PUBLICAÇÃO MENSAL | 205 | NOVEMBRO/DEZEMBRO ‘13
FARMÁCIA para o seu bem-estar
Bronquiolite pais em alerta Azia ACALMAR O ESTÔMAGO DEPOIS DAS FESTAS
Diabetes
viva saudável sem excessos
PUBLICAÇÃO MENSAL | 205 |NOVEMBRO/DEZEMBRO ‘13
FARMÁCIA para o seu bem-estar
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CRIANÇAS
editorial
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mÁ NUTRIÇÃO
HIGIENE INTIMA
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Diálogo do consumidor
produtos
inspire, expire
Manifesta-se sobretudo entre outubro e março, pode facilmente ser confundida com gripe ou constipação.
Os benefícios de uma alimentação equilibrada e variada reflectem-se a diversos níveis.
08 AZIA
Muitas são as pessoas que sofrem do desconforto provocado pela azia e indigestão.
As farmácias são a maior rede de cuidados de proximidade ao serviço dos portugueses.
Na higiene íntima diária não deve ser utilizado o sabonete usado no resto do corpo, para não alterar o ecossistema da flora vaginal.
14 DIABETES
Diabetes é o nome usado para classificar as doenças metabólicas que afectam a forma como o nosso organismo usa a glucose (o açúcar) no sangue.
Crianças
Não dar tréguas à bronquiolite Manifesta-se sobretudo entre Outubro e Março, pode facilmente ser confundida com gripe ou constipação, em especial na fase inicial. A bronquiolite é contagiosa e, se não houver prevenção, pode inclusive “esvaziar uma creche”. Para o tratamento desta infecção respiratória são várias as medidas que os pais devem conhecer e adoptar para que as suas crianças tenham pulmões saudáveis todo o ano. O nariz congestionado, tosse e, por vezes, febre baixa são, por norma, as primeiras manifestações da bronquiolite - uma infecção respiratória, muito frequente nas crianças até aos 2 anos. Nesta fase, pode ser facilmente confundida com uma constipação ou com uma gripe. Mais tarde, quando o vírus atinge os brônquios e bronquíolos, provoca inflamação nas vias respiratórias inferiores, causando tosse, aumento do tempo expiratório e pieira. A criança respira inclusive como se estivesse a ter um “ataque” de asma, ou seja, muito depressa e com muita dificuldade. Nesta fase, a temperatura pode ser variável, o apetite pode estar diminuído e podem surgir perturbações no sono, mas tanto a pieira como a obstrução do nariz e a tosse agravam, podendo permanecer durante semanas. 4
QUANDO CONSULTAR O MÉDICO? Os pais devem consultar de imediato o pediatra ou dirigir-se às urgências hospitalares se a criança apresentar um conjunto de sinais e sintomas. >Agravamento na dificuldade respiratória ou aumento da frequência respiratória; > Lábios ou as pontas dos dedos arroxeados; > Febre muito alta; > Tosse e mucosidade excessi vas; > Perda de apetite e vómitos ; >SE ESTIVER PARTICULARMENT E IRRITÁVEL OU EXCESSIMENTE CANSADO .
Quando o vírus pode estar nos brinquedos Esta infecção respiratória é, na maioria dos casos, originada pelo vírus sincicial respiratório (VSR). É facilmente transmitida através das secreções respiratórias (tosse e espirros), do contacto físico e da partilha de objectos e brinquedos contaminados. É preciso ter especial atenção quando se trata de bebés mais vulneráveis a este vírus, como são os lactentes menores de 6 meses, prematuros ou bebés que estão em contacto com muitas crianças. A bronquiolite pode apresentar diversos prognósticos, sendo o tratamento determinado após a avaliação e consoante a gravidade dos sintomas. Na maioria dos casos, o tratamento da bronquiolite é essencialmente de suporte: garantir que o bebé permanece hidratado e nutrido, com vigilância do estado respiratório e da temperatura. Nos casos mais graves, a criança pode ter de ser internada, de forma a manter uma respiração adequada, por meio de oxigenoterapia. Medicamentos como o paracetamol podem ser utilizados para diminuir a febre. Além disto, existe uma série de medidas que os pais devem adoptar, tais como o alívio da congestão nasal com soro fisiológico ou através da aspiração das secreções. Quando as secreções provocam a obstrução das vias aéreas, em algumas situações pode ser útil a realização de fisioterapia respiratória. Esta é feita por um fisioterapeuta e tem como principal objectivo ajudar na prevenção e tratamento em doenças que afectam o sistema respiratório, tais como a bronquiolite, ajudando na expulsão das secreções que se acumulam nas vias respiratórias inferiores. O fisioterapeuta começa por fazer uma avaliação antes de avançar com a intervenção. Nas crianças com bronquiolite pode ser útil a realização de fisioterapia respiratória na fase de convalescença em pode persistir uma tosse produtiva que se arrasta por longos períodos.
PREVENIR O CONTÁGIO DA BRONQUIOLITE > Existem várias medidas fáceis de aplicar no dia-a-dia, que podem prevenir o contágio. A saber: > Lavar as mãos regularmente; > Lavar objectos como os brinquedos, assim como as superfícies; > Evitar a partilha de chuchas; > Esterilizar os biberões; > Proteger a criança do fumo do tabaco; > Evitar que a criança contacte com familiares e amigos constipadas ou com gripe; > Promover uma alimentação equilibrada, variada e completa; > Optar preferencialmente pelo aleitamento materno, uma vez que desempenha um papel importante na defesa contra infecções; > Se for possível, adiar a entrada do bebé na creche até aos 6 meses.
Editorial
Dr. paulo duarte Pelo punho do farmacêutico
SALVAR AS FARMÁCIAS, AJUDAR O SNS
Deixem-nos fazer mais… Portugal e os portugueses necessitam de um novo contrato social entre o Estado e as farmácias, que promova uma assistência farmacêutica de qualidade, ao mais baixo custo. A sustentabilidade das farmácias é indispensável à sustentabilidade e ao futuro do Serviço Nacional de Saúde. Não pode ser encarada como um problema pelas autoridades de Saúde, mas antes como parte importante da solução. As farmácias são a maior rede de cuidados de proximidade ao serviço dos portugueses. Em muitas terras onde deixou de haver tribunal, uma escola, até mesmo um centro de saúde, continua de porta aberta uma farmácia. Todos os estudos de satisfação mostram a confiança dos portugueses nas suas farmácias e o reconhecimento pela qualidade do serviço prestado. Saudamos os recentes sinais do Parlamento, do Governo, dos partidos políticos, das entidades reguladoras e dos parceiros do sector, de empenhamento numa atitude construtiva, que nos conduza a uma nova política do medicamento. As farmácias estão unidas e disponíveis para prestar mais serviços aos doentes, ajudando o Serviço Nacional de Saúde a reduzir custos e a incrementar padrões de qualidade. O interesse manifestado pelo Ministério da Saúde em reforçar o papel das farmácias, com a prestação de novos serviços aos doentes, só pode ser encarado com esperança e elevado sentido de responsabilidade.
As farmácias estão, como sempre estiveram, disponíveis para construir com o poder político e os parceiros da Saúde todas as soluções favoráveis à qualidade do serviço prestado aos utentes. Servir sempre melhor os portugueses é, para nós, um verdadeiro mandamento. Portugal não pode desperdiçar esta oportunidade. O Ministério da Saúde deve agora dar passos concretos e visíveis. A começar pela definição de uma nova política do medicamento, que permita às farmácias assumir, em pleno, as suas capacidades, competências e responsabilidades perante o Sistema de Saúde e os doentes. Para além de uma atitude construtiva, este grande objectivo nacional exige as realizações próprias de um espírito de parceria autêntico. Muitas farmácias continuam a viver uma situação absolutamente crítica. A sustentabilidade das farmácias é um problema grave, mas pode ser superado. Basta que apostem em nós. Como sempre aconteceu no passado, saberemos retribuir essa aposta com ganhos para todos, contribuintes e doentes.
ENVIE UM SMS* PARA O Nº68632 COM O TEXTO: FARMÁCIA (espaço) (4 primeiros dígitos do CÓDIGO POSTAL). Serviço disponível 24h por dia. 7 dias por semana. *custo do SMS: 0,60€+IVA
Azia
Uma sensação de ardor Muitas são as pessoas que sofrem do desconforto provocado pela azia e indigestão. Dois termos que muitas vezes são confundidos, mas que, na realidade, representam problemas distintos. Problemas estes mais propícios durante a época festiva. Na realidade a gula facilitada no Natal e Ano Novo pode dar lugar à azia ou indigestão. A azia, ou pirose (do grego “pýrosis”, que significa acção de queimar), é a sensação de ardor que se inicia atrás do esterno e que se propaga até à faringe. Ocorre quando o ácido, que normalmente se encontra dentro do estômago, reflui para o esófago (canal que conduz os alimentos da boca até ao estomago). Uma vez que no esófago não existe uma barreira protectora, o ácido pode irritar e danificar o seu revestimento. Isto provoca sintomas dolorosos, como ardor, dor (normalmente por detrás do esterno) e uma sensação de paladar amargo (muitas vezes descrita como “mau sabor na boca”). A indigestão (ou dispepsia) também pode ser provocada pelo refluxo do ácido presente no estômago, pelo que uma das manifestações pode ser a azia. No entanto, a indigestão engloba uma série de outros sintomas digestivos, nos quais se incluem dor e desconforto na parte superior do abdómen, mal-estar, náuseas e sensação desconfortável de inchaço. A pirose pode ser sintoma de algumas doenças como refluxo gastroesofágico, ou indicativa de processos irritativos ou inflamações no esófago ou estômago. 8
Muitas são as pessoas que sofrem do desconforto provocado pela azia e indigestão, dois termos que muitas vezes são confundidos, mas que, na realidade, representam problemas distintos
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Azia Dar azo à azia Existem diversos factores que podem contribuir para os sintomas de má digestão, incluindo a sensação de azia. A forma como cada um come, o tipo de alimentos e de bebidas ingeridas são factores que têm influência no aparecimento dos sintomas. > Ingerir refeições muito abundantes pode provocar pressão no estômago e levar à libertação do ácido para o esófago > Comer muito rapidamente pode aumentar a pressão exercida na base do esófago, levando à libertação de ácido do estômago > Comer imediatamente antes de deitar, pode igualmente favorecer a libertação do ácido para o esófago > Alimentos ricos em gordura tendem a ficar mais tempo no estômago, pois as gorduras são de digestão mais lenta > Alimentos como o chocolate e a hortelã ou bebidas alcoólicas podem ter um efeito relaxante no esfíncter que separa o esófago do estômago, fazendo com que o ácido “suba” > Alimentos picantes, produtos com tomate ou cebola também podem desencadear estes problemas > Bebidas com cafeína (café, refrigerantes de cola, guaraná…) tendem a aumentar a acidez do estômago > Alimentos ácidos, como por exemplo os citrinos podem causar azia ou outros sintomas de indigestão > O uso de alguns medicamentos (por exemplo, para problemas de coração, asma e hipertensão) podem contribuir para relaxar o esfíncter que separa o esófago do estômago, o excesso de peso e o consumo de tabaco podem igualmente causar azia.
AZIA E INDIGESTÃO NA GRAVIDEZ A indigestão, assim como um dos seus sintomas mais comuns – a azia – são frequentes durante a gravidez e tendem a piorar à medida que esta progride. Há duas razões principais pelas quais a azia, é frequente na gravidez. A primeira deve-se ao facto de haver um aumento da hormona progesterona responsável por um relaxamento dos músculos. Este relaxamento estende-se ao esfíncter existente à entrada do estômago. Quando este relaxa, os ácidos do estômago conseguem entrar no esófago e provocar a azia. Nas fases mais tardias da gravidez, a azia pode ser provocada pela pressão física ascendente causada pelo bebé no tracto digestivo da mulher. Durante a gravidez é natural que as mulheres fiquem preocupadas com a toma de medicamentos. No entanto, existem medicamentos clinicamente testados e que estão indicados para grávidas e mulheres a amamentar. São disso exemplo os que contêm alginato de sódio, que não são absorvidos para a circulação sanguínea, formando uma barreira espessa no topo do conteúdo do estômago, evitando, assim, que o ácido suba até ao esófago. No entanto, a duração do tratamento deve ser a mais curta possível e apenas enquanto se justiificar. 10
PODE SER MAIS DO QUE AZIA…. Por vezes, a azia pode ser um sintoma de uma situação mais séria. Consulte o seu médico se tiver: > Dor repentina, forte ou persistente no estômago ou no peito > Dor ou ardor entre refeições ou durante a noite, que alivia depois de comer > Sensação persistente de enfartamento, inchaço ou flatulência > Náuseas ou vómitos (particularmente se vomitar sangue vermelho vivo ou acastanhado) > Dor ou dificuldade em engolir > Perda de apetite contínua e/ou perda de peso contínua e inexplicável > Diarreia ou obstipação persistentes, ou alguma alteração significativa nos hábitos intestinais > Sangramento ou dor quando há passagem de fezes > Sensação de mal-estar geral, letargia ou indisposição em associação com sintomas abdominais
Azia Estômago pesado e não só A azia é um sintoma, geralmente descrito como um aperto ou sensação de ardor na parte de trás da garganta ou na zona do peito. Algumas pessoas também sentem um sabor amargo ou ácido na parte de trás da garganta. Quando resulta de indigestão, a azia pode ser acompanhada de uma dor na parte superior do estômago e também no peito. Muitas pessoas queixam-se que se sentem inchadas ou desconfortavelmente cheias, com náuseas, vómitos e perda de apetite. Quem sofre de azia e indigestão pode tentar aliviar os seus sintomas com um dos vários tratamentos disponíveis na farmácia mais próxima. O médico ou o farmacêutico podem informar sobre qual o tratamento que melhor se adequa aos sintomas de cada um, de forma a proporcionar um alívio rápido e eficaz. São três os principais grupos terapêuticos indicados no tratamento de perturbações gástricas: > Antiácidos - de natureza alcalina, neutralizam os ácidos do estômago. Os sais antiácidos podem ainda ser conjugados com alginatos, actuando através da formação de uma barreira física no topo do conteúdo do estômago, o que previne o refluxo do conteúdo ácido para o esófago. > Inibidores da bomba de protões - reduzem a produção de ácido pela diminuição da actividade da bomba de protões no estômago. > Supressores de ácido (Antagonistas dos receptores H2) - bloqueiam os receptores da histamina e actuam no início do mecanismo de produção do ácido, bloqueando um dos processos pelos quais o estômago produz ácido. No entanto, é importante identificar as causas do problema, de forma a conseguir controlar a azia e indigestão a longo prazo. Em muito ajuda fazer uma dieta saudável e algumas alterações apropriadas ao estilo de vida: > Mantenha o peso sob controlo > Faça pequenas e frequentes refeições ao longo do dia > Não coma demasiado rápido > Reduza a ingestão de álcool, cafeína e refrigerantes > Evite fumar > Sente-se direito enquanto come > Evite comida picante, ácida ou com muita gordura > Evite deitar-se logo a seguir às refeições > Evite usar roupa demasiado apertada > Caso tenha tendência a sintomas nocturnos, eleve a cabeceira da cama colocando um volume por baixo dos pés da cama ou utilizando de uma almofada apropriada para o efeito (em forma de cunha).
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Diabetes
DIABETES viva saudável SEM EXCESSOS É uma doença silenciosa e crónica que obriga a vigilância diária, especialmente durante as épocas festivas como a natalícia em que a tentação é maior. Diabetes é uma doença crónica caracterizada por níveis de glucose (açucar) no sangue persistentemente elevados devido à falta de insulina (absoluta ou persistente), resistência à sua acção ou devido a estas duas situações em simultâneo. As células do nosso corpo usam a glucose proveniente dos alimentos como fonte de energia ou “combustível” para realizar as diferentes funções do organismo. Para esse efeito necessitam de insulina, uma hormona produzida pelo pâncreas. As formas mais comuns de diabetes são a diabetes tipo 1 e tipo 2 e gestacional e o seu diagnóstico é feito através de uma análise de rotina que avalia a concentração de glicose no sangue. Responsável por 90 por cento dos casos, a diabetes tipo 2 encontra-se, geralmente, associada a uma predisposição familiar, provavelmente genética. Mas o estilo de vida sedentário e uma alimentação incorrecta são outros factores que podem influenciar o seu aparecimento. Manifesta-se habitualmente na idade adulta e está intrinsecamente associada ao excesso de peso, pois cerca de 90% dos indivíduos diagnosticados com diabetes tipo 2 são obesos ou têm excesso de peso. Mas com 14
o crescente aumento da obesidade nos mais novos (15 por cento das crianças entre os 6 e os 9 anos e mais de 35 por cento com excesso de peso, segundo a DGS), a diabetes pode aparecer em idades mais precoces, inclusivamente, em jovens. Neste caso, o pâncreas pode produzir insulina, mas as células do organismo são resistentes aos seus efeitos. A diabetes tipo 2 é uma doença silenciosa, o que significa que pode nem dar pelos sintomas durante vários anos, tornando-se por esse motivo fundamental a realização de exames de rotina. A diabetes tipo 1 aparece subitamente e pode afectar pessoas de qualquer idade, mas manifesta-se mais frequentemente em crianças e jovens. É causada por uma reação auto-imune, em que as células do pâncreas que produzem insulina são destruídas pelo sistema de defesa do organismo, como se de um corpo estranho se tratasse. As pessoas com diabetes tipo1 necessitam de administrar insulina diariamente para controlar os níveis de glucose no sangue - precisam de insulina para sobreviver. Ao contrário da diabetes Tipo 2, não está directamente relacionada com estilos de vida ou de alimentação errados.
Diabetes
Exercício e alimentação são vitais na prevenção A diabetes tipo 2 é mais frequente, mas é também aquela que pode começar a ser prevenida desde cedo se privilegiar uma alimentação saudável. Liberte-se dos maus hábitos alimentares o quanto antes e aposte numa alimentação variada e rica em fibras. Sabe-se que uma adequada ingestão de fibra alimentar (presente principalmente em frutas, vegetais, leguminosas, massa, pão e arroz integral) altera o tempo de absorção da glucose, contribuindo para uma redução dos níveis totais absorvidos para o sangue. Além disso, retarda o esvaziamento gástrico, favorecendo uma sensação de saciedade por mais tempo. Para complementar a mudança dos hábitos alimentares, tire partido dos múltiplos benefícios das caminhadas ao ar livre. Investigadores indicam que caminhar cerca de 15 minutos após as refeições (em especial depois do jantar) pode contribuir para regular os níveis de glucose no sangue e reduzir o risco de desenvolvimento desta patologia. Procure incorporar a prática do exercício regular na sua vida, combinando treino aeróbio e de força. Não só ajuda a melhorar a sensibilidade à insulina, como permite controlar o peso e melhorar a circulação. O tratamento da diabetes tipo 2 começa, desde logo, por uma adaptação do que se come e quando se come. O tratamento inicial passa pela mudança do estilo de vida, pela introdução do exercício físico regular e pela eventual perda de peso. Se não for possível controlar a doença desta forma, a terapêutica passa pela toma de antidiabéticos orais (comprimidos) e, em certos casos, insulina. Já a diabetes tipo 1 é uma das doenças crónicas mais frequentes na infância, com uma prevalência que, segundo o registo nacional da diabetes, em 2009, atingia perto de 2 600 crianças e jovens com idades entre 0-19 anos, o que corresponde a 0,12 % da população portuguesa neste escalão etário. A incidência da Diabetes tipo 1 nas crianças e nos jovens tem vindo a aumentar significativamente na Europa, nos últimos 10 anos, particularmente nas crianças com idade inferior a 5 anos. A terapêutica da diabetes tipo 1 é a insulina, administrada de forma a mimetizar o padrão da sua secreção pancreática, sem a qual o doente diabético não pode sobreviver. A par da insulina, deve ter-se em atenção outros aspectos do tratamento como a alimentação, o exercício físico e, muito especialmente a auto-vigilância da glicemia. 16
Sintomas que podem denunciar diabetes A diabetes é muitas vezes assintomática mas que existem alguns sinais e sintomas característicos, sendo os mais comuns: > ter muita sede > urinar com frequência > ter muita fome > perda de peso rápida e acentuada > cansaço invulgar > dificuldade em sarar feridas > infecções urinárias e vaginais de repetição Isolados ou em conjunto estes sinais podem fazer suspeitar de diabetes Como nem todas as pessoas sentem estes sinais e sintomas a diabetes pode passar despercebida durante muito tempo, anos até.
Diabetes Evite as complicações da diabetes Cerca de 40% dos diabéticos tem complicações tardias da sua doença, causadas principalmente por lesões dos vasos sanguíneos, que comprometem a chegada de oxigênio e nutrientes aos tecidos e órgãos do nosso corpo.
Principais complicações da diabetes 1. Complicações agudas > Hipoglicemia Uma das complicações agudas mais importantes é a hipoglicemia, situação em que o açúcar no sangue desce para valores abaixo dos recomendados, geralmente abaixo dos 60mg/dl. A hipoglicemia pode ocorrer devido a um atraso na hora de uma refeição, comer menos do que o habitual, tomar mais medicamentos do que necessário, entre outras situações. Primeiros sinais de hipoglicemia: Apetite natural repentino e intenso | Dor de cabeça | Suores | Perda de força e palidez | Tremor interior | Excitação | Taquicardia (coração a bater a 90,100 ou mais batimentos por minuto) Assim que sentir algum destes primeiros sinais tome de imediato 2 pacotes de açúcar ou glucose, de preferência com um copo de água, e espere 2 a 3 minutos. Se não se sentir melhor é importante tomar novamente açúcar. Logo que melhorar deve fazer uma pequena refeição como, por exemplo, uma fatia de pão e um copo de leite ou chá. Mesmo que não tenha a certeza que está em hipoglicemia deve tomar açúcar. Quando tomado por engano o açúcar não faz mal.
Diabetes
No entanto, a sua falta é prejudicial ao cérebro. Sinais mais graves de hipoglicemia: Confusão ligeira e crescente | Raciocínio lento e difícil Bocejos repetidos | Expressão apática | Mudança de disposição | Visão dupla | Comportamento descontrolado | Perda de consciência Estes sinais podem aparecer se a pessoa com diabetes não reconhecer e tratar os primeiros sinais de hipoglicemia. Nesta situação os diabéticos precisam da ajuda de outras pessoas podendo ter que ser levados para o hospital.
É muito importante conhecer os seus valores de glicemia pois pode ter diabetes e não sentir nada.
Pode ter diabetes se… Tiver uma glicemia ocasional igual ou superior a 200 mg/dl com sintomas ou se tiver uma glicemia acima de 126mg/dl, em jejum (oito horas) em 2 ocasiões separadas por um curto espaço de tempo. Pode ter pré-diabetes se tiver valores acima de 110mg/dl, em jejum, ou acima de 140mg/dl, duas horas após a ingestão de açúcar.
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> Cetoacidose Em certas situações como, por exemplo, na presença de valores elevados de glicemia, pode aparecer no sangue e na urina uma substância chamada acetona que, dependendo da quantidade, pode levar ao coma. A cetoacidose tem como causa a ausência ou escassez de insulina que pode ocorrer quando há infecções, stresse, traumatismo ou uma alimentação muito rica em hidratos de carbono. Sinais de cetoacidose: Hálito a maças | Urinar em excesso | Perda de apetite Vómitos | Dores abdominais | Dificuldade em respirar Aumento da acetona no sangue e urina Nesta situação o diabético deve administrar insulina de acordo com as indicações do médico e aumentar a ingestão de líquidos (sem açúcar e sem cafeína). 2. Complicações crónicas > Doença cardiovascular O risco de doença coronária é maior quando a diabetes se associa à hipertensão arterial. Esta aumenta com a idade e a sua prevalência é duas vezes mais comum em diabéticos. Quando as lesões atingem as artérias do coração (coronárias) comprometem a passagem do sangue, originando dor no peito (angina) e, se as obstruírem completamente, pode levar a acidente vascular cerebral (trombose ou hemorragia cerebral), podendo conduzir à morte do paciente. Os primeiros sinais são cansaço anormal, falta de ar, sensação de vómito ou desmaio.
Diabetes Os níveis desejáveis de tensão arterial nos diabéticos, de acordo com as recomendações internacionais, são inferiores ao da população em geral, rondando os 130/85 mmHg, e o máximo desejável de 140/90 mmHg, mas dependem de pessoa para pessoa. Pergunte ao seu médico quais os valores mais indicados para si. > Neuropatia diabética Resulta de lesões nos nervos causadas pelo excesso de glucose no sangue. Estas lesões podem manifestar-se sob a forma de formigueiro, dor espontânea e constante e ausência de sensibilidade térmica na extremidade dos membros. Os seus efeitos negativos traduzem-se ainda em perturbações do ritmo cardíaco, perda do controlo da bexiga e disfunção eréctil, no caso dos homens. A neuropatia diabética pode atingir o aparelho digestivo provocando problemas no seu funcionamento, tais como atrasos no trânsito intestinal, obstipação e diarreias. > Nefropatia diabética É uma doença renal que atinge cerca de 30 a 40% dos doentes com Diabetes Tipo 1 e 20 a 25% os doentes com diagnóstico Tipo 2. Quando ocorrem lesões nos milhões de pequenos vasos sanguíneos dos rins, o sistema de filtragem fica comprometido, podendo conduzir a uma situação de insuficiência renal que requer diálise ou necessidade de transplante renal. Podem surgir no doente sintomas de fadiga, cansaço e perda de apetite. > Retinopatia diabética Os pequenos vasos sanguíneos da retina (fina camada no fundo do olho) ficam lesados e podem provocar perda de visão. O diabético deve fazer observações oftalmológicas uma vez por ano, pelo menos, visto existirem tratamentos eficazes capazes de impedir a progressão destas lesões quando descobertas a tempo. > Pé-diabético Os principais factores de risco são a neuropatia (lesões nos nervos), pois o diabético ao perder a sensibilidade térmica e dolorosa pode não se dar conta de uma queimadura ou corte; arteriopatia dos membros inferiores (má circulação) e deformação do pé, que pode conduzir ao aparecimento de feridas como resultado da fricção com o sapato. As feridas que aparecem nos pés, nestas circunstâncias, podem infectar facilmente e serem complicadas de tratar, podendo levar a amputação de dedos, pés e pernas. Para prevenir esta complicação, o diabético deve lavar diariamente os pés com água morna, secar bem entre os dedos e aplicar creme hidratante. Nunca andar descalço, nem mesmo em casa, e usar meias e calçado confortável. É importante vigiar os pés diariamente, verificando se existem cortes, feridas, manchas vermelhas ou se estão inchados. 22
Conte com a sua farmácia As pessoas com diabetes podem contar com as farmácias e os farmacêuticos no controlo da sua diabetes, através de: • Informação e aconselhamento sobre: > A utilização correcta e segura dos medicamentos que toma > A diabetes e as suas complicações > O que fazer para controlar a diabetes > Autovigilância da glicemia e a técnica correcta de realização dos testes • Esclarecimento de questões diversas sobre os medicamentos que toma • Reforço das orientações do médico A farmácia pode, ainda, colaborar na vigilância da glicemia, pressão arterial, peso e colesterol, com aconselhamento sobre as medidas que deve tomar tendo em vista alcançar os valores recomendados para si e referência à consulta médica sempre que necessário.
Má Nutrição Quem apresenta risco de sofrer má nutrição? > Lactentes e crianças com pouco apetite > Mulheres grávidas ou a amamentar > Idosos > Doentes crónicos > Doentes com sida > Pessoas que se submeteram a dietas agressivas e prolongadas > Toxicodependentes e alcoólicos
Má nutrição um problema a detectar Os benefícios de uma alimentação equilibrada e variada reflectem-se a diversos níveis. Não é por caso que, de quando em vez, se usa a máxima “somos o que comemos”, afinal a má alimentação pode ter consequências negativas. Uma alimentação variada deve basear-se nos princípios da conhecida roda dos alimentos. Ou seja, deve fornecer os nutrientes necessários para o dia-a-dia. Os hidratos de carbono são o combustível energético mais utilizado pelo organismo, sendo obtidos com a ingestão de pão, cereais, massa, arroz e batata. As proteínas são utilizadas na reparação e construção dos tecidos e encontram-se na carne, no peixe, nos ovos ou no leite e derivados. Quanto às vitaminas e aos minerais, não fornecem energia mas são essenciais para a saúde. A infância, a adolescência e a gravidez são períodos da vida em que há uma maior necessidade de nutrientes. São também etapas vulneráveis, em que está 24
facilitado o aparecimento de desequilíbrios nutricionais, pelo que a alimentação deve ser equilibrada e variada, com todos os nutrientes necessários e adequados a essas fases da vida. Mas, independentemente da fase da vida em que a pessoa se encontra, nem sempre se consegue o equilíbrio ideal entre a ingestão diária de nutrientes e as quantidades necessárias ao bom funcionamento do organismo. O desequilíbrio pode resultar em má nutrição e podem estar envolvidos processos como a mastigação, digestão ou a absorção dos próprios nutrientes, todos fulcrais para uma boa nutrição. É, todavia, difícil detectar de imediato os efeitos negativos da má alimentação. Por exemplo, a desnutrição desenvolve-se por etapas, entre elas a alteração das concentrações de nutrientes na corrente sanguínea, mudanças dos valores enzimáticos e disfunções nos órgãos. Mesmo a perda de peso não acontece de um dia para o outro.
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Má Nutrição Terceira idade requer especiais cuidados São múltiplos os factores que tornam a terceira idade um período da vida mais propício à má nutrição. Aliás, não foi por acaso que foi delineada uma estratégia a nível europeu direcionada para os problemas de saúde relacionados com a nutrição, sendo a população idosa um dos alvos em relação à sensibilização. A capacidade de absorção dos nutrientes está diminuída e a falta de dentição também acaba por interferir com a mastigação. Assim, os seniores devem comer alimentos mais fáceis de mastigar, mas não unicamente sopa e papas. Além disso, o isolamento a que muitas vezes as pessoas mais idosas estão sujeitas tem diversas implicações, desde a interferência negativa nos hábitos alimentares à incapacidade de comprar os produtos mais adequados ou à supressão de refeições. Com o envelhecimento surgem, ainda, doenças crónicas, bem como alterações como sejam a perda do paladar e a diminuição das capacidades olfactivas, que também podem interferir na alimentação.
A desnutrição tem impacto financeiro O impacto financeiro da desnutrição, por ano, equivale ao dobro da soma dos custos do tratamento da obesidade e excesso de peso - esta é uma das conclusões de um estudo realizado pelas investigadoras portuguesas Célia Lopes e Rosa Pena, que teve como objetivo identificar o impacto dos custos de saúde da desnutrição a nível europeu. Dados da pesquisa apontam para uma redução significativa nos custos totais de saúde se houver uma intervenção nutricional adequada das pessoas desnutridas, com uso de suplementos nutricionais orais. As autoras da análise sublinham a importância da implementação de rastreios nutricionais como rotina em todas as instituições de saúde e elaboração de planos personalizados como medida preventiva. A pesquisa foi elaborada com base numa revisão bibliográfica dos dados económicos disponibilizados entre 2010 e 2011 pela Medical Nutrition International Industry.
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Vida saudável com boa alimentação A chegada do envelhecimento, não implica deixar de considerar alguns conselhos relacionados com a alimentação. Uma nutrição apropriada é tão essencial como o consumo adequado de água em qualquer idade. Urge, pois, ter especiais cuidados para ter uma vida saudável: > Beber pelo menos 6 a 8 copos de água por dia (1,5 a 2 litros), mesmo sem sentir sede; > Não saltar refeições e não ficar mais de 3 horas sem comer; > Tomar sempre o pequeno-almoço; > Comer pelo menos 3 peças de fruta por dia; > Iniciar as principais refeições com sopa; > Diminuir a dose de sal na confeção das refeições e/ou substituir o sal por ervas aromáticas; > Reduzir o consumo de alimentos com alto teor de gordura e de açúcar.
Higiene Intima
Cuidados de mulher Na higiene íntima diária não deve ser utilizado o sabonete usado no resto do corpo, para não alterar o ecossistema da flora vaginal. Produtos que preservem o equilíbrio de zona tão delicada são a melhor opção. Na hora da sua higiene íntima o produto usado deve ser específico, de modo a preservar o pH fisiológico da vagina, caracteristicamente ácido. Não deve agredir os órgãos genitais externos e deve possuir características diferentes do produto usado na restante superfície corporal, ou seja, deve proteger o meio vaginal, tendo em conta as suas particularidades, como seja o ph ácido. Deve também manter intactas as defesas naturais da mucosa genital. A mulher deve, ainda, ter em conta que o ecossistema da vagina difere consoante a idade. Até à puberdade e após a menopausa, a flora saprófita composta por bacilos de Doderlein (responsáveis pela acidificação da vagina) encontra-se diminuída, pelo que o pH vaginal é quase neutro. Assim, a aplicação directa de produtos com pH ácido provoca desconforto e irritação. A menopausa, a gravidez ou a menstruação podem contribuir para o desequilíbrio da flora vaginal. Consequentemente, uma alteração no sistema de defesa natural pode aumentar o risco de infecções vaginais, sendo as mais comuns a candidíase, a tricomoníase e as vaginoses bacterianas. Durante o período menstrual, por exemplo, o pH do meio vaginal torna-se alcalino, sendo por isso um meio propício à proliferação de alguns microorganis28
mos que fazem parte da flora vaginal. O fungo Candida albicans é responsável por uma das mais frequentes infeções vaginais – a Candidíase. Esta infecção manifesta-se com desconforto vulvar, ardor, eritema, dispareunia (dor intensa durante o acto sexual) e corrimento esbranquiçado, grumoso, associado a prurido e sem odor marcado. Podem igualmente contribuir para o desenvolvimento da candidíase, o uso frequente de antibióticos, alterações imunológicas, ou o uso de roupa demasiado justa e sintética. A tricomoníase é uma infeção provocada por um parasita denominado Trichomonas vaginalis, sendo transmitida por via sexual. Esta infecção caracteriza-se pelo aparecimento de eritema, por vezes edema da região vulvar, prurido, ardor e aparecimento de um corrimento amarelado, por vezes esverdeado, com cheiro forte e desagradável. Já a vaginose bacteriana, é causada pelo aumento do número de algumas bactérias e caracteriza-se pelo aparecimento de um corrimento muito abundante, por vezes branco acinzentado, com odor fétido. Estas infecções costumam ser tratadas num curto espaço de tempo, através de fármacos administrados por via oral e/ou local (creme, comprimidos vaginais). Contudo, são episódios que podem ser prevenidos, entre outros cuidados, através de uma higiene íntima feminina adequada e regular.
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Diálogo do consumidor
Foto: Nuno Antunes
BEBÉ COM CÓLICAS
Mário Beja Santos
A IMPORTÂNCIA DO ACONSELHAMENTO FARMACÊUTICO
De que cólicas estamos a falar? Diz o Dr. Mário Cordeiro, uma das nossas maiores autoridades em Pediatria, em “O Grande Livro do Bebé”: “Provavelmente, estará ainda por nascer o bebé que não tem cólicas no primeiro trimestre de vida, mais concretamente entre as 3 e as 12 semanas. Estes sintomas surgem numa altura muito inapropriada – quando já passou tempo suficiente para pensarmos que iria tudo correr sobre rodas, e numa altura em que o cansaço físico e psíquico começa a desgastar fortemente os pais. Por isso, o aparecimento das cólicas é sempre um fenómeno indesejável e mal gerido pelos pais”. A prevalência das cólicas nesta faixa etária é de facto muito elevada e afecta quer os bebés alimentados com leite materno quer os alimentados com leite artificial. Os sintomas ocorrem normalmente a partir da segunda semana de vida, com intensificação entre a quarta e sexta semana, começam a atenuar-se significativamente passadas as doze semanas de vida (3 meses) e tendem a desaparecer aos quatros meses de idade. Esta é a boa notícia que os pais deverão reter.
Como se manifestam as cólicas nos bebés? Caracterizam-se por episódios repetidos de choro excessivo e inconsolável em bebés saudáveis que mantêm o apetite e apresentam todos os sinais de
um desenvolvimento normal. Além do choro, estridente e contínuo, o bebé pode apresentar uma expressão de dor, cerrar os punhos e puxar as pernas para o abdómen. Diz-se geralmente que existe uma fórmula de 3x3x3: são episódios que se prolongam por períodos de três horas diárias, em mais de três dias por semana e durante pelo menos três semanas. Os pais ficam preocupados, telefonam ao médico, há casos em que se administram preparados anticólicas, pedem-se opiniões à família e a amigos com filhos pequenos, procura-se a boa solução. Mas a solução ideal não existe, o que existem são alguns gestos que podem aliviar o bebé. Mas qual a razão destas cólicas? Não se conhecem exatamente as causas das cólicas nos bebés, aventando-se várias hipóteses: imaturidade do aparelho digestivo; flatulência (gases) devido ao ar que o bebé engole enquanto mama e durante o choro; intolerância à lactose (é o açúcar que existe no leite e que, se não for digerido, pode levar à fermentação no intestino); alergia ao leite de vaca ou a alimentos ingeridos pela mãe na sua alimentação (e que passam para o bebé, se estiver a ser amamentado); e também a interação entre os pais e o bebé (o choro gera ansiedade e cansaço na família, o qual, por sua vez, é sentido pelo bebé e pode pô-lo a chorar mais). Independentemente das possibilidades que se põem para as causas do choro do bebé, ele deve ser examinado pelo pediatra, com o objectivo de
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ser excluída a possibilidade de uma patologia associada, sempre que se verifiquem os seguintes sintomas: choro por períodos superiores a três horas; redução da quantidade de leite ingerida; e também prostração, febre, vómitos ou sangue nas fezes.
O “problema do ar” Os bebés engolem muito ar quando comem demasiado depressa ou quando não “agarram” bem o mamilo ou a tetina, e este pode ficar acumulado no aparelho digestivo podendo provocar as cólicas. Neste caso há medidas de prevenção que podem ser tomadas, a saber: aplicar soro fisiológico nas narinas do bebé antes da mamada, ajudando a desobstruir as vias aéreas; ajudar o bebé a expulsar o ar engolido após a mamada, segurando-o direito contra o ombro; para aliviar as cólicas, coloca-se o bebé de barriga para cima e fazem-se massagens suaves, levantando as pernas sobre a barriga; no caso da alimentação artificial, a tetina não deve ter um orifício demasiado pequeno, pois obriga o bebé a sugar com mais força, engolindo assim mais ar. O Dr. Mário Cordeiro chama também a atenção para outros aspectos. Por exemplo, se o tempo estiver particularmente seco, como acontece no verão ou quando se usam aquecedores que secam o ambiente, este “problema do ar” pode agravar-se. Convém não esquecer que o nariz dos bebés recém-nascidos está muitas vezes entupido pois o bebé pequeno passa por um período de adaptação ao processo respiratório.
Procedimentos para aliviar as cólicas Os pais devem estar informados que as cólicas, regra geral irão desaparecer pelo quarto mês de vida. Entretanto, há procedimentos que podem ser adoptados para ajudar o bebé a libertar o ar que tanto o incomoda e outros que devem contar com a avaliação médica prévia e/ ou com a indicação farmacêutica. Assim: > Em cada mamada, o bebé deve esvaziar primeiro uma mama antes de passar para a outra; > Massaje a barriga do bebé no sentido dos ponteiros do relógio ou coloque o bebé de barriga para baixo; > A mãe que está a amamentar deverá procurar eliminar ou reduzir na sua alimentação os produtos que
podem causar reação no bebé – leite de vaca, citrinos, certos condimentos, bebidas com cafeína e o tabaco; > Há factores que podem incomodar o lactente: roupa demasiado apertada, calor ou frio, excesso de humidade devido à fralda molhada; > Ao amamentar, segure correctamente o bebé e certifique-se de que pega na mama da forma mais adequada; > Tenha em conta que não existe um tratamento específico para as cólicas, contudo o médico pode achar necessário alterar o leite para uma fórmula sem lactose ou à base de proteínas hidrolisadas, no caso de bebés alimentados com leite artificial; > É possível recorrer à ajuda de alguns medicamentos, contudo não devem ser usados como primeiro recurso; como alternativa existem alguns suplementos à base de plantas como camomila e funcho que podem eventualmente ajudar no alívio das cólicas.
As vantagens no aconselhamento farmacêutico O aconselhamento farmacêutico é particularmente importante para os pais que tiveram o seu primeiro filho, dado que os outros já estão familiarizados com as cólicas dos lactentes e já sabem como proceder sem tanta ansiedade. Quando nasce o primeiro filho, embora os pais já tenham ouvido falar das cólicas dos bebés, ao confrontar-se com elas, acham que o seu filho chora tempo de mais, ficam em sobressalto e recorrem à farmácia para um aconselhamento mais personalizado. O farmacêutico deve procurar acalmar os pais, garantindo que a grande maioria dos bebés apresentam estes sintomas, embora a frequência e intensidade varie com a criança. Deve recordar as medidas gerais recomendadas para alívio das cólicas e perceber se os pais as seguem atentamente, como é o caso de “colocar o bebé a arrotar” e esperar o tempo suficiente para que ele elimine muito do ar que ingeriu ao comer. O farmacêutico pode ainda questionar se o médico prescreveu ou recomendou algum medicamento, tentando perceber se os pais o estão a utilizar e se o fazem nas doses e frequência recomendadas. Caso seja identificado que o medicamento recomendado pelo médico não está a ser administrado correctamente, o farmacêutico deve explicar como se realiza a toma, reforçando as recomendações do médico. Deve ainda caracterizar o tipo e frequência das cólicas e se, considerar que podem estar associadas a outra situação, aconselhar uma consulta médica. 31
Produtos
USO ADEQUADO DOS MEDICAMENTO S Os utentes dev em ler cuidadosamen te as informaçõ es constantes da embalagem externa ou do folheto informa tivo e, em caso de dúvida, consul tar o médico ou o farmacêutico quando persiste m os sintomas.
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Pneumonias
Jaime Pina
Uma preocupação de Saúde Pública
Fundação Portuguesa do Pulmão geral@fundacaoportuguesadopulmao.org
Uma pneumonia é uma infecção do tecido pulmonar, geralmente causada por uma bactéria ou um vírus. Neste processo, o ar contido nos alvéolos e nos ductos alveolares é substituído por um exsudado inflamatório, reduzindo-se, assim, a área utilizada no processo respiratório, podendo pôr em causa a respectiva função. As pneumonias não são todas iguais. As mais frequentes as pneumonias adquiridas na comunidade – são, na sua maioria, provocadas por germes banais, com um largo predomínio do pneumococo. Um outro tipo de pneumonias são as adquiridas no hospital, associadas a pior gravidade e prognóstico, e habitualmente provocadas por microrganismos mais agressivos e resistentes a múltiplos antibióticos. Cada vez com maior impacto estão as pneumonias dos doentes imunodeprimidos, nas quais, mais do que a agressividade do agente importa a fragilidade do hospedeiro. Os agentes implicados são de baixa agressividade, geralmente microrganismos comuns, ou mesmo oportunistas, que não têm capacidade para provocar doença em indivíduos com imunidade normal. Assim como se definem diferentes tipos de pneumonias, existem factores de risco para a ocorrência e gravidade das mesmas. Por exemplo, é sabido que as pneumonias são inimigas dos idosos. Com o envelhecimento há uma diminuição dos diversos mecanismos de defesa, quer imunitários, quer não imunitários, como a tosse e a drenagem mucociliar dos brônquios (passa-se o mesmo com as crianças de tenra idade). Esta realidade leva a que, nas pessoas com idade superior a 60 anos, se verifique um maior número de pneumonias, geralmente mais graves, com pior prognóstico e com maior mortalidade. É por esse motivo que o factor idade (superior a 60 anos) é, só por si, indicação para a vacina antipneumocócica (vacina contra a pneumonia). Relacionados com a idade, os lares de terceira idade são,
igualmente, um factor de risco acrescido. A proximidade entre as pessoas, muitas vezes associada a más condições de habitabilidade, é um factor favorecedor da propagação dos agentes infecciosos entre os idosos residentes. Outro grupo de risco é o dos doentes com doenças crónicas, desde os diabéticos aos insuficientes hepáticos e renais, passando pelos doentes sem baço ou com doenças cardíacas e respiratórias, como a DPOC, as bronquiectasias e as fibroses pulmonares. Nestas situações, os doentes estão muito mais debilitados, com os seus mecanismos de luta contra os agentes infecciosos diminuídos. Igualmente os alcoólicos e outros doentes dependentes de drogas, porque têm as suas defesas diminuídas e condições propícias para a aspiração, têm mais tendência a sofrerem de pneumonias. As frequentes alterações de consciência que caracterizam este grupo de doentes favorecem a aspiração de material proveniente da boca, das vias aéreas altas e do estômago, originando, assim, infecções respiratórias particulares – abcessos e pneumonias de aspiração. Entre nós, as pneumonias são uma doença com impactos importantes. Com cerca de 100 mil casos anuais, estão associadas a um elevado número de internamentos (44000 em 2011) e de mortalidade (5000 óbitos em 2010). Esta realidade deveria requerer da parte das autoridades de Saúde, e de todos nós, uma atenção particular. Campanhas de vacinação junto da população em maior risco seria uma medida que traria mais saúde aos portugueses e benefícios ao sistema de saúde. Por outro lado, devido ao aumento constante do número de internamentos verificados nos últimos anos e ao elevado nível de mortalidade, um Plano Nacional de Controlo das Pneumonias seria uma importante ferramenta para conhecer, compreender, tratar e prevenir esta doença. Se pertence a um grupo de risco, fale com o seu médico e vacine-se contra a pneumonia.
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