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Testemunho
Ana Duarte
Luís Geraldes, 64 anos, conhece bem os cantos à Brisa. Está na empresa há quase 35 anos. Começou como portageiro, ao mesmo tempo que tirava Direito, no curso nocturno. Chegou a director jurídico, função que enaltece pela possibilidade de prevenir situações de litígio
Ramon de Melo
Conhecer os cantos à casa
O percurso de Luís Geraldes na Brisa é, no mínimo, invulgar: o seu primeiro trabalho na empresa foi como portageiro, hoje é o coordenador da direcção jurídica. A sua entrada na empresa deu-se em 1977, quando, acabado de regressar a Portugal, depois da infância e juventude em Moçambique e já com família constituída, se viu sem trabalho. Por um acaso, surgiu o emprego numa portagem - aceitou e nunca mais abandonou a empresa. A sua história com o Direito começou ainda em Moçambique. Era o curso que queria seguir, mas não existia no país. Aliás, na altura da es18
Outubro de 2011
colha entre Letras e Ciências, ainda no liceu, foi obrigado a optar por Ciências, porque era a única área existente. A alternativa seria estudar no Continente… Acabou por ingressar em Engenharia Electrotécnica, mas facilmente percebeu que não tinha “jeito nenhum para aquilo”. Desistiu, na convicção de que gostava mesmo era de Direito. Já a trabalhar e casado, resolveu “arrepiar caminho”. Inscreveu-se na Universidade de Coimbra para fazer o curso à distância. Entretanto, a licenciatura abriu em Moçambique, mas, em simultâneo, dava-se uma reviravolta política e Luís Geraldes
era obrigado a regressar a Portugal. Ainda recebeu uma oferta de emprego da Shell, para a África do Sul, mas preferiu voltar ao país de onde saíra aos dois anos. Começou a trabalhar na portagem da Brisa, até agora a sua única “entidade patronal” em Portugal. E ingressou finalmente no curso nocturno da Faculdade de Direito de Lisboa. Frequentava o último ano quando a Brisa decidiu reforçar o núcleo jurídico. Concorreu e foi seleccionado. Deixou a portagem e passou a apoiar o advogado do núcleo dando pareceres internos. Formou-se em 1980. O estágio profissional realizou-
-o com Carlos Palhinha, advogado do Entreposto, após o que passou a exercer advocacia no escritório do professor Dias Marques, de quem recorda com saudade a grande cultura jurídica, a capacidade de trabalho e o apoio que, em termos técnicos, sempre disponibilizou aos colegas que com ele colaboravam. Foi “uma fonte de inspiração”. Em 1989 a Brisa criou uma direcção jurídica autónoma e convidou Luís Geraldes para geri-la. Teve então de optar entre a advocacia de empresa e a advocacia privada - escolheu a primeira. Foi uma decisão muito ponderada, até porque ainda hoje O agregador da advocacia