Entrevista com Pedro Rodrigues

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Entrevista

Cristina Arvelos jornalista

“Acho que não há nada mais eficaz do que um evento. Por isso dizemos que um evento não é um momento é um movimento, pois faz perdurar o objectivo a que se propõe”, afirma Pedro Rodrigues, 42 anos, coordenador executivo da Desafio Global Ativism – Corporate Events

Pedro Rodrigues, coordenador executivo Desafio Global Ativism

Ramon de Melo

Evento é o mais eficaz

Briefing | A Ativism, de que faz parte a Desafio Global, foi considerada uma das melhores empresas para se trabalhar em Portugal. Quer dizer que é bom líder, fácil de aturar? Pedro Rodrigues | Esse prémio, de que nos orgulhamos, é um bocadinho o reflexo do ambiente que se vive cá dentro: criatividade, motivação das pessoas, empenho. A re6

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muneração não é tudo. A motivação para virmos trabalhar passa também pelo ambiente de trabalho, pelo tipo de envolvimento das pessoas nos projectos, pela responsabilidade e autonomia das equipas. Orgulhamo-nos de ter esse ambiente. Briefing | Há muitas regras na Ativism? PR | Já houve. Hoje em dia as únicas

regras são as que têm como consequência uma salutar convivência para uma melhor concretização da actividade do dia-a-dia. Vou dar um exemplo: fazemos cerca de duzentos eventos por ano, cada um dá origem a mil fotografias. Não se podem arquivar todas. Seleccionam-se 20 de cada evento. Há regras que não restringem a capacidade e criatividade das pessoas. O agregador do marketing.


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Briefing | Aprende-se a liderar? PR | Estou à frente da Desafio Global desde o primeiro dia: 1 de Abril de 2001. Durante este tempo, entre outras coisas, aprendi a delegar. E consigo delegar. Nunca tenho o meio-termo. Sou sempre assim: ou oito ou 80. Ou gosto ou não gosto. Ou centralizo ou delego. Quando a Desafio Global nasceu contavamse pelos dedos das mãos as pessoas que cá trabalhavam. Hoje em dia são oito equipas de gestão de eventos, cada equipa tem um líder e eu tenho a coordenação dessas equipas. A liderança acontece naturalmente, até porque as equipas são autónomas.

Entrevista

“A remuneração não é tudo. A motivação para virmos trabalhar passa também pelo ambiente de trabalho, pelo tipo de envolvimento das pessoas nos projectos, pela responsabilidade e autonomia das equipas. Orgulhamo-nos de ter esse ambiente”

Briefing | As pessoas não são números na Desafio Global? PR | Acreditamos que as pessoas não são números. São cores. Eu sou azul. Tem a ver com a nossa reestruturação interna. Cada equipa corresponde a uma cor.

“Na área dos eventos, sempre se viveu em crise. Há uns anos, os eventos eram o parente pobre da comunicação. Hoje em dia já não é tanto assim, mas a verdade é que esta área nunca viveu em tempos de vacas gordas”

Briefing | O que a levou a criar a Desafio Global? PR | Comecei a trabalhar muito cedo. Tive sete anos a tirar Marketing no IADE, que é um curso de três anos. Fui fazendo o curso a prestações. Estou ligado à organização de eventos desde os 19 anos. Interessei-me por esta área, porque não queria ir para as áreas tradicionais do Direito ou Gestão.

Briefing | Mas a Desafio Global tem a fama de só trabalhar com orçamentos altos… PR | É um estigma, com o qual não concordo. Muitas vezes quando estamos a concurso, é fácil a uma empresa, menos habilitada do que nós ,esquecer-se de orçamentar algumas coisas, facto que tem como consequência um orçamento mais baixo.

O agregador do marketing.

Briefing | Tem sentido os efeitos da crise? PR | Na área dos eventos, sempre se viveu em crise. Há uns anos, os eventos eram o parente pobre da comunicação. Hoje em dia já não é tanto assim, mas a verdade é que esta área nunca viveu em tempos de vacas gordas. Há muitos anos que estamos habituados a fazer muito com pouco dinheiro. A situação agravouse um bocado desde há dois anos. Mas o que acontece é que as coisas são cada vez mais desafiantes: é preciso fazer mais com menos. Briefing | De todos os prémios recebidos, qual teve um sabor mais especial? PR | Cada prémio tem uma história. Mas os que gostamos mais de ganhar são os que têm uma história de sacrifício e inovação. São eventos reconhecidos como inovadores na sua área e que implicam risco. O evento Dream Circle que criámos para a Samsung é um bom exemplo disso.

Briefing | Quantos prémios já ganhou a Desafio Global? PR | Não tenho uma ideia concreta, mas cerca de cem, entre os nacionais e os ibéricos. Os prémios são um enorme estímulo. Pensarmos que, efectivamente, ganhamos lá fora prémios a concorrentes que fizeram eventos com orçamentos muito superiores aos nossos, é um reconhecimento do que se está a fazer em Portugal. É uma prova de que se está a fazer o melhor com menos recursos.

Briefing | Um bom orçamento é essencial para um bom evento? PR | Hoje em dia, o essencial é o equilíbrio. Geralmente o cliente pede um Ferrari, mas só tem budget para um Mini. É no equilíbrio

entre o que se quer fazer e o que se consegue fazer, que está a relação certa para o sucesso.

Briefing | Qual é o principal desafio... da Desafio Global em 2011? PR | Continuar a crescer, fazer eventos de qualidade, mais eventos se possível. Em 2010 passámos os duzentos eventos. Queremos mais e com sucesso.

“Nunca tenho o meio-termo. Sou sempre assim: ou oito ou 80. Ou gosto ou não gosto. Ou centralizo ou delego”

Briefing | Já aconteceu não correr bem ou você é perfeito? PR | Sou quase perfeito… Briefing | Nunca se deixa ir abaixo? PR | Acho que nunca. É uma área Fevereiro de 2011

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de pressão. Costumamos dizer que stress não, pois não é saudável. Mas um evento é um acto em tempo real. Não há nada para fazer pausa. Briefing | Os eventos não estão a tornar-se banais? PR | Hoje em dia, tudo é eventos. Qualquer pavilhão multiusos é um pavilhão de eventos, qualquer feira é uma feira de eventos. Claramente há aqui uma fronteira em que ninguém sabe o que é um evento. Ou seja: já nem sabemos se receber amigos em casa para jantar é também um evento …

“Hoje em dia, o essencial é o equilíbrio. Geralmente o cliente pede um Ferrari, mas só tem budget para um Mini. É no equilíbrio entre o que se quer fazer e o que se consegue fazer, que está a relação certa para o sucesso”

Briefing | Está muita gente a fugir para outros mercados, nomeadamente o brasileiro e o angolano. Esse também é um objectivo da Desafio Global? PR | Temos estado nesses mercados nos últimos anos sempre que os nossos clientes portugueses assim o solicitam. É-nos fácil desenvolver um projecto cá, que depois é implementado nesses países. Mas se tiverem reunidas as condições para estarmos nesses mercados de outra maneira, é óbvio que diremos que sim.

Briefing | Para depois aparecerem nas revistas cor-de-rosa, cheias de plásticas… PR | Por isso é que é fantástico ter uma coisa que se chama Desafio Global Corporate Events. Porque esses eventos não são os nossos. Sabemos fazer se for preciso, mas não é isso que queremos. Nós trabalhamos onde os outros se divertem. Estamos habituados a marcas, a consistência, a mensagem.

Briefing | Que eventos está a preparar? PR | Há uns anos, o evento era gerido a um ano de distância. Hoje é cada vez mais gerido a curto prazo, duas semanas antes. Neste 8

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Briefing | Já lhe chamaram guru. Acha-se um guru? PR | Não. Sinto-me lisonjeado, mas não gosto, não cultivo, nem alimento esse tipo de classificações. De alguma forma pode ser um reflexo do papel pioneiro que não eu, mas a Desafio Global tem tido no mercado. E voltamos à questão dos prémios como reconhecimento, que nos coloca como uma referência a nível nacional e ibérico na área de eventos. Briefing | Fica danado quando não ganha prémios? PR | Danado é uma expressão muito forte. Fico triste. Mas percebo porque não os ganhamos, sobretudo quando essa questão se coloca a nível europeu.

Briefing | Se puser no Facebook… PR | …É isso. Mas há também uma evolução em relação aos conteúdos, à área da responsabilidade social. Todos os momentos do evento, desde o convite à sua concretização, devem passar uma mensagem. E há o outro lado: em que há pessoas que acham que é sexy vir trabalhar para a área dos eventos…

Briefing | A Gala dos Globos de Ouro que já organizou é um evento? PR | É um evento e é também um conteúdo televisivo, com tudo o que isso implica. E por ser televisivo ainda nos coloca mais pressão. O concerto da Mariza que fizemos no ano passado na barragem do Alqueva é um exemplo disso.

momento estamos a fechar uma série de projectos, mas com esta maneira de se fazerem coisas, não tenho mais nada a dizer.

“Hoje em dia, tudo é eventos. Qualquer pavilhão multiusos é um pavilhão de eventos, qualquer feira é uma feira de eventos. Claramente há aqui uma fronteira em que ninguém sabe o que é um evento. Ou seja: já nem sabemos se receber amigos em casa para jantar é também um evento…”

Briefing | 2011 será um bom ano para os eventos? PR | 2011 perspectiva-se como um ano bom, fruto dos sinais que temos. Não sei se há uma retoma, mas noto que há alguma serenidade e acalmia do mercado. Briefing | Os eventos vieram roubar espaço à publicidade dita tradicional? PR | Espero que sim. Sou suspeito. Acho que não há nada mais eficaz do que um evento. Por isso dizemos que um evento não é um momento é um movimento, pois faz perdurar o objectivo a que se propõe. Briefing | Se tivesse que fazer um evento para se retratar o que ia buscar? PR | O que fazemos ao longo do ano, eventos de responsabilidade social. Apadrinhamos algumas causas desde a primeira hora. São eventos em que não somos remunerados, mas são aqueles em que nos realizamos mais, pois são aqueles em que nos encontramos e onde podemos contribuir para a sociedade. Briefing | Considerando-o o Luís Paixão Martins dos eventos, quem é o seu António Cunha Vaz? PR | Na área dos eventos há alguma dificuldade em identificar os concorrentes. Acredito que a Desafio Global é a melhor e a maior empresa de organização de eventos em Portugal. Se não acreditasse nisso, não estaríamos aqui.

PERFIL

Arroz de atum, parapente e bipolar Pedro nasceu em Lisboa, é casado e tem três filhos, com 22, 12 e 10 anos. Mima muito a família, também como forma de a compensar do tempo livre que muitas vezes não consegue ter. É um magro “com barriga”, que come e bebe bem todos os dias. Frequenta o Olivier e o Solar dos Presuntos e garante que “a sua sopa de tomate e o seu arroz de atum, com refogado e ovo e tudo a que tem direito são uma especialidade”. Praticou parapente e só desistiu depois de vários acidentes. Tem uma paixão pela música de Kate Bush, página no facebook e o blog www.blogdoseventos.com. Diz-se vaidoso e tímido. Assim: “Sou bipolar. Sou muito tímido em determinadas circunstâncias e excessivamente frontal noutras. Sou ainda obsessivo e compulsivo com os detalhes”.

O agregador do marketing.


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