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Bimestral

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Ano I

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N.º 2

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Março/Abril de 2012

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8 euros

A nova plataforma da distribuição e comércio moderno

João Machado, presidente da CAP

Produção e distribuição mais próximas

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António Barreto, Fundação Francisco Manuel dos Santos

Crédito e dívida não são solução

Os portugueses terão de voltar a não pensar de novo que “crédito e dívida são solução e modo de vida”. Este é um dos principais caminhos apontados pelo sociólogo António Barreto, presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, para que o País evite cometer os erros do passado e futuras crise económicas. Como a sociedade não está suficientemente alertada para a situação de Portugal, falar não chega 5 601073 215268

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O primeiro nasceu em 2008 e o modelo de negócio prevê lojas com cerca de 350 a 450 m2, em locais de grande afluência, com uma organização baseada numa estrutura pequena e enérgica. A cadeia de supermercados Brio, com produtos 100 por cento biológicos e certificados, está numa fase de consolidação e aumento de vendas e actualmente já dispõe de cinco unidades, três em Lisboa, uma em Carnaxide e outra no Estoril. Em 2010, Pais do Amaral e José Luís Pinto Basto, da The Edge Group, entraram no capital da empresa e há planos para expandir o negócio

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Supermercados Brio inovadores

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Director: Hermínio Santos



Destaques

EDITORIAL

Conselho editorial Ana Isabel Trigo Morais Ricardo Domingos Viriato Filipe Catarina Oliveira Fernandes Director-geral João David Nunes Director Hermínio Santos hs@storemagazine.net Editora Executiva Fátima de Sousa fs@storemagazine.net

Directora de Marketing Maria Luís Telf. 961 571 629 ml@storemagazine.net

Distribuição por assinatura Preço: 48€ (6 edições) assinaturas@storemagazine.net Tiragem média mensal: 2.500 ex. Depósito legal: 338451/12 N.º registo ERC: 126154 Editora Enzima Amarela - Edições, Lda Av. Infante D. Henrique, 333H, 44 1800-282 Lisboa Tel. 218 504 060 Fax: 210 435 935 Impressão: Sogapal, Rua Mário Castelhano, Queluz de Baixo 2730-120 Barcarena

A nova agricultura portuguesa

Anos e anos de um discurso negativo não desmobilizaram os agricultores portugueses. O tempo veio dar-lhes razão e a crise financeira que se vive desde 2008 obrigou os países e os povos a mudarem de rumo. Uma Europa outrora algo sarcástica com os seus agricultores vira-se agora para a terra e para quem nunca desistiu dela. Em Portugal, o sarcasmo foi semelhante. Era sempre passada a ideia de que ser agricultor era uma ocupação de velhos. O sector era o domínio das enxadas, dos subsídios, de muita parra e pouca uva. Mas por entre olhares de desdém e alheamento político, alguns agricultores nunca desistiram. A evolução e excelência nacional e internacional alcançadas pelos vinhos, azeites e horto-frutícolas nacionais provam que a agricultura portuguesa nunca baixou os braços. A tecnologia tomou conta da produção, o planeamento é exigente. Hoje trabalha-se com equipamento sofisticado e até aplicações para tablets. João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), explica neste número da Store, o que é a nova agricultura portuguesa e como ela se tem relacionado com a distribuição. É bom não esquecer que nos últimos anos a distribuição moderna tem sido um dos sectores que mais tem acarinhado os produtores portugueses, impulsionando a venda de produtos agrícolas nacionais

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COMÉRCIO ELECTRÓNICO

Confiança nas vendas online

Os resultados do mais recente barómetro sobre comércio electrónico elaborado pela Netsonda para a ACEPI - Associação do Comércio Electrónico e Publicidade Interactiva, e relativo ao segundo trimestre de 2011, indicam que 59 por cento das empresas inquiridas acredita que o respectivo site vai pelo menos manter o ritmo de crescimento das vendas

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TRABALHAR EM

A família Zippy

Nem só de pequenada se faz a Zippy, a marca de roupa de criança do grupo Sonae. Para que tudo funcione sobre rodas há uma vasta equipa de colaboradores que zela para que todos os clientes vejam a marca como alguém da família

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PASSEIO PÚBLICO

Tudo começou no Minipreço

Comunicação, Design e Multimédia Av. Marquês de Tomar, 44-7 1050-156 Lisboa Tel: 217 957 030 geral@motioncreator.net

RAMONDEMELO PHOTOGRAPHY

www.ramondemelo.com

Rua Luz Soriano, 67-1º E Bairro Alto 1200-246 Lisboa - PORTUGAL www.who.pt// contacto@who.pt

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Foi pescador e andou pelas águas dos Açores, de Marrocos e da Mauritânia. O seu hobby é a agricultura e quando aceitou, contrariado, em 1980, um emprego no Minipreço de Algés nunca imaginou que chegaria a director de compras de produtos frescos da Auchan Março/Abril de 2012

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Opinião

Se pensarmos que com alguma facilidade se poderá também obter, nos mesmos lares onde estão instalados os audímetros, informação sobre os diversos consumos de classes de produtos, valores despendidos e custos base, poderemos finalmente perceber o porquê de tanto interesse e alguma agitação

Audiências e consumo

Luís Mergulhão ceo, Omnicom Media Group

“Portugal tem vivido nos últimos 2 anos o fim de ciclo da tecnologia utilizada até agora nos audímetros instalados”

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Nos últimos tempos, e de forma frequente, têm vindo a público notícias e artigos de opinião – revestidos muitos deles de aberta polémica – a propósito de audiências de televisão. Nada mais natural, já que Portugal tem vivido nos últimos 2 anos o fim de ciclo da tecnologia utilizada até agora nos audímetros instalados, com a introdução de um novo sistema, necessário que se tornava mudar - com o switch off da televisão analógica para a televisão digital terrestre – para um novo tipo de tecnologia. No caso português, acompanhando a generalidade da tendência mundial, a opção foi a de se optarem por aparelhos que reconhecessem o canal a ser visionado em cada um dos aparelhos instalados nos lares constantes do painel escolhido para medir as audiências de televisão, com tecnologia audiomatching, ou seja, de reconhecimento do sinal de som da frequência do canal de televisão. Mas, mais do que isso, aproveitou-se o momento para fazer coincidir as segmentações até agora existentes de regiões, classes etárias e sociais com as normalmente reconhecidas como as mais frequentes – e em algum dos casos recomendadas por organizações internacionais da especialidade – noutros tipos de estudos sobre cidadãos e consumidores. O trabalho não é fácil nem rápido nestas circunstâncias: interessa, antes de tudo, e com base nos últimos censos existentes e tendo em conta o conjunto de variáveis definidas previamente, que se proceda a um establishment survey que sirva de base à constituição de uma amostra que seja correcta por significativa do universo que pretende representar. Depois, trata-se de seleccionar de forma aleatória os lares que correspondam ao perfil e proporção da amostra que se pretende instalar, convencer os lares escolhidos a fazerem parte da amostra, encontrar outros do mesmo tipo (caso se verifique uma recusa), instalar os equipamentos, trabalhar na informação e formação dos membros dos lares e, finalmente, fazer os testes necessários para verificar a fiabilidade do sistema e a consistência dos dados obtidos. Mas qual a importância de tanto trabalho e do elevado investimento que implica, como é o caso do nosso país, ter instalado um sistema que ultrapassa os novos 1000 audímetros instalados?

A razão é simples, e do conhecimento de muitos: as televisões generalistas (à excepção da televisão pública) dependem quase exclusivamente das receitas publicitárias, e estas encontram-se indissocialvelmente ligadas às audiências que estas conseguem captar, principalmente nos públicos-alvo comerciais, ou seja, aqueles mais pretendidos para contacto por marcas e anunciantes. Ao mesmo tempo, embora as suas receitas estejam mais concentradas na componente assinaturas, aos carriers de televisão por subscrição este assunto torna-se cada vez mais importante pois os níveis de audiência dos canais temáticos acabam por ter sempre impacto ou na sua quota parte das receitas publicitárias, ou noutras receitas decorrentes dos processos negociais para a emissão desses mesmo canais temáticos. Todavia, se esta visão era a única prevalecente até há pouco tempo, o facto de hoje muitos dos conteúdos de televisão, de cada uma das estações generalistas ou de canais temáticos, serem acessíveis em plataformas de internet ou mobile, associados muitas vezes a modelos de negócio próprios, torna ainda mais importante o valor das audiências televisivas. E o cruzamento possível de ser efectuado entre o consumo de televisão nos 3 écrans – o da televisão, o do display do PC ou dos smartphones e tablets – naquilo que se convencionou chamar de extended screens, coloca no centro das atenções das marcas um meio como a televisão que, inesperadamente, ganha para os seus conteúdos cada vez mais tempo de consumo de media, por ter diversas plataformas de comunicação disponíveis. Por último, se pensarmos que com alguma facilidade se poderá também obter, nos mesmos lares onde estão instalados os audímetros, informação sobre os diversos consumos de classes de produtos, valores despendidos e custos base, poderemos finalmente perceber o porquê de tanto interesse e alguma agitação. Novos tempos, um novo mundo.

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notícias Jerónimo Martins investe 22 milhões em Portugal

Lucy Neville-Rolfe é a nova presidente da EuroCommerce Lucy Neville-Rolfe, administradora da Tesco e directora-executiva do grupo na área jurídica e de corporate governance, é a nova presidente da EuroCommerce, a associação europeia do sector do retalho. A nova presidente começará o seu mandato de três anos no próximo dia 1 de Julho. Segundo um comunicado da instituição, Lucy Neville-Rolfe está na Tesco desde 1997, tendo desempenhado diversas funções no governo britânico. À frente da EuroCommerce as suas prioridades serão reforçar a visibilidade do sector do retalho junto dos decisores políticos e realçar a sua importância na criação de emprego e no crescimento. “Se queremos promover um crescimento sustentável na Europa será necessário que as grandes e as pequenas empresas trabalhem e colaborem em conjunto para atingirem os êxitos de que todos beneficiarão”, afirmou Lucy Neville-Rolfe, citada no comunicado.

O grupo Jerónimo Martins vai investir 22 milhões de euros em três centros logísticos que pretende instalar em Lisboa, Porto e Algarve. A revelação foi feita pelo presidente do grupo, Alexandre Soares dos Santos, ao Diário Económico à margem da apresentação dos resultados do grupo, ocorrida no início de Março. Com este projecto o grupo reforça a sua intenção de continuar a investir em Portugal, apesar de a Polónia ser o motor principal de crescimento. Com este investimento a capacidade logística da Jerónimo Martins, que detém os supermercados Pingo Doce, aumenta em 120 mil metros quadrados, disse Soares do Santos. A JM obteve, em 2011, um crescimento consolidado das vendas de 13 por cento, que atingiram os 9,8 mil milhões de euros. O resultado líquido atingiu 340,3 milhões de euros, mais 21 por cento face a 2010.

Continente e Danone apresentam “linear do futuro” Um topo onde a cor dominante é o preto e ao qual é aplicado um inovador sistema LED que imprime luminosidades distintas às diferentes linhas de iogurtes. É assim o “linear de iogurtes do futuro”, apresentado pela Danone e pelo Continente. Segundo uma informação da Danone, apesar de constituir uma novidade em Portugal, o projecto já foi testado e implementado com sucesso noutros países europeus, como França e Espanha. A propósito deste projecto inovador, Ludovic Reysset, director comercial da Danone, afirma: “Esta nova forma de exposição de iogurtes é revolucionária, na medida em que, através do contraste das prateleiras pretas conjugadas com o efeito das luzes LED, o linear torna-se mais convidativo, as luzes ajudam na diferenciação dos produtos e a experiência de compra é mais agradável.” Com carácter experimental no mercado português, este projecto passa essencialmente pela alteração do visual do linear em ambiente de loja. O linear piloto pode ser encontrado na loja Continente de Oeiras. A Danone e o Continente assinalaram a inauguração do ‘Linear do Futuro’ surpreendendo os clientes da loja Continente de Oeiras com um flash mob no qual participaram os colaboradores das respectivas marcas. 6

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Dolce Vita relança Closet É mais do que uma simples revista. Afirma-se como uma plataforma multimédia e marca um novo ciclo de interacção com o seu público-alvo. É um ponto de partida para um diálogo constante entre a marca e os consumidores. Este é o novo posicionamento da Closet, nascida em 2011 mas relançada este ano pelos centros comerciais Dolce Vita. Com 36 páginas e quatro edições anuais temáticas, destacam-se as seguintes novidades: novas secções onde se abordam temas de moda, sugestões para família, gadgets, dicas culturais e factos em destaque na zona envolvente dos Dolce Vita; entrevista a uma conhecida figura pública como tema em destaque da revista; colaborações de editorialistas reconhecidos: Sónia Morais Santos (Blog “Cocó na Fralda), Mónica Lice (“Blog da Mini-Saia”) e Maria Guedes (Blog “Stylista”). Através da Closet, os centros Comerciais Dolce Vita afirmam que dão um novo passo na sua estratégia de marketing e comunicação, reforçando o seu posicionamento enquanto espaços trendy e na moda mas também com apetência para actividades de lazer, cultura e bem-estar todos os dias do ano. A revista terá um micro-site que complementa a versão digital da revista com novos conteúdos, em actualização constante e em articulação com o Facebook.

Gateway lança solução inovadora de alarme A Gateway Portugal, empresa de soluções de segurança electrónica para o retalho, acaba de lançar o Alarm Tag, disponível em pin ou em laço. Segundo a empresa esta solução permite uma segurança redobrada: dispara o alarme das antenas EAS em caso de um artigo ser levado para o exterior da sua loja, e por outro lado, dispara o alarme da própria tag, em caso de tentativa de manipulação da mesma. Este conceito de tag com alarme incorporado surge como um upgrade dos anteriores e já descontinuados modelos 2Alarm Tag (Alpha), sendo que agora estes dois novos modelos foram pensados para diferentes necessidades de protecção. Nomeadamente, o modelo com laço apresentase como uma inovação que visa responder à crescente tendência de novos conceitos de retalho emergentes, e surge com duas medidas de comprimento (curto e longo) para se adaptarem às necessidades de cada cliente. A Gateway Portugal afirma que é líder no mercado nacional de soluções de segurança electrónica e de prevenção de quebra no retalho, com 11 anos de existência em território nacional e parcerias de valor acrescentado. Criada em 1984, na Suécia, a Gateway entrou em Portugal no ano 2000 e em Dezembro de 2004 foi adquirida pelo grupo Gunnebo.

Jeronymo Coffee-Shop cria menu da manhã com RFM Chama-se Menu Café da Manhã e é uma parceria entre as cafetarias Jeronymo e a RFM. Durante a campanha a estação de rádio marcará presença nos 24 espaços da marca com um menu especial que contempla, entre outras “tentações”, um petit gateau. O arranque da campanha ocorreu a 5 de Março e o menu tem um valor de 1,99€ e inclui o famoso café, elaborado a partir de uma receita exclusiva para a cadeia Jeronymo, alusivo ao Café da Manhã apresentado por Carla Rocha e Zé Coimbra e que conta com a participação de Nilton. Para além disso a rádio contará com suportes de comunicação em toda a rede de lojas. Esta associação contemplará a presença das cafetarias Jeronymo em antena com diferentes interacções, desde spots publicitários, referência no programa Café da Manhã, passatempos e ainda a criação de uma micropágina, no site. No final da campanha, a Cafetaria Jeronymo do Chiado vai receber o trio de animadores do Café da Manhã, para um convívio especial com os ouvintes, onde o aroma a café e chocolate marcarão a diferença. STORE MAGAZINE

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notícias BREVES Portugal na mira da Mercadona A Mercadona, maior grupo de origem espanhola da área do retalho alimentar, voltou a admitir a possibilidade de se lançar em Portugal. O presidente do grupo, Juan Roig, afirmou, durante a apresentação dos seus resultados, no início de Março, que abrirá lojas fora de Espanha. Portugal é uma das hipóteses, assim como a França, a Itália ou a Bélgica. Em 2011, o grupo obteve lucros de 474 milhões de euros, mais 19 por cento do que no ano anterior.

Sonae comprou 176 milhões ao Clube de Produtores As compras da Sonae a membros do Clube de Produtores Continente totalizaram os 176 milhões de euros em 2011, um aumento de 5,5% face ao ano anterior, tendo as quantidades adquiridas atingido as 128 mil toneladas de produtos. Segundo um comunicado da Sonae, o fomento da actividade do Clube de Produtores Continente tem vindo a resultar não só em aumentos de compras, mas também no apoio ao sector agro-alimentar e no desenvolvimento dos seus negócios e processos de inovação. Pelo segundo ano consecutivo, a Sonae promoveu o Prémio Inovação Clube de Produtores com a atribuição de um Prémio Inovação e duas Menções Honrosas, num concurso que contou com 18 projectos candidatos dos seus membros. A obtenção da certificação externa, pela entidade certificadora SGS, veio comprovar a melhoria contínua no processo de crescimento do Clube de Produtores Continente e o consequente reconhecimento, através da atribuição de diplomas de certificação, aos seus membros. A cooperação com os produtores nacionais contribuiu para um crescimento da actividade do Clube de Produtores, que ganhou 11 novos membros ao longo do ano, passando de 233 para 244, atingindo os 2.974 produtores individuais. Em 2011, as compras a fornecedores nacionais na área de perecíveis (membros e não membros) efectuadas pelo Continente representaram quase 80% da totalidade.

CreativeRetail lançado na Alemanha A tecnológica portuguesa Creativesystems lançou na Alemanha a CreativeRetail, uma solução RFID (Radio Frequency Identification) para o sector do retalho (apparel & footwear). A apresentação aconteceu na EuroCIS 2012 - The Leading Trade Fair for Retail Technology, que teve lugar em Düsseldorf, na Alemanha, de 28 de Fevereiro a 1 de Março. O CreativeRetail permite obter, de uma forma simples e eficiente, a rastreabilidade do artigo à unidade ao longo de toda a cadeia de valor desde a sua origem - onde um tag RFID é colocado no artigo - até à sua venda na loja. A empresa afirma que, para além dos benefícios para a cadeia logística, os retalhistas obtêm aumentos de vendas resultantes da garantia de que os produtos estão disponíveis na frente de loja para serem vendidos. A solução foi desenvolvida para ser implementada em modelos de negócio de diversa complexidade, com a possibilidade de utilização de vários fornecedores, centros de distribuição e lojas. 8

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Minipreço com novo slogan “Superpoder de compra” é, desde Março, o novo slogan do Minipreço. Criada pela agência de publicidade NOSSA, a campanha vai estar presente nos três canais generalistas de televisão e nos canais por cabo TVI 24, AXN e SIC Mulher. A marca do grupo DIA Portugal aposta ainda na comunicação exterior com mupis na rede da JC Decaux. Também está presente nas rádios RFM, Comercial, M80, Festival e Renascença. Sonae entre as mais éticas A Sonae foi reconhecida, pelo segundo ano consecutivo, como uma das “Empresas Mais Éticas do Mundo” pelo Ethisphere Institute. A primeira empresa portuguesa a receber a distinção voltou a ser destacada, entre os milhares de empresas candidatas a nível mundial, pela implementação de práticas de negócio transparentes e de iniciativas com benefício para a comunidade, elevando a fasquia de padrões éticos junto de todos os seus stakeholders, informa o grupo. Paulo Azevedo, CEO da Sonae, afirmou que “a cultura da Sonae incorpora, desde o seu nascimento, princípios éticos de desenvolvimento sustentável. Esta distinção encorajanos a continuar o nosso caminho.”

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“É bem mais barato do que pensa”, diz o Brio O supermercado de produtos biológicos Brio arrancou a 14 de Março com uma campanha de mupis cuja principal mensagem é desmistificar a ideia de que no Brio comprar produtos biológicos é muito mais caro do que comprar produtos convencionais e também dar a conhecer a rede de lojas disponíveis. Por isso mesmo escolheu o mote “é bem mais barato do que se pensa”. “O Brio é um supermercado que oferece preços competitivos e torna-se cada vez mais importante dizer às pessoas duas coisas: aqui, o biológico não é sinónimo de ser mais caro e que a agricultura biológica é uma alternativa de qualidade. O Brio oferece uma vasta gama de produtos, como qualquer supermercado, com a diferença de que é tudo proveniente da agricultura biológica”, diz António Alvelos, director-geral do Brio. A campanha de mupis é a primeira incursão do Brio – Supermercados Biológicos na publicidade e é assinada pela Fullsix. O Brio integra o The Edge Group, que detém uma participação de 80% e tem como accionistas Miguel Pais do Amaral e José Luís Pinto Basto.

BREVES IKEA “vendeu” artigos em 2ª mão Pelo segundo ano consecutivo a empresa promoveu o “Bazar IKEA” uma iniciativa que promove a venda de artigos em 2.ª mão junto dos membros IKEA FAMILY nas lojas IKEA de Alfragide, Loures e Matosinhos. Dado o sucesso desta acção em 2010, a IKEA convidou os mais de 540.000 membros IKEA FAMILY para se inscreverem e levarem os seus móveis, objectos de decoração, artesanato, vestuário, livros brinquedos em 2.ª mão, para vender no espaço criado para a iniciativa.

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Grande Plano

Ramon de Melo

Hermínio Santos jornalista hs@storemagazine.net

Nos últimos anos intensificou-se a atenção dada aos produtos portugueses e isso tem “promovido maiores contactos comerciais e uma muito maior interligação entre a produção e a distribuição”, diz João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP). O aparecimento de jovens agricultores “bem preparados” também tem ajudado ao renascimento e competitividade da agricultura portuguesa

João Machado, presidente da CAP

O renascimento da agricultura Store | Que balanço faz do protocolo existente entre a CAP e a APED? João Machado | Trata-se de um protocolo de cooperação que existe desde 1995 que se destina a juntar os produtores a quem vende os produtos, a distribuição. Ou seja, a promover os negócios entre ambos. Contempla um conjunto de acções cujo objectivo é 10

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preparar os produtores para venderem à distribuição – até com formação profissional incluída – bem como mostrar à distribuição e aos seus compradores como é que a produção funciona para eles não pedirem coisas impossíveis. Há um conjunto de visitas, acções, formação e seminários que constituem um programa anual e juntam produtores e a dis-

“Admitindo que temos de viver com esta PAC, ela não nos trata bem”

tribuição para, no fundo, aproximar as áreas de negócio. Store | E é uma relação que tem funcionado bem entre as duas partes? JM | O protocolo tem funcionado bem. Esta relação produção/ distribuição tem óbvias vantagens para ambas as partes mas com momentos de stress, em STORE MAGAZINE


que existem problemas e não podemos ignorar isso. Sobre esta matéria o protocolo, embora não tenha esse objectivo, permite o diálogo entre as partes e, muitas vezes, a CAP e a APED funcionam como amortecedores destas relações para tentar resolver um ou dois problemas. Store | Nos últimos anos assiste-se a uma maior abertura da distribuição à produção agrícola nacional… JM | Em algumas áreas a produção agrícola nacional sempre esteve muito presente na distribuição moderna, como é o caso do vinho, do azeite e de algumas outras matérias. Desde a crise de 2008 que há uma nova consciencialização de que é preciso produzir e consumir no local. Tem havido uma maior atenção aos produtos portugueses e isso tem promovido maiores contactos comerciais e uma muito maior interligação entre a produção e a distribuição. Todos os grupos de distribuição em Portugal compram a produtores portugueses regularmente e há um grupo que tem promovido uma relação mais institucional nessa matéria com o Clube de Produtores Continente, que promoveu, com um conjunto de produtores, que eu julgo que são mais de 200, uma relação mais estreita. Store | Está satisfeito com os apoios que existem à produção nacional? JM | A questão dos apoios é muito particular para a agricultura. Numa Europa comunitária onde existe uma Política Agrícola Comum (PAC) os produtores agrícolas não podem viver sem ela. Neste contexto Portugal é sempre mal tratado dentro da PAC. Estamos em 23.º lugar ao nível dos apoios per capita e por agricultor, o que, claramente, não é o nosso lugar na Europa até porque aderimos noutra altura e deveríamos estar noutra posição. Portanto, em primeiro lugar, a PAC não favorece os agricultores portugueses. Em segundo, e passando para o nível nacional, esta política é aplicada através de programas que não têm sido os melhores. O último, STORE MAGAZINE

“Em algumas áreas a produção agrícola nacional sempre esteve muito presente na distribuição moderna, como é o caso do vinho, do azeite e de algumas outras matérias. Desde a crise de 2008 que há uma nova consciencialização de que é preciso produzir e consumir no local”

“Há um discurso de alguns sectores, sobretudo de alguma comunicação social e de algumas pessoas, em relação à agricultura que não corresponde à realidade. Em primeiro lugar, há vários tipos de agricultura em Portugal. Tem imensas facetas, umas mais positivas outras negativas”

o PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural), é muito mau. É muito burocrático, tem medidas que, muitas delas, não se aplicam à realidade nacional e têm uma grande dificuldade de execução. Dificulta a vida dos agricultores no acesso aos apoios comunitários ao investimento. Depois temos as ajudas directas, 100 por cento comunitárias, e aí é outro capítulo. Também aqui temos várias dificuldades e devolvido dinheiro a Bruxelas porque o Estado português é demasiado pesado não só a gerir esta distribuição das ajudas como a controlá-las e depois harmonizar isto com a legislação comunitária. Admitindo que temos de viver com esta PAC, ela não nos trata bem. Depois, a nível nacional, para dificultar o acesso dos agricultores ao investimento, pagamos tarde, a más horas e ainda devolvemos dinheiro. Portanto, o panorama não é bom.

“Das fileiras da agricultura a que mais tem crescido nos últimos anos é a dos produtos horto-frutícolas”

Store | Como é que pode mudar esse estado de coisas? JM | Em primeiro lugar poder-se-ia mudar o enquadramento comunitário. Isto é, levar Portugal para um nível diferente daquele que tem hoje. Infelizmente, as notícias que nos chegam da última proposta da Comissão Europeia, pois estamos a negociar um novo quadro comunitário de apoio 2014-2020, é de que Portugal continuará a ocupar a mesma posição relativa entre os membros da União Europeia. Portanto, do ponto de vista do orçamento, Portugal não vai sair beneficiado. Vamos ter um orçamento comunitário que vai ser igual ou inferior ao actual e a dividir por mais. Apesar disso, e pelas contas da Comissão, Portugal não vai ter muito menos dinheiro e até pode ser que tenha um pouco mais, o que, nesse aspecto, não é mau. O que é mau é que continuamos na mesma posição relativa, não subimos na escala. O que é que pode melhorar significativamente? É termos um programa de desenvolvimento rural melhor, menos burocrático, com menos medidas, mais transparente, mais acessível e próximo dos interesses doa agricultores. Se tivermos isso já melhoramos muito. >>>

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Grande Plano

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“A recuperação na área do azeite só foi possível por causa do Alqueva, o grande impulsionador dos novos olivais”

Store | Quais as fileiras da agricultura portuguesa que têm grandes possibilidades de terem, de facto, um argumento distintivo no estrangeiro? JM | Há um discurso de alguns sectores, sobretudo de alguma comunicação social e de algumas pessoas, em relação à agricultura que não corresponde à realidade. Em primeiro lugar, há vários tipos de agricultura em Portugal. Tem imensas facetas, umas mais positivas outras negativas. A agricultura portuguesa tem sido um dos sectores da economia que mais tem investido. O PRODER, um programa que tem fundos comunitários e nacionais para investimento, está esgotado até ao seu final – o QREN, nem de perto nem de longe…O sector criou emprego líquido nos últimos anos e continua a criar. Globalmente tem aumentado as exportações e batido recordes todos os anos em valor, toneladas e litros e que tem cada vez mais evitado importações. Apesar da situação de crise que estamos a viver temos um sector que tem criado emprego, investido, exportado e produzido mais. Há muitos problemas mas os dados globais da agricultura são muito positivos atendendo ao quadro do País em que estamos a viver. Aliás, há uma nova classe de agricultores que é absolutamente dinâmica. A imagem do agricultor velho com uma enxada não existe na agricultura produtiva. É um facto que também há agricultura de subsistência e que estas duas realidades coexistem, mas a realidade dos números é indesmentível e essa mostra que a agricultura está a crescer. Store | E sobre as fileiras mais dinâmicas? JM | Das fileiras da agricultura a que mais tem crescido nos últimos anos é a dos produtos horto-frutícolas – voltámos a bater todos os recordes em 2011, com as exportações a ficarem muito perto dos 1000 milhões de euros. A taxa de cobertura na balança neste sector é de 200 por cento, exportamos mais 100 por cento do que importamos. Estamos a ter um percurso fantástico. O vinho bateu novamente recordes em

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“Vamos ter um orçamento comunitário que vai ser igual ou inferior ao actual e a dividir por mais. Apesar disso, e pelas contas da Comissão, Portugal não vai ter muito menos dinheiro e até pode ser que tenha um pouco mais, o que, nesse aspecto, não é mau”

“Numa Europa comunitária onde existe uma Política Agrícola Comum (PAC) os produtores agrícolas não podem viver sem ela. Neste contexto, Portugal é sempre mal tratado dentro da PAC”

2011 e a cortiça voltou a aumentar as exportações. Temos aqui três fileiras que têm estado sempre a crescer. A do azeite, uma fileira que estava morta há uns anos, tem vindo a aumentar imenso a produção nacional, sendo grande parte dela exportada, sobretudo para o Brasil. Depois temos sectores onde a nossa performance é muito razoável mas não tem crescido tanto: o leite, um sector com problemas mas auto-suficiente para o consumo nacional; cereais não panificáveis, onde somos dos melhores produtores a nível mundial na área do milho; na área dos panificáveis é onde temos mais dificuldades e produzimos 10 a 12 por cento do que consumimos - o que não é bom e pode mudar ligeiramente no futuro se tivermos mais trigo regado mas não temos uma óptima posição para produzir trigo a preço competitivo. Outro sector onde temos tecnologia de ponta e onde somos altamente exportadores é no tomate para a indústria. Na área da pecuária temos um mercado equilibrado nas aves, com altos e baixos no que diz respeito ao suíno – temos um novo sector que é a recuperação do porco ibérico e bísaro – e claras dificuldades nos bovinos, pois Portugal não é um País com muita pastagem natural e portanto tem mais dificuldades em alimentar bovinos a preços competitivos. Store | O Alqueva está a cumprir o seu papel de projecto estruturante da agricultura portuguesa? JM | É um projecto que os agricultores desejaram muito, que tem 50 anos, com grandes dificuldades de implementação e que finalmente foi construído. Foi pensado de raiz para ser uma grande albufeira – a maior da Europa – mas com aplicação agrícola, o que faz a diferença em relação a todas as outras grandes albufeiras em Portugal, que não regam. Tem vindo a ser extremamente importante para a região e verifica-se que há um panorama no Alentejo e à volta que já mudou, embora se tenha um pouco menos de metade da área regada e um terço da área total aproveitada STORE MAGAZINE


já com irrigação. A recuperação na área do azeite só foi possível por causa de Alqueva, o grande impulsionador dos novos olivais. Está a cumprir o seu objectivo e até 2015 temos grande esperança de que o Alqueva cumpra integralmente o seu papel. O que é que é preciso para que isso aconteça? O Alqueva tem uma rede de rega que tem de ser construída pelo Estado português, que tem uma comparticipação comunitária e do Orçamento de Estado, que era de 25 por cento e passou agora para 15 por cento. O volume de obra é tão grande que o Governo não tem esse dinheiro e o que se coloca neste momento é passar essas verbas do PRODER para o QREN, onde a participação comunitária passa para 95 por cento, para que a comparticipação nacional seja só de cinco por cento e a obra seja concluída o mais rapidamente possível. É nisso que estamos a trabalhar com o Governo e está no acordo de concertação social. É preciso pôr os três ministérios – Agricultura, Finanças e Economia – de acordo e depois propor isso a Bruxelas.

“Temos todas as condições para haver mais investimentos e mais gente nova a chegar à agricultura”

tendência

Jovens agricultores bem preparados tecnologicamente Store | Assiste-se a um fenómeno de regresso à agricultura potenciada pela crise financeira e que até já entrou no discurso do Governo. Como é que encara este movimento? Vêm aí novos agricultores? JM | Acho que Portugal cometeu um erro enorme – e a CAP disse-o sempre – que foi desinvestir nos sectores primários, principalmente na agricultura. Perdemos algum tempo, despovoámos uma parte do território nacional e tornámos mais difícil o equilíbrio da balança e da produção nacional. De facto, desde 2008 e depois do sinal de alerta de que não se produzirão alimentos em quantidade suficiente para alimentar toda a gente – a FAO diz que em 2025 necessitaremos de mais 70 por cento do que aquilo que produzimos hoje e em 2050 será 100 por cento mais – e de repente a comunidade internacional, principalmente os países mais desenvolvidos, percebeu que tinha sido um erro desinvestir na produção.

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Para além da nossa crise nacional há um enquadramento comunitário e mundial que nos é favorável. A PAC que estamos a discutir agora é para produzir mais e a política que existia era para produzir menos. Temos todas as condições para haver mais investimentos e mais gente nova a chegar à agricultura. A agricultura faz-se com empresários agrícolas, não se faz tanto com assalariados. Temos um milhão de pessoas ligadas à agricultura em Portugal e só 50.000 é que são assalariados, os outros trabalham para si próprios. Esse regresso está a ser feito por imensos jovens formados, com outro tipo de enquadramento em termos de educação e muito preparados em termos tecnológicos. Só por isso é que o investimento tem produzido resultados tão rapidamente, que se vêem nas exportações e no produto. As pessoas que estão a investir hoje na agricultura são muito preparadas e dominam ferramentas como a tecnologia de produção, o marketing,

a comunicação. Assistimos ao regresso à agricultura de uma geração bem preparada e que tem permitido ao longo dos últimos anos tirar imediatamente dividendos do investimento. Mas é preciso disponibilizar ferramentas para apoiar os investimentos. Uma coisa de que temos falado muito ao Governo é da questão do crédito. Grande parte dos projectos envolve investimento intensivo que na agricultura têm paybacks muito longos e que muitas vezes dependem em 70 por cento de capitais próprios, o que implica recorrer à banca. Temo então dois problemas graves: o acesso ao crédito e o seu custo, que pode inviabilizar o investimento. Ou nós resolvemos este problema do crédito ou estamos de facto a travar um dos sectores que mais tem contribuído para a criação de emprego e exportações. Temos vindo a discutir isso com o Governo e esperemos que haja boas notícias com, por exemplo, a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos.

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Comércio electrónico

As empresas têm expectativas positivas quanto à evolução dos negócios na internet: é o que indica o mais recente Barómetro Trimestral do Comércio Electrónico, um estudo promovido pela Netsonda para a ACEPI. E os resultados do segundo trimestre de 2011 indicam que há uma boa percentagem que acredita que as vendas online vão acelerar o ritmo de crescimento

Vendas online aceleram As empresas associadas da ACEPI – Associação do Comércio Electrónico e Publicidade Interactiva, mantêm a confiança nas virtudes dos respectivos sites para gerar negócio, não obstante a retracção registada no consumo em Portugal. A conclusão emana da leitura dos resultados do mais recente barómetro sobre comércio electrónico elaborado pela Netsonda e relativo ao segundo trimestre de 2011. E o que se verifica é que 59 por cento das empresas inquiridas acredita que o respectivo site vai pelo menos manter o ritmo de crescimento das vendas. Destes, 14

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59 por cento das empresas inquiridas acredita que o respectivo site vai pelo menos manter o ritmo de crescimento das vendas

37 por cento são ainda mais optimistas, pois crêem numa aceleração das vendas online. São valores mais positivos do que os registados no primeiro trimestre de 2011, mas ainda aquém do optimismo assinalado no trimestre homólogo e mais aquém ainda das expectativas do mesmo trimestre de 2009. Um optimismo que é ainda maior quando se analisam as empresas B2B, ou seja, aquelas cujo mercado são outras empresas e não o consumidor final. E nessas são 88 por cento as que acreditam na estabilização ou aceleração das vendas através do site.

Esta confiança no comércio electrónico reflecte-se no investimento feito na presença online: assim, 57 por cento das empresas inquiridas neste estudo aumentou o investimento nos respectivos sites, a elas se somando outras 31 por cento que investiram o mesmo por comparação com o período homólogo. Só em 11 por cento dos casos o investimento diminuiu. E o investimento compensa? Para 65 por cento das empresas inquiridas o volume de vendas no site aumentou, comparando o segundo trimestre de 2011 com o de 2010. E destas 14 por cento mais STORE MAGAZINE


do que duplicou as vendas, ainda que a maioria (37 por cento) tenha crescido apenas até 20 por cento. Menos bem sucedidas foram as empresas que integram a fatia de 34 por cento que viu as vendas diminuírem. No mesmo período de 2010, o número de empresas cujas vendas decaíram foi menor – 21 por cento. Para mais de metade dos sites abrangidos (55 por cento), o volume de vendas, no período em apreço, ficou abaixo dos 20 mil euros, mas houve 14 por cento que venderam mais de um milhão. Estes campeões de vendas, no entanto, fizeram menos negócio do que no período homólogo, em que foram 17 por cento a facturar mais de um milhão. Já entre os que venderam menos do que 20 mil euros o número aumentou (era de 21 por cento em 2010). Entre o volume de vendas e o número de clientes há um paralelismo: em 26 por cento dos casos, os consumidores online da empresa diminuíram; ainda assim menos do que os 31 por cento do período homólogo. Em 17 por cento dos casos, a carteira de clientes mais do que duplicou, o que constitui uma subida face aos 12 por cento que apresentou o mesmo resultado no segundo trimestre de 2010. Independentemente do crescimento ou não, verifica-se uma grande disparidade entre o número de clientes dos sites: 23 por cento possui até 25 clientes, mas há 17 por cento que conta com uma carteira superior a 50 mil clientes. Entre estes extremos situam-se empresas com 25 a 100 clientes (17 por cento), 100 a 1000 (26 por cento), 1000 a 5000 (três por cento) e 10 mil a 50 mil (14 por cento). Não há empresas na faixa dos cinco a dez mil clientes. E o que se vende mais online? Produtos de electrónica e telemóveis: são estas as categorias mais apontadas (20 por cento das respostas), mas a informática, com 17 por cento, está muito próxima do topo. Em terceiro lugar surgem, empatados, os produtos para a casa, arte e decoração e os das categorias alimentação, bebidas, tabacaria e charutos – responsáveis por 14 por cento das vendas, cada. No final do ranking, com três STORE MAGAZINE

Esta confiança no comércio electrónico reflecte-se no investimento feito na presença online: assim, 57 por cento das empresas inquiridas neste estudo aumentou o investimento nos respectivos sites, a elas se somando outras 31 por cento que investiram o mesmo por comparação com o período homólogo

por cento das vendas, encontram-se os produtos relacionados com viagens e turismo, foto e serviços, flores e presentes, bilhetes de música, desporto e outros, e animais, jardim e bricolagem. Os telemóveis e outros artigos de electrónica têm liderado sempre a tabela, mas já conheceram melhores dias: houve uma queda face ao

trimestre anterior (as vendas representavam 24 por cento do total), face ao trimestre homólogo (37 por cento) e face ao mesmo período de 2009 (41 por cento). Serão estes dados consequência da crise económica que o País atravessa? Há que esperar pelos próximos barómetros para confirmar, ou não, a tendência.

FICHA TÉCNICA

Comércio electrónico à lupa Avaliar a evolução e o desenvolvimento do comércio electrónico em Portugal na perspectiva da oferta, assim como a confiança e expectativas dos seus protagonistas, é o que propõe o barómetro que a Netsonda elabora trimestralmente para a ACEPI. Para a recolha da informação foram enviados questionários online às empresas associadas, tendo os dados sido fornecidos entre 27 de Julho e 12 de

Setembro de 2011. Foram obtidas, neste segundo trimestre, 35 respostas consideradas válidas. A amostra contempla as mais representativas empresas no domínio do comércio electrónico, do ponto de vista do volume de negócios, nos mais variados modelos de negócio (B2B, B2C, C2C e homebanking) e sectores económicos (banca, comércio, turismo, construção, imprensa, desporto, entre outros).

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Comércio electrónico

A venda online tem um potencial de crescimento significativo, por via da crescente penetração da internet nas nossas vidas, situação que permitirá uma taxa de desenvolvimento do negócio que os canais tradicionais, mais maduros, não conseguirão, pelo menos no curto prazo

Potencial de crescimento

Manuel Paula Director de Marketing do El Corte Inglés

No El Corte Inglés entendemos o comércio electrónico de uma forma abrangente, representando não apenas as compras efectivamente transaccionadas online, mas também todos aqueles actos de consumo que têm início numa pesquisa na internet mas que são complementados nas lojas. Sabemos bem que nalgumas áreas de negócio, nomeadamente naquelas cujos produtos têm uma componente técnica e tecnológica mais sofisticada, os nossos clientes recolhem muita informação online. Esta é uma realidade cada vez mais evidente e que decorre do facto do acesso à internet ser cada vez mais universal em Portugal. Quanto às vendas online, temos registado resultados bastante interessantes que nos encorajam a reforçar a nossa oferta. Na realidade, e já com um supermercado online desde 2004 - ao que se veio a juntar mais tarde o Club del Gourmet –, e depois de termos lançado um serviço diferenciador como o de Listas de Casamento online, lançámos no ano passado a nossa loja de electrónica, informática e videojogos online e os primeiros sinais são positivos. Esperamos, portanto, poder continuar a

alargar a nossa oferta a outras áreas de negócio. Relativamente à venda do El Corte Inglés como um todo, podemos considerar que o volume de vendas online ainda é pouco significativo, mas apresenta uma tendência muito encorajadora. Por outro lado, não nos podemos esquecer de outras duas situações que justificam a presença online como uma decisão estratégica da Empresa: - a primeira é que, como anteriormente referido, é um canal que induz e gera bastante venda nas lojas físicas; - a segunda é que a venda online tem um potencial de crescimento significativo, por via da crescente penetração da internet nas nossas vidas - sobretudo no caso da internet móvel, situação que permitirá uma taxa de desenvolvimento do negócio que os canais tradicionais, mais maduros, não conseguirão, pelo menos no curto prazo. A actual situação de retracção no consumo racionalizou o comportamento dos consumidores, gerando mais pesquisas na internet e mais comparações entre produtos ou preços. Esta situação reforça o que anteriormente foi referido.

“Relativamente à venda do El Corte Inglés como um todo, podemos considerar que o volume de vendas online ainda é pouco significativo, mas apresenta uma tendência muito encorajadora”

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Estudo

A Jerónimo Martins e a Sonae são as duas empresas portuguesas que constam do ranking das 250 maiores empresas de distribuição mundiais publicado no relatório 2012 Global Powers of Retailing, elaborado pela Deloitte Touche Tohmatsu Limited (DTTL) em colaboração com a Stores Media. O documento indica que, globalmente, se registou um crescimento nas vendas superior a cinco por cento durante o ano fiscal de 2010, que terminou em Junho de 2011

JM e Sonae nas 250 maiores do mundo A Jerónimo Martins está em 81.º lugar, tendo subido quatro posições em relação ao ranking do ano passado, e a Sonae encontra-se em 145.º lugar, uma descida de 10 lugares em relação a 2009. Os resultados globais do estudo acentuam uma melhoria substancial face ao ano fiscal de 2009, onde as mesmas 250 empresas tiveram um crescimento de apenas 1,2 por cento. Os autores do estudo referem que 18

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As grandes empresas da América Latina, África e do Médio Oriente tiveram um forte crescimento no ano fiscal de 2010

esta performance de crescimento é um facto importante porque 2010 foi um ano marcado pelo fim dos estímulos fiscais nos EUA, pela crise na zona euro e pela implementação de políticas monetárias mais exigentes nos principais mercados emergentes. No relatório é possível constatar que a rentabilidade das 250 maiores empresas de distribuição também melhorou. Em 2010, o lucro líquido do grupo aumentou para os 3,8 por cento,

um valor acima dos 3,1 registados em 2009. A grande maioria das empresas que apresentaram resultados globais (183 empresas de um universo de 195) registou lucro em 2010 e mais de dois terços viram as suas margens de lucro líquido aumentar. No entanto, e apesar do impressionante desempenho em 2010, os retalhistas estão preocupados com a deterioração da economia global na segunda metade do ano. STORE MAGAZINE


“A economia global está a desacelerar. O crescimento em 2012 nos principais mercados do mundo será, provavelmente, mais lento do que em 2011. A crise na zona euro continua a sorver a confiança dos investidores e consumidores, ao mesmo tempo que nos EUA é expectável a manutenção de uma taxa de desemprego elevada”, destaca Ira Kalish, director da área Consumer Business para a Deloitte Research, parte da Deloitte Services LP nos EUA. Apesar deste cenário, as perspectivas de longo-prazo para a economia global mantêm-se boas. “A China continuará a crescer, independentemente dos ventos contrários associados à demografia e aos aspectos estruturais, ao mesmo tempo que outros mercados emergentes, como a Índia, o Brasil, a Turquia, a Indonésia, zonas da América do Sul e da África subsariana, oferecem a possibilidade de um forte desenvolvimento e de novas oportunidades para os principais retalhistas do mundo”, conclui Kalish. O estudo refere que algumas destas oportunidades são já evidentes. As grandes empresas da América Latina, África e do Médio Oriente tiveram um forte crescimento no ano fiscal de 2010. Sete dos dez maiores retalhistas da América Latina alcançaram um crescimento de dois dígitos ao nível de vendas, o que teve impacto positivo na performance da região com uma taxa média de crescimento de 18 por cento. Por outro lado, os retalhistas da região de África e Médio Oriente tiveram a maior taxa de crescimento anual desde 2005. O online não é esquecido no estudo, que destaca que, ao mesmo tempo que houve um aumento de aberturas físicas de lojas em novos mercados, surgiu um novo e popular método de testar a presença em novos mercados através da presença online. A maioria dos retalhistas opera através de múltiplos canais (por exemplo, lojas, catálogos, internet, call centers, redes sociais, mobile, mostradores electrónicos) mas poucos compreendem qual o comportamento do consumidor face a cada um destes canais e menos ainda têm uma estratégia multicanal STORE MAGAZINE

A maioria dos retalhistas opera através de múltiplos canais (por exemplo, lojas, catálogos, internet, call centers, redes sociais, mobile, mostradores electrónicos) mas poucos compreendem qual o comportamento do consumidor face a cada um destes canais

que seja contínua, consistente e abrangente. “Ao tornarem-se mais experientes, os consumidores estão a comandar os seus processos de compra. Cada vez mais, identificam e aproveitam as diferentes fontes de informação e canais para optimizar os diferentes elementos a considerar no acto de compra. Portanto, como os consumidores não fazem uma grande distinção entre canais, os retalhistas terão de suportar uma integração contínua entre todos os seus canais, nomeadamente ao nível da gama completa de produtos, informações dirigidas ao cliente e outras”, destaca Ira Kalish.

Lista das 10 primeiras empresas retalhistas Empresa País de origem Lugar Wal-Mart Stores, Inc. EUA 1 Carrefour S.A. França 2 Tesco PLC Reino Unido 3 Metro AG Alemanha 4 The Kroger Co. EUA 5 Schwarz Unternehmens Treuhand KG Alemanha 6 Costco Wholesale Corporation EUA 7 The Home Depot, Inc. EUA 8 Walgreen Co. EUA 9 Aldi Einkauf GmbH & Co. oHG Alemanha 10

Vendas em 2010 CAGR (US$mil) 2005-2010 (%) 418,952 6.0 119,642 3.9 92,171 9.3 88,931 3.8 82,189 6.3 79,119 9.8 76,255 8.0 67,997 -2.5 67,420 9.8 67,112 5.9

Fonte: Deloitte Touche Tohmatsu Limited

NÚMEROS

Gigantes da distribuição - As vendas agregadas das 250 maiores empresas representam 3,94 milhões de biliões de dólares. - O peso das dez primeiras empresas voltou a diminuir em relação ao universo das 250 empresas do ranking: 29,4 por cento é o peso dos dez primeiros lugares face ao total agregado de vendas do grupo, sendo que no ano fiscal de 2009 representavam 30 por cento. - A Tesco PLC voltou a ficar em terceiro lugar no ranking, ultrapassando a Metro AG, um posição que conseguiu em virtude do sólido e

consistente crescimento ao nível dos últimos anos. - Os mercados internacionais têm-se tornado estratégicos para as empresas retalhistas: as vendas no estrangeiro chegaram aos 23,4 por cento do total de vendas agregado, sendo que no ano fiscal de 2009 tinham-se ficado pelos 22,2 por cento. - O ritmo da globalização aumentou. No ano fiscal de 2010, registou-se a entrada de 88 novos mercados protagonizada por 40 retalhistas em 57 países.

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Como é trabalhar em...

Catarina Caldeira Baguinho jornalista

Conhecida pelos balões que oferece, durante todo o ano, nas lojas, a marca de roupa de criança do grupo Sonae, a Zippy, pretende proporcionar aos clientes tudo o que seja necessário para o bem-estar dos filhos, desde o primeiro dia de vida. Mas, mais do que isso, a insígnia pretende auxiliá-los de modo a tornar-se parte da “família”

Mais do que uma marca, alguém da família Ter uma atitude positiva, capacidade de interagir com a emoção, ser bastante comprometido e responsável, lembrar-se do nome do cliente e qual a última compra que realizou, ser simpático, amável, saber trabalhar em equipa e ao mesmo tempo dar o seu contributo pessoal: são estas as características do colaborador ideal de uma loja Zippy, assim definidas pelo director de operações da Zippy Ibéria, Antón Salgado. A primeira loja Zippy foi inaugurada em 2004 no Gaia Shopping. Hoje, a marca conta com 39 estabelecimentos comerciais em Portugal, 45 em Espanha, dois na Turquia e alguns em regime de franchising no Cazaquistão, Arábia Saudita e Egipto, estando para breve a conquista de novos países. Nas lojas desta marca do universo Sonae, os clientes podem contar com tudo aquilo que precisam para os filhos, desde o primeiro dia de vida atá aos 14 anos. Tudo devidamente organizado por sexo e idades, envolto num ambiente de simpatia, alegria, luz e cor, sem esquecer a zona de jogos e os balões que satisfazem os mais pequenos. Em média, os estabelecimentos da marca possuem 300 metros quadrados estruturados a pensar nas crianças e mães. “Apenas duas lojas têm escadas. Fazemos sempre o teste do algodão e do carrinho para ver se passa entre os expositores para que o trânsito nos corredores não congestione”, comenta Antón em jeito de brincadeira. Para que tudo esteja em ordem e nada falte, o dia de trabalho dos funcionários começa antes da abertura das lojas. Duas ou três vezes por semana, entram mesmo duas horas antes da abertura das portas ao público para prepararem a mercadoria acabada de chegar. Apesar de todos saberem as tarefas que lhes competem, cabe ao responsável de turno, ou da loja, reunir-se com os trabalhadores para aprumar os últimos retoques. Dentro da loja “todos têm de ser polivalentes”, por isso, “os colaboradores vão rodando de zona, por norma a cada seis meses ou um ano”. “Trabalhar com crianças não é mais difícil do que trabalhar com as mães. São um público mais agradecido”, adianta Antón Salgado. Ainda assim, os funcionários têm uma formação contínua para saberem lidar melhor com os dois diferentes tipos de público: os pais e os respectivos filhos. “Não queremos mudar personalidades mas sim atitudes”. 20

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Loja Zippy no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, um dos 39 estabelecimentos em Portugal

Puericultura, roupa, sapatos e acessórios, tudo o que pode encontrar numa loja da marca

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Antón Salgado, director de operações da Zippy Ibéria

Os balões para oferta são uma marca da Zippy

Não são apenas os novatos que recebem formação. “Todos os anos temos um programa de actualização de todos os diferentes processos ou áreas de negócios que nos pareçam mais relevantes. Portanto, não é só na entrada mas também depois, com qualquer novidade de produto, de processo, até de atendimento de vendas; tudo é ‘refrescado’ todos os anos para garantir que os veteranos não fiquem parados no tempo e que os novos não fiquem, eventualmente, com alguma ‘distância’ dos que levam mais tempo disto” , esclarece o director. Quando os objectivos são cumpridos, a empresa oferece a todos os funcionários – desde a pessoa que está no armazém, passando pelas que estão na loja até ao responsável da montra – prémios mensais e semestrais. Na Zippy, privilegia-se o percurso evolutivo dos colaboradores. A Zippy “tenta ser um prolongamento da família dos clientes”; neste sentido, a marca faz os possíveis para que os consumidores tenham uma experiência de compra positiva, para que sintam que fizeram “uma compra boa e inteligente”. “Queremos fazer sentir que o facto de a criança nascer é um motivo de alegria. E como o fazer? Oferecendo produtos a preços excepcionais, com qualidade muito boa”. Por isso, a insígnia sente que tem “um compromisso intenso” em que não pode falhar. “Estamos a lidar com as pessoas mais importantes que há no mundo para cada um dos clientes”, conclui Antón. STORE MAGAZINE

Os tamanhos dos produtos vão dos 0 aos 14 anos

A simpatia é uma das principais características de um funcionário da loja

Duas a três vezes por semana as lojas recebem nova mercadoria

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Inovação

Sónia Andrade jornalista

Biológicos em alta Um supermercado inteiro de produtos biológicos, ou melhor, cinco supermercados. A cadeia Brio existe desde 2008 e tem lojas espalhadas por Campo de Ourique, Carnaxide, Chiado, Estoril e Alcântara. Tem uma oferta diversificada que pretende desmistificar duas ideias: a de que o mercado biológico é exclusivo da alimentação vegetariana e a de que os preços são inacessíveis à maioria dos consumidores

A Brio é uma cadeia de supermercados com produtos 100 por cento biológicos e certificados, que nasceu em 2008 com uma loja em Campo de Ourique, em Lisboa. Em 2010, com a entrada no capital da empresa da holding The Edge Group, focada no desenvolvimento de projectos imobiliários e cujos principais accionistas são Miguel Pais do Amaral e José Luís Pinto Basto, a “administração iniciou um plano de expansão regional: nesse ano, abriu uma loja em Carnaxide e outra no espaço LX Factory, em Alcântara. Em 2011 o Brio chegou ao Chiado e ao Estoril”, refere António Alvelos, director-geral da Brio. “Estamos em fase de consolidação e aumento das vendas, com o acompanhamento permanente do segmento biológico. Mantemos o objectivo de crescer em número de lojas, provavelmente com mais duas a quatro aberturas”, afirma. O modelo de negócio prevê lojas com cerca de 350 a 450 m2, em lo22

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cais de grande afluência, com uma organização baseada numa estrutura pequena e enérgica. Além da estrutura central, comum a todas as lojas, existem estruturas locais, com gerentes de loja – todos com formação na área. Os supermercados têm uma zona dedicada às crianças, onde os mais pequenos podem brincar enquanto os pais fazem compras. “Queremos crescer por duas vias: aumentar o número de clientes e compras nas lojas actuais, e expandir a cadeia. O sector biológico português tem ainda muito por desbravar”, afirma o mesmo responsável. Para além dos espaços físicos o Brio está online: no site encontram-se as promoções quinzenais; podem ser feitas listas de encomendas (via email ou telefone, com entrega ao domicílio); glossário sobre alimentos; informação sobre produtos biológicos. A presença na web alarga-se ainda ao Twitter, Facebook e ao blogue que apre-

O modelo de negócio prevê lojas com cerca de 350 a 450 m2, em locais de grande afluência, com uma organização baseada numa estrutura pequena e enérgica

senta novidades, notícias dos produtores e edições especiais sobre vários alimentos. As cinco lojas Brio disponibilizam seis mil produtos biológicos aos 120 a 250 clientes diários que são atendidos por uma equipa de 40 colaboradores, na sua maioria, formados pelo Instituto Superior de Agronomia. André Moura, por exemplo, gerente da loja do Chiado, formou-se em Agronomia e especializou-se em Enologia. A selecção de vinhos é uma das suas responsabilidades, tem já um projecto “para alargar a oferta a mais fornecedores nacionais”, afirma. Outro exemplo da aposta do Brio nas competências académicas dos seus colaboradores é Rafael Brazuna. Formado em Macrobiótica, criou uma secção exclusiva deste tipo de alimentação em todas as lojas. “Tudo para todos a um preço justo” é a máxima deste espaço que aposta, em primeiro lugar, na espeSTORE MAGAZINE


“Tudo para todos a um preço justo” é a máxima deste espaço que aposta, em primeiro lugar, na especialização em produtos biológicos, na certificação por uma identidade independente dos mesmos e na proximidade com os clientes

cialização em produtos biológicos, na certificação por uma identidade independente dos mesmos e na proximidade com os clientes – disponibilidade, confiança e personalização do serviço, desmistificando também a ideia de que o biológico é obrigatoriamente vegetariano ou para dietas específicas. “Proporcionar experiências, fornecer informação e incentivar o consumo de produtos biológicos em Portugal, alertando para a importância da preservação dos recursos naturais e respeitando o funcionamento dos ecossistemas, é um dos nossos objectivos”, sublinha o director-geral.

Às compras Para descobrir a gama de produtos que o Brio oferece, fomos conhecer o supermercado da Baixa de Lisboa, situado no edifício Chiado Plaza, na Travessa do Carmo, e fazer compras para um jantar a dois. Sofia Santos foi a gerente Brio que nos recebeu. As promoções são várias e originais, algumas sugeridas pelos colaboradores e clientes. Neste espaço encontrámos produtos de mercearia fresca e seca, lacticínios e frios, carnes, pão fresco, congelados, alimentação para bebés e crianças, bebidas, produtos de higiene pessoal, cosmética natural, limpeza do lar e ainda alimentos para animais. Na sua maioria são de STORE MAGAZINE

origem portuguesa, com exclusão de alguns estrangeiros que não existem em Portugal. À entrada deparámo-nos com uma mesa de degustação: fatias de fruta e pão com doce, por exemplo. Ao lado, um cesto de pacotes individuais de leite de arroz (substituto do leite convencional e do de soja), sumos naturais, barras energéticas – algo para o cliente trincar ou beber enquanto faz compras. Abrimos um sumo de maçã e começámos por escolher um pão fresco de trigo integral, entre os vários à es-

colha. Qualquer um deles tem uma fermentação natural, sem levedura adicional. Para o prato principal, optámos por quatro bifes de vaca (produção 100 por cento nacional), um vinho tinto alentejano e uma black-coke alemã, como alternativa ao álcool. Comprámos arroz a granel colocado num dos vários dispensadores expostos, ao lado dos de cerais, sementes e frutos secos. O cliente serve-se apenas da quantidade de que necessita, sem ter de comprar uma embalagem. Não resistimos

a uma mão cheia de pinhões para dar sabor ao arroz. Da secção dos frescos trouxemos nabiças frescas, com desconto, e bananas para a sobremesa. Café Delta biológico e um chá de manjericão e anis, que também pode ser usado para temperos, foram outras das opções. Por fim, bolachas de manteiga, uma promoção sugerida pelos clientes. No total, desembolsámos 47 euros no jantar. O nosso cartão Brio ficou com 56 pontos. Cem pontos equivalem a um euro de desconto. Março/Abril de 2012

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Passeio Público

Ramon de Melo

Fátima de Sousa jornalista fs@storemagazine.net

Ambicionava ser engenheiro mas o 25 de Abril trocou-lhe as voltas do futuro. Durante cinco anos tirou “o curso superior de pescas” em águas internacionais. Foi uma lição de vida que, provavelmente, não é alheia a um percurso de 32 anos naquele que hoje é o grupo Auchan e que conduziu Aníbal Marques, 54 anos, de operador num Minipreço a director de Compras de Produtos Frescos

Como peixe na água Quando, a 1 de Outubro de 1980, Aníbal Marques começou a trabalhar no Minipreço de Algés estava convencido de que, ao fim de um mês, se iria embora. E porquê? Porque aceitou o emprego contrariado, muito por pressão do irmão mais velho que o queria ver afastado da fai24

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na a que se dedicava há quase cinco anos. Faina, sim, porque Aníbal era pescador, sediado no porto de Peniche e embarcado por águas dos Açores, de Marrocos ou da Mauritânia. A pesca aconteceu-lhe na vida. Não foi vocação, antes a escolha de um jovem acabado de

concluir o liceu e a quem o 25 de Abril trocou o rumo, como a muitos outros jovens de então. Ainda se inscreveu na faculdade – Engenharia era a ambição – mas os tempos não estavam fáceis para quem queria estudar e trabalhar ao mesmo tempo. E Aníbal Marques queria estudar,

mas também precisava de trabalhar. “Casei muito cedo, fui pai muito cedo, assumi responsabilidades cedo”. Não se arrepende. E diz mesmo que, afinal, tem um curso superior… de pescas. “Se calhar, se tivesse feito a faculdade tinha sido uma desilusão”, comenta. STORE MAGAZINE


Não é que não tivesse equacionado inscrever-se de novo: equacionou, mas o sentido de “chefe de família” falou mais alto. E, afinal, não ser licenciado não o impediu de progredir na empresa em que entrou empurrado pelo irmão. Não ia para ficar nesse 1 de Outubro. Talvez por isso, e pela juventude, se tenha atrevido a dizer a quem o entrevistou “Um dia vou ocupar o seu lugar”. “Era um miúdo, saiu-me…”. Não ocupou propriamente esse lugar, mas ocupou muitos, numa carreira de quase 32 anos que o catapultou para as actuais funções de director de Compras de Produtos Frescos no Grupo Auchan. Tudo começou no Minipreço de Algés. Era – recorda – “uma vida extremamente dura, não havia meios mecânicos, era tudo feito à força de braços”. Uma rudeza nada comparada com a da pesca, pelo que se desenvencilhou com facilidade. E ao fim de nove meses era promovido – de operador a sub-encarregado e, nove meses depois, a encarregado da loja. De tal forma que – diz – o nove é o seu número da sorte. Há mais noves na sua vida: o dia do nascimento da filha, única, é um deles. Do Minipreço de Algés – que foi “um sucesso” – transitou para o Jumbo de Almada: como chefe de secção mas para ser promovido a gerente ao fim de… nove meses. Alfragide – a loja referência do grupo – foi a paragem seguinte deste percurso, como gerente de departamento. E em 1994 foi um dos primeiros a integrar a central de compras que o grupo acabara de constituir, então nas funções de gestor de produto. A alternância entre o terreno e o escritório voltaria a cumprir-se em 2001, quando assumiu a direcção do Jumbo de Castelo Branco. Voltou a Lisboa, para aceitar mais um desafio – “um dos mais interessantes”: ser director de marcas próprias. Actualmente é responsável pelas compras da área que mais peso tem na companhia – os produtos frescos. STORE MAGAZINE

Actualmente é responsável pelas compras da área que mais peso tem na companhia – os produtos frescos. “É muita responsabilidade”, comenta. Mas uma responsabilidade que não enjeita, no respeito pela filosofia que o tem acompanhado em 32 anos de Auchan: “Dar o máximo em cada função e estar disponível para a empresa”

“É muita responsabilidade”, comenta. Mas uma responsabilidade que não enjeita, no respeito pela filosofia que o tem acompanhado em 32 anos de Auchan: “Dar o máximo em cada função e estar disponível para a empresa”. Como director de compras, tem de negociar. Mas Aníbal Marques rejeita o rótulo de negociador. Pelo menos numa certa leitura: “Nunca saí de uma negociação a dizer ‘que grande negócio, espremi aquele indivíduo’. Posso ir para uma negociação com um objectivo, sabendo qual a minha margem de cedência e tentando sempre chegar aos melhores acordos para a minha empresa, mas parto sempre do princípio de que quem está do lado de lá também tem objectivos e também tem de os conseguir. Há dois princípios que têm de estar presentes – a ética e o win-win”. Aníbal Marques sente-se bem a negociar, mas sente-se igualmente bem no ambiente de loja. “Adoro estar numa mesa com fornecedores, sejam administradores de grandes multinacionais, seja o proprietário que pouco mais tem do que um hectare de terreno. É uma grande escola, todos nos ensinam. Mas nas lojas batem-se recordes de vendas, fazem-se topos, feiras, recria-se o ambiente do merca-

“Temos de perceber as mudanças do consumidor, saber como a sociedade está estruturada, se há mais idosos, mais famílias monoparentais, pessoas que estão dispostas a abdicar de uma certa qualidade numas categorias de produtos mas não noutras e encontrar soluções para todas”

DESAFIO

Marcas próprias que já foram brancas Aníbal Marques tem acompanhado o percurso das marcas que hoje são próprias da distribuição mas que começaram por sem marca. E começaram no Minipreço, há 30 anos, recorda: “Eram os produtos sem marca, chamavam-se mesmo assim, tinham embalagens completamente brancas, guardanapos, lixívia…”. O passo seguinte foram as marcas brancas e dessa vez o pioneirismo coube ao Jumbo - Pão de Açúcar: “A embalagem era toda branca, quer fosse uma lata de conservas quer fosse um pacote de esparguete”. Até que em 1995 a empresa decidiu lançar produtos de marca própria, com mais visibilidade das embalagens e códigos

de cor conforme a categoria dos produtos. Os produtos tinham uma imagem própria, eram reconhecidos na sua categoria”. O trabalho com as marcas no desenvolvimento de embalagens trouxe algumas inovações que vieram acrescentar valor aos produtos: “Fomos nós que introduzimos o braille nas embalagens, fomos nós que lançamos as latas com sistema easy open”, enumera, para relembrar como, até aí, abrir uma lata de fruta em calda era um verdadeiro exercício de força e como uma lata de conservas precisava de uma pequena chave que se enrolava na tampa e que, demasiadas vezes, se partia…

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Passeio Público

“Adoro estar numa mesa com fornecedores, sejam administradores de grandes multinacionais, seja o proprietário que pouco mais tem do que um hectare de terreno.”

do, há proximidade ao cliente”. Estes dois “amores” cruzam-se sempre que vai a uma loja do grupo. Aí é espectador atento do modo como a estratégia da Auchan se concretiza. É um olhar entre a Sociologia e o Marketing que o ajuda a perceber como as decisões tomadas, não só por si e pela sua equipa, vão ao encontro das necessidades e expectativas dos consumidores. “Temos de perceber as mudanças do consumidor, saber como a sociedade está estruturada, se há mais idosos, mais famílias monoparentais, pessoas que estão dispostas a abdicar de uma certa qualidade numas categorias de produtos mas não noutras e encontrar soluções para todas”. E o preço? Também pesa nesta balança, mas Aníbal Marques recorda que há produtos que há cinco anos eram mais caros do que agora… Ainda assim, sublinha que “a Auchan tem como política de preço ser mais barato artigo a 26

Março/Abril de 2012

Tudo começou no Minipreço de Algés. Era – recorda – “uma vida extremamente dura”

artigo”, pelo que a sua obrigação é assegurar os preços mais competitivos nos produtos que são comparáveis com os da concorrência. Aníbal Marques está como peixe na água nesta área de negócio. Afinal, é oriundo da zona “com os melhores produtos de Portugal”, o Oeste, conhece bem as artes da pesca e tem na

agricultura o hobby que lhe devolve a tranquilidade no tempo livre entre os dias em que toma decisões que afectam todo o grupo empresarial que o acolheu há quase 32 anos. Não sabe que mais desafios encontrará pela frente, mas tem a certeza de que este percurso não é só fruto do acaso. É que “a sorte dá muito trabalho”.

EXPERIÊNCIA

Uma maneira própria de fazer compras Aníbal Marques é cliente das lojas Auchan. Por várias razões, em que pontua a dedicação ao grupo, o facto de, como funcionário, beneficiar de desconto nas compras e, ainda, a conveniência, já que o Jumbo de Almada é o que fica mais próximo da sua casa. Mas não é um cliente como os outros. Nunca entra nas lojas a correr, mesmo quando vai comprar só um produto ou dois, daqueles que es-

tão mesmo a fazer falta, demora-se mais do que o necessário. É aqui que entra em campo o director de compras: “Páro, vejo a sinaléctica, falo com as pessoas…”. Geralmente as compras são feitas na companhia da mulher: “Empurro o carro, ela vai à frente e eu vou ficando para trás. Fico a ver, é impossível desligar”.

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Responsabilidade Social

São precisas quatro garrafas de plástico para produzir a nova versão do Saco Verde da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), lançada há um ano. Esta iniciativa surgiu no mercado pela primeira vez em 1998 e só em 2010 foram vendidas 2,4 milhões de unidades. Contribuir para o consumo sustentável dos recursos naturais e para a promoção do eco-consumo são os principais objectivos deste projecto

Quatro garrafas por um saco Mais resistente que o anterior. Utilização mais duradoura. Cerca de 99 por cento da composição é de garrafas de plástico PET recicladas. Este é o bilhete de identidade do novo Saco Verde da APED, lançado em Janeiro de 2011 e que está à venda nas lojas dos associados que aderiram a esta iniciativa (Continente, Jumbo, Pão de Açúcar, Pingo Doce, Staples). Ao lançar este saco, a instituição contribui para o consumo sustentável dos recursos naturais e para a promoção do eco-consumo, demonstrando um sentido de responsabilidade relativamente 28

Março/Abril de 2012

ao ambiente e à prevenção de resíduos. O Saco Verde é uma história de sucesso. No mercado desde 1998, em 2009 foram vendidas 1,7 milhões de unidades, valor que subiu para quase 2,4 milhões em 2010 e que demonstra a adesão dos consumidores a este produto. No ano de lançamento do novo saco foram vendidas 426.319 unidades. O novo saco distingue-se do anterior modelo pelo facto de apresentar maior resistência, capacidade e durabilidade, para além da composição. Esta iniciativa enquadra-se nas

O Saco Verde é uma história de sucesso. No mercado desde 1998, em 2009 foram vendidas 1,7 milhões de unidades, valor que subiu para quase 2,4 milhões em 2010

medidas definidas no Programa de Prevenção de Resíduos Urbanos do Ministério do Ambiente e insere-se num conjunto de soluções adoptadas pela APED e empresas da distribuição em matéria de prevenção de resíduos e promoção com eco-consumo. Estas iniciativas procuram incentivar os consumidores à utilização regrada dos recursos e ao encaminhamento correcto dos resíduos produzidos. Salientam-se, entre outras, as campanhas de sensibilização ambiental realizadas junto dos consumidores (ex. campanha de sensibilização sobre “reuSTORE MAGAZINE


Esta iniciativa enquadra-se nas medidas definidas no Programa de Prevenção de Resíduos Urbanos do Ministério do Ambiente e insere-se num conjunto de soluções adoptadas pela APED e empresas da distribuição em matéria de prevenção de resíduos e promoção com eco-consumo

tilização dos sacos de compras”, realizada em Novembro de 2010), a disponibilização de ecopontos nas lojas e a elaboração de um Guia de Boas Práticas Ambientais. O Saco Verde traduz a consciencialização das empresas da grande distribuição para um STORE MAGAZINE

dos grandes desafios ambientais da sociedade actual, no que respeita ao crescente volume de resíduos que é produzido diariamente. Traduz também a importância da reutilização como instrumento fundamental da gestão sustentável de recursos, contribuindo para sensibilizar

os consumidores para as boas práticas ambientais que visam a prevenção de resíduos. O Saco Verde é uma iniciativa da APED em funcionamento desde 1998. O primeiro saco reutilizável era já mais resistente e de maior capacidade do que os tradicionais sacos de com-

pras da época. Quando danificado os consumidores podiam trocá-lo gratuitamente, sempre que necessário, em qualquer loja dos associados da APED aderentes a esta iniciativa. O Saco Verde danificado e devolvido pelo cliente seria depois encaminhado para reciclagem. Março/Abril de 2012

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Tendências

A forma como compramos está a alterar-se de sobremaneira e vale a pena reflectir sobre isto. A acessibilidade aos smartphones, os touch screens nos espaços comerciais e a ascensão dos QR codes levam-nos ao passo seguinte. Um pouco por todo o mundo começam a surgir indícios de mudança que se enquadram completamente na linha das compras em realidade aumentada

Novidades no consumo Online vs Offline Dois fenómenos que já foram amplamente identificados relativamente ao consumo online e offline são o ROPO e o ROPO-1. No entanto, neles reside uma boa parte do caminho futuro do consumo, por isso merecem a nossa atenção. ROPO significa Resource Online Purchase Offline e denomina o tipo de consumidor que quando chega ao momento de compra, na loja, já pesquisou tudo sobre o produto, as suas características, as versões do mesmo produto, e comparou preços com produtos idênticos. Muitos destes consumidores chegam 30

Março/Abril de 2012

“A grande revolução está a dar-se especialmente no momento de testar o produto”

ao local de compra já totalmente informados e uma grande parte deles com a decisão tomada. As compras de gadgets e carros sofrem já bastante do efeito ROPO. ROPO-1 quer dizer exactamente o oposto: Resource Offline, Purchase Online. Estes consumidores fazem o processo no sentido inverso, isto é, vão à loja ver e experimentar o produto, tiram dúvidas e acabam por comprá-lo online, beneficiando de promoções e ofertas que este suporte comercial normalmente oferece. Sofrem de ROPO-1 as compras relacionadas com roupa, acessórios.

Actualmente a maioria das pessoas compra fazendo estes dois percursos. Na verdade os estudos indicam que tudo depende do que vão comprar. Shopping: A realidade aumentada A forma como compramos está a alterar-se de sobremaneira e vale a pena reflectir sobre isto. A acessibilidade aos smartphones, os touch screens nos espaços comerciais e a ascensão dos QR codes levam-nos ao passo seguinte. Um pouco por todo o mundo começam a surgir indícios de mudança que se enquadram completamente STORE MAGAZINE


na linha das compras em realidade aumentada. Os grandes grupos do retalho mundiais começam a introduzir nos seus espaços comerciais gadgets que virtualizam os vários momentos do processo de compra, com informações adicionais sobre o local dos produtos na loja, preços e quantidade em stock. A grande revolução está a dar-se especialmente no momento de testar o produto, por exemplo com os Virtual Makeup Mirrors e os provadores virtuais. Confuso? Não fique. Estas coisas até são bem giras, porque, tal como os espelhos de determinadas cadeias de roupa, ficamos sempre mais magros e bonitos. As preocupações são as mesmas, apenas muda o interface…

Vanessa da Trindade Directora-geral TREND ALERT, Observatório de tendências www.trendalert.me

Virtual Makeup Mirrors Espelhos que, através do upload da nossa imagem em tempo real, nos permitem maquilhar, experimentar cores de batom e sombras para os olhos, sem na verdade termos colocado qualquer produto. A vantagem é mútua. Por um lado, as marcas não gastam em produto tester, o cliente não precisa maquilhar-se realmente, o espaço comercial oferece um interface diferenciado e inovador. http://www.ezface.com/ http://youtu.be/WuL07_Gzp78 Fitting Room Simulators No sossego de sua casa pode experimentar roupas da loja online, fazendo o upload da sua imagem em tempo real. Para isto só necessita de um computador com câmara incorporada. E usar a aplicação que permite a simulação através de um marcador em tudo similar aos existentes nos jogos de consolas. http://fittingreality.com/ http://www.youtube.com/watch ?v=E1T0egGgc5E&feature=play er_embedded Interactive Fitting Rooms Um inquérito do TNS Retail Forward New Future in Store, com cerca de 5000 inquiridos na Ásia, Canadá, Europa e Estados Unidos, revela que 73 por cento dos compradores querem usar provadores com sistemas inteSTORE MAGAZINE

ractivos de touch screens até 2015. Para 2015 falta um nadinha e 73 por cento é um número considerável. Como é? Fácil. Provadores que têm um espelho touchscreen que permite ao cliente ver um catálogo de artigos e até a sua disponibilidade em stock. Este interface permite pedir à assistente de loja que lhe leve outro modelo, tamanho ou cor, sem ter de correr a cortina e gritar para o meio do estabelecimento. http://www.lbi.com/us/ http://youtu.be/1jbvnk1T4vQ Augmented Reality Retailers Já pode a partir de casa ou na

Virtual mirror

Fitting room simulators

Virtual mirror

Fitting room simulators

rua ver em realidade aumentada os produtos que quer da sua loja online. Para isso deve instalar um plugin de AR sugerido pela loja, imprimir um marcador (que no futuro será o cartão de cliente) e colocar-se em frente da câmara do computador ou telemóvel, mostrando esse marcador. Mais uma vez o sistema usado é muito idêntico aos usados nos vídeo jogos. http://www.kishinoaugmentedreality.com/ http://youtu.be/S5QDRoxuHtk

Nota: Fotos cedidas por TREND ALERT

Sugestão de leitura: Harvard Trends, de Pedro Barbosa e Ana Silva O´Reilly, Vida económica Março/Abril de 2012

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© 2012 LUSA

Entrevista

“Para ultrapassar esta crise, além de trabalho e organização, será necessária a compreensão dos portugueses, o que só se consegue com honestidade e informação”. É o que sustenta António Barreto, sociólogo e presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que lamenta a ausência de debate em Portugal. A culpa? É de uma sociedade civil fraca e do hábitos dos políticos de mascararem a verdade

António Barreto, presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos

Crise carece de debate sério Store | A crise que o País atravessa parece ter um carácter mais permanente do que se poderia supor. Que repercussões poderá ter na sociedade portuguesa? António Barreto | Os primeiros efeitos serão muito difíceis. Representarão seguramente uma baixa dos níveis de rendimento, assim como mais dificuldades 32

Março/Abril de 2012

para as famílias e seus projectos, designadamente de educação dos filhos e de melhoramento da habitação, sem falar no mais óbvio, a redução do consumo. Se conseguirmos retirar lições desta crise, talvez seja possível, com muito trabalho e organização, recuperar alguma energia para o desenvolvimento, fazer as reformas necessárias e não voltar a

“Será preciso não pensar de novo que o crédito e a dívida são solução e modo de vida”

cair nos mesmos erros. Em particular, será preciso não pensar de novo que o crédito e a dívida são solução e modo de vida. Store | A sociedade está suficientemente alertada para o estado do País? AB | Não. Ainda não. Só nestes últimos meses é que a população começou a perceber que, realSTORE MAGAZINE


mente, as dificuldades são enormes. Os dirigentes fizeram tudo o que puderam para escamotear a situação e suas causas. A discussão que se conhece é de enorme opacidade, poucos percebem os aspectos técnicos da finança e da moeda. Nem as origens da crise interna nem as implicações europeias são suficientemente conhecidas de modo acessível. Não tenhamos dúvidas: para ultrapassar esta crise, além de trabalho e organização, será necessária a compreensão dos portugueses, o que só se consegue com honestidade e informação. Mais do que nunca, às autoridades compete dar o exemplo. Store | Comparando com o 25 de Abril, diria que hoje há mais ou menos debate? AB | As situações não são comparáveis. Naquele tempo, a discussão propriamente política invadia a nossa vida quotidiana. Questões mais complexas, de carácter económico e financeiro, eram esquecidas e afastadas. De tal modo que se cometeram erros graves. De qualquer maneira, era muito difícil fundar uma democracia e um novo regime político. Hoje, fala-se muito, mas, sobretudo, das consequências da crise e dos efeitos nas vidas das pessoas. Era importante que os dirigentes políticos e económicos, assim como os universitários, tivessem mais preocupação em debater publicamente com toda a gente. Falar não chega: é preciso debater com verdade e informar com sinceridade. A saída da crise não depende apenas das direcções políticas e empresariais, depende de todos nós. Ora, só informada é que a população é capaz de participar. Store | O que está a travar esse debate? AB | A fraqueza da sociedade civil não ajuda. Os hábitos políticos de guardar segredo e de mascarar a verdade são um forte contributo para a ausência de debate. Quem tem algum poder acredita piamente que a informação e o conhecimento constituem factores de preservação dos seus privilégios. Os partidos estão mais volSTORE MAGAZINE

“Não tenhamos dúvidas: para ultrapassar esta crise, além de trabalho e organização, será necessária a compreensão dos portugueses, o que só se consegue com honestidade e informação”

“Falar não chega: é preciso debater com verdade e informar com sinceridade. A saída da crise não depende apenas das direcções políticas e empresariais, depende de todos nós”

tados para a tarefa de convencimento do que de esclarecimento. Os únicos antídotos conhecidos são a liberdade de expressão e a opinião pública, e é muito importante que ninguém tenha receio de se exprimir, de dizer o que pensa. Store | Estarão a desaparecer os fóruns de debate e reflexão? AB | Não se pode dizer desaparecer, dado que nunca houve muitos. Nunca o hábito foi grande e enraizado. Mais uma razão para o seu desenvolvimento hoje. O problema é que se faz tudo para evitar uma participação activa e empenhada. Não será possível recuperar a economia, desenvolver a sociedade e encontrar novas energias na população sem que esta esteja mais bem preparada e mais informada. O tempo do comício fácil, da palavra de ordem e do slogan eleitoral já passou. Store | As universidades poderão desempenhar esse papel? AB | No antigo regime, não o eram. Depois de fundada a democracia, havia esperança em que as universidades desempenhassem o seu papel social e tivessem influência na reflexão e no debate, assim como no estudo das realidades. Infelizmente, não foi esse o desenvolvimento. As universidades tentam cumprir alguns deveres, nomeadamente o de ensinar, mas encontram-se muito condicionadas pelas carreiras e pelas ambições pessoais de muitos docentes. Há discussões nas universidades, com certeza; há, aqui e ali, debate científico de elevado nível; como há um esforço renovado na investigação. Mas o interesse pela realidade nacional (social, financeira, económica, cultural...) é muito reduzido. Ora, as universidades têm uma dívida perante o povo: é este que as paga e mantém. Aquelas têm de devolver à população o que dela recebem.

possível o debate público e divulgar a informação e o conhecimento. Fazer isso em larga escala exige a utilização de todos os meios à nossa disposição, incluindo a televisão, a rádio e a internet. Não faria sentido, para esta fundação e dada a sua Carta de Princípios, restringir ou limitar a informação e o debate a alguns meios tradicionais e aos circuitos académicos ou especializados. Esta fundação tem como destinatários do seu trabalho todos os Portugueses, qualquer que seja a idade ou a condição. Ora, por exemplo, sabemos hoje que a maior parte dos jovens recorre à internet, sob todas as formas, para se informar e discutir, mais do que aos jornais ou mesmo à televisão. Store | Há lugar para as empresas nesse debate? AB | As empresas são mais do que meras organizações económicas e produtivas. São, em conformidade com a sua dimensão, organizações humanas importantes para fornecer a todos os bens necessários à vida, mas essenciais para a vida quotidiana de muita gente, de milhões de trabalhadores, técnicos e quadros. Uma parte importante da vida de muitas pessoas passa-se dentro da empresa, em contacto permanente entre os trabalhadores e com os clientes e fornecedores. Uma empresa é sempre uma organização humana essencial. A tradição política e cultural portuguesa não é muito favorável à ideia e à organização de empresa. Mas essa é uma mudança essencial… Vai demorar tempo, mas é necessário que as empresas mais bem preparadas, e que já compreenderam qual é e qual pode ser o seu papel, assumam uma função pioneira de participação.

Store | É esse espaço que a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) se propõe ocupar? AB | Queremos alargar o mais Março/Abril de 2012

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Projecto

Traçar um retrato o mais actual e pormenorizado possível da realidade sócio-económica do país – é esta a ambição do site “Conhecer a Crise” (www.ffms.pt/conheceracrise) o mais recente projecto da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Eis tudo o que precisa de saber sobre o projecto

A receita de Barreto para conhecer a crise Qual a génese desta base de dados? Não há dúvida de que Portugal está hoje em crise. E há muitas estatísticas que vão sendo divulgadas ou trabalhadas, tentando responder à preocupação de perceber como estamos a evoluir - na economia, no emprego, nas condições de vida... Havendo tantos dados e sendo eles comunicados de forma tão dispersa, é difícil conseguir ter um retrato completo e ao mesmo tempo sintético da evolução do “bem-estar da sociedade”. E não são só as estatísticas oficiais que nos relatam a evolução sócio-económica do país. Dados sobre a solidariedade social ou padrões de consumo permitem que nos aproximemos do que de facto se está a passar na casa das pessoas e como a crise está a afectar o seu dia-a-dia. E nesse sentido surge este projecto, uma forma de tornar esta informação acessível e junta num mesmo espaço, para que as pessoas possam olhar factualmente para o que se está a passar na sociedade e discutir essa mesma informação. Será complementar à PORDATA? Quais são as principais diferenças? A PORDATA tem já uma base de dados alargada sobre a sociedade portuguesa; no entanto, disponibiliza dados anuais que são necessariamente apurados com algum distanciamento do presente. Se quisermos olhar para as evoluções mensais, ou mesmo trimestrais, a PORDATA não nos 34

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consegue dar esse retrato mais “imediato” e “frequente”. E são estes momentos mais fraccionados que têm servido na análise ou percepção de como estamos a reagir à crise, não descurando alguns dados macro que só são apurados numa base anual. Além disso, a PORDATA só utiliza dados de fontes estatísticas que sejam organismos oficiais com responsabilidade na produção de informação nas suas respectivas áreas. O “Conhecer a crise”, no âmbito da sua filosofia, considera fontes de informação como a Unicre, Nielsen ou Banco Alimentar que, não

“Temos um site, com um objectivo muito concreto, que complementa a informação da PORDATA”

sendo organismos oficiais com responsabilidade nas suas áreas de informação, nos dão dados credíveis sobre o comportamento das famílias e indivíduos e a sua alteração ou não no passado recente. Por último, este novo site inclui dados de percepção, como é o caso dos inquéritos de opinião do Eurobarómetro, informação que a PORDATA não considera na sua base de dados. No final temos um site, com um objectivo muito concreto, que complementa a informação da PORDATA, uma base de dados anual mas mais abrangente em STORE MAGAZINE


termos de áreas temáticas de informação. Quando se fala de crise pensa-se habitualmente em indicadores económicos e do emprego e não, por exemplo, nos donativos a instituições sociais. Falta a perspectiva humana na análise da crise? A crise tem muitas caras. E é esse sentido humano, dos indivíduos e famílias, que queremos abarcar com o projecto “Conhecer a crise”. É importante as pessoas sentirem que elas estão por detrás destes números e que os números mudam com os seus comportamentos e decisões. Actualmente vai aparecendo mais informação sistematizada nessa área, porque começa também a haver uma maior sensibilização e procura de dados sobre estes temas. O nosso projecto pretende juntá-los num mesmo site, apresentando-os em simultâneo com os números que estamos mais habituados a acompanhar ou ouvir falar (desemprego, dívida pública, subsídios). Quais os critérios para a escolha dos indicadores a disponibilizar? A fundação procura disponibilizar uma selecção de indicadores que permita retratar a evolução das condições de vida e dos comportamentos dos portugueses, ao nível do indivíduo, família, empresas e Estado. Esta lista é dinâmica no sentido em que, havendo novos indicadores que sejam credíveis e que respondam ao objectivo do projecto, eles serão adicionados no site, dentro dos temas já existentes ou criando um novo tema, se necessário. O site “Conhecer a crise” pretende ser uma base de dados que oferece um olhar independente e factual sobre os efeitos da crise. Qual o contributo do site para o debate entre a sociedade civil? A fundação procura disponibilizar informação pertinente sobre a sociedade portuguesa e, não menos importante, sensibilizar as pessoas para a importância de compreenderem a realidade e de a discutirem de forma fundamentada. É fundaSTORE MAGAZINE

mental que as pessoas se sintam como parte integrante da sociedade, sendo por isso motor de construção e desenvolvimento do País. Por outro lado, os números afastam naturalmente muitas pessoas, pois são vistos como “entidades” complexas, difíceis e, por isso mesmo, distantes. Nesse sentido, o site foi concebido para exibir os números de uma forma gráfica simples e apelativa, que aproxime as pessoas dos dados e as convide a conhecer mais. Cada indicador, além de uma representação gráfica, tem sempre associada uma tabela de dados mensais ou trimestrais e uma tabela de dados anuais, para que se

perceba o que se está a passar no mais curto prazo, não perdendo o contexto dos últimos anos. E, para que não haja dúvidas, existe sempre uma definição do indicador, escrita de uma forma clara, para não especialistas. A par desta preocupação na apresentação dos factos, todo o site foi construído a pensar na partilha e divulgação da informação, num convite ao debate fundamentado. Cada indicador, individualmente, ou todos os indicadores de um determinado tema podem ser partilhados por mail ou nas redes sociais e podem ser impressos no formato PDF para levar para casa ou usar numa reunião.

Além disso, o site possibilita que cada pessoa possa fazer a sua selecção de indicadores, do conjunto total existente (cerca de 120), tendo assim uma página sua – a crise como eu a vejo – com os dados que mais lhe interessam, todos juntos num único espaço. Uma outra funcionalidade de destaque refere-se à actualização de informação. Não só o próprio site destaca os indicadores que foram actualizados desde a última visita de cada utilizador à base de dados, como cada pessoa pode seleccionar os indicadores para os quais gostaria de receber um alerta por mail, sempre que os mesmos forem actualizados.

ESTATÍSTICAS

Sabia que... Em 2011, os portugueses alteraram o padrão de consumo em relação à carne – menos carne de vaca e mais carne de porco e aves.

Em 2011, os portugueses gastaram menos em vestuário e calçado e continuaram a gastar menos em Janeiro e Fevereiro de 2012.

• Variação da despesa com carne, em hiper e supermercados (2011 vs 2010): Total carne: +5.3%; Suíno: +12,1%; Aves +10,4%; Bovino -0,7%

• Variação das despesas feitas com cartão em vestuário e calçado: 2011 vs 2010: - 9,1% Jan 2012 vs Jan 2011: - 13,1% Fev 2012 vs Fev 2010: - 9,7% Fonte: Unicre

Fonte: Nielsen

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Formação

O factor proximidade e a formação das chefias são, no actual contexto do País, dois dos mais importantes conceitos da formação na distribuição. Isabel Rita, managing partner da Neves de Almeida, consultora de recursos humanos, fala sobre os aspectos mais importantes desta área vital para o sector

O que conta na formação OS ASPECTOS ESSENCIAIS O modelo de qualidade de serviço direccionado a todos os colaboradores e a liderança e gestão de equipas para as principais chefias de cada sector são os aspectos essenciais da formação comportamental no sector da distribuição destacados por Isabel Rita. O modelo de qualidade engloba todas as fases do atendimento ao cliente, desde os comportamentos base aos comportamentos mais críticos, como o acolhimento, o aconselhamento e adequação da oferta, a prestação do serviço, o fecho da venda, a gestão de reclamação e a fide36

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Apesar de o coaching e o teambuilding serem já bem aceites no sector da distribuição, a sua aplicação não é linear a todas as empresas

lização de clientes. A liderança e gestão de equipas para as principais chefias de cada sector inclui todas as fases críticas na gestão de pessoas, como o conhecer, acompanhar, desenvolver, motivar, dar feedback construtivo, elogiar e gerir conflitos. Depois há toda uma panóplia de formação técnica, que dependendo do sector, alimentar ou não alimentar, assume também proporções importantes, conclui Isabel Rita. PRAGMATISMO O sector da distribuição é uma área que exige um grande prag-

matismo: a formação deve ser customizada e orientada para a realidade destas pessoas. Acima de tudo, os colaboradores devem conseguir perceber logo qual é a mais-valia da formação e conseguir torná-la operacional para obter bons resultados. Em sala há que conseguir recriar cenários nos quais as pessoas se revejam e em que facilmente se transportem para lá, de modo a que depois consigam implementar essas práticas. Isabel Rita refere também que isso tanto se aplica ao atendimento e venda ao cliente como às práticas de liderança. STORE MAGAZINE


AS CHEFIAS Há áreas do sector da distribuição que exigem mais formação do que outras mais a responsável da Neves de Almeida considera que a base de tudo é a formação das chefias. São elas que diariamente “treinam equipas” e têm de dar tácticas e técnicas para o dia de trabalho. É importante para que as pessoas no dia-a-dia vivam o atendimento como uma mais-valia. Para além da questão global das chefias, Isabel Rita afirma que, ao nível comportamental, todas as áreas de contacto directo com o público carecem do mesmo tipo de formação. No que diz respeito ao nível técnico, as áreas que exigem maior formação são aquelas onde é necessário possuir um vasto conhecimento do produto e possuir informação mais técnica sobre os mesmos, como, por exemplo, a garrafeira e as áreas dos frescos, no sector alimentar, e todas as áreas de tecnologia no não alimentar. ORIENTADOS PARA O CLIENTE Numa época onde os produtos, o preço e os serviços se assemelham, são as pessoas que fazem a diferença. Deste modo, as empresas de distribuição procuram constantemente desenvolver os seus colaboradores, tornando-os mais orientados para o serviço e para o cliente, dotando-os de uma forte componente comercial e fornecendo-lhes ferramentas para conseguirem argumentar de forma eficaz e contornar objecções, tornando-os mais proactivos. O objectivo das empresas do sector da distribuição é conseguir que os seus colaboradores sejam empáticos, que se coloquem no lugar do cliente e que, constantemente, direccionem o seu foco para o cliente, numa óptica constante de melhoria contínua. Para além disto querem passar mensagens de positivismo e da importância da atitude de quem contacta com o público, no sentido do sucesso da organização. COACHING E TEAMBUILDING Apesar de o coaching e o teambuilding serem já bem aceites no sector da distribuição, a sua apliSTORE MAGAZINE

O sector da distribuição é uma área que exige um grande pragmatismo: a formação deve ser customizada e orientada para a realidade destas pessoas. Acima de tudo, os colaboradores devem conseguir perceber logo qual é a mais-valia da formação e conseguir torná-la operacional para obter bons resultados

Isabel Rita, managing partner da Neves de Almeida

cação não é linear a todas as empresas. Isto deve-se a diferentes graus de maturidade, experiência e até mesmo oportunidade; existem empresas onde o coaching é já uma constante, mas também existem outras empresas que privilegiam a existência de acções de teambuilding. Isabel Rita acredita que, num futuro próximo, o sector privilegie estes conceitos de forma mais transversal e consistente. A PROXIMIDADE Os factores críticos na gestão de RH no sector da distribuição são semelhantes a vários outros sectores no panorama industrial do País. No entanto, a responsável da Neves de Almeida afirma que existe um factor neste momento de crise económica que é crucial nesta área: a proximidade. Por-

que acredita que este factor é considerado essencial para o sucesso do sector, a Neves de Almeida, com base nos seus 20 anos de experiência, criou um programa de liderança, com o objectivo de trabalhar esta temática. Deste modo, o programa Life Leader pretende transformar os líderes em alguém que se transcende, que vai além do seu papel diário, que se envolve na realidade dos seus colaboradores e assume o seu papel numa solução. Este programa pretende, assim, dotar os líderes de ferramentas e de conhecimentos para responder ao desafio de acompanhamento das suas equipas, tornando-os mais próximos e mais atentos aos problemas sociais que os seus colaboradores atravessam. Acima de tudo, este programa possui como principal

objectivo sensibilizar os gestores de pessoas para uma nova dimensão na liderança: ser próximo e socialmente responsável perante a sua equipa. O DIGITAL Com a expansão da era digital, nomeadamente através do aparecimento das várias redes sociais, os clientes do sector da distribuição revelaram-se pessoas muito mais informadas e detentoras de toda a informação sobre os produtos, tornando-se muito mais exigentes e rigorosas. Deste modo, a principal mudança neste sector surge com a necessidade de possuir colaboradores especializados nos vários sectores e detentores de um vasto conjunto de informação técnica para conseguir responder a todos os desafios colocados pelos clientes. Março/Abril de 2012

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Internacional

Vinte e quatro horas por dia, 365 dias por ano. Em Madrid, Domingos e feriados deixam de ser motivo para fechar a porta ao consumidor. O comércio é livre de funcionar 24 horas por dia, todos os dias. A partir do Verão vai ser possível ir à mercearia às cinco da manhã, deixar o carro na oficina e visitar uma livraria, ainda antes da hora de almoço. O comércio passa a estar aberto...sempre

Madrid 24 horas No dia 15 de Dezembro Esperanza Aguirre, presidente do Partido Popular de Madrid (PPM) e, desde 2003, presidente da Comunidade Autónoma de Madrid, viu aprovado, pelo Conselho de Governo, o projecto-lei de Dinamização do Comércio, pioneiro em Espanha, que liberaliza a 100 por cento o comércio madrileno. Na Primavera (até Maio) toda e qualquer loja, supermercado ou 38

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Madrid foi a primeira região de Espanha a aplicar medidas liberais para reactivar o tecido empresarial

grande superfície, passa a poder estar aberta ao público 24 horas por dia, 365 dias por ano. Os comerciantes são livres de escolher o seu horário e nenhum sector do comércio terá restrições, inclusive as lojas que comercializam álcool e tabaco. Esperanza Aguirre acredita que esta medida vai dinamizar a economia da região, fomentar emprego e gerar 25 mil postos de

trabalho. Consequentemente o turismo em Madrid, uma cidade que recebe 10 milhões de turistas por ano, será dinamizado e recuperará do declínio que sofreu com a recessão económica. No entanto, a decisão gerou duras críticas por parte dos pequenos comerciantes a retalho, sindicatos e forças políticas de esquerda, tais como o Partido Socialista de Madrid (PSOE) e a STORE MAGAZINE


Izquierda Unida (IU). Ambos os partidos defendem que esta lei determina a morte dos pequenos comerciantes, sem capacidade de empregar mais pessoas e fazer face à concorrência das grandes superfícies, passando a viver num sistema de “escravatura”. Por seu lado, Esperanza Aguirre afirma que “Espanha é um país onde as leis laborais impedem a ‘escravatura’ e serão cumpridas à risca”. Para tal o Governo Regional de Madrid consultará o Conselho do Consumo e o Conselho de Comércio de forma a viabilizar esta medida, cujo texto final foi debatido na Assembleia de Madrid no primeiro trimestre de 2012. Numa perspectiva de facilitar a criação de novas casas comerciais, ou mudança de ramo de negócio, o projecto-lei elimina vários trâmites burocráticos, bastando ao comerciante entregar uma declaração de responsabilidade e o projecto técnico planeado. No entanto, o governo regional adverte que a entrega de falsas declarações implica o pagamento de uma multa entre os 30 mil a 600 mil euros. As facilidades burocráticas não convencem os pequenos comerciantes, que não acreditam ser capazes de competir com as grandes superfícies sem que estas encerrem ao domingo. A Confederação do Comércio de Madrid pede que a restrição se estenda ao longo de cinco anos, de forma a que o comércio de retalho consiga adaptar-se à nova realidade. Em Espanha, a maioria das lojas fecha, por lei, aos Domingos e feriados, com as excepções de algumas superfícies (que podem abrir no primeiro Domingo de cada mês), e da zona comercial do centro histórico que funciona durante toda a semana, atraindo um grande número de madrilenos e turistas. Nenhum estabelecimento pode ultrapassar as 90 horas semanais. Mas, a partir da Primavera, segundo o governo regional, em Madrid, o comércio pode estar de portas abertas vinte e quatro horas por dia, 365 dias por ano. Ou seja: sempre. STORE MAGAZINE

Vinte mil postos de trabalho e aumento de seis por cento do PIB são os números que o governo regional de Madrid acredita alcançar com as novas medidas. Abuso da relação laboral entre empregados e empregadores e morte do comércio a retalho são as previsões da oposição partidária, sindicatos e comerciantes de retalho

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Jet Marketing

Os lugares chegaram a ser poucos para todos os que quiseram assistir aos trabalhos do IV Congresso da Distribuição Moderna, promovido pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) e que decorreu nos dias 17 e 18 de Janeiro, no Museu do Oriente, em Lisboa. “Tendências de Futuro: Novos Consumidores e Novos Canais” foi o tema de um encontro que reuniu gestores, políticos, banqueiros, pensadores, criadores e um prémio Nobel. Aqui fica um registo fotográfico de uma iniciativa que teve sempre o futuro como horizonte

Recordações do futuro

Artur Santos Silva, António Lobo Xavier e Daniel Bessa

Anthony Gibson, presidente da Publicis em Portugal

Ana Isabel Trigo Morais, Luís Reis e Assunção Cristas, ministra da Agricultura

Joseph Stiglitz, Prémio Nobel da Economia

Américo Ribeiro, director-geral da Auchan

Rui Leão Martinho, Bastonário da Ordem dos Economistas

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Tudo a postos para o início do registo dos congressistas

João Duque, presidente do ISEG

A Store mereceu a atenção dos participantes

O sol de Lisboa foi o “convidado especial” do congresso

Joaquim Vieira Peres, Ana Isabel Trigo Morais e Luís Reis

Boris Planer, director da área de research em macroeconomia da Planet Retail

Joaquim Goes, administrador executivo do BES, e Joseph Stiglitz

Luís Reis, Joseph Stiglitz e Nuno Abrantes, vice-presidente da APED

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Os filmes de...

Um documentário sobre aquela que é uma das marcas iconográficas da moda francesa, Hermés, e o oscarizado Dama de Ferro integram as preferências de Mário Rui Silva, ceo da Happy Brands, quando o assunto são filmes na área dos media e da comunicação

Mário Rui Silva

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ceo da Happy Brands

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Título: Dama de Ferro (The Iron Lady), 2012 Realizador: Phyllida Lloyd Protagonistas: Meryl Streep, Jim Broadbent, Olivia Colman História: Narra as vitórias e derrotas, políticas e pessoais, daquela que foi a primeira, e até agora única, mulher a chefiar o governo britânico, num olhar em retrospectiva a partir de um presente dominado pela perda de faculdades associada ao envelhecimento. Numa luta entre memórias, recentes e remotas, uma lição final: a de que a retirada é a melhor estratégia.

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Título: Nos Idos de Março (The Ides of March), 2011 Realizador: George Clooney Protagonistas: George Clooney, Philip Seymour Hoffman, Evan Rachel Wood História: Numa alusão ao 15 de Março do ano de 44 a.C., dia em que Júlio César foi assassinado por um grupo de conspiradores, mostra os jogos políticos por trás de uma candidatura presidencial norte-americana e como a manipulação pode desvirtuar uma campanha de boas intenções.

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Título: Moneyball - Jogada de Risco, 2011 Realizador: Bennett Miller Protagonistas: Brad Pitt, Jonah Hill, Phillip Seymour Hoffman História: É uma parábola, em sentido inverso, da máxima de que sem ovos não se fazem omeletes. Conta como um treinador de basebol, confrontado com a saída dos melhores jogadores aliciados pela fama e pelos salários atractivos dos grandes clubes, consegue, fazendo uso da estatística, criar uma equipa teoricamente perfeita com jogadores até então subvalorizados.

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Título: Les mains d’Hermés, 2011 Realizador: Isabelle Dupuy-Chavant y e Frédéric Laffont Protagonistas: Os artesãos da marca francesa Hermés História: Nele se conta a história da marca, dos seus valores e dos produtos que a tornaram famosa sem que os seus líderes surjam em primeiro plano, sem que a marca propriamente dita seja enaltecida. Os artesãos que dão vida às peças acabam por ser também artesãos de uma valiosa peça de comunicação. Um documentário que vale por mil anúncios…

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Título: A Rede Social (The Social Network), 2010 Realizador: David Fincher Protagonistas: Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake História: É mais uma peça no puzzle do sucesso da rede social criada por Mark Zuckerberg, o estudante que, em 2003, lançou um website para medir a beleza das suas colegas de Harvard depois de a namorada ter posto fim ao relacionamento. FaceMash começou por despeito, mas acabaria por estar na génese de um fenómeno global – o Facebook. STORE MAGAZINE


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Restaurante

Harmonia, criatividade & conforto

Manuel Falcão diretor-geral da Nova Expressão

Uma obra de Sergei Prokofiev chamada “Pedro e o Lobo” foi decisiva para eu perceber melhor a música e a importância dos diversos instrumentos. Ouvi-a pela primeira vez no antigo primeiro ciclo dos liceus, imagine-se que numa aula de francês, pela mão de Mário Dionísio, um professor absolutamente extraordinário que tinha por objectivo didáctico abrir-nos a cabeça para o mundo. A narrativa era dita em francês, daí a sua inclusão numa aula dessa disciplina. Recordo que quando a ouvi foi uma descoberta, passei a escutar a música, os sons, os instrumentos, de outra maneira. É das boas memórias – e são várias – que tenho do Liceu Camões. De maneira que quando em 2010 foi aberto um restaurante com este nome fiquei com curiosidade. Infelizmente nessa altura a recepção a quem procurava o local era gélida, tão gélida que pus na cabeça que aquele devia ser apenas mais um local de moda que entendia não necessitar de clientes. De modo que abdiquei do sítio durante muito tempo. Há poucas semanas um amigo chamou-me a atenção para a qualidade do restaurante “Pedro e o Lobo”. Resolvi esquecer o passado e experimentar como as coisas estavam agora, no presente. Não me arrependi.

Uma sala romântica

Pedro e o Lobo

Rua do Salitre 169 Tel. 211 933 719 www.facebook.com/Restaurante. Pedro.e.o.Lobo Aberto de segunda a sexta ao almoço e jantar, sábado só ao jantar e encerrado ao domingo

Comecemos pela sala. À entrada há um bar pequeno mas acolhedor, óptimo para um aperitivo. A sala é quente, com madeiras, com uma certa influência nórdica, leve, discreta, contemporânea e muito confortável – e romântica, se for essa a intenção. O atendimento, agora, é simpático e muito eficiente – os progressos nesta área em relação ao pretensiosismo inicial são flagrantes. Na sala os empregados são conhecedores da lista, explicam como são feitos e o que contêm alguns pratos. São sempre atenciosos sem serem intrusivos. “Pedro e o Lobo”, o restaurante, divide-se em duas vidas: o almoço, mais leve e profissional, e o jantar, mais dado a conversas, repousado. Situado na esquina da Rua do Salitre com a Rua de São Mamede, o “Pedro e o Lobo” é coman-

dado por dois chefs – Diogo Noronha e Nuno Bergonse. Momento de fazer um bocadinho de história: Diogo trabalhou no Per Se, de Thomas Keller, em Nova Iorque e Nuno Bergonse passou pelas cozinhas do Vírgula e do Hotel Ritz. Juntaram-se a outros sócios e criaram o seu próprio restaurante em Lisboa. Actualmente propõem menus de almoço que mudam a cada semana (podem saber o que esperar na página do Facebook), com um preço médio por pessoa, sem bebidas, à volta dos 20€. Claro que ao almoço também há a possibilidade de escolher da lista. À noite há um menu degustação, a 42 euros. Mas como eu abomino os menus degustação, felizmente há a possibilidade de ter uma carta bem organizada para escolher o que se pretende e não aquilo que nos pretendem dar, mesmo que seja com as melhores intenções do mundo. Ao almoço a clientela é mais profissional, à noite muitos estrangeiros dos hotéis vizinhos e casais portugueses.

Prova cega Num destes dias ao almoço experimentei um pastel de peixe, acompanhado de alfaces salteadas, cogumelos e mousse de mostarda que estava surpreendente. Numa outra visita, ao jantar, na opção de escolha da carta, um lombo de bacalhau e uma pescada glacê revelaram-se óptimas escolhas, cozinhadas com criatividade nos ingredientes principais e nos acompanhamentos. Antes havia-se dividido um pastrami, como entrada, perfeito. No couvert destaque para a focaccia, talvez a melhor que actualmente se consegue ter em Lisboa. A carta de sobremesas é tentadora e o palmier ultrapassa qualquer expectativa. A lista de vinhos é comedida, na quantidade, e reconheçamos, no preço. As sugestões de vinhos e espumantes a copo são acima da média. Um jantar com todos os pertences e mesmo um digestivo final, para duas pessoas, ficou ligeiramente acima dos 100 euros. Não é nada barato, mas foi um daqueles dias em que se deu o dinheiro por bem empregue.

BANDA SONORA

Old Ideas - Leonard Cohen Aos 77 anos Leonard Cohen regressa com um novo disco de originais que mostra várias canções acima da média. A talhe de foice recordo que “Songs Of Leonard Cohen” foi editado há 44 anos. Das novas canções, “Different Sides” é a minha preferida, mas muito perto de “Going Home”, “Crazy To Love You” ou “Darkness”, esta última com um dedilhado de guitarra absolutamente fantástico.

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Claro que com esta idade Cohen defendese – cada vez a sua interpretação é mais falada e menos cantada, cada vez mais os coros femininos encarregam-se da parte melódica. Mas isto acaba por colocar em primeiro plano a escrita de Cohen e essa é sempre a melhor parte dos seus discos.

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Montra

Puro e solidário A verbena é a essência do novo perfume da gama pureDKNY, ícone do projecto de solidariedade da Estée Lauder cujo rosto é a modelo Angela Lindvall. Ao escolher a verbena como matéria-prima, a marca deu o primeiro passo para beneficiar a população carenciada do Togo, depois de em 2010 ter contribuído para o combate à pobreza no Uganda com o primeiro pureDKNY, com o aroma da baunilha.“Gota a gota, todos podemos fazer a diferença” é o conceito subjacente a este perfume com consciência.

Para a mulher actual Elegante e irreverente – é assim a mulher actual vista pela Eletta. E foi para esta mulher que a marca criou a gama Lounge. Com um estilo retro trendy, os relógios da nova linha apresentam-se em três versões: com caixa de aço prateada e mostrador prateado, com mostrador cool grey em bracelete prateada ou com mostrador dourado com caixa e bracelete em aço revestido a plaqué dourado. A intemporalidade é o traço comum a todos os modelos.

Partilhar emoções É a proposta do vinho Your Calheiros Cruz: de rótulo personalizável, é o ideal para partilhar emoções e surpreender em momentos festivos como o próximo Dia do Pai. Feito a partir das castas touriga nacional, roriz e touriga franca, caracteriza-se pelo aroma intenso, frutado e amadeirado e pelo sabor encorpado e aveludado. É o mais recente exemplo da inovação da Calheiros Cruz, uma marca do Douro com 30 anos.

Olhar revivalista Os anos 50 e 60 foram a inspiração da Pepe Jeans para a colecção de armações para esta Primavera/Verão. Em materiais muito leves e tecnologicamente evoluídos, apresentam um design arrojado, em modelos criados a pensar nos homens modernos, sofisticados e irreverentes. Foram a proposta da Optivisão para este Dia do Pai, mas que vale para todos os dias do ano.

Branco e rosa, tendência em smartphones O branco parece ter vindo para ficar nos smartphones. Que o diga a Samsung que apostou no branco para três dos seus modelos – o Galaxy S Plus, o Galaxy Ace e o Galaxy Gio. E para celebrar esta tendência a Vodafone lançou a campanha “Não deixe passar esta oportunidade em branco”. Ao mesmo tempo, a operadora lançou em exclusivo o Sony Ericsson TXT em cor-de-rosa – um smartphone com teclado QWERTY, direccionado para messaging e redes sociais. STORE MAGAZINE

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Gadget

O padphone de Manuel Coimbra

É “o caminho do futuro” e por isso sobre ele recaem as preferências de Manuel Coimbra, director regional da Media Markt para Portugal: trata-se do padphone da Asus, apresentado no último World Mobile Congress, em Barcelona. E porquê? Porque combina o smartphone com um tablet, com teclado como qualquer computador portátil. Era inevitável esta preferência: afinal, Manuel Coimbra vive inserido no mundo da electrónica de consumo e os gadgets fazem parte do seu dia-a-dia. Do iPhone ao iPad, proporcionam mobilidade e uma ligação permanente ao mundo. “Neste mundo da electrónica e dos gadgets andamos sempre à procura do gadget do futuro”, comenta. Encontrou-o em Barcelona. Ainda não possui um, pois ainda não foi lançado. Mas o director da Media Markt em Portugal acredita que “vai revolucionar o mundo dos smartphones e dos tablets, pois com a docking station integrada no tablet permite uma utilização muito mais imediata sem perda de dados”. Manuel Coimbra vai ao pormenor na explicação: “Não há emails que não são lidos, não há telefonemas que perdemos. Como os ecrãs dos smartphones se tornam pequenos para analisar ficheiros (4 polegadas) com o tablet associado ao smartphone passamos a ter um ecrã de 10,1” e as limitações naturais do smartphone deixam de existir”. Enquanto espera pelo padphone, não se imagina sem um smartphone no bolso. “Nem que seja para fazer telefonemas precisamos sempre de um meio de comunicação à mão. E com a possibilidade de ter a conta de email no telemóvel estamos sempre a par do acontecimento”. 46

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Manuel Coimbra Director regional da Media Markt em Portugal. Antes desempenhou as funções de gerente da empresa em Sintra, Braga e, mais recentemente, Alfragide. Está na estrutura Media-Saturn desde 2005, tendo contribuído para a implantação da marca em Portugal, então um país novo para a Media Markt

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