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Profissão
Ana Duarte
Ter sucesso no mundo da advocacia é um repto cada vez mais difícil de cumprir, numa profissão em que a competitividade aumenta em relação inversa às oportunidades e ao número de vagas. Com o intuito de auxiliar os estudantes na construção do futuro, António Silva criou o UDireito
Advogar o futuro
“Advoga o teu futuro” - é este o conselho dado pela plataforma UDireito para obter sucesso no mundo do Direito. O projeto – uma página de internet que agrega informação relevante para os estudantes e interessados na área jurídica – surgiu há cerca de dois anos, como forma de colmatar uma lacuna: é que, até esse momento, não existia em Portugal um site exclusivamente dedicado aos estudantes de Direito. “Impunha36
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-se deste modo criar uma plataforma para o estudante de Direito, de fácil acesso, com conteúdos atualizados dando resposta às necessidades atuais”, explica o mentor do projeto, António Silva, ele próprio estudante de Direito. Atualmente, com a ajuda de três editores e de alguns colaboradores esporádicos, dinamiza a página do UDireito na internet e nas redes sociais. O grosso do trabalho consiste em pesquisar e
analisar informações que possam ser pertinentes para os seguidores da página, e, posteriormente, divulgá-las. Para António Silva, esta página representa “um ativo valioso na inclusão de conteúdos formativos da atualidade jurídica, no panorama do ensino do Direito”. Os alunos podem encontrar informações sobre divulgação de eventos e formações, notícias sobre o ensino superior, além de que funciona ainda como plata-
forma de e-learning. Tendo como missão tornar-se uma mais-valia para quem aceda à página, os dinamizadores do UDireito apostam numa forte relação com a comunidade académica de Direito, núcleos de estudantes e com a ELSA (European Law Students Association). No entanto, uma das principais preocupações desta iniciativa é perceber quais as necessidades dos estudantes e tentar colmatá-las com informação pertinente. O agregador da advocacia
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Atento às novas tecnologias, o projeto já se encontra presente nas redes sociais, nomeadamente no Facebook, Twitter e Google+, e está prevista a criação de um perfil no LinkedIn. As redes sociais têm, aliás, sido as grandes impulsionadoras da iniciativa, na medida em que possibilitam um contacto mais direto e imediato com os seguidores. Principalmente através do Facebook, o UDireito tem conseguido interagir com os internautas, promovendo concursos e desafios que ajudam a tornar esta rede social uma ferramenta importante para o crescimento do projeto. Mas o objetivo do UDireito não consiste somente em informar: propõe-se também estimular “a partilha de opiniões, contribuir para a discussão construtiva de conhecimentos e envolver a comunidade, no estímulo de trabalhar na área jurídica”, sustenta o mentor do projeto. A estratégia consistiu em traçar um perfil transversal pretendendo ajudar os estudantes de Direito nos “primeiros passos” – quando ingressam na universidade – mas também em formações adicionais como pós-graduações e mestrados, no ingresso na Ordem dos Advogados, além de outras áreas jurídicas do universo em que desenvolvem atividade. A adesão ao projeto tem sido grande e, de acordo com António Silva, é isso que os tem levado a “prosseguir com mais segurança”. Uma adesão que não se limita aos estudantes de Direito, tendo já alastrado à própria comunidade académica. Cada vez mais as universidades têm interesse em divulgar informações no UDireito. Além disso, diversos agentes da área jurídica têm mostrado vontade em estabelecer contactos, parcerias e até mesmo publicidade de conteúdos, procurando reforçar a sua posição junto deste projeto. Tendo em conta os bons resultados e ambicionando crescer ainda mais, os dinamizadores da iniciativa estão a proceder O agregador da advocacia
A grande ambição é “crescer enquanto referência”, tornando o projeto reconhecido como uma mais-valia para o percurso dos estudantes de Direito
ao registo da patente da marca UDireito no Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Com o intuito de salvaguardar os direitos da marca e consolidá-la. Ao fazer um balanço, António Silva não poderia estar mais satisfeito. Os resultados representam o “culminar de um esforço real”, refere. Mas a sua grande ambição é “crescer enquanto referência”, tornando o projeto reconhecido como uma mais-valia para o percurso dos estudantes de Direito. De acordo com a máxima do UDireito – “advoga o teu futuro” – o que pretendem é que os estudantes aprendam a adaptar-se, defender-se e a criar oportunidades. E, em simultâneo, incentivá-los a fundamentar a formação em bases sólidas com o intuito de melhorar o futuro profissional.
“Impunha-se deste modo criar uma plataforma para o estudante de Direito, de fácil acesso, com conteúdos atualizados dando resposta às necessidades atuais”
advocacia
O que preocupa os estudantes Com a criação desta plataforma, e sendo ele próprio um estudante de Direito, António Silva conhece em profundidade as questões que mais preocupam os alunos. Não tem dúvida de que o principal problema hoje em dia é conseguir entrar no mercado de trabalho. Inquietação acentuada por a maioria dos licenciados em Direito pretender seguir advocacia, apesar de, ao longo do curso, haver estudantes que aumentam o leque de opções. Isto resulta principalmente de experiências em estágios de verão e de Julgados de Paz que permitem alargar horizontes e identificar outros caminhos no âmbito do Direito. Cada vez mais, os alunos optam por alternativas, como ingressar no Centro de Estudos Judiciários, na Polícia Judiciária ou no Notariado. Quanto ao ensino do Direito em Portugal, crê que atingiu um bom nível e prova disso – diz - são as “posições de distinção” que as faculdades portuguesas conseguiram conquistar em rankings internacionais.
Faz, no entanto, um reparo: na sua perspetiva, as faculdades deveriam estar mais próximas do mercado de trabalho. E é nesse sentido que destaca a iniciativa de algumas universidades de promover feiras de emprego (jobshop). O fundador do UDireito aponta ainda o exame à Ordem dos Advogados como outro dos obstáculos ao ingresso na profissão, principalmente por poder representar um atentado à liberdade de acesso à profissão. Mas, as preocupações não ficam por aqui: os estágios não remunerados, a impossibilidade de concorrer ao apoio judiciário e a falta de participação efetiva em julgamentos também preocupam os alunos. É por isso que, num mercado cada vez mais exigente como o da advocacia, o UDireito se propõe alertar os estudantes para a necessidade de planearem o futuro e enriquecerem a formação.
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