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Entrevista
Jorge Fiel Jornalista
“O tempo da Justiça é cada vez mais disfuncional em relação ao ritmo da vida. Esse problema pode pôr em causa a legitimidade da Justiça e a sua própria eficácia, porque se cai em tentação da Justiça pré-judicial, no sentido de consolidar percepções sobre acusações ou absolvições, antes da própria Justiça, através dos seus rituais e procedimentos, poder tomar uma decisão” afirma António Vitorino, 53 anos, um dos 15 sócios de capital da Cuatrecasas, Gonçalves Pereira & Associados, uma sociedade que conta com cerca de 700 advogados na Península Ibérica
António Vitorino, sócio da Cuatrecasas, Gonçalves Pereira & Associados
Via Visuals / Pedro Sá da Bandeira
Justiça tem de ser mais rápida e próxima
Advocatus | Esteve na administração de Macau, foi ministro, comissário europeu, agora é advogado num grande escritório. Qual destas foi a melhor vida que teve? António Vitorino | São tão diferentes. É muito difícil fazer uma hierarquia de preferências. Já agora quero sublinhar que sou professor na Universidade - e gosto muito de ser professor. Acho que é muito recompensador porque permite o contacto com as 32
Abril de 2010
novas gerações, com outras culturas e problemas.. Advocatus | Mas qual foi a coisa mais desafiante que fez até agora? AV | Do ponto de vista político, foi ser comissário europeu, porque eu fui o primeiro comissário da Justiça e dos Assuntos Internos. Como não havia esse pelouro na Comissão Europeia antes de mim, tive o privilégio de escrever num livro em branco, o que
nos tempos que correm é muito raro na actividade pública. E em segundo lugar, foi-me dado a viver um período muito especial da vida internacional. Durante o meu mandato ocorreram os atentados terroristas de Nova Iorque e de Washington do 11 de Setembro de 2001, uma matéria que estava, exactamente, no coração das minhas actividades e que permitiu dar um impulso muito significativo ao desenvolvimento da cooperação policial O novo agregador da advocacia