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Estudo
Quanto ganham os advogados? As organizações mais saudáveis não deixarão de contratar bons profissionais, que valerão sempre o investimento feito na sua contratação. Esta é a leitura que Vasco Salgueiro, manager para a área de Finance e Tax & Legal da Michael Page, faz do mercado da advocacia a propósito de um estudo sobre os perfis de remuneração dos advogados em 2011
“Para os bons candidatos existirão sempre boas oportunidades de trabalho”. A convicção é de Vasco Salgueiro, manager para a área de Finance e Tax & Legal da Michael Page expressa ao Advocatus a propósito do estudo de remuneração Tax & Legal 2011. O levantamento das remunerações dos advogados, levado a cabo pela Michael Page Tax & Legal, a divisão do grupo dedicada à selecção de profissionais no âmbito do Direito, foi motivado por dois factores essenciais: desde logo a falta de informação existente no mercado de trabalho sobre este tema, mas também a necessidade de materializar o contacto diário com os perfis jurídicos. 20
Dezembro de 2011
“No desenvolvimento dos processos de recrutamento nesta área, sentimos que os nossos clientes, em determinados processos para determinadas posições, estavam desfasados dos valores praticados no mercado. Principalmente nas sociedades de advogados, os valores de retribuição atribuídos são muito díspares”, justifica Vasco Salgueiro. Foram o conhecimento do mercado e a relação com clientes e candidatos que conduziram a Michael Page à elaboração dos perfis de remuneração nos diferentes cenários em que a profissão jurídica é exercida, nomeadamente nas sociedades de advogados e nas empresas.
Os valores encontrados pelo estudo “são fidedignos e reflectem a realidade do mercado”, precisamente porque a fonte de informação são as entrevistas diárias que os consultores da divisão de Tax & Legal realizam
Para a quantificação, foram combinadas duas fontes de informação: a base de dados de clientes e candidatos e anúncios publicados na imprensa e na internet. Entraram ainda em consideração critérios como a dependência hierárquica, responsabilidades, perfil, evolução e, naturalmente, a remuneração em euros. O estudo resultou na elaboração de perfis remuneratórios consoante os advogados são associados de uma sociedade, directores jurídicos e fiscais ou advogados de empresa. E, da comparação dos números, resulta a conclusão de que os valores remuneratórios mais elevados são praticados nas sociedades de advogados. O agregador da advocacia
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O máximo anual, tendo como referência 12 meses e excluindo bónus, oscila entre 90 mil e 120 mil euros, para causídicos com mais de dez anos de experiência em sociedades internacionais. Um estágio, numa sociedade com estas características, é remunerado entre 19.300 e 24 mil euros. Os valores são ligeiramente inferiores nas sociedades portuguesas qualificadas como “top”. Um estagiário pode auferir entre 18 mil e 20.400 euros anuais, com a remuneração a subir progressivamente em função da experiência até alcançar o intervalo máximo de 76.800 a 96 mil euros. E continuam a cair nas sociedades portuguesas de média dimensão: aqui, a experiência máxima (mais de dez anos) é compensada com uma remuneração anual que pode chegar aos 84 mil euros, sendo que o início de carreira pode significar valores entre os nove mil e os 18 mil euros. A Michael Page debruçou-se igualmente sobre as remunerações dos directores jurídicos e dos directores fiscais, definindo dois perfis de retribuição. Os valores obtidos respeitam a 14 meses, mas não incluem bónus, com a consultora a explicitar que a retribuição variável costuma ser atribuída em função de critérios como os objectivos económicos da empresa, a redução dos litígios a cargo do director jurídico, a poupança nos custos legais devido à optimização de negociações. Entre directores jurídicos e directores fiscais de empresas a diferença não é significativa. A que existe prende-se com o volume de facturação da empresa propriamente dita. Os directores fiscais podem ganhar ligeiramente mais do que os jurídicos: assim, o director fiscal de uma empresa com uma facturação inferior a 600 mil euros pode auferir entre 49.500 e 60 mil euros; se a empresa facturar mais de seis milhões por ano está disposta a pagar pela mesma funO agregador da advocacia
O máximo anual, tendo como referência 12 meses e excluindo bónus, oscila entre 90 mil e 120 mil euros, para causídicos com mais de dez anos de experiência em sociedades internacionais
Com um cenário de recessão previsível para os próximos anos, é bastante provável que exista uma retracção dos salários a nível nacional e para todos os sectores”. Ainda assim, e face ao verificado em 2008 e 2009, acredita que existirão sempre excepções à regra
ção um mínimo de 91 mil e um máximo de 110.400 euros. Um director jurídico nesta mesma empresa poderá almejar uma remuneração entre os 94.159 e os 105 mil euros, mas, se a empresa apresentar uma facturação abaixo dos 600 mil euros, o mesmo cargo será remunerado entre os 42 mil e os 60 mil euros. Ainda no sector empresarial, a Michael Page fez as contas aos vencimentos dos advogados, contas, mais uma vez, a 14 meses e sem bónus, mas tendo em atenção os anos de experiência. Para concluir que um advogado há mais de dez anos na empresa pode ambicionar auferir entre 43 mil e 65 mil euros. Já se a experiência for de um a três anos, a remuneração rondará um mínimo de 14 mil e um máximo de 21 mil. Pelo meio, há níveis de remuneração progressivos, que crescem com a experiência acumulada. Isto para um advogado generalista. Um advogado que só faça Direito Laboral ganhará, no limite, 62 mil euros e se tiver mais de dez anos de prática. O mínimo nesta categoria é de 53.200 euros. Ganhará muito menos se for menos experiente: entre 9.500 e 13 mil euros com um a três anos de prática. E se o advogado só fizer Direito Comercial ou Societário há algumas diferenças: os com menos experiência poderão esperar auferir entre 13.200 e 18 mil euros, o que é superior aos especialistas em Laboral, mas os mais experientes receberão entre 44.100 e 58 mil, o que é inferior aos de Laboral. O manager da Michael Page assegura que os valores encontra-
dos pelo estudo “são fidedignos e reflectem a realidade do mercado”, precisamente porque a fonte de informação são as entrevistas diárias que os consultores da divisão de Tax & Legal realizam para diferentes níveis de experiência, diferentes estruturas, diferentes dimensões e diferentes áreas de especialização. “Reflectem, sem dúvida, as remunerações reais”, sublinha. E o mercado funciona no que respeita à remuneração? Vasco Salgueiro afirma que existe nivelamento, embora, como o estudo evidencia, varie em função da natureza e nível da posição (senioridade), estrutura (sociedade de advogados ou empresa/consultora), dimensão (n.º de advogados), área de prática e conjuntura económica. E a conjuntura económica é favorável à manutenção destes níveis de remuneração? Vasco Salgueiro reconhece que, com um cenário de recessão previsível para os próximos anos, é bastante provável que exista uma retracção dos salários a nível nacional e para todos os sectores”. Ainda assim, e face ao verificado em 2008 e 2009, acredita que existirão sempre excepções à regra: “As organizações mais ‘saudáveis’ não deixarão de contratar bons profissionais nem que, para isso, tenham de remunerar acima do mercado. Em suma, estamos convictos de que para os bons candidatos existirão sempre boas oportunidades de trabalho. Estes candidatos justificarão sempre o investimento feito na sua contratação”. Dezembro de 2011
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