1
Vamos brincar de
Árvore-passarinho?
Trabalho apresentado à Faculdade de Artes Visuais do Centro Linguagem e Comunicação da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, formulado sob a orientação da Prof.a Me. Andréia Cristina Dulianel, para a Conclusão do Curso de Licenciatura em Artes Visuais.
design e diagramação
ilustração
Bruno Canova
Fabiano Carriero
sumário Apresentação................................................................................................................ p. 05 O conto............................................................................................................................ p. 06 Jacarandei-sabiando.................................................................................................... p. 14 Explicando conceitos................................................................................................... p. 18 Aulas-sugestões............................................................................................................ p. 23
Aula 1: lendo o conto........................................................................................ p. 24 Aula 2: a árvore.................................................................................................. p. 26 Aula 3: leitura de imagem............................................................................... p. 28 Aula 4: orquestra de pássaros........................................................................ p. 30 Aula 5: o pássaro............................................................................................... p. 32 Aula 6: pequenas coisas................................................................................... p. 34 Aula 7: a semente.............................................................................................. p. 36
RESULTADOS................................................................................................................. p. 38 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................
p. 39
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................
p. 42
Este trabalho trará reflexões sobre o conceito de educação, como ele se institucionalizou em nossa sociedade e um paralelo entre o ideal de construtora de cidadãos e cidadãs críticos, contestadores das desigualdades sociais e transformadores da realidade - como promove o Plano Nacional de Educação, para a Escola que temos hoje. Sabemos que do mesmo modo que ela constrói uma sociedade é, sobretudo, reflexo desta e tendo então este rico espaço de convergência de enxertos sociais nada melhor do que fazer dela o local ideal para problematizar não só o ensino de arte, mas a educação como um todo. Tendo como inspirações primordiais que guiarão todo o decorrer do trabalho, a cultura indígena com suas tradições ancestrais de integridade com a natureza e os seres vivos e a visão contextualizadora e dialética de Paulo Freire foram os pilares de toda a construção reflexiva que nos levaram a, inclusive, querer unir ambos campos de estudo na esperança de encontrar em suas similaridades os caminhos férteis para uma educação que trabalhe a integridade dos sujeitos com o meio e a sensibilidade do olhar e do fazer artísticos como treino para a consciência de seres humanos éticos, sustentáveis e sonhadores. O trabalho trará como sugestão um material pedagógico que tentará condensar toda essa plural e extensa reflexão em propostas de atividades que se sustentarão na construção de narrativas e na provocação da liberdade poética o leito por onde deve fluir o instinto natural do ser humano, especialmente das crianças, do olhar curioso, do desejo de experimentar e a vontade criadora que as artes tem enquanto campo científico muito bem acolhidos e potencializados.
Apresentação
O desafio maior deste material não está na busca de resultados, mas no auxílio da promoção de experiências poéticas tendo como metáfora pedagógica os protagonistas do conto Árvore-Passarinho e na desenvoltura do educador-educando a provocação do olhar e da pesquisa sensitiva de seus educando-educadores. Vamos ao encontro de Sabiás e Jacarandás! 5
O conto O conto, que na verdade é uma fábula, vai brincar com metáforas, principalmente as que remetem os protagonistas Sabiá e Jacarandá, no intuito de narrar um ambiente cotidiano de convívio íntimo entre seus personagens, mas que se dinamiza com a relação destes. É uma alegoria que traz na simplicidade da convivência comunitária retratos que, ao serem assimilados com o cotidiano dos ouvintes farão com que estes reflitam sobre a bela narrativa que se constrói em seu dia a dia do mais banal cumprimento ao vizinho até um alvoroço do bairro por uma causa comum.
6
Ă RVORE
-passarinho 7
Esse conto é um tanto do dia da arvore Jacarandá e seu amigo o passarinho Sabiá! Hahahahahahaha! Veja o danado do passarinho catando frutas dos meus vizinhos, daqui até a esquina, ele pensa que não vejo!!! Olha lá! Pegou Do Jamelão Da pitanga Do mamão Da amora Hummmm !!! Ele acha que também não vi! Que deixou para os amigos o Tico-tico o Pardal
8
E o moço que vai ali namorar no quintal! Sapeca esse passarinho. Come de tudo e vem descansar em mim -Ei Sabiá! Tem o que para me falar? -Ih, Dona Jacarandá Sabe como é, né? Comi tanto que tô até tonto! Mas sabe o que vi hoje? - Diga, que eu digo o que vi também! Bem, eu vi o Bem-Te-Vi olhando no fio sem dar um ‘piu’ e do outro lado,
9
Tinham três crianças jogando dado, E mais para frente, Nossa, como tinha gente! Parecia até festa de São João E você Dona Jacarandá? - Ixi! Deixa eu ti falar A Cigarra parou com o cigarro, O Seu João-de-Barro se mudou para a Barra da Tijuca, E a Cuca se apaixonou pelo Cuco, e agora fica na janela toda hora Até Dona Maria espantar ela com a torta
10
E sabe Sabiá quem vem hoje? No fim da rua minguar... - Não acredito... Será? - Sim é ela! A Lua que girou, girou ... E chegou. O que está esperando? Aproveita a brisa e suba até meu ultimo galho E canta, Sabiá Até saber que ela vai chegar
11
Nesse dia- noite o Sabiá sabia que ia cantar e Cantou, cantou, cantou ... Tanto que o bairro inteiro ouviu Noutro dia O burburinho era tanto, Que todo mundo dizia que o Sabiá sumiu! E como a Dona Jacarandá Foi a última que viu
12
Todos perguntaram por que ele partiu E Dona Jacarandรก muito alegre falou: - Imagine que meu amigo Sabiรก Ia me deixar! Veja ele apenas cantou Cantou, cantou ... E depois voou Com a semente que pegoooouu ! 13
Jacarandei-sabiando Como a proposta não é necessariamente limitada a abordagem com linguagens plásticas, mas sim uma sugestão poética a ser adaptada ou inspirada ao uso da linguagem que melhor se adequar , escolhemos o enfoque no conceito da narrativa que ao mesmo tempo que ressuscita a importância da oralidade como meio de fruição dos valores socioculturais também serve como um processo continuo de incentivo ao imaginário lúdico e temático para as aulas.
Cabe ao educador-educando criar seu próprio método interpretativo e de estímulo para suas aulas a partir deste material, tendo em vista o respeito que foi discutido até então sobre a liberdade do uso da(s) linguagem(ns) que mais se adéqua a sua formação. Contudo, de primeiro momento, serão trazidas algumas diretrizes que não tem a menor intenção de se tornarem absolutistas. Pelo contrário, serão ilustrações e sugestões de como se pode trabalhar a partir da ideia da autonomia e do conhecimento que o educando14
educador já carrega consigo, do contexto sócio-culturalhistórico que todas e todos ali estão inseridos, da poesia como substrato imaginativo para o estímulo ao repertório estético, da Arte como campo legítimo de estudo e trabalho e, por fim, da consciência do educadoreducando de que a dialogicidade é soberana para que todo o processo de ensio-aprendizagem se concretize integralmente sem a necessidade da busca por resultados exatos ou mesmo concretos, mas dispostos à pesquisa, a experiência, ao diálogo e ao sentir.
Como percebido, a temática da fábula trabalha de maneira intimista com as relações sociais e através da metáfora deixa portas abertas para interpretação e resignificação de seus símbolos e personagens. A primeira das metáforas e base sustentáculo de toda teoria é a respeito das personagens Jacarandá e Sabiá. O Jacarandá, árvore frondosa, imponente por sua beleza e tamanho, se personificada seria transfigurada numa criatura dócil e gentil. É sábia, pois sua leitura de mundo parte de uma perspectiva de quem enxerga as coisas do alto, ou seja, quem detém um panorama visionário da realidade que vai além do chão onde se enraíza a própria vivência, e pode ser assimilada, inicialmente, a figura do educador-educando.
O Sabiá - tido popularmente como símbolo do nosso país, é mais agitado, valoriza sua liberdade e curiosidade acima de tudo. Sabe trabalhar bem com ela de maneira natural, deixando seu instinto e vontade de des coberta guiar seus voos. Sua vivência está embasada na intensidade de cada momento e no contraposto que decorre da dinâmica fluida, pouco apegada no sentido reflexivo destas experiências. O Sabiá pode ser assimilado aos educandoseducadores. A outra proposta de reflexão é a partir da relação desses dois personagens. Não a relação que é descrita na narrativa, mas a metáfora da relação partindo dessas assimilações personificadas em valores e comportamentos.
15
Quando se percebe que o Jacarandá detém um certo tipo de conhecimento, estático porém profundo, e o Sabiá outro, dinâmico porém fluido, é possível traçar um paralelo de divergências que, quando convergentes, podem vir a resultar num rico processo de ensino-aprendizagem. O Jacarandá apesar de simbolicamente representar a sabedoria de uma vivência de longa data e a tradição contida em seu enraizamento, o que se quer levantar é, na verdade, o sentido metafórico não está no ‘ser’ enquanto criatura imutável, mas no ser no intuito de ‘estar’ Jacarandá. Todas e todos podem ser e são Jacarandás a partir do momento que trazem consigo um conhecimento, uma vivência pertinente às suas raízes.
16
Somos Sabiás enquanto cultivamos nossos instintos, nossa curiosidade e dinamizamos nossas vivências. O ser Jacarandá está atrelado a nossa subjetividade, nosso repertório estético particular e o ser Sabiá é a partilha desse nosso ‘eu’ até então individualizado e limitado às nossas raízes. Ou seja, a relação se dá na dinâmica destes seres, pois hora se está Jacarandá - quando valorizamos nossas experiências originárias e que nos caracterizam como sujeitos únicos, hora se está Sabiá - quando nos permitimos vivenciar novas experiências, quando pesquisamos a partir dos nossos sentidos e compartilhamos do aprendizado de outros.
Ei, educador(a)! Já conhecia esse aplicativo? Se não, vamos te apresentar. Se chama ‘QR Code Reader’ e você encontra ele gratuito para download na Play Store do Google. Baixe o aplicativo, abra-o e você irá notar que ele selecionará a câmera do seu celular. Basta posicionar a câmera sobre aquele código alinhando bem suas bordas e pronto! O vídeo vai começar bem na palma das suas mãos. Não é feitiçaria, eu juro!
É nessa reflexão disfarçada de brincadeira metafórica que vão se embasar as aulas aqui sugeridas neste material. A constante transfiguração incipiente de Jacarandás e Sabiás, aprendendo e ensinando, compartilhando suas raízes, plantando novas sementes e colhendo o resultado dos frutos.
BUSCANDO referências
“A educação não é algo que se dá
imagem do YouTube
- O que é isso? É uma pintura indígena? - Não! É um QR Code.
de uma vez, ela é um processo.”
Uma referência importante para o desenvolvimento e compreensão desta pesquisa e trabalho foi o ensinamento do educador e escritor Daniel Munduruku a respeito da educação indígena, seus processos, suas metodologias e sua didática. Recomendamos imensamente que assista o vídeo referenciado no código acima conforme indicado para acesso no quadro ao lado. Sem dúvida é uma reflexão que vale a pena para o processo de desconstrução das práticas tradicionais de ensino e aprendizagem que arraigam nossas práticas. Caso não se sinta confortável em utilizar o aplicativo e tiver acesso a um computador com internet, procure no YouTube pelo título “Olhar Indígena - Daniel Munduruku fala sobre Educação Indígena” (https://www.youtube.com/watch?v=WSyjdc4QKsE)
17
explicando conceitos
• A Roda Ancestralmente, apesar de fortemente presente ainda nas sociedades indígenas, todo nicho humano trouxe consigo seus conhecimentos sendo transmitidos pelas gerações seguintes através da oralidade, da contação de histórias que transmitem valores, saberes e despertam o imaginário onírico numa mistura de realidade e ficção. A didática obedece uma regra moral: o mais sábio (e geralmente mais velho e maduro), da tribo numa roda com os jovens e demais menos maduros é o responsável pelo ensino. O que entra em questão quando abordamos esse tipo de pedagogia e num paralelo com a educação como um todo é a questão da identidade. Na narração oral dos indígenas o que se transmite ali são valores e episódios de vivências que os habituam gradualmente pertencentes de uma história milenar repleta de significâncias e hábitos particulares que configuram sua cultura. Uma cultura que é só deles, pois assim comungaram seus laços e vivências em integração com seu entorno. 18
indígenas do Mato Grosso da etnia Parecis (Foto: Reprodução/TVCA)
Mas o que muda? Para que se comece a desvencilhar das práticas bancárias e anti-dialógicas características do modelo tradicional de ensino, a organização da turma em uma roda onde todas e todos possam ter um contato mais íntimo, enxergaremse por completo e a quebra de hierarquia entre educador e educando é fundamental para a criação deste clima sensível e de trocas espontâneas.
19
• reflexão É o momento de confluência de ideias nas aulas. É quando a partir da roda e sua conexão de olhares os questionamentos que os educandos-educadores carregam consigo saltam para o centro dela e se transfiguram em temas que renderão a discussão pelo resto da semana. É o momento também que o educadoreducando vê maior fertilidade para provocar o olhar, o sentimento, o pensamento, a crítica, o sonho. A reflexão se faz necessária quando em conjunto, pois é uma potente ferramenta para a compreensão das peculiaridades da alteridade dos seres e dos meios. Na troca de saberes se fazem conhecedores de outras realidades ou minimamente compreensivos a ela. Refletir é também enxergar a si, analisar o próprio pensamento e aprendizado, um momento particular do aprendizado que pode ser compartilhado ou apenas apreciado, mas sem dúvida sua necessidade exige um espaço de fomento e desenvolvimento. Por isso é mais um conceito pro nosso glossário prático!
20
Pra pensar: É na problematização e contextualização que os educandos-educadores passam a se enxergar como presentes e verdadeiros agentes transformadores de sua realidade. Torna-se um exercício do sentimento de pertencimento daquela cultura, daquela cidade, daquela comunidade.
• pra casa Na maior parte das vezes não temos todo o tempo que queremos em aula para desenvolvermos plenamente o conteúdo das disciplinas e, além de se utilizar do tempo domiciliar do educando-educador para extensão do aprendizado, cabe aqui nesse processo também refletirmos sobre como o caminho até sua casa, o percurso que eles fazem até lá pode ser um ambiente educativo. Pense em propostas que se liguem com os assuntos tratados em sala para que seja levado para fora dela e que elas e eles o procurem pelas calçadas, equilibrem nas sarjetas, pulem dos buracos, atravessem as dúvidass e corram das convicções. Incentivar o olhar dos sujeitos para aquilo que está em volta parece algo trivial, mas devemos lembrar que numa sociedade regida pelas imagens a informação visual é tamanha que estamos cada vez mais analfabetos imagéticos do que verdadeiros fruidores de sentidos. Contextualizar os sujeitos com seus meios é o ponto chave para umaeducaçãoinclusiva,autônomaetransformadora.
21
22
Não se esqueça dos conceitos, ein?
AULAS -sugestões
A seguir descrevemos o processo sugerido para aproveitamento da teoria embasada até então com substrato poético a narrativa da Árvore-Passarinho.
aulas
Estas aulas foram pensadas de maneira que os materiais necessários para a pesquisa sejam de maior acessibilidade possíveis, já que estamos trabalhando com uma propositura que pode ser transfigurada para qualquer tipo de linguagem e também pensando de maneira democrática que leva em consideração que, infelizmente, nem todas as instituições de ensino contam com aparelhagem e estrutura ampla para aulas de arte que demandem matéria-prima diversificada ou em grande escala. Outro conceito de embasamento, senão o principal, é a intenção de que a matéria que mais favoreça o processo esteja a nossa volta, faça parte do nosso contexto, como materiais orgânicos demandados do próprio meio ambiente e o contato social com as outras pessoas que integram a turma de pesquisa. Quando se leva em consideração essa simplicidade plástica do processo é possível maior enfoque nas relações dos sujeitos com seu entorno e consigo mesmo, estimula a resolução de problemas e desafios com mais criatividade e passa a integrar como objeto do processo também o espaço físico que ocorrem as aulas. 23
• Formação da roda
AULA 1
lendo o conto
• Leitura: “Árvore-Passarinho
Aqui o educador-educando fará a introdução com a propositura da leitura da fábula. Nesse momento é importante que todas e todos entrem em maior sintonia e interesse possíveis, já que começaremos a trabalhar com o levantamento de repertório, a imaginação. De preferência não mostre as ilustrações do conto a eles no primeiro momento. Deixe que o canal oralauditivo seja o principal campo sensorial introdutivo, e não deixe de valorizar as pausas, os intervalos, o silêncio.
• Reflexão
Depois de feita a leitura, o educador-educando empenhará seu papel de provocador. É possível elencar algumas questões que reforcem o pensamento e imaginação dos educando-educadores. Sugere-se que no primeiro momento as questões balizadoras fiquem em cima do personagem Jacarandá com questões como - Alguém já viu um Jacarandá? Em seguida, seria interessante fazer a descrição de suas características, sempre atentas à forma, cores e linhas, como um exercício de desenho imaginativo. 24
• Proposta: imite uma árvore! Com o repertório afinado na temática do conto e focado nas características das árvores, o primeiro sentido capaz de gerir qualquer criação é o gesto. Quando se incentiva e também se faz a imitação de uma figura até então concebida no abstrato do pensamento através da linguagem corporal estamos externando nossa leitura de mundo a partir do nosso corpo, da nossa relação subjetiva abstrata com nosso físico expressivo. Acontece também um importante exercício de mimese que pode vir a ser substrato para compreensão da metáfora, já que estamos personificando árvores, criaturas não-humanas, em nós. Nos travestindo de seres que até então não havíamos refletido como viventes, como possuidores de gestos próprios e de corpos que, quando assimilados com os nossos, trabalhamos também a humanização dos meios e a integração humana.
• Pra casa: observar as árvores do caminho! É importante criar a noção de que o ensino-aprendizado não está concentrado na instituição apenas. Ali se tem um espaço importantíssimo de confluência de saberes que não pode, de fato, ser ignorado. Contudo, a continuidade do aprendizado se dá justamente na noção de que não somente as figuras tradicionais de ensino, como os educadores, sejam a única fonte de conhecimento disponível para que sanem suas curiosidades. É importante pontuar sempre que o mundo é o maior espaço de pesquisa que podem e devem integrar neste processo. Quando deixamos essa tarefa estamos incentivando o trabalho de observação e contextualização, pois vão trabalhar o coletivo, o comum de todos, a partir do subjetivo, particular do caminho de que cada um faz dentro de sua realidade cotidiana. Esse exercício desperta através da sensibilidade uma nova possibilidade de olhar, uma ótica de leitura que rompe com o banal e o resignifica a partir das percepções únicas de cada um. 25
• Formação da roda
AULA 2 a árvore
• Reflexão: debate das leituras a partir da tarefa de casa Aproveitando o formato de roda como propício a contação de histórias devido a intimidade que se cria na troca de olhares e noção de integridade, cada um trará a público seus resultados da pesquisa deixada como tarefa da última aula. Este momento é o início da relação entre ser Jacarandá e ser Sabiá, pois enquanto um se coloca detentor de um conhecimento e externa na linguagem oral da palavra, da narração, sua leitura de mundo, os outros - sendo Sabiás, passam a absorver e, em seguida, compartilharem também suas leituras. É um momento importante que o educador-educando deve gerir de maneira mais democrática possível, mas sempre guiando as narrativas para o contexto proposto na tarefa e possibilitando um espaço confortável para que se sintam seguros em trazer suas particularidades. Pode ser um momento interessante para se observar as particularidades naturais de cada um como lideranças carismáticas, sensibilidade de escuta e fruição do pensamento, organização e gestão coletiva, etc.
• Leitura: poema “A árvore”
Essa leitura poética também metafórica vai incentivar ainda mais a reflexão sobre a perspectiva de observação, tendo a poesia como linguagem responsável pela quebra dos limites dos significados óbvios das coisas. A intenção é de fomentar a experiência estética para além dos sentidos limitantes, que tenham sempre o universo imaginativo como catalisador de significâncias. 26
A árvore Pro Jão-de-Barro: é casa Pro Sabiá: é amiga Pro vento: é menina que dança Pro céu: um ponto verde Pro sol: é sombra Pra terra: é semente Pra criança: é balanço Pras pessoas: é família Pra fruta: é mãe
• Proposta: Exteriorização de suas árvores Pense em linguagens que mais se adéquam e potencializam esse caráter poético de expressão dos educando-educadores. Além de desenho e pintura com os materiais tradicionais (que não deixam de ser importantes pro fazer artístico), pense novas possibilidades plásticas como o uso de materiais orgânicos como galhos secos, folhas secas, sementes, etc. Também seria interessante incentivá-los a escrever uma poesia, um haikai, a dançar, a gestualizar. Quanto maior for a possibilidade de materiais e linguagens, maior será a amplitude expressiva dos educando-educadores e melhor compreenderão as possibilidades de ressignificância dos signos e transgressão dos limites consensuais.
BUSCANDO
referências À sombra de outra pequena árvore cresce para onde o sol nasce
Preocupada com o corte de árvores da escola onde trabalha, a educadora Carmem Machado aproveitou a sensibilidade dos estudantes com a causa e promoveu uma performance chamada ‘Árvore em seis pedaços’. http://carmemmachado.blogspot.com. br/2013/07/performance-arvore-em-seis-pedacos.html
A poetisa e haikaista curitibana, Alice Ruiz, trabalha em suas obras com temáticas voltadas a natureza com uma visão minimalista de construção textual bastante interessante. Um exemplo é seu livro Conversa de Passarinhos (2008) lançado pela editora Iluminuras.
Vento forte as copas das árvores só sussurram Árvore caída passarinho saltita desarvorado http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/parana/alice_ruiz.html
27
AULA 3
leitura de imagem
• Formação da roda
• Discussão sobre o que produziram Sempre que houver produção plástica ou atividades resultantes em concretudes a serem analisadas é interessante que se aproveite o espaço da roda para a prática de análise de imagem, discussão dos conteúdos e devaneios poéticos.
Tome um bom tempo se achar necessário
• Proposta: como os artistas veem suas árvores Aproveite para ampliar o repertório imagético deles mostrando obras de outros artistas que tiveram a árvore como objeto de estudo ou mesmo como cenário, mas que de qualquer forma imprimiram em seus fazeres suas interpretações. A amoreira Van Gogh óleo s/ tela 1889
Árvore da Vida Cândido Portinari óleo s/ tela 1957
28
A árvore cinza Piet Mondrian óleo s/ tela 1912
Paisagem com touro Tarsila do Amaral óleo s/ tela 1925
• Pra casa: a história com árvores Em mais um momento de relação do ensino-aprendizagem fora do âmbito institucional escolar, nessa tarefa sugerimos que o educador-educando peça a seus educandoeducadores a consultar pessoas mais velhas, os Jacarandás, sobre histórias pessoais de sua infância ou mesmo da atualidade que remontem episódios de relacionamento com árvores. O pai que brincava de subir nas mangueiras do quintal, o avô que construiu uma casa na copa de uma árvore, o vizinho jardineiro com seu apego nas plantas que cuida, algum acidente decorrido da queda de uma árvore, enfim, vale tudo. É uma sugestão de ampliação do contexto da vivência de cada um no sentido de buscar no passado as histórias geradoras de experiências singulares para seus narradores, a aproximação intima, a criação ou reforço dos laços sociais entre aquele que conta e aquele que houve. E, claro, o levantamento de repertório que servirá como debate para a próxima aula. 29
AULA 4
• Formação da roda
orquestra de pássaros
• Socialização das histórias ouvidas É hora do exercício da oralidade. A narrativa entre Jacarandás - que trazem conhecimento de uma vivência particular, e Sabiás - que compartilham daquela vivência, assimilam com suas particularidades e levarão consigo uma semente deste cultivo.
• Leitura: retornando ao conto Levando em consideração todo o debate tido até agora, esse é o momento que a segunda personagem enquanto símbolo para uma nova propositura vem tomar conta do espaço de pesquisa. Aconselha-se que o educadoreducando faça também perguntas balizadoras para que os educando-educadores trabalhem sua memória na busca de repertório quando, por exemplo, perguntamos se alguém já viu um sabiá ou como é e o que fazem os passarinhos, e a partir daí surgem elementos de discussão que além das formas e cores, também o som, o movimento, a espacialidade, etc. SabiáLaranjeira
30
Coleirinha
Bem-te-vi
Anu Preto
Sapeca esse passarinho. Come de tudo e vem descansar em mim Ei Sabiá! Tem o que para me falar? Ih, Dona Jacarandá Sabe como é, né? Comi tanto! Que tô até tonto! Mas sabe o que vi hoje? - Diga, que eu digo o que vi também! Bem, eu vi o Bem-Te-Vi olhando no fio sem dar um ‘piu’ e do outro lado, Tinham três crianças jogando dado, E mais para frente, Nossa, como tinha gente! Parecia até festa de São João
• Proposta: cada um da roda é um passarinho e cada passarinho faz seu som Nessa proposta o objeto de estudo será o som através da dinâmica de escuta e reprodução. O educador-educando anunciará que ali na roda são todos e todas pássaros e pássaras. E, como eles mesmos disseram, cada pássaro tem seu som. A brincadeira será feita com o educador selecionando um a um dos educandos e, ao apontar para algum deles, dirá que seu som de pássaro é este: e em seguida irá interagir com objetos de seu redor afim de produzir um som. Com isso, o educador pede para que o educando eleito reproduza a onomatopeia deste som. Por exemplo, se o som vier de um lápis batendo na mesa de madeira, o educando reproduzirá seu som de pássaro em algo como “Tec tec!”. O exercício faz com que todos e todas reflitam sobre o som das coisas que nos rodeiam e contribui para a ampliação de nossa sensibilidade estética e amplitude da leitura de mundo. Com a passarinhada toda afinada, o educador pode usar desta dinâmica para o que bem entender.
Como sugestão final, que tal uma orquestra de pássaros onomatopeicos?
• Pra casa: observar os pássaros pelo caminho O educador-educando deixará a tarefa de observarem os passarinhos que encontram pelo caminho, em suas casas, ruas, praças, etc. Naturalmente se interessarão pelo comportamento, pelo habitat e hábitos destas criaturinhas e, novamente, servirá de conteúdo para discussão da próxima aula.
31
AULA 5
o pássaro
• Formação da roda
• Discussão sobre o que viram pelo caminho O educador promoverá novamente o ambiente confortável e democrático para que todas e todos relatem suas pesquisas. A intenção é que ele vá guiando a reflexão coletiva para as formas dos pássaros, das suas asas, do bico, da cabeça.
• Proposta: reprodução em escala do pássaro O educador pode escolher mostrar o modelo do pássaro da apostila ou desenha-lo na lousa. A partir da observação das formas, o educadoreducando coordenará a sala para fazerem um desenho espacial.
BUSCANDO referências
Vik Muniz é um artista plástico brasileiro radicado nos EUA que faz experimentos com novas mídias e materiais inusitados. Ele constrói suas obras com restos de demolição, sucatas, materiais orgânicos, entre outras coisas interessantes. 32
Beija-flor série Scrap Metal 2012
• O que é bastante interessante de usarmos suas obras como exemplo é que para identificarmos a figura composta pelo conjunto de materiais precisamos observar de longe.
• Deixamos como sugestão essas formas básicas, mas sinta-se a vontade para desenhar o pássaro que quiser. Só é válido lembrar que tenha formas fáceis de serem cosntruídas com os materiais.
• Desenhe as formas numa lousa ou em algum lugar que seja de grande visibilidade.
• Além dos materiais convencionais dentro da sala, tente buscar por materiais orgânicos como galhos, folhas, terra, sementes e etc.
Os educando-educadores deverão reproduzir aquelas formas constituindo um pássaro a partir da junção de diversos objetos dispostos pelo ambiente em que estão de modo que a união final destes forme, de fato, a figura ampliada de um pássaro no chão da sala. No fim da atividade com o pássaro formado, o educador irá pedir para que vejam o desenho sob um outro ângulo (talvez fazer com que eles subam nas cadeiras), tendo a melhor noção do conjunto que forma a figura. Esse exercício de mudar a perspectiva de visão pode ser trabalhado como tema de diversas discussões e, para a próxima aula, terá como principal substrato para debate a outra maneira de se enxergar as coisas. 33
• Formação da roda
• Debate sobre o fazer artístico da última aula O principal eixo para essa discussão é a reflexão sobre a nova possibilidade ótica de leitura de mundo, quando o educador irá trazer em reflexão sobre como enxergamos as coisas, por que determinados objetos parecem menores ou maiores a partir de certos ponto de vista, levando em consideração que quando subiram nas cadeiras puderam ter uma noção mais integra da figura que construíram com os diversos objetos. Em um outro momento do debate, o educador balizará a discussão agora de volta na figura do pássaro: onde o passarinho fica? - tendo o intuito de levá-los a refletirem que ficam geralmente no alto, quando voam ou quando descansam sobre árvores, fios, muros, etc. E como o passarinho vê a gente? Que tamanho nós temos pro passarinho que nos vê de perto e nos vê de longe?
34
AULA 6
pequenas coisas
• Proposta: desenho de minúcias Sendo pássaros que são e, assim sendo, adquirem a capacidade de se relacionar intimamente com as coisas, por menores que sejam estas. A proposta é fazer com que saiam da sala e em ambiente externo pesquisem minúcias. Distribua materiais para desenho e pintura. Faça com que pesquisem essas coisas pequenas que geralmente só as enxergamos quando conversamos em tom de sussurro com o chão, com as paredes, com as árvores. O intuito é trabalhar através do desenho de observação uma nova perspectiva do olhar, da pesquisa e resignificação do não visto ou pouco valorizado.
• A intervenção do educador-educando Discretamente, enquanto seus educandoeducadores estiverem pesquisando as minúcias, contribua para o gancho reflexivo da próxima aula desenhando uma semente em uma folha de papel, de modo que esta pareça ter sido observada estando no chão, no mesmo ambiente que os educandos estão usando como meio de pesquisa. 35
AULA 7 a semente
• Formação da roda
• Leitura de imagem em debate com o que preoduziram Os desenhos serão colocados no centro da roda, no chão. Onde todos irão compartilhar seus pontos de vista e os objetos que chamaram sua atenção. O educador deve aproveitar o momento em que todas e todos estão colocando seus desenhos no chão e, discretamente, colocar o seu também. O educador relembra a passagem do conto em que o Sabiá está roubando frutas das árvores da vizinhança. Em seguida, chamará atenção de todos a observarem uma forma em especial em meio aquela junção de pequenas-grandes coisas. Será a semente que ele havia desenhado. Começa com eles então a refletir sobre o que é uma semente, pra que serve e, será que existe um consenso sobre o que ela é de fato?
• Leitura: a semente 36
Pra borboleta: é o casulo Pra poesia: é a pedra Pro chão: é escada Pro coração: é o amor Pra mentira: é a fofoca Pra cidade: é o prédio Pra barriga: é comida Pra amizade: é tempo
• Leitura: retornando ao conto Hahahahahahaha! Veja o danado do passarinho catando frutas dos meus vizinhos, daqui até a esquina, ele pensa que não vejo!!! Olha lá! Pegou Do Jamelão Da pitanga Do mamão Da amora Hummmm !!! Ele acha que também não vi! Que deixou para os amigos o Tico-tico o Pardal E o moço que vai ali namorar no quintal!
Essa leitura, da mesma maneira que foi feita para a árvore no início das aulas, tem o intuito de ampliar através da poesia o significado do objeto de discussão. O educador deve refletir com os educandos a respeito dessas outras coisas que também podem ser sementes, pois germinam significados.
• Proposta 1: desenhando sua semente
foto:portalcostanorte.meionorte.com
Nessa atividade os educandos externarão suas concepções acerca do que pensam ser sementes. É interessante que o educador provoque eles constantemente a refletirem o significado incomum da palavra. um casulo é uma semente de borboleta, não é? • Proposta 2: plantando nosso fruto
Faça um lambe-lambe!
Com as sementes em mãos, a proposta agora é de intervenção no espaço - de preferência que seja externo. O educador pode propor que façam lambe-lambes com as imagens ou até que exponham de maneira coletiva num mural, mas o ideal seria intervir no sentido de criar a poética de plantio das sementes, de instigar a curiosidade dos que transitam pelo espaço já tido como banal. É a continuidade do exercício que fizeram durante todas as aulas: o despertar de um novo olhar sobre o espaço e, a partir de ações que rompam os limites do significado comum e das convenções sociais, surjam novos debates, novos olhares e desperte a sensibilidade da troca de experiências por vivências mais poéticas.
•cola branca (também é possível fazê-la com • dilua a cola branca polvilho e água) em água para maior •pincel ou rolinho rendimento
imagens: leite-com.tumblr.com/
Que tal fazer dos desenhos deles posters lambe-lambe? Você vai precisar de:
• passe a cola com o pincel no desenho e na superfície
• pressione o desenho sobre a superfície 37
resultados
Apesar da proposta ser apresentada como alternativa a pedagogia tradicional das instituições, sabemos que o educador por maior que seja seu intuito revolucionário ainda estará dependente dos procedimentos pragmáticos requeridos por um sistema que rege sua função. Um sistema que cobra resultados, por mais que pouco se assemelhem com o aprendizado genuíno de seus educandos, mas que de fato sejam apresentados como concretização material do processo de pesquisa.
38
Sendo assim, sugere-se que as avaliações partam do princípio da valorização do processo. Tendo o durante como a etapa mais importante para o alcance de resultados que sejam reflexo, de fato, do que os educandos levarão para a vida a partir da experiência que se dispuseram a ter. Atitudes participativas, envolvimento com as propostas, fruição poética, iniciativa, coragem, ousadia, e demais qualidades que venham a reconhecer as marcas pessoais deixadas no ambiente de aprendizado e as marcas que levarão consigo serão elementos muito mais importantes para consideração do que domínio das linguagens e técnicas, pontualidade de respostas ou mesmo a participação única e exclusivamente carismática. A valorização da pesquisa no processo levará a análise avaliativa a considerar muito mais o desenvolvimento espontâneo que o programático. Portanto, além de um relatório de observação que o educador deverá fazer sobre as atitudes dos educandos, uma proposta de auto-avaliação direcionada para que os educandos reflitam sobre sua participação e sobre o que consideram importante seria uma outra proposta a se considerar. O que viram e aprenderam durante o processo é facilmente coletado através de um relato ou uma carta que pode ser introduzida na poética da semente enquanto algo a ser deixado para outros ou mesmo endereçado a ele ou ela mesma num futuro, quando a semente que plantaram crescer e estes já maduros colham o fruto que cultivaram. Enfim, queremos deixar o educador e educadora bem a vontade nesse quesito avaliativo, mas o que fazemos questão de pontuar é que pra educação integradora mais valem as experiências do que os resultados.
considerações finais
Pedimos ao educador ou educadora que se dispôs encorajad(a)o pela proposta de testar uma possibilidade que talvez venha a ser diferenciada de seus hábitos didáticos, que, independente dos resultados, não desanime. Toda reflexão feita até agora que resultou nessas aulas-sugestão ou que servirá de fundamento para atividades singulares de acordo com suas competências estão sustentadas na vontade utópica de afrontar um sistema educacional, em suas práticas e não nas teorias, que enraizou-se na cultura do destempero humano. No ideal de que é impossível construirmos um amanhã diferente das mazelas que somos obrigados a aceitar hoje. Que a sensibilidade está ligada à fraqueza e que as artes não passam de artifícios para entretenimento. Queremos invocar com este material e pesquisa o espírito da ousadia, da curiosidade natural, da vontade de beleza presente em cada um de nós e que é deixada de lado pelos padrões impostos por uma moral massiva que tornam homogêneas as particularidades individuais, os sonhos a serem alcançados, a poesia que desperta em nossos olhares e a certeza de que podemos todas e todos sermos agentes transformadores do nosso amanhã. Traçando este paralelo da nossa cultura urbana com os valores da cultura indígena quisemos demonstrar a possibilidade de repensarmos nossa sociedade através da educação com elementos que insistem em chamar de primitivos, mas que pouco a pouco com o desenvolvimento desenfreado de nosso progresso destrutivista do meio ambiente, das relações humanizantes, do ócio e liberdade criativos e da nossa autonomia sobre a História que construímos neste planeta demonstram serem cada vez mais necessários como objeto de discussão em reflexões sobre o futuro da humanidade. “Feita a revolução nas escolas, o povo a fará nas ruas.” Florestan Fernandes.
39
40
Árvore Um passarinho pediu a meu irmão para ser sua árvore. Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho. No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de sol, de céu e de lua mais do que na escola. No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo mais do que os padres lhes ensinavam no internato. Aprendeu com a natureza o perfume de Deus. Seu olho no estágio de ser árvore aprendeu melhor o azul. E descobriu que uma casca vazia de cigarra esquecida no tronco das árvores só serve pra poesia. No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores são vaidosas. Que justamente aquela árvore na qual meu irmão se transformara, envaidecia-se quando era nomeada para o entardecer dos pássaros E tinha ciúmes da brancura que os lírios deixavam nos brejos. Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore porque fez amizade com muitas borboletas. Manoel de Barros
41
bibliografia ALVARES, Myriam Martins. Kytoko Maxakali: a criança indígena e os processos de formação, aprendizagem e escolarização.rev. Anthropológicas, versão digital, vol. 15. p. 4978, 2004. ALVES, Rubem. A Alegria de Ensinar. São Paulo. 3ª ed. Editora Ars Poetica, 1994. ARIES, Philippe. História Social da Criança e da Família. Trad. Dora Flasksman. Rio de Janeiro. Editora LTC- Livros Técnicos e Científicos, 1981. BANAVITA, Carlos. Olhar Indígena. Daniel Munduruku fala sobre Educação Indígena. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WSyjdc4QKsE. Acessado em: abril 2016. BARBOSA, Ana Mae Tavares de Bastos. A Imagem no Ensino da Arte. 6ª ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2007. BARBOSA, Ana Mae. A Imagem no Ensino da Arte. São Paulo. 8ª ed. Editora Perspectiva. 2010. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução Plínio Dentzien. Rio de Janeiro. Editora Zahar, 2001. BARROS, Manoel. Ensaios fotográficos. Rio de Janeiro. Editora Record, 2000. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Identidade e etnia: construção da pessoa e resistência cultural. São Paulo. Editora Brasiliense, 1986. DEWEY, John. Arte como experiência. Trad. Vera Ribeiro. São Paulo. Editora Martins Fontes, 2010. FRAYZE-PEREIRA, João A. A Questão da Alteridade. rev. Psicologia USP, versão digital, vol. 5, p. 11-17, 1994. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17ª.ed. Rio de Janeiro. Editora Paz e Terra, 1987. FREIRE, Paulo. À Sombra Desta Mangueira. 1ª.ed. São Paulo. Editora Olho D’Água, 2001. GOTLIB, Nádia. Teoria do Conto. São Paulo. 11ª ed. Editora Ática, 2006. 42
GUERSON, Milena. Ana Mae Barbosa e Luigi Pareyson – um diálogo em prol de “re-significações” sobre ensino/aprendizagem de artes visuais. rev. Existência e Arte, versão digital. vol.5, 2010. HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre. Editora Artes Médicas, 2000. MELIÀ, Bartomeu. Educação Indígena na Escola. rev. Cadernos Cedes. 49ª ed. Dezembro 1999. Ministério da Cultura. Educadores Brasileiros. Darcy Ribeiro – Um Vulcão de Ideias. Disponível em: http://tvescola.mec.gov.br/tve/video/educadores-brasileiros-darcy-ribeiro-um-vulcao-deideias. Acesso em: abril 2016. MORIN, Edgar. A Cabeça Bem Feita. Trad. Eloá Jacobina. Rio de Janeiro. 8ª ed. Editora Bertrand Brasil, 2003. OSTROWER, Fayga. Acasos e criação artística. Rio de Janeiro. Editora Campus, 1990. PAREYSON, Luigi. Os problemas da estética. 3ª ed. São Paulo. Editora Martins Fontes, 2001. Revista TPM. Casa TPM. Viviane Mosé fala sobre Mulher e Educação. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=U6A6AEEw_sc>. Acesso em: abril 2016. RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. Editora Companhia das Letras. São Paulo, 1995. SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 34. ed. rev. Campinas, Autores Associados, 2001. (Col. Polêmicas do Nosso Tempo; vol. 5). SOUZA, Carla Monteiro de; SILVA, Maria Georgina dos Santos e; SPOTTI, Carmem Véra Nunes. A Força de Contar Histórias:Tradição Oral Indígena e História Oral em Roraima.rev. Tempos Históricos, versão digital, vol. 17, p. 213 - 232, 2º semestre 2013. TARKOVSKI, Andrei. Esculpir o tempo. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1990. TURGUÊNIEV, Ivan. Pais e Filhos. (1818-1883). 2ª ed. São Paulo. Editora Cosac & Naify, 2011. KEHRWALD, Isabel Petry. Sala de Leitura. Processo criativo: para quê? Para quem?.Disponível em: <http://artenaescola.org.br/sala-de-leitura/artigos/artigo.php?id=69372>. Acessado em: maio de 2016. 43