Jornal Enfermeiro, 8

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FEVEREIRO 2016 | MENSAL | 2€

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JORNAL ENFERMEIRO C O N T E X TO S , C O M P E T Ê N C I A S E N E C E S S I DA D E S DA E N F E R M A G E M

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Na linha da frente do combate ao Ébola ENFERMEIRO HUGO RAIMUNDO

04 BASTONÁRIA REÚNE COM FERNANDO ARAÚJO

GOVERNO E ORDEM “SINTONIZADOS” NO FUNDAMENTAL

09 PROFISSÃO

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RNCCI: A HIDRATAÇÃO E OS CUIDADOS COM A PELE

PROFISSÃO

DPOC E CUIDADOS RESPIRATÓRIOS DOMICILIÁRIOS

A RESPOSTA GLOBAL PARA O PÉ DIABÉTICO PERDA DE SENSIBILIDADE SECURA CUTÂNEA · DIFICULDADE DE CICATRIZAÇÃO RISCO DE INFEÇÕES



Ser Enfermeiro!

OPINIÃO

Ricardo Correia de Matos Presidente do Conselho Diretivo Regional da Secção Regional do Centro da Ordem dos Enfermeiros

nos dias de hoje, só ouvimos falar de mercados, economia, dinheiro, dívida, austeridade… nesta formatação pensada e programada, o cidadão esquece o mais importante: o OUTRO. Assim, todos temos de voltar a enfatizar o bem mais importante do ser humano: a sua saúde. Sem ela, não existirá economia, emprego, mercados, dívida. Não existirá nada. Isto é política, e as sociedades modernas não conseguem produzir o chamado pensamento livre, para refletirem e para definirem o que é verdadeiramente importante. Existe hoje uma visão limitada e limitadora para, de forma assertiva, assumir um caminho que vá ao encontro dos anseios das comunidades. As estratégias são, sistematicamente, coartadas do que é vital, central para a vida das pessoas. Os seus interesses são secundários às derivas economicistas. Assim sendo, o numérico sobrepõe-se à pessoa, o indivíduo

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oje, ser Enfermeiro, é extraordinariamente difícil. Difícil porque encerra em nós próprios características ímpares, que nos diferenciam de todos os outros. Cuidar do Outro devia ser considerado o valor mais elevado, a moral e a ética no seu estado mais puro. A essência do ser humano é cuidar do próximo. Esta é a verdadeira razão da nossa existência continuada. E por isto, a Enfermagem, enquanto ciência, mas mais importante enquanto arte, diferencia o ser humano. Todavia, ao contrário de épocas anteriores, vivemos numa sociedade capitalista, onde o valor do dinheiro e a aspiração ao luxo, ofuscou os valores mais importantes. Perante esta realidade, nós, Enfermeiros, temos de encontrar o nosso caminho. A Saúde deve ser considerada o pilar estruturante de qualquer sociedade. Contudo,

é menorizado, esquecido, ofuscado por outros interesses que não representam, por vezes, o coletivo. A saúde é prova disso mesmo, os seus profissionais e em especial os enfermeiros, são alvos permanentes. Não tem existido a racionalidade política, e a coragem, para valorizar o desenvolvimento profissional dos Enfermeiros e assim se possam envolver na resposta às necessidades em cuidados das comunidades. A Ordem dos Enfermeiros é o garante máximo de que os cidadãos usufruem de cuidados de saúde de qualidade e de acordo com as suas necessidades. Este desígnio fundamental não deve esconder a base fulcral para que tudo se torne possível: a defesa dos interesses da Enfermagem. Sem profissão não existem enfermeiros, e sem enfermeiros não existirão, seguramente, cuidados de enfermagem. Este é, na minha opinião, o maior desafio para o exercício profissional: provar a mais-valia social do cuidado de enfermagem. Quanto vale no PIB nacional o cuidado de enfermagem de qualidade? Quanto valem, financeiramente, os ganhos em saúde gerados pela efectividade dos cuidados de enfermagem? São nestas questões que a Ordem dos Enfermeiros tem de se focalizar, para que a nossa certeza seja a certeza de todos. A valorização profissional fazse pela via do desenvolvimento do conhecimento científico e depende, essencialmente, da capacidade de quantificarmos estes indicadores. Deve ser a Ordem dos Enfermeiros, em parceria com outras organizações, responsável por esta operacionalização. Só desta forma o cidadão será defendido e a pessoa humana elevada. Ninguém melhor que o enfermeiro para iniciar este caminho. Sei que é difícil. Mas é este o rumo.

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Bastonária reúne com Secretário de Estado Adjunto e da Saúde

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Governo e Ordem “sintonizados” em questões fundamentais

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s coisas correm sempre bem quando as pessoas revelam disponibilidade para analisar em conjunto temas relevantes e conhecem bem a realidade de que estamos a tratar, duas qualidades que o Senhor secretário de Estado adjunto e da Saúde, Dr. Fernando Araújo, que é médico, reúne. Foi desta forma que Ana Rita Cavaco sintetizou, em declarações ao nosso jornal, o primeiro encontro da nova direção da Ordem dos Enfermeiros com a tutela, ocorrida no passado dia 10. Uma sintonia reforçada pelo facto de o governante e a bastonária terem trabalhado na mesma instituição, no caso o Instituto Português do Sangue e da Transplantação, onde integraram brigadas móveis de dádivas de sangue, Fernando Araújo no Norte e Ana Rita Cavaco, no Sul, em diferentes períodos. Proximidade que não se verificava com o anterior executivo e que Ana Rita Cavaco aponta mesmo como tendo sido “o principal problema” da anterior equipa, em que o Ministro era “um homem da área financeira que fez um excelente trabalho nessa área… deixando tudo o resto por resolver”. Um dos temas da agenda do encontro foi o “Enfermeiro de Família”. Uma figura de que “tanto se fala, como se fosse alguma novidade, mas que já existe há muitos anos no terreno. Só ainda não está «no papel», aponta Ana Rita Cavaco, para logo acrescentar: “o que falta fazer é a Ordem regulamentar e reconhecer as competências dos enfermeiros que exercem nesta área, porque no terreno já temos milhares de enfermeiros a trabalhar de acordo com esta filosofia. Eu mesma trabalhei como Enfermeira de

O MESMO RELATÓRIO ONDE PORTUGAL SURGE NA CAUDA DO RANKING DOS PAÍSES ONDE VALE A PENA VIVER, DÁ BOA PONTUAÇÃO AO PAÍS NO QUE TOCA AO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO, QUE AVALIA A VIDA LONGA E SAUDÁVEL, O ACESSO AO CONHECIMENTO E UM PADRÃO DE VIDA DECENTE. “HÁ AQUI UMA CONTRADIÇÃO, QUE TEM A VER COM A FORMA COMO NÓS ATUAMOS NA SAÚDE; A FORMA COMO OS ENFERMEIROS TRABALHAM”, PESEM AS PRECÁRIAS CONDIÇÕES EM QUE O FAZEM ATUALMENTE, AFIRMA A BASTONÁRIA

NACIONAL

Família no Centro de Saúde da Senhora da Hora, em Matosinhos, que foi o primeiro centro de saúde em Portugal a reunir as condições necessárias à implementação da Enfermagem de Família. O espaço estava organizado por módulos e as equipas eram compostas por dois médicos, um enfermeiro e um administrativo. Os médicos e o enfermeiro de cada equipa acompanhavam as mesmas famílias, num trabalho complementar, em que já nessa época o enfermeiro fazia citologias no âmbito do rastreio do cancro do colo do útero, sozinho. Estávamos em 1998. Era Enfermeira de Família de facto… Mas não o era «no papel»”. De acordo com Ana Rita Cavaco, a solução para o «problema» poderá passar, não pela criação da especialidade de Enfermagem de Família, “mas pela criação, dentro da especialidade de Saúde Comunitária e Saúde Pública, que já existe, da subespecialidade em Enfermagem de Família. Em termos gerais é esta a solução que propomos no nosso plano de ação para o mandato”, aponta

a Bastonária. Uma solução que, acrescenta, foi muito bem recebida por Fernando Araújo. O mesmo poderá acontecer noutras situações, por exemplo no caso dos enfermeiros especialistas em Enfermagem Médico-Cirúrgica: “poderá ser criada a subespecialidade de peri-operatório, entre outras…”, exemplifica, para logo sublinhar: “o Senhor secretário de Estado perguntou-nos se iríamos creditar a experiência destes enfermeiros e nós garantimos que sim, que vamos mesmo avançar com o processo, não apenas na Enfermagem de Família, mas em todas as áreas”. A falta de resposta da Ordem refletiu-se, também, no projeto de Modelo Dinâmico de Avaliação e Intervenção Familiar (MDAIF), cuja implementação foi anunciada como tendo arrancado em unidades-piloto e relativamente ao qual Ana Rita Cavaco desabafa: “disseram-nos que estava tudo feito e pronto para ser implementado e quando chegámos verificámos que não era bem assim; que tinha sido feito muito pouco nesse sentido. O mesmo aconteceu

com os cuidados paliativos. E aqui importa deixar claro que não foi por falta de trabalho das equipas responsáveis pela conceção dos projetos. Há muito trabalho feito. Quem estava na Ordem é que não fez o resto…” E acrescenta: “o Governo cumpriu a sua parte, que era definir quais os locais onde iriam avançar os projetos-piloto… Já a Ordem foi omissa relativamente à regulação, sem a qual a competência não pode ser reconhecida”.

SAÚDE 24… QUALIDADE DO SERVIÇO PODE ESTAR EM RISCO Outro dos temas «quentes» da reunião entre a OE e a tutela foi a da situação da Linha Saúde 24, que atravessa um período de indefinição quanto ao futuro. “É um problema complicado, desde logo porque estamos a falar de um serviço de excelência, muito importante para o País porque é o único que está a conseguir reduzir o recurso desnecessário às urgências. Muito mais do que os centros de saúde! Ora, o que se passa é que no Orçamento Geral do Estado para este ano, a verba destinada à «Saúde 24», que já era escassa, diminuiu. De tal modo que a empresa que neste momento gere o serviço não


Ana Rita Cavaco e os baixos salários dos enfermeiros

Ao interferirem com a qualidade dos cuidados passam a ser um problema da Ordem Os baixos salários dos enfermeiros portugueses deixaram de ser um problema de foro sindical para passarem a ser um problema da Ordem dos Enfermeiros (OE), “a partir do momento em estão a interferir diretamente nos cuidados prestados às pessoas”. A afirmação é de Ana Rita Cavaco e foi proferida no passado dia 11, no programa «18/20» da RTP3. Convidada a comentar as notícias do dia, a Bastonária destacou dados de um estudo da OCDE que mostram que Portugal é o sétimo pior país para se viver… E que no seu último relatório, a instituição internacional afirma que os baixos salários auferidos pelos enfermeiros em Portugal estão a interferir diretamente nos cuidados prestados à população. Ana Rita Cavaco destacaria o facto de o mesmo relatório onde Portugal surge na cauda do ranking dos países onde vale a pena viver, dá boa pontuação ao país no que toca ao índice de desenvolvimento humano, que avalia a vida longa e saudável, o acesso ao conhecimento e um padrão de vida decente. “Há aqui uma contradição, que tem a ver com a forma como nós atuamos na saúde; a forma como os enfermeiros trabalham”, pesem as precárias condições em que o fazem atualmente, afirmou a responsável. Outros dos “temas do dia” escolhidos pela Bastonária foi a da recomendação do Conselho Europeu para uma maior prevenção da corrupção na justiça e na política em Portugal, referindo concretamente magistrados e deputados. Uma recomendação que de acordo com a entrevistada deveria estender-se à área da Saúde, “onde é precisa muita transparência”, algo que não se tem verificado, na opinião de Ana

de que há enfermeiros que estão a ser substituídos nas consultas, nas triagens dos dadores, entre outras, por técnicos. Não se sabe se também fazem colheitas de sangue. Deixei a pergunta ao Senhor

Rita Cavaco, que recordou o alerta da Procuradora Geral da República, Joana Marques Vidal feito em 2015, para o facto de a Saúde ser uma área onde se movem grandes grupos de interesses. “É precisa transparência”, insistiu a Bastonária. A terceira notícia selecionada entre as consideradas por Ana Rita Cavaco como “as mais importantes do dia” informava sobre o aumento dos juros da dívida pública e o facto de Portugal estar perto da “zona de perigo, com dúvidas sobre o Orçamento do Estado, o que nos leva diretamente à área da Saúde”, onde “não podemos cortar mais”... Mas onde ainda assim se corta. “Vamos ter este ano, por exemplo, menos um milhão de euros para trabalhar na linha de Saúde 24”, o que “é crítico, porque a Saúde é uma área que está em rutura”. Questionada sobre a questão da redução do horário de trabalho das 40 para as 35 horas semanais, a Bastonária afirmou que relativamente aos enfermeiros “é de toda a justiça que essa medida nos venha beneficiar, por um motivo muito simples: os enfermeiros nunca trabalharam só 35 horas”, trabalharam sempre mais, por dedicação aos doentes… Pelo que “tomaram como uma afronta” a imposição de uma carga horária que sempre ultrapassaram. “O Estado deve aos enfermeiros milhares de horas, porque nós sempre trabalhámos mais” do que as horas previstas na carga horária oficial, fosse ela de 35 ou 40 horas. “Os enfermeiros andam a correr de serviço para serviço, de hospital para hospital”, para suprir necessidades, afirmou a Bastonária, para logo acrescentar que esta situação “põe as pessoas em perigo”, pelo nível

secretário de Estado, pois prefiro que seja a tutela a responder. Mas se for caso disso, não hesitarei em fazer uma visita para ver o que de facto se está a passar. Um dia destes apareço numa. E se se verificar que

da prestação de cuidados, que é afetada, uma vez que “nós não conseguimos, quer com 35 quer com 40 horas de trabalho cuidar como devíamos da nossa população”. A estes argumentos favoráveis à reposição das 35 horas semanais para os enfermeiros, Ana Rita Cavaco acrescenta outro: ao contrário do que aconteceu com outros grupos profissionais, a passagem das 35 para as 40 horas semanais, no caso dos enfermeiros, não foi acompanhada da respetiva compensação salarial. Confrontada com a questão do aumento da despesa da Saúde com um hipotético aumento da retribuição dos enfermeiros, a Bastonária afirmou, sem hesitar, que “os custos vão mesmo ter de aumentar com a contratação de enfermeiros, porque nós já estamos em rutura, seja em 35 seja em 40 horas. Os enfermeiros estão exaustos, não conseguem prestar mais serviço ou outro trabalho extraordinário nem querem mais horas extraordinárias. Querem mais colegas contratados para trabalhar, até para evitar que esses colegas recém-licenciados ou com grande experiência estejam a fugir para o estrangeiro como está a acontecer”. Convidada a avaliar o desempenho de Adalberto Campos Fernandes à frente da pasta da Saúde, Ana Rita Cavaco afirmou ver “com bons olhos” a gestão da nova equipa da Av. João Crisóstomo, dando como exemplo a reunião, realizada na véspera, com o secretário de Estado adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, em que o governante manifestou à delegação da Ordem dos Enfermeiros grande abertura para discutir todas as questões que neste momento preocupam a classe (ler notícia nesta edição).

de facto as coisas se estão a passar dessa forma… Não iremos tolerar!” Para além da Bastonária, a delegação da ordem integrou os dois vice-presidentes, Graça Silveira Machado e Luís Barreira.

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o quer continuar a gerir. Mas há outra empresa, de que eu nunca ouvira falar antes, que se mostrou interessada. E aqui importa ressalvar que o que está em causa não é ser a empresa «a, b, ou c»: é a manutenção dos enfermeiros que lá trabalham e que são os únicos que têm experiência para garantir a qualidade do serviço. Ora, esta nova empresa não se compromete a manter esses profissionais nem mesmos os diretores e supervisores dos dois centros de atendimento… Nem o Conselho Clínico e os demais especialistas que no backoffice prestam apoio em termos de qualidade e de avaliação. Trata-se de um serviço que envolve riscos muito elevados para a segurança das pessoas… E não de um telefone para onde liga para conversar um bocadinho. As pessoas ligam porque necessitam de aconselhamento especializado que só pode ser prestado com segurança por equipas muito treinadas, que não se formam da noite para o dia”. De acordo com Ana Rita Cavaco, Fernando Araújo terá ficado muito preocupado com a situação relatada, até porque, sublinha, “conhece muito bem os serviços em causa, tendo ficado combinado uma reunião com todos os envolvidos para se apurar se a empresa interessada em gerir a linha garante a manutenção das atuais equipas”. E deixa um alerta: “se isto não ficar garantido, nada impede que de hoje para amanhã os profissionais experientes sejam substituídos por pessoal não qualificado e mesmo por não enfermeiros”. O último tema da agenda do encontro foi o das Competências dos enfermeiros do Instituto Português de Sangue e Transplantação, que a Ordem não aceita que sejam delegadas noutros profissionais que não enfermeiros ou médicos. “Eu e o Dr. Fernando Araújo já fizemos brigadas de recolha benévola de sangue e sabemos os riscos que envolvem. Para os dadores e também para os profissionais. É por isso que não aceitamos que para poupar dinheiro se recorra a técnicos sem a formação necessária para lidar com estes riscos. Ora, a verdade é que nos têm chegado queixas de enfermeiros do IPST

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Hugo Raimundo

Especialista em prevenção e controlo de infeção na OMS a controlar o Ébola Hugo Raimundo, enfermeiro em Coimbra regressou, em fevereiro, à equipa de Health Security and Emergencies da OMS, na qualidade de especialista em prevenção e controlo de infeção, destacado na Serra Leoa. País onde desde maio de 2015 coordena uma equipa de técnicos de saúde que procura conter a propagação do Ébola e apoiar a reconstrução e fortalecimento do sistema de saúde do país. O sofrimento humano que quotidianamente o confronta alertou-o para valorização de circunstâncias da vida que vulgarmente damos como adquiridas no espaço europeu. Quando regressar da missão trará reforçada a vontade de lutar em Portugal pelas conquistas sociais, pela valorização e aperfeiçoamento da democracia participativa e pela dignidade humana. Uma das maiores injustiças deste tempo, diz, é constatar que o lugar

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onde se nasce determina fortemente a vida de cada pessoa.

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JORNAL ENFERMEIRO | Como surgiu este desafio para ser consultor da OMS? Hugo Raimundo | Desde que surgiram as primeiras notícias relacionadas com o surto epidemiológico de Ébola segui atentamente a resposta da comunidade internacional. A declaração por parte da Organização Mundial de Saúde (OMS) enquanto agência das Nações Unidas, de que este surto configurava uma ameaça global e de segurança para todos, e a resposta desencadeada e coordenada pela Global Ebola Response, foram a demonstração da seriedade e da gravidade da epidemia. Era preciso uma intervenção sincronizada e imediata de todos os parceiros nacionais e internacionais para

conter a propagação. A escala dessa intervenção, jamais experimentada no passado, obrigou a própria Organização das Nações Unidas a criar uma estrutura dedicada para coordenar as intervenções das suas diferentes agências internas. Fazendo parte de um grupo de profissionais que trabalha em diferentes áreas no domínio segurança do doente e prevenção e controlo de infeção, fomos discutindo em conjunto como podíamos colaborar nesta missão. Entendi que o perfil de conhecimentos e competências adquiridos e desenvolvidos ao longo da minha carreira se enquadrava com o que era solicitado para este desafio e aceitei-o com o profundo sentido de que poderia contribuir de forma efetiva neste cenário.

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O processo de validação de competências e conhecimentos técnico-científicos e linguísticos iniciou-se em Janeiro de 2015 e integrei a Ebola Response Team da Organização Mundial de Saúde na Serra Leoa em Maio de 2015 e novamente em Fevereiro de 2016, agora para o fortalecimento do sistema de saúde. O plano da OMS para a Serra Leoa (From Ebola to Health) tem um horizonte temporal que vai para além de 2016 e estabelece 6 prioridades vitais para a reconstrução de um sistema de saúde completamente devastado pela epidemia, sendo uma dessas áreas o fortalecimento das práticas de prevenção e controlo de infeção. Assim no âmbito da prevenção e controlo da infeção as prioridades que foram estabelecidas pela OMS passam por promover e disseminar no âmbito da prevenção e controlo de infeção e saúde pública nas instituições de saúde; fortalecer as estruturas nacionais da prevenção e controlo de infeção capacitando as equipas do ministério da saúde ligadas à PCI; promover a criação da rede de comissões de PCI ao nível nacional e distrital; fornecer suporte técnico e formação global em PCI nos diferentes níveis do sistema de saúde; promover apoio técnico e logístico às actividades do programa WASH nos países da África Ocidental.

CONDUZINDO TREINO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM UNIDADES DE TRATAMENTO DE ÉBOLA

A atividade é articulada com as autoridades de saúde nacionais e regionais. O papel da OMS, enquanto organização supragovernamental, não é de substituição da autoridade local, mas de suporte e articulação implementação de programas nacionais e locais de prevenção e controlo de infeção, ajudando a criar e cimentar uma dimensão praticamente inexistente no contexto dos cuidados de saúde da África Ocidental. JE | Como é o seu dia a dia nesta missão da OMS? HR | Toda a atividade é suportada por uma estratégia global que visa, no fundo, construir e consolidar sistemas de saúde que foram praticamente destruídos

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os níveis e requisitos de qualidade exigidos para este tipo de cuidados através de auditorias regulares, reportando às autoridades nacionais e à OMS, e fazendo o follow-up das recomendações emanadas. De igual forma, é-nos solicitado suporte técnico-científico por parte das entidades locais, regionais e nacionais no controlo e prevenção da infeção nos cuidados de saúde; formar/preparar profissionais de saúde e equipas nacionais, suportar a criação e

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JE | E de coordenador de uma equipa que procura suster a propagação do Ébola nos países mais afetados? HR | As equipas da OMS estão disseminadas nas diferentes regiões do país e são compostas por diferentes pilares (clusters): epidemiologia, prevenção e controlo de infeção, mobilização social, “rastreio de contactos” e gestão de casos. Para cada uma destas áreas existe um consultor da OMS que suporta tecnicamente e organiza equipas de profissionais de saúde nacionais e internacionais. Enquanto consultor técnico, para além de formar e implementar medidas de prevenção e controlo de infeção nos diferentes contextos de saúde, a nossa missão visa garantir que as instituições de saúde atinjam

COM CRIANÇAS APÓS UMA SESSÃO DE ESCLARECIMENTO NA COMUNIDADE

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ENTREVISTA JORNAL ENFERMEIRO

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com a epidemia (o número de profissionais de saúde infetados ronda aproximadamente os 1000 e, desses, cerca de 600 perderam a vida). Para responder à epidemia foi montado um sistema de saúde paralelo, que acabou por retirar capacidade ao sistema de saúde existente, já por si muito debilitado. Assim, toda a atividade é articulada com as autoridades de saúde nacionais e regionais. O papel da OMS, enquanto organização supragovernamental, não é de substituição da autoridade local, mas de suporte e articulação permanente. A maioria dos dias começa nos centros de comando de resposta distrital à epidemia (Militares, Ministério da Saúde, OMS, CDC e NGO), onde é realizado um briefing rápido que mostra a situação diária. A partir daqui as equipas disseminam-se pelas diferentes áreas, deslocando-se por toda a região onde se desenvolve o trabalho previamente planeado e validado pelas diferentes equipas. O planeamento meticuloso de todas as atividades é fundamental, especialmente por imperativos logísticos e de segurança.

a equipa de Health Security and Emergencies da OMS, na qualidade de especialista em prevenção e controlo de infeção.

JE | Para quando perspetiva o regresso definitivo a Portugal? HR | A minha primeira fase de participação na resposta de emergência terminou em Setembro de 2015, tendo regressado a Portugal e ao CHUC nesse período. No entanto ficou o convite para continuar a colaborar no fortalecimento do Sistema de Saúde Nacional da Serra Leoa, que aceitei, tendo integrado este mês,

JE | Se pudesse alterar, o que tornaria diferente na Saúde para os portugueses? HR | Não chamaria diferente… penso que nós temos, naquilo que é na sua matriz essencial, um dos melhores e mais justos sistemas de saúde do mundo. Contudo, e infelizmente, vivemos dominados por um sistema “hospitalocêntrico”. Os domínios da promoção da saúde, prevenção da doença e cidadania em saúde continuam relegados para um plano completamente secundário, e esta situação agudizou-se nestes últimos anos. Criaram-se superestruturas hospitalares que, com o intuito de serem financeiramente “equilibradas”, são insustentáveis do ponto de vista organizacional e de controlo da qualidade. O hospital e o profissional médico continuam a ser, infelizmente, a porta de acesso do sistema de saúde. Enquanto não existir verdadeira coragem política para alterar

Penso que nós temos, naquilo que é na sua matriz essencial, um dos melhores e mais justos sistemas de saúde do mundo

JE | Esta missão deu-lhe uma nova visão da enfermagem e do profissional português? Ou de outros papéis que pode desempenhar no SNS? HR | Deu-me a confirmação daquilo que todos sabemos. Os profissionais de saúde portugueses, e nomeadamente os enfermeiros, são tão ou mais capazes que os outros. Penso até que temos características sociais e culturais que potenciam determinadas habilidades ao nível da inteligência emocional e da capacidade de mobilizar equipas. No meu entender, penso que em termos de sociedade temos um enorme défice de cultura organizacional e de gestão vocacionada para a objetividade. Vivemos muito no campo da concetualização, do planeamento demagogo, falta-nos pragmatismo para discutir aquilo que deve ser verdadeiramente discutido abertamente, e capacidade para fazer a mudança com as pessoas e para as pessoas.

esta “anormalidade” do sistema, continuaremos entregues a um sistema que penosamente acabará por se autodestruir. Um sistema “hospitalocêntrico” vive prisioneiro dos interesses corporativistas e de outros lobbies que todos, infelizmente, reconhecemos na saúde. O fortalecimento dos sistemas de saúde passa por deslocar o poder que está instituido nos profissionais de saúde e nas estruturas do sistema para os cidadãos. Chamar as comunidades locais e os cidadãos a fazerem parte efetiva do processo de

construção e evolução do SNS (planos locais de saúde) dando cumprimento ao estipulado no plano nacional de saúde. É imperativo dar uma nova dimensão à saúde pública enquanto coordenadora global da estratégia de saúde potenciando os recursos e valorizando as pessoas. Fazer chegar a saúde a todos não é levar todos ao hospital! Reduzir as desigualdades no acesso promovendo práticas de proximidade de cuidados é um imperativo que deve ser atendido por forma a garantir a sobrevivência do SNS.

Quem é Hugo Raimundo

Hugo Alexandre Silva Raimundo, 35 anos, é natural de Coimbra, cidade onde desempenha as funções Enfermeiro/Gestor da Qualidade do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE, em simultâneo com as de consultor de Organização Mundial da Saúde (OMS), destacado em Freetown, na Serra Leoa. Com um mestrado de enfermagem (especialização em enfermagem médico-cirúrgica) e uma Pós-Graduação em Saúde pública pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, Hugo Raimundo iniciou a sua atividade profissional em 2002, na extensão de Buarcos, do Centro de Saúde de Figueira da Foz, de onde transitaria para a Cidade dos Estudantes, em

2004, cidade onde se fixaria em definitivo um ano depois, tendo trabalhado em diferentes áreas nos Hospitais da Universidade de Coimbra, entre as quais a da Qualidade, de é gestor. A experiência internacional, no âmbito do combate ao ébola teve início logo após a declaração da epidemia em África, enquanto Consultor, Especialista de Prevenção e Controlo da Infeção da Organização da Mundial da Saúde (OMS), tendo sido destacado para a Serra Leoa, onde acompanhou e apoiou os esforços de contenção/ tratamento da doença. Desde fevereiro de 2016 que integra a equipa de Health Security and Emergencies da OMS, na qualidade de especialista em prevenção e controlo de infeção


Cuidar na RNCCI: a hidratação e os cuidados com a pele envelhecimento demográfico, as alterações do padrão epidemiológico e dos comportamentos sociais e familiares da sociedade portuguesa determinaram novas necessidades em saúde e conduziram ao aparecimento de um grupo significativo de doentes, para as quais independentemente da idade e dos problemas decorrentes da sua perda de autonomia, importou organizar respostas adequadas à crescente necessidade de continuidade de cuidados, que fossem personalizados, de qualidade e em proximidade. A grande maioria dos utentes que ingressam na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (82%) pertence a uma faixa etária com idade superior a 65 anos. No âmbito dos cuidados de saúde preventivos, vários estudos de intervenção sugerem a necessidade de cuidados especiais com a hidratação do idoso. Em Portugal, é a população idosa masculina a que apresenta maior risco, uma

OPINIÃO

Enfª Dora Carvalho Enfermeira-chefe da Unidade de Longa Duração e Manutenção de Nespereira vez que é o grupo que tem um aporte hídrico mais divergente do recomendado (1,58L face a 1,9L). As várias mudanças fisiológicas na sequência do processo de

envelhecimento podem afetar o equilíbrio hídrico, colocando os idosos em risco de desidratação. O mecanismo de resposta de sede diminui com a idade, bem como a função renal e a quantidade total de água, pela perda de massa muscular. Sendo a água o constituinte mais importante do corpo humano e a pele o maior e seu mais visível órgão, o estado de hidratação do indivíduo reflete-se naturalmente nas caraterísticas da sua pele. A pele do idoso necessita de um cuidado especial, visto que o risco de lesão aumenta, em virtude da diminuição da função barreira e da maior dificuldade em perceber estímulos traumáticos, devido a capacidade reduzida dos recetores sensoriais. Os principais problemas de pele do idoso são: dermatites e infeção por fungos (associadas ao uso de fralda), tumores benignos, infeções virais, cancro de pele (exposição solar sem uso de proteção), úlceras de pé (uma das mais importantes complicações de diabetes) e as úlceras de pressão (relacionadas com a imobilidade). A revisão da literatura permite identificar como as principais medidas para a promoção da integridade da pele: a inspeção diária da pele, os cuidados com os pés e o calçado, o uso regular de proteção solar e creme hidratante e, as mudanças de decúbito para a redução da pressão nas proeminências ósseas. Tendo em consideração a vasta opção nas ofertas do mercado, ressalva-se a importância da seleção do creme hidratante, cujo uso frequente tem evidência clara no estado de hidratação, nutrição e elasticidade da pele, contribuindo para a prevenção dos problemas mencionados. Conhecer o processo de

envelhecimento com todas as alterações fisiológicas, psicológicas, emocionais, familiares e sociais, reconhecer as manifestações e atender às necessidades das diferentes patologias e da polimedicação são apenas alguns dos fatores que evidenciam a complexidade do cuidar em geriatria. O idoso deve ser estimulado a procurar a sua independência, participando na elaboração, discussão e implementação do seu plano individual de intervenção, bem como as suas famílias que, sendo a primeira linha de suporte na prestação de cuidados, são também foco da atenção de enfermeiros, que procuram identificar as suas reais necessidades, educando, treinando, apoiando e, valorizando o empenho e a sobrecarga a que, muitas vezes, estão sujeitos. Pretende-se a participação e co-responsabilização da família na prestação de cuidados, enquanto núcleo privilegiado para o equilíbrio e bem-estar da pessoa idosa. A promoção da saúde, através de medidas educativas, é da responsabilidade principal dos enfermeiros, principalmente devido ao carácter evitável da maioria dos problemas identificados. Entende-se que, aumentando o conhecimento e melhorando as competências, do utente e seu cuidador e, direcionando a prática para ações que promovam a independência, funcionalidade e autonomia, melhoramos a adesão do utente ao tratamento, potenciamos a adequação do papel do prestador de cuidados e minimizamos o seu stress, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida de todos os intervenientes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

JORNAL ENFERMEIRO

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O pé diabético… Qual o processo de enfermagem? pé diabético é a complicação mais onerosa da Diabetes. Uma das complicações major da Diabetes é a neuropatia diabética (causa principal da amputação não traumática dos membros inferiores). Estima-se que em Portugal possam ocorrer anualmente cerca de 1.600 AMI de causa não traumática. 85% são precipitadas por uma úlcera. (International Consensus on The Diabetic Foot & Pratical Guidelines on the management and prevention on the diabetic foot. 2007). Perante estes dados estatísticos será importante e fundamental a avaliação e vigilância do risco de úlcera do pé diabético por parte da enfermagem e restante equipa multidisciplinar no âmbito de cuidados de Saúde Primários que visam a promoção e prevenção da doença. Existe evidência de que o rastreio sistemático do pé diabético leva à diminuição acentuada do número de amputações obtendo-se ganhos de saúde e de qualidade de vida (Diagnóstico sistemático do Pé Diabético - norma 05/2011 de 21/01/2011).

Licenciada em Enfermagem, Enfermeira na USF Arca d´Água Agrupamento de Centros de Saúde Porto oriental

a) Aplicar primeiro o diapasão na parte dorsal do pulso ou no cotovelo ou na clavícula;

• Avaliar a sensibilidade à pressão do pé (através de monofilamento de 5,07 de semmes-Weinstein

1. Diagnóstico: risco de úlcera de pé diabético

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Pele (cor, temperatura, edema, fissuras, calosidades); Unhas: Mal cortadas, onicopatia, onicomicoses; Deformidades ósseas: Dedos em garra, dedos em martelo, proeminências ósseas, arcos plantares; Lesões interdigitais: maceração, micoses, calosidades, fissuras.

Teste de Sensibilidade com o monofilamneto de Semmes-weinstein 5.07 Marque a área de sensibilidade na figura abaixo com: + sim - não

PROCESSO DE ENFERMAGEM

Intervenções: • Monitorizar hemoglobina glicada • Avaliar o pé

Sónia Carneiro

PROFISSÃO

a) Aplicar primeiro o monofilamento na mão do utente; b) Posteriormente aplicar sobre superfície plantar de Hállux e 5º dedo, cabeças de metatarsos e face plantar do calcâneo. É positivo se em três aplicações houver uma resposta errada. • Avaliar a sensibilidade vibratória do pé (através de diapasão de 128HZ)

b) Posteriormente aplicar o diapasão na parte dorsal do hállux (colocado sobre a articulação interfalângica do hállux). Deve ser aplicado perpendicularmente e com uma pressão constante. Se o utente não conseguir sentir vibrações no dedo hállux o teste deve ser repetido num local mais proximal (maléolo da tíbia). O teste é considerado positivo se houver duas respostas correctas em 3 aplicações. Em situação de risco de ulceração existem duas respostas incorretas em três por parte do utente. • Avaliar o estado vascular do pé (através da palpação de pulso pedioso dorsal e pulso tibial posterior (imagem 1 e 2) ou uso de doppler; determinação do IPTB (segundo Tabela 1). Tabela 1: Classificação segundo o IPTB

>1.3

Calcinose

0,9-1,1

Normal

<0,9

Obstrução


PULSO PEDIOSO DORSAL

• Observar o tipo de calçado e meias do utente;

• Monitorizar o risco de úlcera do Pé Diabético (segundo escala de avaliação existente no SAPE (Sistema de Aplicação para a Prática de Enfermagem). • Planear nova consulta de enfermagem de avaliação de risco de úlcera do pé diabético consoante avaliação anterior. 2. Diagnóstico: conhecimento e aprendizagem de habilidades do utente sobre prevenção: Úlcera do pé diabético • Ensinar o utente sobre dieta (Diabetes); • Ensinar o utente sobre uso de substâncias (álcool e tabaco);

PULSO TIBIAL POSTERIOR

• Ensinar/Instruir o utente sobre higiene dos pés; a) Controlar temperatura da água com o pulso ou com um termómetro (usar água tépida); b) Secar muito bem os espaços interdigitais; c) Aplicar creme hidratante na planta e dorso do pé (não entre os dedos); d) Mudar de meias diariamente e que sejam de preferência de lã ou algodão sem orifícios e sem costuras que não comprimam as pernas; e) Arejar o calçado todos os dias. Ensinar/Instruir o utente sobre autovigilância dos pés a) Observar diariamente os pés através de um espelho e se tiver diminuição de visão pedir auxílio a outra pessoa (observar planta, dedos e espaços interdigitais relativamente a presença de fissuras, flictenas, calosidades, edema e coloração do pé diferente ou calor localizado); b) No fim observar unhas (unhas encravadas, onicomicoses). Ensinar/Instruir o utente sobre medidas de prevenção de traumatismos nos pés a) Não usar calicidas, tesouras ou canivetes para calosidades;

b) Cortar unhas a direito e com tesouras de ponta curva de forma a evitar unhas encravadas; c) Limar as unhas com lima de cartão em vez de limas metálicas; d) Inspecionar o interior do calçado antes de colocar o pé; e) Nunca caminhar descalço em ambientes internos ou externos mesmo nas praias; f)Evitar fontes de calor perto dos pés (botijas de água quente, cobertores eléctricos, aquecedores, radiadores, almofadas de aquecimento, entre outras); g) Evitar permanecer em excesso junto de aquecedores, braseiras, lareiras, pois podem provocar queimaduras devido à hipersensibilidade; h) No verão não usar sapatos sem meias; i) Evitar queimaduras solares nos pés aplicando protector sem esquecer a zona plantar dos pés; j) Usar chinelos ao sair da cama.

• Orientar o utente para se dirigir aos serviços de saúde em caso de flictenas, fissuras, lesões, dor, alterações de cor ou outras alterações neurocirculatórias A Prevenção e a Educação dos utentes/família são as pedras basilares na prestação de cuidados ao diabético com risco de úlcera nos pés.

Ensinar/Orientar o utente para uso de calçado adequado a) O calçado não deve ser demasiado apertado ou largo; b) O interior deve ter um comprimento com mais 1 cm que o dedo hállux; c) A largura do sapato deve ser igual à largura do pé a nível da articulação metatarsofalângica; d) Deve ter uma caixa alta com espaço para os dedos; e) O ajuste do sapato deve ser com cordões ou velcro; f) O contraforte deve ser rígido para impedir o desvio do calcanhar; g) O tacão deve ser largo e não excessivamente alto (2-4 cm); h) O calçado deve ser fundo com palmilha amovível; i) A aquisição de sapatos novos deve ser feita ao fim do dia; j) O uso de calçado novo deve ser gradual – usar 1h-2h apenas por dia.

AFONSO, Gustavo [et al] – Pé diabético: prevenção e tratamento. Revista Ser Saúde. Póvoa de Lanhoso: n.º5 (Maio/Junho de 2007), p.96-108. ISSN 1646-5229. | BENFOTI, Flávia Siva. – Avaliação e Tratamento do Pé Diabétic, [em linha]. [Consultado em Junho 2011]. Disponível em: «http://www. eerp.usp.br/projetos/.../Pediabetico.htm »; | BOULTON AJM et al. Diabetes Care 27:1458-86, 2004. | CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMEIRAS – Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE/ICNP®). Versão Beta 2. 2ª Edição. Portugal: Associação Portuguesa dos Enfermeiros, 2003. | DIRECÇÃO GERAL DA SAÚDE – Circular normativa: pé diabético – programa de controlo da diabetes mellitus. [s.l.]: [s.n.], n.º8 de 24 de Abril de 2001. | FAULI, A.C.; ET AL. –Stop – O pé Diabético –Folheto Informativo. Eurodois – Artes Gráficas, 2006. | International Working Group on the Diabetic Foot . International Consensus on The Diabetic Foot & Pratical Guidelines on the management and prevention on the diabetic foot. 2007. | ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – Prevalence of diabetes worldwide [em linha]. [s.l.]: [s.n.], 2000. Revisto em 2008 [consultado a 6 de Janeiro de 2008]. Disponível em <URL: http://www.who.int/diabetes/facts/world_figures/en/>. | SOCIEDADE PORTUGUESA DE DIABETOLOGIA – Inquérito nacional de saúde e guia da pessoa com diabetes [em linha]. [s.l.]: [s.n.], 2007. Revisto em 2008 [consultado a 4 de Janeiro de 2008]. Disponível em <URL: http://www.spd.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=173>.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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PROFISSÃO

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DPOC e Cuidados Respiratórios Domiciliários

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Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) é considerada, entre as doenças respiratórias crónicas, uma das mais importantes causas de mortalidade e de diminuição da qualidade de vida. Está na origem de longas ausências ao trabalho, reformas antecipadas, elevada frequência a consultas médicas

e aos serviços de urgência, bem como no aumento do número de internamentos hospitalares. É responsável por um grande consumo de fármacos, de cuidados respiratórios domiciliários (oxigenoterapia, ventiloterapia) e outros recursos de saúde. Atualmente, é a 4.ª principal causa de morte, prevendo-se que venha a ocupar o 3.º lugar no ano de 2030 logo a seguir às doenças

cardíacas, isquémicas e às doenças cérebro vasculares (OMS). Em Portugal tem uma prevalência por volta dos 6%, em idades compreendidas entre os 35-69 anos, com predomínio no sexo masculino, embora esteja a aumentar nas mulheres, relacionado com o aumento do tabagismo neste género. A DPOC é definida pela Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Diseases (GOLD) como uma doença comum prevenível e tratável, caracterizada por uma limitação persistente do débito aéreo, geralmente progressiva e associada a uma resposta inflamatória crónica aumentada da via aérea e pulmão a partículas ou gases nocivos. O tabagismo representa a principal causa de DPOC, considerando-se também a inalação passiva do fumo do tabaco, a exposição profissional

(fumos, químicos, poeiras), a poluição atmosférica e os fatores genéticos. A educação para a saúde da população em risco, especialmente em grupos jovens onde a evicção tabágica é a prioridade, assume um papel importante na prevenção da doença, sendo nesta área que o enfermeiro também deve centrar o seu desempenho, quer a nível dos cuidados de saúde primários, dos serviços de ambulatório ou dos cuidados ao domicílio. Numa fase inicial, os primeiros sintomas da doença, como a tosse e expetoração, são muitas vezes desvalorizados, evoluindo para um estado mais grave e irreversível pela inexistência de tratamento e exposição contínua ao fator de risco. Para podermos travar a rápida progressão da doença, é fundamental que o diagnóstico seja estabelecido o mais precocemente possível


para uma correta abordagem e eficácia na melhoria dos sintomas, diminuição das exacerbações e atraso no declínio da função pulmonar. O diagnóstico é sugerido pela presença de sintomatologia e confirmado com a realização de espirometria, que é um exame objetivo, de fácil realização e de interpretação imediata. O tratamento a instituir deverá incidir no controlo dos sintomas, na prevenção de exacerbações, nas manifestações sistémicas e comorbilidades e na melhoria da capacidade funcional (AVD). Este baseia-se na cessação tabágica (encaminhar doente para consulta de cessação tabágica), vacinação anual contra a gripe, uso de broncodilatadores (para manutenção do calibre das vias aéreas), tratamento da agudização (preferencialmente em ambulatório) e Programa de Reabilitação Respiratória. Numa fase mais avançada da doença, o plano terapêutico passa pela instituição de oxigenoterapia e/ou ventiloterapia domiciliárias. Outras medidas a considerar

O Enfermeiro encontra-se numa posição privilegiada para ensinar, treinar e motivar o doente para que este seja aderente e conhecedor dos benefícios do tratamento

oxigenoterapia e a ventiloterapia. A adesão à inaloterapia é importante para garantir o controlo dos sintomas e diminuir as exacerbações. O ensino, avaliação e reforço do ensino de acordo com os erros identificados, resultam numa técnica inalatória correta e eficaz. São muitos os doentes que à partida não se sentem motivados para o cumprimento de oxigenoterapia domiciliária por motivos relacionados com autoimagem e pela não valorização dos sintomas, uma vez que adquiriram habituação aos mesmos. O Enfermeiro encontrase numa posição privilegiada para ensinar, treinar e motivar o doente para que este seja aderente e conhecedor dos benefícios do tratamento e dos riscos que corre com o não cumprimento do mesmo. A ventiloterapia domiciliária é prescrita numa fase mais avançada da doença onde o doente se encontra mais sintomático e debilitado pelo que a adesão à mesma é essencial para a melhoria da sua qualidade de vida. Também aqui o enfermeiro deverá trabalhar em colaboração com o doente/cuidador de forma

Oxigenoterapia Ventiloterapia Tratamento da Apneia do Sono Aerossolterapia

Enf. Isabel Videira, Enf. Andreia Pinto, Enf. Flávia Negrinho, Enf. Carla Tapada Equipa de Enfermagem da Unidade de Sono e VNI do Hospital de Santa Maria

a garantir uma boa gestão deste tratamento. A DPOC é uma doença respiratória crónica progressiva associada à diminuição da qualidade de vida e aumento da mortalidade. A identificação de doentes potenciais de desenvolver a doença, aliada a um diagnóstico precoce, acompanhamento periódico e interventivo nas dificuldades por eles sentidas, culmina na excelência do tratamento e na esperança de lhes devolvermos qualidade de vida, para além dos ganhos socioeconómicos garantidos pela diminuição do uso dos recursos de saúde.

Cuidados Respiratórios Domiciliários

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a na Experiê ncia fianç n o C

são uma alimentação variada e equilibrada, a ingestão de água, a prática de exercício físico regular (consoante a tolerância) e a evicção dos ambientes com fumo, poeiras e substâncias químicas irritantes. Uma das principais limitações ao tratamento reside no facto do doente não abandonar os seus hábitos tabágicos e na não adesão à terapêutica, cujas causas incidem sobre os elevados custos da medicação, falta de conhecimento, de vigilância e monitorização. O sucesso do tratamento da DPOC passa por criar, a estes doentes, condições de acessibilidade aos serviços de saúde e estabelecer programas de vigilância periódica em regime ambulatório, de forma a garantir o cumprimento do regime terapêutico instituído, nomeadamente, a inaloterapia, oxigenoterapia e ventiloterapia. As empresas prestadoras de cuidados respiratórios domiciliários são um parceiro importante para o acompanhamento destes doentes em casa. O enfermeiro integrado numa equipa multidisciplinar elabora um plano terapêutico global para o doente. Formula diagnósticos de enfermagem e planeia intervenções centradas em programas educativos e programas de reabilitação respiratória, com o objetivo de retardar a evolução da doença, reduzir o estado de fadiga, de ansiedade e de depressão, contribuindo assim para uma melhoria da qualidade de vida. O ensino é uma estratégia fundamental para que o doente/ família adquira competências cognitivas e instrumentais de forma a garantir o autocontrolo e o autocuidado, promovendo a adaptação à nova condição de saúde. Nos doentes com esta patologia, o ensino incide sobretudo em 3 principais áreas, a inaloterapia, a

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Um 6.º momento… … a teimosia e a persistência em não reconhecer na prestação de cuidados, as competências dos EESMO na Assistência Pré Natal.

OPINIÃO

“As coisas que queremos e parecem impossíveis só podem ser conseguidas com uma teimosia pacífica.” Mahatma Gandhi Reconhecer aos EESMO as suas competências no terreno apenas confere à população a capacidade de escolha quanto ao seu profissional de saúde, sem colocar em risco, de forma alguma o bem-estar materno-fetal. Aida Barradas, Ana Lúcia Torgal, Vítor Rocha, Vítor Varela

JORNAL ENFERMEIRO

A MCEESMO, fez uma pergunta a si própria. Temos EESMO competentes, responsáveis, motivados e orientados, capazes de desenvolver boas estratégias para inovar, adaptar e criar novos modelos de prestação de cuidados / serviços? Aqui reside um dos problemas a melhorar significativamente nas práticas assistenciais dos EESMO, a questão da Liderança ou das Lideranças. As lideranças são muito importantes, pelo que uma mudança gradual para implementar “novas práticas“, “novos modelos” tem que ter o equilíbrio necessário entre o racional e o relacional de modo a sermos: • Transparentes e explícitos sobre aquilo que queremos alcançar; • Construir confiança; • Manter uma atitude positiva; • Apoiar as equipas de EESMO para que se desenvolvam enquanto coletivo, nomeadamente:

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Vítor Varela Presidente da Mesa do Colégio da Especialidade de Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica da Ordem dos Enfermeiros a) Na qualidade da estratégia para a realização de uma tarefa; b) Na quantidade do esforço despendido; c) Nos conhecimentos dos membros das equipas. Podemos assim, produzir resultados com efeitos muito positivos, pois passamos a sentir: • Que estamos a realizar trabalho com significado para as nossas vidas; • Congruência entre, por um lado, os valores e comportamentos e por outro lado as exigências do trabalho;

• Que temos um sentimento de competência, ou seja, sentimos que temos as capacidades requeridas para executar o trabalho; • Que vivemos com um sentido de autodeterminação, experimentando o sentimento de controlo sobre o trabalho; • Que temos impacto sobre a vida organizacional, ou seja, influenciamos de forma evidente a vida organizacional e executamos tarefas muito relevantes, para a sociedade e os cidadãos. Mas não somos acompanhados pelos decisores políticos!

Uma mudança gradual para implementar “novas práticas“, “novos modelos” tem que ter o equilíbrio necessário entre o racional e o relacional

EDIÇÃO

Jornal Enfermeiro é uma publicação multiplataforma de informação entre enfermeiros e as comunidades que com eles interagem // Diretor Vítor Frias (vitorfrias@jornalenfermeiro.pt) // Editor Miguel Múrias Mauritti (miguelmauritti@jornalenfermeiro.pt) // Equipa editorial Andreia Montes (andreiamontes@jornalmedico.pt); Catarina Gomes (catarinagomes@jornalenfermeiro. pt); Cláudia Brito Marques (claudiamarques@jornalenfermeiro.pt) // Diretor de Arte Cátia Tomé (catiatome@newsengage.pt) // Coordenadora Publicidade Sónia Coutinho (soniacoutinho@ newsengage.pt) // Redação Edifício Lisboa Oriente, Av. Infante D. Henrique, 333 H, esc. 45, 1800-282 Lisboa, T. 218 532 916, F. 210 435 935, E-mail: jornalenfermeiro@jornalenfermeiro.pt // Edição multiplataforma impressa e digital enviada para 12.500 profissionais de saúde // Os artigos de opinião são da inteira responsabilidade dos seus autores // Impressão RPO // Depósito legal 392674/15 // Publicação isenta de registo na ERC, ao abrigo do Decreto Regulamentar 8/99, de 9/06, artigo 12º, número 1A



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