Sábados pouco tranquilos

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Ramon de Melo

O jornal

“Há 40 anos que o Expresso dá sábados pouco tranquilos a muita gente. Isso faz parte da nossa razão de existir”. A afirmação é de Ricardo Costa, diretor do semanário, numa alusão à polémica com o ministro Miguel Relvas. Pano de fundo: a privatização da RTP, de que a Impresa é crítica – e o jornalista também. Líder de audiências, o jornal fundado por Pinto Balsemão está “relativamente seguro” no atual contexto de crise económica e publicitária. “Estamos a atravessar a tempestade perfeita”, comenta

Ricardo Costa, diretor do Expresso

Sábados pouco tranquilos Briefing | Num contexto em que a imprensa perde cada vez mais leitores, qual é o segredo do Expresso para manter as audiências? Ricardo Costa | O segredo do Expresso, se é que é um segredo do Expresso, é nunca ter perdido o sentido daquilo que são os seus valores originais, independentemente das mudanças que foi sofrendo, quer na direção e na redação, quer na estrutura do próprio jornal, como os cadernos e a revista. O Expresso é um jornal que mantém um ADN relativamente fácil de identificar para os leitores, para os anunciantes e para quem cá trabalha. 24

Setembro de 2012

Briefing | E daqui para a frente, atendendo ao momento de contração económica e, nomeadamente, do investimento publicitário? RC | Aí entramos numa fase mais complexa porque estamos numa situação de mercado adversa. Costumo dizer que esta é a tempestade perfeita, porque se junta uma crise económica e uma crise do mercado publicitário a uma mudança tecnológica, não só na distribuição, mas na maneira como os leitores contactam com a nossa marca, e a uma mudança nos hábitos de consumo, que está ligada quer à questão económica, quer à tecnológica. Neste quadro sentimo-nos rela-

tivamente seguros. Temos a cabeça aberta para trabalhar nas várias plataformas possíveis e, naturalmente querendo que os leitores venham até nós através da edição impressa e da edição impressa transferida para tablet, iremos à procura de leitores em todas as outras plataformas possíveis. A segurança parte desta ideia – achamos que estamos a fazer um bom trabalho e estamos disponíveis para irmos mudando em função dessas alterações. Não vamos ficar sentados à espera que as coisas aconteçam. Briefing | Como é que têm gerido essa dupla crise? RC | Esta crise o que fez foi acele-

rar ainda mais as eventuais fraquezas da imprensa. No Expresso há muito tempo que trabalhamos com controlo de custos, mais eficaz e brutal nos últimos anos. Adaptámo-nos brutalmente desse ponto de vista. Os resultados da Impresa revelam isso mesmo, uma fortíssima componente de receitas mas muito trabalho a montante. O jornal tem-se alterado muito nos últimos anos, sobretudo desde a restruturação que houve quando foi criado o nosso principal concorrente semanal. Nos anos seguintes foram feitas sucessivas alterações internas. Temo-nos preparado. Hoje é um jornal feito com menos meios do que há dez ou cinco anos. www.briefing.pt


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