Brasil de Fato PR - Edição 258

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Paraná, 27 de maio a 2 de junho de 2022

Máscara será novamente obrigatória em Curitiba, segundo epidemiologista Necessidade é por causa do Coronavírus e de outras doenças respiratórias

Movimentos pedem abertura de casas de acolhimento 24 horas em Curitiba

Frio ameaça pessoas em situação de rua. Já há morte com suspeita de hipotermia

Giorgia Prates

Gabriel Carriconde

José Pires

N

a última sexta (20), a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Curitiba voltou a recomendar o uso de máscaras em locais fechados ou abertos que tenham aglomerações de pessoas. A medida, que não é obrigatória, foi tomada depois de a capital registrar alta no número de novos casos e de casos ativos de Covid-19 e aumento de casos de outras doenças respiratórias. A recomendação é para que a população use máscara no transporte coletivo, nos terminais de ônibus, nas estações-tubo, nos shows, em escolas, em jogos, shoppings, lojas, supermercados, entre outros. Permanece, ainda, a indicação de uso da proteção em estabelecimentos de saúde e por pessoas com sintomas respiratórios. Na quarta-feira (25), a (SMS) divulgou 1.758 novos casos de Covid, além de quatro mortes. A média móvel de casos nos últimos sete dias teve alta de 86,7% em quinze dias. Já o número de casos ativos teve aumento de 116%. E a média móvel de óbitos em decorrência da Covid cresceu 80% em duas semanas. Máscara obrigatória O uso de máscaras voltou a ser necessário e como destaca o médico Moacir Pires Ramos, Infectologista e Epidemiologista do Escritório Regio-

Crédito da foto

nal do Ministério da Saúde (MDS) no Paraná. “O inverno é um período muito delicado, nele temos o aumento das doenças respiratórias. Assim, o uso de máscara deve ser recorrente, não apenas por causa do Coronavírus, mas também por outras doenças como a Influenza”, destaca. Para ele, em breve o uso de máscaras será obrigatório. “O cenário indica isso, com a chegada do frio, as doenças respiratórias continuarão a crescer e, entre elas, a Covid-19. Isso pode saturar nosso sistema de saúde”, afirma. A volta da obrigatoriedade é recomendada também pelo sindicato dos trabalhadores em saúde do Paraná (SindSaúde). E a entidade levou a demanda à Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) em reunião na terça-feira (24), como revela Lucia-

ne Nunes Borges, diretora da entidade. “As máscaras devem ser obrigatórias em todos os ambientes. Inclusive levamos essa posição à Sesa e eles estão avaliando”, revela. A Sesa afirmou ao Brasil de Fato, por meio de nota, que, caso seja necessário, vai emitir novamente decreto com a obrigatoriedade das máscaras na capital. E ressaltou que a recomendação para o uso do equipamento em ambientes fechados se fez necessária depois de aumento de 10% acima do que era esperado para essa época nos quadros de sintomas respiratórios. “A recomendação do uso da máscara em ambientes fechados e em ambientes abertos com aglomeração é parte das medidas adotadas para o enfrentamento deste momento.”

C

apital mais fria do Brasil, Curitiba registrou queda acentuada nas temperaturas nas últimas semanas. Se para muitos foi o momento de tirar os casacos e cobertores do armário, parte da população sofreu mais. Desde 2021, houve aumento de 50% de moradores em situação de rua, segundo dados do CadUnico. A pandemia piorou a situação, com cerca de 2,7 mil pessoas ficando sem moradia na cidade, números que podem ser ainda maiores, segundo pessoas que trabalham com essa população. Com o frio, o risco de óbitos por hipotermia também aumenta, trazendo a necessidade de atendimento em casas acolhimento por 24 horas, segundo movimentos populares e assistentes sociais ouvidos pelo BDF-PR. Suspeita de óbito No último dia 22, um morador de rua foi encontrando morto próximo à Praça Tiradentes, no centro de Curitiba. De acordo com a PM, um homem entre 40 e 50 anos de idade teve seu corpo encontrado por policiais e teria morrido por hipotermia. Na madrugada, a cidade chegou a registrar 6,2 graus. O homem, de apelido “Barba”, de acordo com a Fundação de Ação Social, teria recusado o acolhimento da instituição. Para Leonildo Monteiro Filho, coordenador do Movimento Nacional do Povo da

Rua, o poder público deveria abrir espaços por 24 horas no inverno. “Não adianta você simplesmente fazer o convite para o morador de rua ir para as casas de acolhimento, tem que convidar a sociedade civil para construir ações efetivas para de fato acolher. Você precisa de serviços que funcionem 24 horas por dia para que o sujeito tenha estrutura de chegar, tomar um banho, um café. As pessoas na rua acabam confiando mais nas pessoas do que no poder público”, critica. Elza Campos, assistente social aposentada e assessora de movimentos que trabalham com moradores em situação de rua, analisa que a pandemia agravou a situação. “Muitos não aceitaram ir para as casas de acolhimento, pois falta humanização. Muitos são trabalhadores e trabalhadoras que foram jogadas na rua por conta da crise, essa é uma realidade bem dura”, revela. Em nota, a Fundação de Ação Social afirma que a “Prefeitura de Curitiba reforça que equipes da saúde estão acompanhando a FAS nas abordagens, para garantir o suporte necessário”, e que, neste momento, “há 1334 vagas disponíveis, mas o sistema tem capacidade para novas vagas emergenciais”. A FAS ainda destaca que desde o início da Ação Inverno-Curitiba Que Acolhe “sobram vagas nas unidades”.


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