Esportes | p. 8
Arte por 24h
Olimpíadas já
Virada cultural acontece neste final de semana
Futebol faz 5 a 0 na China. Veja as possibilidades de medalha
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Cultura | p. 7
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PARANÁ
Ano 5
Edição 221
22 a 28 de julho de 2021
distribuição gratuita
www.brasildefatopr.com.br Giorgia Prates
Mulher negra e latinoamericana Nadine Sylvain é dominicana e atua como professora na ocupação Nova Esperança Especial | p. 4
Giorgia Prates
Editorial | p. 2
Brasil | p. 6 5
Porém | p. 3
Desespero impresso
‘Normalidade’ só com 2 doses
Requião candidato
Em queda, Bolsonaro lança suspeitas sobre urnas
Médico diz que medidas de isolamento ainda são necessárias
Ex-governador disputa controle do MDB
SAÚDE EM RISCO No Paraná, só na capital há tratamento hormonal para trans e travestis
Brasil de Fato PR 2 Opinião
Brasil de Fato PR
Paraná, 22 a 28 de julho de 2021
Pode ser Como o voto bem pior para eles impresso revela o desespero de Bolsonaro
EDITORIAL
OPINIÃO
Ricardo Costa de Oliveira,
J
á passamos por vários absurdos pautados por Bolsonaro. O mais recente é o tema do voto impresso. Prevendo sua possível derrota nas eleições de 2022, chegou a dizer que, se a urna eletrônica não cair, não vai se candidatar. O argumento bolsonarista é de que a urna eletrônica não é auditável. Porém, há 25 anos é usada, uma tecnologia que passou por 13 eleições presidenciais, com vencedores de diferentes partidos. É desconectada de qualquer rede, o que evita invasão por hackers. A urna também emite um comprovante de que não há votos registrados antes de seu uso e um boletim de urna após o término das votações. Uma atualização recente
inseriu a tecnologia de biometria, o que impede que um eleitor vote por outro ou em seção que não é a sua. Todos esses elementos tornam a urna eletrônica a tecnologia mais segura em processos eleitorais. Então o que Bolsonaro quer? Tumultuar. Imitar a cartilha da direita no mundo, que não aceita entregar o poder. Foi assim nos EUA e há pouco no Peru. Bolsonaro quer gerar desconfiança nas instituições democráticas e aplicar (mais) um golpe. O desespero de Bolsonaro reforça a urgência do ato nacional do dia 24 de julho (sábado), pelo Fora Bolsonaro, por vacina, emprego e renda. O movimento das ruas precisa ganhar mais força.
SEMANA
professor na UFPR, autor de “Na teia do nepotismo – sociologia política das relações de parentesco e poder político no Paraná e no Brasil”
A
no ramo envolvendo políticos graúdos do Centrão e muitos generais, além de Pazuello e seus coronéis. Os mais importantes políticos do Centrão acoplados com o bolsonarismo estão envolvidos, de modo que o caldo de denúncias é grosso, o que motivou a nota das forças armadas em defesa do bolsonarismo. Não serão os comandantes e generais que salvarão politicamente Bolsonaro e seus apaniguados, mas Bolsonaro e seus politiqueiros é que arrastarão e afundarão politicamente toda esta atual geração de chefes militares para a maior vergonha e derrota política em 200 anos de história do Exército. Se estudarem as manobras de Geisel saberão o que acontecia no final da ditadura, quando eram jovens oficiais e a ditadura também saiu derrotada, agora pode ser bem pior para eles.
corrupção nas Forças Armadas sempre ocorreu, como em qualquer outra organização ou instituição, e continua acontecendo, aponta a CPI da Covid. No período da ditadura militar, o general Geisel deixou registrado um diálogo no livro “História Indiscreta da Ditadura e da Abertura”, de Ronaldo Costa Couto: “É. Porque a corrupção nas Forças Armadas está tão grande, que a única solução para o Brasil é fazer a abertura.” Logo abaixo comentavam sobre o papel dos militares fora das Forças Armadas. Geisel sabia a hora de recuar para não ser cercado. Na atual crise da CPI já entrou no radar dos senadores o primo do ex-diretor Roberto Ferreira Dias, o Ronaldo Ferreira “Não serão os Dias, sempre aparece algum parente, comandantes e como informa a “teogenerais que salvarão ria do nepotismo”, que foi presidente politicamente Bolsonaro da Associação de e seus apaniguados, Laboratórios Farmamas Bolsonaro e seus cêuticos Oficiais do Brasil e presidente da politiqueiros é que Bahiafarma. arrastarão e afundarão Circulam em Brapoliticamente toda esta sília rumores sobre a existência de um dosatual geração de chefes siê com a “memória” militares” de várias negociatas
EXPEDIENTE O jornal Brasil de Fato circula em todo o país com edições regionais em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Paraná. Esta é a edição 221 do Brasil de Fato Paraná, que circula sempre às quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.
Brasil de Fato PR | Desde fevereiro de 2016 EDIÇÃO Frédi Vasconcelos e Pedro Carrano REPORTAGEM Ana Carolina Caldas, Gabriel Carriconde e Lia Bianchini COLABORARAM NESTA EDIÇÃO Ricardo Costa de Oliveira ARTICULISTAS Fernanda Haag, Cesar Caldas, Marcio Mittelbach e Douglas Gasparin Arruda REVISÃO Lea Okseanberg, Maurini Souza e Priscila Murr ADMINISTRAÇÃO Bernadete Ferreira e Denilson Pasin DISTRIBUIÇÃO Clara Lume FOTOGRAFIA Giorgia Prates e Gibran Mendes DIAGRAMAÇÃO Vanda Moraes CONSELHO OPERATIVO Daniel Mittelbach, Fernando Marcelino, Gustavo Erwin Kuss, Luiz Fernando Rodrigues, Naiara Bittencourt, Roberto Baggio e Robson Sebastian REDES SOCIAIS www.facebook.com/bdfpr CONTATO pautabdfpr@gmail.com
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Geral
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FRASE DA SEMANA
O ex-governador Roberto Requião utilizou suas redes sociais para lançar sua pré-candidatura ao governo do Paraná e à presidência do diretório estadual do MDB. Após perder a eleição para o Senado em 2018, o experiente político pretende recuperar o controle da sigla que está alinhada a Bolsonaro no cenário federal. Ao lançar a chapa para comandar a legenda, Requião já implodiu a unificação do partido: “lançamos a minha candidatura ao governo do estado. Quem não estiver conosco estará contra nós”, disparou. O “volta Requião” acontece em um momento que a oposição estadual não possui um nome forte para enfrentar o atual governador Ratinho Junior (PSD), aliado do presidente Jair Bolsonaro. Por outro lado, reúne forças - e possivelmente palanque - para a candidatura nacional do ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas para Presidência e pode vencer o pleito em primeiro turno. Para Requião, “nós governamos o estado com grande sucesso, com políticas populares, criamos empregos, o nosso ensino era o melhor do Brasil. Mas o PMDB foi minguando. Não temos diretório na metade das cidades. Precisamos retomar esse processo contra companheiros capturados por ideias que não são pmdebistas e resolveram apoiar o rato na próxima eleição”, constatou.
“O governo Bolsonaro deu um jeito de lucrar com a morte” Disse em seu Twitter o excandidato à presidência, Guilherme Boulos, ao comentar a denúncia de que o Ministério da Saúde pagou R$ 70 milhões a mais em um lote de máscaras que empresas compraram quantidade semelhante e na mesma época
Fora, Bolsonaro Segundo levantamento publicado pela CUT-PR, 187 cidades já confirmaram atos pelo Fora, Bolsonaro no sábado (24) no Brasil e no exterior. Na pauta, vacina para todos, impeachment de Bolsonaro, auxílio de R$ 600 até o fim da pandemia e ações contra a reforma administrativa e privatizações. No Paraná, além de Curitiba, há manifestações já programadas em outras 13 cidades do interior. Na capital, o ato será na Praça Santos Andrade, com diversas atividades culturais a partir das 14h.
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NOTAS BDF
Práticas antissindicais
Por Frédi Vasconcelos
Filhos da tragédia Segundo estudo publicado nesta semana na “The Lancet”, uma das revistas científicas mais importantes do mundo, a pandemia de Covid-19 causou grande aumento no número de crianças órfãs. No mundo, são 862 mil que perderam pai ou mãe ou um dos dois genitores. No Brasil, são 130.363 crianças que ficaram sem os pais. Número absoluto que só fica atrás do México, com 140 mil casos.
Já não manda nada Ex-aliado e agora na oposição, o vicepresidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), disse que, com nomeação de Ciro Nogueira, Bolsonaro “já não manda mais em nada”. Ele afirma que o orçamento, os cargos e o próprio governo já foram “terceirizados” para o Centrão. “Pra que semipresidencialismo se o presidente já não manda nada?”, questionou em suas redes sociais.
Câmara dos Deputados
Requião lança candidatura a governo do Paraná
Governo do Centrão
Picaretagem documentada
Com a queda de popularidade e a possibilidade de impeachment, o governo Bolsonaro entrega os últimos anéis para o Centrão, grupo fisiológico que tem maioria de votos no Congresso Nacional. Numa reforma ministerial que deve sair nos próximos dias, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) deve assumir a Casa Civil, um dos ministérios mais importantes do governo.
As trapalhadas (e a possível corrupção) na venda da vacina indiana Covaxin pela empresa Precisa ao Ministério da Saúde parecem não ter fim. A CPI da Pandemia deve pedir em breve perícia em documentos da compra. Segundo matéria da Rádio CBN, há indícios de fraude em documentos essenciais para o contrato. Por análises preliminares, carimbo e a assinatura nos documentos podem ter sido reaproveitados de um pedido ao consulado da Índia de visto para que um funcionário da empresa entrasse no país em janeiro. A fraude parece tão descarada que o próprio nome da empresa indiana e seu endereço aparecem escritos de maneira errada nos documentos que ela teria enviado.
Parceria entre o Brasil de Fato-PR e a CUT-PR, na quarta (21) foi ao ar programa que entrevistou o procurador do Ministério Público do Trabalho Alberto Emiliano e o secretário de Assuntos Jurídicos da CUT Brasil, Valeir Ertle. Na pauta, as práticas antissindicais e o ataque à liberdade sindical. O programa foi gravado e pode ser assistido nas redes sociais do BDF-PR ou da CUT-PR.
Aulas suspensas A prefeitura de São José dos Pinhais suspendeu, por tempo indefinido, as aulas presenciais e semipresenciais da rede municipal. A volta deve ocorrer somente depois que a pandemia estiver epidemiologicamente controlada. Em memorando, a Secretaria Municipal de Saúde lembrou o crescimento do número de infecções entre crianças no município.
Brasil de Fato PR 4 Especial
Brasil de Fato PR Giorgia Prates
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Uma mulher negra, latinoamericana e caribenha
Uma história no marco do Dia Internacional da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha Pedro Carrano, com fotos de Giorgia Prates
N
adine Hippolite Sylvain, 37, é estudante do último semestre de Serviço Social na faculdade Uninter. Nascida na República Dominicana, no Caribe, país insular e que faz fronteira com o Haiti – onde nasceram os pais de Nadine –, ela também desenvolve trabalho como professora de línguas na ocupação Nova Esperança, em Campo Magro, no entorno da capital. Essa organização aproximou os ocupantes em uma área que possui, dentre 720 famílias, 224 oriundas do Haiti, além de Cuba e Venezuela, gerando o encontro de falantes do creole haitiano, castelhano e francês – aulas organizadas por Nadine, ao lado das aulas de português para os imigrantes. A dificuldade de comunicação
“Eu sei como é o começo do migrante no Brasil. (...) Minha realidade poderia ter sido a de Campo Magro, então eu gostaria de ser ajudada” Nadine Hippolite Sylvain
chamou sua atenção. “Sem a linguagem comum, acaba se gerando desconfiança na comunidade. Mas, se tiver a aula, isso muda”, relata, apontando também a construção de uma padaria comunitária. No mês de julho, particularmente no dia 25, celebra-se o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e, no Brasil, o Dia Nacional de Tereza de Benguela, conformando a agenda do chamado Julho das Pretas, que envolve movimentos populares e organizações. O percurso e a trajetória de Nadine são exemplares desta agenda de luta, reflexão e visibilidade. Antes do Brasil, Nadine trabalhou com turismo no Caribe e passou um período também no Chile. Ela fala da experiência com educação pública na República Dominicana, algo que relata ser mais precário no Haiti. Em Campo Magro, ainda no primeiro contato, veio a ideia do trabalho com educação. “Eu tinha um projeto de aulas de português para imigrantes e, ao mesmo tempo, ex-alunos morando em Campo Magro”, recorda. Com a identificação da necessidade de cursos de idiomas, Nadine contribuiu na construção da estrutura para o ensino. O espaço já existia, uma vez que a ação popular se deu numa área da prefeitura de Curitiba voltada para assistência social e
abandonada há anos. “Fizemos reformas e montamos a biblioteca, cursos de capacitação, escrevi pequeno projeto, fui envolvendo amigos, fomos amadurecendo juntos”, afirma. Mãe de dois filhos, de 8 e 14 anos, a professora fala também sobre a dificuldade de ser uma mulher negra, estrangeira, chegando ao país marcado pelo racismo, aliado ao senso comum em relação à América Latina e, sobretudo, o Haiti. Nadine afirma que a “crise permanente” do país caribenho, sempre anunciada pela mídia empresarial, se deve na verdade à intervenção de outros países. No dia 7 de julho, por exemplo, o presidente Jovenel Moïse foi assassinado. Ele vinha governando por decreto e era pressionado por grandes protestos. Foram detidos mercenários e ex-militares colombianos, alguns com treinamento reconhecido nos EUA. “O problema não é só do governo do Haiti, como algumas pessoas entendem, acredito que é uma coisa desde nossa Independência (1804). Há toda essa combinação para a gente não avançar e, infelizmente, o próprio povo não entende a realidade dessas pessoas que lutaram pela liberdade do país. Muitos deixaram se mobilizar pelos brancos. É como se a gente não tivesse saído da escravidão, mas continuasse de outra forma”, critica.
O que guia a ação social e a narrativa de Nadine é uma profunda empatia, uma vez que a população de Campo Magro é vista por ela como um espelho de sua própria caminhada: “Eu sei como é o começo do migrante no Brasil. Você não fala a língua, tudo é difícil. Se chega com filho então, tem um monte de limitação e barreiras. Minha realidade poderia ter sido a de Campo Magro, então eu gostaria de ser ajudada”, define.
DIA DE LUTA Em 1992, mulheres negras organizaram o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas em Santo Domingo, na República Dominicana, onde debateram os problemas enfrentados pela comunidade negra, bem como as alternativas de como resolvê-los. Do encontro nasceu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas, que lutou pelo reconhecimento do dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha. No Brasil, a data foi sancionada pela Lei nº 12.987/2014, como Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder do quilombo Quariterê, no século 18.
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“Normalidade” só depois de 70% da população completamente vacinada, diz médico Imunização deve ser acelerada para evitar casos graves e mortes. Variante Delta é nova ameaça
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assado quase um ano e meio desde o início do estado de emergência sanitária em Curitiba, por conta da pandemia de Covid-19, a cidade começa a dar ares de volta à normalidade após três ondas de contágio, sendo a última, mais grave, levando a óbito milhares de moradores e a um colapso do sistema
de saúde público e privado. A cidade ficou ainda por 133 dias nas bandeiras laranja e vermelha, voltando à bandeira amarela apenas no último dia 7 deste mês. A queda nos índices de contágio para menos de 1,0 e o avanço da vacinação trouxe certo alívio após o aumento de óbitos bater a casa 40 por dia, em março. A vacinação, apesar de atrasos na entrega do me-
Brasil de Fato-PR – Como você avalia o atual cenário de pandemia em Curitiba? Felipe Bueno – O cenário atual é de controle dos casos ativos num platô de aproximadamente 7 mil casos, mas com redução sequencial de óbitos e internações pela doença. O número de novos casos continua caindo, mas ainda de maneira lenta. O avanço da vacinação está contribuindo até que ponto no controle dos índices de contágio, queda nos óbitos, e ocupação dos leitos de UTI? Contribuição importante, mas sempre aliada às restrições de aglomeração e ao uso de máscaras. A contribuição é maior na redução de casos graves e óbitos que na transmissão. Com a circulação da Variante Delta do coronavírus corremos o risco de voltarmos ao cenário de março? Existe o risco caso tenhamos aumento muito grande de novos casos em jovens que ainda não tomaram 2 doses de vacina. Porém eu não apostaria numa onda tão forte quanto a de março. Países da Europa anunciam me-
dicamento por parte do governo federal, já tem impactado positivamente o cenário. Neste momento, mais de 900 mil curitibanos já tomaram ao menos uma dose da vacina, e cerca de quase 20% da população está completamente imunizada. Apesar do otimismo, a circulação da chamada Variante Delta no Paraná já ameaça o clima de ‘’controle’’.
didas restritivas novamente por conta do aumento do contágio nas últimas semanas, mesmo com a população imunizada com duas doses chegar a quase 50%, é um alerta para nosso país? Com certeza é um grande alerta. A mensagem é: mesmo com vacinação em massa, num primeiro momento não é a hora de relaxar todas as medidas restritivas. Qual a perspectiva de futuro para a cidade que você analisa, levando em consideração as reiteradas suspensões da vacina por falta de imunizantes e a ameaça das novas variantes? Apostaria que a vacina conseguirá controlar a circulação delas? A vacina continuará evitando casos graves e mortes em quem toma a vacina. A transmissão, principalmente com a Variante Delta, deverá continuar. A imunização precisa ser acelerada para que menos pessoas morram e para que não tenhamos mais colapso do sistema de saúde, o foco é esse e não, neste momento, voltarmos à vida pré-pandemia. Essa normalidade só ocorrerá com mais de 70% da população adulta completamente vacinada, e isso só veremos em 2022.
Até o momento do fechamento desta matéria, a Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa) confirmou 13 casos da variante, com cerca de seis óbitos, incluindo ocorrências na Região Metropolitana de Curitiba. Para saber mais sobre o atual cenário, e as perspectivas de futuro da pandemia em Curitiba, a reportagem do Brasil de Fato Paraná entrevistou o Dr. Felipe Do-
menici Loures Bueno, clínico médico, especializado na área de Medicina de Urgência e Cuidados Paliativos na Santa Casa de Curitiba. Bueno, que acompanha a pandemia na linha de frente, e analisa diariamente os dados apresentados pelo boletim da Prefeitura, alerta que “normalidade” mesmo ‘’só em 2022, com 70% da população adulta completamente imunizada’’.
ENTREVISTA
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Gabriel Carriconde
Brasil de Fato PR 6 Direitos
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Governo do Paraná dificulta acesso à saúde para população trans e travesti
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Dos 399 municípios do estado, apenas Curitiba oferece tratamento hormonal Lia Bianchini
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rombose, aumento de colesterol e triglicerídeos, entupimento das artérias, danos ao fígado e aos músculos. Esses são alguns dos possíveis efeitos colaterais do uso errado ou indiscriminado de hormônios como estrogênio e testosterona. O tratamento hormonal é comumente usado por pessoas trans e travestis. No Paraná, o acesso ao tratamento adequado e gratuito vem sendo dificulta-
do. Dos 399 municípios do estado, apenas a capital, Curitiba, oferece a hormonioterapia. “A minha hormonização é clandestina, é o ‘doutor Google’, é o adesivo, a injeção. Sabemos que o tratamento, hoje, para a população trans é via oral, mas no interior a gente não tem acesso”, conta Renata Borges, idealizadora da Marcha da Visibilidade Trans e Travesti do Paraná e moradora de Apucarana, no interior do estado. O acesso à hormonioterapia Giorgia Prates
e a outros cuidados de saúde que garantem a integralidade do processo transexualizador são direitos assegurados através da Portaria Nº 2.803, do Ministério da Saúde, publicada em 2013. Trecho do documento garante o dever do Estado em assegurar “ações de âmbito ambulatorial, quais sejam acompanhamento clínico, acompanhamento pré e pós-operatório e hormonioterapia, destinadas a promover atenção especializada no Processo Transexualizador.” “É desumano, é cruel ter que acessar na internet qual é o hormônio que vai me matar um pouco mais lento. É horrível e doloroso ver que o município podia ajudar e não ajuda. A gente quer respeito, quer política pública e descentralização”, afirma Renata. Para pressionar pela descentralização do atendimento, militantes do movimento LGBTQIA+ fizeram um protesto em frente à casa do secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, em Apucarana, na sexta (16).
Omissão estatal Atualmente, no Paraná, a hormonioterapia é centralizada no Centro de Pesquisa e Atendimento a Travestis e Transexuais (CPATT), um serviço vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e localizado em Curitiba. Inaugurado em 2013, o CPATT atendeu, até o momento, cerca de 850 usuários sendo 54% mulheres trans e 46% homens trans. Destes, aproximadamente 400 permanecem como usuários ativos e em efetivo acompanhamento multiprofissional. O número de usuários ativos informado pela Sesa é muito pequeno quando comparado à
estimativa da população trans e travesti total residente no Paraná. Em junho, o portal de jornalismo investigativo Livre. jor fez cálculo para estimar a população LGBTQIA+ no Paraná, tendo como base dados do Ministério da Saúde, chegando a 973 mil pessoas, sendo 57 mil pessoas trans e travestis. Em todos os 399 municípios do Paraná existem pessoas LGBTQIA+. Os dados são estimados, uma vez que não existe, no Brasil, uma base de dados oficiais específica. A falta de dados reflete-se na ineficácia da implementação de
RESPOSTA DA SESA políticas públicas voltadas para essa população, analisa Thiago Hoshino, Ouvidor-Geral Externo da Defensoria Pública do Estado do Paraná e coordenador de Políticas LGBTQIA+ do Conselho Nacional de Ouvidorias de Defensorias Públicas. Para ele, ao negligenciar o direito à saúde, o estado deixa de assegurar também o direito à vida. “É um estado de coisas inconstitucional, tanto do ponto de vista das ações estatais que violam direitos, quanto do ponto de vista da omissão estatal, que às vezes não mata, mas deixa morrer”, diz.
A Sesa informou que “custeia as despesas de deslocamento para as pessoas que necessitam de atendimento no CPATT e residem em outras regiões do Paraná, por meio do Tratamento Fora do Domicílio (TFD). Desde a criação desse serviço, já foram realizados mais de 14 mil atendimentos a travestis e transexuais no Paraná.” Sobre a demanda pela descentralização, a Sesa informou que “os municípios, por meio das Secretarias de Saúde, podem também ofertar atendimento ambulatorial dentro do processo transexualizador. [...] Considerando a responsabilidade compartilhada entre as esferas de gestão, diante de possíveis parcerias com os municípios, existe a possibilidade de solicitação de habilitação de novos ambulatórios junto ao Ministério da Saúde.”
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Cultura
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Virada cultural solidária acontece no final de semana Giorgia Prates
Serão 24 horas de apresentações ao vivo, com transmissão também pelas redes do BDF-PR Redação
O
o objetivo de arrecadar verbas que serão revertidas em compras de alimentos para comunidades carentes. A organização social Reação atua desde 2019 a fim de levar arte, cultura, educação e saúde a diversas comunidades de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Segundo Henrique Brito, coordenador da ONG, com
Cine Passeio reabre Desde a quinta (15/7), o Cine Passeio retomou sua programação presencial, com duas sessões diárias nas salas Cine Luz e Cine Ritz, com capacidade reduzida e venda pre-
ferencial on-line de ingressos. Funciona de terça a domingo, das 13h às 22h. Para entrar é obrigatório o uso de máscara, aplicar álcool em gel e aferir a temperatura.
Metade da lotação Dos 91 lugares de cada sala, serão liberados 45 por sessão. O controle de distanciamento social será na venda de ingressos, com metragem mínima entre os espectado-
res. Não será permitida a troca de assentos e, terminado o filme, o público deixará as salas aos poucos, por fileira ocupada. Mais informações http://www.cinepasseio.org
MuMA Outro espaço reaberto com restrições, com três exposições, é o MuMA – Museu Municipal de Arte de Curitiba. São elas De Profundis, com pinturas e instalações da artista plástica Yara Martins; Afluxos, de Luciana Sil-
veira; e a instalação de arte digital Para Continuar Navegando, de Fabiana Caldart e Felipe Gomes. O MuMA fica no Portão Cultural – Av. República Argentina, 3430, e funciona de terça a sábado, das 10h às 18h.
o início da pandemia a organização percebeu a necessidade de abranger sua atuação e incorporar ações de combate à Covid e, por isso, passou a preparar comida em cozinhas comunitárias e distribuí-la a quem precisa preparando e oferecendo refeições balanceadas, além de atendimentos em saúde e materiais de higiene, como
o Reação continue a desenvolver seu trabalho. A Virada Cultural Solidária, conta a coordenadora, foi uma maneira de juntar artistas de diversas expressões artísticas e culturais, que não tiveram oportunidade de se apresentar durante o lockdown, para arrecadar recursos para dar continuidade ao projeto que tem sido essencial na vida das muitas famílias atendidas. Acesse pelo https:// youtu.be/orK_59LBNcY. Ou pelo YouTube do Brasil de Fato Paraná. Doações podem ser feitas via QR code ou: PIX reacaorp@gmail.com
DICAS MASTIGADAS | Creme de mandioca A cada semana, publicamos receitas com produtos agroecológicos da rede colaborativa Produtos da Terra, da Sinergia Alimentos Saudáveis e da Rede Mandala. Parte dos ingredientes pode ser encontrada no site produtosdaterrapr.com.br Reprodução
rganizada pela ONG Reação começa no sábado, 24, a Virada Cultural Solidária, com 24h de programação artística que o público vai poder curtir virtualmente. A Virada será transmitida pelas redes sociais do Reação e o YouTube do Brasil de Fato Paraná e acontecerá a partir das 8h até as 8h do dia seguinte (25), com apresentações musicais, performances de dança, contação de histórias, circo, momento saúde, entre outras atrações. Inclusive com a presença de artistas paranaenses, caso da cantora e ocupante da área Nova Guaporé 2, Laudy Gomes (foto). Tudo com
máscaras e álcool gel. Desde março de 2020 até hoje, mais de 300 mil refeições, traduzidas em 60 toneladas de alimentos já foram servidas, garantindo alimentação a muitas pessoas em situação de vulnerabilidade. Hoje o projeto tem duas cozinhas comunitárias em funcionamento que atendem cerca de 400 pessoas por dia. No ano de 2021 as arrecadações de recursos financeiros e materiais caíram e o projeto das cozinhas solidárias têm enfrentado dificuldades em se manter. Priscila Defende, coordenadora da ONG, diz que o prato de comida preparado pelo projeto tem o custo de R$ 3,00 e que as doações em qualquer valor são cruciais para que
Ingredientes 1 xícara (chá) de mandioca orgânica ralada crua ½ cebola orgânica pequena 2 xícaras (chá) de leite Terra Livre ½ xícara (chá) de água 1 colher (sopa) de manteiga Noz-moscada ralada na hora a gosto Sal a gosto
Modo de preparo Descasque e pique fino a cebola. Numa panela, coloque a manteiga e leve ao fogo médio. Quando derreter, junte a cebola, tempere com uma pitada de sal e refogue por 2 minutos, até murchar. Junte a mandioca, regue com o leite e diminua o fogo. Deixe cozinhar por cerca de 30 minutos, mexendo de vez em quando para não grudar no fundo até a mandioca cozinhar e formar um creme. Durante o cozimento, vá regando com a água, caso note que o creme está secando antes de a mandioca estar cozida. Desligue o fogo, tempere com sal e noz-moscada a gosto.
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Você pode não ter visto, mas Olimpíadas já começaram
ELAS POR ELA Fernanda Haag
Na estreia, futebol feminino goleia a China. Confira nossas chances de medalha Frédi Vasconcelos
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ocê pode nem ter notado, mas Olimpíadas no Japão já começaram com jogos de softbol e futebol feminino. Foram seis partidas desse esporte desconhecido e mais seis de futebol feminino na quarta, 21. Com destaque para a vitória da seleção de futebol de mulheres do Brasil por 5 a 0 sobre a China (mais detalhes na coluna ao lado). Nesta quinta (22), o futebol masculino estreia às 8h30 tentando manter o ouro olímpico. E o começo é, justamente, contra a Alema-
nha, que fez a final passada com os brasileiros. E tudo isso antes mesmo das Olimpíadas começarem oficialmente, já que a cerimônia de abertura será na sexta (23), a partir das 8h da manhã aqui no Brasil. Aliás, ver os jogos será uma maratona pelas noites e madrugadas, já que o fuso horário é de 12 horas entre a capital do Japão e o horário de Brasília. Por isso, será necessário selecionar muito o que assistir. Há a possibilidade de o Brasil superar as (poucas) medalhas conquistadas em edições anteriores, principalmente pela estreia de esDivulgação | CBF
portes como surfe e skate. Projeção da empresa de tecnologia de dados Gracenote, publicada no site da ESPN Brasil, fala que o Brasil deve chegar a 24 medalhas, com sete de ouro, cinco de prata e 12 de bronze, com base em resultados dos últimos cinco anos. Entre as favoritas (os) ao ouro estão Agatha e Duda, no vôlei de praia, Beatriz Ferreira, no boxe, Isaquias Queiroz, na canoagem, Nathalie Moellhausen, na esgrima, seleção masculina, no futebol, Pedro Barros, no skate e seleção masculina de vôlei de quadra. Para a consultoria, o ouro não vem no surfe, mesmo com dois brasileiros liderando o ranking mundial. Porém são projetadas 3 medalhas de outras cores. No skate, são outras cinco medalhas no feminino e masculino. Vela, judô, voleibol feminino na quadra, além do atletismo, também aparecem nas possibilidades de conquistas. Embora a consultoria não preveja, este colunista aposta suas fichas também no futebol feminino e no vôlei de praia masculino.
Começamos bem! Na quarta-feira, 21, a Seleção Brasileira começou a sua caminhada nas Olimpíadas de Tóquio em busca do ouro. As torcedoras e torcedores que madrugaram para assistir ao jogo de estreia contra a China não se arrependeram. A partida começou às 5 horas da manhã pelo horário de Brasília, o que fez os mais saudosistas recordarem da Copa de 2002. Seria um bom sinal? Aparentemente, sim, porque as Guerreiras do Brasil venceram por 5 a 0 as chinesas. A equipe de Pia Sundhage dominou a maior parte do jogo, somente no primeiro quarto do segundo tempo que a China pressionou mais e o rendimento brasileiro caiu. Há alguns pontos a serem corrigidos, principalmente na lateral direita, na retenção da bola e no posicionamento defensivo. Mas o saldo foi para lá de positivo e para além do placar: o time é competitivo, trabalha em conjunto e conseguiu impor o seu jogo. Os gols saíram dos pés da rainha Marta (2), Andressa Alves (de pênalti), Debinha e Bia Zaneratto. O próximo desafio é no sábado, 24, contra a Holanda, que venceu a Zâmbia por 10 a 3.
A “elite” passa mal
Gazeta caça-clique
Furacão arrasador!
Por Cesar Caldas
Por Marcio Mittelbach
Por Douglas Gasparin Arruda
No início desta temporada da Série B, a mídia esportiva fazia generalizado prognóstico de favoritismo dos três participantes que integram o chamado G-12 do futebol brasileiro. O Cruzeiro se manteve 49 anos como um dos quatro “incaíveis” do grupo de elite desde o primeiro Campeonato Brasileiro (1971), conquistado pelo rival Galo das mesmas Alterosas. Maior que a surpresa do rebaixamento em 2019 foi não conseguir o acesso na temporada seguinte, ganhando companhia de Vasco e Botafogo – hoje menos veneráveis do que em décadas passadas. Apostavase que a quarta vaga fosse disputada por Coritiba, Vitória e Goiás. Aqueles prediletos, contudo, completam o primeiro terço da competição em 17º (ZR), 9º e 14º lugares, respectivamente, para alegria do vice-líder alviverde. O duelo noturno desta quinta-feira (22/7) em casa com o 5º colocado CRB pode ampliar essa vantagem.
Técnicos passam, como como acabou de passar o Maurílio. Jogadores passam, dirigentes passam, presidentes também saem de cena mesmo deixando seus legados. Até eu, você, nossos amigos e amigas paranistas uma hora vamos deixar de frequentar a Vila. Já a instituição, não. Esta é eterna. Sua relação com a história da região e do povo forma elos difíceis de apagar. Mas tem um pedaço da capital que se esforça pra ver isso acontecer. O Paraná vive, sim, seu pior momento na história, mas são raros os torcedores que jogaram a toalha. Basta ver que três chapas se inscreveram para as eleições do clube em outubro. O título “A camisa do Paraná está virando pano de chão”, do colunista Algusto Mafuz, revela o seu princípio e do grupo para o qual ele trabalha: mais vale um título que atraia alguns milhares de cliques do que evitar mais um desgaste da marca Paraná Clube num momento tão delicado.
O jogo entre Athletico e América de Cali na terça (20), na Arena, foi um massacre. O time colombiano seguiu a mesma estratégia da última partida: tentar fechar as linhas defensivas e evitar um desastre. Mas Nikão, Terans e Vitinho estavam em uma noite inspirada, e o 4 a 1 foi pouco perto do que se viu em campo. Mas nem tudo são flores: a defesa continua cometendo erros bobos, como no pênalti desnecessário de Pedro Henrique, e os atacantes Babi e Kayzer seguem em fase complicada, errando em lances inacreditáveis. Pelo feminino, a equipe rubro-negra perdeu a disputa pela vaga série A para o Bragantino. O jogo terminou 2 x 0 para as paulistas e, nos pênaltis, fecharam em 4 x 2. O sonho ficou para o ano que vem, mas é importante ressaltar o salto de qualidade em relação ao ano passado.