Esporte Governo gaúcho revoga decreto e desprotege moradores e regiões afetadas por barragens.
Torcidas se unem para combater o racismo, a homofobia e o machismo no futebol
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RIO GRANDE DO SUL
29 de novembro a 13 de dezembro de 2019 distribuição gratuita brasildefato.com.br
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Ano 2 | edição 23
Na mais forte reação dos últimos anos, funcionalismo estadual vai à greve e desafia a violência do governo Eduardo Leite (PSDB). Página central
Fotos: Eduardo Teixeira e Alexandre Garcia
RESISTÊNCIA
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OPINIÃO
PORTO ALEGRE, 29 DE NOVEMBRO A 13 DE DEZEMBRO DE 2019
ARTIGO | Absurdo dos absurdos
CHARGE | Santiago
Selvino Heck (*)
FATO UM: Chego às 9h do dia 27 de novembro, quarta-feira, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Policiais Militares ao lado de alguns gradis. Vou entrando normalmente: “Não, não pode entrar”, dizem dois brigadianos. -“Como não posso entrar? A entrada está aberta.” – “Proibido entrar”. – “Bom Leite pra vocês. Ele está acabando também com os brigadianos. Façam como os professores, que estão na luta.” Faço meia volta, encontro um vendedor de capas de chuva. Vai caminhando comigo. Ele: “Passei na Redenção. Está cheio de carros e caminhões do Exército, todos de prontidão.” Chove. 15 minutos de caminhada até a Rótula das Cuias. Tudo cercado: carros da Brigada, caminhões do Choque. Aparato de guerra. E algumas dezenas de manifestantes ‘armados’ de guarda-chuvas, faixas, cartazes. TRF-4 cercado de todos os la-
A questão social como caso de polícia EDITORIAL |
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Agora, quando o ano se aproxima do fim, o governador, sem maior discussão, apresenta um plano de carreira recheado de retirada de direitos. E deseja que os servidores placidamente acatem as suas vontades. Então, o funcionalismo, humilhado e endividado, reage a cinco anos de congelamento salarial e a 47 meses de atraso de vencimentos. A resposta oficial é o gás de pimenta e os cassetetes. “Bolsonarinho”, chamou-o um deputado da oposição. Ao contrário da primeira e enganosa impressão, Bolsonaro e Leite são, no fundo, iguais. Ambos cumprem a agenda que passou a vigorar no Brasil após o golpe de 2016: assaltar direitos, massacrar os pobres, vender o patrimônio comum da Nação. Para tanto contam com o patrocínio da banca, do latifúndio, da parcela mais atrasada do empresariado e da mídia corporativa que lhes serve de porta-voz. Para todos eles, a questão social no Brasil, mesmo no século 21, continua sendo um caso de polícia.
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CONSELHO EDITORIAL Danieli Cazarotto, Cedenir Oliveira, Fernando Fernandes, Ezequiela Scapini, Ronaldo Schaefer, Frei Sérgio Görgen, Ênio Santos, Isnar Borges, Cláudio Augustin, Fernando Maia, Neide Zanon, Edison Terterola, Mariane Quadros, Daniel Damiani, Jéssica Pereira, Ademir Wiederkehr, Alex Ebone, Luiz Müller, Vito Giannotti (In Memoriam) | EDIÇÃO Katia Marko (DRT7969), Marcos Corbari (DRT16193), Ayrton Centeno (DRT3314) e Marcelo Ferreira (DRT16826) | REDAÇÃO NESTA EDIÇÃO Fabiana Reinholz, Marcelo Ferreira e Walmaro Paz. | DIAGRAMAÇÃO Marcelo Souza | DISTRIBUIÇÃO Alexandre Garcia | IMPRESSÃO Gazeta do Sul | TIRAGEM 25 mil exemplares
Onde estarão, na História, os juízes do TRF4, os Dallagnol, os Bolsonaro, os Sérgio Moro? Na lata de lixo? Lula está na História e na memória do povo brasileiro, mesmo preso e perseguido a vida inteira. Lula é democracia, é pão na mesa de brasileiras e brasileiros, é dignidade, é democracia, é justiça, é soberania.
A POIO
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uando Eduardo Leite venceu a eleição para o governo gaúcho, muita gente suspirou aliviada. Menos por sua vitória e mais pela derrota de Sartonaro, a cruza ridícula dos nomes Sartori e Bolsonaro. Afinal de contas, gorara o segundo e catastrófico mandato de José Ivo Sartori após seu pífio governo. A sensação de alívio não tardaria a se dissipar. Leite assumiu como homem de diálogo, bem ao contrário da postura do antecessor. Procurou partidos e movimentos. A fachada começou a ser corroída com a repressão violenta da Brigada Militar contra manifestantes durante a greve geral de junho, com saldo de muitos feridos. Seguiu-se com a proposta de implodir o Código Ambiental do Estado, afrouxando a legislação para o empresariado se refestelar. Prosseguiu com a derrubada da exigência de plebiscito para privatizar as estatais estaduais. E continuou arrochando e atrasando os salários do funcionalismo.
dos. Ninguém pode chegar perto. Funcionários avisados de que não teriam acesso no dia 27 de novembro de 2019, dia do julgamento de Lula na torre de marfim, no castelo, na inexpugnável fortaleza do Tribunal Regional Federal da Quarta Região. O Poder Judiciário tem medo do povo. Bolsonaro tem medo do povo. Sérgio Moro tem medo do povo. Democracia em perigo. FATO DOIS: Mais manifestantes vão chegando na Rótula das Cuias, mas não chegam a milhares. O julgamento de Lula avança. O Juiz Relator vai dando sinais do sentido do seu voto. O famoso ‘cópia e cola’ da juíza Gabriela Hardt não existiu: ‘É normal, em tempos de internet. E não passa de 2% do conjunto’, diz. Resultado final. Lula, o perigoso ladrão, o meliante maior, é condenado a 17 anos, 1 mês, e, requinte de crueldade, 10 dias, em regime fechado. Quase um pelotão de fuzilamento para quem tem 74 anos. E exatos 10 dias além dos 17 anos e 1 mês. Por que mais exatos 10 dias? Os heróis da democracia brasileira, presos, exilados, perseguidos, estão vivos. Prestes, Brizola, Jango, outras e outros tantos, estão vivos na memória do povo brasileiro. Onde estarão, na História, os juízes do TRF-4, os Dallagnol, os Bolsonaro, os Sérgio Moro? Na lata de lixo? Lula está na História e na memória do povo brasileiro, mesmo preso e perseguido a vida inteira. Lula é democracia, é pão na mesa de brasileiras e brasileiros, é dignidade, é democracia, é justiça, é soberania. 28 de novembro de 2019 * Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990)
GERAL
PORTO ALEGRE, 29 DE NOVEMBRO A 13 DE DEZEMBRO DE 2019
Governo gaúcho revoga decisão que protegia as populações atingidas por barragens
DESMONTE |
Decreto nº 51.595 instituía duas políticas importantes, uma para beneficiar as regiões afetadas por hidrelétricas e outra em favor das populações impactadas pelas usinas. MARCELO FERREIRA
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PORTO ALEGRE (RS)
Rio Grande do Sul é um dos estados que mais possuem barragens no Brasil. Por consequência, tem grande número de famílias removidas de suas casas alcançando, na soma dos casos ao longo dos anos, mais de 200 mil pessoas atingidas. Indiferente à luta dessa população, o governador gaúcho revogou as políticas que lhes garantiam direitos. “É um ataque simbólico aos atingidos, é uma negação da nossa existência pelo Estado e uma negação do próprio Estado para com o seu papel de amparar populações em situações de injustiça e de violações de direitos”, defende Grasiele Berticelli, da coordenação estadual do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). O decreto veio em 2014, no então governo Tarso Genro (PT), após 40 anos de luta do movimento, e aguardava regulamentação. “A efe-
tivação sempre foi uma pauta MAB junto aos governos que sucederam Tarso (Sartori e Leite) que, infelizmente, não eram simpáticos à proposta. Mas a existência do decreto, por si só, já era um avanço. Era um
marco legal existente no Estado, no qual podíamos nos referendar e cobrar sua execução”, explica. As políticas do RS eram pioneiras no Brasil, tendo sido reconhecidas como exemplares pelo grupo de trabalho da ONU sobre Empresas e
Direitos Humanos em seus relatórios no ano de 2015. Grasiele conta que, após a revogação, o MAB solicitou uma audiência e esclarecimentos ao governo, mas até o momento está sem respostas. O líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta, criticou a medida e manifestou apoio à luta do MAB. “É impressionante a capacidade desse governo de fazer maldades para o povo gaúcho” disse. Críticas também do deputado petista Dionilso Marcon, que afirmou que “o bolsonarinho do RS não tem compromisso com os atingidos, com a reforma agrária, com a agricultura familiar e com o povo que luta por moradia e educação, saúde e políticas públicas”. Para Grasiele, a inexistência de uma política para populações afetadas “faz com que diversos direitos sejam violados e as decisões passem apenas pelas empresas e governos sem a participação dos atingidos”. Para o MAB a medida busca o enxugamento do Estado, a fim de deixá-lo mais atraente para os investidores, acabando com “entraves” que impediam as empresas de explorar os recursos naturais como quisessem. “Mais uma vez o povo paga com seus direitos a conta de um sistema injusto”, conclui.
DIREITOS | O que muda,
na prática, com a carteira verde e amarela? Dois anos após a Reforma Trabalhista retirar direitos dos trabalhadores, o governo Bolsonaro editou a Medida Provisória (MP) 905, que revoga 86 itens da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Confira algumas das principais mudanças. REDAÇÃO BRASIL DE FATO
CARTEIRA VERDE E AMARELA Servirá para a contratação, em postos que recebam até um salário mínimo e meio, de jovens de 18 a 29 anos, reduzindo direitos trabalhistas em troca de desoneração para as empresas. Estimativas apontam que a folha de pagamento terá uma redução de 34% nos impostos. De outro lado, em casos de demissão sem jus-
ta causa, a perspectiva é que o trabalhador receba até 80% menos de verbas. Ao passo que isenta os empregadores da parcela patronal para a Previdência, passa a taxar quem acessa o seguro-desemprego.
DOMINGOS E FERIADOS A MP 905, na prática, elimina a vedação de trabalho aos domingos, permitindo o não pagamento da hora dobrada, desde que haja a compensação, ou seja, folga, em outro dia.
BANCOS Bancários, exceto operadores de caixa, perdem a jornada de seis horas. As demais funções só recebem horas extras a partir da oitava hora de jornada.
ALIMENTAÇÃO O pagamento ao trabalhador a título de fornecimento de alimentação explicitamente deixa de ter caráter
salarial, não incidindo sobre os valores, portanto, impostos trabalhistas.
TERCEIRA INSTÂNCIA Infrações relacionadas ao mundo do trabalho ganham uma “terceira instância”, um conselho vinculado à Secretaria de Trabalho da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.
MULTAS TRABALHISTAS Altera o índice de atualização dos
créditos decorrentes de condenação judicial. A estimativa é se reduza em 50% a taxa atualmente aplicada para atualizar dívidas trabalhistas.
PROFISSÕES Corretor de seguros, jornalista, radialista, publicitário, sociólogo, químico e artista são algumas das profissões que tem sua regulamentação eliminada. Saiba mais em http://bit.do/mp905
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GERAL
PORTO ALEGRE, 29 DE NOVEMBRO A 13 DE DEZEMBRO DE 2019
Servidores estaduais realizam maior greve dos últimos anos
MOBILIZAÇÃO |
Fotos: Maciel Goelzer
Em greve desde o dia 18 de novembro, educadores contabilizam mais de 1.550 escolas paralisadas. Outras categorias do funcionalismo entraram em greve no dia 26. WALMARO PAZ PORTO ALEGRE (RS)
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á 48 meses com salários atrasados e parcelados, os servidores públicos do Rio Grande do Sul resolveram cruzar os braços. Apesar da penúria que já enfrentam, o estopim para a decisão foi a ameaça de aprovação na Assembleia Legislativa de um pacote de reforma administrativa, proposta pelo governador Eduardo Leite (PSDB). A proposta, apelidada de Pacote da Morte pelas entidades, altera o plano de carreira dos professores e reduz os salários dos servidores devido ao aumento da cobrança de alíquotas previdenciárias de aposentados e a incorporação de vantagens
Fórum dos Servidores Públicos do RS realizou ato unificado no dia 26 de novembro
ao piso salarial. As ameaças aos grevistas não tardaram a chegar. No dia 22 de novembro, o governador disse que iria cortar o ponto dos professores grevistas. A presidente do CPERS disse em entrevista ao jornal Extra Classe, do Sindicato dos Pro-
Repressão e desrespeito O CPERS Sindicato havia realizado uma assembleia da categoria no local, iniciada às 13h30, com definição de continuidade da paralisação iniciada dia 18, e o comando de greve aguardava ser recebido pelo secretário-chefe da Casa Civil, Otomar Vivian (PP). O ato era pacífico e já contava com servidores das demais categorias, que pela manhã haviam se reunido em assembleia e definido somarem-se à greve. Os educadores se preparavam para entregar um documento ao governo, pedindo a retomada do diálogo e a retirada do pacote de reforma administrativa. Quando o governo recusou o recebimento, um grupo de manifestantes forçou a derrubada dos gradis e a entrada na sede do governo gaúcho. Policiais militares que estavam dentro do Piratini utilizaram spray de pimenta e distribuíram golpes de cassetete para conter o avanço. Entre os agredidos, estava a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer.
fessores (Sinpro): “Seria cômico se não fosse trágico o governador nos ameaçar com corte de ponto. Quem pode cortar salário de quem não recebe?”, afirmou, lembrando que o CPERS já ingressou com um pedido de liminar na justiça visando impedir o governo de
adotar esta medida. Já na tarde do dia 26, um ato pacífico que reuniu milhares de trabalhadores do serviço público terminou em repressão pela tropa de choque da Brigada Militar, em frente ao Palácio Piratini, no centro de Porto Alegre (RS).
Salário de 498 reais
Segundo a presidenta do SINDSEPERS, Diva Luciana Flores da Costa, a reforma proposta por Leite só agravará a situação. Desde 2014, os funcionários não recebem reajuste, nem mesmo a reposição da inflação. Uma perda que já atinge 30% dos vencimentos. O pessoal do quadro da Secretaria da Saúde, por exemplo, recebe salário básico de R$ 498,00 e ganha uma parcela adicional para atingir o nível do salário mínimo nacional, R$ 998,00. Conforme Diva, tais servidores fazem trabalho estressante atendendo no Hospital Psiquiátrico São Pedro, onde são tratados portadores de sofrimento mental e dependentes químicos, grande parte deles com dependência de crack. Outros atendem portadores de tuberculose no Sanatório Partenon ou doentes de hanseníase e portadores de HIV no centro de Dermatologia Sanitária.
GERAL
PORTO ALEGRE, 29 DE NOVEMBRO A 13 DE DEZEMBRO DE 2019
Ataques do governo unifica trabalhadores
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decisão foi tomada na assembleia unitária realizada na manhã do dia 26, no Hotel Everest, no centro de Porto Alegre. Declarada por tempo indeterminado, a greve é uma resposta à reestruturação promovida pelo governador Eduardo Leite (PSDB), assim como o atraso e parcelamento de salários. Realizada em conjunto, reuniu o Sindicato dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (SINDSEPERS), o Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul (SINTERGS), o Sindicato dos Servidores da Caixa Econômica Estadual do Rio Grande do Sul (SINDICAIXA), a Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (AFAGRO), a Associação dos Guarda-parques do Rio Grande do Sul (AGP-RS), a Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos da Secretaria de Obras, Públicas, Irrigação e Desenvolvimento (SEASOP) e a Associação dos Servidores de Ciência
Foto: Iury Casartelli
Servidores lotaram Hotel Everest para Assembleia Unificada de deflagração da greve
Agrárias (ASSAGRA). Para Antonio Augusto Medeiros, da AFAGRO e eleito recentemente presidente do SINTERGS, esta é a greve mais forte que o RS já teve. “Há uma mobilização nunca vista antes neste Estado e um sentimento de indignação muito forte. Todos os servidores públicos unidos para barrar o pacote de Eduardo Leite, que coloca toda
Nutricionista vira costureira, artesã e garçonete para pagar as contas
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ienne Denise Figueiredo dos Santos é uma nutricionista de 56 anos. Ela trabalha como auxiliar de laboratório no Laboratório Central do Estado do Rio Grande do Sul (Lacergs). Lá, por ter dedicação exclusiva, recebe salário de R$ 1,7 mil. Até o dia 20 de novembro só receberá três parcelas de R$ 250,00 correspondentes aos vencimentos de setembro. Para sobreviver, ela faz artesanato, trabalha de garçonete em eventos, e normalmente, após sua jornada de trabalho, costura diariamente até a meia-noite. Aos sábados, vende sua produção numa feira de artesanatos da capital. Além disso, reforma as roupas de suas colegas e, neste semestre, montou um brechó. Começou a vender suas roupas usadas e outras que recebe de doação de colegas mais abonadas ou cujos maridos ganham bem. Mora em um apartamento de um quarto no bairro Bom Fim, mas procura outro lugar para morar, pois está impossibilitada de pagar o aluguel. Muitas colegas, conta, vivem a mesma situação.
a culpa nos servidores. Não temos culpa pelo endividamento do Estado. A solução passa por serviços públicos fortes”, afirma. Rodrigo Marques, da ASSAGRA, observou que os serviços públicos estão sendo atacados e que isso vai gerar perda significativa de serviços importantes. “Vemos o sucateamento desses serviços para que a po-
pulação não seja atendida, mesmo tendo dinheiro oriundo de convênios federais”, frisou, ressaltando, assim como nas inúmeras manifestações, a importância da unidade. “O governador sabe que a população nos apoia, a sociedade conhece as mentiras do governo e está vendo a situação de desespero que os servidores estão vivendo. Eduar-
Professor busca segundo contrato para sobreviver
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rofessor de história, Matheus Peregrina Hernandes tem um contrato de 20 horas no Estado e, agora, para poder manter a família, conseguiu outro contrato no município de Porto Alegre. Ele leciona na escola estadual Almirante Barroso, na Ilha da Pintada, onde dá aulas nas terças, quintas e sábados. Nas segundas, quartas e sextas é professor da matéria na escola municipal Pessoa de Brum, no bairro Restinga, no outro extremo da capital. No município, seu salário é de R$ 2,8 mil e atualmente está em dia. No Estado, onde trabalha em local de difícil acesso, recebe R$ 1,8 mil parcelados. Hernandes mora em Canoas e leciona numa ilha do estuário do Guaíba. Em três dias da semana desloca-se para um bairro distante 35 quilômetros do centro de Porto Alegre. Seu casamento terminou neste ano. Separou-se da companheira que também leciona em dois municípios, Porto Alegre e Guaíba. Eles têm duas filhas, uma de seis anos e outra de um. "Não é fácil manter um casamento quando além dos problemas normais entre casais temos ainda os financeiros atrapalhando tudo”, argumenta. Hernandes conta que, até agora, só recebeu R$ 700,00 do salário de setembro e não sabe mais o que fazer. É formado em História pela UFRGS e pós-graduado em educação pela mesma universidade. “Dou aula porque gosto e tenho uma relação muito forte com meus alunos”, diz, lembrando que, com a reforma apresentada pelo governador à Assembleia Legislativa, poderá perder a gratificação de difícil acesso. Se acontecer, seu salário no governo estadual, além de atrasado e parcelado, será reduzido em cerca de R$ 600 mensais.
do Leite não sabe com quem se meteu, vários setores que nunca fizeram greve agora aderem ao movimento com força e disposição”, afirmou o presidente do SINDICAIXA, Érico Corrêa. A presidenta do SINDSEPERS, Diva Luciana Flores da Costa, é categórica. Para ela, “a situação está terrível como nunca antes na história. Há 48 meses recebendo salários atrasados e parcelados, muitos estão ficando desesperados, pois recebem salários incompletos, enquanto suas contas estão vencendo”. Explica que, para resolver a situação, os funcionários recorrem a empréstimos no Banco do Estado do Rio Grande do Sul, o Banrisul, que até criou a modalidade do “Banrisalário”, uma espécie de empréstimo consignado. A última parcela do décimo terceiro de 2018 está sendo paga agora, em novembro de 2019, para os que não fizeram empréstimos ou estavam sem crédito por inadimplência.
Ex-professora de Leite diz que antigo aluno pratica “crueldade” com a vida dos educadores
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oje eu estou paralisada! Não só me referindo às atividades docentes, mas paralisada por tamanha crueldade que este senhor está fazendo com a minha profissão, com minha dignidade, com minha vida!” Este foi o desabafo no Facebook de Clarissa Meroni de Souza, ex-professora de arte e teatro do hoje governador Eduardo Leite. “Não existem palavras para expressar a dor que sinto e que tento compartilhar com vocês amigos, neste post”, escreveu ao criticar o pacote do governador que atinge o plano de carreira dos professores. A postagem foi ilustrada com fotos de 23 anos atrás: “E esse lindo menino loirinho, de azul na primeira foto, o primeiro da direita para esquerda, na segunda foto, o de camisa xadrez, deitado no chão, na terceira foto, me fez acreditar em suas promessas de campanha: ‘O RS tem dinheiro, pagar os salários em dia é uma questão de gerenciamento financeiro’…” Adiante, Clarice escreveu: “Agora, além de continuar atrasando/parcelando meu salário, comprometendo diretamente meu dia-a-dia, liquida de vez com meu futuro! Enviando esta proposta de reforma descabida que afeta sem dó nem piedade a vida dos professores”. Quando um amigo da rede social comentou que Leite seria “um ator”, a ex-professora concordou: “Lamento ter sido a professora de teatro dele... pelo jeito, fiz um bom trabalho! Seria cômico se não fosse trágico!”
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PORTO ALEGRE, 29 DE NOVEMBRO A 13 DE DEZEMBRO DE 2019
CULTURA & LAZER
PORTO ALEGRE, 29 DE NOVEMBRO A 13 DE DEZEMBRO DE 2019 Foto: Divulgação
HORÓSCOPO ÁRIES (21/3 A 20/4) Arianos estarão com otimismo em alta nas três próximas semanas. Aproveite essa energia para deslanchar seus projetos. A sua impulsividade nesse momento será benéfica, mas exigirá um grau de cautela. Mova-se com sabedoria.
TOURO (21/4 A 20/5) Pensar em si mesmo não fará mal, não confunda individualismo com individualidade. Invista em tudo que te traga bem-estar. Isso também significa se livrar de velhos hábitos que não te fazem bem. Deixe a teimosia de lado e se transforme.
GÊMEOS (21/5 A 20/6) A sua capacidade de comunicação estará voltada para o acolhimento do outro. Fale, mas escute também. Isso trará importantes parcerias no trabalho e no amor que te darão aprendizados profundos. Abra-se ao outro.
Cinebancários, 11 anos de cinema alternativo no centro de Porto Alegre RESISTÊNCIA |
Longe das salas comerciais, da distribuição de blockbuster, o espaço promove a exibição de filmes nacionais e latinos. FABIANA REINHOLZ
PORTO ALEGRE (RS)
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a rua da Ladeira (General Câmara, 424), no centro histórico de Porto Alegre, o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região há 11 anos abriga o CineBancários, espaço para o cinema nacional e latino-americano. A preço acessível, a proposta é oferecer uma alternativa ao roteiro comercial das salas de cinema. São filmes contemporâneos inéditos, de todos os cantos do país, que trazem uma grande diversidade de temáticas, abordagens, estéticas e linguagens cinematográficas. Como explica a diretora de Esporte, Cultura e Lazer do Sindicato, Ana Lúcia Soares Guimarães, o CineBancários nasceu junto
com a reforma da Casa dos Bancários. “A proposta sempre foi ser um espaço destinado pra fazer o cinema cult, filmes que não têm espaços nas salas comuns”. Bia Barcellos, curadora do cinema e responsável pela elaboração do projeto, atesta que em seus onze anos de funcionamento, adquiriu uma grande importância no cenário cultural porto-alegrense. “Nesse período consolidou-se como a sala de cinema que mais exibe cinema nacional e latino no estado. Foram ao todo 250 filmes dessas cinematografias lançados, sendo que, muitos deles com a realização de debates abertos ao público. Com uma programação voltada exclusivamente para a nossa identidade, a nossa cara, a nossa realidade e que em grande parte não chega às salas de cinema mais comerciais.” Para Ana e Bia, diante do desmanche da cultura, por conta da falta de investimentos, o CineBancários tem conseguido fazer dos filmes exibidos, a grande
arma de resistência contra a barbárie em que vive o país. No ano passado, a instituição criou o Clube CineBancários, a campanha disponível pela internet é um projeto contínuo que busca apoio da comunidade para ajudar a manter o cinema. Com o valor de R$ 10,00 mensais, em contrapartida os apoiadores ganham ingressos e a programação antecipada. Aberto de terça a domingo, com ingresso a R$ 12,00, tem meia entrada para estudantes, idosos bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados, pessoas com deficiência e também aos sindicatos filiados à CUT.
TIRINHA | Armandinho (Alexandre Beck)
CÂNCER (21/6 A 22/7) A sua vida estará agitada nos próximos dias. Agitação não é bem a tua praia, mas não se assuste. Novidades importantes virão desse turbilhão todo e, provavelmente tu passarás a questionar a direção da tua vida. Está indo para o lado certo?
LEÃO (23/7 A 22/8) Os próximos dias serão só romance para os leoninos. Com o coração pulsando a tua criatividade estará desperta, invista nas artes e em tudo que te traga prazer. Deixe tua criticidade de lado, o teu coração fará o que for preciso.
VIRGEM (23/8 A 22/9) Virginianos canalizarão suas energias para a família, mudanças em casa não estarão descartadas. Os próximos dias serão de grande felicidade, o ano inteiro de luta, finalmente, será reconhecido. Celebre!
LIBRA (23/9 A 22/10) Os próximos dias serão de mudanças na carreira e exigirão de ti capacidade de ação. Será um desafio imenso pra ti. Busque ajuda dos amigos e não esmoreça. O importante é que você tome decisões e execute-as até chegar ao seu objetivo. Ânimo!
ESCORPIÃO (23/10 A 21/11) Dinheiro! Essa é a tua palavra do momento. Você estará mais preocupado do que o normal com essa questão e determinado a fazer com o que seu bolso engorde. Não te desespere e tenha foco.
SAGITÁRIO (22/11 A 21/12) Sagitarianos estarão à flor da pele e toda essa intensidade pode se refletir na tua saúde de forma negativa. Portanto, expresse ao máximo seus sentimentos, nada de guardar tudo dentro de ti. Deixe-se sentir.
CAPRICÓRNIO (22/12 A 20/1) Capricornianos estarão preocupados com o seu desenvolvimento emocional. Aproveite esse momento, pois ele é raro para ti. Descubra seus medos e dificuldades, mas não esqueça de suas potencialidades. Conheça-te!
AQUÁRIO (21/1 A 19/2) Transformação. Essa é a palavra que te acompanhará nos próximos dias. E tudo será novo: filosofia de vida, amigos, trabalho, nada ficará no mesmo lugar. Não racionalize e deixe-se levar. Quem não se transforma, estagna.
PEIXES (20/2 A 20/3) O momento é de formulação de novos sonhos e objetivos. Socialize tuas novas aspirações com os amigos, eles serão fundamentais para que tudo que tu desejas se realize. Lembre-se: não basta sonhar, é preciso realizar. Mel dos Astros Aquariana com ascendente em câncer, lutadora e apaixonada pela vida. Atua como conselheira nas horas vagas. É aplicada nos astros e estabanada no cotidiano.
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ESPORTES
PORTO ALEGRE, 29 DE NOVEMBRO A 13 DE DEZEMBRO DE 2019
FUTEBOL | Democratizar para superar o
preconceito
Como um espelho da sociedade, no esporte mais popular do país, além da paixão pelos clubes, encontra-se racismo, machismo, homofobia e conservadorismo. MARCELO FERREIRA E FABIANA REINHOLZ * PORTO ALEGRE (RS)
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ara enfrentar essa realidade, buscando a democratização do esporte e a volta às raízes populares, torcidas antifascistas e coletivos de torcedores de todo o país criaram a Frente Nacional pelo Futebol Popular, durante o 1º Encontro Nacional Direito de Torcer, realizado em novembro, sediado no Beira
Rio, em Porto Alegre. Para Alex Gomes, presidente Associação Nacional das Torcidas Organizadas do Brasil (Anatore),o debate é importante já que as torcidas tendem a ter posições conservadoras. Ele conta que a eleição de Bolsonaro confirmou o alerta feito pela Anatore às torcidas organizadas. “Ele é autoritário, não respeita as instituições, acabou literalmente com o Ministério do Esporte, acabou com a secretaria do torcedor, não existe mais políticas públicas voltadas para as torcidas organizadas. Queremos que as torcidas reflitam sobre sua importância, sua grandeza, e saibam que a política pode nos mover para o lado mais positivo”. A Força Feminina Colorada, torcida da qual faz par-
Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA
Campanha #ChegadePreconceito do Observatório da Discriminação Racial no Futebol no Gre-Nal 422
te Malu Barbará, surgiu há dez anos somente para torcer, mas os casos de assédios e abusos levaram o grupo e debater questões de gênero. “Esse evento é importante para nós, enquanto mulheres que lutam. É bom saber-
mos que não estamos sozinhas, que tem mais gente na trincheira conosco”, avalia. “Nós esperamos que os torcedores levem aos seus clubes os anseios das suas bases. As gestões não podem dizer que não precisam de
Para além das quatro linhas do campo
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or ocasião do mês da Consciência Negra, a torcida Grêmio Antifascista promoveu o debate “Racismo no Futebol: uma reflexão para além das 4 linhas” em Porto Alegre. Uma das convidadas, Aretha Santos, advogada e assessora jurídica no Themis – Gênero, Justiça e Direitos Humanos, saudou a presença de mulheres no evento. “O debate, mesmo do racismo, mesmo sendo mais progressista, fica muito em torno de homens e é importante que também se tenha a visão da mulher nesse espaço, porque a gente também é atravessada por outras intersecções que não só negritude”. Clarícia da Rosa Domingues, militante do movimento negro, lembrou da zagueira francesa que sofreu racismo durante a Copa do Mundo, por causa do cabelo. “É ridículo ela ser vista por isso e não pelo quanto ela joga. Quando se fala do racismo, não se fala muito das mulheres dentro do futebol. Quando se fala de mulheres, mulheres negras e racismo, menos ainda. A Formiga, por exemplo, é uma excelente jogadora, carregou todo o futebol do
Foto: Grêmio Antifascita
nós. Nós somos clube e temos que ter voz, somos a parte mais forte e esse encontro nos dá essa certeza”, conclui. O 1° Encontro Nacional Direito de Torcer contou com representantes de torcidas, coletivos e frentes antifascistas de Botafogo-PB, Corinthians, Flamengo, Fluminense, Internacional, Palmeiras, Santa Cruz, Vasco e Vitória. Na Frente Nacional participam, ainda, torcedores e torcedoras do CSA, ABC, Botafogo-SP, Botafogo-RJ, Bahia, Sport, Náutico, Cruzeiro, Ceará e Comercial-SP. *Com informações de Fernanda Castro.
TABELINHA GRENAL Racismo e gênero pautaram debate dos torcedores
Brasil junto com a Marta, e ela não é reconhecida”. Desde 2014, o Observatório da Discriminação Racial no Futebol vem monitorando casos de racismo no esporte. Seu idealizador, Marcelo Carvalho, conta que as punições vêm aumentando e destaca que o RS, por três anos dos cinco observados, foi o estado com maior número de casos. “Em 2014 foram 20 casos; em 2015, 35; em 2016, 25; em 2017, 43; em 2018, 44; e em 2019 estamos com 45 casos monito-
rados até novembro. Desses, 13 casos são no RS. Temos um problema de fato e precisamos trabalhar. Mas como se a gente chega na federação e diz que aqui é o Estado mais racista e eles dizem ‘tá louco, que dados são esses, mas você olhou os outros estados?’ E aí de novo aponta-se paro o outro como racista e não trabalhamos a nossa questão”. Protagonistas em campo, são poucos os negros entre dirigentes e treinadores. É o
racismo estrutural e estruturante, aponta o professor de história Jorge Eusébio Assunção. Para ele, se o povo brasileiro tivesse pela justiça social a metade da paixão pelo futebol, o Brasil estaria bem melhor. “Estamos dormindo mediante tudo isso que está acontecendo, toda essa crise, todo esse racismo, estamos meio que apáticos mediante toda essa circunstância”. Para ele, isso é o reflexo de duas décadas de ditadura militar no Brasil.
Internacional MASCULINO 04/12 – 21h30 – Brasileirão São Paulo X Internacional 08/12 – 16h – Brasileirão Internacional X Atlético MG
Grêmio MASCULINO 05/12 – 19h15 – Brasileirão Grêmio X Cruzeiro 08/12 – 16h – Brasileirão Goiás X Grêmio