Jornal Briefing, 93

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DIRETORA: FÁTIMA DE SOUSA . MENSAL . ANO VI . Nº93 . MAIO . 2017 . 8 EUROS

green is the new black?

“SOMOS UMA FORÇA DE TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE” Entrevista a Mónica Balsemão, diretora de Marketing, Comunicação e Criatividade da Impresa

SHOW OFF, UMA PRODUTORA RESISTENTE


edp.pt

A D N O A T B L U A O SA T A R R A E D V AA M VE ORIT FAV VEM DESCOBRIR QUAL A BANDA QUE VAI DAR O SALTO PARA O PALCO COM A EDP A final do EDP Live Bands está marcada. As bandas vão dar tudo para saltar da garagem para o palco do NOS Alive e do Mad Cool Festival em Madrid, e ainda gravar um álbum. Tudo isto vai acontecer mesmo à tua frente no dia 19 de maio, às 20h30, na Fábrica L da LX Factory. Sabe mais em edp.pt Media Partners:

EDP, a energia oficial da música.

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Margarida Condado

TEMA DE CAPA

Newsengage - Media, Conteúdos e Comunidades, S.A. Edifício Lisboa Oriente Av. Infante D. Henrique, 333 H | 37 1800-282 Lisboa T. 218 504 060 | F. 210 435 935

NIPC 506871711 administrador único João Paixão

Detentor do capital social Mood Marketing - SGPS, S.A. (100%)

DiretorA-geral Sandra Silva T. 967 088 124 sandrasilva@newsengage.pt

DiretorA Fátima de Sousa fs@briefing.pt

Mónica Balsemão, diretora de Marketing, Comunicação e Criatividade da Impresa As comemorações dos 25 anos da SIC são a maior operação de sempre daquele que foi o primeiro canal privado de televisão em Portugal. Proximidade e emoção são os vetores de um programa que se estende por 25 semanas e por todo o país.

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Equipa editorial Ângela dos Vais av@briefing.pt

A MAIS LIDA ONLINE

João Pereira T. 960 427 959 joaopereira@newsengage.pt

Estatuto Editorial disponível em www.briefing.pt

Foi há 17 anos que Alexandre Montenegro foi desafiado para se juntar a um novo projeto, a Show Off. Da produtora, diz que a longevidade se deve a uma boa gestão de orçamentos e escolha de talentos, mas também à seriedade na relação com os parceiros.

MARKETING

A ESTRATÉGIA VERDE Quatro marcas – IKEA, Toyota, Tetra Pak e Nespresso – mostram o que as faz investir na sustentabilidade. Uma atitude que, reconhecem, os consumidores exigem. Testemunhos complementados com a opinião de Carolina Afonso, autora de “Green target”.

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Captar produções publicitárias para Portugal. Esta a oportunidade de negócio que a Krypton agarrou. Telma Alfredo explica porquê.

JOÃO FLORES

Preço: 85€ (12 edições) assinaturas@briefing.pt

TYPIA - Grupo Monterreina Área Empresarial Andalucia 28320 Pinto Madrid - España

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CRIATIVOS NO MUNDO

Distribuição por assinatura

Impressão

O Alexandre e a Show Off

KRYPTON INTERNATIONAL

gestor comercial

Tiragem média mensal: 2.500 ex. Depósito legal: 21725 N.º registo ERC: 113427

PRODUÇÃO

ESTRATÉGIA

Mafalda Carvalho me@briefing.pt Sofia Dutra sd@briefing.pt

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Podia ter sido arquiteta, mas é marketeer. E, na LOréal, a marca cujo marketing lidera em Portugal, encontra um cocktail fresco de ideias, garra, paixão e savoir-faire.

Quanto vale a sua casa? Pergunte à Remax A Remax, marca do sector imobiliário, propõe-se ajudar os portugueses a descobrir o valor real do seu imóvel e para isso criou uma plataforma online, intitulada precisamente “quantovaleasuacasa.pt”. E apresentou-a com uma campanha produzida pela Briskman, com criatividade da FCB.

A ambição deste criativo português a dar cartas no Dubai é chegar à Lua. Ainda está a construir o rocket, mas sabe que, para já, Portugal está fora do radar.

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O ESCRITÓRIO DE

HUGO PINTO E DIOGO PINHEIRO São fundadores e managing partners da Legendary, agência do Porto cujas portas abrem para dar a conhecer como trabalham no “caos organizado”.

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opinião

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A importância do social media para os negócios As empresas, para tirarem partido do potencial de social media, não o podem fazer de forma esporádica e casuística. Deverão antes definir, implementar e avaliar uma estratégia de social media. Para isso, terão de ter em conta duas vertentes: o consumidor na sua jornada de decisão e as características e especificidades das diferentes plataformas de social media.

O conceito de social media é bem mais do que apenas redes sociais. Social media é um conceito mais abrangente e engloba o conjunto de aplicações baseadas na internet que utilizam as tecnologias da Web 2.0 para serem plataformas interativas permitindo a comunidades e utilizadores criar, partilhar, discutir e modificar conteúdo. Estes conteúdos podem ser tão diversos como opiniões, comentários, dúvidas, preferências, criações artísticas, criações científicas ou criações profissionais próprias, e são disponibilizados através de várias plataformas: fóruns, redes sociais, blogues, etc. Ou seja, quando falamos de social media estamos a falar de redes sociais como o Facebook, Instagram, LinkedIn mas também de outras plataformas como o Blogger, o Spotify ou o WhatsApp. O que distingue as diversas plataformas desenvolvidas neste contexto é o seu foco, umas mais focadas na colaboração, outras na partilha, outras na discussão. O surgimento de um cada vez maior número de aplicações e o desenvolvimento da tecnologia mobile, nomeadamente a cada vez maior utilização de smartphones para acesso à internet, propicia um

grande acréscimo de ligações e interações entre os utilizadores. De facto, o acesso de adultos (16- 64 anos) à internet passou de 51% em 2011, para 75% em 2015, sendo o grupo dos 16 aos 24 anos, o que está mais tempo por dia online através de mobile (3,26 h) comparativamente com o grupo de 55-64 anos (0,58h) (GlobalWebIndex 2015). E, em Portugal, de acordo com o mesmo estudo, 97% dos utilizadores de internet tem pelo menos uma conta numa rede social e gasta em média 1,9h por dia em redes sociais. As empresas perceberam a importância da utilização de social media para a consecução dos seus objetivos de gestão, pois de uma forma, fácil, rápida e barata, conseguem, nomeadamente, aumentar a notoriedade, a lealdade e as vendas, e reduzir as despesas de marketing. No “2016 Social Media Marketing Industry Report” da Social Media Examiner, 90% dos marketers usam Social Media Marketing sendo que mais de metade dos marketers (55%) escolhe o Facebook como a plataforma mais importante, Seguida do LinkedIn (18%), Twitter (12%), e depois o YouTube (4%). Os três principais benefícios são o aumento da visibilidade, o aumento do tráfego e o

desenvolvimentgo de fãs leais para a marca. É ainda indicado que mais de 50% dos marketers que gastam 11h ou mais por semana em social media aumentaram as vendas e reduziram as despesas em marketing, e também mais de 50% dos marketers que usam social media há mais de dois anos aumentaram as vendas. Estes resultados positivos para as empresas são fruto do uso de social media de forma continuada. De facto, as empresas, para tirarem partido do potencial de social media, não o podem fazer de forma esporádica e casuística. Deverão antes definir, implementar e avaliar uma estratégia de social media. Para isso, terão de ter em conta duas vertentes: o consumidor na sua jornada de decisão e as características e especificidades das diferentes plataformas de social media. Em relação ao consumidor, é necessário identificar os objectivos a alcançar em termos de social media ao longo da jornada de decisão para depois se escolher as plataformas de social media mais adequadas, tendo em conta os seus aspectos diferenciadores. Os social media têm vindo também a originar novos modelos económicos, os denominados social business,

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Helena Martins Gonçalves

Coordenadora científica da PG em Marketing Digital, ISEG

em que se criam novas conexões para que a empresa e o cliente, e também os colaboradores e os acionistas, retirem daí benefícios. Exemplos destes negócios cada vez mais conectados, adaptativos e inteligentes são a Uber, AirBnB, etc. Dada a relevância desta temática para as empresas e para o desenvolvimento de novos negócios, saber quais as especificidades destas plataformas, saber potenciá-las para gerar retorno para o negócio criando também valor para o cliente são alguns dos temas abordados no curso de social media management do ISEG, cuja 3.ª edição arranca em julho.



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Margarida Condado

O gosto por números, imagens, cheiros, palavras, sensações e pessoas levou a que Margarida Condado, diretora de Marketing da L’Oréal Paris Portugal, escolhesse o Marketing. É que acredita não haver outra profissão que junte isto “tão bem”. Como amante de yoga que é, gostaria de incluir a Índia no passaporte e por lá passar uma temporada. O filme Tenho vários filmes “preferidos”, mas há dois que me marcaram por razões diferentes. “A Missão”, de Roland Joffé, com Robert De Niro e Jeremy Irons, pela história que retrata um lado mais humano da evangelização e que, por outro lado, mostra que a mesma fé pode levar a comportamentos distintos (embora todos sejam de certa forma compreensíveis). O outro filme é “Moonstruck”, com a Cher e o Nicolas Cage: uma história romântica com um toque de humor que se passa num bairro italiano de Nova Iorque dos anos 80. Adoro os diálogos, o lado

genuíno e puro das personagens, as paisagens da Big Apple no seu auge e a banda sonora intemporal. O livro “Blink: The Power of Thinking Without Thinking”, do Malcolm Gladwell. Há decisões que tomamos com a sensação de que aconteceram de forma intuitiva e sem racionalizar. O livro explora a capacidade de ter sucesso seguindo os instintos por oposição a escolhas erradas mesmo depois de enormes análises. “Blink” baseia-se em descobertas neurológicas e psicológicas e a escrita é brilhante. - 6 Briefing 2017 -

Uma cidade inesquecível Angkor, no meio da floresta do Camboja – antiga capital, onde o império Khmer construiu aquilo que hoje é considerado Património da Humanidade pela Unesco. Angkor Wat é um conjunto de templos situados a norte da cidade de Siem Reap, de uma beleza e imponência supremos, construídos há mais de mil anos e que disputam a terra com as raízes das árvores numa mistura improvável, mas de cortar a respiração. Subir dezenas de degraus e ver o pôr do sol no topo de um dos templos ficará certamente numa das mais profundas sensações que já experienciei em viagens.


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O carimbo que falta no passaporte Faltam tantos! Mas gostava que a Índia fosse carimbada brevemente. Deve ser uma viagem difícil, mas rica e tenho o plano de passar uma temporada, não só para conhecer o país mas também para me desafiar a ter uma experiência intensiva de prática de ioga. Namíbia também está na “wish list”, as paisagens são incríveis e deve ser um dos poucos países em África onde podemos conduzir sem correr riscos.

O local favorito em Portugal A praia do Guincho. Não consigo deixar de me impressionar pela sua beleza. O mar é quase sempre gelado, mas não há mergulho mais revigorante, e as bolas de Berlim são as melhores do mundo. Para ser mais que perfeito, basta terminar o dia de praia no restaurante Mar do Inferno e deliciar-me com petiscos ou um peixe ao sal como só em Portugal conseguimos comer. Os hobbies Yoga é importante para o meu equilíbrio físico, mental e emocional. Ler (embora muito menos do que o que gostaria), conhecer novos restaurantes com a família e os amigos, ver exposições e ajudar os filhos nos TPC (um hobby forçado)! Além destes, é frequente sentir uma enorme necessidade de Natureza e, por isso, se não puder fazer uma escapada de fim de semana, vou até ao jardim da Gulbenkian “respirar”. O desporto Além da prática de yoga que não é considerada “desporto”, vou com pouca

regularidade ao ginásio, gosto de corrida com uma boa companhia e adoro ski na neve, porque é o melhor detox para a cabeça. Para queimar calorias adoro dançar ao som dos hits dos anos 90. O ídolo Não tenho ídolos, mas neste momento o Papa Francisco é uma enorme referência para mim. Acho que a sua atuação tem tido um impacto tão importante dentro como fora da Igreja Católica e isso demonstra as suas qualidades humanas. A sua generosidade, frugalismo, compreensão e demonstração de amor por todas as pessoas lançam sementes de esperança e de cooperação entre os homens. O objeto que não pode faltar no dia a dia Um mini bloco de papel e uma caneta porque o meu cérebro não para e, por vezes, prefiro não estar colada ao telemóvel. Além disso, uns ténis Onitsuka Tiger: mesmo que não estejam calçados tenho de os ter por perto para os poder usar a qualquer momento (se não estão calçados, estão no carro!). Se a sua vida tivesse uma música, seria… A “Song for Guy”, do Elton John. É tranquila, mas rica e parece que conta uma história. Adapta-se a diferentes estados de espírito, com companhia ou sozinha quando preciso de me concentrar. É uma música que parece simples, mas sinto-a como profunda e intemporal. A frase que inspira “Just Do It” é um dos meus lemas de vida pessoal e profissional. Sou uma pessoa muito virada para a ação e para o desafio. Acho que esta frase me impulsiona a “correr” e a aproveitar mais a vida todos os dias. Prefiro arrepender-me de coisas que fiz, mas ter a certeza que pelo menos experimentei. Tornei-me marketeer porque… Gosto muito de números, imagens, - 7 Briefing 2017 2016 -

cheiros, palavras, sensações e pessoas. Não conheço outra profissão que junte tudo isto tão bem. Se não fosse marketeer seria… Arquiteta, porque também envolve arte, números e é feito para que as pessoas se sintam confortáveis, tem utilidade. Marca que a acompanha desde sempre Podem ser duas? Queijadas de Sintra, da Casa do Preto, e Elnett, que conheci logo em pequena pela estreita relação que tinha com a minha avó e que continua hoje sempre presente como consumidora e como profissional. Elnett é a marca aliada não só para salvar um “bad hair day” como em ocasiões tão especiais como o dia do meu casamento. Uma curiosidade sobre Elnett: é também a marca preferida de muitos pintores porque ajuda a fixar tinta de óleo sobre a tela e dá um brilho especial aos quadros! A L’Oréal é… A marca mais universal de beleza e a empresa onde tudo pode acontecer! L’Oréal é um cocktail fresco e efervescente de ideias, garra, paixão e savoir-faire. Campanha que gostaria de ter assinado Tenho muito orgulho em muitas das campanhas que já desenvolvi. Mas, lembro-me de duas que gostaria de ter assinado: a do Dia da Mãe da American Greetings, #worldstoughestjob, porque é surpreendente e mais do que explicar vale a pena ver! É muito emocional, mas igualmente eficaz dada a ligação ao produto. A outra é uma campanha de sensibilização que desafiou influencers a “voltar à escola” e, através de realidade virtual, experienciarem uma situação de bullying. Gosto da ideia de usar a realidade virtual para nos colocarmos nos sapatos dos outros e é um gerador automático e muito poderoso de engagement. É também um bom exemplo de eficácia com baixo investimento. Uma campanha de marketing eficaz é… Aquela que consegue ao mesmo tempo gerar quatro coisas: uma aproximação entre o posicionamento da marca e a forma como é percecionada pelo consumidor, vendas, vontade de falar sobre a marca (buzz) e emoção no coração das pessoas.


© Gonçalo Borges Dias

ENTREVISTA

Uma produtora sem Show Off Gerir bem orçamentos, escolher bem os talentos de cada item e seriedade nas relações com os fornecedores são características que o produtor executivo da Show Off, Alexandre Montenegro, destaca para o sucesso de uma campanha. Aos 17 anos, a publicidade é o core business da produtora e o cinema uma ambição. Para 2017, renovar e trazer novos talentos são objetivos. Briefing | Como surge a Show Off? Alexandre Montenegro | A Nova Imagem tinha um realizador chamado Norberto Nunes, um nome incontornável da publicidade portuguesa, que foi uma mistura de pai e mestre para mim. O Norberto e a Lucília, que era a gestora, convidaram-me a abrir um projeto novo. Era final de século e havia o ano 2000, tudo estava a mudar e eles queriam fazer uma produtora

mais pequena, mais de acordo com o que seria a realidade do mercado. Então resolveram fechar a Nova Imagem enquanto produtora e me convidaram para sócio deste projeto que se chamava Show Off. Briefing | Como tem crescido a produtora nestes últimos 17 anos? AM | Nem sempre crescer é bom, é um mercado pequeno, não existem produtoras muito grandes que - 8 Briefing 2017 -

sobrevivem muito tempo. Só o facto de ter 17 anos, de existir e ter um bom nome no mercado já é um mérito. Essa resistência é o nosso troféu. Briefing | Como pretendem ir além-fronteiras? AM | Nós temos ainda uma presença forte em Angola, chegámos a ter um pé na Polónia e, recentemente, fomos contactados pelo Dubai. É um desafio…


BRIEFING Briefing | Qual considera ter sido a campanha mais importante para o crescimento da produtora? AM | Como realizador, tenho um filme que fiz para a Danone que é um divisor de águas, mas eu era freelancer ainda. Senti que, antes daquele filme, me olhavam, me tratavam de uma maneira e depois daquele filme passaram a me olhar e a me tratar de outra maneira. Na Show Off não tenho nenhuma campanha que a gente possa considerar que foi a divisora de águas. Briefing | E que campanha o faz roer-se de inveja? AM | Eu não tenho muito “essa cena” do que eu gostaria de ter feito, mas lembro-me de um filme pelo simbolismo pessoal. Trata-se de um filme da Nike onde as seleções de futebol brasileira e portuguesa se encontram numa hipotética final do mundial. Briefing | Qual a importância do sucesso de cada campanha? AM | Já foi maior. Eu sou do tempo em que, quando você fazia uma campanha de sucesso, você ganhava o cliente ou a agência durante um bom tempo. É melhor saber que a campanha que você fez foi um sucesso do que não, mas não há mais essa fidelidade. Acho que é dos tempos que nós vivemos, é tudo mais imediato.

Mafalda Carvalho, www.briefing.pt mc@briefing.pt

Briefing | Há vantagens em trabalhar muitas vezes com as mesmas agências? AM | Há vantagens e há desvantagens. Vantagens é que você muitas vezes conhece o nível da agência, sabe o que é importante e que não é importante tem à-vontade de colocar as questões mesmo que sejam estúpidas. As desvantagens é que realmente a relação desgasta, porque é um trabalho muito duro ou pelo acesso do informal. E, com um mau entendimento por falta de conhecimento, as coisas podem não correr bem. Briefing | Como se tem distinguido a Show Off das restantes produtoras no mercado nacional? AM | Acho que existem dois tipos de produtoras no mercado, as sérias e as que ainda têm de provar que são sérias. Nós, felizmente, fazemos parte das sérias. Acho que o que nos distingue das outras é o talento individual de cada um, o olhar específico. A nossa experiência, muitas vezes, joga a nosso favor. Isso e as pessoas saberem que existe uma empresa séria, com uma produção séria, que nós vamos usar o dinheiro certo no orçamento certo, que ninguém vai ficar estourando o dinheiro do filme do cliente em bobagem. Acho que é o nosso posicionamento.

Briefing | Qual o papel da Show off para esse sucesso? AM | Gerir bem o orçamento, escolher bem os talentos que vão ser colocados em cada item, é sermos sérios na relação que temos com os nossos fornecedores para que eles não tenham chatices com coisas que não lhes dizem respeito, como atores que não recebem. Briefing | Qual a importância da articulação com as agências criativas? AM | Total. O nosso trabalho depende do deles. Se não correr bem a nossa articulação com eles, o resultado não vai correr bem. Se não tiver uma cumplicidade, não vai correr bem. Não existe bom trabalho sem que todos estejam remando para a mesma direção. - 9 Briefing 2017 -

“É um momento em que a produtora está em paz consigo mesma, temos as nossas contas equilibradas, temos clientes muito fieis, estamos a ser requisitados por clientes que já não trabalhavam connosco há muito tempo”

Briefing | Falou que há produtoras que ainda têm que provar que são sérias. Tem a ver com o tempo em que estão no mercado? AM | Tem a ver com o tempo que estão no mercado e com a postura que adotam. Tantas produtoras já desapareceram assim porquê? Porque tentaram fazer o impossível, que é ir trabalhando abaixo da linha de água. E quem vai pagar as faturas são sempre os mesmos.


BRIEFING ENTREVISTA Briefing | Quais os principais desafios da produtora? AM | Aprender a trabalhar, a se adequar às novas realidades orçamentais. Esse é o principal desafio da produtora; o desafio número dois é estar atento a novos talentos para trazerem novos olhares, se renovar. Acho que está na hora de a gente abrir mercados novos e isso só com gente nova.

Briefing | Como é ser criativo para clientes do dia a dia das pessoas, como o Continente, onde há campanhas praticamente todos os meses? AM | Eu, durante muito tempo, dizia que o nosso cliente mais exigente era o Continente porque eles têm muitos paradigmas, muitos clientes internos, muitos decisores internos e você tem de agradar a muita gente diferente, com gostos muito diferentes. Por

Sonhava ser ator e acabou como produtor Alexandre Montenegro está em Portugal há 27 anos, mas começou a trabalhar em televisão aos 13, no Brasil. “Eu tive a sorte de começar a trabalhar em televisão muito cedo, o que me possibilitou ter um leque muito alargado de curiosidades”. E, se tal não tivesse acontecido, se calhar hoje não seria produtor executivo da Show Off, pois, na altura, o sonho era ser ator. Para um “miúdo de 13 anos”, as oportunidades passavam por aparecer em anúncios ou trabalhar em programas infantis. E foi aí que Alexandre teve a sua oportunidade. Trabalhou num programa de televisão realizado por Fernando Meireles,

realizador de Cidade de Deus e a sua inspiração depois de descobrir que “não tinha jeito nenhum para ser ator”. Por causa do programa de bonecos manipulados foi convidado, juntamente com um amigo, a trabalhar para a RTP, em Portugal. Ao chegarem, o programa tinha sido adiado e a produtora que os contratou disse: “Das duas uma, ou vocês voltam para o Brasil ou podem ficar cá ajudando na produção”. “O meu primeiro trabalho foi como assistente de assistente de assistente de assistente de produção. Depois tive uma carreira mais ou menos meteórica nessa produtora e um ano depois estava realizando.” - 10 Briefing 2017 -

“O reflexo do trabalho da produtora é o bom nome que ela tem no mercado, a credibilidade que ela tem junto tanto dos fornecedores como dos clientes”

exemplo, a Popota é um processo que leva mais ou menos um ano e a pressão é constante. É um cliente que, por trabalhar muito, sabe muito o que quer. Briefing | O facto de eles terem os objetivos muito definidos é uma dificuldade para a produção? AM | Não, eu acho que ajuda. Acho que, quanto mais as pessoas sabem o que querem, mais fácil é. A pior coisa que você tem é cliente indeciso. Briefing | Onde se inspira? AM | A inspiração vem de tudo, mas posso dizer que sou viciado em Netflix. Não consigo ficar mais que dois dias longe de umas boas horas de Netflix e isso tem sido uma grande inspiração.


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Já fui viciado em assistir publicidade. Com a chegada da internet é tão fácil você assistir anúncios de publicidade, então esse interesse desapareceu um pouco. As minhas verdadeiras fontes de inspiração são cinema, séries e banda desenhada. Briefing | A Show Off tem 70 prémios. São o reflexo do trabalho da produtora? AM | Os prémios são um brinde no final do dia, um sorriso a mais, mas a gente não trabalha para prémio. Serve mesmo só para um reconhecimento, o importante mesmo é você receber os parabéns dos clientes. Adoro andar de cabeça erguida na rua, esse é o verdadeiro prémio.

Uma produtora portuguesa, uma agência brasileira e um cliente polaco. O desafio foi fazer uma campanha de lançamento para a Biedronka, na Polónia, com mais de 18 filmes grandes, complicados e completamente diferentes da linguagem a que os polacos estavam acostumados. Apesar da diferença cultural e da “confusão”, a experiência resultou e “foi fantástica”

Briefing | Que marca gostaria de acrescentar ao portefólio? AM | Nunca filmei Azeite Gallo. Todo dia eu penso ‘tenho que falar com alguém de respeito que eu nunca filmei Azeite Gallo’. Eu acho que é uma marca que resume muito do que é ser português e sinto que faz falta filmar o Azeite Gallo. Briefing | Em que assenta a estratégia da Show Off? AM | Nós estamos à procura de nos reposicionar no mercado, sem abrir mão do passado que temos enquanto empresa sólida e séria. Ou seja, queremos trazer novos realizadores, mais jovens, com uma linguagem mais cool, mais dinâmica, mas sem abrir mão do passado. Briefing | De que forma tem a produtora abraçado o digital? AM | O digital é uma incógnita. Para já a gente tem feito campanhas digitais com a mesma qualidade, com mesmo empenho que faríamos para televisão, ou seja, só mudou o meio. Toda a gente diz que o futuro são os conteúdos, mas acho que ninguém sabe o caminho. E as próprias marcas não sabem, tem muita marca que recua. Briefing | Quais as metas para 2017? AM | Pelo menos manter a faturação dos últimos anos e renovar, trazer talento novo para a produtora, tanto na produção como na realização. Porque o resultado dos filmes vem dessa renovação.

Uma vida de Show Off, que esteve perto de terminar… Ainda que este seja “provavelmente o momento de maior paz”, em 17 anos a Show Off teve “muitos altos e baixos”. A produtora foi afetada pela crise, tanto em Portugal como em Angola, país em que, até ao ano passado, era a “produtora portuguesa que lá mais filmava” – 70 filmes em três anos. “A nossa crise, a seguir a Angola, foi um golpe duro, eu ponderei fechar a produtora duas ou três vezes”, admite Alexandre Montenegro. Mas o compromisso com a equipa, que o - 11 Briefing 2017 -

acompanha há 17 anos e até desde a época em que era freelancer, falou mais alto e evitou o desfecho. Sem gestor, Alexandre diz não ter a certeza de como a Show Off conseguiu ultrapassar as dificuldades, mas acredita que terá sido uma mistura de fé, do esforço interno e do apoio externo. Por isso, afirma ter “uma dívida moral com muita gente” que confiou e que, por exemplo, aceitou receber um pouco mais tarde do que era comum.


BRIEFING opinião

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Esta baleia é, afinal, o elefante na sala Perdidos entre aplicações e sites de redes sociais, não é só a memória que se dissipa à medida que cresce o rasto digital, como se perde a verdadeira noção do que pode estar a acontecer na vida dos nossos filhos. E nós somos o elefante na loja de cristais, sem saber o que fazer ou como fomos lá parar. A questão nunca foi a baleia ou facto de ser azul. O problema, como sempre, não é o instrumento, mas o que fazemos com ele. Não culpem o mensageiro, culpem-se por não entenderem a mensagem. O generation gap sempre existiu. O que seria a relação entre pais e filhos sem esta diferença que os separa? Contudo, se, por um lado, esta diferença se esvaneceu porque os estilos de vida se mantêm mais jovens até mais tarde, agudizou-se por uma incapacidade natural em acompanhar os sinais dos tempos e o que estes têm para oferecer. Fomos nós que ensinámos muitas coisas aos nossos pais, é verdade. Hoje também nos ensinam, embora precocemente. Também nós brincávamos com o desconhecimento dos nossos pais em relação a certos pormenores ou tendências “modernas”. Tal agora não acontece (ou acontece menos) porque, simplesmente, nos expulsam das suas esferas públicas altamente personalizadas, impossíveis de acompanhar por um adulto “normal”. Baleias sempre existiram. O seu impacto era, talvez, diferente. Falávamos de coisas diferentes, usando dialectos diferentes.

“O problema não é a internet, mas o que fazemos online. Se, sobre este tema, eles souberem mais do que nós, jamais irão querer ouvir longas prelecções sobre os perigos da net. Mas se formos nós a ajudá-los a configurar as definições de privacidade do Facebook ou dermos uma mãozinha para criarem o seu canal de YouTube, mais facilmente nos faremos ouvir”

Sentávamo-nos à mesa a conversar e a partilha, mesmo querendo esconder, era maior. Éramos sempre gato escondido com o rabo de fora, com conversas secretas ao telefone fechados, por exemplo, no roupeiro. Tanta privacidade... Onde

nos refugiávamos quando não queríamos falar? Nesse acessório altamente inviolável chamado diário secreto, com uma chave que qualquer garfo de cozinha conseguia abrir. Perdidos entre aplicações e sites de redes sociais, não é só a memória que se dissipa à medida que cresce o rasto digital, como se perde a verdadeira noção do que pode estar a acontecer na vida dos nossos filhos. Proibir não é solução e tentar entender o seu discurso dificilmente resulta. Os pais que se preocupam devem estar informados e informar, sem a pressão colocada nas palavras ou nos actos que transformam a internet numa entidade demoníaca. Novamente, o problema não é a internet, mas o que fazemos online. Se, sobre este tema, eles souberem mais do que nós, jamais irão querer ouvir longas prelecções sobre os perigos da net. Mas se formos nós a ajudá-los a configurar as definições de privacidade do Facebook ou dermos uma mãozinha para criarem o seu canal de YouTube, mais facilmente nos faremos ouvir. Os tempos mudaram e não adianta proibir como nos proibiram, ameaçar ou perseguir, porque já não há medo. Há, pelo contrário, o desafio de o enfrentar a todo o custo. Mais do que

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Paula Cordeiro Investigadora

alertar, temos nós, pais responsáveis, de saber que existe uma baleia antes de esta dar à costa e conhecer bem as características dos principais tubarões do oceano em que navegamos. Ser jovem nunca foi fácil. Talvez agora seja um pouco mais difícil. Se antes admirávamos os artistas nos posters da revista Bravo, hoje são centenas de figuras públicas e esculturais que exibem um estilo de vida que só conhecíamos dos filmes e pouco mais. O nosso contexto ia até ao fim da rua e o horizonte estava mais próximo. Essa é a grande diferença entre o antes e o agora, que está à distância de um clique e pode matar.


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Marketing

Overde vende? Até que ponto a sustentabilidade é uma atitude inerente ao desenvolvimento das marcas e dos negócios? E até que ponto é uma ferramenta de marketing e valorizada pelos consumidores? As respostas são da IKEA, da Toyota, da Tetra Pak e da Nespresso. E coincidem no reconhecimento de que a sustentabilidade é um imperativo, como coincidem na ambição de deixar uma pegada mais verde. E coincidem ainda na leitura de que o consumidor, crescentemente informado, é também cada vez mais exigente nas escolhas que faz.

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A acelerar nos híbridos

Ricardo Amaral, Diretor de Comunicação e Marketing da Toyota Caetano Portugal

providencia às empresas e cidades um sistema para medir, reportar, avaliar e partilhar dados estratégicos Há oito anos consecutivos, ambientais. “Esta distinção marca de confiança premeia a transparência com automóvel ambiente. A que a Toyota Caetano Portugal escolha é dos leitores das reporta o seu desempenho Seleccões do Reader’s quanto às emissões de CO2”, Digest e é apresentada por concretiza. Ricardo Amaral, diretor de A estratégia nacional Comunicação e Marketing, inscreve-se num quadro como demonstrativa da mais amplo, o da Toyota preocupação ambiental da Motor Corporation e do marca. A Toyota, diz, tem “Desafio Ambiental 2050”, “uma longa tradição” ligada apresentado em 2015 e que, à sustentabilidade ambiental, na verdade, consiste em seis “visível não só no produto que desafios que abrangem todos comercializa como nos os aspetos da empresa, do restantes processos”. desenvolvimento de novos Dá como exemplo outro produtos e tecnologias ao reconhecimento: o seu o papel como facilitador “Improvement Award para pessoas e comunidades Portugal” no relatório anual para aprender e melhorar sobre Desenvolvimento o contexto e o ambiente Sustentável do Carbon natural à sua volta. Alguns Disclosure Project, destes objetivos prendemorganização internacional se com a redução do CO2 sem fins lucrativos que no processo de fabrico das

novas viaturas e durante todo o ciclo de vida do produto: 90% até 2050 (comparando com os valores de 2010). Nesta estratégia ocupa lugar o investimento em tecnologia híbrida, iniciado em 1997 com o modelo Prius e com mais de 10 milhões de unidades já vendidas desde então em todo o mundo. E reforçado em 2015, com a marca a reclamar pioneirismo na produção em série da primeira viatura sedan movida a hidrogénio, com o modelo Mirai. A preocupação sustentável da Toyota materializa-se também em parcerias com organizações como a Quercus e a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) ou, a nível global, com a União Internacional para a Conservação da Natureza e a WWF. No entanto, de todas as ações desenvolvidas aquela que

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Ricardo Amaral destaca como mais icónica para a marca em Portugal é “Um Toyota, uma Árvore”: este projeto, que teve início em 2005, devolve à floresta uma árvore por cada automóvel vendido, contabilizando-se já mais de 125 mil. O diretor de Comunicação e Marketing da Toyota Caetano acredita que o consumidor valoriza as políticas ecológicas das marcas, começando a direcionar as suas opções para produtos e marcas que privilegiem a sustentabilidade ambiental: “Ao nível da Toyota, temos assistido a uma maior apetência do consumidor pelas motorizações hibridas, com um crescimento constante nos últimos anos da percentagem de vendas híbridos. Sendo que nesta altura cerca de 30% das vendas de ligeiros são viaturas híbridas”.


Marketing BRIEFING

Proteger o que é bom

“Impulsionar a excelência ambiental é uma prioridade estratégica para a Tetra Pak e as questões de sustentabilidade são transversais a toda a nossa atividade e à nossa relação com todos os intervenientes na cadeia de valor”. É assim que Ingrid Falcão, responsável pelas políticas ambientais da Tetra Pak Portugal, resume a importância que a sustentabilidade tem para a marca de embalagens. “Fixámos metas ambientais exigentes para os próximos decénios e estamos plenamente empenhados em cumprilas”, afiança, concretizando que, entre essas metas, há três fundamentais: o desenvolvimento de embalagens que utilizem apenas materiais renováveis, a redução da pegada ambiental em toda a cadeia de valor e o aumento da percentagem de embalagens usadas que são recicladas em todo o mundo. Faz parte dessa ambição – destaca a responsável – o fornecimento aos clientes de embalagens certificadas pelo Forest Stewardship Council™

(FSC™), o que, na prática, significa que as fibras de celulose usadas nas embalagens são provenientes de florestas geridas de forma responsável. “Fomos a primeira empresa no setor das embalagens a introduzir o sistema de certificação FSC no setor das embalagens de cartão para alimentos líquidos em 2007 e, desde então, já fornecemos aos nossos clientes mais de 200 mil milhões de embalagens certificadas”, afirma. A esta certificação junta-se uma mais recente, pela FSC Chain of Custody (CoC), que abrange todas as empresas e fábricas do grupo a nível mundial, num total de 92 localizações, permitindo, assim, fornecer embalagens com a certificação FSC para qualquer parte do mundo. Em Portugal, a primeira embalagem certificada foi lançada em 2011, estando no horizonte conseguir que, até final do ano, mais de 75% das embalagens colocadas no mercado ibérico tenham esse selo. A ambição da Tetra Pak estende-se - 16 Briefing 2017 -

Ingrid Falcão Responsável de Ambiente da Tetra Pak

à redução do impacto ambiental da atividade, com a marca a assumir o compromisso de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em toda a cadeia de valor em 16% por unidade de receita até 2020, tendo 2010 como ano-base. E, até 2030, a meta é diminuir as emissões de gases com efeito de estufa provenientes exclusivamente das operações da empresa em 40%, tendo como referência os valores de 2015.


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Faz, ainda, parte dos compromissos ambientais o aumento das embalagens recicladas, tendo como meta a duplicação a taxa de reciclagem mundial para 40% até 2020. “A nossa abordagem à sustentabilidade vai ao encontro ao nosso lema: protege o que é bom. Além da proteção e segurança dos alimentos, procuramos contribuir ativamente para a proteção do nosso planeta, através de uma atuação assente no valor da sustentabilidade”, sublinha Ingrid Falcão, reafirmando que, “mais do que nunca, na Tetra Pak, existe uma preocupação acrescida em conseguir minimizar o impacto no ambiente”. “Tendo esta consciência”, a marca propõe-se desenvolver produtos que vão ao encontro das necessidades dos consumidores, ao mesmo tempo que procuram ter um impacte mínimo no ambiente. “Desta forma, a inovação torna-se fundamental pela preocupação que temos em apresentar soluções que se adequem às necessidades dos nossos clientes, cumprindo os nossos rigorosos padrões de qualidade e segurança, tendo sempre como preocupação intrínseca a questão ambiental”. Este é um posicionamento que a marca procura partilhar com os consumidores: “Estamos muito atentos a esta temática e, sempre que possível, promovemos a excelência ambiental de toda a cadeia como incentivo para a responsabilidade, combate às alterações climáticas a aumento da reciclagem”, comenta a responsável

pelas questões ambientais. Um dos focos dessa abordagem é a reciclagem, no entendimento de que a responsabilidade não termina no momento da venda das embalagens aos fabricantes do produto final: “Já há alguns anos que a Tetra Pak promove a reciclagem pós-consumo através do aumento da consciencialização dos consumidores, do apoio a projetos de reciclagem e da expansão de oportunidades de mercado para materiais provenientes da reciclagem das nossas embalagens”. Daí a associação a iniciativas como a Hora do Planeta ou as Eco-Escolas, em parceria com a Compal. Mas também a campanha “Amarelo é Diversão”, projeto de responsabilidade social em conjunto com a Agros, e com o apoio da Lipor e da Câmara Municipal de Póvoa de Varzim, de que se traduziu num convite à população para reciclar embalagens de cartão da marca de leite com vista à construção de um parque infantil para as crianças do Centro Social Monsenhor Pires Quesado. Ou ainda a parceria com a AFID e a TOUCH, projeto em que, através da reciclagem de embalagens da Tetra Pak usadas, os membros da associação elaboram alcofas, que depois são vendidas, com o valor a reverter para a instituição. “A Tetra Pak envolve-se continuamente em ações de responsabilidade social que, na sua maioria, têm a questão ambiental fortemente associada. A consciencialização da população, em especial dos mais jovens, é para nós essencial, visto que estes são, além de impulsionadores de comportamentos ambientais em suas casas, os futuros responsáveis por uma sociedade mais sustentável. É assim que nos definimos e é por aqui que a nossa estratégia futura passa”, frisa Ingrid Falcão. E será que o consumidor valoriza esta atitude? “Gostamos de pensar que sim, naturalmente. Aliás, é também com esse propósito que as desenvolvemos. Atualmente, assistimos ao aumento do número de consumidores que baseiam muitas das suas decisões de compra em questões ambientais. Este é, de facto, um fator de - 17 Briefing 2017 -

compra cada vez mais importante, dizem todas as pesquisas que temos conduzido sobre esta matéria”, responde. E acrescenta: “A proteção, a conveniência e a funcionalidade são elementos fundamentais numa embalagem alimentar, mas a vertente ambiental – desde os materiais que utiliza, passando pelos processos de fabrico, à sua reciclabilidade para mencionar alguns aspetos – tem ganho muita força nos últimos anos, devido ao grande push mediático criado à sua volta do tema e ao crescimento da consciência de que é realmente necessário tratarmos bem conta do nosso planeta”. É assim com os consumidores – que “respondem de uma forma muito favorável às questões ambientais e esperam mais das empresas” –, mas também com os clientes diretos, que se identificam com estes valores. Além de que as questões ambientais são também fatores impulsionadores de uma boa gestão na medida em que permitem economias de consumo de recursos (água, matérias-primas, energia, …) e otimização e inovação de processos. “Podemos dizer que o ambiente é bom para os negócios na medida em que promove uma boa gestão de recursos a longo prazo, assim como as empresas para prosperarem têm de aprender a proteger o ambiente e a atuar de forma mais sustentável”, remata.

“Além da proteção e segurança dos alimentos, procuramos contribuir ativamente para a proteção do nosso planeta, através de uma atuação assente no valor da sustentabilidade”


Marketing

Por uma chávena positiva Tornar-se a marca de café mais sustentável do mundo. Esta é a ambição da Nespresso em matéria de sustentabilidade, consubstanciada na estratégia “The Positive Cup”. Nas palavras do diretor de Marketing em Portugal, André Moura, esta visão baseia-se na criação de uma chávena de café que tenha um impacto positivo no mundo: “Acreditamos que cada chávena de café pode não só proporcionar um momento de prazer a quem a toma, mas também restaurar e revitalizar todos os recursos utilizados na cadeia de valor do café – desde a planta até à chávena”. Assim, ao

abrigo desta estratégia, foram definidos objetivos concretos a atingir até 2020, minimizando os impactos da marca e impulsionando resultados positivos para a sociedade e para o ambiente: garantir que o café de origem seja 100% sustentável; garantir que o alumínio seja tratado de forma 100% sustentável; e reduzir a pegada de carbono com operações 100 % eficientes. Relativamente à primeira meta, a marca tem no terreno desde 2003 o Programa Nespresso AAA para a Qualidade SustentávelTM, que assenta no acompanhamento direto aos agricultores, levando-os a produzir café de elevada

qualidade, através da adoção de práticas agrícolas e práticas sociais e ambientais sustentáveis, que permitem melhorar a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir André Moura Diretor de Marketing da custos, resultando Nespresso num aumento da rentabilidade. Apoia igualmente os produtores o mercado em que a para que atinjam elevados Nespresso atue e aumentar padrões de certificação os índices de reciclagem. através dos parceiros Em Portugal, as iniciativas de longo prazo como a em curso incidem em três Rainforest Alliance e a eixos distintos, desde logo Fairtrade International. a educação: trata-se de Quanto à segunda meta, a promover uma mudança da reciclagem, passa por de comportamentos expandir a capacidade dos clientes em prol da de recolha de cápsulas reciclagem e da valorização de alumínio usadas para de recursos. Mas também os 100%, seja qual for facilitar a reciclagem,

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por exemplo, através do programa que permite aos clientes devolver as cápsulas usadas no momento da entrega de uma nova encomenda. E, finalmente, retribuir, isto é, criar projetos assentes na partilha de valor com a comunidade, envolvendo sociedade civil e setores privados para trabalharem em parceria, fortalecendo assim o desenvolvimento sustentável. E, em matéria de pegada ambiental, é intenção da marca reduzi-la em mais de 10%, através da implementação de operações 100% eficientes em toda a cadeia de valor. Adicionalmente, pretende tornar-se 100% neutra em relação ao carbono, através de um extensivo programa agroflorestal. Na Nespresso, diz o diretor de Marketing, a sustentabilidade é encarada como “um imperativo”, na medida em que “a marca depende de uma matéria-prima de elevada qualidade para entregar aos consumidores a experiência perfeita de

um café”. “Apenas 2% da cultura de café em todo o mundo cumpre os nossos rigorosos requisitos de qualidade e aroma. Acreditamos que a melhor maneira de protegermos a aquisição desses cafés raros é, por um lado, garantir a proteção do ambiente onde o nosso café é cultivado, pois a agricultura mais sustentável aumenta a capacidade de produzir café de qualidade consistente, a longo prazo, e fornecer um resultado mais sustentável e equitativo aos produtores”, desenvolve André Moura. Sendo um imperativo de negócio, está também presente na estratégia de marketing. A estratégia foi, aliás, apresentada publicamente o ano passado, com os compromissos de sustentabilidade a ser partilhados nas redes sociais, mas também em comunicação direta nos demais canais, nomeadamente as boutiques, mas também nos contactos com clientes por mail ou telefone.

E este é, na ótica do diretor de marketing da Nespresso, o caminho a seguir: “Vemos que há um número crescente de consumidores a ganhar consciência do que significa a sustentabilidade e mais preocupados em consumir produtos sustentáveis, o que, só por si, é um bom indicador de

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uma motivação, também crescente, para separar e reciclar. Acreditamos que a sociedade continua a evoluir neste sentido e que, com campanhas de educação e sensibilização que envolvem os consumidores, estamos no bom caminho para atingirmos os nossos objetivos”.


Marketing

FAZER MELHOR Cláudia Domingues Diretora de Sustentabilidade da IKEA Portugal

Na IKEA, mais do que uma política, a sustentabilidade é parte da cultura e da forma de trabalhar, sendo transversal a todo o negócio desde que a empresa sueca foi fundada, em 1943. Cláudia Domingues, que detém o pelouro em Portugal, reforça, no entanto, que os valores da sustentabilidade são “mais relevantes do que nunca”, tendo em conta os desafios sociais e ambientais que se colocam a nível global: “Por isso, enquanto empresa multinacional, na IKEA temos a responsabilidade – e também a oportunidade – de criar um impacto positivo nas pessoas, nas empresas e no planeta”. Daí a assinatura da estratégia de sustentabilidade da empresa – “Pessoas Positivas, Planeta Positivo”. A ambição é inspirar os clientes de todo o mundo a viver uma vida mais

sustentável em casa, tornar a empresa independente a nível energético e de recursos e assumir um papel de liderança na criação de um melhor dia a dia para as comunidades. No dia a dia, diz, há provas deste caminho: “Se já reparou, todas as soluções de iluminação disponíveis nas nossas lojas são LED, que têm um consumo energético 85% inferior às lâmpadas incandescentes e uma duração média de 20 anos. Também instalámos iluminação LED em todas as nossas lojas, o que nos permite aumentar a eficiência energética. Além disso, estamos a investir cinco milhões de euros na instalação de painéis solares na cobertura dos nossos edifícios, o que nos vai permitir produzir cerca de 26% da energia necessária para as nossas operações”. Há também marcas na relação com os parceiros, por via de um código de conduta para fornecedores, o IWAY.

Criado em 2000, orienta-os nos princípios a seguir a nível ambiental, o impacto social e as condições de trabalho que oferecem aos seus colaboradores – existem mais de 600 mil pessoas em todo o mundo que são funcionárias de fornecedores diretos da IKEA. Cláudia Domingues acredita também que o sentido da sustentabilidade e das atitudes responsáveis é melhorar o negócio e permitir uma mudança positiva: “Confesso que esta é uma das coisas que mais me inspira na IKEA, como procuramos todos os dias fazer melhor e criar mais valor, seja para a empresa, para as pessoas, para o ambiente”. No fundo – destaca – o compromisso de responsabilidade das empresas contribui para o desenvolvimento da marca e da sua reputação, o que, no final do dia, é o que leva as pessoas a confiar, a preferir, a comprar e a recomendar uma marca. E são muitas as que interagem com a

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IKEA: mais de 783 milhões de visitantes nas lojas em todo o mundo e mais de 2,1 milhões de visitantes online. “Estes números significam que temos uma grande oportunidade de inspirar as pessoas para um dia a dia mais sustentável nas suas casas”. E é isso que os consumidores procuram? Na IKEA entende-se que sim, que os clientes procuram cada vez mais fazer compras informadas, considerando a fonte dos recursos e materiais utilizados, o processo de produção, a reutilização, a reciclagem ou a solução no fim de vida dos produtos. “Diria que são os próprios clientes que esperam da IKEA um comportamento responsável e participativo nas comunidades. E na verdade, é assim que deve ser: os clientes também têm o papel de serem exigentes no que esperam das marcas, só assim poderemos criar uma transformação positiva para o negócio, para as pessoas e para o planeta”.


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Os principais desafios para as marcas As marcas deparam-se com um crescente desafio: prever, com rigor, a reacção dos consumidores face aos produtos verdes de forma a poder desenvolver novas estratégias com elevado grau de fiabilidade. Os obstáculos existentes devem ser encarados pelas marcas como uma oportunidade para melhorar os atributos do produto, que sejam realmente percepcionados pelo consumidor como uma mais-valia. As questões ambientais estão na ordem do dia e tal tem vindo a exercer grande impacto sobre as preferências dos consumidores, que se tornaram mais preocupados com os seus hábitos diários e com as consequências dos mesmos no ambiente, e das marcas que passaram a percepcionar esta mudança como uma forma de obtenção de novos lucros e uma posição de vantagem competitiva. O marketing verde surge como uma estratégia de apoio e monitorização, desde o processo de desenvolvimento, produção, entrega, até ao descarte do produto, procurando atender às necessidades e desejos dos consumidores e apresentando-lhes a procura do lucro aliada à responsabilidade social corporativa e à sustentabilidade. O número de produtos verdes no mercado tem vindo a aumentar progressivamente. Se inicialmente os produtos verdes estariam mais concentrados em determinadas famílias de produto, como papel reciclado ou alimentos biológicos, hoje em dia assistimos a uma proliferação de produtos verdes em variadíssimas categorias, com ofertas em várias categorias como automóveis, tecnologia, etc. Num estudo que tive oportunidade de desenvolver,

é analisado o perfil do consumidor português e verificámos que quanto mais elevado for o nível de consciência ecológica maior é a intenção de compra de produtos verdes. Ou seja, quanto mais ecologicamente consciente for o consumidor maior é a sua propensão para a compra de produtos mais amigos do ambiente. Verificámos também que, apesar de ainda existir um desfasamento entre a intenção de compra de produtos verdes e sua compra efectiva, este desfasamento já não é tão notório. Ou seja, existe cada vez mais um maior alinhamento entre as atitudes e o comportamento do consumidor e tal tem vindo a repercutir-se numa alteração de padrões de consumo. Contudo, apesar de já existir uma oferta diversificada de produtos verdes em Portugal, critérios como o preço ou a conveniência representam ainda obstáculos em relação à compra destes produtos. O preço elevado é a principal barreira, seguido da ausência de informação sobre os atributos ecológicos do produto sentida por parte dos consumidores, pouca acessibilidade aos produtos, pois muitos deles não estão massificados e como tal não se encontram à venda em todos os pontos de venda e algum cepticismo em relação ao seu desempenho.

No entanto, estudos realizados apontam para que haja um aumento desta tendência, sobretudo em produtos que consigam ter atributos “duplamente eco”: eco de ecológico e eco de económico. Um bom exemplo são as lâmpadas fluorescentes versus as lâmpadas incandescentes. Apesar de o custo de compra ser desfavorável às lâmpadas fluorescentes, o consumo de energia é de tal forma inferior que, passado um ano, o consumidor já estará compensado do investimento inicial. Actualmente as marcas deparam-se com um crescente desafio: prever, com rigor, a reacção dos consumidores face aos produtos verdes de forma a poder desenvolver novas estratégias com elevado grau de fiabilidade. Os obstáculos existentes devem ser encarados pelas marcas como uma oportunidade para melhorar os atributos do produto, que sejam realmente percepcionados pelo consumidor como uma maisvalia. Para que o consumo sustentável se torne efectivo é necessário por parte das marcas: Ser-se genuíno, isto é, conformidade entre aquilo que é publicitado e as reais promessas do produto; Educar o consumidor, demonstrando que os produtos verdes comercializados reflectem a própria cultura da empresa que implica a existência

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Carolina Afonso

Professora universitária e autora do livro “Green Target – As Novas Tendências do Marketing”

de uma política e prática ambiental credível e sensibilização do consumidor para o “value for the money” do produto; Dar ao consumidor a possibilidade de participar no processo, convidando-o a facultar inputs e envolvendo-o nas próprias acções da empresa. E claro, as marcas terão também que desenvolver uma cultura interna entre os seus colaboradores coerente com este posicionamento e que envolva também a comunidade local.


opinião

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Como otimizar a presença nas redes sociais? Vivemos num momento em que é possível medir ao milímetro o impacto da pertinência dos conteúdos e campanhas que lançamos e é fascinante poder conversar em tempo real com os clientes e potenciais interessados e auscultar os todos os inputs que podem contribuir para uma experiência de consumo ainda mais rica. É certo que todos os dias assistimos a mudanças surpreendentes ao nível das funcionalidades que as principais redes sociais oferecem às marcas e empresas, e, por isso, há aspetos na sua gestão que podem e devem guardar alguma estabilidade e seguir uma metodologia consistente: Invista em recursos humanos especializados na gestão de redes sociais que tenham uma visão integral da performance dos principais canais digitais nos quais a empresa atua. Ou seja, não contrate um gestor de redes sociais, mas invista num coordenador dos canais digitais da marca. É inútil conhecer a taxa de interação de cada uma das publicações da página Facebook e desconhecer o impacto das melhores publicações na sua capacidade de potenciar o tráfego para o site de e-commerce. Ter alguma experiência na gestão de redes sociais pode não ser o critério de seleção mais relevante na escolha de um candidato, mas sim a curiosidade e empenho em conhecer o negócio, a atividade da concorrência e a capacidade analítica de compreender e sistematizar a integração dos vários canais digitais. A figura do serviço de apoio ao cliente através das redes

sociais é uma realidade. Não se trata apenas de robôs, mas sim de vários colaboradores dedicados a escutar, conversar e interagir com a comunidade nas redes sociais. E quem apresenta maior experiência no atendimento ao cliente? Pode reconverter esse colaborador num excelente moderador das redes sociais. A perfeição dos conteúdos para as redes sociais pode ser aborrecida! É claro que tem de planificar previamente os vídeos em direto, mas não tenha receio de mostrar a dinâmica da marca em tempo real, o que pode, inclusivamente, acontecer no ponto de venda. Deve planificar, mensalmente, um bom ritmo de eventos, de histórias reais da marca e dos seus clientes, mas é crucial que não complique. Prepare uma boa estrutura do direto, envolva previamente os participantes, controle a qualidade da imagem e do som e arrisque em exibir os bastidores da sua marca. Aposte na contratação de influenciadores, mas lembrese que estes não são a solução para todos os problemas da marca. Identifique dois ou três opinion leaders muito relevantes para as personas com quem comunica nas redes sociais e dê-lhes liberdade criativa para que produzam livremente conteúdos que envolvam

a marca. E não se esqueça que, no Facebook, pode ter acesso aos indicadores dessas publicações (desde que a marca seja mencionada) e inclusivamente promove-las. A ferramenta das estatísticas do público no Facebook identifica as preferências da comunidade em relação às figuras públicas e bloggers com maior influência. Acabe com os relatórios de performance mensais de avaliação da presença nas redes sociais. Analisar os resultados apenas no final do mês é ineficaz já que não lhe permite ter a reatividade necessária para replicar os conteúdos que a sua comunidade preferiu nas semanas anteriores. Desenvolva relatórios sintéticos, assertivos com um bom plano de ação para a criação de conteúdos com os temas e formatos preferenciais do público. Invista consistentemente em publicidade nas redes sociais trabalhando três dimensões cruciais: primeiro, a sempre necessária notoriedade da marca onde expressa os seus grandes fatores de diferenciação; segundo, a interação nas plataformas através de anúncios nativos de bom conteúdo não promocional dirigidos aos fãs, e por fim, aposte num bom smart selling nos momentos chave do mês. Caminhamos para a

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Ana Mendes

Especialista em Facebook Marketing acreditada pelo Facebook

automatização da criação de anúncios no Facebook e Instagram baseados no comportamento dos utilizadores no website. A presença nas redes sociais traz, assim, novos desafios às empresas, já não apenas ao nível da criação de conteúdos (mais frequentes, em tempo real e por opinion leaders) e no investimento continuado em publicidade nas plataformas, mas também no que toca à seleção do perfil multidisciplinar das equipas envolvidas na sua gestão, com um papel importante na análise integrada dos dados e na moderação, quase em tempo real, da conversa com a comunidade.


Um evento corporate com “touch” No NewsMuseum, os eventos da sua organização são modernos e originais devido às nossas plataformas avançadas de entretenimento inteligente e interativo – onde (quase) tudo é “touch”. Uma experiência em VR, outra num ecrã tátil de 67 m2. Uma projeção em 360º, a gravação de “vivos” em TV e Rádio. Lançamentos de produtos e serviços, encontros de “team building”, reuniões ativas podem ser transformados numa moderna aventura mediática produzida pela nossa equipa. Visite na Vila de Sintra o mais moderno e interativo centro europeu dedicado ao Jornalismo, aos Media e à Comunicação. E desafie-nos com a sua ideia para um evento corporate com um “touch” especial. www.newsmuseum.pt Mais informação e reservas Marina Freitas marinafreitas@newsmuseum.pt T. +351 962 190 866




Diretora de Marketing, Comunicação e Criatividade da Impresa

©Gonçalo Borges Dias

Mónica Balsemão,


ENTREVISTA

Fátima de Souda,www.briefing.pt fs@briefing.pt

Mónica Balsemão, na sede da SIC em Carnaxide

“Antes da SIC, a televisão era a preto e branco” As comemorações dos 25 anos são a maior operação de sempre da SIC. Mónica Balsemão, que acumula o marketing, a comunicação e a criatividade da Impresa, diz que tinha de ser assim, tinha de ser lembrado o que o canal privado veio mudar no panorama da televisão em Portugal: acredita mesmo que, antes de 6 de outubro de 1992, apesar de haver cores no ecrã, a televisão era a preto e branco.

Briefing | Desde março de 2016 que assumiu o marketing e a comunicação da Impresa, mas tem também a criatividade sob a sua alçada. O que justifica a junção dos três pelouros? Mónica Balsemão | Sim, foi uma decisão no âmbito da restruturação lançada quando o Francisco Pedro [Balsemão] foi nomeado CEO do grupo. Ele entendeu que devia ser assim e fez-me esse desafio. Até então, eu tinha o marketing. Mas justifica-se integrar as várias áreas na mesma direção, porque, na prática, estão interligadas. Em relação à SIC propriamente dita, o Daniel Cruzeiro é o diretor criativo, com a criatividade a abranger as autopromoções, o grafismo, tudo o que é imagem da estação. E quando digo SIC estou a referir-me a todo o universo de canais da marca. Num balanço do primeiro ano da nova

estrutura, fez todo o sentido: com a junção das várias áreas, há muito mais informação concentrada, logo maior capacidade de planeamento. Briefing | Os 25 anos da SIC são o primeiro grande projeto da nova direção… MB | Sim, enquanto equipa integrada, foi o primeiro projeto. Desde o novo grafismo ao novo claim, passando pela campanha de publicidade e pelas ações de ativação, o projeto dos 25 anos está concentrado nesta direção. E funcionou muito bem. Se me perguntar como é que eu queria fazer isto, era exatamente com esta equipa. Um projeto destes só é possível congregando as áreas editoriais, isto é, o entretenimento e a informação. O Daniel Oliveira foi nomeado internamente para coordenar a parte editorial de entretenimento e o Alcides Vieira ficou

responsável pela coordenação da informação. Todas as áreas se cruzam.

“Está no ADN do grupo a credibilidade, a liberdade de expressão, a criatividade. Não é só entreter, não é só informar, não se pode perder o carácter. Seria fácil captar audiências com outra postura, mas não queremos”

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Briefing | Era importante assinalar os 25 anos? MB | Era, claro. Esperamos estar cá para os 50… mas os 25 tinham de ser assinalados. Dividimos as celebrações em quatro momentos. O primeiro foi em abril, quando escolhemos as 25 semanas antes da data da primeira emissão para lançar as comemorações. Daí que a nova imagem de antena tenha ido para o ar a 17 de abril. É uma imagem de continuidade, uma evolução, como, aliás, tem acontecido desde o início. Nesse dia, pusemos em antena o novo grafismo, os novos separadores, lançámos o novo claim – era “Juntos sempre”, agora é “O melhor ainda está para ver”. Sabemos que gera uma grande expectativa, que estamos a prometer muito, mas vamos cumprir.


ENTREVISTA

“Vamos continuar a agir como uma força positiva de transformação da sociedade portuguesa. A apoiar causas, a denunciar ilegalidades e abusos, a entreter, comover e fazer rir; sobretudo, a surpreender. A utilizar a tecnologia em prol da criatividade”

O segundo momento será a digressão: a partir de 9 de junho, vamos passar por todas as capitais de distrito, com um conjunto de iniciativas que visam envolver todos os portugueses nestas celebrações. Esta é uma ação patrocinada pela NOS, pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, pela Associação Nacional das Farmácias, pela Ford e pela Fidelidade, que vão estar connosco na rua durante 18 semanas. É gratificante perceber que, quando se fazem coisas diferentes, há quem queira estar connosco. É a nossa maior operação de sempre. O terceiro momento vai acontecer em setembro, com o evento em que damos a conhecer a nova temporada e em que, claro, vamos apresentar o melhor que está para ver. E finalmente, o quarto momento, o dia do aniversário, 6 de outubro. Ao longo destes quatro

“A SIC orgulha-se em celebrar o seu aniversário com e para os portugueses, mas não nos podemos esquecer da nossa dimensão mundial: somos vistos por milhões de pessoas nos cinco continentes, por cabo, satélite ou internet, o que demonstra a nossa evolução desde que surgimos há 25 anos nos ecrãs e a forma como nos adaptámos na perfeição à globalização e ao recurso às novas tecnologias”

momentos, a nossa proposta de valor baseia-se em dois valores – proximidade e emoção. Porque esta iniciativa só fazia sentido se envolvêssemos e se emocionássemos os portugueses. É uma festa da SIC, mas é uma festa para todos. A esses valores juntamos um outro, em que vamos estar mais centrados neste primeiro momento – a confiança. É o passado, o nosso legado, que estamos a lembrar na campanha de publicidade: fomos ao baú dos programas de que toda a gente se lembra, como O Juiz Decide ou Big Show SIC. Quem se lembra da Ana Marques a apresentar o boletim meteorológico? É uma campanha que está a gerar emoções. E que visa reforçar o nosso caminho, porque um aniversário só se celebra contando o passado. Depois, no segundo momento, vamos puxar pela

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diversidade de tudo o que já fizemos e do que vamos continuar a fazer. E a partir de setembro será tempo de inovação. Briefing | Falando em emoções, é isso que explica o regresso do hino? MB | Foi um trabalho muito emocionante envolver as pessoas, perceber a vontade que têm de fazer parte desta festa. Voltámos a ouvir uma palavra de que gosto particularmente – família, a família SIC. Deu para perceber que temos pessoas muito unidas, algumas estão na SIC há 25 anos. Conseguimos misturar a informação com o entretenimento, mas também fizemos questão de incluir talentos que lançámos, como o Berg, a Jacinta e o Filipe Pinto. Este hino com as pessoas da casa reforça a palavra confiança, mostra que todas estas pessoas que fazem a história da SIC estão unidas e empenhadas em


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“Fomos pioneiros em 1992 porque não tivemos medo de arriscar e isso é algo que faz parte do ADN da Impresa. Desde o lançamento de um semanário (Expresso) que pugnava pela liberdade de imprensa em tempos de ditadura até à aposta na irreverência com o lançamento de canais temáticos portugueses como a SIC Radical, o grupo esteve sempre na linha da frente”

construir o futuro. Mas, ao longo destes quatro momentos de celebração, vamos ter vários hinos, em que vamos introduzindo pessoas das regiões por onde a digressão vai passar – serão pessoas anónimas, novos talentos que vamos descobrir nos castings em cada capital de distrito. Usar o hino foi natural, a ideia surgiu em todas as reuniões de brainstorming. Foi o hino que abriu a primeira emissão da SIC, às quatro e meia de 6 de outubro de 1992. Foi incrível, uma pedrada no charco, porque a televisão, apesar de já ser a cores, era a preto e branco. O hino foi algo inovador e simboliza aquilo que queríamos ser e continuamos a querer – surpreender. Briefing | É essa a mensagem que querem transmitir com “o melhor ainda está para ver”? MB | É claro que é um trocadilho com “o melhor ainda está para vir”. E ver não quer dizer na caixinha que está lá em casa, quer dizer em qualquer uma das plataformas onde a SIC está. Esse é o grande desafio. Há 25 anos, ver televisão era sentarmonos na sala, em frente ao televisor, ver aquilo que nos davam em real time; hoje, a oferta é muito maior e está-se a ver televisão mesmo que não pareça, já não é ir a correr para casa se se quer ver o Jornal da Noite. As pessoas veem ao seu ritmo, noutras plataformas. No site da SIC, por exemplo, encontra todos os programas em direito. “O melhor também está para ver” também tem essa conotação. E tem a ver com a preocupação em mostrar coisas novas. Já começámos com o Vidas - 29 Briefing 2017 -

“Vamos trabalhar tendo sempre em conta os interesses e as preferências de quem nos vê ou lê, seja no televisor, no telemóvel, no computador, em direto ou de forma não linear”


ENTREVISTA sabemos que as mascotes são mais apetecidas elas crianças. Queríamos, sim, que tivesse a ver com o universo da televisão e com as cores da SIC. E depois tivemos aperceção de a transformar num emoji que será usado nas plataformas digitais. Tem muito potencial. E decidimos que seriam as pessoas a dar-lhe o nome: colocámos à votação três propostas – PLIM, porque é o separador; MIC, para simboliza mascote independente de comunicação; e SIX, porque o seis é o nosso número, o Expresso foi lançado a 6, a SIC também. Mas podem sugerir outros nomes. O que é interessante é perceber o envolvimento das pessoas.

“O futuro e a mudança nunca nos assustaram: a paixão pelo que fazemos e a ousadia que nos caracteriza levamnos a afirmar perentoriamente que o melhor ainda está para ver”

Briefing | Disse que, quando a SIC surgiu, a televisão era a preto e branco apesar das cores. É esse o legado da estação? MB | A nossa responsabilidade é enorme. Muita coisa mudou desde 6 de outubro de 20012. No

Suspensas e o Fora da Caixa, na informação, mas vamos também relançar alguns programas de entretenimento. E vamos renovar alguns cenários e genéricos, de modo a ficarem mais coerentes com o grafismo dos 25 anos. “O melhor ainda está para ver” é a promessa daquilo que está no ADN da SIC desde o início, que é inovar e surpreender. Briefing | Uma novidade é a mascote. Do ponto de vista do marketing, fazia falta à SIC? MB | A mascote era importante para a

digressão, pois a marca vai ter uma presença muito grande, mas vai viver para lá das comemorações dos 25 anos. Vai estar presente nas ações de ativação de marca. Queremos que seja reconhecida como sendo da SIC. Mas, neste processo todo, foi o mais difícil, um desafio e uma aprendizagem. O briefing que demos à agência, a Zero A Oito, especializada em marketing infantil, é que tinha de ser um ecrã, uma janela, um espelho de quem gosta de comunicar. Não a queríamos demasiado infantil, porque não é só para crianças, mas também

“O nosso sucesso explica-se pela forma como mudámos a perceção dos telespectadores, que encontraram na SIC uma forma de ver a sociedade portuguesa e, consequentemente, a si próprios, que antes não existia: desinibida, próxima, descomplexada”

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“A SIC é líder porque aposta na qualidade e na novidade: em novos formatos, novos programas, novos canais, novas caras, novas formas de mostrar aos portugueses o que de melhor acontece no mundo da televisão”

ADN da SIC e da Impresa está a capacidade de inovar e está a coragem. Antes da SIC, havia outros projetos no grupo e o código genético é o mesmo – fazer diferente, assenta nos mesmos valores, desde logo o da liberdade de expressão. A SIC é um canal generalista, o Expresso um jornal de grande informação, a Caras uma revista de sociedade, mas, apesar de serem projetos completamente diferentes, mantêm os valores do grupo desde a função. Briefing | O país precisava da SIC? E ainda precisa? MB | Claro que sim. Não tenho dúvidas. Há 25 anos, a SIC foi o primeiro canal de televisão privado e hoje é um universo de canais temáticos, estamos em vários países, vendemos


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“O nosso ADN não mudou desde então: a confiança conquistada ao longo dos últimos 25 anos é o ativo que mais prezamos e que continuaremos a cultivar no futuro, o que é especialmente importante tendo em conta as mudanças provocadas pela tecnologia e pela evolução dos hábitos de consumo”

os nossos programas, mas continuamos a fazer televisão com a mesma paixão, com a mesma ousadia. Da fundação do Expresso, há 44 anos, o que nos move é a liberdade de expressão, em particular o direito a informar e a ser informado. Além de que não temos medo de mudanças, temos conseguido provar que conseguimos fazer diferente. E gostamos da concorrência, porque nos mantém essa vontade. O que fazemos e bem são conteúdos. Briefing | Não há só concorrência, há novas formas de ver televisão… MB | É verdade, e por isso tem de haver novas formas de captar audiências. Na televisão, ainda não conseguimos juntar as audiências do site com as do televisor, se bem que tenhamos tido recentemente uma

conquista que foi o reconhecimento das visualizações de conteúdos gravados. Esperamos que as audiências noutros ecrãs contem, esperemos que seja possível agregar tudo. Porque agora as audiências estão dispersas, mas estão lá e devem contar.

Onde estava a 6 de outubro de 1992? Diz Mónica Balsemão que, nas reuniões de preparação dos 25 anos da SIC, tem sido interessante perceber que toda a gente se lembra onde estava quando a primeira emissão foi para o ar. Ela também: “Tinha o meu filho seis meses. Fui mais cedo para casa, para o poder sentar ao colo e ligar a televisão”. - 31 Briefing 2017 -


ENTREVISTA

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“Investimos na inovação para garantir a melhor experiência para o espectador ou utilizador, daí sermos o único operador com todos os canais em HD em todas as plataformas e os que mais conteúdos produzimos no formato 360o”

Mas, sim, há concorrência, há um largo espetro de canais por cabo, há o Netflix, mas o que tem um milhão e 200 mil espetadores? É a novela. E quem lidera no horário nobre das classes A e B e dos targets dos 25 aos 45 anos? É a SIC. Briefing | Essa dispersão das audiências coloca novos desafios ao marketing? MB | Sim, um dos grandes desafios do marketing é a quantidade de mensagens que recebemos todos os dias em todas as plataformas. Mas a televisão continua a ter um papel fundamental. Sei que o que ponho em antena vai ser visto por um milhão de pessoas e isso não acontece nas redes sociais. Temos um meio premium para comunicar. Mas, claro que o digital é poderosíssimo e uma realidade com que temos de lidar e onde temos de estar. E estamos. Podia ser uma ameaça, mas tornou-se numa ferramenta. Em termos de grupo, o digital já representa 40 a 45% de quota de mercado. Está a evoluir a uma velocidade vertiginosa. Temos o Expresso, que é um case study: conseguimos não perder circulação do jornal porque temos quase 20 mil pessoas que o assinam digitalmente. O Expresso quase não tinha assinantes, primeiro porque não cabe na caixa do correio, depois ao sábado não havia correio, ainda tentámos a distribuição porta a porta, como nos

Estados Unidos, mas é um modelo que não resulta cá. E, talvez por isso, foi rápido aumentar o número de assinantes em 100%. Já a Visão não, mais de 50% das vendas são de assinantes. Briefing | A propósito de Expresso e de Visão, há cada vez mais cruzamento entre as marcas do grupo. É esse o caminho? MB | Acreditamos que o futuro do grupo passa pela transversalidade. As marcas têm de se cruzar. O Ricardo Costa é o diretor de Informação do grupo, eu sou diretora de Marketing do grupo. Faz todo o sentido. E é por isso que, no início do próximo ano, nos vamos mudar para o edifício do Expresso. Estarmos juntos fisicamente vai facilitar muito essa integração, será mais um passo para consolidar fluxos de trabalho e até para a transformação tecnológica do grupo.

“A primeira vez que os portugueses se viram na televisão foi na SIC, no Jornal da Noite, na Praça Pública, no Ponto de Encontro, no Chuva de Estrelas” - 32 Briefing 2017 -


vida

A DEPOIS DO ESCRITÓRIO. Out of Office é o mais recente título da NewsEngage, editora da Briefing. Entrevistas, sugestões, dicas e reportagens para uma leitura descontraída, saboreada sem pressas ou tempo contado. Para que se desligue do trabalho. Revista encartada com Advocatus, Briefing e Médico News.


© Paulo Alexandrino

Produção

Tropa de elite É a expressão que Telma Alfredo, a responsável pela Krypton International, utiliza para definir o mercado internacional de serviços de produção. Há um grau de exigência maior quando se recebe em Portugal uma equipa estrangeira para uma produção publicitária. Desde o início do ano, a nova área de negócio já captou duas campanhas – uma do El Corte Inglés e outra da Samsung. Mais estão na calha.

À

beira de completar 30 anos, a Krypton lançou-se em 2017 numa nova área de negócio – a captação de produções internacionais para Portugal. Trata-se da Krypton International, que se apresenta como um facilitador e parceiro de quem pretenda realizar filmes em território nacional. Telma Alfredo, que já havia trabalhado com a produtora, regressou para assumir o projeto. Na prática, constituiu a entrada oficial da produtora

no segmento dos serviços de produção, uma vez que a Krypton já era solicitada por clientes internacionais. Houve necessidade, como explica Telma Alfredo, de autonomizar o negócio: “O mercado internacional dos serviços de produção funciona de maneira totalmente diferente do mercado nacional. Há um registo e uma exigência diferentes. É, como costumo dizer, tropa de elite”. O que acontece é que “há toda uma equipa estrangeira que vem para Portugal, desde a agência ao cliente, requerendo uma atenção especial, uma dedicação quase 24/7, desde

que aterram em Lisboa temos de estar disponíveis, é uma intensidade diferente”. A Krypton já conhecia o mercado dos serviços, simplesmente não trabalhava nele de uma forma sistemática. E o primeiro trimestre do ano saldou-se por dois projetos, ambos filmados em Lisboa. A estreia aconteceu com a campanha de primavera do El Corte Inglés, que colocou 150 figurantes femininas a correr pelas ruas da cidade. Seguiuse uma campanha para a Samsung de promoção de uma máquina de lavar roupa. As filmagens aconteceram em interior, num bar e em

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casas, sendo o mercado norte-americano o primeiro a ver o filme. Os contactos têm-se sucedido, tendo a Krypton International vários orçamentos em mãos. E o que tem Portugal de tão atrativo para ser escolhido para uma campanha internacional? Telma Alfredo elenca os atributos: uma excelente luz, dez horas de luz no inverno, diversidade de paisagens, diversidade de castings. E, claro, custos inferiores aos de outras localizações, desde logo a vizinha Espanha, também muito procurada para filmagens publicitárias. Não é


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o que oferece a Krypton International? “Os recursos humanos e técnicos de uma produtora com 30 anos de experiência”

só Lisboa: o Porto, o Algarve, a costa vicentina também são localizações apetecíveis. E o que oferece a Krypton International? “Os recursos humanos e técnicos de uma produtora com 30 anos de experiência”. De fora ficam os realizadores, porque, esses, são da produtora internacional que contrata a equipa portuguesa. Mas a pesquisa de locais e a seleção dos figurantes e dos protagonistas, quando é o caso, tem mão de Telma Alfredo: “Recebemos o script, em que é explicado o filme, e, em função disso, fazemos a pesquisa de locais, embora a palavra final seja da produtora. Fazemos também o casting, pois temos uma excelente oferta, com todos os géneros de pessoas, multiculturais. Muitas vezes os protagonistas das campanhas são portugueses. Quando têm de falar outra língua, são estrangeiros, mas também temos estrangeiros a viver em Portugal que fazem os nossos castings”. Nas localizações, Lisboa continua a dominar: “Está na moda, definitivamente. Temos muita variedade de décors – cidade,

campo, praia, monumentos, palácios, castelos… Já se filmou de tudo em Lisboa”. A escolha dos locais e das pessoas é, de certa forma, o contributo criativo da Krypton para as campanhas, mas, à medida que a produção avança, a equipa portuguesa também dá o seu input, ”há sempre interação”. E se Lisboa está na moda para filmagens publicitárias, a verdade é que a própria Krypton International acaba por promover o destino, na medida em que procura proporcionar a melhor experiência possível à equipa estrangeira, dando-lhe a conhecer a cidade, mas também Sintra, Cascais, Ericeira. “Já vêm muito aliciados por Lisboa, já acham que é uma cidade fantástica, depois é chegar cá e comprovar. O que é fácil, porque adoram a comida, a meteorologia…”. A promoção acontece, mesmo que os cenários da campanha não remetam necessariamente para Portugal: é o caso do filme da Samsung, todo gravado em interiores. Aqui não jogaram os trunfos da paisagem ou da luz: “O casting era mais interessante cá”. Quanto ao potencial desta área de negócio, Telma Alfredo começa por lembrar que ainda está a dar os primeiros passos, sejam embora passos positivos: “Estamos a começar bem, já fizemos dois filmes, estamos a orçamentar mais, mas ainda é cedo. Mas claro que tem potencial, dois filmes no início do ano é fantástico”. O objetivo agora é crescer, sabendo que há outras produtoras de serviços no mercado e há mais tempo. A diferenciação, diz, passa pela proposta de valor – “é a única maneira possível”. Quanto à ambição para este primeiro ano, a responsável pela nova unidade de negócio prefere não concretizar: “Comecei

por não estabelecer muitas metas, para não ficar frustrada. Está a correr bem. É um orçamento de cada vez”. Mas acredita que a experiência que as equipas estrangeiras levam de Lisboa e de Portugal as fará voltar. “Gostam

sempre. É uma porta aberta para futuros filmes”. A isso acresce “o profissionalismo, a dedicação e disponibilidade, e o know-how” dos profissionais portugueses. “Só tenho tido boas experiências”. É este cartão de visita que vai levar a Cannes, em junho.

BI Telma Alfredo é licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa. E foi no último ano do curso, com o Erasmus no Dublin Institute of Cinema, que ficou claro em que área queria trabalhar. Depois de um estágio na Valentim de Carvalho, fez televisão durante algum tempo até que, em 2003, entrou no

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mundo da publicidade. E entrou pela porta da Krypton, desde então estando sempre ligada à produção. Uma pausa, por razões pessoais, interrompeu esta ligação, retomada agora com o convite para liderar a Krypton International. Que aceitou precisamente pelo desafio subjacente, o de criar um departamento de raiz.


CRIATIVOS NO MUNDO

Um rocket man português no Dubai “Uma criança a desembrulhar presentes na noite de Natal”. É assim que João Flores fala quando se trata de trabalho. Planeia chegar à lua, vive no Dubai e regressou a Portugal em fevereiro, mas só por dois dias para o aniversário da filha, pois “há que continuar a construir o rocket”. Com uma carreira de futebolista profissional deixada pelo caminho, João Flores admite que nunca esqueceu os testes que fez em criança, que prenderam a criatividade e a imaginação “como uma pulga atrás da orelha”. Concretizou o sonho de muitos rapazes e aos 16 anos era “craque” da bola,

mas a contínua sensação de vazio e insatisfação, que confundia com a “ambição de ir mais longe futebolisticamente”, falaram mais alto. Hoje sabe que o que lhe faltava em jovem era a criatividade publicitária, que diz ter alcançado “depois, quando já era gente”. “No dia em que tive

uma epifania. Tinha 23 anos, estava no início da 2.a época a jogar na Holanda, digamos que foi a última oportunidade que dei à minha carreira no futebol”, conta. Seis meses depois, através do curso profissional que começou na ETIC, entrava na Lowe Portugal como copy junior. “É até hoje

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o dia mais feliz da minha vida profissional, senti-me a entrar no meu mundo”, refere. Deste então, já venceu um Leão de Ouro em Cannes – tinha apenas dois anos de profissão – e teve a hipótese de trabalhar em multinacionais como a Lowe, a Ogilvy, a BBDO e a Cheil. Agora, na Horizon FCB Dubai, em ano e


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meio passou de senior copywriter a creative director, depois a senior creative director e agora a executive creative director. A necessidade de mundo levou-o a deixar Portugal. Explica que, ao crescer e amadurecer profissionalmente, foi-se também sentido “mais enclausurado”, pois “o mercado em Portugal é pequeno”. Admite que levou “anos a desatar o nó”, mas que depois foi rápida a ida para o Dubai. “O processo de contratação demorou cinco dias. Duas semanas

“neste momento, a lua não me parece ser compatível com o nosso mercado português”

depois apanhei um avião”, recorda. Mal deu conta já estava contagiado com o “ritmo frenético de uma cidade que vive 24 horas por dia, a fantástica diversidade cultural e gastronómica, assim como a excelente localização que permite viajar para outros destinos com mais facilidade”. Ainda assim, a saudade faz-se sentir, “sobretudo pela filha”, que vai acompanhando pelo Instagram, WhatsApp e Skype. Também a restante família e amigos e o “sunset dourado de Lisboa a bater no Tejo” lhe fazem falta, mas foca-se no trabalho porque foi no Dubai que encontrou o “hub internacional onde não existem sonhos impossíveis”. “Os meus olhinhos brilham de felicidade por uma ideia”. E é com base nessa felicidade que João

“Marketismos” iguais, países diferentes Apesar do “enorme” valor criativo e empresarial que existe nas agências portuguesas, João Flores realça que há falta de mercado. Reconhece a “projeção internacional e evolução” que o mercado publicitário português teve nos últimos anos, mas acrescenta que só quando se entra numa agência que “verdadeiramente trabalha vários mercados internacionais” é que isso se entende. Hoje trabalha com pessoas de 40 nacionalidades. “Mesmo

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sendo os marketismos e terminologias os mesmos, imagine-se só as diferentes formas e perspetivas de ver o mundo. A pluralidade do pensamento. A diversidade cultural, estética e conceptual”, conta. Realça ainda que no seu trajeto em Portugal teve a “felicidade” de se cruzar com pessoas “especiais” que, ainda hoje, considera amigos e mentores. “Pessoas raras com quem aprendi todos os dias”.


CRIATIVOS NO MUNDO

Flores diz acreditar em ideias e não em formatos. “Os formatos são meros meios para divulgar essa ideia”, afirma. Um criativo tem de ser um contador de estórias que acrescentem realmente algo à vida das pessoas e das marcas. Terá sido esse mindset que cativou o interesse da FCB pelo seu trabalho. É que, diz, “para continuar a crescer, o produto da FCB tem que ser focado em ideias, ideias provocadoras e intangíveis, histórias contínuas que imaginem e criem novos comportamentos”. João Flores destaca a visão e a generosidade como elementos fundamentais para se chegar a diretor criativo. “Uma visão que inspire criatividade” e generosidade para com as pessoas com quem se partilha o caminho. Realça

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também o trabalho árduo, realização, reconhecimento profissional e a importância das conquistas diárias como elementos fundamentais para “chegar ao topo” desta indústria. Apesar de já ter trabalhado em várias multinacionais e em duas das “mais importantes agências nacionais, BAR e NIU,” e de ter tido a oportunidade de trabalhar as “melhores marcas”, João defende que para todas as marcas são possíveis bons briefings. O desafio de “transformar um briefing enfadonho numa ideia provocadora” é uma sensação gratificante e o que o faz gostar dos mais pequenos e complexos projetos, que a maioria dos criativos “bufa para não ter que fazer”. “A minha ambição é chegar à lua”, conta. E é por isso que o wallpaper do

computador é uma imagem de uma tela em branco, para o lembrar que “há que começar de novo. Ontem já foi. Amanhã é amanhã. Hoje é sempre o dia”. Neste momento, diz estar onde quer e que “o futuro todos os dias é chegar à lua”. “Ainda há um longo caminho a percorrer para chegar à lua. E neste momento, a lua não me parece ser compatível com o nosso mercado português”.

“Um criativo tem de ser um contador de estórias que acrescentem realmente algo à vida das pessoas e das marcas”

Terapia Para João Flores, foi “um privilégio e uma oportunidade” fazer parte do júri “de personagens” do Cristal Festival. “Com visões icónicas e uma profunda dedicação à nossa arte. Tenho a certeza que nos vamos ainda cruzar todos várias vezes, tal foi o impacto e a integridade com que abordámos o festival”, refere. João esteve encarregue de avaliar os trabalhos em “Film,

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Film Cratf e Radio” naquele que considera ser “um festival que quer ser sinónimo de credibilidade criativa” e que visa distinguir o que de melhor se faz internacionalmente em comunicação e publicidade. Acrescenta que a experiência foi uma “memorável terapia profissional” depois de três dias a partilhar ideias numa montanha cheia de neve nos Alpes franceses.



© Fernando Veludo

o escritório de

Hugo Pinto e Diogo Pinheiro Sem a figura comum de diretor criativo, a própria arquitetura, em open space, reflete o método da agência digital portuense: dar espaço à equipa para produzir. É assim a Legendary, segundo os fundadores e managing partners, Hugo Pinto e Diogo Pinheiro “Um caos organizado”. Parece contraditório, mas é assim que os fundadores e managing partners Hugo Pinto e Diogo Pinheiro definem a agência que dá pelo nome de Legendary. Isto porque, explicam, “há várias coisas espalhadas por todas as secretárias, no entanto, quando é preciso encontrar alguma coisa” a missão é sempre bemsucedida. Talvez também porque uma mudança de morada, motivada pelo crescimento da equipa, levou a que conseguissem deixar para trás “algumas

coisas”, mantendo “o novo escritório apenas com o essencial”. Nasceu na rua do Coliseu do Porto, em 2013, como uma agência digital, com a ambição de aliar a tecnologia, a comunicação e a criatividade para, assim, colmatar necessidades apresentadas pelas marcas, com serviços desde a ativação digital ao marketing de performance e marketing relacional. Fora do “grande círculo de agências que existe em Lisboa”, a aposta explica-se pela vontade de posicionar a Legendary como “uma alternativa no

mercado a norte”, o que, afirmam, só seria possível com uma oferta full-service. Também o funcionamento não é igual ao de “uma agência criativa comum, em que há alguém que dá a linha de orientação para as várias campanhas”. Em vez da figura de diretor criativo, os fundadores preferem “dar espaço à equipa” e acompanhar o trabalho de uma forma mais global. Dois anos e uma mudança depois, decidiram apresentar-se ao mercado, quando a agência já exibia “alguma relevância”, tendo

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para isso contado com marcas como Worten, Parfois, Porto Editora, KIA Portugal, Fórum Aveiro, Dolce Vita e Sonae. “Tínhamos como objetivo ser a agência de referência no Porto e acreditamos que o alcançámos”. Ao entrar na agência que agora ocupa o n.º 39 da Rua Augusto Rosa, uma ilustração de Andy Calabozo dá as boas-vindas. “Representa o espírito da Legendary”, referem. Apesar da existência de uma sala ocupada pela direção, a estrutura é open space


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e toda a equipa está em contacto. É por isso que a marca dos que ali habitam está por todo o espaço: “Somos caóticos e vivemos a mil, mas conseguimos que o escritório seja um reflexo da criatividade e irreverência que nos carateriza”. Uma maneira de estar que é transversal no tempo, com os fundadores a admitirem que ali estão sempre todos “na brincadeira”, embora toda a hora seja hora de criar. “Está sempre alguém a resolver um desafio e para estimular o ambiente criativo temos uma playlist colaborativa no Spotify com 50 horas de música”. E quando a melodia não resolve, há várias zonas “espalhadas” pelo escritório onde “a malta pode relaxar”. E, se mesmo assim, a criatividade tardar a aparecer, há sempre a vista das “várias janelas” para apreciar: “Além do nosso belo Porto, ainda conseguimos ver a Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia”. Como há sempre uma exceção à regra, a da Legendary está na secretária dos fundadores, que é “a mais arrumada do escritório”. Ali pode-se tudo, principalmente “ter ideias”, sejam elas boas ou más. A única coisa proibida é apenas o uso dessa palavra…

“Já lhe restam poucas cordas e no máximo só foi usada para os acordes iniciais da “Seven Nation Army”, The White Stripes. A nossa guitarra merecia uma carreira mais digna e é por isso que lançamos o pedido: quem nos quiser visitar e mostrar o seu talento, é bem-vindo. Só tem de trazer as cordas”.

“O Gato Chinês nunca teve pilhas, mas continua numa luta titânica para nos saudar todos os dias. Quando a Duracell quiser substituir os coelhos tem aqui a próxima personagem”.

A boneca insuflável também já faz parte da Legendary e está sempre presente no escritório.

Caneta, bloco de notas, óculos de sol têm lugar cativo na secretária de ambos os fundadores – são do Diogo, “mas é um bem comum a todos”.

“A campainha com o som mais irritante que uma das copywriters já escondeu 23634 vezes. Aparece sempre nos sítios mais inesperados”.

Uma das “várias janelas” com vista para… o Porto.

A Farrusca, o membro de quatro patas da equipa. “Toda a gente fica triste quando ela não vem trabalhar”. - 41 Briefing 2017 -


opinião

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Think customer or die Agora, são os consumidores que ditam as regras. Procuram interações personalizadas e conversas com as marcas. Entender as suas necessidades, saber trabalhá-las estratégica e criativamente e implementá-las numa lógica de omnicanal faz com que os consumidores se sintam envolvidos, nas várias plataformas onde acedem. Torna-se imperativo a garantia de que a experiência seja coerente e consistente. Para quem ainda pensa que trabalhar marcas é pensar em Cross Channel, Multi Channel ou Omni Channel, é melhor que pare e é bom que seja agora. Já deveríamos ter começado a pensar Consumidor. Porquê? Porque estamos na 4.ª Era das Marcas, a Era do Eu. Onde tudo muda a uma velocidade tão grande que rapidamente estaremos a viver, de forma permanente, em versão Beta. Os consumidores não pensam nas marcas em termos de canais e esperam o mesmo envolvimento de serviço, oferta e experiência em cada ponto de contacto, independentemente de como interagem com a marca. Quem o faz bem, consegue trabalhar sobre o engagement criado, e aceder ao bem mais precioso desta nova era: a “data” dos seres humanos. Dentro de 3 anos, o mercado da Big Data irá valer cerca de 57,3 biliões de dólares, e este valor poderá quase que duplicar até 2026. Estima-se que a população mundial atinja os 7,2 biliões em 2020, o que significa 50 biliões de equipamentos ligados, numa média de 6,8 equipamentos por utilizador. Agora, são os consumidores que ditam as regras. Procuram interações personalizadas e conversas com as marcas. Entender as suas necessidades, saber trabalhá-las estratégica e criativamente

“As agências criativas do offline e do online perderão muito rapidamente a sua validade. Mais do que uma readaptação das estruturas, é urgente uma mudança de mentalidade, sobretudo na forma como as equipas estratégicas e criativas têm que pensar comunicação de marca”

e implementá-las numa lógica de omnicanal faz com que os consumidores se sintam envolvidos, nas várias plataformas onde acedem. Torna-se imperativo a garantia de que a experiência seja coerente e consistente, sempre que existe contacto com a marca. Aqui, é fundamental a ajuda dos especialistas em comunicação. As agências criativas do offline e do online perderão muito rapidamente a sua validade.

Mais do que uma readaptação das estruturas, é urgente uma mudança de mentalidade, sobretudo na forma como as equipas estratégicas e criativas têm que pensar comunicação de marca. De outra forma não conseguirão ajudar os seus clientes a navegar neste novo mercado. A quebra de preconceitos de comunicação e o rompimento das campanhas de marketing tradicionais são desafios difíceis para algumas estruturas. É uma mudança que exige o buy-in de toda a organização e uma mudança na cultura das empresas, nos clientes e nas agências criativas. Ajudar os clientes a pensar “Porquê, em vez que “O quê”, ajudá-los a fazer o salto das práticas centradas no negócio para as centradas no cliente, são algumas das obrigações que as agências têm que ter para com os seus clientes. As agências criativas mais ágeis nesta mudança serão aquelas que já incorporam um ADN de multidisciplinaridade com capacidade de criar novos modelos de trabalho criativo. Dentro das agências, tudo isto significa novas estruturas, novas pessoas e novos processos de trabalho, sendo que tradicionalmente estão organizadas por competências e canais. A equipa de estratégia está muitas vezes separada da equipa de engenharia e áreas

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Rita Baltazar Partner da By

como o marketing digital estão limitadas apenas ao canal online. Este desafio exige-nos uma estrutura com equipas multifuncionais, inteligentemente articuladas. Precisamos de contratar pessoas que tenham trabalhado no lado do cliente, pessoas com experiência em design de lojas, merchandising e distribuição. É urgente colocá-las lado a lado com gestores de projeto, developers e criativos. O tempo está a esgotar-se para as agências que ainda trabalham como no passado. Os consumidores depressa deixarão as marcas que não estiverem onde eles estão. Assim como os clientes e as marcas farão o mesmo com as agências.


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PESSOAS

FREDERICO ROQUETTE

É o mais recente membro da direção da Image Partners Network, ficando responsável pela gestão da rede, em parceria com os representantes de agências da Bélgica, Suíça e Alemanha. Acumula com a direção criativa da 9 The Creative Shop, agência da qual é fundador.

MANUEL ARNAUT

Assume o cargo de diretor da Vogue Arábia, tornando-se responsável por uma equipa multicultural e multilingue. Deu início à carreira na Vogue Portugal, depois foi editor da GQ Portugal, teve algumas participações na Vogue e GQ Brasil e dirigiu o lançamento da Architectural Digest no Médio Oriente.

ANTÓNIO CARLOS CARVALHO

Foi anunciado como novo diretor de Marketing e Inovação da Lusitânia Seguros, integrada no Grupo Montepio. Estava há três anos ligado à área de desenvolvimento de produtos e inovação da seguradora, tendo já passado pelo planeamento comercial e pela dinamização de redes.

MARCO PULIDO

É o novo supervisor criativo da Born. Esteve os últimos cinco anos na BAR, mas também já passou por agências como a Strat, Normajean, BBDO e Young & Rubicam. Pelo caminho conquistou prémios em festivais nacionais e internacionais, tais como o Clube de Criativos, Prémios Eficácia, El Ojo de Iberoamérica, ADCE, Festival de Maputo e Lusos.


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NOTíCiAS João Coutinho conquista a Y&R da América do Norte

O português João Coutinho é o primeiro diretor criativo executivo da Young & Rubicam para a América do Norte. A CCO da multinacional, Leslie Sims, explicou que foi escolhido por ser detentor de um “espírito criativo absolutamente contagioso” e por ser “a força por trás das ideias que se tornaram parte da cultura e que, verdadeiramente, tocaram e envolveram pessoas em todo o mundo”. Entre os trabalhos a que se refere

está “Guns with History”, um dos que elevou a Grey, empresa de onde transita, ao patamar das agências mais premiadas em Cannes. Neste novo cargo, João Coutinho fica responsável por gerir o trabalho criativo da rede, mas também coordenar os esforços de new business na região. Antes de aceitar o novo cargo, esteve desde 2014 na Grey de Nova Iorque, antes disso, trabalhou na Ogilvy Brasil. Em Portugal, integrou a BBDO, a JWT e a Lowe.

O White Studio trouxe um prémio dos D&AD O White Studio, estúdio de design de Eduardo Aires, arrecadou um prémio na última edição dos D&AD, o festival dedicado ao design e à direção de arte na publicidade. Esta foi a única distinção para um trabalho português. O estúdio portuense conquistou um Wood Pencil na categoria Graphic Design pelo trabalho feito para a Avery Denninson, mais

especificamente, o rótulo para a marca Brutus Gin. Os prémios foram entregues em Londres, tendo sido distinguidos mais de 730 trabalhos. De entre eles foram atribuídos cinco Black Pencils, a distinção máxima do festival. A BBDO de Melbourne foi a agência mais premiada, com 13 lápis, e o Studio Sutherl& foi a agência de design com mais troféus, oito no total.

A UMA, estúdio de design criado por Gonçalo Cabral e Teresa Nunes, assina a identidade gráfica da renovada marca Paraguay. O design foi inspirado pela fertilidade económica do país latino-americano, e tem um domínio das cores verde e azul. A identidade e a linguagem gráfica foram baseadas em três grandes características – crescimento económico,

oportunidades de negócio e riqueza natural e humana. O projeto foi criado para o consórcio formado pela Bloom Consulting, que desenvolveu a estratégia de Marca País, e pela empresa paraguaia Kausa, que concebeu a campanha de publicidade. Esta marca visa promover o potencial do Paraguai para atrair investimento estrangeiro.

UMA empresta criatividade ao Paraguay

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Há jurados portugueses no Cannes Lions

E a marca nacional mais empática é…

O Continente é a marca nacional mais referida, considerando a recordação espontânea, no estudo sobre a empatia das marcas em Portugal da comOn. O relatório “Who Cares” teve como objetivo conhecer a perceção dos portugueses sobre a capacidade de as marcas responderem às necessidades, sentimentos e dificuldades do público-alvo. Depois das 353 menções do Continente, surgem o Pingo Doce (255), a Nestlé (191), em quarto o Lidl (121) e a completar o Top 5 das marcas portuguesas mais empáticas está a MEO (100).

Considerando o total das 50 marcas analisadas neste estudo, a Google foi aquela que os portugueses consideraram ter mais empatia, independentemente do género, idade, rendimento, educação e região de Portugal. O estudo conclui que o grau de empatia de uma marca pode estar associado ao valor de mercado e que as marcas mais empáticas parecem ser as mais úteis. Acrescenta ainda que os preços baixos e o maior volume de investimento publicitário podem influenciar, mas não são suficientes para criar mais empatia com os consumidores.

A edição deste ano do festival Cannes Lions, a decorrer de 17 a 24 de junho, na cidade que lhe dá o nome, conta com três representantes da criatividade nacional entre os jurados: Filipa Caldeira, Rui Silva e Salvador da Cunha. Filipa Caldeira, CEO da Fullsix Iberia, vai avaliar os trabalhos candidatos na categoria de Direct, cujo júri é presidido por Ted Lim, chief creative officer da Dentsu Brand Agencies (APAC). Já Rui Silva, presidente

e chief creative officer da BBDO, terá a tarefa de escolher os vencedores em Promo & Activation. A este júri preside Stéphane Xiberras, presidente e chief creative officer da BETC (França). Quanto a Salvador da Cunha, CEO da Lift Consulting, integra o júri de Public Relations, liderado por Karen van Bergen, chief executive officer do Omnicom Public Relations Group, dos Estados Unidos.

Cinco Graphis para Portugal Na última edição dos Graphis Awards, foram entregues cinco prémios a projetos de portugueses, na secção Poster Annual 2018. A João Machado Design conseguiu conquistar três prémios, um ouro pelo conjunto de posters para o Ogaki Poster Museum e duas pratas, uma por um projeto para a Unknown Design e

a outra com trabalhos para o próprio ateliê. A terceira prata distinguiu o Atelier D’Alves, com o trabalho desenvolvido para o Cultura em Expansão, da Câmara Municipal do Porto. E o mérito foi atribuído a Elias Marques & Sérgio Correia, com um projeto para a Escola Superior de Artes e Design (ESAD).

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MONTRA

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SIMPLES E ELEGANTE A Lorus acaba de lançar uma nova coleção feminina que é um exemplo de simplicidade aliada à elegância. Com caixa de 30 mm e movimento de quartzo de três ponteiros, esta coleção destaca-se pelo mostrador sunray discreto com um toque de requinte dado pelo brilhante que serve de marcador para as 12 horas. Com bracelete em aço, existem três versões disponíveis: prateada, rosa ou bicolor. Um relógio perfeito para mulheres elegantes que preferem peças minimalistas.

A EXCELÊNCIA NUM ACESSÓRIO

O OLHAR DE PAULA ECHEVARRIA A Hawkers associou-se a Paula Echevarria para criar uma coleção exclusiva de óculos de sol. A participação da atriz e modelo envolveu o desenho, as formas e as cores. Isto para que fosse possível representar as suas diferentes facetas: um look roqueiro, divertido, veraneante ou até mesmo sensual. Todos os óculos desta coleção têm lentes polarizadas e são fabricados em TR9, um polímero de alta qualidade que proporciona leveza, elasticidade e alta resistência a pressões e riscos. As cores também foram combinadas de uma forma muito seleta, entre brilhantes e estivais.

Aprecie o tempo a passar com o novo modelo da coleção Potenza – é a proposta da Maserati Time. Um relógio masculino, com caixa em aço inoxidável, bracelete em couro e mostrador em madeira. Isto tudo pensado para completar um estilo urbano e contemporâneo. Os tons castanhos e detalhes prateados tornam este um relógio versátil para ocasiões formais ou informais.

PARA OS CORREDORES MAIS EXIGENTES

ALENTEJO EM ESTADO LÍQUIDO

Chegou ao mercado o novo Running Dynamics Pod da Garmin, um pequeno equipamento que regista seis dados de dinâmica de corrida. É um dispositivo leve, possível de prender à cintura e que se ajusta a todos os movimentos do atleta sem interferir nas provas e treinos. Além disso, é possível sincronizar os dados registados com um dispositivo compatível. Este é um gadget a pensar nos amantes de corrida que gostam de controlar os objetivos.

O Esporão acaba de lançar as colheitas de 2016 em dois brancos. O primeiro é o Verdelho, da casta que dá nome ao vinho, um branco com um aroma intenso e com notas frutadas de maracujá, tangerina e lima. O segundo é o Duas Castas, por combinar as castas Roupeiro e Viosinho e que culmina num sabor com notas cítricas, finas e complexas com ligeiras nuances florais. O paladar é intenso e realçado pelo final longo, fresco e persistente. Estes dois brancos são uma boa escolha para quem prefere o aroma que traduz solos e clima do Alentejo. - 46 Briefing 2017 -



montepio.pt Para mais informações visite-nos. CAIXA ECONÓMICA MONTEPIO GERAL (CEMG), caixa económica bancária, entidade com capital aberto ao investimento do público, com o capital institucional de 1.770 milhões de euros, registada na Conservatória do Registo Comercial de Lisboa sob o número único de matrícula e de pessoa coletiva 500792615, com sede na Rua Áurea, números 219 a 241, freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa.


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