Ramon de Melo
Passeio Público
Atitude, flexibilidade e disponibilidade para os desafios que vão surgindo todos os dias. São estas as características que definem Assunção Loureiro, 34 anos, directora-geral da FOX em Portugal, lisboeta de gema e “fanática” das viagens. Começou na comunicação corporativa e hoje não dispensa as noções de gestão e de negócio num sector onde qualidade da programação e audiências são factores-chave
A viajante da FOX “À vontade não significa à vontadinha…”, diz Assunção Loureiro quando se refere ao ambiente que se vive nas instalações da FOX, em Lisboa. Isto quer dizer que apesar da informalidade, do espírito de equipa e da partilha de informações há uma cultura de responsabilidade e objectivos que todos sabem ser fundamental 20
Dezembro de 2011
para o sucesso da estação em Portugal. Assunção está à vontade nestes dois papéis, que misturam descontracção com responsabilização. É a primeira a defender que todos os seus colaboradores devem ter uma vida para além da FOX, mas também têm de estar em sintonia com “os valores, objectivos e desafios da empresa”.
O mundo FOX bateu à porta de Assunção Loureiro em 2005
O mundo FOX bateu-lhe à porta em 2005, quando um telefonema de Madrid lhe abriu as portas de um novo rumo profissional. Para esta lisboeta de gema – nasceu, viveu e estudou em Lisboa – ficava para trás um percurso ligado à comunicação corporativa. Quando ainda estava a tirar o curso de Comunicação, na Universiwww.briefing.pt
dade Católica, que terminou em 2000, trabalhou na Oficina Criativa, onde fazia textos para comunicação interna. “O dinheiro dava jeito para ter alguns trocos”, recorda. Já depois de ter concluído o curso fez um estágio na Socosmet, empresa que detém a representação de várias marcas na área da cosmética. Ficou por lá alguns meses mas aquele não era o seu sonho. Ela, que desde jovem sempre colocou as viagens e a descoberta de novos povos e países no topo das suas prioridades, queria ter muito mais experiências e “alargar horizontes”. No ano 2000, chegou à Imago onde fez comunicação corporativa para empresas ligadas a diversos sectores de actividade, desde a banca ao cinema.
Passar de trabalhar em casa para uma estrutura de 30 pessoas num open space obrigou Assunção Loureiro a ganhar vários desafios
Já estava desligada da Imago quando surgiu a FOX. A “operação” começou com um computador e foi em casa que trabalhou os primeiros nove meses. Em 2007, foram lançados os primeiros dois canais e a partir daí foi sempre a crescer. A realidade de hoje é a prova desse crescimento: mais de 30 pessoas, três departamentos em perfeita sintonia – marketing, onair e programação -, 10 canais de televisão (FOX e National Geographic), audiências a crescer e muita atenção aos detalhes, como o grafismo, por exemplo. Passar de trabalhar em casa para uma estrutura de 30 pessoas num open space obrigou Assunção Loureiro a ganhar vários desafios. Por exemplo, o da gestão de recursos >>>
Começou a trabalhar para a FOX a partir de casa
Passeio Público
China, 2006
humanos. A grande lição que aprendeu resume-se numa expressão: dar o exemplo. É preciso “estar ao lado e fazer, também”, afirma. Uma estrutura muito flat, um espírito de equipa muito forte e uma política de porta aberta também ajudaram. A própria Assunção sentiu necessidade de reforçar os seus conhecimentos e por isso juntou um curso de gestão avançada à sua formação em Comunicação. Reconhece que, se fosse hoje, talvez tivesse feito um curso de Gestão em vez de Comunicação pois na área onde está “há algumas noções de negócio que convém ter”. As suas responsabilidades na FOX em Portugal, que incluem também os países africanos de expressão oficial portuguesa, principalmente Angola, obrigam-na a viajar com frequência. Isso não é um problema para quem já passou “muitos anos a viajar” (ver caixa). Em termos de estrutura responde ao presidente da FOX, em Amesterdão, e não disfarça o orgulho quando diz que Portugal, com excepção do Reino Unido e da Italia, é o país da Europa que tem a maior oferta de canais da FOX. Reconhece 22
Dezembro de 2011
Tanah Lot, Bali, 2007
Reconhece que a adesão do público foi, desde o início das emissões, muito boa mas também existiu muito investimento ao nível da programação
que a adesão do público foi, desde o início das emissões, muito boa mas também existiu muito investimento ao nível da programação. Por exemplo, em encurtar o espaço de tempo entre a estreia de uma série nos EUA e a sua chegada a Portugal. “Aí tivemos um trabalho importante”, afirma. Fã das séries “Boston Legal”, de
Cuba, 2008
“Modern Family” e de “Family Guy” (imprescindível, afirma…), Assunção Loureiro diz que o seu maior desafio é consolidar a posição da FOX em Portugal. “Estamos a passar da fase start-up em que o mercado era pequeno para a consolidação. Portugal é dos mercados mais pequenos mas dos mais dinâmicos a nível europeu”, afirma.
EXPERIÊNCIAS
“Já são muitos anos a viajar” Há um brilho especial nos olhos de Assunção Loureiro quando recorda o que já viajou pelo mundo. Desde miúda que o dinheiro ganho era todo investido em viagens. A Ásia foi um dos seus destinos mais frequentes. Porquê? O racional é bem simples: fazer as viagens mais duras quando se é novo e há disponibilidade para andar com uma mochila às costas e “deixar os resorts para mais tarde”. De entre as muitas experiências que teve recorda as viagens de comboio na Índia, à noite, com homens e mulheres a viajarem em diferentes carruagens. Da China, onde esteve um pouco antes dos Jogos Olímpicos de 2008, fala, divertida, das dificuldades de relacionamento com um motorista de táxi que só falava mandarim. Nas suas actuais funções já foi, com a National Geographic, a Moçambique e à África do Sul. “Já são muitos anos a viajar”, conclui.
www.briefing.pt