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store DiretorA: FÁTIMA de SOUSA . Trimestral . Ano III . N.º 22 . JANEIRO-MAERÇO de 2017 . 8 euros

plataforma de distribuição e comércio moderno

07 UMA NOVA ERA MUNDIAL? Quatro analistas de política internacional olham para o novo panorama das relações entre os Estados Unidos, a Europa e o mundo no quadro da nova administração norte-americana.

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LUÍS CAPOULAS SANTOS, MINISTRO DA AGRICULTURA, FLORESTAS E DESENVOLVIMENTO RURAL

AUMENTO DA PRODUÇÃO INTERNA EXIGE MAIS INVESTIMENTO

14 CONFIANÇA E PRUDÊNCIA Em entrevista, a diretora-geral da APED, Ana Isabel Trigo Morais, analisa o atual contexto da economia portuguesa, considerando que tem dado sinais positivos de crescimento para os quais, contudo, é preciso olhar com prudência.


Um evento corporate com “touch” No NewsMuseum, os eventos da sua organização são modernos e originais devido às nossas plataformas avançadas de entretenimento inteligente e interativo – onde (quase) tudo é “touch”. Uma experiência em VR, outra num ecrã tátil de 67 m2. Uma projeção em 360º, a gravação de “vivos” em TV e Rádio. Lançamentos de produtos e serviços, encontros de “team building”, reuniões ativas podem ser transformados numa moderna aventura mediática produzida pela nossa equipa. Visite na Vila de Sintra o mais moderno e interativo centro europeu dedicado ao Jornalismo, aos Media e à Comunicação. E desafie-nos com a sua ideia para um evento corporate com um “touch” especial. www.newsmuseum.pt Mais informação e reservas Marina Freitas marinafreitas@newsmuseum.pt T. +351 962 190 866


TEMA DE CAPA

NEGÓCIO

A ESPECIFICIDADE DO EL CORTE INGLÉS

Conselho editorial Ana Isabel Trigo Morais Catarina Oliveira Fernandes Mónica Ventosa Ricardo Domingos

Um formato diferenciador. É assim que se apresenta o El Corte Inglés, que acaba de celebrar 15 anos em Portugal. O diretor-geral dos grandes armazéns, Ángel Vaca, explica porquê.

Diretora

ESTRATÉGIA

Fátima de Sousa fs@storemagazine.pt

Equipa editorial Ângela dos Vais Mafalda Carvalho Sara Batista Sofia Dutra

Diretora-geral Sandra Silva T. 967 088 124 sandrasilva@newsengage.pt

Distribuição por assinatura

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DA IKEA 3rd Annual ANOAPOSTA ALGARVE

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AS PRIORIDADES DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA Reverter a desflorestação. Esta é uma das prioridades de Luís Capoulas Santos à frente do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. A criação de um banco de terras é uma das medidas para atingir esse objetivo.

report

JANUARY 2017

Março assinala a chegada da IKEA Centres ao Algarve, com o MAR Shopping, uma aposta que constitui uma resposta à falta de uma oferta alargada de comércio e serviços na região.

AUTORREGULAÇÃO

compromisso europeu

Preço: 32€ (4 edições) assinaturas@briefing.pt

THE S UP P LY CHAIN INITIATIVE

Tiragem média: 2.500 ex. Depósito legal: 338451/12 N.º registo ERC: 126154

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As empresas europeias estão satisfeitas com as boas práticas comerciais adotadas no âmbito da Supply Chain Initiative. Para o futuro, o compromisso é o de reforçar a transparência de governação.

GESTÃO

INOVAÇÃO PARA MAXIMIZAR VENDAS

Impressão TYPIA - Grupo Monterreina Área Empresarial Andalucia 28320 Pinto Madrid - España

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Dá pelo nome de ShopView2Market o novo projeto tecnológico da Sonae e que visa responder a um dos problemas mais relevantes do retalho – a gestão de espaço.

PUBLISHER / proprietário

FUTURO

SUPERMERCADO EXPERIMENTAL

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Fica em Milão e constitui o protótipo do supermercado do futuro, mas assente no conceito de mercado de antigamente. Usa a tecnologia para fomentar a compra informada.

Newsengage - Media, Conteúdos e Comunidades, S.A. Edifício Lisboa Oriente Av. Infante D. Henrique, 333 H | 37 1800-282 Lisboa T. 218 504 060 | F. 210 435 935 NIPC 506871711

administrador único João Paixão

detentor do capital social Mood Marketing - SGPS, S.A. (100%)

Estatuto Editorial disponível em www.store.com.pt - 3 STORE 2017 -


Grande Plano

Luís Capoulas Santos Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural

“Aumento da competitividade é o principal desafio” O aumento da competitividade a nível europeu e mesmo à escala global é um dos principais desafios que os agricultores portugueses enfrentam. Assim o entende o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos. Portugal enfrenta ainda o desafio de garantir o autoabastecimento até 2021, o que vai implicar um duplo movimento: substituir as importações por produção interna e, ao mesmo tempo, aumentar as exportações. - 4 STORE 2017 -


www.storemagazine.pt Sofia Dutra

“Quanto a prioridades de investimento no âmbito do PDR2020, pretendemos assegurar o aumento da competitividade, a promoção da inovação e da eficiência energética das explorações agrícolas e das empresas agroindustriais”

Store | Quais as prioridades de investimento no âmbito do PDR2020 e como espera o governo reverter os atrasos na avaliação das candidaturas? Luís Capoulas Santos | O PDR 2020 em 2016 bateu um recorde em termos de candidaturas aprovadas, com 15 mil projetos decididos, envolvendo um total de mil milhões de euros de investimento contratado. Não foi tarefa fácil, foi necessário imprimir um grande ritmo ao programa, tendo em conta a situação de paralisia encontrada e que decorreu da enorme acumulação de candidaturas entradas em 2014 e 2015, sem que tivessem sido adequadamente preparados os procedimentos necessários à sua análise e decisão em tempo oportuno. É uma situação que teremos totalmente ultrapassada no final deste trimestre. Em matéria de execução, temos hoje uma taxa de cerca de 27,5 %, que coloca Portugal como o Estado-Membro da União Europeia com o 6.º melhor desempenho em termos de execução dos PDR. Considero que a situação está praticamente ultrapassada. Quanto a prioridades de investimento no âmbito do PDR2020, pretendemos assegurar o aumento da competitividade, a promoção da inovação e da eficiência energética das explorações agrícolas e das empresas agroindustriais. Consideramos igualmente uma prioridade travar o processo de desflorestação, re-

pondo no horizonte de uma déca- Store | A pressão para a plantação da os 150 mil hectares de área per- de transgénicos na União Eurodida nos últimos 15 anos. peia pode aumentar? Como encara a produção de transgénicos? Store | Quais os grandes desafios LCS | A opinião pública europeia que se colocam hoje aos agricul- é largamente contrária à produção tores portugueses? de alimentos transgénicos. Penso LCS | Um dos principais desafios que é uma matéria que carece de que os agricultores portugueses ampla difusão de informação e de enfrentam é o aumento da com- um debate esclarecido e cientificapetitividade no espaço europeu e mente fundamentado. à escala global. Portugal tem feito um grande esforço e tem vindo Store | Que vantagens terá a ima alcançar excelentes resultados plementação do modelo de Banco neste domínio. No entanto, este é de Terras? um desafio constante, que exige LCS | A criação do Banco de Terras dos agricultores um esforço e uma tem dois objetivos: disponibilizar dedicação permanentes. Por outro terras para quem pretender dedilado, Portugal enfrenta o desafio car-se à atividade agrícola ou à exde garantir o autoabastecimento ploração florestal e reduzir as áreas até 2021. Trata-se, portanto, de au- de terrenos abandonados. E ambos mentar a produção interna para os objetivos decorrem das regras substituir importações e, ao mes- de funcionamento do Banco de mo tempo, continuar a trajetória Terras. Primeiro, o Banco de Terras de aumento das exportações. Isto será composto pelas terras do Estaimplica um aumento global de do, com vocação agrícola ou floresprodução, que obrigará, natural- tal que não estejam a ser utilizadas, mente, a mais investimento no sec- e pelas terras sem dono conhecido. tor. Do ponto de vista económico, Vamos abrir um período, até final a agricultura portuguesa tem vindo de 2018, em que as pessoas podea crescer a um ritmo bastante su- rão atualizar os registos das suas perior ao da economia nacional no seu conjunto, agora é necessário manter esse ritmo para vencer este desafio. Store | De que modo pode o Código de Boas Práticas Comerciais, assinado em dezembro, favorecer o sector agroalimentar? LCS | O grande objetivo do Código de Boas Práticas Comerciais é contribuir para uma justa repartição da cadeia de valor dentro da fileira. Quando todos beneficiam, beneficia o País e beneficia o sector agroalimentar. É um passo muito positivo, que o Governo saúda e aprecia e do qual espera resultados visíveis a curto prazo. Store | Que preocupações advêm da possível fusão da Bayer com a Monsanto? A concentração do sector preocupa-o? LCS | Para qualquer defensor de um mercado livre e concorrencial, qualquer concentração que possa conduzir a situações monopolistas não é desejável. - 5 STORE 2017 -

“Portugal enfrenta o desafio de garantir o autoabastecimento até 2021. Trata-se, portanto, de aumentar a produção interna para substituir importações e, ao mesmo tempo, continuar a trajetória de aumento das exportações. Isto implica um aumento global de produção, que obrigará, naturalmente, a mais investimento no sector”


Grande Plano

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“O novo modelo de gestão da floresta que queremos implementar tem por base a gestão profissional da floresta. Para a conseguir, propomos a criação de um vasto conjunto de instrumentos de natureza jurídica e fiscal, que, a par do reforço dos mecanismos de prevenção e de combate, reduzam os riscos de incêndio e atraiam para a floresta capacidade de gestão e capitais”

propriedades com isenção total de custas e emolumentos. Findo esse período, as terras que não tiverem sido reclamadas revertem para o Banco de Terras. A partir daí, poderão ser arrendadas para serem geridas. Não poderão ser vendidas sem terem passado 15 anos, que é o prazo do chamado “usucapião”. No caso das terras do Estado, o Banco de Terras poderá vendê-las após um período de comprovada boa gestão. Estas terras serão disponibilizadas em condições vantajosas, tendo prioridade no acesso a elas os jovens agricultores e as futuras sociedades de gestão florestal. Desta forma, as terras serão alvo de intervenções com projeto de exploração, o que permitirá não só a instalação de novos agricultores, como melhorar a produtividade da terra, criar emprego e gerar riqueza a partir de terras que atualmente são totalmente improdutivas. Store | Qual o impacto do novo pacote de medidas para a floresta anunciado recentemente? LCS | O impacto destas medidas resultará do sucesso do novo mo-

delo de gestão da floresta que queremos implementar e que tem por base a gestão profissional da floresta. Para a conseguir, propomos a criação de um vasto conjunto de instrumentos de natureza jurídica e fiscal, que, a par do reforço dos mecanismos de prevenção e de combate, reduzam os riscos de incêndio e atraiam para a floresta capacidade de gestão e capitais. O pacote comporta ainda outros instrumentos de grande relevância, como é o caso a elaboração do cadastro e da criação de centrais de aproveitamento de biomassa. Com estes instrumentos pretendemos reverter o processo de desflorestação, recuperando, como já disse, os 150 mil hectares de florestas perdidos nos últimos 15 anos no horizonte de uma década.

legislativas. O segundo passo foi encarar essas iniciativas legislativas como propostas abertas à discussão, disponibilizando-as no Portal do Governo, para consulta e comentário ao longo de três meses. Finalmente, abrimos um verdadeiro debate público, promovendo a discussão destas propostas em reuniões do Conselho Florestal Nacional e do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, na Assembleia da República e pelo País fora, em sete sessões regionais que envolveram centenas e centenas de participantes. Escutámos, tomámos notas, acolhemos algumas e sugestões que, efetivamente, ajudam a melhorar as propostas e vamos levá-las de novo a Conselho de Ministros para se converterem em iniciativas mais definitivas, ou Store | Que passos foram já dados à Assembleia da República, no para a existência de um pacto de caso das que constituem matéria regime na reforma da floresta? da esfera do Parlamento. Estamos LCS | O primeiro passo foi reunir confiantes de que liderámos um com as estruturas representativas, processo aberto, transparente e constituir uma Comissão Intermi- consensual, que resultará em lenisterial e avançar com a elabora- gislação consensual, acolhendo ção de um conjunto de iniciativas propostas e sugestões. - 6 STORE 2017 -


ANÁLISE

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Ameaça ou oportunidade? Significará a presidência de Donald Trump o início de uma nova era mundial, nomeadamente das relações entre os Estados Unidos e a Europa? E, sendo uma nova era, constituirá uma ameaça ou será, antes, uma oportunidade? Convidámos quatro analistas de política internacional a olhar para o atual contexto geopolítico decorrente da chegada do conservador Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Gonçalo Saraiva Matias, docente da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa, entende que esta nova era é marcada por discordâncias políticas, jurídicas e económicas, as quais partem todas de uma mundividência comum: protecionista, isolacionista e fechada. Identifica, no plano do direito internacional, um regresso ao bilateralismo isolacionista. Mas considera que não se pode falar em clivagem, pois Trump revela-se próximo de alguns movimentos europeus em ascensão.

Paulo de Almeida Sande, professor de Construção Europeia do Instituto de Estudos Políticos da mesma universidade, opta por medir os prós e os contra da nova administração norte-americana. Identifica em Trump uma indefinição ideológica que constitui uma ameaça na medida em que torna impossível saber o que vai suceder nos inúmeros planos em que se movem os Estados Unidos. Mas defende que se perfila também uma oportunidade: a de a Europa assumir de forma plena as suas responsabilidades, nomeadamente construir uma verdadeira política europeia de defesa e completar a união monetária. No mesmo sentido, vai a posição de - 7 STORE 2017 -

Luís Teles Morais, diretor executivo do Instituto de Políticas Públicas, que advoga que, na época de Trump e do Brexit, se impõe, mais do que nunca, que os estados membros da União tomem a postura contrária e se voltem para os vizinhos, reforçando as instituições europeias e os seus equilíbrios económicos. Já Mário Avelar, Professor Catedrático em Estudos Americanos da Universidade Aberta, mergulha na história da construção americana para deixar aos europeus o desafio de refletirem sobre a complexa dimensão institucional em que a sociedade norte-americana está ancorada, sob pena de, no desconhecimento dessa dimensão, se repetirem chavões e lugares-comuns.


ANÁLISE

O contrário de Trump Na época de Trump e do Brexit, impõe-se, mais do que nunca, que os estados membros da União tomem a postura contrária e se voltem para os vizinhos, reforçando as instituições da União e os seus equilíbrios económicos.

Luís Teles Morais

Diretor executivo do IPP – Instituto de Políticas Públicas e assistente convidado do ISEG-ULisboa

Hoje esquecemo-nos, mas o papel dos EUA foi decisivo para iniciar o processo de integração que conduziu à atual União Europeia. Num processo simbolizado pelo Plano Marshall, os EUA pressionaram e ajudaram uma Europa fragilizada a organizar-se para dinamizar as suas economias. Já depois, no entanto, existiram momentos de tensão entre os EUA e a Europa no plano económico, nomeadamente na Guerra Fria. Trump volta a criar um momento de tensão transatlântica, trazendo o que parece ser uma quebra estrutural no papel dos EUA no “xadrez” do comércio internacional, deixando de ser o líder da ordem vigente, baseada na OMC e em acordos multilaterais. Será de esperar que a administração Trump e a maioria republicana venham a pôr em prática uma parte

importante das políticas económicas protecionistas que foram prometidas e estão atualmente em discussão: border adjustment tax, revisão ou cancelamento de acordos comerciais (como o tão discutido TTIP, que agora dificilmente verá a luz do dia). Como deve responder a Europa? Importa lembrar que, do ponto de vista económico, a UE (e a zona euro em particular) é não só fortemente integrada mas também bastante aberta para a sua dimensão: exporta mais de 40% do PIB, face aos 22% da China e aos 12-13% dos EUA. Pode argumentar-se, assim, que teria muito a perder num cenário de retração do comércio internacional ou numa eventual guerra comercial. Assim, a resposta não pode ser, embora tentadora no contexto político, responder na mesma moeda. A Europa deve, antes, tomar uma posição de liderança na promoção da manutenção e reforço da ordem global no comércio internacional, reforçando os acordos multilaterais existentes. Desde logo, com uma discussão ativa com os EUA, procurando contrariar as suas novas tendências protecionistas — algumas das quais diretamente danosas para os interesses europeus, como as políticas agressivas contra o México, país onde a UE27 tinha, em 2015, quase 200 mil milhões de dólares em investimento direto. E, mais do que isso, deve procurar aprofundar os laços com a China, o outro player maior no comércio global. Tal passará, em primeiro plano, por garantir o sucesso das negociações existentes para um tratado bilateral integrado com a potência asiática, que assegure a manutenção duradoura e aceleração das trocas entre os dois países, sem descurar a necessidade de impor padrões elevados ao nível ambiental, de segurança e qualidade, e de ética na produção. - 8 STORE 2017 -

Só com uma crescente harmonização da produção chinesa com os standards exigidos no Mercado Único pode tal objetivo económico — e, com Trump, (geo)estratégico — ser atingido de forma consistente com os valores e objetivos da União. De modo a conseguir alcançar esta meta, a Europa deverá, contudo, reforçar-se também internamente. É um paradoxo interessante: na época de Trump e do Brexit, impõe-se, mais do que nunca, que os estados membros da União tomem a postura contrária e se voltem para os vizinhos, reforçando as instituições da União e os seus equilíbrios económicos. Veja-se, por exemplo, que, para garantir o sucesso das negociações com a China e outros parceiros, decisivo para evitar um cenário de guerra comercial global, a Europa terá de ter uma voz única e firme nessas negociações, o que exige reforçar a legitimidade e estabilidade das instituições europeias. Por outro lado, tal só será possível se os desenvolvimentos políticos na Europa acompanharem este desígnio. Isso exigirá grande coragem dos líderes europeus, defendendo o comércio livre junto dos seus cidadãos e desmontando as falácias populistas, e, por outro lado, reformando as suas instituições de modo a robustecer a economia e inverter a tendência de aumento das desigualdades. Há um certo consenso na discussão técnica europeia sobre o que é preciso para isso: flexibilização das estruturas económicas – mais exportações e investimento (também público), mas também falências e despedimentos – e um apoio social mais forte – benefícios sociais, educação e saúde – com a introdução de um papel para a União a esse nível. Ver-se-á se é essa a vontade das populações, mas certo é que tudo isto representa o contrário de Trump.


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A nova era nas relações Europa– – Estados Unidos Esta nova era é marcada por discordâncias políticas, jurídicas e económicas. Mas partem todas de uma mundividência comum: protecionista, isolacionista e fechada. No plano do direito internacional, verifica-se um regresso ao bilateralismo isolacionista. A Presidência de Donald Trump inaugura uma nova fase nas relações entre a União Europeia e os Estados Unidos. Na verdade, trata-se de uma nova era na relação entre os Estados Unidos e a comunidade internacional. Trump anunciou ao que veio logo no seu discurso de tomada de posse, desmentindo os que alimentavam a esperança de diferenças fundamentais entre o candidato e o Presidente. De um ponto de vista político, Trump revela-se próximo de alguns movimentos europeus em ascensão. Deste modo, não se pode falar de uma clivagem entre EUA e UE, antes de tendências que se vêm revelando nos dois lados do Atlântico. Por um lado, Trump revela-se próximo de Farage, sendo a sua liderança elogiada por Marine Le Pen. Por outro, vaticina o fim do Euro, promove o Brexit e colide com Merkel. Esta nova era é marcada por discordâncias políticas, jurídicas e económicas. Mas partem todas de uma mundividência comum: protecionista, isolacionista e fechada. No plano do direito internacional, verifica-se um regresso ao bilateralismo isolacionista. Trump anunciou o fim das negociações do TTIP, e o desejo de denunciar unilateralmente acordos tão importantes como o Tratado Nuclear com o Irão ou o Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas. Este aspeto é muito problemático. Não apenas pelo seu impacto nestas áreas em especial, muito relevantes, mas também pelo que significa em termos de respeito dos Estados Unidos pelo direito internacional. É sabido que um país não pode desvincular-se unilateralmente de um

tratado, sobretudo quando ele tem muitas outras partes, como é o caso dos aqui referidos. No plano económico, este retrocesso põe em causa diretamente o comércio livre e as bases do sistema de comércio internacional. Se é certo que a própria Organização Mundial do Comércio vinha sentindo dificuldades de afirmação do multilateralismo – presente na sua criação, bem como na Doha Round – não é menos verdade que a existência de acordos regionais, como os que a UE negociou com o Canadá, ou os que os EUA vinham negociando com os países do Pacífico e com a UE, eram importantes instrumentos de desenvolvimento da ordem económica internacional. Um recuo aqui é essencialmente um recuo nessa ordem, militando a favor do fechamento e do protecionismo económico. Ao contrário, aliás, do que muitos dos opositores ao comércio livre advogavam – agora em sintonia com Trump, embora não gostem de o admitir – a celebração destes acordos não significa menos regulação, significa mais regulação. Na verdade, a inexistência de acordos de comércio permitiu às empresas uma atividade essencialmente desregulada, aproveitando as falhas de mercado, a exploração de mão-de -obra, a corrupção em países onde o controlo interno inexiste. Pelo contrário, e os padrões regulatórios dos acordos em negociação são disso prova evidente, os acordos de comércio permitem uma certa harmonização de práticas que ajuda à regulação da globalização, sem a travar ou pôr em causa. Deste modo, o protecionismo agora - 9 STORE 2017 -

Gonçalo Saraiva Matias

Docente da Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa

em voga acabará por fechar os países sobre si mesmos e por desregular, ainda mais, o comércio internacional que subsista. Esta nova fase dos EUA representa uma oportunidade para a Europa de recuperar uma liderança que há muito tinha perdido. Na defesa dos valores da dignidade humana e da democracia liberal. Para que isso aconteça, seria necessário ter uma Europa unida em torno dos seus objetivos fundacionais. Ora, pode bem suceder que, em lugar de se afastar desta nova linha seguida nos EUA, alguns países centrais na UE se venham a dela aproximar, na sequência das importantes eleições deste ano. Nesse caso, talvez se reequilibrem as relações EUA – UE, mas não necessariamente pelas melhores razões.


ANÁLISE

Trump e a Europa, luzes e sombras de uma presidência A indefinição de Trump, a que podemos chamar ideológica, é uma ameaça para a Europa. Torna impossível saber o que vai suceder nos inúmeros planos em que se move a potência norte-americana, preocupa os países europeus mais dependentes da NATO, assusta os mercados, lança a dúvida sobre o futuro das relações entre os dois lados do Atlântico.

Paulo de Almeida Sande

Professor de Construção Europeia do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa

A eleição de Donald Trump representa para a Europa, por muitas razões, uma ameaça e uma oportunidade. O novo Presidente norte-americano ainda é, de certa forma, um enigma, no que respeita à sua conduta, valores, e até no paradigma ideológico que representa. O seu programa eleitoral não cabe em nenhum modelo reconhecível, nem sequer, pro-

vavelmente, no do seu próprio partido, que nalguns aspectos ultrapassa pela esquerda. Muitas das suas posições e declarações, e já não apenas ao longo da campanha, parecem assentar num grande desconhecimento sobre a realidade, em particular no que respeita às relações internacionais. As primeiras medidas do seu governo, e sobretudo as declarações do próprio Donald Trump, via Twitter ou em directo – em conferências de imprensa, por exemplo –, demonstram essa falta de preparação, continuando por perceber o que pensa exactamente sobre dossiês como a China, a Rússia ou a Palestina (dois ou um Estado, tanto faz?... e Jerusalém?). Essa indefinição, a que podemos chamar ideológica, é uma ameaça para a Europa. Torna impossível saber o que vai suceder nos inúmeros planos em que se move a potência norte-americana, preocupa os países europeus mais dependentes da NATO, assusta os mercados, lança a dúvida sobre o futuro das relações entre os dois lados do Atlântico. Em quatro aspectos fundamentais, a ameaça é muito precisa: refiro-me ao comércio internacional, à questão climática, à NATO e à União Europeia. O novo Presidente americano favorece o fim da integração europeia, considerando o brexit uma boa notícia para a Europa; continua a defender a necessidade de os seus parceiros na Aliança Atlântica assumirem maiores encargos na organização; desconfia da responsabilidade humana no aquecimento - 10 STORE 2017 -

global, sendo um forte defensor de uma aposta forte nos combustíveis fósseis como o carvão; e é contra os acordos multilaterais de comércio livre, a começar pelo Transpacífico, que já denunciou, e pela NAFTA, entre os Estados Unidos, Canadá e México, que diz ser uma “very bad thing” e que promete eliminar, restando saber como. Trata-se de uma agenda proteccionista, com recurso quase exclusivo a acordos bilaterais de comércio, tendo como objectivo final garantir o maior benefício possível para os Estados Unidos (em detrimento dos seus parceiros). O jogo não é de soma positiva, mas sim de vencedores e vencidos. Trump é uma ameaça para a Europa, afinal, porque o seu programa económico se baseia no retorno a um nacionalismo económico contrário ao aprofundamento das relações multilaterais e representa, dessa forma, um dos lados de uma dicotomia muito marcada no plano internacional, em que globalismo e nacionalismo se confrontam. É o retorno à preponderância da soberania dos Estados-nação, contraposto a uma

“Muitas das suas posições e declarações, e já não apenas ao longo da campanha, parecem assentar num grande desconhecimento sobre a realidade, em particular no que respeita às relações internacionais”


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“Trump é uma ameaça para a Europa, afinal, porque o seu programa económico se baseia no retorno a um nacionalismo económico contrário ao aprofundamento das relações multilaterais”

organização do sistema político internacional que considera a globalização como um dado adquirido e a carecer de uma resposta supranacional. Deixei de lado propositadamente, neste elenco de razões, a questão da imigração e dos refugiados, o problema do islamismo radical e do Daesh, a luta contra o terrorismo. São dimensões muito específicas, respeitando directamente à segurança das pessoas na sua esfera mais próxima – nacional, regional, pessoal. Essa foi provavelmente, a par da económica, a principal causa para a eleição de Trump, como para muitos dos populismos actuais. Ensina-nos a história, contudo, que soluções securitárias como as preconizadas pelo novo Presidente norte -americano não são nem sustentáveis nem eficazes (ou talvez não sejam eficazes por não serem sustentáveis). Resta saber, nomeadamente, se ameaças (para lhes chamarmos assim, o que não é totalmente correcto) globais como a imigração massiva de povos de zonas subde-

senvolvidas e carenciadas, os refugiados ou o terrorismo transfronteiriço, são mais bem combatidas através de medidas proteccionistas, nacionalistas e securitárias ou pela cooperação supranacional, nomeadamente através da colaboração das polícias, dos serviços de informação, dos serviços alfandegárias e dos sistemas nacionais de justiça. A resposta não me parece difícil, o que torna a visão de Trump nesta matéria mais um motivo para nos preocuparmos. Todas estas razões, e outras que necessitariam de mais tempo de elaboração e explicação, justificam designar a Presidência de Donald Trump como uma ameaça para a União Europeia. Talvez o seja, também, para a Europa enquanto continente, é-o provavelmente para a comunidade global no plano dos valores, da solidariedade internacional, na luta contra as alterações climáticas. Os Estados Unidos não são um país qual-

“Ensina-nos a história, contudo, que soluções securitárias como as preconizadas pelo novo Presidente norteamericano não são nem sustentáveis nem eficazes (ou talvez não sejam eficazes por não serem sustentáveis)” - 11 STORE 2017 -

quer, são a maior potência mundial. Mas a par de tão formidável ameaça perfila-se a oportunidade, para a Europa, de assumir finalmente – de forma plena – as suas responsabilidades. De construir uma verdadeira política europeia de Defesa, no que já se começa a falar nas instituições europeias e um pouco por toda a Europa. De completar, com base numa solidariedade de facto – a mesma de que falava Robert Schuman em 1950 –, a união monetária. De concretizar políticas comuns indispensáveis no plano europeu, como uma política efectiva e eficaz para os refugiados, de segurança interna, de mercado de capitais. Para lograr fazê-lo, por outro lado, tem a União Europeia de lavar a cara e apresentar aos europeus um rosto credível, uma voz poderosa e global, uma verdadeira preocupação com o fosso económico entre os europeus. E tem de devolver aos seus membros as políticas ou partes das políticas europeias que não se justificam ser prosseguidas no âmbito supranacional, podendo tão ou mais eficazmente ser exercidas no plano nacional (é, afinal, a definição mesma de subsidiariedade). A integração europeia não é só, poderá dizer-se que não é sobretudo, as suas instituições, ao contrário do que por vezes se gosta de propalar: ela começa nos Estados-nação, nos seus líderes e políticos em geral, sem os quais nunca a União Europeia será capaz de aproveitar esta oportunidade. Este artigo foi escrito ao abrigo do anterior acordo ortográfico.


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Estados Unidos, as realidades de um mito De que forma a América saberá prosseguir na senda dessa incorporação das diferentes alteridades na tradição profundamente democrática (e também mítica) que ali se tem vindo a sedimentar ao longo dos anos é a questão mais interessante que hoje se coloca.

Mário Avelar

Professor Catedrático em Estudos Americanos da Universidade Aberta Em determinado momento de “Jackie”, o filme do realizador chileno Pablo Larraín, somos confrontados com a protagonista, a primeira-dama dos Estados Unidos, ensaiando uma frase em castelhano. Jackie acompanha, então, o marido na deslocação que viria a revelar-se fatal, a Dallas, no Texas. Sendo este, já no início dos anos sessenta do século passado, um Estado de forte componente hispânica, compreende-se quão relevante pode ser, no âmbito de uma estratégia de aproximação política, esta ida ao encontro desse mesmo segmento sociocultural. Mais curioso, porém, será o conteúdo da breve alocução que a primeira-dama ensaia. Afirma ela que a presença hispânica em terras do Novo Mundo antecede em cem anos a dos seus antepassados, isto é, aqueles que eram oriundos de culturas de expressão inglesa. Jackie referia-se, em particular, à “en-

trada” de Hernando De Soto em terras que mais tarde haveriam de dar corpo a vários estados americanos: a Florida, a Geórgia, as duas Carolinas, o Tennessee, o Alabama, o Luisiana. Curiosamente, a narrativa da viagem de De Soto estaria a cargo de um português que ficaria para a História através da designação algo anónima de Fidalgo de Elvas. Com De Soto não é apenas uma cultura, a católica, que ensaia no Novo Mundo os seus primeiros passos, é, acima de tudo, uma dimensão mítica que começa a insinuar-se, a das chamadas cidades do ouro, algures localizadas mais a norte. Já no século XIX, o mito do Eldorado, associado à corrida ao Ouro na Fronteira que então era o Oeste, de alguma forma retoma essa memória, também ela, mítica iniciada pelos primeiros exploradores espanhóis. “Eldorado” será, aliás, o título de um famoso poema de Edgar Allan Poe, que um célebre western com John Waine e um ainda muito jovem James Caan tomará como seu. Entretanto, com a chegada dos colonos oriundos de Inglaterra, foi toda uma tradição protestante, de particular incidência puritana, que ali começou a inscrever-se. Com ela emergiram mitos fundamentais, como o da Terra Prometida e do Povo Eleito; mitos esses que ainda hoje persistem. Além disso, e talvez acima de tudo, é uma cultura ferozmente individualista, baseada numa radical ética de responsabilidade individual, que ali se vai desenvolvendo. A referência ao individualismo não rasura, porém, uma experiência de vida comunitária, a partir da qual uma consciência cívica e uma autonomia face a um poder central (leia-se Washington) se vão impondo. A própria tradição evangélica oitocentista, nuclear para a compreensão da América de hoje, irá - 12 STORE 2017 -

ajudar a sedimentar uma cultura de responsabilidade individual num contexto comunitário, e também mítico – o chamado Destino Manifesto. Por seu turno, as sucessivas vagas migratórias irão significar uma diversificação do perfil étnico (que no século XIX ficaria conhecido como melting pot) que, todavia, se identifica com os valores fundamentais enunciados nos textos fundadores: a Declaração de Independência e a Constituição. É este universo radicalmente prismático, feito de tensões entre interpretações distintas daquilo que alguém um dia designou a retórica do consenso – o tal solo mítico feito das vertentes que elipticamente assinalei –, que nós, europeus, amiúde ignoramos, esquecendo quão relevante é a complexa dimensão institucional em que aquela sociedade está ancorada. Quando o Presidente Kennedy avançou com o desígnio do espaço como Nova Fronteira, e quando proclamou “não pensem no que a América pode fazer por vós, mas sim no que podem fazer pela América”, ele estava a sintetizar toda uma tradição mítica radicada na responsabilidade de cada cidadão e cidadã; uma tradição que, pela sua fortaleza institucional, tem sido capaz de assimilar tensões, diferenças, radicalismos vários. De que forma a América saberá prosseguir na senda dessa incorporação das diferentes alteridades na tradição profundamente democrática (e também mítica) que ali se tem vindo a sedimentar ao longo dos anos é a questão mais interessante que hoje se coloca. Uma coisa é certa: sem as categorias intelectuais certas para compreender esta realidade complexa que elipticamente assinalei, estaremos destinados a repetir chavões e lugares-comuns que em nada ajudam a penetrar no seu âmago.


JUNHO

Nacional e Internacional Novos Mercados, Novos Compradores, Novas Oportunidades Organização

Parceiros


Conjuntura

Ana Isabel Trigo Morais, diretora-geral da APED

“A economia portuguesa tem vindo a dar sinais positivos” Segmentação, modelos de comércio de proximidade, adesão ao comércio online e aos pagamentos mobile. Estas são, para a diretora-geral da APED, Ana Isabel Trigo Morais, algumas das tendências que deverão consolidar-se no retalho em 2017. Também a dinâmica promocional deverá manter-se durante este ano.

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Store Magazine | Que expetativas tem para o desempenho do sector do retalho em 2017? Ana Isabel Trigo Morais | A economia portuguesa tem vindo a dar, de um modo geral, sinais positivos com alguns índices a indicarem crescimento. Refletem um aumento da confiança, mas requerem um olhar prudente, uma vez que acreditamos que o consumo privado e o investimento empresarial continuarão a ser condicionados por fatores de ordem interna e externa. Este panorama exige que o sector da distribuição e do retalho continue a estar bastante atento a flutuações do consumo e que continue a ser capaz de se adaptar aos diferentes contextos. O empenho colocado pelas empresas do sector, em conjunto com todos parceiros da cadeia de valor, permitiu ultrapassar com sucesso os desafios dos últimos anos. O sector tem de continuar a apostar em estratégias adequadas à realidade, capazes de prever crescimentos, quebras e redireccionamentos de consumo, que conjuguem a capacidade de uma rápida e assertiva resposta a um consumidor efetivamente mais atento e exigente e modelos de negócio moldáveis e adaptáveis às alterações económicas, legislativas e fiscais.

maior capacidade de ajuste às flutuações do mercado com estratégias de negócio mais eficazes. Store | Em que medida é que uma melhor articulação entre produção e distribuição pode reverter a favor do consumidor? AITM | Os consumidores são o verdadeiro enfoque deste documento, que visa o equilíbrio da cadeia de valor que o serve. Acreditamos que a maior eficiência e otimização de recursos que este código incorpora torna a cadeia agroalimentar mais sustentável, competitiva e, logo, mais próxima do consumidor, que virá a beneficiar com uma oferta de produtos mais vasta, ainda de melhor qualidade, mais próximos e de mais fácil acesso. Estamos perfeitamente conscientes, no entanto, que o perfil dos consumidores é extremamente mutável, pelo que teremos sempre de estar a par da sua dinâmica e ser capazes de resolver em conjunto novas e complexas questões.

“O sector tem de continuar a apostar em estratégias adequadas à realidade, capazes de prever crescimentos, quebras e redireccionamentos de consumo, que conjuguem a capacidade de uma rápida e assertiva resposta a um consumidor efetivamente mais atento e exigente e modelos de negócio moldáveis e adaptáveis às alterações económicas, legislativas e fiscais”

de negócio se desenvolve já com base neste tipo de loja a multiplicar os seus espaços em todo o país, nomeadamente fora dos grandes centros urbanos. A importância destes formatos de proximidade sente-se em várias dimensões: Store | Que tendências de consumo serviço mais próximo do consumiperspetiva que venham a ganhar dor; revitalização de centros urbanos; oportunidades para a produção local. peso durante este ano? AITM | São várias as análises e os es- Não podemos esquecer, também, as tudos que falam nas tendências para tendências na área do digital e do moeste ano e para o futuro, mas os players bile que começam, de facto, a ganhar do sector, pelo seu grande dinamismo terreno. Acreditamos que este seja um Store | Em dezembro foi assinado e capacidade de inovação e adaptação ano de consolidação da adesão dos um Código de Boas Práticas Comer- às exigências do mercado, sabem exa- clientes ao comércio online e também ciais. Qual a relevância para o sec- tamente em quais apostar e investir. aos pagamentos mobile. Note-se que, tor agroalimentar? Uma tendência que já temos vindo a de acordo com dados da Nielsen, mais AITM | O Código de Boas Práticas assistir e que se espera consolidada de metade dos portugueses que opComerciais, assinado entre a APED, em 2017 é a segmentação. As grandes tam por fazer compras online fazemCAP, CCP, CIP, CNA e CONFAGRI, superfícies, por exemplo, têm vindo a nas via mobile e 68% admite utilizar resulta de um diálogo de longa data dar largos passos neste sentido e nos estes aparelhos para pagamentos. Os entre estes intervenientes na cadeia últimos anos têm florescido os espa- resultados são superiores aos da méagroalimentar. Trata-se de um docu- ços inteiramente dedicados a serviços dia europeia. mento de cariz voluntário que refle- e produtos específicos. São apenas Por último, não podemos deixar de te o empenho comum em promover alguns exemplos as áreas de saúde e prestar atenção ao que os clientes a cooperação nas relações entre si bem-estar, as zonas de produtos bio- procuram, uma vez que acreditamos e vem permitir um relacionamento lógicos e sustentáveis, os espaços de que continuarão a dar importância à equilibrado e equitativo entre estes refeições e pronto-a-comer e as áreas melhor relação preço-qualidade, pois agentes económicos. Este código dedicadas aos animais de estimação. continuam sensíveis ao fator preço. materializa uma real aposta na trans- Assistiremos também à consolidação Por esse motivo, a dinâmica promoparência, no diálogo e na autorregu- dos modelos de comércio de proximi- cional que se vem registando deverá lação. dade, o que vem refletir uma capacida- continuar a manter-se em 2017. É relevante na medida em que vem de de ajuste dos operadores aos novos afinar detalhes em procedimentos e perfis e exigências dos consumidores. Store | De que modo tem o retalho práticas entre os setores da cadeia Temos os grandes operadores a apos- nacional incorporado as preocupaagroalimentar. Permite, por exemplo, tar em formatos de menor dimensão, ções ambientais? uma maior fluidez de troca de co- sobretudo, nos centros das cidades, e AITM | O sector está plenamente nhecimento e, por conseguinte, uma temos também as cadeias cujo modelo consciente da importância de uma - 15 STORE 2017 -


Conjuntura

“Acreditamos que a maior eficiência e otimização de recursos que este código incorpora torna a cadeia agroalimentar mais sustentável, competitiva e, logo, mais próxima do consumidor, que virá a beneficiar com uma oferta de produtos mais vasta, ainda de melhor qualidade, mais próximos e de mais fácil acesso”

maior eficiência na utilização e gestão de recursos pelo bem-estar do planeta e dos consumidores. É estrito cumpridor das obrigações legais aplicáveis à sua atividade e, além disso, aposta voluntariamente neste campo, inovando com soluções e boas práticas ao nível da gestão e da operação aplicadas a áreas tão diversas como a energia, as emissões atmosféricas, os resíduos e até mesmo a sensibilização ambiental da comunidade. Neste âmbito da responsabilidade ambiental, a APED tem vindo a desenvolver um trabalho sustentado no sentido de fornecer ferramentas e informação aos seus associados e ajudá-los a melhor definir políticas e estratégias ambientais cada vez mais orientadas por conceitos como a economia circular. Em breve teremos novidades nesta área, nomeadamente com novas ferramentas como o Guia de Boas Práticas Ambientais e a Carta de Sustentabilidade.

mitigar as consequências sociais, ambientais e económicas do desperdício de alimentos. Na brochura “Na Medida Certa – a APED na Prevenção do Desperdício Alimentar”, lançada em meados do ano passado, fizemos um retrato das ações desenvolvidas pela distribuição e apresentámos igualmente um conjunto de soluções concretas para potenciar o esforço que tem vindo a ser feito. Destacamos a urgência em reformular o enquadramento legal de forma a promover a desburocratização do processo de doações e apostar num enquadramento fiscal no sentido de potenciar o mesmo. Verificamos que o regime vigente é penalizador não apenas para as empresas mas, acima de tudo, para a resolução desta questão social. Entre outras soluções que defendemos neste documento realçamos a clarificação e reforço da distinção entre “data limite de consumo” e “data de durabilidade mínima”, a inserção no mercado de produtos não calibrados ou com calibres fora da norma e o investimento real em campanhas de sensibilização dirigidas a todos os intervenientes da cadeia alimentar.

Store | Qual tem sido o papel da APED no combate ao desperdício alimentar? AITM | Evitar e combater o desperdício alimentar deve ser um desígnio de todos os setores. O sector da distribuição assumiu há vários anos um compromisso nesta área e tem vindo a Store | Que desafios vai o novo Reguapostar não só em estratégias internas lamento de Proteção de Dados colocomo modelos que incluam os inter- car às empresas portuguesas de disvenientes de toda a cadeia de valor – tribuição? desde a relação com produtores à co- AITM | O novo Regulamento Geral municação com consumidores – para de Proteção de Dados (RGPD), aplicá- 16 STORE 2017 -

vel a partir de 25 de maio de 2018, tem uma enorme complexidade jurídica e um regime sancionatório com valores bastante elevados. Este documento vem colocar novas balizas em matéria de tratamento de dados pessoais, pelo que urge que seja feito um trabalho cuidadoso de ajustamento a estas novas regras para garantir o seu adequado cumprimento. O sector da distribuição e retalho, pelo papel que desempenha junto do consumidor e pela sua dimensão e abrangência, é um dos pioneiros na modernização e simplificação nesta matéria, mas terá naturalmente de fazer alguns ajustes. O desafio aqui é fazer estas alterações em departamentos tão distintos como os do marketing ou recursos humanos. As empresas do sector irão, naturalmente, garantir o adequado cumprimento do RGPD, demonstrando toda a confiança e segurança do tratamento de todos os dados. Store | Como se pode fazer face à diminuição do consumo de leite e derivados? AITM | O leite e produtos derivados passaram, efetivamente, por um período de quebra de consumo, sobretudo porque foram criados muitos mitos em torno da sua ingestão. Devemos desconstruir as mensagens que foram passadas e foi precisamente esse o objetivo da APED que, em conjunto com a Associação Interprofissional do Leite e Lacticínios e o apoio da Direção-Geral da Saúde e da Associação


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Portuguesa dos Nutricionistas, lançou uma campanha de sensibilização para o consumo de leite e produtos lácteos nacionais. Ao longo de dois meses estivemos em mais de 1500 espaços da distribuição e em diversos suportes de comunicação com mensagens claras e positivas sobre as mais-valias da ingestão destes produtos e o seu contributo num plano de alimentação saudável. Esta iniciativa refletiu o compromisso das associações em colocar em prática soluções para fazer face à conjuntura vivida pelo sector do leite e vem abrir portas a futuras ações em parceria. Assinalamos que, segundo dados do INE, a maioria do leite e produtos lácteos vendidos nos espaços da distribuição é de origem nacional, refletindo-se no aumento de 8,3% de leite consumido de produção nacional, em volume, no período entre 2010 e 2015. Estes são sinais positivos e acreditamos que campanhas de sensibilização como esta possam impulsionar novamente o consumo, mas convém relembrar que além das campanhas de sensibilização para o consumo de leite e derivados é necessário apostar na inovação de produto para corresponder às novas exigências dos consumidores.

vindo a ganhar relevo, sendo que 80% são vendidos pelos associados da APED, num total de mais de 20% (em volume) daqueles medicamentos vendidos em Portugal. A comercialização dos MNSRM fora das farmácias começou há mais de 10 anos e é altura de fazer um balanço, justamente no sentido de alargar esta lista. Internacionalmente, há exemplos de mercados onde isto já foi feito, nomeadamente com medicamentos para terapias simples para casos não graves, como os antipiréticos, anti -inflamatórios ou anti-histamínicos. Estes espaços estão preparados para uma maior abrangência, com toda a capacidade de aconselhamento proStore | Que vantagens teria o aumen- fissional na área do autocuidado e to da lista de medicamentos não su- automedicação. Consideramos também que a expansão do sector da disjeitos a receita médica (MNSRM)? AITM | A venda de medicamentos tribuição na área da saúde e bem-esnão sujeitos a receita médica nos tar corresponde às expectativas dos espaços de saúde e bem-estar tem consumidores. aposta na área dos cuidados e produtos óticos são um exemplo. Consideramos que este segmento tem espaço para crescer e inovar, quer na gama de produtos quer no tipo de serviços a disponibilizar. Hoje o nosso apelo é para que as instâncias competentes analisem estes espaços não apenas do ponto de vista económico como modelo de negócio corrente ao canal farmácias, mas sobretudo da perspetiva da saúde pública. Têm profissionais qualificados, a oferta de produtos e serviços é de confiança e muito têm contribuído para o acesso da população a cuidados de saúde e bem-estar.

Store | Acredita que os espaços de saúde e bem-estar vão ganhar ainda mais dimensão nos hipermercados? AITM | A aposta nesta área tem vindo a ter progressos significativos ao longo dos últimos anos. Os espaços de saúde da distribuição são hoje perto de 600 e constituem uma inovação no leque de serviços prestados ao consumidor. O conceito dos espaços de saúde e bem-estar complementares a híper e supermercados foi muito bem aceite pelo consumidor português e, na última década, temos conquistado a sua confiança. Em benefício do consumidor, por um lado, apostamos na disponibilização de uma oferta com valores apelativos, o que permite uma redução nos gastos com produtos nesta área. Por outro lado, numa época em que os portugueses demonstram estar cada vez mais conscientes, informados e atentos às questões da saúde e estilos de vida saudáveis, temos acompanhado as suas necessidades e estamos a inovar e tornar a oferta mais ampla – a - 17 STORE 2017 -


STORE NEGÓCIO

Uma oferta “única” no sector do retalho Um formato inovador que veio diversificar a oferta em Portugal. É assim o El Corte Inglés, na visão do diretor-geral dos Grandes Armazéns do grupo, Ángel Vaca. Isto porque, seja qual for o departamento que o consumidor eleja, o interlocutor é sempre o mesmo – a própria insígnia. Foi com a abertura de um grande armazém em Lisboa que a cadeia espanhola El Corte Inglés deu início à expansão internacional. Estava-se em 2001, e, desde logo o formato “inovador” veio diferenciar a oferta no sector do retalho em Portugal: “Somos uma loja, um lugar único, pelo que, independentemente do departamento que o consumidor eleja, seja moda, decoração, alimentação ou livraria, o interlocutor é sempre o mesmo, é sempre o El Corte Inglés”, afirma o diretor-geral dos Grandes Armazéns El Corte Inglés, Ángel Vaca. O próprio conceito do grupo

difere daquele que se convencionou chamar “centro comercial”. Isto porque o El Corte Inglés se apresenta como “um Grande Armazém, que é, aliás, um formato bem mais vetusto que o de centro comercial”, esclarece. Mas a diferenciação trabalha-se também através de um atendimento “com profissionalismo e qualidade”, independentemente do serviço ou do produto. Esta unidade de critérios, de linguagem e de interlocutor é, assegura o responsável, a maior distinção em relação aos centros comerciais tradicionais, a que se juntam as características próprias do El - 18 STORE 2017 -

Corte Inglés. Características essas que, afirma, “são muito simples de explicar e muito difíceis de manter”. São elas “qualidade, serviço e garantia”. Mas são também esses traços que fazem com que as marcas ali queiram estar presentes e tenham com o grupo uma relação simbiótica: “Beneficiam da forma única de comunicar e de expor os produtos e o El Corte Inglés beneficia da sua capacidade de inovação e da qualidade dos seus produtos”. Uma associação que decorre de um trabalho permanente de pesquisa de mercado, tanto por parte do grupo como das pró-


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prias marcas, que, de acordo com o diretor, também procuram o El Corte Inglés “porque acreditam que tem valor para lhes acrescentar e é um foco de atração de público”. Seguindo esta perspetiva, o grupo tem sido responsável pela disponibilização de insígnias internacionais aos consumidores portugueses, tal como foi a GAP em setembro de 2016. Uma estratégia que “faz parte do ADN de um Grande Armazém”. Para isso, vale-se dos escritórios que tem “pelo mundo inteiro”, com profissionais que procuram “as mais recentes novidades, os produtos mais apelativos, as marcas mais conceituadas”. As marcas nacionais também estão incluídas nesta procura, e, segundo o responsável, no Supercor, cadeia de supermercados gerida pelo grupo, onde o volume de compras a fornecedores nacionais é superior a 75%. Já nos restantes departamentos, de acordo com Ángel Vaca, o volume é muito variável: “Se na livraria chega, por razões evidentes, quase aos 100%, na moda é inferior a 50%”. Além do “orgulho em contribuir para as exportações de produtos portugueses para Espanha”, o grupo

conta com as marcas nacionais para complementar a oferta e adaptá-la à exigência dos clientes. “Para manter a confiança e a capacidade de atração temos de corresponder às expectativas e, simultaneamente, ter a capacidade de surpreender”. Mais do que um método de diferenciação face à restante oferta comercial do País, trata-se, assegura, da concretização da principal estratégia do grupo: “A de honrar os compromissos com os clientes a quem se fez a promessa de manter a qualidade, o serviço e a garantia”. É nesta estratégia que também se insere o desenvolvimento de um assistente digital (chatbot) e o Click & Now, por exemplo. O primeiro apresenta-se como um serviço de apoio ao cliente no chat do Facebook do El Corte Inglés Portugal, que, composto por um fluxo de respostas automático/ robotizado, disponível 24h/dia, permite dar uma assistência mais rápida e eficiente aos clientes. O segundo, por sua vez, define-se como um serviço de entregas rápidas, que faz as encomendas chegaram até aos clientes no prazo máximo de uma hora. Apostas que visam responder

a novas necessidades, relacionadas com as transformações sentidas no sector do retalho nos últimos anos. “Desenvolveram-se os sistemas operacionais e logísticos, o e-commerce está em plena ascensão, os sistemas de entregas e de reposição de mercadorias são cada vez mais sofisticados, a oferta está em permanente renovação e a concorrência é cada dia mais dinâmica e desafiante”. Apesar da predisposição para a inovação, tentando assim responder à exigência de um determinado perfil de consumidor, sublinha o diretor que nenhuma destas soluções substitui ou invalida a crença que o grupo tem no atendimento personalizado. Além do investimento no negócio online, o grupo está a promover reformas nas lojas físicas. Em Lisboa, por exemplo, estão a decorrer “grandes transformações”. Alterações que, de acordo com o responsável, “representam um investimento tremendo e que, como todas as mudanças, implicam alguns transtornos”, avizinhando assim “um ano complicado”. Contudo, a perspetiva de negócio é positiva, com crescimento em relação ao ano anterior.

“Existem condições para mais uma ou duas lojas em Portugal”

Ángel Vaca, diretor-geral dos Grandes Armazéns El Corte Inglés

Store Magazine | O El Corte Inglés completou 15 anos em Portugal. O que mudou no sector do retalho? Ángel Vaca | Ao longo dos últimos 15 anos mudou muita coisa. Creio, aliás, que nunca este sector havia sofrido tantas mudanças em tão curto espaço de tempo. Desenvolveram-se os sistemas operacionais e logísticos, como nunca antes na história do retalho; o e-commerce está em plena ascensão, os sistemas de entregas e de reposição de mercadorias são cada vez mais sofisticados, a oferta está em permanente renovação e a concorrência é cada dia mais dinâmica e desafiante. Apesar de toda esta vertigem, no caso do El Corte Inglés, as variáveis principais continuam a ser válidas e tão - 19 STORE 2017 -

ou mais importantes do que antes. O serviço, a qualidade e a garantia são os valores que continuam a nortear o nosso posicionamento no mercado. Acredito que todas estas mudanças, a que também temos de aderir, só poderão ser concretizadas com sucesso se as soubermos implementar sem beliscar estas premissas fundamentais. Store Magazine | Como vê a evolução dos centros comerciais em Portugal? Há espaço para crescer? AV | Quando há uma concorrência livre, há sempre lugar para novos espaços, seja porque querem competir no mercado já existente, seja porque se acredita que há ainda mercados novos por conquistar. O nosso conceito não é propriamente aquele que se


NEGÓCIO urbanos muito apelativos, são estes dois, Lisboa e Porto, que continuam a merecer a nossa maior atenção.

INOVAÇÃO Foi para acompanhar a tendência de investimento das marcas em bots e gerir melhor a informação a disponibilizar aos clientes que o El Corte Inglés decidiu apostar no desenvolvimento de um chatbot no Facebook. Trata-se de um assistente digital, integrado no chat da página da empresa naquela rede social, que se propõe dar resposta às principais questões dos clientes e seguidores sobre temas relacionados com as lojas e serviços. Organizado em três áreas – informações, ofertas e cupões, e promoções –, este chatbot é comconvencionou chamar “centro comercial”. Somos um Grande Armazém, que é, aliás, um formato bem mais vetusto que o de centro comercial. Os Grandes Armazéns surgiram no final do séc. XIX, ao passo que os centros comerciais vieram quase um século depois. Já cá andamos há muito tempo, nem todos se souberam adaptar, mas nós temos conseguido fazê-lo e, sobretudo, temos conseguido manter a confiança dos consumidores. Em Portugal, só temos duas unidades deste formato e acreditamos que existe espaço para mais uma ou duas, mas não estou em condições de lhe dizer quando. Store Magazine | Em termos de negócio, como foi a evolução do El Corte Inglés? Houve queda de vendas com a crise? AV | A evolução foi muito positiva. Desde 2001 até agora temos registado crescimentos sistemáticos e consistentes, tanto em termos de vendas como de resultados. Durante os anos de abrandamento económico tivemos de nos adaptar, evidentemente. E talvez por isso conseguimos ultrapassar esse período com resultados positivos. Store Magazine | Conta com dois centros em Portugal, um em Lisboa e outro no Porto. O que justifica este posicionamento? AV | Os Grandes Armazéns são formatos muito urbanos, cujo sucesso depende muito da relação que esta-

posto por um fluxo de respostas automático/robotizado (24h/dia), mantendo, como complemento, a aposta no chat para uma resposta mais personalizada. O bot permite, assim, reforçar a presença da insígnia nos touchpoints onde os clientes já estão. A expectativa é que o bot permita aumentar em mais de 80% a interação com os clientes. Este lançamento é enquadrado na estratégia multicanal do El Corte Inglés, objetivo para o qual concorre também o serviço de entregas em uma hora, o Click & Now.

Store Magazine | Qual o contributo do El Corte Inglés para a economia nacional? AV | O nosso volume de negócios anual é superior a 400 milhões de euros, com um Valor Acrescentado Bruto muito considerável dentro do sector, o que advém, entre outros, do facto de termos um quadro de pessoal muito extenso e muito qualificado. É um negócio muito exigente, mas sentimo-nos confortáveis por sermos um agente de crescimento e de progresso na sociedade em que estamos inseridos.

Store Magazine | Como serão os próximos 15 anos? AV | Nos tempos que correm, à velocidade a que correm, seria um grande atrevimento da minha parte fazer uma previsão a 15 anos e eu procuro ser mais prudente do que atrevido. Posso apenas manifestar os meus desejos para que o El Corte Inglés continue a ser um agente Store Magazine | Estar presente económico positivo na economia noutras regiões do País faz parte dos portuguesa e que continue a merecer a confiança e a preferência dos planos? AV | Embora existam outros centros clientes. belecem com a cidade e que é sempre muito idiossincrática. A nossa loja de Gaia Porto é diferente da de Lisboa porque o meio em que estão inseridas também é diferente. No entanto são os dois maiores centros urbanos do país, pelo que é natural que tenhamos começado por aí.

RAIO X

23

2000

de novembro de 2001

trabalhadores contratados, mais de 200 dos quais chefias

dia de abertura em Lisboa MAIS DE 3000 trabalhadores em 2016, mais de 800 dos quais participaram na inauguração

250 milhões

250 milhões de euros investidos em

2001

- 20 STORE 2017 -

de euros de compras em Portugal em 2016

MAIS DE

50%

de fornecedores portugueses


ESTRATÉGIA

Sara Batista

Dar ao Algarve o que ele precisa Uma resposta à falta de uma oferta alargada de comércio e serviços na região algarvia. É assim que se justifica a aposta da IKEA Centres, com o desenvolvimento do MAR Shopping Algarve, que junta três complexos num só – centro comercial, loja e designer outlet. Características que levam o grupo a esperar mais de nove milhões de visitantes ao ano. Portugal foi o primeiro país em toda a Europa a inaugurar um centro comercial com uma loja IKEA totalmente integrada, com a abertura, em 2008, do MAR Shopping Matosinhos. Nove anos depois, a IKEA Centres volta a apostar neste mercado, desta vez em Loulé, para um projeto “inovador”. Trata-se do MAR Shopping Algarve, que, com uma arquitetura que combina “elementos futuristas” com a tradição arquitetónica da região, junta três complexos num só – centro comercial, loja IKEA e designer outlet. Uma resposta à lacuna sentida pelos algarvios,

que, de acordo com o diretor de gestão de ativos da IKEA Centres para os mercados Portugal, Espanha e França, Vasco Santos, “há muito reclamavam um projeto com uma oferta alargada de comércio e serviços, sem terem de percorrer grandes distâncias para encontrar o que precisam”. Pretende-se, assim, oferecer “a qualidade de uma experiência de compra versátil”, beneficiando de três espaços concebidos de forma integrada e com base nas características e necessidades da população local. A par disso, tendo o Algarve uma dinâmica “muito forte”, que - 21 STORE 2017 -

está intimamente ligada ao turismo e ao crescimento do número de residentes estrangeiros, este projeto comercial visa também responder às necessidades desses públicos, fornecendo-lhes uma “melhor oferta comercial, melhores espaços de lazer e serviços diferenciadores”. Mas este projeto, adianta o responsável, reveste-se de carácter “suprarregional”, com uma zona de influência que ultrapassa as fronteiras da região algarvia. “Ao juntar a loja IKEA, o centro comercial e o designer outlet, iremos certamente atrair visitantes e clientes espanhóis e também


ESTRATÉGIA do Alentejo”. Isto porque, explica, Loulé, além de ser um concelho “dinâmico”, oferece também uma localização “conveniente” para um projeto com estas características, apresentando-se como uma “referência para o turismo nacional”. O grupo acredita que, por estas razões e pela proximidade com Espanha, esta é a localização “ideal” para aquele que é o primeiro projeto no sul do país. “Efetivamente marcamos presença numa área privilegiada, com grande visibilidade e acessibilidades a partir de todas as zonas do Algarve”. Para esta aposta, e especificamente no caso do designer outlet, a IKEA Centres estabeleceu um acordo de joint-venture com o Grupo Mutschler, por apresentar uma “alargada experiência” no de-

senvolvimento e na gestão de formatos semelhantes noutros países europeus. “Apesar de estarmos a falar de retalho, o negócio dos outlets tem especificidades próprias e por isso fazia todo o sentido aliarmo-nos com um grupo que pudesse trazer valor acrescentado, quer na parte de comercialização, quer na gestão operacional”, explica. Neste projeto, a IKEA Centres investiu cerca de 200 milhões de euros. Um investimento que, segundo o diretor, segue uma perspetiva de longo prazo, onde o objetivo é criar relações duradouras, quer com a comunidade, quer com os parceiros de negócio. “Esta forma de estar no mercado dá-nos efetivamente liberdade para nos focarmos naquilo que é a nossa ambição: contribuirmos para um

“os novos projetos terão que ser absolutamente diferenciadores e inovadores para ganharem posições de liderança”

Reinventar e transformar

VASCO SANTOS

Store Magazine | Diria que Portugal tem uma oferta de qualidade no que respeita aos centros comerciais? Vasco Santos | Portugal é uma referência neste sector, graças à fantástica competência desenvolvida por várias empresas. E, se virmos bem, foram os centros comerciais que elevaram o nível de qualidade de muitas marcas de retalho que hoje têm sucesso fora de Portugal, já que

existe um nível de exigência e de competitividade dentro dos centros comerciais que forçou a necessidade em melhorar o serviço, o design das lojas e qualidade dos produtos. Portugal é já, neste momento, um mercado maduro no sector. A evolução só será possível através da reinvenção e da transformação, quer dos novos centros comerciais quer dos existentes. Mas no fim será o cliente que irá ganhar, já que a necessidade de diferenciação face ao comércio online irá colocar pressão na qualidade da oferta imaterial dos centros comerciais e serão os clientes que sairão beneficiados. Store Magazine | Que evolução antecipa para o sector? VS | Tal como referia, Portugal é um país que atingiu a maturidade neste sector, por isso os novos projetos terão que ser absolutamente diferenciadores e inovadores para ganharem posições de liderança. Caso contrário, não fará sentido colocar mais ofertas no mercado, já que não terão qualquer possibilidade de sucesso. - 22 STORE 2017 -

Store Magazine | A IKEA Centres está presente em 15 países. Qual o mercado com mais peso? VS | O mercado russo é o mais forte, sem dúvida. A IKEA Centres é líder num mercado enorme e difícil e a marca aí usada tem um nível de notoriedade absolutamente espantoso a nível nacional. Store Magazine | Quais os objetivos da IKEA Centres para 2017? VS | O nosso objetivo é sermos cada vez mais relevantes para as comunidades onde estamos, garantindo a sustentabilidade da operação do centro comercial e a promoção das boas práticas junto dos nossos parceiros de negócio. Fazer a diferença na vida das pessoas é o nosso maior objetivo. Essa é a nossa forma de estar e é um objetivo permanente e imutável. Além disso, o crescimento também faz parte da estratégia da IKEA Centres. Depois de abrir projetos novos em França e em Itália no final do ano passado, temos este ano a abertura do MAR Shopping Algarve e, ainda, outros projetos em fase de desenvolvimento, quer na Europa, quer na China.


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melhor dia a dia dos nossos clientes, uma visão extremamente poderosa e que nos guia nas nossas decisões de gestão. Se conseguirmos cumprir com esta ambição de forma consistente, a comunidade reconhecer-nos-á esse valor e o investimento terá feito todo o sentido”. O contributo mais imediato está na geração de emprego, tendo este projeto já criado mais de três mil postos de trabalho diretos e indiretos. Sem falar na extensão da oferta de serviços à população do Algarve e Baixo Alentejo durante todo o ano. “A experiência com projetos como o MAR Shopping Matosinhos diz-nos que vamos contribuir para dinamizar social e economicamente a região algarvia, promovendo a interação e crescimento de outras empresas e serviços locais”, assegura. É que, com o projeto aberto ao público, além dos empregos diretos criados, há todo um ecossistema que é impactado: “São empresas de prestação de serviços que encontrarão aqui novos clientes; novos impostos que serão pagos; produtores locais que verão aqui novos clientes para os seus produtos, etc.”. Tanto que leva o diretor a afirmar que “o impacto de um investimento desta dimensão é multiplicador na economia regional”. Apesar de uma expetativa de sucesso – estima-se que poderão visitar o MAR Shopping Algarve mais de nove milhões de pessoas, no primeiro ano –, a IKEA Centres diz que os objetivos são mais qualitativos do que quantitativos. A IKEA Centres estabelece assim

“o impacto de um investimento desta dimensão é multiplicador na economia regional”

A pensar nas famílias Com abertura prevista para 30 de março, o MAR Shopping Algarve apresenta-se sob o conceito de “shopping family friendly”. Explica a diretora de marketing IKEA Centres para o mercado europeu, Ana Machado, que o grupo desenvolve espaços que pretendem acolher “de forma irrepreensível” todos os clientes, independentemente das suas necessidades, mas tem presente que as famílias com crianças têm características “muito específicas”. É por isso que o conceito desenvolvido abrange não só o desenho do espaço físico – e no caso do MAR Shopping do Algarve, assegura, isso é bem visível com a zona exterior de lazer – mas também o conjunto de serviços que são disponibilizados aos pais, avós, tios, etc. – como, por exemplo, a área de jogos supervisionada onde as crianças podem brincar enquanto os mais velhos fazem as compras. Da mesma forma, há a garantia de uma programação de eventos para todas as idades, gostos e tipos de família, com o objetivo de lhes oferecer tempo de qualidade, aliando as componentes lúdica e pedagógica. “Esse posicionamento do MAR Shopping, tão fortemente reconhecido pelos nossos visitantes do Grande Porto e nor- 23 STORE 2017 -

ANA MACHADO

te de Portugal (MAR Shopping Matosinhos), integra-se na visão corporativa da IKEA Centres, pelo que o projeto do Algarve beneficiará precisamente da mesma estratégia”. Mas mais do que isso, adianta, este caráter familiar que o grupo procura imprimir sob diversos pontos de vista – desde a oferta comercial até à agenda de eventos que organiza ao longo do ano, passando até pela política de responsabilidade social que desenvolve – será reforçado neste novo projeto para um patamar ainda mais exigente. Isto porque, assegura, o impacto dessa orientação será previsivelmente maior por quanto beneficiará do turismo familiar nacional e internacional que o Algarve atrai.


ESTRATÉGIA o segundo centro comercial do grupo em Portugal, uma estratégia que, como segundo Vasco Santos, é indissociável da expansão das lojas IKEA, a qual, “por se tratar de uma marca tão forte e com a qual as pessoas tanto se identificam”, é uma “garantia de qualidade” para os outros retalhistas que acompanham o grupo. Nesta fase, porém, não há previsão de qualquer outro projeto dentro do território nacional, embora a hipótese não seja de todo descartada. “O retalho é um sector muito dinâmico e está a passar por uma fase de adaptação à transformação digital em curso. No futuro, os modelos de negócio sofrerão alterações que terão impacto no modelo de negócio dos espaços comerciais”. A juntar a isso, diz o diretor que, para a IKEA Centres, só faz sentido estudar localizações onde a loja IKEA tenha interesse em se instalar. Isto porque funciona como um selo de garantia e uma base sólida para construir “um destino de sucesso”. “Além da força da marca e do conceito IKEA, os valores que partilhamos são a fundação para a nossa forma de estar: queremos fazer a diferença na vida dos nossos visitantes, da nossa comunidade e das pessoas que trabalham dentro dos nossos espaços”. É o que acontece com o MAR Shopping, que, sublinha, tem a força de marca que tem no norte do País, e que o grupo quer replicar no Algarve, exatamente porque acredita que só poderá ter sucesso se colocar as necessidades das pessoas no centro das decisões, de forma consistente e sustentável.

“não há previsão de qualquer outro projeto dentro do território nacional, embora a hipótese não seja de todo descartada”

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Vendas online superam um milhão de euros A aposta da IKEA no digital gerou mais de um milhão de euros de vendas nos primeiros dois meses de pré-lançamento. Com o e-commerce, a insígnia visa dar resposta à evolução do mercado, estar mais próxima do cliente, melhorar a acessibilidade aos seus produtos e a presença online, ficando “mais acessível para o máximo de pessoas, 24 sobre 24 horas nos sete dias da semana”, segundo o responsável pelo desenvolvimento da loja online, Stephan Forcet. A adjunta da direção da IKEA Portugal, Lynn Walker, explica, por sua vez, que “criar um novo canal de vendas online foi uma decisão natural na estratégia de expansão da IKEA em Portugal” e que a aposta se enquadra no objetivo global do e-commerce do grupo, que é representar 10% do volume de vendas até 2020. A nível global, a IKEA regista anualmente 783 milhões de visitas à loja e 2,1 mil milhões de visitas ao site e pretende conseguir atingir os 1,3 mil milhões e 4 mil milhões, respetivamente, em 2020. - 24 STORE 2017 -

Para alcançar os resultados, juntamente com a loja online, surgiram os serviços de Click & Collect, comprar online e levantar em loja / ponto de entrega, e Click & Deliver, comprar online e receber em casa. Em Portugal, o C&D foi responsável por 83% das vendas do site, enquanto o C&C de 17%. “Estamos a alcançar muito mais pessoas do que esperávamos”, diz Stephan Forcet. Nem todos os produtos IKEA estão entre os 8200 disponíveis no site, devido a características como a conservação, por exemplo. Ainda assim, segundo os dados disponibilizados pela insígnia, são encomendados cerca de 20 artigos por pedido e, mesmo com duas lojas próximas da capital portuguesa, 24% das encomendas foram feitas na cidade de Lisboa e 19% nos subúrbios. Já nas ilhas registaram-se 23% das encomendas online. O tempo estimado para as entregas é entre dois dias e duas semanas, sendo as ilhas os casos mais demorados devido ao transporte marítimo.


a

Candidaturas

EDIÇÃO

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31 de maio em em

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CANDIDATURAS ABERTAS - CATEGORIAS -

AGRICULTURA • CIDADES E MOBILIDADE SUSTENTÁVEIS • GESTÃO EFICIENTE DE RECURSOS INDÚSTRIA 4.0 – TRANSFORMAÇÃO DIGITAL • INICIATIVA DE MOBILIZAÇÃO INVESTIGAÇÃO & DESENVOLVIMENTO • MAR • TURISMO - PRÉMIOS PRÉMIO ESPECIAL COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS PRÉMIO INOVAÇÃO SOCIAL GPA – SOCIEDADE PONTO VERDE PRÉMIO INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL GPA - JERÓNIMO MARTINS

ORGANIZAÇÃO

VERIFICAÇÃO


Autorregulação

THE SU P P L Y CHAIN INITIATIVE

Empresas europeias aderem a código de boas práticas O acordo de autorregulação da cadeia agroalimentar alcançado em Portugal, em 2016, é destacado no mais recente relatório da Supply Chain Initiative. Um documento em que sobressai a elevada satisfação das empresas europeias com o Código de Boas Práticas Comerciais e em que é assumido o compromisso de reforçar a independência da estrutura governativa da SCI. As empresas europeias que integram a Supply Chain Initiative (SCI) manifestam um elevado grau de satisfação com o Código de Boas Práticas Comerciais Europeu, adotado em 2013 pela agricultura, indústria, retalho e atividade grossista. Essa satisfação está expressa no terceiro relatório da organização, resultando de um estudo junto das empresas e entidades que integram a SCI. Assim, 71% dos inquiridos está satisfeito com o modo como a iniciativa tem fomentado a boa relação entre os agentes de toda a cadeia de abastecimento, sendo que em 41% deles essa satisfação se situa entre os 8 e os 10 pontos, numa escala de 1 a 10. Destaque para o retalho, o sector onde a recetividade ao

código de boas práticas ganha uma expressão maior, com 88% dos membros auscultados a manifestarem-se satisfeitos e 50% a atribuírem a pontuação máxima ao documento. De notar também que a dimensão das empresas não interfere na avaliação que fazem do código de boas práticas, na medida em que a diferença entre pequenas e médias empresas e as de maior dimensão é residual: assim, entre as PME a concordância com o documento situa-se nos 77%, enquanto entre as empresas de maior dimensão ascende a 80%. A satisfação com esta iniciativa europeia tem manifestações concretas nas empresas, com 93% das que inte- 26 STORE 2017 -

gram a SCI a relatarem terem procedido a ações de formação dos respetivos trabalhadores, o que traduz um aumento face aos 87% de 2015 – isto significa que, em 2016, 36.982 pessoas foram formadas no contexto das boas práticas. Parte importante deste processo é a comunicação, com 86% dos membros da SCI a indicarem que partilharam com os respetivos parceiros de negócio a adesão ao código. O progresso reflete-se também a nível do litígio envolvendo as empresas, o qual continua baixo. Assim, em 2016, 43 empresas reportaram a existência de alegados incumprimentos dos princípios da SCI, tendo 70% sido resolvidos informalmente. Nove empresas rece-


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beram 44 queixas, a vasta maioria das quais teve uma resposta interna (52%) ou foi superada graças a mediação (44%). Três empresas foram alvo de queixas de outro país. O relatório identifica ainda as razões de insatisfação, com a grande causa a prender-se com o facto de os parceiros de negócio não estarem registados na SCI. Numa análise a estes resultados, a diretora-geral da APED, Ana Isabel Trigo Morais, sustenta que “refletem a preocupação efetiva com o equilíbrio e a cooperação que exis-

te entre todas as entidades signatárias na partilha de informação, para a melhor definição das estratégias de negócio, à área da formalização de relações comerciais, sendo que demonstra a aposta dos operadores na autorregulação como chave para mercados dinâmicos e competitivos”. Entre os signatários do Código de Boas Práticas Comerciais Europeu encontra-se um conjunto relevante de empresas portuguesas, nomeadamente algumas associadas da APED. Documento semelhante foi, aliás,

adotado em 2016 em Portugal, com o acordo da APED, CAP, CCP, CIP, CNA e CONFAGRI. E este terceiro relatório da SCI dá precisamente conta dos progressos registados no sentido de uma cadeia agroalimentar mais equilibrada e competitiva. Este instrumento de autorregulação está alinhado com os princípios e procedimentos da Supply Chain Initative, bem como em linha com a experiência acumulada por plataformas nacionais semelhantes adotadas em países como a Bélgica e a Espanha.

SCI compromete-se com independência Reforçar a independência e promover o valor do diálogo. Estes são dois dos principais compromissos da Supply Chain Initiative para 2017, assumidos na reunião de janeiro, em Bruxelas, em resposta às recomendações do relatório sobre práticas comerciais desleais produzido, em finais de 2016, pela Comissão Europeia. No documento, a Comissão reconhece o papel da SCI na construção da confiança entre os elos da cadeia agroalimentar, mas emite um conjunto de sugestões visando o reforço dessa intervenção. Assim, recomenda, nomeadamente, que seja assegurada a imparcialidade da estrutura de governo mediante o estabelecimento de uma presidência independente, sem vínculo a qualquer dos grupos de interesse afiliados. Recomenda, igualmente, que as vítimas de alegadas práticas desleais possam queixar-se confidencialmente, sendo nomeado um grupo independente com poder para investigar essas queixas e impor sanções se houver lugar a elas. Perante esta posição da Comissão Europeia deliberou o órgão diretivo da SCI tomar medidas com vista à recomendada maior transparência. Desde logo a nomeação de um presidente independente, que será assistido por um conjunto de peritos também eles independentes, mas

nomeados pelas plataformas nacionais ou, quando não existir uma estrutura nacional, pelos membros da direção. Terá como missão presidir às reuniões do governance group, a responsabilidade de supervisionar a gestão de toda a estrutura de funcionamento da SCI, bem como de garantir que os princípios do código de boas práticas são respeitados. Será ainda o interlocutor de todas as queixas, sendo que estas serão confidenciais, cabendo-lhe estabelecer os factos por elas abrangidos, com a possibilidade de ouvir as partes visadas. Será, também, incumbido de emitir normas e recomendações de interesse geral e de promover boas práticas, comprometendo todos os sectores da cadeia. Ainda em matéria de independência, a SCI propõe-se clarificar alguns aspetos do processo de resolução de litígios, nomeadamente no que respeita às sanções. Assim, defende que as disputas one-to-one devem ser resolvidas bilateralmente à luz da legislação nacional aplicável, não podendo ser endereçadas às plataformas nacionais ou à SCI. O governance group reconhece ainda a importância do diálogo como o meio para um maior conhecimento recíproco e para maior confiança na cadeia de abastecimento. E, com esse objetivo, propõe-se encorajar - 27 STORE 2017 -

uma maior partilha de experiências e boas práticas. No relatório sobre práticas comerciais desleais, a Comissão Europeia defende igualmente a necessidade de uma maior publicitação da SCI junto das pequenas e médias empresas (PME). Um esforço com o qual o governance group se compromete para 2017, reconhecendo a importância daquelas empresas na cadeia agroalimentar e reconhecendo, do mesmo modo, que serão beneficiadas com a adoção dos princípios e das boas práticas da SCI. Aliás, o número de PME que integram a SCI tem vindo a crescer desde a sua constituição, correspondendo atualmente a 70% de todos os membros. Ainda assim, este número será sempre diminuto por comparação com um universo de milhões de PME que operam na cadeia agroalimentar. Neste contexto, o governance group acredita que envolver as PME deve ser uma responsabilidade coletiva, convidando, por sua vez, a Comissão e os Estados membros a promoverem o uso voluntário dos instrumentos da SCI entre aquelas empresas. Pelo seu lado, compromete-se a desenvolver contactos com as câmaras de comércio, que trabalham de perto com a PME a nível local, e a incentivar as empresas de maior dimensão a, também elas, promoverem uma maior participação das PME.


GESTÃO

Shopview2Market Um projeto da Sonae para maximizar vendas Falta de produtos. Embalagens fora de sítio. Locais com organização deficiente. Situações recorrentes no retalho, habitualmente identificadas manualmente, e que, com o novo projeto da Sonae, podem ser enviadas diretamente para os responsáveis de loja através desta tecnologia de visão computorizada e processamento de imagem. Trata-se do ShopView2Market, cujo objetivo final é maximizar as vendas. O projeto, que começou a ser desenvolvido em 2014, por um consórcio que engloba o Instituto Fraunhofer Portugal, a Sonae e a sua tecnológica, WeDo Technologies, pretende dar resposta a um dos problemas mais relevantes do quotidiano das empresas de comércio a retalho: o planeamento do micro espaço (planogramas) e do macro espaço (layout) das lojas e o controlo de execução dos mesmos.

“O ShopView é um sistema automatizado de verificação e controlo de planogramas em lojas. Permite medir facilmente se o posicionamento de produtos está de acordo com o planeado e também potenciais ruturas de stock”, explica a diretora da WeDo Technologies, Maria José Gonçalves. As imagens recolhidas são enviadas diretamente para o diretor de loja, que pode corrigir os problemas reportados. - 28 STORE 2017 -

Até ao momento, o investimento do ShopView2Market ascendeu a 464 mil euros, comparticipado por fundos comunitários (Compete 2020) em cerca de metade deste valor. Poderá ser utilizado em todas as áreas das lojas, mas “preferencialmente nas categorias de maior rotação e por isso mesmo com maior potencial de rutura (out-of-stocks)”. Um dos objetivos do ShopView é o de otimizar e automatizar a tarefa


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“O projeto de inovação vai continuar de forma a cumprir novos desafios, como a integração da informação recolhida em loja com a gestão de stocks e a integração do sistema de preços do retalhista”

de validação de exposição e presença de artigos na prateleira. “Ao automatizar e tornar mais rápida esta validação, os colaboradores ficam disponíveis para outras tarefas como reposição e atendimento ao cliente”, nota Maria José Gonçalves. Libertam-se, assim, funcionários para outras tarefas de serviço ao cliente. O ShopView buggy é a parte mais visível do projeto. Trata-se de um equipamento, por enquanto manobrado por um operador, mas que no futuro poderá ser robotizado, que passa pelos corredores do hipermercado, verificando os produtos expostos nas prateleiras, através de câmaras. Entre as funcionalidades incluem-se confirmar se os produ-

tos estão bem arrumados, se há ou não rutura de stocks, se estão localizados nos locais contratados com os fornecedores e se as etiquetas de preços estão em bom estado. Além do chassis, o buggy é constituído pelo hardware (com sensores de distância e deslocação; câmaras fotográficas e controlo de iluminação síncrona; e bateria e consola de energia) e pelo software (com interface gráfica com condutor; e processamento de imagem dos corredores, detetando e descodificando etiquetas e detetando produtos na panorâmica gerada). Em termos tecnológicos, o ShopView inclui também o Web UI (User Interface (UI) com gestor de loja num web browser) e o server (base de dados, servidor web, algoritmos de validação do planeamento e integração com aplicações do retalhista). Os primeiros clientes do ShopView2Market serão os hipermercados do grupo Sonae, onde tem sido testado. As lojas Continente de Matosinhos, Maia Jardim, Maia Shopping e Continente Bom dia Matosinhos Sul foram as escolhidas para o projeto-piloto. O motivo: “Testar o ShopView em lojas com diferentes formatos e tamanhos (hipermercados, supermercados, conveniência) e também com diferentes condições de iluminação, layouts de prateleiras, entre outros”, explica Maria José Gonçalves. Esta responsável adianta que a principal conclusão dos testes em loja “é de que o ShopView pode contribuir positivamente para a resolução de alguns dos problemas que os retalhistas, principalmente os alimentares, sofrem, como por exemplo: falta de produtos na prateleira (ruturas), não cumprimento dos planogramas, mau aspeto (produtos mal colocados ou em quantidade/disposição inadequada), falta de etiqueta de preço”. A outra conclusão refere-se à própria usabilidade do buggy e do software do ShopView, que “confirmou a evolução relativamente ao protótipo anterior em termos de tempos de montagem, ligação e calibração, condução mais simples e interface mais amigável”. “Os testes em loja confirmaram a evolução da solução ShopView - 29 STORE 2017 -

como um todo (buggy e software) e um grau de precisão de deteção e validação dos problemas (planogramas, ruturas, mau aspeto, etiquetas) bastante elevado”, acrescenta. Avança ainda que realçaram “a importância das condições de loja: iluminação, disposição das prateleiras/ gôndolas e etiquetas corretamente impressas e recortadas”. Embora a forma de comercialização esteja em avaliação, o consórcio está também atento a oportunidades para testar o ShopView em contexto internacional. Já foi mesmo realizado um teste numa loja do retalhista austríaco Spar, em Salzburgo. “A iniciativa teve a duração de duas semanas e permitiu retirar conclusões valiosas em termos de desempenho e adaptabilidade a diferentes formatos”, refere. Os próximos passos com vista à comercialização do sistema incluem a avaliação do custo/benefício, a definição de um plano de exploração comercial e a elaboração do relatório técnico final, no âmbito do qual deverão ser registadas, pelo menos, duas patentes. “O projeto de inovação vai continuar”, diz a diretora da WeDo Technologies, “de forma a cumprir novos desafios, designadamente a integração da informação recolhida em loja com a gestão de stocks, a integração do sistema de preços do retalhista, de forma a permitir a auditoria automática, e a robotização da componente física do ShopView (buggy)”.


STORE E-COMMERCE

CTT eliminam barreiras Como é que um consumidor português pode comprar em sites que não consideram Portugal enquanto destino de entrega? Segundo Pedro Faraústo, diretor de Marketing da CTT Expresso, foi a partir desta pergunta que se pensou o CTT Express2Me, o novo serviço dos correios que visa abrir portas a novos destinos.

Pedro Faraústo, diretor de Marketing da CTT Expresso

Os CTT começaram o ano com o lançamento do CTT Express2Me, um serviço que permite fazer compras online em lojas dos Estados Unidos da América (EUA) que não fazem envios para fora do país. “Começámos pelos Estados Unidos por ser uma das geografias mais importantes em termos do e-commerce, com ofertas muito agressivas em termos de campanhas promocionais e lançamento de produtos”, explica o diretor de Marketing da CTT Expresso, Pedro Faraústo. Desta forma, os portugueses passam a ter acesso a mais de meio milhão de lojas online americanas com entrega garantida em Portugal, sem fronteiras, sem sair de casa e com os padrões de entrega CTT Expresso. O serviço é dirigido a um nicho de - 30 STORE 2017 -

mercado que, pelo efeito geo-blocking, gerava nestes consumidores uma “frustração por não poderem realizar a compra derivado ao facto de Portugal não constar na lista de destinos quando se faz checkout no momento da compra online”, acrescenta. O novo serviço surge assim, como resposta a uma necessidade do mercado e para possibilitar o acesso a produtos que de outra forma seriam difíceis de alcançar. Dada a especificidade do alvo, os CTT optaram por uma estratégia de comunicação desenvolvida através do online e sobretudo ao nível da comunicação dirigida, dando a conhecer a solução nos fóruns onde se discutem temas de e-commerce cross-border. Esta aposta visa reforçar a oferta


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Como funciona o Express2Me? Para utilizar o serviço Express2Me é necessário registar uma conta CTT no site (www.express2me. pt), sendo depois atribuída uma morada internacional personalizada através da qual o cliente vai poder fazer as compras, embora na morada de faturação seja necessária a portuguesa. Quando a encomenda, até 30 kg, chegar ao entreposto dos CTT nos EUA, o cliente é notificado via email para efetuar o pagamento do envio para Portugal. A encomenda é depois entregue entre seis e 14 dias úteis.

da empresa no e-commerce, um dos seus eixos estratégicos de crescimento, e também o reconhecimento da insígnia pelo mercado, quer junto dos e-sellers quer junto dos e-buyers, assumindo-se como parceiro de referência na disponibilização de soluções convenientes, confiáveis e agressivas em termos de preço. “O que fazemos com o Express2Me é permitir que os nossos clientes façam as compras nos Estados Unidos endereçando -as para uma morada de consolidação na qual dispomos de capacidades operacionais de tratamento e transporte”, elucida Pedro Faraústo. Assim, cada cliente possui um identificador único atuando ao nível do endereço de um armazém, o que faz com que, nesse momento, os CTT consigam tratar diferenciadamente as encomendas. Depois do transporte internacional, a entrega é feita na morada cedida pelo cliente. “Os clientes valorizam ter uma experiência similar nas suas compras online e, portanto, tendem a concentrar as suas entregas no operador que lhes proporcionar a gama de serviços mais interessante e a melhor experiencia de serviço”, explica o diretor de Mar-

keting. Assim sendo, os CTT acreditam que, além da receita gerada diretamente pelo serviço, cria-se uma outra forma de rendimento noutros serviços, através da fidelização dos clientes que usam o CTT Express2Me. De forma a assegurar a segurança e bom funcionamento do serviço, os CTT contam com um “forte parceiro” nos EUA e, além disso, todas as encomendas têm full track&trace desde o momento em que chegam ao armazém nos EUA até à entrega final. É ainda possível escolher um seguro opcional de proteção e a execução do serviço de empacotamento de forma a reduzir o tamanho das

embalagens e, assim, diminuir os custos de transporte internacional. Para desenvolver o CTT Express2Me foi necessário investimento “essencialmente ao nível da integração dos sistemas de informação, entre CTT e o parceiro nos EUA”, esclarece Pedro Faraústo. Como é um serviço que encaixa na estrutura de oferta da empresa houve ainda algumas adaptações internas na mesma área e também na forma como é tratada a componente alfandegária. O projeto foi desenvolvido com um parceiro dos CTT, os Correios de Singapura (Sing Post), designadamente a sua subsidiária Singapura Post, E-Commerce (SPEC).

Parceria para entregas expresso Para que a entrega de encomendas seja facilitada, os CTT fizeram uma parceria com a Phone House, de forma a possibilitar que os clientes CTT Expresso possam levantar encomendas nas lojas da marca de retalho tecnológico. “A qualidade da experiência de entrega é crítica para o sucesso do e-commerce. Os CTT e a Phone House têm uma aposta clara no digital e na qualidade de serviço, por isso esta parceria surge de forma natural”, explica o diretor de marketing da CTT Expresso, Pedro Faraústo. Uma vez que estas lojas se situam em grandes superfícies, a parceria traz uma maior acessibilidade e flexibilidade para quem - 31 STORE 2017 -

recebe e entrega encomendas CTT Expresso, uma vez que os horários são alargados. “Esta nova parceria permite mais conveniência para o levantamento das encomendas pelos consumidores portugueses, complementando a oferta de pontos CTT”, acrescenta. São cerca de 100 lojas Phone House, de norte a sul do país e incluindo ilhas, onde se pode entregar e receber encomendas. Já para a diretora de Marketing da Phone House, Carla Gonçalves, a parceria permite à insígnia diversificar os serviços que tem disponíveis para o mercado, como também interagir com clientes que privilegiam o e-commerce.


FUTURO

A tecnologia ao serviço do consumo informado Sensores de movimento, tecnologia e ecrãs interativos espalhados por toda a loja. Estas são algumas das características que diferenciam o “supermercado do futuro” que a Coop Itália abriu no Shopping Bicocca Village, em Milão. Este supermercado, onde o cliente pode encontrar mais de seis mil produtos diferentes, contou com um investimento de quatro milhões de euros e a contratação de apenas 12 profissionais. A Coop Itália, maior cadeia de supermercados do país, em associação com a Accenture, empresa que oferece serviços e soluções em estratégia, consultoria, digital, tecnologia e operações, abriu uma filial com realidade aumentada em Milão com o objetivo de criar um ambiente de compras acolhedor, inovador e informativo. O espaço, de 1000 m², foi desenvolvido em parceria com o escritório de arquitetura de Carlo Ratti, arquiteto, engenheiro e professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Sob a ideia de que “todos os produtos têm uma história para contar” o projeto foi concebido de forma a promover o consumo informado e na esperança de motivar o “consumo sustentável”, segundo explica Ratti. Para isso, re-

correu-se à utilização de ecrãs interativos, que funcionam com energia solar, bancadas e prateleiras “inteligentes” e da visualização de informação em tempo real. Neste estabelecimento, se um cliente quiser saber mais acerca do produto que deseja comprar, pode aceder à informação sobre o mesmo através do ecrã que está por cima da bancada. Para isso, basta aproximar-se e, graças a sensores que detetam o movimento, surge no ecrã um “rótulo digital” que revela várias informações sobre o artigo, como as propriedades nutricionais, origem, presença de alergénios, instruções de eliminação de resíduos, produtos correlacionados ou promoções. Esta experiência a nível digital foi possível graças aos sensores Micro- 32 STORE 2017 -

soft Kinect, que detetam quando um cliente se aproxima de uma bancada. O Kinect é um sensor de movimentos desenvolvido para a Xbox 360 e Xbox One que permite aos jogadores interagirem com o jogo através dos movimentos reais. A primeira versão para o Windows 7 foi libertada em 2011 e essa tecnologia é agora aplicada a este supermercado de realidade aumentada para motivar o consumo informado. A Coop Itália contou ainda com o apoio da Accenture para redesenhar a arquitetura de informações do supermercado. Juntamente com a Avanade, empresa de soluções de tecnologia e prestadora de serviços, num empreendimento conjunto com a Microsoft, a Accenture apoiou na implementação da infraestrutura de Tecnologias de


Mafalda Carvalho

Informação e a analisar e desenvolver pontos de contacto no ponto de venda. O resultado é uma solução flexível sustentada por uma plataforma baseada na Cloud Microsoft Azure, a que várias lojas podem aceder facilmente. “Com os seus conhecimentos digitais, a Accenture e a Avanade ajudaram-nos a redesenhar a experiência de compras no supermercado através de uma viagem digital que atende à procura dos clientes por informações, engajamento e funcionalidade, de uma maneira simples e intuitiva”, explica o presidente da Coop Italia, Marco Pedroni. Esta filial com realidade aumentada conta também com uma parede de visualização de dados com 20 metros de comprimento e 54 monitores, onde se pode aceder a informações sobre ofertas especiais, sugestões de culinária e comentários nas redes sociais. Através do sistema de consumo informado, a Coop Itália deseja transmitir ao cliente uma maior perceção dos limites dos recursos naturais, o que se prevê que potencie o consumo de produtos frescos locais. O interior da loja foi criado à semelhança de um mercado ao ar livre e, por isso, as várias bancadas são baixas

e não bloqueiam o campo de visão. Desta forma, a Coop Itália quer motivar a conversa e a proximidade entre clientes e criar um ambiente acolhedor e agradável. Este projeto piloto visa avaliar de que forma os consumidores reagem a todas as alterações tecnológicas e, segundo a Coop Lombardia, até ao momento o feedback é bastante positivo. Caso esta loja seja um sucesso, o objetivo da insígnia será estender os painéis a todas as suas filiais. O chamado “supermercado do futuro” está localizado perto da Universidade de Milão, no centro comercial Bicocca Village, dos mais frequentados da cidade, quer a nível de trabalho, quer a nível de lazer. A escolha do local foi estratégica, de forma a ser possível recolher informação sobre diferentes públicos, como estudantes, trabalhadores e outros clientes do shopping. O protótipo do projeto fora apresentado na Expo 2015, também em Milão, onde um pavilhão funcionou como um verdadeiro supermercado. Aí robôs apoiaram na escolha de artigos e ecrãs digitais cederam informações sobre os produtos, como se pode ver agora na nova filial.

Raio-X Investimento de 4 milhões de euros

12 profissionais contratados

Mesas interativas equipadas com sensores de movimento Microsoft Kinect

6 MIL

PRODUTOS 54

MONITORES Parede de visualização de dados em tempo real com 20 metros de comprimento

Ecrãs interativos que funcionam a energia solar e cedem informações sobre produtos e promoções, por exemplo

O futuro num mercado de antigamente “Por vezes, o futuro passa por dar vida ao melhor do nosso passado”. As palavras são de Carlo Ratti, professor no MIT e responsável pelo projeto “Supermercado do Futuro”, loja experimental que abriu em Milão, Itália. Inspirado nos mercados de antigamente, o estabelecimento utiliza tecnologia que permite ao cliente fazer uma compra informada. Store | Como surgiu a ideia de criar o supermercado do futuro? Carlo Ratti | Fomos convidados pela Expo Milão 2015 para trabalhar num dos pavilhões principais. O tema era “Alimentar o Planeta” e pediramnos para desenhar o “supermercado do futuro”. Começámos pela ideia de que os produtos conseguem con-

tar-nos as suas histórias. A inspiração surgiu também de uma personagem que sempre apreciei, o senhor Palomar, personagem principal de uma obra do escritor italiano Italo Calvino. Palomar entra numa queijaria parisiense e, de repente, tem a impressão de estar num museu ou numa enciclopédia. Ao visitar a loja, - 33 STORE 2017 -

sente-se como se estivesse no Louvre, porque por trás de cada objeto há a presença da civilização que lhe deu forma e que usufrui dele. Store | Como funciona este modelo de supermercado? CR | Introduzimos tecnologia para criar novas ligações entre utiliza-


FUTURO

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“vamos ver cada vez mais centros comerciais experimentais durante os próximos anos” Store | Estão a desenvolver novas funções para a loja de Milão? CR | Para a de Milão não, mas estamos a trabalhar em novas funções. Store | Espera ver o supermercado do futuro fora de Milão e fora de Itália? CR | O projeto é facilmente replicável e estamos em conversações com várias cadeias de supermercados em Itália e além-fronteiras. dores e produtores. À medida que um consumidor se aproxima de um produto, surge informação adicional sobre o mesmo num espelho digital suspenso, como na realidade aumentada, mas sem necessidade de óculos específicos. Através destas “etiquetas aumentadas”, é possível cada produto comunicar as suas propriedades nutricionais, origem, presença de alergénios, instruções de eliminação de resíduos e outras informações. Basicamente todo o tipo de informação digital que podemos encontrar atualmente online, mas que não é fornecida nas lojas. A experiência só foi possível graças os sensores Microsoft Kinect que funcionam como um scan 3D para detetar os movimentos dos clientes.

Para explicar, gosto desta crítica que recebemos da VICE durante a Expo: “Fazer compras nunca foi uma experiência para mim, foi simplesmente um ato diário de sobrevivência: entrar, adquirir a comida, sair. Mas desta vez não foi assim. Se tivesse dinheiro passava horas na Coop e comprava de tudo o que tem para oferecer, desde o vinho às laranjas que estão mesmo à sua frente através das mãos de um robô”. Em geral, acredito que vamos ver cada vez mais centros comerciais experimentais durante os próximos anos. Pense em adquirir produtos alimentares frescos: vamos sempre gostar de ir a uma loja física onde podemos tocar e cheirar o produto. Store | A que necessidades pretende Por sua vez, a loja pode apostar em este supermercado responder? fornecer experiências únicas. PenCR | A informação é crucial. Con- se no grande sucesso que lugares segue passar mais informação e como Eataly têm experienciado em fomentar o consumo informado. todo o mundo. Store | Como é ir a esse supermercado? CR | Acredito que o supermercado pode ser um local de experiências. Com este novo modelo, se quiser comprar uma maçã num segundo é possível, mas se quiser gastar mais cinco segundos, pode descobrir mais sobre a maçã. Então se tiver 15 segundos pode mesmo ver o vídeo e descobrir onde foi cultivada.

Store | Acredita que este modelo é acessível para alguém com dificuldades, como um idoso ou deficiente motor? CR | Claro que sim. Vimos isto como uma forma de melhorar a experiência de compra de todos os perfis de consumidor. A tecnologia foi integrada de forma a que qualquer utilizador possa interagir de forma natural. - 34 STORE 2017 -

Store | Como pode o digital facilitar o processo de compra? CR | Ao ceder informação adicional ao cliente, como referimos anteriormente. Gostamos de pensar na experiência dentro da loja como se fosse um mercado antigo: um sítio onde se trocam produtos e ideias. Por vezes, o futuro passa por dar vida ao melhor do nosso passado. Store | As embalagens dos produtos neste supermercado são diferentes das dos outros estabelecimentos? CR | Não, os produtos são os mesmos que se podem adquirir na maioria dos supermercados Coop. Store | Qual será a principal função dos trabalhadores em supermercados no futuro? CR | Provavelmente, no futuro vamos poder delegar as funções mais repetitivas às máquinas e a robôs. Eu não vejo isso como um aspeto negativo, mas como uma oportunidade, pois assim podemos ser contratados para executar atividades mais interessantes. Store | A Associação Carlo Ratti está a desenvolver algum projeto para Portugal? CR | Adorávamos! Somos grandes fãs da arquitetura e história de Portugal e eu, pessoalmente, sou grande fã do espírito cosmopolita de Lisboa.


Tendências

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O que é biológico é bom? Um estudo da Marktest indica que 47,7% dos portugueses tem em consideração a compra de produtos biológicos, principalmente as mulheres a partir dos 45 anos. Os híper e supermercados são os espaços preferidos por estes consumidores. Os produtos biológicos são produzidos respeitando o ambiente e o bem -estar animal, através de técnicas tradicionais e sem recurso a químicos (fertilizantes, herbicidas, pesticidas, inseticidas, rações...). São considerados produtos de maior qualidade, com melhores propriedades e sabor, cativando por isso os mais preocupados com a alimentação e a sustentabilidade. Os portugueses parecem também estar rendidos a estes produtos. Segundo o estudo Target Group Index (TGI), da Marktest, que analisa comportamentos e consumos, na hora das compras 47,7% dos portugueses preocupa-se em escolher produtos biológicos. Esta tendência é verificada sobretudo entre as mulheres (57,7%, contra 42,3% dos homens), principalmente a partir dos 45 anos. Esta vaga TGI, relativa a 2016 e em que foram entrevistadas 5.000 pessoas, mostra que é no interior norte e no sul do país onde mais se procura este tipo de produtos, com taxas de 21,9% e 12,4%, respetivamente. São indivíduos orientados para a família, com grande atenção à alimentação, evitando alimentos com elevado teor de gordura, conservantes artificiais, açúcar e sal, e que aliam a isso preocupações ambientais: 9 em cada 10 reciclam. Em termos de hábitos, o estudo permitiu ainda perceber que os consumidores de produtos biológicos têm, por norma, atividades de tempos livres, como caminhar (66,7%), ler (52,2%) e ouvir música (48,4%). Os alimentos que mais escolhem são animais criados ao ar livre (50%), produtos de agricultores locais (47,8%) e frutas e vegetais orgânicos (47,2%). 35,6% dos inquiridos procura igualmente alimentos com benefícios para a saúde (probióticos, ómega 3...). O TGI indica que 8 em cada 10 “consumidores bio” foi às compras de alimentação e detergentes nos 12 meses

anteriores ao estudo, maioritariamente em híper e supermercados. As cadeias de eleição são o Continente (58,1%), o Pingo Doce (46,6%) e o Lidl (40,2%). Online, estes consumidores visitam o Facebook (83,3%), o YouTube (82,5%)

PERFIL CONSUMIDOR BIO (%V)

e o Google (80%). São também adeptos de compras online, mas não de alimentação: seis em cada 10 admite ter comprado na ‘net’ nos últimos meses, principalmente livros (63,9%), férias (61,7%) e roupa (56%).

CONSUMIDOR BIO: REGIÃO (%V) 25

21,9

21

17,8

20

42,3 57,7

15

15,6 12,4

11,4

10 5 0

21,4 GRANDE LISBOA

11,5 GRANDE PORTO

19,1 LITORAL NORTE

15,3 LITORAL CENTRO

21,1 INTERIOR NORTE

11,6 SUL

MASCULINO

CONSUMIDOR BIO

FEMININO

UNIVERSO TGI

CONSUMIDOR BIO: IDADE (%V) 23,8

25 20 15 10

17,8

17,8

15

16,4

9,2

5 0

12,6

12,6

17,7

16,6

14,7

22,6

15/24

25/34

35/44

45/54

55/64

65+

- 35 STORE 2017 -

CONSUMIDOR BIO UNIVERSO TGI


ATUALIDADE

Pedro Jafuno vence Novo Talento FNAC Fotografia 2016

“Tylko”, um trabalho fotográfico em formato analógico monocromático de 35 mm, de autoria do fotógrafo madeirense Pedro Jafuno, venceu a competição Novo Talento FNAC Fotografia 2016, superando centenas de outros portefólios a concurso. O trabalho, cujo nome é de origem polaca e pode ser traduzido como “único”, “apenas”, “só”, surgiu de uma viagem sem roteiro pela Europa de Leste, por cidades que o fotó-

grafo nunca tinha visitado, nomeadamente Varsóvia, Cracóvia, Bratislava, Budapeste, Belgrado e Sófia. Começou por ser uma reportagem fotográfica convencional, mas a impossibilidade de visualizar as imagens durante a viagem mudou o processo criativo de Pedo Jafuno, que, para manter algum registo do que tinha fotografado, teve de anotar em cadernos algumas ideias e guardar flyers, passes de museus, bilhetes de autocarro e outros objetos que o pudessem lembrar de por onde passou. O resultado foi “um projeto que vive muito para lá da fotografia pura” – na opinião do júri do concurso – e que vai estar em exibição, ao longo do ano, pelas 19 FNAC de Portugal Continental e Madeira. O júri foi composto pelo fotógrafo Augusto Brázio, pelo fotojornalista Mário Cruz e pelo jornalista Sérgio B. Gomes, que atribuíram ainda duas menções honrosas, ao trabalho “Terrain Vague”, de Ana Borge, e ao projeto “Limbo”, de Mariana Lopes. A iniciativa Novo Talento FNAC Fotografia promove e apoia a produção e divulgação artística da fotografia, revelando novos talentos emergentes em Portugal, desde 2003. Apresenta-se como “a maior competição de fotografia amadora do país”.

Cartão Continente leva à poupança de mais de 3.000 M€

O Cartão Continente comemora 10 anos e já proporcionou uma poupança de mais de 3.000 milhões de euros aos seus utilizadores. Há 3,5 milhões de famílias (80% das famílias portuguesas) que usam este cartão que permite utilizar descontos acumulados

em várias categorias desde alimentação, combustível, moda, serviços de saúde, bem-estar e entretenimento. “O Cartão Continente foi o primeiro grande cartão de fidelização do país – conquistou 1 milhão de utilizadores em apenas 10 dias - e é, atualmente, uma ferramenta de gestão do orçamento familiar, que tem proporcionado um volume muito significativo de poupança”, afirma o administrador da Sonae MC, José Fortunato. Fazem parte da lista de parceiros deste cartão de fidelização marcas como o Continente, a Galp, a Well’s, MO, Zippy, Bagga/ Bom Bocado, Note!, Meu Super, ZU e, mais recentemente, o restaurante Go Natural, da Sonae. O programa foi ainda enriquecido com o Plano de Saúde Well’s, operacionalizado pela AdvanceCare. - 36 STORE 2017 -

Worten investe 7 milhões em novo conceito de loja

A Worten está a apostar num novo conceito de loja, que vem dar aos portugueses “mais proximidade, mais experiência, mais relacionamento”, diz o administrador da insígnia, Mário Pereira. O novo conceito de loja, que foi desenvolvido em colaboração com a agência francesa Malherbe, permite aos clientes uma nova experiência de compra, num “ambiente mais agradável”. Conta agora com zonas de experimentação de produtos, nomeadamente nas áreas de gaming, hoverboards, DJ e animação infantil, atendimento especializado em cada categoria, cafetaria junto ao espaço Worten Resolve e uma renovada área especializada em cozinhas de encastre. Neste novo conceito entram ainda novos produtos, como brinquedos eletrónicos, eletrónica para a saúde, gifting e iluminação para casa. A estética também foi tida em conta. A iluminação foi especialmente pensada para criar uma atmosfera “mais acolhedora”, o mobiliário foi definido e testado para cada tipo de produto e até a sinalética foi alterada, apresentando agora informações sobre os produtos, ajudando o cliente a fazer a escolha correta. Ao todo, no desenvolvimento e implementação deste conceito, a Worten investiu 7 milhões de euros, 3,5 milhões dos quais na loja do Colombo. O restante foi para os espaços no Mar Shopping e em Almada. Em 2017, a marca vai investir 12 milhões de euros em Portugal, na abertura de nove novos espaços e algumas remodelações. Em Espanha, espera abrir 10 novos espaços e remodelar outros tantos, num investimento de 11 milhões de euros.


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Vendas da Jerónimo Martins atingem os 14,6 mil milhões

O grupo Jerónimo Martins – que inclui as insígnias Pingo Doce, Biedronka, Recheio, Amanhecer, Ara e Hebe – atingiu em 2016 vendas de 14,6 mil milhões, um resultado 6,5% superior ao do ano anterior. O relatório divulgado pela insígnia refere ainda um forte desempenho no 4T. As principais insígnias – Biedronka, Pingo Doce e Recheio – iniciaram o ano de 2016 com enfoque reforçado na competitividade e crescimento LFL (vendas das lojas que operaram sob as mesmas condições nos dois períodos). A estratégia levou a um forte desempenho tanto na Polónia como em Portugal, traduzindo-se num aumento de 7,2% das vendas LFL consolidadas (+9,0% no 4T). No Pingo Doce as vendas totais atingiram 3.558 milhões de euros, um aumento de

Prémio Sonae vale 40 mil euros

4,4%, com o LFL, excluindo combustível, a atingir 1,2% (+1,3% no 4T). O Recheio chegou aos 878 milhões de euros em vendas, +5,9% em relação ao ano anterior, suportadas por um crescimento LFL de 5,0% (+6,7% no 4T). Relativamente à Biedronka, o reforço na oferta e nas ações comerciais permitiram que a insígnia tivesse um crescimento LFL de 9,5% no ano. O LFL foi particularmente forte no 4T (+11,9%) e as vendas totais aumentaram 6,3% (+10,8% a taxa de câmbio constante), atingindo 9,8 mil milhões de euros. A Hebe sobressai no mercado polaco de saúde e beleza alcançando um crescimento de 22,1% (+27,4% a taxa de câmbio constante), enquanto que a Ara atingiu os 236 milhões de euros em vendas. A insígnia encerrou o ano com 221 lojas.

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A Sonae e o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado (MNAC-MC) lançaram recentemente a segunda edição do Prémio Sonae Media Art. Esta distinção bienal no valor de 40 mil euros visa premiar e divulgar criações artísticas na área dos novos media. A edição de 2017 irá atribui uma bolsa individual de cinco mil euros a cinco projetos finalistas para o desenvolvimento de uma obra inédita, que será exposta no MNAC-MC. A exposição, que decorrerá ainda este ano, será a base para a seleção do artista vencedor. O prémio dirige-se às formas de criação artística contemporânea que utilizem meios digitais e eletrónicos, nas áreas de vídeo arte, projetos sonoros, projetos de exploração do virtual e da interatividade, bem como propostas de network, em que poderão estar incorporadas outras formas de arte como a performance, a dança, o cinema, o teatro ou a literatura. A iniciativa distinguiu, na sua primeira edição, a obra inédita de Tatiana Macedo “1989”.

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Já são conhecidos os vencedores dos Green Project Awards

A Fromageries Bel Portugal, a Câmara de Ovar, a Fundação Fé e Cooperação, a Caixa Geral de Depósitos, a Expertestreia Tecnologias de Informação, o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental e a Vulcano foram os grandes vencedores da 9.ª edição dos prémios Green Project Awards (GPA) 2016, que visam distinguir projetos inovadores na área da sustentabilidade em Portugal. O “Programa Leite de Vacas Felizes” (PLVF) da Fromageries Bel Portugal, S.A. foi vencedor na categoria “Agricultura, Mar e Turismo”, o “Parque Ambiental do Buçaquinho”, da Câmara Municipal de Ovar, ganhou o prémio “Cidades Sustentáveis” e o “Esquentador Termostático Compacto Sensor Connect” da Vulcano foi distinguido como “Produto ou Serviço”. O vencedor da categoria “Consumo Sustentável” foi o projeto da Fundação Fé e Cooperação “aTerra -- Ligar, Participar, Transformar”,

DIA cresce em Portugal

enquanto na “Gestão Eficiente de Recursos” foi distinguido o projeto “A reciclagem de cartões”, da Caixa Geral de Depósitos, S.A.. A “Firerisk”, a aplicação móvel da Expertestreia Tecnologias de Informação Lda, venceu na categoria “Information Technology” e a “Campanha Ocean Action”, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMA), saiu vencendo na categoria “Iniciativa de Mobilização”. Foi ainda atribuído o “Prémio Inovação Social GPA – Sociedade Ponto Verde” ao “Projeto EcoPontas & PapaChicletes – Redução e Valorização de Resíduos”, do Laboratório da Paisagem de Guimarães, o “Prémio Especial Cooperação Internacional de Negócios” ao “Popup School”, do JP Inspiring Knowledge, e distinguido quanto à “Eficiência Energética” o sistema de gestão de iluminação implementado no edifício da biblioteca Municipal de Palmela, “Is Green II”.

Sonae supera vendas de cinco mil milhões de euros no retalho As vendas conjuntas das unidades de retalho da Sonae subiram 7,2% em 2016, face a 2015, para os 5,198 mil milhões de euros. Foi a primeira vez que estas unidades ultrapassaram a barreira dos cinco mil milhões. De acordo com os dados preliminares, o aumento combina aumentos de 5,6% na Sonae MC (com as insígnias Continente, Continente Bom dia, Meu Super e Go Natural) e de 11,2% na Sonae SR, que junta insígnias como a Worten, Sport Zone, MO, Zippy, Losan e Salsa. No último trimestre, a Sonae MC viu o volume de negócios crescer 6,6%, para 1,002 mil milhões de euros. Por sua vez, a Worten subiu a quota de mercado em 10% e foi responsável por 910 milhões de euros de vendas (ou cerca de 63% da Sonae SR), o que significa um crescimento de 2,21% em termos homólogos, face a 2015. Já a Sports & Fashion cresceu 31,3%,

registando subidas das vendas no universo comparável de lojas e beneficiando do contributo positivo do portefólio original, que nos últimos dois anos foi reforçado com a integração da Salsa e da Losan. Na restante atividade retalhista da companhia, nomeadamente na área de bricolage, onde tem a cadeia Maxmat, a Sonae realizou um volume de negócios de 72 milhões de euros, mais 9,6% que em 2015. No retalho especializado, as vendas somaram 1,439 mil milhões no ano passado, com o último trimestre a contribuir positivamente para o balanço anual com uma progressão de 14,4% com um ano antes, para 432 milhões de euros. A restante atividade retalhista, onde se inclui a Maxmat, obteve 18 milhões de euros de volume de negócios, mais 11,4% do que no último trimestre de 2015. - 38 STORE 2017 -

O Grupo DIA registou em 2016 vendas brutas de 848 milhões de euros em Portugal, o que traduz um crescimento de 3% face ao ano anterior. No mercado ibérico, as vendas ascenderam a 6.815 milhões de euros, o que também constitui um aumento face a 2015, ainda que menor, na ordem dos 1,1%. O mercado português, onde a insígnia possui 623 lojas, apresentou um melhor desempenho do que o espanhol, pois aqui a subida foi de apenas 0,9%. Já as vendas comparadas consolidadas cresceram 8,7%, “recorde da empresa desde a sua entrada em bolsa em 2011”. O EBIDTA ajustado situou-se nos 625 milhões de euros, um crescimento de 8,6% em moeda local. Perante estes resultados, o grupo mantém o objetivo estratégico de crescimento anual médio de vendas brutas de 7% e de geração acumulada de valor de caixa de operações de 750 milhões para o período de 2016-2018.

Mercadona integra APED

A Mercadona já faz parte da Associação de Empresas de Distribuição (APED), organismo que representa e defende os interesses das empresas de retalho. Com a entrada na associação, a insígnia espera aprofundar e abrir caminhos de diálogo com os outros stakeholders da cadeia agroalimentar. A Mercadona, que considera a APED uma associação de “muito prestígio a nível nacional e internacional, como entidade que desenha, define e desenvolve estratégias de apoio à distribuição”, está muito satisfeita com este novo passo e espera estar envolvida e colaborar em todas as atividades organizadas pela associação. A insígnia espanhola escolheu Portugal como o primeiro mercado de internacionalização, tendo anunciado quatro lojas até 2019. A primeira fica na freguesia de Canidelo, em Vila Nova de Gaia, e terá 1800 m2 de área de venda.




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