Director: Hermínio Santos
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O Instituto Superior Técnico está envolvido num projecto que quer tornar as cidades em que vivemos mais interligadas. O objectivo é “agregar nas suas infra-estruturas as tecnologias de informação e comunicação com toda uma série de áreas mais ou menos tradicionais”, explica Luís Correia, investigador e professor associado daquela instituição de ensino
Os telemóveis estão à beira de protagonizar mais uma revolução: os pagamentos móveis. São novas soluções que trazem benefícios para os consumidores. Teresa Cotrim de Figueiredo, da Unicre, Paulo Raposo, da MasterCard, Henrique Fonseca, da Vodafone, e Pedro Moutinho, da Optimus, explicam como é que os clientes vão ganhar com estas inovações
Cidades inteligentes
Manuel Mira Godinho ceo da Glintt
Quero uma empresa mais internacional Pág. 30
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O novo agregador das comunicações
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Luís Correia, investigador e professor associado do IST
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Pagamentos móveis
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Destaques
EDITORIaL
Inovar na exportação O novo agregador das comunicações
Director-geral João David Nunes jdn@briefing.pt Director Hermínio Santos hs@briefing.pt Directora de Arte Patrícia Silva Gomes psg@briefing.pt Editora Executiva Fátima de Sousa fs@briefing.pt Editor Online António Barradinhas ab@briefing.pt Redacção Av. Infante D. Henrique, 333H, 44 1800-282 Lisboa Directora de Marketing Maria Luís T. 925 606 107 ml@briefing.pt Distribuição por assinatura Preço: 85€ (12 edições) assinaturas@briefing.pt Tiragem média mensal: 2.500 ex. Depósito legal: 321206/10 N.º registo ERC: 125953 Editora Enzima Amarela - Edições, Lda Av. Infante D. Henrique, 333H, 44 1800-282 Lisboa T. 218 504 060 • F. 210 435 935 fibra@briefing.pt • www.fibra.pt Propriedade Boston Media – Comunicação e Imagem, SA Impressão: Sogapal, Rua Mário Castelhano, Queluz de Baixo 2730-120 Barcarena
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Nos últimos meses o comportamento das exportações tem surpreendido. Não chega para aliviar a crise mas mostra que há matéria-prima e vontade para colocar o País numa rota de crescimento. Quando se fala de exportações referem-se normalmente os produtos tradicionais, passando levemente em áreas como a tecnologia e o conhecimento. Dois trabalhos publicados nesta edição do Fibra mostram como há outras realidades na balança das exportações lusitanas. No caso da Glintt, uma das ambições é potenciar o negócio da consultoria em vários países da Europa. Uma estratégia que passa por colocar consultores do grupo em clientes internacionais ou fazer parcerias com empresas ou consultores locais de média dimensão. Mas a empresa não olha só para a Europa. Em Angola quer expandir a sua presença também para a consultoria, tal como em Moçambique. No Brasil, a aposta é no software para hospitais, sector onde é líder em Portugal. Fundada há apenas cinco anos, a ActualSales é outro caso sério de sucesso nacional e internacional, desta vez na área do marketing e da publicidade online. Com uma organização inovadora, a empresa já tem 90 colaboradores, 70 em Portugal e 20 no estrangeiro, em escritórios instalados em Espanha, no Brasil e no México. Um dos seus segredos é a cultura de empresa: participação e envolvimento. “Gostamos de ver coisas a mexer”, diz Hugo Macedo, o administrador.
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InFORmação
Cérebro vs. overdose de informação
Dois investigadores, Rui Costa, da Fundação Champalimaud, e Teresa Garcia Marques, do ISPA, explicam como é que o nosso cérebro se comporta perante a quantidade de informação que recebe todos os dias. Conclui-se que, afinal, o cérebro tem as suas próprias estratégias de defesa
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COmO É TRaBaLHaR Em...
Criatividade e gestão
Do centro de Lisboa para o mundo. É assim que se assume a ActualSales, uma empresa portuguesa com um espírito start-up que está a dar cartas na área do marketing e da publicidade online em vários cantos do mundo
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PaSSEIO PÚBLICO
Tudo começou com o NewBrain
Usa a internet 16 horas por dia e a primeira coisa que faz quando acorda é agarrar no telefone e ver os emails. Este é Paulo Barreto, responsável pelo negócio do Google em Portugal, que gosta de surf, andou pelo MIT e que, quando era miúdo, brincava à programação com uma peça de museu chamada NewBrain
RAMONDEMELO PHOTOGRAPHY
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Rua Luz Soriano, 67-1º E Bairro Alto 1200-246 Lisboa - PORTUGAL www.who.pt// contacto@who.pt O novo agregador das comunicações
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O mUnDO à mInHa PROCURa
Os “companheiros” de Armindo Araújo
Quando anda em viagens considera-os uns “companheiros” indispensáveis mas isso não o torna num viciado em gadgets. Quem o diz é Armindo Araújo, 33 anos, consagrado piloto português de automóveis que tem o sonho de ser campeão do mundo Julho de 2011
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debate
No Fibra 1, Eduardo Cintra Torres levantou 10 questões sobre a RTP e o serviço público de televisão. Até ao fim do ano vamos procurar respostas a essas perguntas
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© Telmo Miller
© António Pedro Ferreira
Deve a RTP manter dois canais generalistas quando não tem conteúdos de qualidade para 24 horas diárias? Porque não só um, com melhor qualidade e melhor gestão dos dinheiros públicos
Rui Teixeira Motta presidente da Associação de Telespectadores
Dinis Manuel Alves director do curso de Comunicação Social, do Instituto Superior Miguel Torga
Joaquim Vieira presidente do Observatório de Imprensa
Celso Filipe editor executivo do Jornal de Negócios
A pergunta envolve duas grandes questões: a) o contexto socio-tecnológico dos actuais media; b) quem ganha ou perde com a eventual privatização de um dos canais generalistas da RTP. Em matéria de contexto, forçoso é reconhecer que longe vão os tempos da estrita limitação do espaço difusor do meio televisão. Basta, para tal, atentar em realidades como o exponencial crescimento da TV por cabo e as novas tecnologias como a TDT. Quanto a saber quem ganharia com um cerceamento do espectro do actual serviço público, a resposta é simples: ninguém. Não possuindo a RTP2 publicidade e estando o canal 1 já reduzido a 50 por cento do horário publicitário, a passagem do público ao privado só viria pulverizar a oferta publicitária (já de si insuficiente para a televisão e outros media) e lançar mais um gato para dentro do saco. No que concerne a saber quem perderia com tal medida, indubitavelmente os espectadores, que se veriam avassalados por mais uma caterva de telenovelas e reality-shows. Assim, a resposta só pode ser a de que a RTP deve manter os dois canais generalistas, postulando-se uma melhoria da qualidade da programação, cabendo ao canal 1 ser alternativa aos canais comerciais e ao canal 2 manter um reduto que ajude a elevar o produto televisivo.
A pergunta traz consigo uma petição de princípio, rematada por desfecho discutível. A evolução política também a faz fenecer, deixando-a sem objecto. A concretizarem-se os intentos de Passos Coelho, perguntar-me-ia se faz sentido o privado comprador da RTP manter os dois canais generalistas a funcionar. Outro ponto de interrogação que já traz resposta no brinde: não vislumbramos nenhum privado com interesse em manter a RTP2 no ar. É aqui que bate o ponto. Quando, em 1983, apresentámos no parlamento o primeiro projecto de licenciamento das rádios locais, fizemo-lo a favor da pluralidade de vozes no éter, até aí oligopolizadas. Valeu a pena, pela TSF e algumas mais. Mas foram os “privados” e não o “público” a malbaratar as concessões. Como foram os privados que trouxeram o “Big Brother” e quejandos para as TVs portuguesas. “Conteúdos de qualidade” para 24 horas diárias nas privadas? E na informação? Foi na TVI (Jornal Nacional) que a substituição do homem do pontapé teve direito a novela com meia hora de duração. Foi na TVI e na SIC que o peeling de Caneças subiu aos telejornais. Como não incenso tudo o que seja privado nem abjuro tudo o que seja público, aqui deixo um rotundo e vigoroso NÃO! à privatização da 2, do 1, da RTPN e da RTPI. Pela pluralidade de vozes…
Em toda a UE, exceto no Luxemburgo e Malta, o serviço público (SP) de TV é garantido por pelo menos dois canais (ou mais). Devendo o SP dirigir-se a toda a população, esta possui gostos e interesses distintos. Não há um público de TV, mas públicos – para simplificar, elite e massa. Daí os dois canais, um de conteúdo mais popular (para a massa), outro com programação mais sofisticada (para a elite). Um só canal seria por certo esquizofrénico, querendo agradar a todos e não agradando a ninguém. O que tenderia a afastar sobretudo as camadas populares, dada a sua programação mais exigente, em regra associada ao conceito de SP (patente aliás na ideia de privatizar a RTP1 e deixar a RTP2 na área publica). Todos pagariam um canal que só um grupo restrito consumiria (a lógica das SCUT pré-portagens: todos as pagavam mas só as usava quem nelas circulasse). A prazo viria a pressão para fechar também esse canal por falta de público, e assim extinguir de vez o SP (que tem função supletiva perante as estações privadas). Sou pois contra a privatização da RTP1. Mas acho útil discutir a sua programação (e a da RTP2), o seu orçamento, as formas de financiamento do SP e se fazem sentido os canais da RTP no cabo, onde o acesso dos telespetadores não é universal.
A pergunta parte de uma premissa que, desde logo, é questionável – o que são “conteúdos de qualidade” e quem define a sua classificação como tal? O “Último a Sair” encaixa neste requisito? E “O Preço Certo”? E “O Mentalista”? E a “Câmara Clara”? E a “Sociedade Civil”? Depois subsiste outra interrogação – a RTP tem mesmo dois canais generalistas, ou tem feito uma segmentação de programação, oferecendo em cada um deles conteúdos que julga se adaptarem melhor a determinados públicos? Portanto, a qualidade é um critério de escolha individual, sendo objectivamente impossível transformar um canal público no “grande educador do povo”. Feitas estas ressalvas, sobra o critério da gestão dos dinheiros públicos. A RTP só deve manter dois canais generalistas se eles conseguirem o equilíbrio financeiro. A errância da RTP não é apenas resultado da sua gestão, mas sobretudo um efeito da sua (tentativa de) instrumentalização pelos diversos poderes, especialmente o político. Para acabar de vez, ou diminuir exponencialmente a sua subserviência, a RTP tem que ser gerida como uma empresa e, neste quadro, dois canais são manifestamente uma redundância.
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O novo agregador das comunicações
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CONSULTORIA GLOBAL DE COMUNICAÇÃO FINANCEIRA O mercado português de Operações Financeiras conta agora com a presença de uma das “majors” mundiais de Conselho em Comunicação e Public Relations. A Hill & Knowlton está presente em 44 países com uma oferta disponível em 80 escritórios e 50 associados. Uma equipa dos seus escritórios de Nova Iorque, Londres e Hong Kong, sob a responsabilidade directa de reputados especialistas Robert Ludke e Amy Paddock, apoia a oferta de Privatizações e outras operações financeiras do Estado e das principais companhias nacionais. Financial Portugal integra os recursos reconhecidos da LPM Comunicação, a consultora líder do nosso mercado, e da Nextpower, a referência de Consumer Generated Marketing. Com o centro de decisão em Portugal, a experiência da equipa e a relevância da rede asseguram uma resposta única aos grandes desafios estratégicos e económicos que os decisores políticos e as companhias portuguesas enfrentam.
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LISBOA, NOVA IORQUE, LONDRES, HONG KONG Conselho em Comunicação em operações financeiras, nacionais e internacionais: privatizações, fusões, aquisições e reestruturações empresariais
LPM Comunicação SA Edifício Lisboa Oriente - Av. Infante D. Henrique, n.º 333 H, 49 | 1800-282 Lisboa - Portugal T. +351 218 508 110 | F. +351 218 530 426 | lpmcom@lpmcom.pt | www.lpmcom.pt
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ENTREVISTa
Filipe Santa Bárbara jornalista
“Imagine que daqui a uns anos os semáforos, em Lisboa, através de uns quadradinhos que são uns sensores colocados no pavimento, vão abrindo mais ou menos tempo consoante o tráfego e dão essa informação ao GPS”. Este é o exemplo dado por Luís Correia, 52 anos, investigador e professor associado do Instituto Superior Técnico, sobre como funciona uma cidade inteligente, cujo conceito está a ser desenvolvido na instituição
Luís Correia, investigador e professor associado do IST
Ramon de Melo
Vêm aí as smart cities
Fibra | O que é uma smart city? Luís Correia | A ideia das cidades inteligentes é agregar nas suas infra-estruturas as tecnologias de informação e comunicação com toda uma série de áreas mais ou menos tradicionais. A ideia é usar como suporte básico as telecomunicações e aquelas tecnologias para oferecer uma série de serviços aos cidadãos e às empresas 6
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para os quais, muitas vezes, ou a tecnologia ainda não existe, ou quando existe ainda não está suficientemente explorada ou suficientemente madura. É olhar para as telecomunicações e perceber com esta base quais os serviços que podem ser disponibilizados aos cidadãos, às empresas, numa cidade com uma perspectiva integrada.
Fibra | Aos olhos de um cidadão comum, onde é que isto é visível? LC | O exemplo que se costuma dar de uma boa mostra de integração destas tecnologias todas é o seguinte: na área dos transportes, hoje em dia é muito vulgar ter GPS nos carros, mas é algo que ainda é muito incipiente – ou seja, o que a gente tem é querer ir daqui não sei para onde e o GPS mostra-nos o O novo agregador das comunicações
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caminho. Imagine que, daqui a uns anos, o GPS é integrado. Por exemplo, que os semáforos, em Lisboa, através de uns quadradinhos que são uns sensores colocados no pavimento, vão abrindo mais ou menos tempo consoante o tráfego e dão essa informação ao GPS. Se pensar que esta informação é processada algures na cidade e que o seu carro que tem um GPS vai interagir com esta informação, o carro vai dizer qual é o melhor caminho! Tem aqui uma tecnologia de suporte, que são as telecomunicações, mas depois tem uma série de integração com outras tecnologias com coisas que vão para além das telecomunicações: a câmara municipal, os fabricantes dos carros, as empresas de transportes públicos, por exemplo. Em Santander, estão a pôr sensores em cada lugar de estacionamento para saber se está lá um carro ou não. Com uma aplicação no carro pode saber-se onde há lugares vagos…
“Em Santander, estão a pôr sensores em cada lugar de estacionamento para saber se está lá um carro ou não. Com uma aplicação no carro pode saber-se onde há lugares vagos…”
Fibra | Quais são as empresas portuguesas envolvidas no projecto? LC | Neste projecto concreto, temos a Portugal Telecom, que contribuiu com duas ou três partes. Uma delas tem a ver com como melhorar serviços para PME e outra com acessibilidades. Fibra | E o Técnico como é que entrou neste projecto? LC | O Técnico entrou porque está envolvido em projectos europeus já há muitos anos. Nós temos uma história de 20 anos em participação em projectos de investigação ao nível das telecomunicações e temos muitos contactos com colegas de outros países ao nível dos operadores e de fabricantes. Fomos convidados para fazer parte do consórcio e claramente dissemos que sim. É sempre muito bom uma universidade estar envolvida nestes projectos: olhar para o futuro e perceber quais são as novas tecnologias e as suas aplicações.
Fibra | Em que fase está o projecto? LC | Estamos numa fase de conceito. Não estamos ainda a implementar nada. Estamos a identificar o que pode ser feito, as oportunidades que existem para os vários sectores. Fibra | Acha que as pessoas em Portugal estão preparadas para uma “cidade inteligente”? LC | Acho que sim. Costuma-se dizer que os portugueses são muito apetecíveis às novas tecnologias e há vários exemplos disso. O multibanco, os telemóveis… Aliás, começa a haver protótipos na Europa e, portanto, era bom que nós conseguíssemos ter já alguns protótipos em Portugal, mas claro que essas coisas passam sempre por questões financeiras. Eu diria que, à partida, sim. É mais uma questão de haver, de algum modo, apoios financeiros para que se consigam fazer algumas dessas coisas. Fibra | Quem está a trabalhar neste projecto? LC | Por um lado, temos os granO novo agregador das comunicações
des fabricantes de telecomunicações, Ericsson, Alcatel-Lucent, Nokia Siemens, e por outro, temos operadores de telecomunicações, a espanhola Telefónica, a Telecom Itália, a France Telecom. E depois temos centros de investigação, nós no Técnico e outros noutros países. Normalmente, os projectos de investigação na área das telecomunicações ao nível europeu têm sempre estas três componentes.
“O Técnico entrou porque está envolvido em projectos europeus já há muitos anos. Nós temos uma história de 20 anos em participação em projectos de investigação ao nível das telecomunicações e temos muitos contactos com colegas de outros países ao nível dos operadores e de fabricantes”
“A Portugal Telecom contribuiu com duas ou três partes. Uma delas tem a ver com como melhorar serviços para PME e outra com acessibilidades”
Fibra | Nada disto é possível sem custos. Falamos de que valores? LC | Neste trabalho inicial, em que ainda é só “trabalho de papel”, digamos assim, os custos são relativamente baixos. Passam por pagar o trabalho das pessoas. Claro que, quando começarmos a fase de implementação e de testes, os custos obviamente vão ser muito grandes, principalmente porque os custos que muitas vezes estão associados à implementação destes projectos não têm a ver com as telecomunicações propriamente ditas, têm que ver mais com a implementação dos equipamentos.
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Fibra | Como é que se pode começar a tornar as nossas cidades “mais inteligentes” LC | Neste momento já existem testes, protótipos de implementação. Há um em Santander, Espanha, que é o Smart Santander, em que começaram pela parte de tráfego automóvel. Em Portugal não conheço nenhum protótipo ainda.
“Eu não sou economista, mas acho também que, muitas vezes, é errado estar a adiar-se demasiado certo tipo de investimentos”
Fibra | Não tem uma estimativa para Portugal? LC | Não. Em Portugal, implicaria, por um lado, um apoio enorme dos municípios e com a situação económica que vivemos agora não sei onde é que se poderá arranjar dinheiro para este tipo de investimentos. Eu arrisco-me a dizer que a maior barreira passa por aí. Se olharmos para o lado mais empresarial, tenho a certeza absoluta que, com qualquer operador de telecomunicações em Portugal, ligado à EDP ou a uma empresa de TI, como a Novabase, temos todas as competências para levar isto para a frente. Mas não pode arrancar sem os municípios. Para ser sustentável, precisa também, no nosso caso, da Carris, dos táxis e do Metro, entre outros.
“Neste trabalho inicial, em que ainda é só “trabalho de papel”, digamos assim, os custos são relativamente baixos. Passam por pagar o trabalho das pessoas. Claro que, quando começarmos fase de implementação e de testes, os custos obviamente vão ser muito grandes”
Fibra | Têm algum apoio do Estado? LC | Não, mas também não foi pedido. Isto é um projecto subsidiado pela Comissão Europeia. Acho que o apoio do Estado tem de existir mas quando passarmos à fase de implementação.
Fibra | Numa conjuntura diferente da actual… LC | Eu não sou economista, mas acho também que, muitas vezes, é errado estar a adiar-se demasiado certo tipo de investimentos. Claro que é preciso ter o dinheiro para começar, mas, muitas vezes, depois de começar, rapidamente se começa a recuperar esse dinheiro. Fibra | Quando pensa ter mais alguns resultados no projecto? LC | Até Março o projecto estará ainda nesta fase conceptual. A partir daí vamos passar à fase de perceber onde poderá haver mais implementações ao nível das cidades europeias, estabelecer parcerias entre várias empresas, operadores de telecomunicações, vendedores, municípios, vendedores de sensores e equipamentos, hospitais, transportes, entre outros. Fibra | Diria que as empresas estão cientes de que o mundo das TIC está a mudar drasticamente? LC | Algumas empresas claramente que sim. Sei de empresas, algumas lançadas por ex-estudantes do Técnico, que estão plenamente conscientes do grande mundo de oportunidades que existe nesta área. Eu diria que empresas mais tradicionais provavelmente não. Fibra | Nesse sentido, como considera o investimento que está a ser feito nas TIC em Portugal? LC | Eu diria que há de tudo. Isto é um bocado anedótico, mas conta-
PERFIL
Algarvio de gema Nasceu há 52 anos e deixou o Barlavento algarvio em 1976 rumo à capital para estudar Engenharia Electrotécnica. “Na altura o que havia para estudar engenharia era o Técnico”, comenta o investigador natural de Portimão e que abraçou o Instituto Superior Técnico para o seu percurso académico e, posteriormente, profissional. Nos tempos livres confessa-se apaixonado pela música e pela literatura demonstrando um gosto muito eclético em ambos os campos. Na leitu-
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ra, gosta de policiais e de livros que tratam assuntos sociais e económicos. E a tecnologia também não pode ficar esquecida no que diz respeito à literatura. Já na música, considera-se um pouco mais conservador: não gosta muito de música moderna, ficando-se pela música clássica, brasileira “mais antiga” e dos “velhinhos franceses”. Quanto a gadgets, utiliza um telemóvel Nokia mas já é fã do iPad, que utiliza para ler informação. Também anda com um iPod.
O novo agregador das comunicações
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ram-me uma história de um senhor que tinha uma empresa de construção civil e, então, como não tinha computador, resolveu comprar um porque, quando tinha clientes, achava que ficava mal não ter um computador em cima da mesa. Ele tinha o computador ligado, mas só para mostrar aos clientes… As grandes empresas têm sempre colaboradores em número suficiente para que haja um grupo atento à evolução das tecnologias e que aproveita ao máximo essa evolução. Há muitas empresas que estão a tirar partido das tecnologias e a ganhar imenso dinheiro com isso, a poupar dinheiro e a criar novas oportunidades de negócio.
“Até Março o projecto estará nesta fase conceptual ainda. A partir daí vamos passar à fase de perceber onde poderá haver mais implementações ao nível das cidades europeias, estabelecer parcerias entre várias empresas, operadores de telecomunicações, municípios…”
Fibra | Na óptica do investimento nas tecnologias, onde se deve investir? LC | Hoje em dia, a nuvem é claramente a nova tendência e que vai poupar imenso nos custos das empresas, porque já começam a não ter que gastar muito dinheiro a armazenar dados. Acho que esta é claramente uma das tendências em que as pessoas vão ter de investir e isso implica, não só os meios de telecomunicações necessários para aceder à internet, mas também tudo o que tem a ver com o processamento da informação. Implica também grandes investimentos nas telecomunicações, porque, por um lado, temos de aumentar a capacidade das redes e, por outro, as redes têm de funcionar melhor, ou seja, o ritmo de transmissão dos dados tem de ser cada vez maior. Fibra | Que outros projectos tem em mãos? LC | Estamos envolvidos em outros dois projectos em termos de investigação. Um deles tem a ver precisamente com o aumento da eficiência energética em sistemas de telecomunicações móveis, que passa, por exemplo, por coisas como desligar as estações de base à noite. O outro projecto tem a ver com a questão da nova arquitectura das redes de telecomunicações. Fibra | Apesar dos desenvolvimentos da nuvem, muitas emO novo agregador das comunicações
presas não acham seguro ter os seus dados aí guardados… LC | Isso tem a ver com uma questão empresarial que existe dentro das empresas, porque, neste momento, qualquer um de nós já dá informação muito confidencial a outras empresas. O seu banco sabe o que é que você faz da vida, onde é que você gasta o dinheiro, onde é que comprou casa, se almoça fora ou não almoça fora… Ou seja, se pensar nisso, a sua empresa de telecomunicações também sabe a sua vida, sabe os números para que telefona. A questão da confidencialidade da informação existe, é um problema que tem a ver com privacidade e segurança e não me parece que as redes em nuvem tragam um problema novo aí. É um problema que já existe na relação empresarial e que tem de se manter, por questões de confidencialidade e de confiança, nesta nova perspectiva de tratamento e processamento de informação.
“Estamos numa fase de conceito. Não estamos ainda a implementar nada. Estamos a identificar o que pode ser feito, as oportunidades que existem para os vários sectores”
Fibra | O problema já existe, mas ganha nova forma com os hackers que têm sido notícia… LC | Estes desenvolvimentos nas tecnologias da informação estão a trazer problemas novos desse ponto de vista e que não podem ser esquecidos. Nós estamos cada vez mais dependentes da conectividade, não sei se alguém hoje em dia, das pessoas mais urbanas, consegue viver uma semana sem email ou sem telemóvel. A questão da segurança da informação é um problema, mas também acho que sempre existiu. Ainda assim, também nesta área está a ser desenvolvido muito trabalho.
“As grandes empresas têm sempre colaboradores em número suficiente para que haja um grupo atento à evolução das tecnologias e que aproveita ao máximo essa evolução”
Fibra | É um risco que vale a pena correr? LC | Não diria que é um risco que vale a pena correr. É um risco que nós vamos correr, de certeza absoluta, porque a tecnologia está a evoluir nesse sentido e não vamos conseguir viver sem ela. A vida é feita de riscos e nós temos de ponderá-los. A evolução da tecnologia também existe para isso. É uma corrida que nunca acabará. Julho de 2011
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BarómEtro TWITTER
Joana Carravilla E.Life country manager
As notícias sobre a eventual privatização da RTP estiveram em destaque nas conversas no Twitter monitorizadas pela E.Life para o Fibra na semana de 15 a 21 de Junho
É da RTP que se fala mais Top 10
A E.Life, empresa líder na monitorização e análise de media e gestão de relacionamentos nas redes sociais, analisou durante uma semana os assuntos e marcas de media e tecnologia mais comentadas no Twitter. Assim, a RTP registou o primeiro lugar no ranking, tendo as notícias da sua privatização gerado a maior quantidade de buzz, com os internautas a partilharem opiniões e links de notícias relacionadas. Com destaque surge também o Facebook, com a partilha de fotos pessoais e de convites para eventos e a discussão sobre ferramentas e aplicações. O Google surge também em evidência, gerando comentários relacionados com a nova ferramenta de pesquisa por imagem e voz, bem como com o lançamento do portátil
com sistema operativo da marca. Outra das marcas em foco foi a Microsoft, com informações sobre o seu posicionamento em relação a outros produtos, comparação com a concorrência e lançamentos a desencadearem vários comentários no Twitter. A HP foi retirada do estudo porque a maioria do seu buzz era relacionado com o Harry Potter. Já a Samsung permaneceu entre as 10 principais marcas até ao dia 20, quando a Nokia obteve muito buzz devido a um depoimento do influente Paulo Q. com 15.707 followers. Face a Maio, nota-se que algumas marcas mantiveram as mesmas posições no ranking: é o caso da RTP, do Facebook e da SIC. Em contrapartida, algumas saíram do estudo por falta de buzz e outras, como a Optimus, Google, Apple e Skype,
viram as suas posições no ranking mudar. Outras das variáveis analisadas no estudo referem-se ao tipo de utilizadores mais influentes, picos de volume e principais cidades de onde são registados os tweets. Assim, Lisboa e Porto continuam a deter o maior número de tweets relacionados com as marcas mais referidas, tendo o Porto registado um aumento de buzz em relação ao estudo anterior. Facebook, Optimus, SIC, Zon e Nokia foram mais referidas em Lisboa, enquanto o Porto gerou mais comentários sobre o Google, Skype, Apple e Microsoft. Uma parte considerável do buzz acontece durante o horário de trabalho. De referir ainda que as pessoas mais influentes desta amostra registam entre 5.400 e 43.485 seguidores no Twitter.
01 A privatização de um dos canais da RTP foi o tema que gerou mais buzz, com o público a dar a sua opinião e a partilhar links de notícias sobre o assunto. As entrevistas do novo primeiro-ministro, Passos Coelho, destacaram-se também
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TOP 10: As marcas mais citadas
06 O principal buzz da Zon é referente à parceria com outras marcas para o lançamento de um reality-show
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Este estudo será publicado mensalmente no jornal Fibra. Caso tenha alguma questão, não hesite em contactar-nos para joana@elifemonitor.com Para conhecer melhor o Tweetmeter aceda ao vídeo em http://www.youtube.com/watch?v=guyzU4HmucY Para mais informações sobre esta plataforma entre no nosso site: www.elifeportugal.com
AS MARCAS ANALISADAS Accenture, Acer, Adobe Systems, AEG, Alcatel, Altitude Software, ANACOM, Anubis Networks, APDC, Apple, APRITEL, Arsoft, AR Telecom, Asus, AT&T, Biodroid, BitDefender, Bizdirect, Cabovisão, Cannon, Capgemini, Cardmobili, CeBIT, Cisco, Compta, Compuware, Construlink, Critical Software, CSC, Dell, Devolo, Ericsson, Everis, Facebook, Flesk Telecom, Fundação para a Ciência e Tecnologia, Fundação para a Computação Científica Nacional, Fujitsu, Glintt, Google, HP, HTC, Huawei, IBM, IDC, Information Builders, InnovAgency, Intel, Invisible, JP Sá Couto, Lenovo, LG, Link, Loewe, Logica, Mainroad, Maksen, McAfee, MarketWare, Medtronic, MeiosTec, MEO, Microsoft, Motorola, NDrive, NEC, NET, Nintendo, Novabase, Nokia, Oi, Oki, Oni, Opensoft, Optimus, Oracle, Orange, Outsystems, Packard Bell, Panasonic, Panda Secutiry, PHC, Philips, Playstation, Primavera Business Software, PT, Quidgest, Reditus, RIM – Research in Motion, ROFF, RTP, Sage, Samsung, SAP, Sapo, Seara.com, SIC, Siemens, Skype, Soft, Softlimits, Sonaecom, Sony, Syncrea, Tech Data, Telefónica, TMN, Toshiba, TVI, Unisys, Viatecla, Vilt – sistemas de informação, Vodafone, WeDo Tecnhologies, X Box, Xerox, Yahoo, YDreams, YouTube, ZON
Top 10
02 Os internautas partilham fotos pessoais, falam de temas em torno da utilização do Facebook, partilha de notícias de destaque, ferramentas, convites para eventos e chats
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07 Notícias relacionadas com a imagem institucional e comparação com a concorrência são os principais temas da Apple, a par de aplicativos e design dos produtos
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03 A nova ferramenta de pesquisa por imagem e voz e o lançamento do portátil com sistema operativo da marca foram os temas mais citados. O computador chromebook também gerou muitos comentários
Top 10
08 Comentários sobre os momentos de utilização do serviço dominam as conversas, com o público a combinar “encontros” através do Skype
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04 O tema de destaque é o Optimus Alive. Os internautas expressam vontade de ir ao evento, falam da escolha das bandas, horários e venda de bilhetes
05 Os assuntos mais falados são relacionados com as notícias e projectos especiais da SIC. Há também relatos de internautas referentes aos jornalistas e à qualidade dos programas
Top 10
Top 10
09 Notícias sobre comparação com os concorrentes e imagem institucional da marca foram os principais temas colhidos na amostra
10 Informações sobre o posicionamento da marca em relação aos produtos, comparação com a concorrência e lançamentos apresentados no mercado foram os assuntos com mais buzz no Twitter
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O mundo na palma da mão A Digital-Minds tem como objectivo principal ajudar os seus clientes a perceber todo o potencial da tecnologia mobile, criando ideias inovadoras que se transformam em resultados, através do seu vasto conhecimento e experiência no mundo mobile Gadgets como os iPhones e iPads tornaram-se objecto de cobiça por parte das massas e revelam-se um mercado fértil e em expansão. E é no mercado das aplicações para iPhone, iPad e Android que a Digital-Minds actua. A Digital-Minds surge em finais de 2007, vocacionada para o desenvolvimento de software para terminais móveis e muito orientada para acções de mobile marketing, onde tem grande parte dos seus clientes. São eles a L’Oreal, Sagres, McCann, Fula, RockinRio, Continente, Jumbo, Pingo Doce, Intermarché, Vodafone, Optimus, Grants, TVI24, MaisFutebol, entre outros. É também no ano de 2007 que o projecto da Digital-Minds é seleccionado de entre mais de 500 projectos para ser apoiado pela Agência de Inovação, através do Neotec, um programa para projectos com um forte potencial de inovação e crescimento. No ano seguinte, em 2008, a InovCapital, uma das maiores sociedades de capital de risco em Portugal, reconhece o potencial do plano de negócios da Digital-Minds e entra como principal accionista da empresa, contexto que se mantém até ao presente. A partir de 2009, a Digital-Minds inicia uma estratégia de desenvolvimento de aplicações para o mercado de smartphones (iPhone, Android e, mais recentemente, iPad), no qual conseguiu atingir marcos nunca antes alcançados - todas as aplicações desenvolvidas pela Digital-Minds atingiram o primeiro lugar na tabela geral de aplicações na loja da Apple. A Digital-Minds é a única empresa portuguesa a conseguir este fantástico marco, com mais de 500 12
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“A Digital-Minds é a única empresa portuguesa a conseguir o fantástico marco de ver todas as aplicações no primeiro lugar da tabela geral de aplicações da Apple, com mais de 500 mil downloads, assumindo-se como líder em desenvolvimento de mobile software, em 2010, no mercado português”
“Estima-se que as lojas online de aplicativos móveis movimentem uma receita superior a 15 mil milhões de dólares, só este ano. Estamos a falar de um crescimento de 190% ou o triplo em relação aos 5,2 mil milhões de dólares registados em 2010”
mil downloads efectuados, assumindo-se como líder em desenvolvimento de mobile software, em 2010, no mercado português. Destaque para os últimos dois projectos da Digital-Minds: o TVI24 e o My SMS Banking. O projecto TVI24 alcançou o recorde de estar no primeiro lugar nos downloads, em apenas dois dias a seguir ao seu lançamento. Actualmente, esta aplicação inovadora está disponível para download gratuito na loja de aplicações da Apple. O My SMS Banking é uma aplicação inovadora em todo o mundo, que permite o acesso ao multibanco através do iPhone e iPad. Apenas à distância de alguns toques, pode ser efectuada no iPhone e iPad a maioria das transacções que estão disponíveis nas caixas automáticas multibanco. Consultar o saldo da conta, os movimentos bancários e o NIB de diferentes bancos é uma das mais-valias desta aplicação, assim como realizar transferências bancárias, carregamentos de telemóveis pré-pagos e pagamentos de serviços. A aplicação My SMS Banking é compatível com os principais bancos portugueses: Millennium BCP, BES, BPI, CGD, Montepio Geral e Santander Totta. Segundo uma projecção da empresa Gartner Group, estima-se que as lojas online de aplicativos móveis movimentem uma receita superior a 15 mil milhões de dólares, só este ano. Estamos a falar de um crescimento de 190 por cento ou o triplo em relação aos 5,2 mil milhões de dólares registados em 2010. É, portanto, neste mundo que a Digital-Minds pretende continuar a desenvolver a sua estratégia de
Paulo Alexandre Reis managing partner da Digital-Minds
negócio para os próximos anos, tendo como objectivo principal ajudar os seus clientes a perceber todo o potencial da tecnologia mobile, criando ideias inovadoras que se transformam em resultados, através do seu vasto conhecimento e experiência no mundo mobile. O novo agregador das comunicações
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InfoRmação
Fátima de Sousa jornalista fs@briefing.pt
Cérebro em curto-circuito?
António Sampaio/WHO
Nunca como agora, o cérebro foi inundado de informação. Mas será que a usa toda ou que a selecciona? Será que se adapta ou está à beira de um curto-circuito? Dois investigadores – Rui Costa, da Fundação Champalimaud, e Teresa Garcia Marques, do ISPA – procuram respostas
A sociedade da informação há muito extravasou das teorias sociológicas para a realidade. A informação domina os mais diversos domínios do quotidiano e com uma particularidade impensável há escassos anos: se, antes, eram os indivíduos que iam à procura de informação, hoje o fenómeno dá-se em sentido contrário – a informação vai ao encontro dos indivíduos. Foi a Internet, ao alojar as redes sociais, que contribuiu para essa inversão, abrindo a porta a um afluxo informativo sem precedentes. As aplicações móveis fizeram o resto: já nem é preciso um computador para falar com os amigos no Facebook ou saber as últimas no Twitter. Mas não estará o cérebro a ser sobrecarregado com tanta informação? Não haverá o risco de um curto-circuito que deteriore a capa14
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cidade cognitiva dos indivíduos? Rui Costa, investigador do Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud, acredita que não. Conhecedor dos mecanismos cerebrais, reconhece que há um excesso de informação, mas o cérebro – explica ao Fibra – tem as suas próprias estratégias de defesa. E a certa altura desliga, faz shut down. Além disso, o cérebro não acumula toda a informação que lhe chega: deixa de fora, aliás, a informação de que não precisa. Tem um limite, ao contrário da Internet, que passa a funcionar como uma memória estendida. Teresa Garcia Marques, vice-reitora do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), concorda que a sobre-exposição a informação é um veículo para a mente ser sobrecarre-
A mente humana está preparada para lidar com o constante fluxo informacional, porque se especializou em seleccionar, agregar, sumariar e usar o passado como âncora para as acções
gada, mas sublinha que “a existência de um canal com um tal fluxo informacional não induz directamente um pressuposto de deterioração”. E justifica, com recurso a uma analogia: “Não é por sermos chefes de um restaurante ou nele trabalharmos que deterioramos o funcionamento do nosso estômago. Tudo depende de como fazemos uso da comida que nos é tornada, assim, disponível”. Tal como Rui Costa, fala em limites do cérebro, citando Herbert Simon, o primeiro psicólogo a receber o Nobel da Economia, para afirmar que o ser humano tem uma capacidade limitada, pelo que tem de desenvolver formas de ultrapassar essa limitação. “A nossa memória de trabalho não consegue processar senão um número limitado de informação em O novo agregador das comunicações
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simultâneo e, por tal, tem de arranjar estratégias para o conseguir fazer”. A professora e investigadora, que se especializou em Cognição Social e Psicologia Cognitiva, recorre, mais uma vez, ao quotidiano para confirmar a sua tese: “Imagine que vai de férias, tendo uma bagageira de carro muito pequena. Intuitivamente, sabe que tem de seleccionar muito bem o que leva. Não só reduzindo o número, mas escolhendo o que é essencial e procurando tudo o que tenha aspecto de canivete suíço (tem muitas funções e ocupa pouco espaço)”. Ou seja, “a questão da organização é fundamental se queremos ser eficientes”. E, neste aspecto, Teresa Garcia Marques reconhece que a experiência no Twitter pode ser útil, na medida em que “talvez disponibilize” uma prática em exercer economia na informação: na realidade aumenta a possibilidade de aceder a mais informação, mas também exercita a capacidade de reduzir tudo ao essencial. E assim, “sendo seres com capacidades limitadas, poderíamos pensar que uma sobrecarga cognitiva nos faria ‘parar’”: “Como não cabe tudo na minha bagageira, não vou de férias ou atraso-as um ou dois dias para decidir melhor o que levar. Fazemos isso? Alguns de nós, em alguma situação muito específica, podem atrasar a partida. Mas acabamos todos por ir de férias, com ou sem o que precisamos. Conseguimos encher a bagageira usando um critério qualquer que nos simplifica o processo”. O mesmo faz o cérebro. “Usa simples regras de algibeira para tomar decisões quando a ‘coisa’ é demais”. Toma decisões com base em heurísticas, por exemplo, de satisfação: “Casamos com a primeira pessoa que nos satisfaz e nos parece ser a indicada. E conhecemos milhares de pessoas e existem outros milhares ainda por conhecer (alguns até na Internet) mas não esperamos namorar com todas até decidir. Simplesmente decidimos por aquela que atingiu o valor máximo de satisfação”. As decisões assim tomadas estão, por isso, longe da racionalidade. A esta lógica heurística o investigador Rui Costa acrescenta a rotina. O novo agregador das comunicações
É um mecanismo de defesa do cérebro perante um mundo onde tudo é mais acelerado: “Uma forma de decidir é intencional, passa por ver qual a melhor opção, mas isso consome muita energia, sobretudo na sociedade actual, em que há mais informação e que é mais imprevisível. E, em reacção, o cérebro liga o piloto automático e reage por rotina, baseado no passado e na premissa de que, se nada mudar no ambiente, é a decisão mais correcta”. A vice-reitora do ISPA sustenta que a mente humana está preparada para lidar com o constante fluxo informacional, porque se especializou em seleccionar, agregar, sumariar e usar o passado como âncora para as acções. Aliás, é com base em regras simples e, por vezes, ilógicas que os indivíduos funcionam 90 por cento do tempo. “A sobrecarga de informação, via internet, é uma sobrecarga de disponibilidade. Mas nós, agora como sempre, seleccionamos e usamos, através de critérios simples, apenas alguma dessa informação para basear as nossas decisões”. A alternativa é correr o risco de o cérebro sofrer com stress crónico. É um risco que Rui Costa tem estudado e que deu já origem a um artigo publicado em 2009 na Science, em parceria com Nuno Sousa, médico, investigador e professor da Universidade do Minho. Chegaram à conclusão de que os circuitos cerebrais envolvidos na acção por objectivos, que estão localizados no córtex pré-frontal e no estriado dorsomedial, sofrem uma atrofia, enquanto os circuitos ligados às acções por hábito (no estriado dorsolateral) se desenvolvem. Em linguagem figurada, isto significa que, se os neurónios fossem árvores, as primeiras ficavam quase sem ramos e as segundas ficavam mais frondosas do que nunca. A imagem não é gratuita: é que as alterações físicas são concretas e visíveis. E qual é a consequência? O crescimento dos circuitos ligados à acção por hábito leva à sua utilização preferencial. É o que acontece no processo de tomada de decisão perante o excesso de informação – liga-se o piloto automático…
“Existe um excesso de informação, mas o cérebro tem as suas próprias estratégias de defesa. Deixa de fora a informação de que não precisa. E a certa altura desliga, faz shut down”
“O cérebro usa simples regras de algibeira para tomar decisões quando a ‘coisa’ é demais”. Toma decisões com base em heurísticas, por exemplo, de satisfação”
Rui Costa investigador da Fundação Champalimaud
Teresa Garcia Marques vice-reitora do ISPA
O crescimento dos circuitos do sistema nervoso ligados à acção por hábito leva à sua utilização preferencial. É o que acontece no processo de tomada de decisão perante o excesso de informação – liga-se o piloto automático…
Não haverá, no entanto, um risco clínico? Teresa Garcia Marques não acredita que se esteja à beira de um problema clínico ou social (novo). Sustenta, mesmo, que o desafio poderá obrigar o ser humano a criar novas estratégias cognitivas que mantenham ou maximizem a eficiência. E o risco de dependência? Na sua opinião, em nada difere de outros riscos e outras dependências. Já Rui Costa admite que poderá estar aberto caminho ao vício, mas antes vem o hábito – de verificar os emails a toda a hora no telemóvel, por exemplo… E alerta para outro cenário: o da desvalorização da informação, de tanta que chega sem ser procurada, sem qualquer esforço. Mas será que a banalização da informação poderá estupidificar a sociedade? O investigador da Fundação Champalimaud contraria firmemente esta ideia: “Claramente, não. Hoje os indivíduos são muito mais capazes. As crianças aprendem a trabalhar com um computador antes dos dez anos… Nunca houve tanta gente aos dez anos a saber tanto como agora. No passado tivemos um Mozart, hoje podemos ter dois mil…”. Julho de 2011
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Como é trabalhar em...
Considerada a 8.ª melhor empresa para trabalhar por um estudo da Exame/ Accenture, a ActualSales distingue-se por convidar os colaboradores a participar, até na decoração… “As pessoas envolveram-se muito!”. O grupo, que inclui seis empresas, entre as quais a Research&Design ou a Hifficiency, pauta-se, também, pelo dinamismo
Bem no centro da Avenida da Liberdade, em Lisboa, ficam os escritórios da ActualSales, uma empresa jovem e que apresenta um modelo de negócio inovador na área do marketing e da publicidade online. Fundada há cinco anos, a Actual Sales tenta aliar a criatividade à gestão. Aquilo que se propõe fazer são campanhas para clientes remuneradas consoante os resultados, ou seja, os clientes pagam apenas pelo retorno que obtêm. Ainda assim, o que distingue esta empresa de outras não é apenas a mistura entre a parte criativa e analítica, é muito mais do que isso. Actualmente, conta com 90 colaboradores, 70 em Portugal e 20 no estrangeiro em escritórios instalados em Espanha, no Brasil e, mais recentemente, no México. A média de idades ronda os 27 anos e o tratamento entre colaboradores é por tu. “Nada de gravatas” também faz parte da informalidade da empresa, isto quando não estão junto dos clientes. Hugo Macedo, administrador, conta que na empresa não existe o conceito de departamento: o trabalho é feito por unidades de negócio onde as equipas têm 15 pessoas e reportam a um director. E o facto de as equipas serem pequenas é muito importante: “Na inovação e criatividade é preciso que toda a gente se conheça e interaja”. “As equipas interagem muito entre si com um espirito de start-up”, acrescenta, revelando que existe um grande sentido de responsabilidade e de ownership. Todos os membros da equipa recebem, além dos valores-base, uma recompensa pelo sucesso do seu trabalho, o que permite um crescimento profissional à medida que a própria unidade de negócio vai crescendo. A ideia é simples: “Explorar oportunidades com orientação muito pragmática”. Os colaboradores têm autonomia até para incentivar actividades lúdicas, como jogos de futebol entre si, um piquenique tradicional ou a já habitual corrida de karts. A cultura da empresa passa muito por ter as pessoas a participar e a envolverem-se. Ao nível das regalias, dispõem de um seguro de saúde, de comida e café no escritório “por conta da casa” e ainda de uma prenda no Natal. Hugo Macedo descreve os seus colaboradores e a própria empresa como “pragmáticos, impacientes e curiosos”. “Gostamos de ver coisas a mexer”, diz. 16
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Ramon de Melo
Espírito de start-up
Uma provocação, uma promessa, um nome
Orgulho x 2 - grande prémio eficácia 2009 e 8.ª melhor empresa para trabalhar 2010
Como gerar acção, o click e a compra? Uma obsessão
Vera Brito - developer no feminino O novo agregador das comunicações
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A organização em “ilhas” colaborativas é parte do segredo
Mário Coelho, director da Research&Design, e Anthony Douglas, ceo Hole19, a primeira start-up incubada no grupo
Bruno Madeira, concentradíssimo a gerar resultados O novo agregador das comunicações
A criatividade não nasce da ordem
Rita Pape, Emília Casaca e Joaquim Silva, da equipa de Head Office Julho de 2011
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PagamEntos móvEis
Irão os smartphones substituir o cartão de crédito como meio de pagamento? Dois operadores de telemóveis – a Vodafone e a Optimus – e duas instituições de crédito – a Unicre e a MasterCard – respondem. Quatro respostas para uma conclusão única: a era dos pagamentos móveis está para ficar, mas não é a sentença de morte dos cartões tal como os conhecemos
João Campos/WHO
Smartphones só não dão troco…
A questão coloca-se sempre que a ciência e a tecnologia avançam: será que cada novo progresso vem aniquilar o anterior? Um dos exemplos mais frequentes é o da extinção dos jornais impressos por culpa do online: ainda não aconteceu e pode até estar longe de acontecer… Mas há mais: os telemóveis colocaram os telefones fixos à beira da extinção até que os fornecedores de serviços por Internet descobriram um novo filão e os fixos voltaram aos lares portugueses à boleia do cabo. Há muitos exemplos e um dos mais recentes chega-nos através dos smartphones, os telemóveis que são tão “inteligentes” que até podem funcionar como cartão de crédito, para pagar contas, comprar bilhetes para espectáculos ou transportes públicos… Será o fim dos cartões de crédito, os pequenos rectângulos, dourados ou nem por isso, que povoam as nossas carteiras? Teresa Cotrim Figueiredo, do Gabinete Corporativo da Unicre, Paulo Raposo, country manager da MasterCard Portugal, Henrique Fonseca, direc18
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tor de Serviços de Internet Móvel e Conteúdos da Vodafone Portugal, e Pedro Moutinho, coordenador Upstream Services da Optimus reconhecem que este é o caminho do futuro, mas nem as instituições de crédito nem os operadores móveis acreditam que seja o fim dos cartões. Acreditam, sim, nas vantagens dos pagamentos móveis. Rapidez sobretudo. Comodidade também. E até segurança. Para consumidores e empresas são mais opções que se abrem graças à tecnologia contactless. Mas o cartão de crédito continuará a existir. Mesmo que não haja um cartão propriamente dito: sobreviverá como serviço, que é disso que se trata. Além de que as duas realidades coexistirão: os cartões de crédito físicos coincidirão com os virtuais. Sendo que instituições de crédito e operadores de móveis há muito antecipam esta nova era, reclamando um lugar de destaque, como obreiros, não como espectadores, nesta revolução só possível porque há uns telemóveis que são inteligentes… Só não dão troco, mas os cartões de crédito também não… O novo agregador das comunicações
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Mais opções para o cliente O cliente passará a dispor de mais opções e escolherá a que mais lhe convém em cada situação. Porque por muito tecnológicas que todas as alterações recentes se nos afigurem, elas obedecem afinal a algo muito simples: ao primado do cliente Poderá a Internet acabar com o retalho? E com a imprensa escrita? O Kindle e o iPad vão substituir os livros? O telemóvel vai substituir o telefone fixo? Sempre que surgem novos suportes ou novas abordagens em sectores estabelecidos, a questão que se coloca é sempre a mesma – em que medida a nova realidade poderá substituir a anterior? Normalmente, o que se verifica é que estas novas realidades conquistam o seu lugar, obrigando a uma adaptação dos modelos de negócio existentes, que passam a coexistir com a realidade que lhes antecedeu. Veja-se o caso da Internet, que revolucionou a forma de se fazerem compras, mas não condenou o retalho – apenas se transformou num canal adicional que as empresas não podem ignorar. A possibilidade de ter o cartão de crédito utilizando o telemóvel como suporte representa uma oportunidade, um meio adicional de o poder utilizar de forma prática e segura. Neste sentido, o telemóvel poderá até ajudar a difundir o cartão de crédito em novos mercados e novos segmentos e potenciar a sua utilização. O chip que tem a informação do cartão pode estar aplicado num plástico, num telemóvel ou em qualquer outro suporte, incluindo virtual! Apenas a materialização do cartão é diferente, passando o novo suporte a constituir uma alternativa ao rectângulo de plástico, com o formato de um cartão – aliás, a única razão para o seu nome ser “cartão”. Na realidade, devemos encarar o “cartão de crédito” como um serviço e não como um suporte físico, sendo este conceito, apenas, o que pode estar em causa. O novo agregador das comunicações
“Apenas a materialização do cartão é diferente, passando o novo suporte a constituir uma alternativa ao rectângulo de plástico, com o formato de um cartão – aliás, a única razão para o seu nome ser “cartão”. Na realidade, devemos encarar o “cartão de crédito” como um serviço e não como um suporte físico”
“A instalação da tecnologia NFC nos telemóveis, ao tornar os pagamentos muito mais rápidos, poderá dar um grande contributo ao alargamento da utilização dos cartões de crédito no mercado dos micropagamentos, que actualmente é ainda dominado pelas notas e moedas”
Por exemplo, a Unicre tem há mais de dez anos o “cartão” de crédito Unibanco NetNet, que é virtual (sem existência física em plástico), exclusivamente para utilização em compras na Internet. Os novos smartphones e outros suportes, como os tablets, têm a vantagem de poderem incorporar “cartões” de crédito com funcionalidades de pagamento em tudo idênticos aos cartões físicos Visa e MasterCard, com acréscimo dos níveis de segurança. Tem também potencialidades de interacção com o seu utilizador, que um rectângulo de plástico não dispõe, o que virá certamente alargar o espectro de funcionalidades nos cartões de crédito, constituindo um desafio e uma oportunidade para as empresas emissoras de cartões. A evolução recente da banda magnética para os cartões actuais com chip é um bom exemplo de como uma evolução veio abrir novas oportunidades aos cartões de crédito. Alguns avanços nos smartphones, como o facto de passarem a ter a tecnologia NFC (Near Field Communication), vêm permitir a sua aceitação nas redes de aceitação de cartões de crédito contactless (em que não é preciso passar o cartão de crédito em nenhum terminal), sendo exemplo disso o projecto-piloto Unibanco Go On, já realizado pela Unicre. A instalação da tecnologia NFC nos telemóveis, ao tornar os pagamentos muito mais rápidos, poderá dar um grande contributo ao alargamento da utilização dos cartões de crédito no mercado dos micropagamentos, que actualmente é ainda dominado pelas notas e moedas. Na Europa, em média, cerca de 85 por cento do número de pagamen-
Teresa Cotrim Figueiredo Gabinete Corporativo da Unicre
tos é ainda efectuado com notas e moedas, sendo que cerca de 80 por cento destes pagamentos são de valor inferior a 15 euros. Os emissores de cartões de crédito poderão aceder a novos mercados e novos segmentos e os clientes poderão também passar a dispor de ainda mais opções, cada vez mais convenientes. Hoje em dia pode-se escolher ter um cartão de crédito com o plástico às riscas ou com a fotografia, escolher que canal utilizar para pagar; nos próximos anos poder-se-á escolher “colocar” o cartão de crédito também no telemóvel…. Como em todas as alterações anteriores, o cliente passará a dispor de mais opções e escolherá a que mais lhe convém em cada situação. Porque por muito tecnológicas que todas as alterações recentes se nos afigurem, elas obedecem afinal a algo muito simples: ao primado do cliente. Julho de 2011
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PagamEntos móvEis
Vantagens óbvias Novas soluções de pagamento móveis trazem benefícios significativos para consumidores, comerciantes, mas também para a sociedade em geral. Para os particulares, isto traz vantagens óbvias em termos de comodidade, rapidez e segurança Segundo a GSM Association, mais de quatro mil milhões de pessoas em todo o mundo têm, neste momento, um telemóvel. Isto representa um enorme potencial em termos de crescimento do mercado de meios de pagamento, uma vez que cada um destes telemóveis pode ser também uma plataforma portátil para pagamentos pessoais. As funcionalidades cada vez mais avançadas dos telemóveis, accionadas por redes e tecnologias novas e cada vez mais eficientes em termos de preço, têm sido um dos principais drivers do mercado. Assim, assistimos à emergência de um novo ecossistema, que significa uma experiência de consumidor melhorada para todos os utilizadores de telemóveis. A MasterCard tem liderado a transformação de telemóveis em dispositivos de pagamento contactless seguros; também fomos pioneiros no desenvolvimento de serviços de informação móvel únicos para permitir e promover o comércio em todo o mundo. E continuamos a liderar os standards de pagamentos móveis a nível mundial. Neste momento, a MasterCard tem projectos-piloto e implementações a decorrer de telemóveis com PayPass por todo o mundo. A MasterCard e a Telefonica anunciaram uma parceria para liderarem o desenvolvimento de soluções financeiras móveis em 12 países da América Latina em que a Telefónica está presente através da marca Movistar®. Esta é uma iniciativa sem precedentes, em que uma empresa de pagamentos e uma de telecomunicações se associam para criar uma nova empresa com enfoque em integrar a conveniência e acessibilidade 20
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“Na MasterCard, reassumimos o nosso compromisso de continuar a liderar o desenvolvimento de tecnologias de pagamentos móveis. De facto, envidamos grandes esforços no sentido de sermos os mais rápidos a apresentar novas e inovadoras soluções de pagamento”
“Os consumidores passam a ter acesso a um mercado mais vasto, com preços e oferta competitivos. Para os comerciantes significa que têm a oportunidade de expandir o seu negócio através de um mercado mais global, sem as complicações do dinheiro vivo”
oferecidas pelos telemóveis com o conjunto de soluções financeiras que funcionam com as soluções de pagamentos electrónicos já existentes. Recentemente, a MasterCard anunciou ainda a parceria com a Google, Citi, e FirstData para lançar o Google Wallet, uma aplicação que transforma um telemóvel numa carteira, com a qual os utilizadores podem tocar, pagar e poupar dinheiro e tempo enquanto fazem as suas compras. O Google Wallet está neste momento numa fase de testes e estará disponível para os consumidores norte-americanos durante o Verão. Na MasterCard, reassumimos o nosso compromisso de continuar a liderar o desenvolvimento de tecnologias de pagamentos móveis. De facto, envidamos grandes esforços no sentido de sermos os mais rápidos a apresentar novas e inovadoras soluções de pagamento. Temos um departamento dedicado que trabalha como incubador de novas ideias em termos de inovação de pagamentos que possam representar uma mais-valia – MasterCard Labs. Acreditamos que os nossos esforços irão ajudar a criar a nova geração de aplicações de pagamentos que irão mudar o panorama do mercado, incluindo: software para jogos online, websites de e-commerce, aplicações móveis e sistemas de processamento de salários. Novas soluções de pagamento móveis trazem benefícios significativos para consumidores, comerciantes, mas também para a sociedade em geral. Para os particulares, isto traz vantagens óbvias em termos de comodidade, rapidez e segurança. As pessoas se-
Paulo Raposo country manager da MasterCard Portugal
rão capazes de fazer operações de pagamento não-presenciais sem terem que se preocupar com problemas de conversão de divisas, deslocações ou tempo. Em último caso, isto significa que os consumidores passam a ter acesso a um mercado mais vasto, com preços e oferta competitivos. Para os comerciantes significa que têm a oportunidade de expandir o seu negócio através de um mercado mais global, sem as complicações do dinheiro vivo. Contudo, não é a nossa expectativa que os telemóveis substituam totalmente os cartões. De facto, as tecnologias acabam por se complementar, oferecendo um leque mais alargado de alternativas ao dinheiro vivo para cada necessidade e oportunidade do consumidor. Os pagamentos móveis ou por cartões têm vários benefícios quando comparados com os feitos com numerário, sendo uma opção mais conveniente, eficiente, segura e ecológica. O novo agregador das comunicações
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Uma solução com futuro O telemóvel surge como alternativa aos meios tradicionais, substituindo e assumindo as actuais funções de cartões como os cartões, passe de transportes públicos, cartão de empresa, cartão do clube e funcionando como meio de pagamento, acesso ao escritório, estádio ou transportes de forma segura, rápida e conveniente O sector das telecomunicações mantém um processo de evolução e inovação intensivo. Esta característica inerente ao sector lança aos operadores um grande desafio: saber acompanhar as oportunidades de inovação proporcionadas pela evolução da tecnologia e transformá-la em produtos e serviços que correspondem às necessidades dos seus clientes, sempre em colaboração com os parceiros de negócio, detentores do know-how das actividades onde se inserem. As evoluções verificadas ao nível deste sector têm permitido verdadeiras revoluções na oferta de serviços móveis. De comunicações de voz, rapidamente se evoluiu para comunicações de dados, permitindo oferecer nos dias hoje um vasto leque de serviços da internet através de um acesso userfriendly disponível anytime anywhere. Com o desenvolvimento da tecnologia contactless aplicável aos telemóveis antevê-se nova revolução neste sector, já que ficará acessível um vasto leque de serviços contactless com grande potencial para simplificar o modo como os clientes interagem nas suas diferentes actividades do seu dia-a-dia. A abrangência de serviços proporcionada por esta tecnologia é vasta, permitindo oportunidades para soluções em áreas como pagamentos, transportes, bilhética, acessos, programas de fidelização, cupões, publicidade, entre outros. O telemóvel surge como alternativa aos meios tradicionais, substituindo e assumindo as actuais funções dos cartões que possuímos, tais como cartões bancários, passe de transportes públicos, cartão de empresa, cartão do clube, e funcionando como meio de pagamento, acesso ao escritório, estádio ou transportes O novo agregador das comunicações
“Com o desenvolvimento da tecnologia contactless aplicável aos telemóveis antevê-se nova revolução neste sector, já que ficará acessível um vasto leque de serviços contactless com grande potencial para simplificar o modo como os clientes interagem nas suas diferentes actividades do seu dia-a-dia”
“Desde 2008 que a Vodafone, conjuntamente com os outros operadores nacionais, colabora com a Operadores de Transportes da Área Metropolitana de Lisboa no desenvolvimento de uma solução que permita aos utilizadores de transportes públicos utilizar o telemóvel, em substituição do tradicional bilhete”
de forma segura, rápida e conveniente. Na área dos pagamentos, os testes com esta tecnologia intensificam-se por todo o mundo e surgem os primeiros lançamentos comerciais ainda limitados geograficamente, como é o caso do Citzyi Pass, implementado em Nice (França), ou a parceria em Inglaterra entre Barclays/Orange, onde o telemóvel com NFC substitui o cartão de crédito físico como meio de pagamento. À medida que se fecham os standards da tecnologia e se criam as condições favoráveis a nível tecnológico, permitindo a disponibilidade de equipamentos, estão criadas as condições para uma transformação do processo actual de realizar operações financeiras e da forma como actualmente efectuamos os pagamentos. No entanto, para que qualquer solução se torne universal e se consiga implementar num mercado global, será necessário o envolvimento de todas as partes que interagem na cadeia de valor, desde os intervenientes do sector financeiro aos operadores, aos comerciantes e aos utilizadores do serviço. A Vodafone tem acompanhado todos os desenvolvimentos nesta área espelhada na participação em fóruns de normalização e discussão da tecnologia, onde estão também presentes outros operadores móveis, fornecedores de cartões SIM, fornecedores de terminais móveis, parceiros tecnológicos e entidades dos sistemas bancário e financeiro. Desde 2008 que a Vodafone, conjuntamente com os outros operadores nacionais, colabora com a OTLIS (Operadores de Transportes da Área Metropolitana de Lisboa) no desenvolvimento de uma solução de NFC que permita aos utilizado-
Henrique Fonseca director de Serviços de Internet Móvel e Conteúdos da Vodafone Portugal
res de transportes públicos utilizar o telemóvel, em substituição do tradicional bilhete, como meio de acesso aos transportes e como meio de aquisição de bilhetes. Essa colaboração culminou na realização de um piloto que permitiu testar o conceito no Metro de Lisboa, com resultados positivos e importantes para a análise das diferentes formas de utilização e aceitação pelo cliente, mantendo-se esta parceria, bem como os objectivos a que se propõe. É objectivo do Vodafone acompanhar os desenvolvimentos em NFC, vendo nesta tecnologia um desafio e uma oportunidade para criar serviços inovadores que conjuguem serviços utilizados no dia-a-dia e benefícios para o utilizador. Considerando toda a envolvente criada, o mais provável é ser uma questão de tempo até se chegar a uma implementação universal em que o actual cartão de crédito físico será incorporado no telemóvel, numa solução desmaterializada e utilizando tecnologia sem fios. Julho de 2011
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Soluções integradas É o momento de passar a uma segunda dimensão dos serviços financeiros prestados no telemóvel que não se limitará às operações bancárias, mas passará a permitir pagamentos com o telemóvel, dispensando os cartões bancários de plástico no formato que hoje conhecemos A evolução do mercado de smartphones e de smartcards, a necessidade de uma vida em mobilidade e desmaterializada, e os desafios de segurança com que os serviços de base tecnológica hoje se defrontam, antecipam uma evolução que conduzirá a uma melhor experiência de utilização, usabilidade e integração de soluções. O cartão de crédito não ficará seguramente à margem desta evolução. Não deveremos antecipar o seu fim, porém, podemos estar seguros que os deixaremos de ter e usar tal como os conhecemos. O futuro será ditado pelo desenvolvimento e adopção de tendências que vale a pena acompanhar. Os smartcards são cartões que incorporam microprocessador e memória que lhes proporciona capacidade de computação, conseguindo-se ganhos de funcionalidade e segurança. Na maioria destinados às telecomunicações para SIM Cards, verifica-se uma crescente adopção pelo sistema financeiro. Os cartões bancários evoluíram para smartcards com ganhos de segurança associados à validação do utilizador. O desenvolvimento da Internet móvel e a capacidade de os smartphones proporcionaram o florescer de serviços bancários a serem prestados no telemóvel, serviços que primam pela experiência de utilização, segurança, mobilidade e disponibilidade. O mobile banking é uma realidade para os utilizadores de smartphones, serviços que começaram por SMS evoluíram para sites e aplicações que permitem realizar operações bancárias que nos habituamos a realizar nos bancos ou nas caixas Multibanco. Neste contexto, a sociedade tem reclamado soluções ainda mais se22
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“O cartão de crédito não ficará seguramente à margem desta evolução. Não deveremos antecipar o seu fim, porém, podemos estar seguros que os deixaremos de ter e usar tal como os conhecemos”
“O desenvolvimento da Internet móvel e a capacidade dos smartphones proporcionaram o florescer de serviços bancários a serem prestados no telemóvel, serviços que primam pela experiência de utilização, segurança, mobilidade e disponibilidade”
guras e que permitam a desmaterialização dos vários cartões que usam no seu dia-a-dia, conduzindo à fusão de Smartphones e Smartcards. É o momento de passar a uma segunda dimensão dos serviços financeiros prestados no telemóvel que não se limitará às operações bancárias, mas passará a permitir pagamentos com o telemóvel, dispensando os cartões bancários de plástico no formato que hoje conhecemos. Este cenário é possível no momento em que o cartão bancário esteja inserido nos SIM Cards, passando o telemóvel a dispor de múltiplas funcionalidades. Assim, teremos uma solução que integra o número de telefone, a conta bancária e os dispositivos de validação dos pagamentos, uma solução única que dispensa a utilização de cartões bancários. A resposta a este desafio é a Near Field Communication – NFC – uma tecnologia que permite a transmissão de informação entre dois equipamentos, neste caso, um smartphone e um dispositivo de validação, apenas pela aproximação física destes dois suportes. Com esta valência, além de se conseguir identificar o utilizador, associando num equipamento número de telefone e conta bancária, pode-se efectuar qualquer tipo de pagamento, em qualquer circunstância. Passa a ser dispensável o uso de dinheiro ou de cartões bancários e o telefone passa a ser o meio de pagamento. Não falamos de um cenário longínquo, já é uma realidade no Japão, Coreia do Sul, e em cidades como Nice. Para que se consiga a universalidade da adopção importa que os diferentes intervenientes na cadeia de valor do negócio dos pagamentos móveis cumpram o seu papel. O sistema financeiro terá que ver na
Pedro Moutinho coordenador Upstream Services da Optimus
incorporação dos seus serviços nos SIM Cards com NFC, uma oportunidade de aumento do volume de negócios e nível segurança, bem como uma redução dos custos e riscos da operação, desenvolver soluções de pagamentos para SIM Cards e trabalhar com os operadores para a difusão da solução. Os operadores móveis deverão investir na NFC preparando a sua rede e operação, procurando desenvolver uma linguagem universal de integração com os diferentes prestadores de serviços. Os fabricantes de smartphones e de terminais de pagamentos deverão procurar que a incorporação da tecnologia NFC seja um standard nos seus equipamentos. Mais cedo do que esperamos, sairemos de casa com o telemóvel e obliteremos a entrada no transporte público, validaremos a entrada no escritório, pagaremos o almoço no restaurante e à noite pagaremos a conta do supermercado numa aplicação no telemóvel. O novo agregador das comunicações
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passeio público
Raquel Rio jornalista
Assumidamente fã de gadgets e ligado à rede 16 horas por dia, o responsável pelas operações da gigante Google em Portugal, Paulo Barreto, encontrou no mar outra paixão. Quando não navega na World Wide Web, cruza as ondas manobrando as pranchas de surf e windsurf
O surfista da Web
Um computador “herdado” do pai foi o princípio da descoberta do maravilhoso mundo tecnológico. E, enquanto os miúdos dos anos 80 desvendavam os segredos dos jogos para o ZX Spectrum, Paulo Barreto, que se tornaria o primeiro ceo da Google em Portugal, brincava à programação com uma peça de museu chamada NewBrain. No teclado simples, que se ligava à televisão, programava “coisas que não serviam para nada”, mas que o entusiasmavam. O gosto pelos números e a vontade de se afastar de tudo o que tivesse a ver com desenho levaram-no 24
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a Gestão, curso que escolheu por ser “mais abrangente” do que o de Economia. É já depois de ter o canudo na mão, e depois de uma primeira experiência como consultor, que decide atravessar o oceano para aterrar no Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT). É durante os dois anos que ali passa que surge a Internet. Com um sistema ainda arcaico e muito lento, os ecrãs apresentavam apenas letras brancas sobre fundo azul. Estavam a ser criadas as primeiras páginas e, apesar de pouco sofisticadas, Paulo lembra-se das que viu, “umas fotografias de Marte”.
Em 1994, os estudantes do MIT já tinham endereço de email e a Internet avançava à velocidade da luz. Um ano mais tarde, Paulo já se matriculava online no site da universidade. Mesmo assim, não se apercebeu logo das grandes potencialidades da rede: “Ainda não estava virado para a Internet. Todos os dias tínhamos empresas da área tecnológica a fazer apresentações no MIT e eu não ligava muito àquilo. Mas vários amigos aderiram ao programa de start-ups e ficaram milionários”. A experiência norte-americana serviu também para alargar horizontes,
algo que Paulo Barreto considera imprescindível para os portugueses, que continuam a pensar “pequenino”. “Às vezes espanto-me como é que as pessoas pensam que Portugal é tão importante, somos 10 milhões numa população de sete mil milhões em todo o mundo”, sublinha, clamando por uma mudança de mentalidade que teria também “impacto na economia”. Ao ceo da Google faz “confusão” ver empresas que pensam fazer o seu negócio só em Portugal, num mundo globalizado como o de hoje. “Não encontramos em Portugal O novo agregador das comunicações
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projectos de Internet”, exemplifica. “Não há nenhuma empresa que pense além-fronteiras em termos de Internet. Porque não produzir conteúdos para o Brasil?”. Encerrado o capítulo MIT, regressa a Portugal, passa pelo Boston Consulting Group e embarca a seguir numa aventura desportiva. Assume a direcção do Sporting pela mão de José Roquette, em 1998, e ainda vê o clube sagrar-se campeão. Quando surge um convite da Media Capital, agarra a oportunidade. Até se ter cansado de ser consultor e decidir procurar a Google: “Contactei-os e tentei convencê-los de que havia oportunidade para abrir um escritório em Portugal”. Não foi fácil: andou um ano a pedir uma entrevista, mas a persistência compensou e, depois de um processo de recrutamento com entrevistas a partir de Madrid, Londres e Paris, começa a trabalhar com a delegação espanhola da Google, em Outubro de 2005. Dois anos depois, a Google descobre que, afinal, os portugueses não são avessos à tecnologia e concorda em abrir um escritório em Portugal. “As vendas da publicidade online surpreenderam toda a gente. Apesar da ideia generalizada de que Portugal não é virado para a tecnologia, temos cinco milhões de utilizadores que são heavy users e o volume de pesquisas é significativo”. Paulo Barreto acredita que pode chegar aos 100 mil clientes nos próximos três anos. “É um objectivo ambicioso, mas é possível”. Como não podia deixar de ser, o gestor é também um heavy user da Internet… “Uso para aí 16 horas por dia. Acordo às 07h30 e a primeira coisa que faço é agarrar no telefone e ver os emails”. Durante o dia, consulta jornais, “a toda a hora”, mas não se descreve como um “pesquisador”. Também está no Facebook, mas encara a rede social de forma utilitária: “Uso mais como uma caixa de correio do que para ver o que as pessoas estão a fazer; raramente escrevo alguma coisa”. Não se desliga nem nas férias, mas impõe a si mesmo a rotina de só espreitar o email três ou quatro vezes por dia: “Melhora a qualiO novo agregador das comunicações
Ao ceo da Google faz “confusão” ver empresas que pensam fazer o seu negócio só em Portugal, num mundo globalizado como o de hoje.“Não encontramos em Portugal projectos de Internet”, exemplifica. “Não há nenhuma empresa que pense além-fronteiras em termos de Internet. Porque não produzir conteúdos para o Brasil?”
dade de vida e não faz diferença”. Paulo não consegue viver sem os seus gadgets, mas as actividades que escolhe para o lazer não podiam estar mais distantes do estereótipo do nerd que vive imerso no computador. Aos fins-de-semana, acorda cedo e passeia a pé ou de bicicleta. Desportista, não vive sem o mar. “Quando estava em Madrid sentia-me pessimamente. Preciso de ter o mar perto, mesmo que não faça nada”. Mas, se estiver a fazer alguma coisa, o mais certo é ser em cima de uma prancha. A paixão pelo surf, windsurf e kitesurf – que começou a praticar há dois anos – leva-o a escolher as viagens em função das melhores ondas. Já “surfou” no Havai, no Brasil e em Cabo Verde e repete Marrocos todos os anos para “windsurfar”. Só ainda não conquistou a mulher, que se queixa do excesso de atenção dado ao pulsar dos ventos e das marés, nem as filhas, de oito e dez anos.“Quando é para ir à praia, dizem logo: todas, menos o Guincho”...
Como não podia deixar de ser, o gestor é também um heavy user da Internet: “Uso para aí 16 horas por dia. Acordo às 07h30 e a primeira coisa que faço é agarrar no telefone e ver os emails”
PERFIL
Longe da multidão em Marrocos
“Apesar da ideia generalizada de que Portugal não é virado para a tecnologia, temos cinco milhões de utilizadores que são heavy users e o volume de pesquisas é significativo”. Chegar aos 100 mil clientes nos próximos três anos “é um objectivo ambicioso, mas possível”
Apesar de as ondas do Havai serem as mais célebres, há um destino que conquistou Paulo Barreto há 15 anos, “pela proximidade e qualidade das ondas”. Em Marrocos, foge à multidão em praias desertas e nem as revoluções magrebinas o assustam, num país que descreve como “super-tranquilo e seguro”. Normalmente em Abril, quando o vento sopra de feição para o windsurf, segue de carro até uma aldeia a Norte de Essaouira. Nas praias próximas, não há banhistas estendidos nas toalhas, nem biquínis a desfilar, nem esplanadas, nem vendedores a apregoar gelados. Não há gente, porque também não há carros e muitos dos habitantes o mais longe que se afastaram do lugar onde nasceram foi 100 quilómetros, para visitar algum parente numa vila próxima. “Andamos muitos anos para trás, um pouco como era em Portugal antes de o Cavaco começar a construir as auto-estradas, não é?”, pergunta, de forma retórica, o gestor windsurfista. É um regresso ao passado feito de sossego e paisagens áridas, mas não desoladoras. Os camelos também lá estão, como que a assinalar o destino com a marca do exótico.
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IntErnEt
Quem gosta do .eu? Com 3,4 milhões de domínios registados, está confirmada a popularidade do .eu junto dos residentes da União Europeia. Mas certos países aceitam-no mais do que outros Um indicador mensurável da atracção do .eu é a sua quota do mercado total de domínios em cada Estado-membro da UE. O .eu está bem estabelecido na parte Nordeste da UE e na Holanda. Na Estónia, Polónia, Eslováquia e Lituânia chega a rivalizar com o .com como a segunda extensão mais popular, a seguir ao domínio nacional (TLD). Contudo, o .eu não está tão bem estabelecido na periferia da UE. Em Espanha, Portugal e no Reino Unido, abrange apenas um registo em cada 40. E porquê? Dois factores oferecem explicações possíveis para a popularidade do .eu em certos países: por um lado, a população está habituada a utilizar extensões com dois carateres, semelhantes aos seus TLD nacionais; por outro, a população tem uma atitude mais positiva em relação à UE. Para investigar a relação entre a popularidade do .eu e a preferência pelo TLD nacional, comparámos a quota de mercado do .eu com os registos de TLD nacional divididos pelos registos .com em cada país. A relação é clara. As principais excepções são a Dinamarca e a Roménia, onde o .eu não foi amplamente adoptado apesar da popularidade do domínio nacional, e a França, onde o .eu tem boa aceitação apesar da prevalência do .com. Para ver se existe uma relação entre a popularidade do .eu e as atitudes para com a UE, comparámos a quota de mercado do . eu com informações obtidas pelo Eurobarómetro num inquérito à opinião pública na UE. Utilizando os dados referentes à atitude para com a integração na UE, os resultados mostraram que, embora a relação seja mais fraca, ainda assim é detectável uma tendência. O .eu 26
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“Dois factores oferecem explicações possíveis para a popularidade do .eu em certos países: por um lado, a população está habituada a utilizar extensões com dois carateres, semelhantes aos TLD nacionais; por outro, tem uma atitude mais positiva em relação à UE”
“O domínio .eu encontra-se classificado entre os 10 maiores domínios de nível superior de todo o mundo, ligando 500 milhões de pessoas em 27 países da UE sob uma mesma identidade na Internet”
tem uma quota de mercado baixa no Reino Unido, mas captou uma parte considerável do mercado em países com uma atitude positiva para com a UE, como a Estónia ou a Holanda. Não obstante, existem excepções. O .eu não é amplamente utilizado em Espanha, nem na Dinamarca, que têm uma atitude positiva para com a UE, enquanto, por outro lado, a atitude menos positiva da República Checa não teve um impacto visível no interesse. Aparentemente, o .eu é popular em países com uma atitude positiva para com a UE e com um mercado bem desenvolvido para os TLD nacionais, sendo menos utilizado em países com maior cepticismo europeu e naqueles cuja população está habituada à extensão .com. A excepção é a Dinamarca, onde o .eu não foi extensamente adoptado, apesar da popularidade da extensão .dk e da atitude positiva para com a UE. Utilizando estes dois factores, podemos prever, em certa medida, até que ponto o .eu será adoptado nos países candidatos à UE. Assim, embora a população turca tenha uma atitude positiva para com a UE, o TLD nacional, o .tr, não está bem estabelecido. Se a força de implantação do domínio nacional for mais influente em determinar a popularidade do .eu do que a atitude da população para com a UE, o .eu poderá não ser amplamente adoptado. Quanto à Macedónia, a informação acerca da implantação do TLD nacional não está disponível, mas sete dos principais jornais diários macedónios utilizam .mk para os respectivos websites, o que indica um domínio nacional bem implantado. Juntamente com uma atitude bastante positiva para com a UE, isto significa que o .eu
Marc Van Wesemael director-geral da EURid, o serviço de registo .eu da Internet
poderá ser amplamente utilizado. Na Islândia, apesar de a população ter uma atitude menos positiva para com a UE, o .eu poderá também ter bons resultados, devido à forte implantação do .is, o TLD nacional. Contudo, a localização geográfica do país poderá levar a que os islandeses vejam menor utilidade no domínio .eu. Em relação à Croácia, o TLD nacional, o .hr, é largamente utilizado. Isto significa que, apesar de uma população céptica em relação à UE, o .eu poderá vir a ser adoptado. O domínio .eu encontra-se classificado entre os 10 maiores domínios de nível superior de todo o mundo, ligando 500 milhões de pessoas em 27 países da UE sob uma mesma identidade na Internet. O novo agregador das comunicações
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Gaming
Tornar os jogos acessíveis O desafio da games4u é a competitividade nos preços, a conquista da confiança do consumidor com transparência, honestidade e cumprimento de promessas, e a disponibilização de uma oferta de acordo com a preferência nacional Os jogos, para os que desfrutam do vício, são divertidos e frustrantes em muitos aspectos. Existem decisões a tomar, power-ups a considerar e estratégias para planear. Claro que tudo isto está sujeito a mutações constantes, dependendo do tipo do jogo, da consola usada e do humor do jogador. O sucesso nunca é garantido, mesmo com muito esforço e vontade. Apesar disso, os melhores jogos prendem e exigem que se tente “só mais uma vez” passar aquele nível impossível – motivo pelo qual pais em todo o mundo ouvem o famoso “só mais cinco minutos!”. Ficariam surpreendidos com o quão semelhante pode ser ter uma loja online. Tal como na escolha de uma consola, a escolha do negócio é fundamental. Quando se faz a escolha errada, está-se muitas vezes destinado a falhar. Abrir uma loja online ou física? O que vender? Onde conseguir o stock? São necessárias autorizações? Alguém procura ou precisa do serviço? Quando considerei entrar no mercado português, fi-lo sabendo três factos: 1. O gaming em Portugal é comparativamente mais caro; 2. O consumidor português é conservador e desconfiado em relação a empresas que prometam muito; 3. A consola Sony Playstation é a escolha número um dos portugueses. O desafio da games4u é, por esse motivo, a competitividade nos preços, a conquista da confiança do consumidor com transparência, honestidade e cumprimento de promessas, e a disponibilização de uma oferta de acordo com 28
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“O facto de a consola ajudar no exercício físico, pôr pessoas a dançar e cantar, ligar a redes sociais e levar vídeo HD às televisões, faz a sua utilização a mudar. Já não se encontra apenas em quartos desarrumados de adolescentes. São hoje os aparelhos mais sérios debaixo da televisão principal da casa”
“O custo de jogar um jogo é muito alto – cerca de 60 a 70 euros -, principalmente tendo em consideração o ordenado médio, a crise económica e o aumento do custo de vida. Na games4u retiramos do custo de gestão o máximo possível, permitindo ao consumidor poupar”
a preferência nacional. Esta foi a estratégia adoptada. Como num jogo, as coisas podem mudar e, alterando-se as variáveis, tem de se mudar a estratégia. O custo de jogar um jogo é muito alto – cerca de 60 a 70 euros -, principalmente tendo em consideração o ordenado médio, a crise económica e o aumento do custo de vida. Na games4u retiramos do custo de gestão o máximo possível, permitindo ao consumidor poupar. Oferecemos ainda uma opção de trade-in até oito semanas, com 50 por cento de desconto na compra seguinte, que tem provado ser atraente. Também o mito Sony mudou. A Nintendo Wii conta agora com 25,4 por cento de quota de mercado, com 375.000 unidades vendidas em 2010 e um crescimento nacional de 52,2 por cento. A Sony detém hoje 24,3 por cento (em vez dos 90 por cento de outrora), com um crescimento de 11 por cento em 2010. A Xbox 360, graças à popularidade da Kinect, teve um crescimento de 43 por cento. Para fazer face a estas mudanças, a games4u teve de alterar a sua política de stock. O mercado está a amadurecer e o gaming tornou-se interessante para outros grupos. As consolas têm sofrido mudanças, o que levou a este crescimento. Já lá vão os dias em que se discutiam apenas gráficos, píxeis e velocidades. Os fabricantes chegaram à conclusão de que a experiência é mais importante. O facto de a consola ajudar no exercício físico, pôr um grupo de pessoas a dançar e cantar, ligar a redes sociais e levar vídeo HD às televisões, faz a sua utilização a mudar. Já não se encontra apenas em quartos
Fabrizio Harper director-geral da games4u
desarrumados de adolescentes. São hoje os aparelhos mais sérios debaixo da televisão principal da casa. Como é que o lançamento da games4u afectou os meus hábitos? Bom, jogo muito menos. Passo mais tempo a analisar o Google Analytics do que a destruir exércitos de extraterrestres. Além disso, aprendi como é difícil ser dono de um negócio pequeno em Portugal. Há muito pouco incentivo à criação de start-ups, existe uma série de barreiras e obstáculos que tornam todo o processo uma espécie de jogo de consola: um sem número de entidades que parecem os bosses no final dos níveis! Os únicos power-ups que encontrei têm sido o Google e o Facebook. O novo agregador das comunicações
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smaRt tv
Uma nova experiência O conceito Smart TV eleva a experiência do entretenimento para um novo nível, tornando-a na mais imersiva de sempre. A televisão assume cada vez mais o centro de toda a tecnologia e entretenimento dos utilizadores na sala-de-estar Desde há uns anos que a televisão permite uma utilização muito mais ampla do que apenas ficarmos sentados, a assistir passivamente ao que, em cada momento, cada canal está a transmitir. As capacidades de convergência entre a televisão e outros equipamentos, assim como a partilha de ficheiros, já nos são familiares há algum tempo. A possibilidade de interacção através da ligação a uma câmara de vídeo ou o visionamento de fotos e vídeos armazenados num telemóvel, seja através do acesso a sites ou conteúdos armazenados num computador, fazem cada vez mais parte do nosso dia-a-dia. Também as operadoras de televisão têm diversificado a sua oferta com novos serviços e novas funcionalidades, como a gravação de programas e acesso a vídeoclubes, sem sair de casa e à distância de um toque no comando. Mas, se estas funcionalidades são cada vez mais comuns, as marcas de electrónica de consumo apostam numa nova categoria que vai mais além e transporta o telespectador para outra dimensão. Estou a falar do conceito Smart TV, que eleva a experiência do entretenimento para um novo nível, tornando-a na mais imersiva de sempre. A televisão assume cada vez mais o centro de toda a tecnologia e entretenimento dos utilizadores na sala-de-estar. Mas afinal o que é a Smart TV? É o conceito usado para descrever a integração de TV e Internet. A Smart TV oferece avançadas capacidades de computação com uma rica variedade de conteúdos. No caso da Samsung, a Smart TV distingue-se por três características essenciais: conteúdos ilimitados (Smart Content), elevada O novo agregador das comunicações
“A Smart TV é a evolução do entretenimento em televisão. Actualmente, os consumidores sabem o que querem e a Smart TV responde a isso. É claramente o futuro”
“A Samsung Apps, a primeira loja de aplicações para HDTV em todo o mundo, oferece uma ampla variedade de aplicações gratuitas e pagas, que ajudam as pessoas a manterem-se ligadas às suas paixões – no desporto, entretenimento, informação, jogos ou redes sociais”
conectividade (Smart Connectivity) com uma incrível qualidade de imagem e design que permite uma experiência ainda mais enriquecida (Smart 3D e Smart Design). As capacidades Smart TV dos televisores Samsung incluem a função Smart Hub, que inclui potencialidades como Search All, que facilita a procura dos conteúdos pretendidos no seu televisor e noutros dispositivos de armazenamento com certificação DLNA, em PC ligados em rede e dispositivos móveis, bem como na Internet e em serviços de video-on-demand, Your Video, que fornece recomendações com base no histórico de visualizações do utilizador, Web Browser, com funcionalidades completas de navegação na Web a partir do televisor, e Samsung Apps, a primeira loja de aplicações para HDTV em todo o mundo, que oferece uma ampla variedade de aplicações gratuitas e pagas, que ajudam as pessoas a manterem-se ligadas às suas paixões – no desporto, entretenimento, informação, jogos ou redes sociais. Actualmente, a Samsung Apps disponibiliza cerca de 300 aplicações para TV. A Smart TV inclui ainda o Social TV, que permite estar a falar com os amigos nas redes sociais como o Facebook, o Twitter e o Google Talk, ao mesmo tempo que se assiste ao programa ou filme preferido. Pode-se também reunir toda a família e ver e falar com os amigos ou familiares mais distantes através do Skype. A Smart TV é a evolução do entretenimento em televisão. Actualmente, os consumidores sabem o que querem e a Smart TV responde a isso. É claramente o futuro. Com um extraordinário e intuitivo design, assim como uma conectivi-
Filipe Carvalheiro head of division de Electrónica de Consumo da Samsung Electrónica Portuguesa
dade e uma tecnologia de imagem inigualáveis, o LED Smart TV traz para o mercado uma experiência de imagem em casa de alta definição e sem precedentes, que irá convencer os consumidores portugueses mais exigentes. É assim a Smart TV, uma nova experiência de ver televisão! Julho de 2011
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ENTREVISTa
Hermínio Santos jornalista hs@briefing.pt
Quando vai a uma farmácia ou usa o cartão num terminal de pagamento automático está a entrar no universo Glintt, um grupo português de tecnologias de informação com 1300 trabalhadores e ambições mundiais. Manuel Mira Godinho, 45 anos, aposta também nas capacidades inovadoras da empresa
Manuel Mira Godinho, ceo da Glintt
Ramon de Melo
“Temos uma oferta global”
Fibra | Quais são os principais eixos da reorganização que está a ser feita na Glintt? Manuel Mira Godinho | Os principais eixos são três: dinamizar o crescimento da empresa, reestruturação da máquina produtiva em termos de prestação de serviços e gestão de recursos humanos. 30
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“No crescimento estamos a apostar numa dinâmica assente em três aspectos: geográfico, oferta e posicionamento em termos de mercado”
Fibra | Como é que eles se desenvolvem? MMG | No crescimento, estamos a apostar numa dinâmica assente em três aspectos: geográfico, oferta e posicionamento em termos de mercado. Nos mercados, o que fizemos foi analisar o portefólio de serviços e de proO novo agregador das comunicações
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dutos da Glintt. Isso levou-nos a organizar a empresa em torno de quatro grandes pilares: o primeiro, farmácias e todo o negócio que gira em torno da farmácia, desde o desenho de novos espaços até à execução da obra e fornecimento de equipamentos e bens - trata-se de um sector onde somos líderes em Portugal, com 80 por cento do total de todas as farmácias no País; em Espanha temos cerca de 42 por cento. O segundo pilar é o das energias renováveis, que é uma aposta sólida, de futuro e onde estamos a investir bastante. Neste eixo, vamos avançar em três linhas de serviços: consultoria (tem a ver com a possibilidade de os nossos clientes reduzirem os consumos energéticos e fazer estudos e desenhar projectos e implementá-los), produção de equipamentos (por exemplo, painéis solares) e ter capacidade própria de produção de energia fotovoltaica, que, de alguma forma, funciona como incubadora das nossas ideias e soluções. O terceiro pilar tem a ver com a produção de produtos próprios. Por exemplo, nos casos dos POS (terminais de pagamento com cartões), temos 40 por cento de quota de mercado. Fazemos o desenho de equipamentos, desenvolvemos as aplicações, configuramos a solução final e, nalguns casos, mandamos produzir fora, na Coreia, e outros fabricamos em Portugal. Além disso, temos uma rede de assistência aos nossos equipamentos. Em Espanha temos duas mini-software houses, que produzem software para farmácias. Em paralelo, estamos a fazer uma análise do portefólio existente de produtos na Glintt e a ver quais são aqueles que têm potencial para se venderem externamente. Fibra | São produtos na área das tecnologias? MMG | São produtos na área da tecnologia, do desenvolvimento de software. Dou-lhe um exemplo: somos líderes no sector hospitalar em termos de software e consultoria para gestão de hosO novo agregador das comunicações
“Quero uma Glintt mais internacional e isso quer dizer que não faz só dinheiro nos países, é também uma empresa que tem pessoas de várias nacionalidades, com outro tipo de culturas, outra dinâmica, com outra capacidade de enfrentar desafios”
“O objectivo é olhar para o mercado brasileiro e ver se, com um parceiro local ou com uma dinâmica da Glintt, podemos entrar no mercado de venda de consultoria ou de software para hospitais”
pitais. Estamos a olhar para esse mesmo software e ver a possibilidade de o transformar num produto vendável através de canal. Noutros casos estamos a desenhar nós próprios, através de necessidades que fomos identificando nos nossos clientes, produtos à medida. Fibra | Falta falar no quarto pilar… MMG | É o da consultoria clássica, comparável às grandes consultoras e que representa cerca de 50 por cento da facturação da Glintt, neste momento. Este negócio está a ser reorganizado em três grandes linhas de serviço: bpo (business process outsourcing), it consulting (desenho e desenvolvimento de soluções à medida) e manage service. Fibra | No negócio da consultoria, o que é que distingue a Glintt da sua concorrência em Portugal? MMG | A combinação entre soluções baseadas em produtos + metodologia + consultores, pessoas especializadas no produto e na área de negócio e que nos permite diferenciar de algumas consultoras clássicas. Se for preciso desenvolver para uma grande instituição uma solução de consultoria que passe por desenhar alguns equipamentos específicos e fabricá-los, desenhar algum software e produzi-lo, formar e colocar gente, ou seja, uma solução completa, nós conseguimos fazê-lo. Conseguimos ter uma oferta que vai de A a Z. Obviamente que também temos possibilidade de fazer o que os outros fazem, que é comprar software e hardware no mercado, pois temos parcerias com os principais líderes de mercado. A Glintt tem uma oferta global, flexível, que vai de encontro às necessidades completas do cliente. O que nós pretendemos é prestar serviços finais. Por outro lado, também contamos com a experiência que fomos adquirindo em determinadas áreas.
“Nós trabalhamos próximo das universidades mas quase 100 por cento do investimento que fazemos é com recursos próprios. Em Espanha, temos duas equipas com 40 pessoas praticamente a fazer desenvolvimento de novas versões do nosso software”
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ENTREVISTa
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Fibra | Disse que 50 por cento da facturação era proveniente da actividade da consultoria. E os restantes 50? MMG | Temos depois as farmácias, com 35 a 40 por cento, e o restante é entre a energia e a parte dos produtos próprios, sendo que a energia, como é a unidade mais recente, ainda tem um contributo marginal.
“Somos líderes no sector hospitalar em termos de software e consultoria para gestão de hospitais. Estamos a olhar para esse mesmo software e ver a possibilidade de o transformar num produto vendável através de canal”
Fibra | Quando é que surgiu essa aposta na energia? MMG | Essa aposta tem a ver com a unidade que tinha sido criada no ano passado. O que nós fizemos – estamos aqui há seis meses – foi olhar para essa unidade, vimos que ela tinha imenso potencial, demos-lhe um empowerment adicional e acelerámos um pouco o seu processo de expansão em termos de novos horizontes, quer ao nível da tecnologias, quer dos produtos e serviços. Portanto, foi dar uma continuidade a algo que já tinha sido iniciado no passado. Fibra | Quais os projectos para a internacionalização? MMG | Quando falei na expansão, isso tem a ver com produtos e com mercados. Hoje, a Glintt está presente em Portugal, Espanha e Angola e o que nós queremos é acelerar o processo de internacionalização. Já estamos a dar bastante prioridade à Europa, que é um dos nossos eixos geográficos cruciais. Nós dividimos a Europa em dois blocos: o de Espanha (porque já temos três empresas no país, está próximo de Portugal e há um mercado que conhecemos bem, que é o das farmácias), começando por desenvolver mais o negócio em torno das farmácias, e o do Norte da Europa, principalmente a mais desenvolvida, onde a nossa aposta passa por investir mais na área da consultoria, principalmente através de uma lógica de near shore. Já temos uma rede de centros em Portugal e queremos potenciá-los e desenvolver essa estratégia de near shore, tendo consultores ou parceiros nesses países, que funcionariam como front end dessa estratégia.
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“A Glintt tem uma oferta global, flexível, que vai de encontro às necessidades completas do cliente. O que nós pretendemos é prestar serviços finais”
“Por uma questão de racionalização dos nossos esforços juntámos na Glintt, do ponto de vista geográfico, América Latina e África. Basicamente, estamos a falar de três países que nos interessam neste momento: Angola, Brasil e Moçambique”
Nalguns casos concretos estamos mesmo a equacionar a hipótese de lançar uma operação local, sempre que tal se justifique. Fibra | Isso pode acontecer em que mercados? MMG | Ainda estamos numa fase de prospect, em que já vendemos alguns pequenos projectos. Vamos testar o modelo. Por exemplo, na Alemanha, se ganharmos volume que justifique uma presença local mais forte para dar consistência ao projecto em termos de médio-longo prazo, não é de excluir essa possibilidade. Para já, o primeiro cenário é colocar consultores Glintt nos clientes internacionais e trazer trabalho para cá ou então fazer parcerias com empresas ou consultoras de média dimensão locais e ver como abordamos os clientes. Fibra | No caso de Angola, qual é a vossa estratégia? MMG | Por uma questão de racionalização dos nossos esforços, juntámos na Glintt, do ponto de vista geográfico, América Latina e África. Basicamente estamos a falar de três países que nos interessam neste momento: Angola, Brasil e Moçambique. Já temos uma empresa em Angola e o que estamos a fazer é expandir os seus serviços para a área da consultoria. Estávamos muito ligados à montagem de data centers no país, onde acompanhámos grandes clientes e empresas. Esperamos ainda este ano vir a ter projectos na área da consultoria, onde o mix de trabalho mais na área de infra-estruturas vs. consultoria seja, pelo menos, 50/50. Hoje em dia é 100 por cento na área de infra-estruturas. Em Moçambique, estamos a olhar para esse mercado porque há clientes nossos que estão em Angola e que apostam agora naquele país. Por isso é que faz sentido perceber se esses clientes precisam de um data center em Moçambique, por exemplo. O que estamos a fazer é acompanhar a dinâmica que nos levou para Angola. O novo agregador das comunicações
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“Sobre 2011, ainda estamos a meio do ano. A nossa estratégia de internacionalização segue o caminho que tínhamos traçado. A componente de reorganização também está a seguir o seu caminho”
Fibra | E no Brasil? MMG | O Brasil é uma história diferente, porque é um país com um enorme potencial mas também com uma dificuldade adicional pela sua dimensão vs. a pequenez de qualquer empresa portuguesa. Estamos neste momento a estudar algumas áreas, nomeadamente a da saúde, pelo facto de nós termos um software desenvolvido para hospitais em Portugal. O objectivo é olhar para o mercado brasileiro e ver se, com um parceiro local ou com uma dinâmica da Glintt, podemos entrar no mercado de venda de consultoria ou de software para hospitais. No caso das farmácias, nós representamos o líder europeu de robôs e estamos a olhar para o Brasil como uma hipótese de podermos tentar desenvolver esse
negócio. Quando digo estar a olhar é estudar, analisar e sem grandes investimentos. Temos algumas oportunidades muito esporádicas na área da consultoria, que, no caso de alguma se concretizar, vai “arrastar-nos” para outros projectos. Também estudámos uma componente na área da energia, para ver as hipóteses que havia no âmbito dos Jogos Olímpicos e do Mundial que decorrerão no Brasil, mas ainda estamos numa fase muito embrionária. Fibra | - A que se deve a quebra no volume de negócios de seis e de 72 por cento nos lucros registados no primeiro trimestre de 2011? Quais são as previsões para o resto do ano? MMG | Foi um trimestre que sofreu
“Quando falei na expansão, isso tem a ver com produtos e com mercados – hoje a Glintt está presente em Portugal, Espanha e Angola – e o que nós queremos é acelerar o processo de internacionalização”
o impacto de vários acontecimentos: um, que está completamente fora do nosso controlo, e que tem a ver com a contracção da economia portuguesa e as dificuldades na área financeira, o que nos afectou de uma forma considerável. É que, por exemplo, renovar uma farmácia requer investimento e se há atraso nos financiamentos, isso tem consequências. Um segundo acontecimento teve a ver com a nossa área de negócio com os bancos, que foi directamente afectada pelo facto de os próprios bancos terem reduzido investimentos. Outra área afectada foi a dos POS, pelo facto de os pequenos negócios terem estagnado. Também não podemos esquecer a dinâmica de investimento que a Glintt vive. Ou seja, quando falei >>>
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ENTREVISTa
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“Cheguei há pouco à empresa e o tempo tem sido para conhecer os activos, a presença, a dinâmica e fazer o matching entre a empresa e o mercado, desenhar uma estratégia”
há pouco em internacionalizar isso quer dizer que queremos repensar as ofertas da Glintt e apostar na área da energia e isso tem que se traduzir em factos concretos. Contratámos um director para essa área, investimos em formação de recursos, no desenho e promoção desses produtos – portanto temos aqui uma componente de investimento e de nenhum retorno. Há ainda uma outra componente, que é a reestruturação da própria empresa, porque, quando o mercado muda, nós temos que nos adaptar e se eu renovava, por exemplo, 100 farmácias por ano e agora renovo 50, não preciso da mesma estrutura. Há uma necessidade de nos adaptarmos às novas circunstâncias do mercado. Depois, se o dinheiro está mais caro – e nós precisamos de dinheiro para investir – isso acaba por se reflectir nos resultados. Sobre 2011, ainda estamos a meio do ano. A nossa estratégia de internacionalização segue o caminho que tínhamos traçado. A componente de reor-
“Estamos a afinar os detalhes, lançámos o processo de reorganização para começarmos a fazer um reshaping alinhado com o posicionamento que queremos para a firma sem termos uma preocupação virada para a acção”
ganização também está a seguir o seu caminho. O que nós não controlamos é o mercado e, por isso, é difícil dizer onde é que vamos parar no final do ano. Mantemos o optimismo e confiança e tenho a certeza que vamos chegar a bom porto. Fibra | Como analisa o comportamento bolsista da Glintt? É para manter cotada? MMG | Esse é um tema dos accionistas. Cheguei há pouco à empresa e o tempo tem sido para conhecer os activos, a presença, a dinâmica e fazer o matching entre a empresa e o mercado, desenhar uma estratégia. Estamos a afinar os detalhes, lançámos o processo de reorganização para começarmos a fazer um reshaping alinhado com o posicionamento que queremos para a firma sem termos uma preocupação virada para a acção. Estamos é preocupados com o negócio da Glintt e em fazê-lo crescer.
PERFIL
Um gestor ligado à terra Há dois traços inconfundíveis em Manuel Mira Godinho: o seu sotaque alentejano e a preferência por expressões inglesas relacionadas com a gestão. Estes detalhes mostram o percurso pessoal e profissional de um gestor de 45 anos, que nasceu numa aldeia perto de Évora e passou mais de 20 anos numa consultora multinacional, a Accenture. Veio da aldeia de Santa Susana, perto de Évora, para Lisboa, onde se formou em Engenharia no ISEL. Enquanto estudava, arranjou trabalho na Norma, uma empresa já desaparecida e que lhe deixou boas recordações. Antes de ingressar na Accenture ainda esteve cerca de quatro anos na Telepac. As duas últimas décadas de trabalho passou-as na consultora. Esteve em França sete anos, como consultor nas áreas do retalho e do petróleo. Regressou a Portugal em 2006, onde ficou responsável por toda a área de consultoria tecnológica. Depois de 20 anos na alta-roda da consultoria, o que é que o motivou a aceitar o convite para gerir a Glintt? Explica: “Numa multinacional gasta-se muitas energias a lidar com a máquina burocrática e, quando surgiu a oportunidade de ser presidente da comissão executiva de uma empresa portuguesa de uma dimensão considerável, eu
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achei logo que tinha aqui espaço de manobra para deixar um cunho pessoal e para poder fazer a diferença”. A Glintt, onde está desde o início de 2011, abre-lhe também a possibilidade de concretizar um sonho antigo: mostrar que Portugal tem uma oportunidade para crescer e fazer a diferença na Europa. O que falta é “descobrir os nichos que existem na área das tecnologias de informação e do outsourcing e que ainda não conseguimos aproveitar”. Mira Godinho tem a ambição de tornar a empresa menos exposta ao mercado “pequeno e difícil de Portugal” e passar a estar em países como a Bélgica, a Alemanha, a Suíça e a França, com outra dimensão e onde “os nossos consultores são muito respeitados”. Esta ambição não o faz esquecer os seus pequenos prazeres: coleccionar vinhos e jardinagem. Os vinhos foram uma mania que começou há dez anos e recordase de ter impressionado os franceses com as qualidades do vinho português. Sobre a jardinagem, diz que é uma “forma cosmopolita de manter uma ligação à terra”. Desta forma também não esquece as raízes da família, ligadas à agricultura e à terra alentejana, e aonde Mira Godinho regressa sempre que pode.
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Fibra | O software da Glintt é desenvolvido com algum recurso a universidades portuguesas? São recursos próprios da empresa? Quanto é que a empresa investe em I&D? MMG | No Porto, temos um centro de competências na área da saúde onde trabalhamos com as universidades mais próximas em termos geográficos. Mas a maior parte do investimento é todo Glintt e estamos a falar de centenas de milhares de euros anuais, de uma forma consistente ao longo dos últimos anos. No ano passado, foram cerca de 400 mil euros só para aquela área da saúde. Na área dos POS, também fazemos investigação e desenvolvimento e neste campo estamos mais perto do ISEL, por questões que têm a ver com o próprio perfil dos engenheiros que saem da instituição. Há um protocolo assinado com o ISEL. Temos contactos com outras universidades com as quais queremos celebrar protocolos ou promover intercâmbios de conhecimento. Nós trabalhamos próximo das universidades mas quase 100 por cento do investimento que fazemos é com recursos próprios. Em Espanha, temos duas equipas com 40 pessoas praticamente a fazer desenvolvimento de novas versões do nosso software. Aqui na Beloura (perto de Sintra), também temos várias dezenas de consultores a trabalhar em software próprio da empresa em áreas de manutenção e recursos humanos. A Glintt gasta dois ou três milhões de euros em I&D por ano. Fibra | Quantos trabalhadores é que a Glintt tem? MMG | Quase 1300 em todas as operações. Temos cerca de 60 em Espanha, 20 em Angola e os restantes em Portugal, quase 300 no Porto e o resto em Lisboa, na Beloura e na Matinha, onde está a nossa fábrica de POS. Fibra | Está há seis meses na Glintt. Com a sua entrada, o que é que mudou na empresa? MMG | Em seis meses, vai-se mudando alguma coisa, mas espero que mude muito mais nos próximos anos, senão não estou cá a O novo agregador das comunicações
“Mantemos na administração uma lógica de porta aberta onde se incentiva qualquer pessoa a falar connosco para esclarecer qualquer dúvida ou questão. Numa palavra: diálogo”
“Já temos uma empresa em Angola e o que estamos a fazer é expandir os seus serviços para a área da consultoria. Estávamos muito ligados à montagem de data centers no país, onde acompanhámos grandes clientes e empresas”
fazer nada. O que vai ter de mudar é a cultura da empresa, em termos de relação com os clientes, entre os funcionários e entre os funcionários e a administração. Também há uma mudança no portefólio de serviços da Glintt em termos de clientes. Quero uma Glintt mais internacional e isso quer dizer que não faz só dinheiro nos países, é também uma empresa que tem pessoas de várias nacionalidades, com outro tipo de culturas, outra dinâmica, com outra capacidade de enfrentar desafios. Portanto, uma Glintt diferente, seguramente, da que tenho agora. Fibra | Qual foi a sua estratégia para mobilizar as pessoas para estas mudanças que estão acontecer na empresa? MMG | Ainda estamos num processo de mudança. A primeira coisa que fizemos foi comunicar com as chefias directas e montar comités operacionais para ir discutindo e debatendo as ideias que tínhamos para a firma e o que íamos implementar. Depois, lançámos um conjunto de iniciativas a que chamámos “Cafés com a Comissão Executiva”, feitos com Lisboa e Porto, principalmente. O que fazíamos era reservar uma a duas horas e convidávamos 30 a 40 dos nossos colaboradores, por sessão, e aí apresentávamos a nossa visão, quer de acções de curto prazo, quer de médio e longo prazo. Fizemo-lo durante 15 sessões e montámos uma comunicação directa. Também fizemos reuniões gerais, duas em Lisboa e uma no Porto, para comunicar algumas ideias do plano estratégico. Vamos manter esta dinâmica paralela de, por um lado com as chefias directas, passar a mensagem e, ao mesmo tempo, um diálogo directo com os colaboradores, qualquer que seja o seu nível. Paralelamente a isto, mantemos na administração uma lógica de porta aberta, em que se incentiva qualquer pessoa a falar connosco para esclarecer qualquer dúvida ou questão. Numa palavra: diálogo.
“O que nós fizemos – estamos aqui há seis meses – foi olhar para essa unidade, vimos que ela tinha imenso potencial, demos-lhe um empowerment adicional e acelerámos um pouco o seu processo de expansão”
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Uma mais-valia para a economia O projecto MOBI.E constitui um triângulo perfeito entre a utilização das renováveis, a sua aplicação em sectores estruturais da economia e a criação de novas oportunidades de mercado para empresas de excelência nacionais Independentemente da nossa paixão, indiferença ou antipatia pelas novas formas de mobilidade eléctrica, a verdade é que, nunca como hoje, se assistiu a uma aposta generalizada da indústria automóvel neste tipo de veículos. E esta aposta das grandes multinacionais é acompanhada à escala global pela introdução na agenda dos dirigentes políticos do conceito de mobilidade sustentável. Há 100 anos, com o aparecimento dos primeiros carros eléctricos, a lógica dos mercados ancorada no baixo preço dos combustíveis fósseis traçou um rumo para o desenvolvimento mundial. A mobilidade transformou-se num símbolo da evolução das sociedades. Mas, um século depois, esse modelo abre brechas. A escalada do preço do petróleo, a construção das grandes metrópoles dominadas pelo tráfego automóvel, as graves consequências económicas, ambientais e até de saúde pública da mobilidade assente nos combustíveis fósseis foram factores de alerta para os mercados e para os líderes internacionais. Dos Estados Unidos ao Japão, todos os construtores de automóveis estão a investir milhões em veículos eléctricos. Mesmo aqueles que, como os construtores alemães, há dois ou três anos eram mais cépticos, acabaram arrastados por esta tendência de electrificação que parece cada vez mais irreversível… Está em curso um novo paradigma de mobilidade, que, no limite, augura uma mudança sustentável nos parâmetros do desenvolvimento. Tal como em séculos passados, Portugal assume uma posição de liderança, determinada pela capacidade de agregar, num projecto 36
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“Um conjunto de empresas e centros de investigação propôs o que resultou no primeiro sistema de mobilidade eléctrica, que responde a princípios de interoperabilidade e integração de serviços. Em Junho, transformou-se no primeiro sistema à escala de um país, com 1350 pontos de carregamento”
“Nos últimos meses, têm-se multiplicado os contactos e negociações com entidades interessadas em conhecer o sistema português, o único no mundo que permite com um cartão fazer carregamentos, seja qual for a marca do carro ou o operador do ponto de carregamento”
transversal, o melhor do conhecimento, da inovação, da visão estratégica e da energia das empresas portuguesas. Nos últimos cinco anos, o nosso país fez uma aposta extraordinária e internacionalmente reconhecida nas energias renováveis. Em 2010, cerca de 53 por cento da electricidade consumida foi produzida a partir de fontes renováveis endógenas. Era necessário colocar esta mais-valia ao serviço do sector que mais contribui para o desequilíbrio da factura energética nacional, o sector dos transportes. Por outro lado, estava por resolver uma fragilidade associada às energias renováveis, concretamente o seu armazenamento para utilização nos períodos de maior consumo da rede. O projecto MOBI.E constitui um triângulo perfeito entre a utilização das renováveis, a sua aplicação em sectores estruturais da economia e, o último vértice, a criação de novas oportunidades de mercado para empresas de excelência nacionais. Enquanto a comunidade internacional ponderava como avançar nos novos caminhos, o programa para a mobilidade eléctrica nacional rompeu o enigma sobre a origem do ovo ou da galinha e partiu para o terreno com a implementação de uma rede de carregamento integrada e inteligente. Com este modelo, criou-se um quadro de referência para a tecnologia. Um conjunto de empresas e centros de investigação propôs o que resultou no primeiro sistema de mobilidade eléctrica, que responde a princípios de interoperabilidade e integração de serviços. Este mês de Junho, transformou-se no primeiro sistema à escala de um país, com 1350 pontos de carregamento de Norte a Sul.
João Dias coordenador do programa MOBI.E
Vinte e cinco municípios mobilizaram-se no âmbito da Rede Piloto da Mobilidade Eléctrica, para, em conjunto com um consórcio tecnológico, criarem um amplo projecto de experimentação e teste do sistema de mobilidade eléctrica MOBI.E, um “laboratório vivo” à escala nacional, que projecta Portugal no mundo pela tecnologia. A marca created by Portugal associada ao MOBI.E já levou à constituição de parcerias internacionais com empresas de referência, como a aliança Renault-Nissan, a Siemens ou a Oracle. Nos últimos meses, têm-se multiplicado os contactos e negociações com outras entidades interessadas em conhecer o sistema português, o único no mundo que permite com um cartão fazer carregamentos, seja qual for a marca do carro ou o operador do ponto de carregamento. Fácil? A verdade é que nenhum país conseguiu ainda implementar um sistema integrado. Esta é uma extraordinária oportunidade de desenvolvimento económico e tecnológico que Portugal não pode perder. MOBI.E é a energia que nos move e dá escala a um novo cluster de mobilidade eléctrica na economia portuguesa. O novo agregador das comunicações
LIVENING N.º 7 PRIMAVERA Spring • VERÃO Summer 2011
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Daniela Ruah UMA PORTUGUESA EM HOLLYWOOD
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“FAÇO JÁ INTENÇÕES DE REGRESSAR COM MAIS TEMPO” “I INTEND TO COME BACK WHEN I HAVE MORE TIME”
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Internet em Portugal é pouco livre, diz estudo Um estudo publicado pelo site francês OWNI, onde é feita uma análise à liberdade da Internet nos 27 Estados Membros da União Europeia, Noruega, Islândia e Suíça, coloca Portugal entre os países com mais restrições. Neste mapa onde os países são identificados por cores, Portugal surge no segundo grupo de territórios onde a Internet é menos livre, ao lado de Espanha, Itália, Bélgica, Reino Unido e Irlanda. Pior só a França, que ocupa isolada a cor vermelha, relativa aos países onde há menos liberdade na Internet. Por sua vez, os países onde existe mais liberdade na rede são a Islândia e a Estónia. Para este estudo os responsáveis pelo site analisaram seis pontos, que vão desde a defesa da propriedade intelectual à retenção de dados, passando pela luta contra a pornografia infantil e contra a pirataria de conteúdos.
Cacém recebe TDT sem problemas
EDP e Reditus celebram parceria
Depois de Alenquer, chegou a vez de oito freguesias de Sintra darem o passo para a era da televisão digital terrestre (TDT), com o desligamento do retransmissor analógico do Cacém, no passado dia 16 de Junho. De acordo com a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), o processo “decorreu de forma bastante positiva, demonstrando, à semelhança do que tinha acontecido em Alenquer, que a passagem da televisão analógica para a digital pode acontecer sem sobressaltos, sem perturbações de maior e com um número reduzido de situações em que as pessoas ficam sem ver televisão, desde que preparem atempadamente a mudança”.
A EDP celebrou uma parceria com a Reditus, no âmbito do centro de competência do centro de serviços da tecnológica, em Seia. O objectivo deste acordo passa por desenvolver o serviço de apoio ao cliente da EDP e reforçar a eficiência nos processos de negócio da companhia. “A Reditus assume a gestão e tratamento de contactos proveniente de clientes das empresas EDP, designadamente apoio de carácter técnico, comercial e de marketing, prestação de informação, suporte a avarias e resposta a solicitações, bem como promoção de bens ou serviços disponibilizados pela EDP”, refere a Reditus em comunicado.
iPhone 5 chega em Setembro
Novo Windows no Outono
A Apple está a planear o lançamento de uma nova versão do iPhone para o próximo mês de Setembro. O equipamento irá ter um chip mais rápido para o processamento de dados e uma câmara mais sofisticada. A notícia foi avançada pela Bloomberg, que refere que o novo terminal irá ter o processador A5, usado no iPad 2, e uma câmara de 8 megapixels. Para além destas informações, as fontes citadas pela Bloomberg avançam ainda que a Apple está a testar uma nova versão do iPad.
A versão beta do Windows 8 deverá começar a ser distribuída no Outono deste ano. A informação foi avançada por Dan’l Lewin, vice-presidente da Microsoft, que admitiu que a versão beta do sistema operativo da Microsoft deverá ser lançada pouco tempo depois da conferência BUILD, agendada para Setembro. Lewin confirmou ainda que o Windows 8 é mesmo o sistema operativo escolhido para “atacar” o segmento dos tablets.
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pessoas William Hamber é o novo general manager para o Norte da Europa da SMC Networks e da Edge-Core Corporation. Residente em Paris, Hamber conta com mais de 16 anos de experiência internacional na indústria de TI, incluindo os últimos três anos como channel sales director da divisão de networking da Hewlett-Packard, onde foi responsável pelas vendas através dos parceiros de distribuição e de revenda da Europa, Médio Oriente e África. George Hotz, o famoso hacker conhecido por Geohot, é uma das mais recentes contratações do Facebook. O pirata informático é conhecido pelo seu trabalho no desbloqueio do iPhone e por ter sido alvo de um processo movido pela Sony, devido ao jailbreak feito à PS3. Hotz confirmou o seu novo trabalho através da sua conta de Facebook, mas não há qualquer confirmação oficial da parte da rede social. Francisco Cruz, um adolescente português de 16 anos, sagrou-se campeão oficial do FIFA Interactive World Cup 2011, no passado dia 9 de Junho, em Los Angeles. Com este título, o jovem português tornou-se também no mais jovem vencedor do torneio. A vitória neste torneio, que este ano reuniu mais de 900 mil jogadores de todo o mundo, valeu ao jovem um prémio monetário no valor de 20 mil dólares e uma viagem para duas pessoas para o próximo ano da FIFA Ballon d’Or Gala. O novo agregador das comunicações
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Facebook na bolsa em 2012 O Facebook deverá passar a estar cotado em bolsa a partir do início do próximo ano, noticiou a CNBC. Com base em informações de “fontes próximas”, a estação avançou que a oferta pública de venda em bolsa será feita no primeiro trimestre do próximo ano e que a empresa espera valorizar-se em 100 mil milhões de dólares (cerca de 69,2 mil milhões de euros). A estreia em bolsa da maior rede social do mundo estará, em grande medida, relacionada com a exigência por parte do regulador americano, que exige que uma empresa com mais de 500 accionistas divulgue as suas actividades financeiras. Este limite deverá ser ultrapassado ainda no final deste ano, altura em que a empresa fará a comunicação à comissão do mercado de valores norte-americana.
Farto de informação negativa que só lhe provoca mal-estar, ansiedade e stress? A melhor terapia é assinar o Fibra. Porque, neste caso, a informação dá-lhe prazer. A assinatura do Fibra inclui um programa gratuito de relaxamento e diversão na Odisseias. É uma oportunidade única para, gratuitamente, melhorar a saúde física e mental.
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Apple e Nokia com acordo A Apple e a Nokia, que disputam há vários anos batalhas legais relativas a patentes, assinaram um contrato de licenciamento, que, segundo um comunicado da empresa finlandesa, vai levar ao fim de todos os processos legais sobre desrespeito de patentes que estavam a decorrer entre as duas empresas. Saindo vitoriosa desta batalha, a Nokia fez saber, sem referir valores, que vai receber uma quantia de uma só vez da Apple e outras quantias ao longo do tempo do contrato, relativas a direitos de autor. O novo agregador das comunicações
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IDC estima crescimento exponencial da “nuvem” A IDC estima que nos próximos quatro anos os serviços do mercado empresarial disponíveis na cloud cresçam exponencialmente, obtendo 8,2 milhões de euros, em comparação com os 560 milhões de 2010. De acordo com a analista, este crescimento deve-se a uma primeira “vaga” de empresas que experimentaram este modelo e que agora estão a exportar cada vez mais soluções para a nuvem. “Os early adopters começaram, em regra, a usar soluções na nuvem em paralelo com as suas infra-estruturas de TI já existentes, mas em 2010 começámos a ver mais empresas a migrar soluções para a nuvem e a fazer planos para futuras migrações”, comenta Mette Ahorlu, da IDC Europa.
LulzSec anuncia fim de actividade O grupo de hackers LulzSec anunciou o fim da sua actividade, 50 dias depois de ter lançado uma campanha de ciberataques contra diversas entidades, entre elas a CIA e o FBI. Na sua conta do Twitter, o grupo escreveu “nós somos Lulz Security e esta é a nossa última mensagem”. “O nosso «cruzeiro» de 50 dias terminou e agora vamos «velejar», deixar para trás, esperamos, uma inspiração, o medo, a negação, a felicidade, a aprovação, a desaprovação, o embaraço, a reflexão, a inveja, o ódio. Pelo menos esperamos ter tido um impacto sobre qualquer um ou qualquer parte”, escreveu o grupo. Como “presente de despedida”, disponibilizou mais de dez ficheiros com informação de diversas entidades, como a AOL, AT&T, FBI e NATO.
Chromebooks estão no mercado A Acer e a Samsung disponibilizaram os primeiros Chromebooks, computadores portáteis equipados com o sistema operativo da Google, o Chrome OS. Estes equipamentos foram lançados em diversos mercados, no entanto, Portugal não foi incluído neste primeiro “pacote”. Com preços entre os 349 dólares (243 euros) e os 499 dólares (347 euros), o Chromebook tem um ecrã que ronda as 12 polegadas e o sistema operativo Chrome está optimizado para a utilização via Internet, com os ficheiros do utilizador a serem armazenados na cloud e não no disco rígido do computador. Ainda assim, apesar de funcionarem no regime de cloud computing, os Chromebooks permitem acautelar os momentos em que a Internet falha, com a disponibilização, em modo offline, das aplicações Gmail, Calendário e Docs, da Google.
Samsung vai liderar segmento de smartphones A Samsung vai tornar-se a maior fabricante de smartphones do mundo no próximo trimestre, superando a Nokia, que tem liderado o mercado desde 1996, dizem analistas do Nomura. Para além da Samsung, o grupo de analistas prevê também que a Apple supere a Nokia no que diz respeito às vendas, empurrando a finlandesa para a terceira posição do ranking mundial. Estes mesmos analistas acrescentam ainda que “o aumento do poder da Ásia coloca a HTC quase empatada com a Nokia durante 2012”. Também a Gartner e a Canalys estimam que a Nokia perca a liderança em volume de smartphones este ano. 40
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Sony com Playstation 4 em 2012 A Sony deverá apresentar uma sucessora da Playstation 3 (PS3) durante o ano de 2012. As informações são avançadas pelo IndustryGamers que cita uma fonte de uma fabricante de jogos de topo. A notícia avança que a PS4 deverá ser uma realidade “dentro dos próximos 18 meses”, contrariando declarações oficiais da Sony, que tinha recentemente reafirmado o ciclo de “dez anos de vida” da PS3. Esta informação chega poucas semanas depois de uma notícia semelhante ter mencionado uma nova Xbox (“Xbox 720”) da Microsoft, com a fabricante Crytek por trás dos rumores. Ainda relativamente à Xbox, a Microsoft afirmou há dias que a sua consola Xbox360 está “a meio” do seu ciclo de vida.
Informática de consumo regista queda em 2011 Segundo o Caderno de Mercados do Observador Cetelem 2011, as intenções de compra dos portugueses no mercado da informática de consumo passaram de 22 por cento (em 2010) para 12 por cento (em 2011). Portugal é o único país, entre os analisados no estudo, onde se verifica uma diminuição nas intenções de compra comparativamente com o ano transacto. Considerado um dos mercados mais dinâmicos dos últimos anos em Portugal, o mercado da informática de consumo cresceu 2,4 por cento no ano passado, pelo que os actuais resultados contrariam esta tendência de crescimento.
Start-ups do ISCTE-IUL premiadas Biosurfit e Selftech são dois projectos de base tecnológica do AUDAX-IUL, o centro de empreendedorismo do ISCTE-IUL, que foram premiados na BizBarcelona 2011. “Best Innovation Award” e “Best Company in Cleantech Category” foram os galardões recebidos, respectivamente. Os dois projectos foram criados no seio do centro de empreendedorismo da Universidade, pelo que, a Biosurfit desenvolve soluções de diagnóstico que agilizam e aceleram o processo de análise sanguínea, e a Selftech visa criar soluções de robótica adequadas à vida quotidiana. O novo agregador das comunicações
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SÉRIES
Frederico Carvalho é fã de Heroes
Gostava de acompanhar a Heroes. Era uma série que contava pequenas histórias de pessoas comuns que descobrem habilidades sobre-humanas e como essas habilidades têm efeito na vida das personagens. A série, que passava na Fox e na TVI, segue o estilo das histórias em formato de banda desenhada, com acontecimentos que se desenvolvem em mais de um episódio. A personagem que eu mais gostava era o Peter Petrelli. Em primeiro lugar, a personagem sonhava em permanência ser especial e ajudar as pessoas. O sonho realizou-se e o que o distinguia era a habilidade de ligar-se à mente dos outros através das emoções e replicar as habilidades das outras personagens através de contacto físico. Mas acima de tudo conseguia ter o melhor de todos os poderes. Absorver o poder de outras personagens. As minhas funções profissionais implicam absorver em pouco tempo o conteúdo histórico das marcas, adaptar-me com rapidez aos seus objectivos, em função das melhores ferramentas de comunicação que possam transmitir ao consumidor o valor dos seus serviços e produtos. A notoriedade da marca e o engagement são o centro do meu trabalho, através de acções criativas no offline mas particularmente no mundo online, em especial nas redes sociais com base na interactividade, personalização e diferenciação da marca. O elemento especial é o cliente e o esforço de equipa é focado no desenvolvimento tecnológico, na gestão de informação e no serviço de apoio ao cliente/colaborador.
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Frederico Carvalho É actualmente creative & social media director da Elogia - Portugal. Aos 21, criou a sua própria empresa ligada ao webdesign e em 2008, com um portefólio de 110 clientes, comprou uma pequena empresa de publicidade online. Assumiu o Marketing Online & Redes Sociais, no Rock in Rio, tendo sido responsável pela criação e gestão das redes sociais para Lisboa e Madrid. Cursou Estudos Portugueses e Lusófonos na Faculdade de Letras de Lisboa, mas o “vírus” da comunicação exigiu o desvio para Relações Públicas e Comunicação Empresarial na Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa Julho de 2011
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hoBBy
Renato Ribeiro
Desde cedo que Renato Ribeiro, director de Marketing Optimus Home, tem um fascínio por tudo o que tem motores: tanto é que começou a andar de mota com apenas 14 anos. Apesar de esta paixão estar intrínseca há tanto tempo, só muito mais tarde comprou uma mota: desde os 18 sempre quis muito, mas, porque “é preciso ter mais maturidade” para ter uma máquina de duas rodas, só aos 37 é que cumpriu o desejo. Para Renato Ribeiro, o motociclismo “serve imenso de escape”. E compara-o mesmo com outras actividades “onde não há nada que desligue tanto a cabeça”. A título de exemplo, menciona o ski, que também é “muito exigente fisicamente”. Todas as semanas, o executivo procura no motociclismo o seu refúgio, mas confessa que está longe dos seus planos passar à competição. Dedicando-se ao enduro, Renato quer “fazer percursos mais longos”, sendo que África é o seu próximo sonho. Nos tempos livres, o profissional de Marketing gosta também de ocupar o seu tempo a cozinhar e a fazer umas corridas com o filho.
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Renato Ribeiro Licenciado em Economia pela Universidade do Porto, esteve na Procter & Gamble entre 1995 e 1999. Desde então, abraçou a Optimus, primeiro como responsável pela gestão de lojas próprias e, posteriormente, como responsável por canais de distribuição. Actualmente, é director de Marketing com responsabilidade Optimus Home, CRM & Home Business Development Clix. No entretanto, esteve um ano afastado da Optimus, dedicado ao desenvolvimento de uma start up própria na área das novas tecnologias.
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Restaurante
Manuel Falcão director-geral da Nova Expressão
Ao Bife, Conspiradores! Café de S. Bento
Rua de S. Bento 212 Telefone 213 952 911 Almoços entre as 12h30 e 14h30, jantares e ceias das 19 às 02h00 Fecha sábados e domingo ao almoço
A escolha deste mês é feita tendo em mente os deputados, agora eleitos, que terão pela frente um Verão trabalhoso. Com os políticos em regime de férias reduzidas, calha bem falar do Café de S. Bento, praticamente à porta da Assembleia da República. Aposto que, nos próximos meses, a casa terá mais movimento do que é costume – movimento de deputados, mas também movimento dos mirones de conspirações e de conspiradores propriamente ditos. O Café de S. Bento é o local ideal para promover uma conspiração que se quer tornar pública. Passo a explicar: quando se conspira pode acontecer, às vezes, que o objectivo seja dar a conhecer o plano e não exactamente executá-lo. Por exemplo, se, durante um debate aceso, deputados de primeira linha de bancadas diferentes forem vistos a sussurrar no Café de S. Bento pode criar-se a ideia de que está em curso um acordo parlamentar sobre determinado assunto. Ou, melhor ainda, se um ilustre deputado for visto em discreta conversa com um director de jornal ou com um conhecido jornalista da área política logo se poderá pensar que está a ser preparada alguma fuga de informação. Conspirar ou intrigar de forma aberta é uma maneira de fazer piscar sinais luminosos e, muitas vezes, o objectivo é esse mesmo. Mas deixo a teoria da conspiração mediática e política para outros mais habilitados do que eu. Brincadeiras à parte, o Café de S. Bento é dos poucos locais de suave e amena cavaqueira entre políticos e jornalistas que sobrevive em Lisboa - sobretudo quando os trabalhos se prolongam mais para o tarde, o apeO novo agregador das comunicações
lo do bife e das batatas fritas é grande. Inaugurado em 1982 e remodelado em 2006, o Café de S. Bento tem cerca de 50 lugares e uma decoração clássica, confortável, em tons quentes, acolhe fumadores e tem boa extracção de ar. Não aceita reservas e quando se quer um bom bife depois da meia noite este é o sítio certo onde ir.
A importância dos napolitanos em Lisboa Passemos então à substância - bife é uma designação vulgarmente utilizada para uma peça de carne frita ou grelhada, geralmente cortada como uma fatia. Bifes há muitos – bifes muito bons é que há poucos. O Bife à Café de S. Bento insere-se nesta categoria. É um bife do lombo excelente, inspirado na tradição lisboeta do bife à marrare. Embora no Café de S. Bento se possam petiscar ou-
tras coisas (parece que até uma salada ou outra….), o prato da casa é o bife e o resto é conversa. A qualidade da carne é de primeira (sempre do lombo), o seu corte é cuidado e a forma como é cozinhada, de modo a que se retenha o sabor, também. Existe a possibilidade de comer um bife grelhado, mas não é bem essa a ideia. O mais procurado é o bife à Café de S. Bento, que é inspirado na receita criada no início do século XIX por um napolitano, António Marrare, que, além de ter tido vários restaurantes, também foi empresário do Teatro de S. Carlos. E foi exactamente num dos seus restaurantes, para o lado da Rua de Santa Justa, na baixa, que nasceu o bife que levou o seu nome. O bife vem acompanhado por batatas fritas das verdadeiras, feitas na hora e absolutamente exemplares, a absorverem muito bem o molho, de-
licioso. Eu diria que, na generalidade dos casos, o meio bife é suficiente – mas a casa oferece, para os mais gulosos, uma dose mais abundante. Uma alternativa é o prego do lombo, esse antecedente dos hambúrgueres, infelizmente tão esquecido nos dias de hoje e que no Café de S. Bento é feito como deve ser, com bom pão e boa carne.Nas sobremesas há bolo de chocolate, mas se não é doceiro e se ainda estiver com fome pode sempre pedir o queijo da serra, que é de confiança.
Política orçamental A casa apresenta uma lista de vinhos simpática, mas eu sou dos que acha que um bife destes pede cerveja e, devo dizer que, nesta casa ,a qualidade da cerveja de pressão é exemplar. Serviço cortês, a sala aceita fumadores e tem boa extracção de fumos. O bar oferece destilados em variedade suficiente para os mais exigentes. Existe um televisor que permite ver futebol nos dias em que tal se passa ou, pelos canais de cabo, seguir o que se vai passando dentro do hemiciclo em caso de necessidade. O meio bife fica nos 21 euros, não é barato mas merece. O prego do lombo anda pelos 11 euros. O resto da conta depende da intensidade da conversa, da importância da conspiração e das tentações do momento.
BANDA SONORA
A sensibilidade de Bill Evans Bill Evans (1929-1980) foi um dos mais talentosos e criativos pianistas de jazz. Em 1961 gravou este Explorations, o seu segundo disco sob a designação Bill Evans Trio, que integrava o contrabaixista Scott LaFaro e o baterista Paul Motian. No ano que antecedeu esta gravação, os três músicos trabalharam intensamente em conjunto e estabeleceram a base do que seria uma nova forma de interagir em trio, criando uma nova sonoridade, abrindo o campo à improvisação individual, mas mantendo uma sólida base de grupo. La Faro e Motian, eles próprios tam-
bém músicos geniais, compreendiam exactamente o que Bill Evans pretendia e este disco é um histórico registo de um momento de rara criatividade. Para além dos oito temas que constituíam o LP original, este CD inclui quatro temas extras, dois dos quais permaneciam inéditos até agora. O disco é um exemplo da sensibilidade e da capacidade de expressão de emoções que Bill Evans conseguia transmitir como poucos.
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Viajantes
Viagens trocadas: na última edição mostrámos a viagem ao México de Nelson Pinheiro, iberian retail manager da SMC, mas com uma foto de Francisco Lopes da Fonseca, administrador executivo da Mind Source, o viajante da edição de Maio. Nesta página, corrigimos o lapso.
México
Artesanato local
Chitzen Itza
Cancun – mercado
O objectivo era ir para um local afastado da azáfama do dia-a-dia, calmo e, sobretudo, completamente diferente. Desta forma, Nelson Pinheiro, iberian retail manager da SMC Networks Portugal, escolheu o México como destino de férias no Verão de 2010. O executivo conta que ficou em Tulum e que a partir daí fez várias visitas aos pontos turísticos, dos quais destaca o Chitzen Itza, “que é, de facto, uma maravilha do mundo”, e Coba, “também muito interessante”. Como sugestão deixa ainda o parque Xcaret, que “é uma loucura. Uma coisa que não pode faltar são os mergulhos nas praias paradisíacas”, acrescenta o retail manager recordando também um dia em que choveu e estavam cerca de 30 graus. A nível de gastronomia, afirma que a comida típica mexicana é óptima e confessa que no México “fomentam muito a gorjeta, no entanto, não é obrigatória”. A quem lá for, aconselha algum cuidado em guardar dinheiro, “porque para sair do país é preciso pagar uma taxa e tem de ser em dinheiro”. “Ia ficando em terra…”, relembra.
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Verão 2010
Fast-food mexicana!
O estado natural da zona
Nelson Pinheiro Licenciado em Publicidade e Marketing pela Escola Superior de Comunicação Social, entrou na Solbi como account, ainda antes de terminar o curso. Passado um ano, começou a desempenhar as funções de gestor de produto de networking. Depois de uns anos, em que embarcou num projecto pessoal, voltou à indústria em 2006 como gestor de produto na DLI, de onde passou para a SMC como account retail até chegar ao cargo actual: iberian retail manager. O novo agregador das comunicações
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montra
Jogo de espiões A colecção Diesel de relógios e jóias para a Primavera/Verão de 2011 é caracterizada por uma extrema sofisticação, ousadia e mistério, como se se tratasse de um jogo de espiões. Neste jogo, os relógios com finas braceletes douradas e mostradores segmentados com moldura em preto dão um toque de charme ao espião que se prepara para seguir as informações confidenciais.
Infusão de rosas
A marca Prada promete um verdadeiro toque fresco nos dias de maior calor, com a sua nova fragrância Infusion de Rose, da linha Infusion. Este novo perfume pertence a uma edição limitada que explora as pétalas de rosas búlgaras e turcas, a mandarina siciliana e as folhas de menta, conferindo à fragrância uma essência feminina e fresca.
Novo MINI Coupé
A MINI acaba de revelar um dos modelos mais esperados do ano, o MINI Coupé John Cooper Works. Este novo modelo é a versão mais desportiva e exclusiva da marca, com mudanças muito além da carroçaria. É o primeiro MINI a possuir um aileron móvel que se levanta a velocidades superiores a 80Km/h, é 52 mm mais curto do que o modelo hatchback e possui novas cores e acabamentos exclusivos.
Thalgo enche a pele de sol
Para este Verão, a Thalgo apresenta a sua nova gama solar, prometendo encher de sol o futuro da pele dos seus clientes. Os seus dez novos produtos apresentam soluções para cada etapa do cuidado solar aliado ao tratamento da pele: preparar, proteger, acalmar e expor-se ao sol. A nova fórmula da Thalgo vem, assim, dar continuidade aos tratamentos de qualidade, desta vez, para um excelente e saudável bronzeado.
Vodafone lança smartphone ultra-fino
A Vodafone Portugal lançou, em exclusivo, o LG Maximo Black – um smartphone ultra-fino, com 109 e 9,2 mm de espessura. O LG Maximo Black apresenta um ecrã LCD multi-touch de quatro polegadas e a tecnologia NOVA Display (700 NIT). Com sistema operativo Android, possui ainda processador de 1 GHz, 512 MB de RAM, 2 GB de memória interna, câmara fotográfica de 5.0 megapixel com flash LED, gravação de vídeo de alta definição e câmara de dois megapixels.
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O mundo à minha procura
HP Fora da competição, não dispensa o netbook HP. Sobretudo utiliza-o para consultar as notícias, ver filmes e fotografias colocados na net durante e após cada rali. A banda larga chega-lhe pela TMN
PS3 A PS3 é utilizada para jogar o jogo WRC. “Não é difícil passar horas agarrado à consola; mesmo sendo a parte virtual do que normalmente faço na minha vida, não deixa de ser um óptimo instrumento para relaxar depois do stress das corridas”, comenta
Panasonic Para registar os momentos e fotografar os países por onde passa quando participa no WRC, o piloto faz-se acompanhar de uma Panasonic Lumix ou de uma Canon 550D
iPod O iPod anda consigo sobretudo para o acompanhar nas viagens. Como passa muito tempo de um lado para o outro, no avião este gadget é fundamental
HANS Não é bem gadget mais é fundamental para Armindo Araújo. Trata-se de um dispositivo de retenção da cabeça, que tem obrigatoriamente de andar consigo em todos os ralis. Não se desfaz também do cabo para comunicações ligado à centralina para falar com o seu navegador e com a assistência técnica
GPS TomTom É um dos gadgets que mais utiliza. O campeão do Production Car World Rally Champion confessa que tem um bom navegador, no entanto, quando está sozinho, “o GPS é uma boa companhia” 46
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Armindo Araújo Com 33 anos, Armindo Araújo é um piloto português (re)conhecido internacionalmente. Começou a correr, em 1993/94, no motociclismo. Em 2000, iniciou-se nas quatro rodas no Rali Montelongo, onde começou a tomar o gosto pelo desporto. Actualmente, participa no Production Car World Rally Championship, tendo conseguido por dois anos consecutivos (2009 e 2010) o primeiro lugar neste campeonato. O seu sonho passa por “vir a ser campeão do mundo”, confessa o piloto, que continua com o hobby do Motociclismo Enduro. Quando questionado se é viciado em gadgets, diz que não, mas dá-lhes uso e socorre-se deles, principalmente porque anda sempre em viagens. “São companheiros!”
iPad Considera o tablet da Apple “uma das mais interessantes invenções da actualidade”, diz mesmo que é um verdadeiro “brinquedo”, através do qual pode fazer quase tudo. “Quando estou nos ralis é um grande companheiro nas horas que antecedem a competição: notícias, filmes, música, jogos... tudo num instrumento compacto e leve”
BlackBerry Bold 9700 Este é outro dos gadgets mais utilizados por Armindo Araújo. “Não passo sem o meu smartphone”, comenta, destacando-o como um objecto indispensável “todos os dias”. A rede é TMN, afinal a operadora é uma das patrocinadoras do piloto
Sony É num televisor Sony LED 3D que vê filmes e séries. Os filhos também o usufruem, para ver “os bonecos”. Segundo o piloto, este modelo transporta-o para a alta definição, pelo que é fiel ao serviço da MEO O novo agregador das comunicações