dia. Nas imagens resultantes há uma estética minimalista e os muitos tons de cinza vão revelando outras camadas e profundidades do que pode ser visto num ambiente natural. A exposição é composta por 16 imagens em preto e branco, que variam em diferentes tamanhos

Ingredientes 1 xícara (chá) de arroz Terra Livre 3 xícaras (chá) de leite Terra Viva 2 xícaras (chá) de água ½ de xícara (chá) de açúcar ½ lata de leite condensado 1 canela em rama 3 cravos-da-índia 1 pitada de sal canela em pó a gosto

Modo de Preparo Numa panela média misture leite, água, açúcar e sal. Junte o arroz, a canela e os cravos. Leve ao fogo alto e mexa até começar a ferver. Abaixe o fogo e deixe cozinhar por mais 20 minutos, mexendo de vez em quando, até os grãos ficarem macios. Misture o leite condensado e deixe cozinhar por mais 5 minutos para ficar cremoso. Transfira para uma tigela e cubra. Deixe amornar antes de levar para a geladeira. Polvilhe com canela em pó a gosto na hora de servir.


Paraná, 27 de maio a 2 de junho de 2022

Sob lupa métrica de desempenho Por Cesar Caldas

Torcidas nunca mostraram homogeneidade de opinião quanto à qualidade do labor de treinadores. Salutar que seja assim, sob o império da liberdade de pensamento, especialmente em meio a certames de elevado grau de competitividade. A expoente norte-americana de comércio eletrônico vem de criar um console virtual avaliativo multifuncional que mensura variadas performances humanas e corporativas com lastro em parâmetros objetivos de dados. Pelo Amazon Lookout for Vision, Gustavo Morínigo está “bem na fita”: 60% de eficiência em 55 jogos (29 vitórias e 12 empates). 30 gols de saldo (84x54). Para corneteiros de plantão, porém, não há uma só das 14 derrotas que lhe seja perdoável. Tampouco poupam atletas: Gamalho vê virarem pó seus 36 gols quando erra uma fi nalização e basta mísero cartão vermelho para tornar Henrique e Castán pecadores irredimíveis. Futebol real Por Marcio Mittelbach

Na semana passada falamos aqui sobre curtir o bom momento do Tricolor. Não sabemos se o técnico, Omar Feitosa, leu nosso texto. O fato é que na coletiva na quinta, 26, o comandante falou bastante sobre isso. “De que adianta curtir a Champion League com jogadores milionários se ela é virtual?”, disparou Feitosa. Segundo ele, o jogo do próximo sábado, às 15h, contra o Santo André, é mais uma oportunidade que o torcedor paranista tem de aproveitar a sua casa. Levar filhos, esposa, encontrar e reencontrar amigos naquele lugar tão especial. Como tudo na vida, isso pode acabar uma hora. Parte da imprensa interpretou isso como um indício da instabilidade jurídica que o estádio apresenta. Eu não. Pra mim, Feitosa está falando sobre aproveitar a vida. Independente do campeonato, bom mesmo é sentir a atmosfera da Vila. Afinal, não é só futebol, é Paraná Clube!

Fim da primeira fase na Liberta Por Douglas Gasparin Arruda

Depois de altos e baixos no começo da competição, o Rubro-Negro chega nesta quinta-feira para a rodada decisiva da Libertadores em sua melhor fase desde o ano passado. As vitórias em casa nas últimas duas partidas, contra o Libertad e Avaí, animaram o elenco e deixaram a torcida mais confiante. Nas últimas três participações, o time conseguiu chegar às oitavas. E aí está o nosso grande desafio. O Furacão só passou das oitavas na histórica campanha de 2005. Depois disso, esbarrou em Santos (2017), Boca Juniors (2019) e River Plate (2020). Já pelo Brasileirão, no domingo, a equipe rubro-negra pega, fora de casa, o Cuiabá. A tabela está tão embolada que, em caso de vitória, o Athletico se aproxima do G4, enquanto a derrota pode colocá-lo na mesma pontuação dos que se encontram no Z4.

NA ARENA CASTELÃO: A JOGADA MAIS BONITA DO ANO O atacante Moisés desistiu de um lance de ataque quando viu que o zagueiro Nino se machucou Luiz Ferreira, redação RJ

O

relógio marcava 2 minutos do segundo tempo na Arena Castelão. O Fortaleza perdia para o Fluminense por 1 a 0 e se lançava ao ataque para tentar ao menos o gol de empate para garantir um pontinho a mais na tabela do Brasileirão. Foi nesse instante que o atacante Moisés puxou um contra-ataque para o Leão do Pici, mas viu que o zagueiro Nino sentiu a coxa e abandonou o lance. O atacante do Fortaleza teria todo o espaço do mundo para partir na direção do gol, mas parou a jogada para que seu adversário pudesse receber atendimento médico. O Fortaleza perdeu o jogo e segue segurando a lanterna do Brasileirão. É bem possível que o gesto nobre de Moisés seja lembrado mais pela falta que esse gol fez no domingo (22) do que pelas lições que ele deixa para os amantes do velho e rude esporte bretão. Isso porque Moisés seguiu à risca os preceitos do “fair play”. E não é nenhum exagero afirmar que essa foi a jogada mais bonita do ano até

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Mateus Loff | Fortaleza FC

Brasil de Fato PR 8 Esportes

agora. É meio complicado exigir que duas equipes de futebol pratiquem o “jogo limpo” durante 100% do tempo. O próprio torcedor (este eterno apaixonado) às vezes exige um nível de retidão moral por parte de todos que vestem a camisa de seu time do coração que nenhum de nós conseguirá alcançar nem nas próximas dez encarnações. Somos humanos. E errar ainda faz parte do nosso cotidiano. Moisés foi xingado. Criticado. E até ameaçado. Mas como o próprio afirmou posteriormente, “fez o que o coração mandou”. Fez aquilo que considerava certo. Mesmo que a lógica torta do futebol exija vitórias a qualquer custo. É a tal “malandragem”, a “Lei de Gerson” e o medo de ser o “otário” da história. O gesto de Moisés nos deixa lições importantes não só para aqueles que amam esse bendito esporte jogado com os pés e que movimenta corações e mentes. Leia na íntegra em www.brasildefatorj.com.br

ELAS POR ELA Fernanda Haag

O Lyon voltou! O título da coluna é uma alusão à clássica frase do meio futebolístico: “o campeão voltou!” E nesse caso voltou com tudo. No último sábado, 21, no Allianz Stadium, em Turim, a bola rolou na final da Champions League. Como falamos na última coluna, a decisão colocou o campeão da temporada anterior, o Barcelona, contra o Lyon, time com maior número de conquistas da competição. A equipe francesa só aumentou esse recorde ao se sagrar campeã pela oitava vez! A partida terminou 3x1 para o Lyon,

que teve um início de jogo arrasador, o primeiro gol saiu aos 5 minutos, com golaço de Henry. A craque Ada Hegerberg guardou o segundo aos 23 minutos, aos 32 tocou para Macario empurrar para as redes e marcar o terceiro das francesas. Alexia Putellas diminuiu para o time catalão aos 40 minutos também do primeiro tempo, mas o placar já estava sacramentado. O Lyon se consagrou como o maior campeão da competição e manteve a invencibilidade contra o Barcelona no torneio. Que time!


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