TERRA
PORTO ALEGRE, 22 DE FEVEREIRO A 8 DE MARÇO DE 2019
Festa da Semente Crioula reafirma a cultura camponesa e a importância da partilha
RESISTÊNCIA |
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Fotos: Leandro Molina
As festas da semente crioula estão espalhadas pelo país afora. Onde há movimento social ligado ao campo, há a celebração dos grãos, da colheita e da tradição de cultivar, multiplicar e compartilhar as próprias sementes. MARCOS CORBARI
PORTO ALEGRE (RS)
E
m Seberi, norte do Rio Grande do Sul, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) realizou neste mês a quinta edição da sua festa, viabilizando um espaço coletivo de fortalecimento de classe perante o período de violações que atravessa a sociedade brasileira. Milho, trigo e feijão crioulos foram algumas das sementes compartilhadas. “Nos reunimos para festejar, mas também para refletir e reafirmar esse princípio que tem nos norteado neste período histórico, de permanecer juntos, fortalecidos e resistentes, irmanados sem ninguém soltar a mão de ninguém”, afirmou a dirigente do movimento Maria Kazé, que veio do Piauí para parti-
Festa da Semente Crioula realizada pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) reuniu cerca de 500 pessoas em Seberi
cipar da festa. Lembrou a importância da soberania alimentar e a necessária recuperação da diversidade das sementes, além da afirmação da alimentação saudável e a valorização do meio ambiente. Para ela, apesar das dificuldades, a
militância dos movimentos sociais mostrará que está pronta a dar sua contribuição para a construção de um país mais justo e igualitário.
Comida saudável Frei Sérgio Görgen, também dirigente do movimento, afirmou que o campesinato brasileiro tem três grandes desafios em seu norte próximo: organizar o povo na defesa dos seus direitos; firmar um projeto voltado à produção de comida saudável e recuperar a democracia no país. “Hoje estamos reunidos num momento festivo, de celebração, de congraçamento, mas também é momento de relembrarmos nossa história, nossas lutas e nossas conquistas. Sabemos das dificuldades do presente, mas não vamos perder a visão do futuro, a visão do nosso projeto histórico, da nossa utopia, daquilo porque nós lutamos”, disse. Resgatando a memoria das lutas
empreendidas pelas gerações passadas, acentuou que a história não termina nesta geração e que é preciso também plantar e lutar pelas gerações futuras. Cerca de 500 pessoas vindas de diferentes lugares confraternizaram e reforçaram o ideal da agroecologia na sede da Cooperbio, a Cooperativa Mista de Produção, Industrialização e Comercialização de Biocombustíveis do Brasil, situada na Linha Tesoura, interior de Seberi. Além de delegações do MPA vindas de várias regiões do Rio Grande, o evento teve a participação de representantes de Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Piauí e Pernambuco. Todas trouxeram produtos produzidos sem veneno, sementes crioulas e saberes para compartilhar. Ao som de músicas tradicionais a palavra “partilha” teve seu significado reforçado por homens, mulheres e crianças.
Sementes de milho, trigo e feijão crioulos foram compartilhadas
Frei Sérgio Görgen ressaltou a importância de plantar e lutar pelas gerações futuras
Festa reuniu representantes de Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Piauí e Pernambuco
