Apoteose caseira do Mateus Rosé

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Vinho

Francisco Ferreira ceo Sogrape Vinhos

Em 2009, a variante monocasta Mateus Rosé Aragonês foi o segundo rosé mais vendido entre nós, logo a seguir à versão original. E em 2010, para além de manter as duas primeiras posições no ranking dos rosés, o Mateus Rosé Sparkling liderou o mercado de espumantes Brutos Rosés. É a apoteose “caseira” que faltava a um campeão mundial!

Apoteose caseira do Mateus Rosé Quando criou a Sogrape, em meados de 1942, Fernando van Zeller Guedes acreditava piamente que valia a pena apostar na colocação de um vinho de mesa português no mapa mundial. Uma ousadia que logrou transmitir a um grupo de amigos/accionistas, pelos vistos nada incomodados com o facto de se estar em plena Guerra Mundial, e de os nossos vinhos serem então uns ilustres desconhecidos além-fronteiras. Mas o fundador da Sogrape tinha uma carta na manga a que chamou Mateus Rosé – uma das escassas marcas verdadeiramente globais de que Portugal se pode orgulhar. Um vinho nascido em 1942, mas já rodeado dos principais atributos que os gurus do marketing consideram hoje vitais para a afirmação global de uma marca, sublinhando assim o espírito visionário do seu criador. Fernando van Zeller Guedes sabia que era imprescindível fazer um vinho diferente e inovador, capaz de cativar a atenção e conquistar a preferência dos mercados internacionais. Missão difícil? Claro que sim. Mas o génio e o empenho operaram o milagre: aquele que viria a ser o mais famoso vinho rosé do mundo depressa projectou o seu nome e imagem pelos cinco continentes, marcando presença em 125 países com vendas que atingem dezenas de milhões de garrafas por ano. Para quem gosta destas coisas das marcas, valerá a pena atentar nesta história de sucesso, iniciada quando Eugène Hellis, um enólogo de Bordéus instalado em Portugal, foi desafiado a colaborar na concepção de um vinho jovial, leve e fresco, ligeiramente doce e petillant, fácil de beber 16

Fevereiro de 2011

“Os portugueses já hoje pensam Pink e aplaudem a diversificação da oferta de Mateus”

Fiel à máxima de que “primeiro fazemos amigos, depois negócios”, o fundador da Sogrape cimentou relações duradoiras, assentes na amizade e em princípios éticos inatacáveis, com grandes retalhistas e casas distribuidoras nos mais diversos mercados

e que se adequasse ao gosto das gerações mais jovens e das mulheres, então fãs de uns vinhos brancos adocicados, oriundos, precisamente, da região de Bordéus. Depois, num rasgo de criatividade, o fundador da Sogrape convenceu um industrial vidreiro da Fontela (Figueira da Foz) a produzir uma estranha garrafa, baixa e bojuda, inspirada nos cantis dos soldados da I Guerra Mundial, que, para além de ser um notório factor de diferenciação, tinha o condão de “convidar” o retalho a colocar o Mateus na primeira fila das prateleiras ou dos expositores, sob pena de a garrafa baixinha se tornar invisível. Finalmente, levou a bom termo negociações com os proprietários do Palácio de Mateus, para que a imagem do belo edifício pudesse surgir no rótulo, emprestando-lhe um toque de autenticidade, tradição e nobreza, valores “aspiracionais” muito relevantes na época. Um vinho diferente, uma garrafa diferente e um rótulo diferente chegariam para construir uma marca global? Faltava um elemento crucial numa estratégia de sucesso: a distribuição. Fernando van Zeller Guedes montou de raiz uma rede de distribuição internacional baseada em ligações pessoais garantidas pela sua espantosa capacidade para fazer amigos, graças a um fino trato, a uma irradiante simpatia e a um impecável domínio de vários idiomas. Fiel à máxima de que “primeiro fazemos amigos, depois negócios”, o fundador da Sogrape cimentou relações duradoiras, assentes na amizade e em princípios éticos inatacáveis, com grandes retalhistas e casas distribuidoras nos mais

diversos mercados, com destaque, pela sua importância, para o inglês e o norte-americano. Fruto destas parcerias, Mateus Rosé beneficiou, nas décadas de 60 e 70, de permanentes campanhas internacionais de relações públicas e publicidade que o tornaram num verdadeiro caso de estudo em diversas universidades. Foi esta fantástica herança de Fernando van Zeller Guedes que os seus descendentes, agora na terceira geração, têm sabido preservar e consolidar. Exemplo disso foi a premiada campanha de relançamento da marca Mateus, em 2002, com o slogan Drink Pink, uma acção que repôs meio mundo a pensar rosé e contribuiu, decisivamente, para impulsionar o consumo neste segmento, incluindo em Portugal, onde os rosés eram menosprezados. Fiel aos princípios de enfoque nas preferências dos consumidores, a marca alargou recentemente a sua oferta com variantes monocasta de diferentes origens e, mais recentemente, um vinho espumante que integra uma gama atractiva a uma cada vez maior base de consumidores. Pois bem, também os portugueses já hoje pensam Pink e aplaudem a diversificação da oferta de Mateus, sendo de salientar que, em 2009, a variante monocasta Mateus Rosé Aragonês foi o segundo rosé mais vendido entre nós, logo a seguir à versão original. Novidades frescas, em 2010: para além de manter as duas primeiras posições no ranking dos vinhos rosés, Mateus Rosé Sparkling veio também liderar o mercado de espumantes Brutos Rosés. É a apoteose “caseira” que faltava a um campeão mundial! O agregador do marketing.


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