Hipermercados em contra-ciclo

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Combustíveis

A crise tem impacto no mercado de combustíveis: os particulares abastecem menos litros de cada vez. Mas, quando abastecem, estão a dar preferência às gasolineiras dos hipermercados, como conclui um estudo da Kantar Worldpanel relativo ao terceiro trimestre de 2011

Hipermercados em contra-ciclo Os automóveis particulares estão a circular menos. Não há uma diminuição do número de veículos em circulação, mas há claramente uma diminuição do volume dos abastecimentos de combustível. Esta é a primeira conclusão do estudo do KWP Petrol relativo ao terceiro trimestre de 2011, um estudo promovido para a Associação 12

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Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) pela Kantar Worldpanel, empresa especializada em pesquisa de mercado e comportamento dos consumidores. O “caderno de encargos” visava o acompanhamento da evolução dos players no mercado do segmento particular de combustível. E o primeiro

O “caderno de encargos” visava o acompanhamento da evolução dos players no mercado

dado recolhido apontou para uma redução da percentagem de automóveis que abastecem no mercado face ao período homólogo, ainda que se tenha verificado uma tendência para estabilizar por comparação com o trimestre anterior. Assim, no terceiro trimestre de 2011, aquela percentagem era de 98,3, ligeiramente acima dos STORE MAGAZINE


98,1 por cento do segundo trimestre mas um pouco abaixo dos 98,6 do mesmo período de 2010. Mais intensa foi a redução no consumo de combustível, atribuída ao facto de os consumidores abastecerem menos litros de cada vez. Verificou-se, assim, uma queda de 4,3 no número médio de abastecimentos, queda que se acentua, passando para 7,8, quando o indicador é o volume global de abastecimentos. Em média, cada consumidor abasteceu 20,77 litros de cada vez. O único indicador em crescimento foi o gasto médio por acto de compra, que se cifrou nos 29,5 euros, traduzindo um aumento de 9,5 euros. É, novamente, um reflexo da situação económico-financeira, na medida em que os combustíveis têm conhecido nos últimos meses um aumento progressivo e contínuo dos preços. Apesar do impacto da crise, há players que se ressentem mais do que outros. É o caso da Galp, que perdeu no período em análise a liderança do mercado em volume ultrapassada pelo conjunto dos hipermercados com postos de abastecimento de combustível: assim, os hipers recuperaram face ao trimestre homólogo, alcançando uma quota de 31,6 por cento. Já a empresa de bandeira nacional desceu para 28,7 por cento, com a BP e a Repsol a manterem-se estáveis na terceira e quarta posições, com 16,4 por cento e 10,2 por cento de quota, respectivamente. Em relação ao mercado em valor, a hierarquia das marcas é idêntica: os hipermercados conseguiram a liderança, com uma quota de 30,8 por cento, seguindo-se a Galp, com 28,9, a BP, com 16,9 e a Repsol com 10,6 por cento. Verifica-se, neste indicador, uma clara recuperação das gasolineiras afectas à distribuição, na medida em que ao longo de 2010 estiveram sempre na segunda posição do mercado. Este não é, porém, o único indicador da afirmação da distri-

Em média, no terceiro trimestre do ano, cada consumidor abasteceu 20,77 litros de cada vez. O único indicador em crescimento foi o gasto médio por acto de compra, que se cifrou nos 29,5 euros, traduzindo um aumento de 9,5 euros

Apesar do impacto da crise, há players que se ressentem mais do que outros. É o caso da Galp, que perdeu no período em análise a liderança do mercado em volume ultrapassada pelo conjunto dos hipermercados com postos de abastecimento de combustível

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Combustíveis

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buição no segmento dos combustíveis. O estudo da Kantar Worldpanel revela que os hipermercados conseguiram no terceiro trimestre deste ano uma penetração relativa de 50,2 por cento, o que corresponde a uma subida face aos 45,9 por cento registados no período homólogo. São também os hipermercados que conseguem o maior volume médio por cliente – 146,9 litros nos três meses – ainda que haja uma descida face ao terceiro trimestre de 2010 (158,2 litros). Por abastecimento, há também uma quebra no volume médio por abastecimento, que é de 20,30 litros, contra os 22,43 litros do mesmo período no ano passado. Mas esta quebra é transversal a todas as empresas. O estudo fez ainda uma análise detalhada dos diferentes combustíveis, tendo concluído que a maior parte da queda de mercado em volume – 72 por cento – é da “responsabilidade” da gasolina sem chumbo 95 e do diesel normal. No que respeita ao diesel, verificou-se um decréscimo de 5,2 quer no número médio de abastecimentos, quer no volume médio por abastecimento. Só o gasto médio subiu, mais uma vez por via do progressivo aumento dos preços. Neste segmento concreto, os hipermercados cresceram ligeiramente – de 32,1 por cento no segundo trimestre para 33,4 por cento no terceiro. A Galp foi o revendedor que mais desceu, de 34,3 por cento para 30,4 por cento, comparando o segundo com o terceiro trimestres do ano. Os restantes fornecedores do mercado conheceram uma subida entre os dois períodos: de 13,8 por cento para 15,8 no caso da BP e de 8,2 para 9,5 por cento no caso da Repsol. Estes são números do volume de diesel abastecido. Mas em valor o cenário é semelhante: há uma alternância na liderança entre a Galp e os hipermercados, com estes a ascenderem ao topo, e com a BP e a Repsol a manterem o terceiro e o quarto lugares. 14

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Em relação ao mercado em valor, a hierarquia das marcas é idêntica: os hipermercados conseguiram a liderança, com uma quota de 30,8 por cento, seguindo-se a Galp, com 28,9, a BP, com 16,9 e a Repsol com 10,6 por cento

Os hipermercados contrariam, assim, a tendência de queda do mercado particular de combustíveis. Mas há algumas diferenças no desempenho das marcas: o maior dinamismo pertence ao Pingo Doce, com uma subida de 4,5 por cento em volume, e ao grupo Os Mosqueteiros, que cresceu 1,7 por cento

No que respeita à gasolina, a disparidade entre o terceiro trimestre deste ano e o do ano passado é mais acentuada: a queda no volume médio de abastecimentos foi de 5,4 e no volume médio por abastecimento de 6,5 litros. Mais uma vez, só a despesa cresceu. E aqui a liderança também pertence aos hipermercados que, com uma quota de 30,3 por cento em volume e de 29,7 por cento em valor, destronaram a Galp – esta ocupa agora o segundo lugar, com 25,1 por cento em volume e 25,8 em valor. Os hipermercados contrariam, assim, a tendência de queda do mercado particular de combustíveis. Mas há algumas diferenças no desempenho das marcas: o maior dinamismo

pertence ao Pingo Doce, com uma subida de 4,5 por cento em volume, e ao grupo Os Mosqueteiros, que cresceu 1,7 por cento. Em queda, estiveram no trimestre em análise o E.Leclerc (-3,4 por cento) e o Jumbo (-2,1 por cento). No ranking, o Jumbo conserva, porém, o primeiro lugar, com uma quota de 38 por cento, seguindo-se Os Mosqueteiros, com 31 por cento, o Pingo Doce, com 16,9 por cento, e o E.Leclerc, com 14,1 por cento. Este estudo envolveu uma amostra de mil viaturas e 1100 condutores, com o painel a enviar todas as semanas, num envelope RSF, os talões de compra de combustíveis e um questionário relativa aos consumos da semana anterior. STORE MAGAZINE


Há novos desafios que queremos agarrar. Por um lado, a necessidade de uma efetiva liberalização do mercado, só possível com o livre acesso aos meios logísticos existentes a nível nacional, controlados por um pequeno número de empresas. Por outro, uma contínua adaptação à evolução do mercado

Novos desafios*

Miguel Costa responsável pela Área de Negócio das Gasolineiras no Grupo Auchan

“Desde o primeiro dia vimos confirmadas as previsões de que este modelo de negócio era o mais adaptado à realidade do mercado português: uma operação simples, de com localização estratégica, em plena via de circulação e com os preços mais reduzidos do mercado, aliados à confiança do selo Jumbo” STORE MAGAZINE

Foi a 14 de Julho de 2005, em Aveiro, que as gasolineiras Jumbo iniciaram a sua atividade: um pequeno posto no centro da cidade, junto ao hipermercado Jumbo do centro comercial das Glicínias, tornou-se pioneiro na revolução na forma de vender combustíveis em Portugal. Desde o primeiro dia vimos confirmadas as previsões de que este modelo de negócio era o mais adaptado à realidade do mercado português: uma operação simples, de gestão baseada no hipermercado da sua zona, com localização estratégica, em plena via de circulação e fora dos parques de estacionamento, e com os preços mais reduzidos do mercado, aliados à confiança do selo “Jumbo”. O público aderiu massivamente e nasceu um verdadeiro fenómeno de popularidade. A Aveiro seguiram-se outras gasolineiras um pouco por todo o País, sempre nas zonas de influência dos nossos hipermercados Jumbo e Pão de Açúcar. Os clientes acolheram com entusiasmo as gasolineiras Jumbo que se constituíram como uma alternativa às gasolineiras pertencentes às petrolíferas tradicionais. Com os mesmos critérios de exigência, mas distinguindo-se num fator absolutamente determinante: o preço. Por isso mesmo o resultado foi-se repetindo, e todas as gasolineiras que abrimos (atualmente existem já 23) transformaram-se em poucos dias em líderes do seu mercado. Pelo caminho, a confiança dos nossos clientes permaneceu firme, porque a experiência de consumo constituía a prova final da qualidade que hoje é unânime. É inegável que os nossos postos de distribuição são hoje o único polo concorrencial às marcas de bandeira, oferecendo aos consumidores uma alternativa realmente competitiva. Com os preços mais baixos nas regiões em que estamos inseridos, as gasolineiras Jumbo destacam-se como as que mais vendem no País. De acordo com estudo kantar - segmento de particulares, em apenas seis anos, tornámo-nos líderes na Distribuição com 38 por cento de quota, 12 por cento a nível nacional. Sinal maior desta confiança, nos últimos tempos, num contexto económico difícil para os portugueses, continuámos a conquistar clientes. E as nossas gasolineiras vão chegar ain-

da a mais pessoas a partir do próximo ano, em locais com lojas Jumbo e Pão de Açúcar, com novas aberturas, apesar dos constrangimentos ligados ao seu licenciamento e que impossibilitam uma maior rapidez na conclusão dos projetos. Hoje, há novos desafios que queremos agarrar. Por um lado, a necessidade de uma efetiva liberalização do mercado, só possível com o livre acesso aos meios logísticos existentes a nível nacional, controlados por um pequeno número de empresas. Por outro, uma contínua adaptação à evolução do mercado: cartão frota (a apresentar em 2012), novos produtos, GPL, uma melhoria contínua de procedimentos que permita a prática de preços ainda mais competitivos, etc.. Assim sendo, em 2012, como há seis anos, o princípio que alicerça este modelo de negócio mantém-se: vender combustíveis com qualidade aos nossos clientes, ao mais baixo preço do mercado, para melhorar o seu poder de compra, por meio de gasolineiras localizadas estrategicamente em locais de boa visibilidade e acesso. Em 2005, o Jumbo inventou a palavra gasolineira, um termo que define um posto de abastecimento de combustível líder em clientes e em notoriedade. No futuro queremos que esta palavra ganhe novos sentidos, com mais produtos e serviços, sempre ao melhor preço, ao encontro das necessidades dos Portugueses. *Artigo escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico

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