Store 23, Abril/Junho de 2017

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magazine

DiretorA: FÁTIMA de SOUSA . Trimestral . Ano IV . N.º 23 . ABRIL-JUNHO de 2017 . 8 euros

p l a t af o r ma d e d i s t r i bu i ç ã o e c o m é r c i o m o d e r n o

NUNO LACASTA, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente

“É preciso alterar a forma de produzir, consumir e fazer negócio”



no interior

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04 grande plano Sustentabilidade Uma entrevista com o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, é o ponto de partida para uma edição dedicada à sustentabilidade.

10 BOAS PRÁTICAS O posicionamento da APED Para onde deve caminhar a Distribuição em matéria de sustentabilidade? A diretora-geral da APED deixa algumas respostas e vários associados partilham boas práticas.

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23 ECONOMIA CIRCULAR Valor para os resíduos O Smart Waste Portugal apresenta os desafios que se colocam em matéria de gestão de resíduos.

28 MOBILIDADE O futuro é elétrico? A estratégia de mobilidade elétrica vista pelo presidente da MOBI.E, Alexandre Videira.

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ESTRATÉGIA Os cinco eixos da Sonae A estratégia de sustentabilidade da Sonae assenta em cinco eixos e a diretora de Responsabilidade Corporativa explica porquê.

34 DESPERDÍCIO Uma estratégia nacional Em que ponto estão os trabalhos da Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar? A análise de Eduardo Diniz e Nuno Manana.

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UNIÃO EUROPEIA Um compromisso O combate ao desperdício alimentar é uma prioridade europeia. O EuroCommerce está na primeira linha desta batalha.

INTERNACIONAL Quanto vale a economia limpa? Milhões e milhões de dólares, na ótica do consultor em sustentabilidade Andrew Winston.

magazine Diretora Fátima de Sousa :: fs@storemagazine.net Conselho editorial Ana Isabel Trigo Morais / Carmo Stichini / Catarina Oliveira Fernandes / Cláudia Domingues / Mónica Ventosa / Ricardo Domingos Equipa editorial Ângela dos Vais / Mafalda Carvalho / Sofia Dutra Direção de arte Cátia Tomé Diretora-geral Sandra Silva :: T. 967 088 124 :: sandrasilva@newsengage.pt Distribuição por assinatura :: Preço: 32€ (4 edições) assinaturas@briefing.pt Tiragem média: 2.500 ex. Depósito legal 338451/12 N.º registo ERC 126154 Impressão TYPIA - Grupo Monterreina :: Área Empresarial Andalucia :: 28320 Pinto Madrid - España

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© NUNO COIMBRA

Grande Plano

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Grande Plano

“Setor da Distribuição é crucial para a economia circular” Portugal tem feito progressos assinaláveis no caminho da sustentabilidade, mas existem ainda muitas áreas a necessitar de atenção, sendo necessário abordá-las de forma integradora e geradora de sinergias com a atividade económica e o tecido empresarial. Esta é a leitura do presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, que reconhece o papel que a Distribuição pode desempenhar neste contexto, desde logo pela proximidade aos consumidores, mas também pela ligação aos transportes, um dos setores que mais desafios ambientais enfrenta.

Store | Que avanços identifica em Portugal em matéria de sustentabilidade? Nuno Lacasta | No seu 7.º Programa de Ação em Matéria de Ambiente, publicado em 2013, a União Europeia assumiu a sua visão para 2050: “Vivemos bem, dentro dos limites ecológicos do planeta”. Portugal partilha, naturalmente, esta visão e está empenhado em continuar a implementar políticas ambientais que permitam alcançar este propósito. Olhando para os últimos 30 anos, desde a publicação da primeira Lei de Bases do Ambiente, a implementação de políticas de ambiente tem trazido grandes benefícios aos ecossistemas nacionais e à saúde e qualidade de vida dos cidadãos nacionais. Concretizando alguns dos resultados alcançados, Portugal tem reduzido a sua grande dependência energética com recurso a fontes de energia renováveis, alcançando menos 10% de dependência nos últimos 10 anos. O país tem também conseguido “descarbonizar” a economia, tendo superado com sucesso os objetivos nacionais decorrentes do Protocolo de Quioto e reduzido a intensidade carbónica. Por outro lado, a implementação de políticas de ambiente permitiu alcançar melhores níveis de qualidade do ar, tendo sido fortemente reduzida, na última década, a percentagem de dias com índice de qualidade de ar médio e mau/fraco, e aumentado a percenta-

gem de dias com muito boa qualidade do ar. Na área da qualidade da água, os indicadores que apresentam uma evolução mais positiva são a qualidade das águas balneares costeiras e de transição e a água para consumo humano. No primeiro caso, evoluiu-se de cerca de 50% de águas balneares com qualidade excelente, no início dos anos 90 para 89,6% em 2015. No caso da percentagem de água segura na torneira do consumidor, Portugal alcançou em 2015 o valor de 99%, o que representa uma efetiva melhoria do valor de 77% verificado em 2000. Por último, em relação à gestão de resíduos, tem-se verificado uma evolução muito positiva nas taxas de resíduos urbanos depositados em aterro, que diminuiu de 62% em 2010 para 42% em 2014 e nas taxas de reciclagem de resíduos de embalagens de vidro, papel e cartão, plástico, metal e madeira. Ainda que estes resultados positivos sejam encorajadores, os desafios que Portugal enfrenta hoje continuam a ser consideráveis e há ainda muitas áreas a precisar de atenção. As pressões sobre o ambiente continuam a aumentar, particularmente num contexto em que as atividades económicas são fortemente impulsionadas, a nível global, pelo crescimento económico e populacional e pela alteração dos padrões de consumo. Torna-se, por isso, cada vez mais urgente compreender e abordar estes desafios de forma inovadora e integradora. Nesse sentido, Portugal 5

está focado em criar sinergias entre o crescimento económico e a sustentabilidade, promovendo a transição de uma economia linear assente no modelo “extrair-fabricar-consumir-deitar fora”, que promove a utilização de grandes quantidades de recursos e energia, para uma economia circular e de baixo carbono, alcançando a ambicionada dissociação entre desenvolvimento económico e impactes ambientais. Os agentes do tecido empresarial português são suficientemente ativos quando se trata de levar o conceito à prática? Neste desígnio de fechar o ciclo dos materiais e promover a eficiência energética, conceitos como ecodesign, reparação, reutilização, renovação, remanufatura, partilha de produtos, prevenção de resíduos e reciclagem são fortemente valorizados e reconhecidos pelo tecido empresarial nacional, que entende a necessidade de um novo modelo económico muito mais orientado para a sustentabilidade. Como olha para o setor da distribuição em termos de política de ambiente e sustentabilidade? O setor da distribuição é crucial para operar a transição para uma economia circular e construir uma economia neutra em carbono. Desde logo porque tem uma relação de proximidade com os consumidores, o que é muito relevante na medida em que estes serão os principais agentes da


Grande Plano

Portugal e os ODS: no bom caminho Portugal encontra-se “verdadeiramente empenhado” na implementação dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Saudável das Nações Unidas. É esta a visão de Nuno Lacasta, que dá como exemplo desse compromisso o facto de o país se ter voluntariado para apresentar, em julho, no Fórum Político de Alto Nível, em Nova Iorque, o seu relatório de implementação da Agenda 2030. Esta iniciativa – enquadra o presidente da APA – permitiu levar a cabo um exercício de avaliação do ponto de partida nacional, relativamente aos 17 ODS, obtendo-se um mapeamento das políticas nacionais que concorrem para a implementação da Agenda 2030. E sublinha o “papel fundamental” neste exercício do Instituto Nacional de Estatística, bem como da Agência para o Desenvolvimento e Coesão: “Face aos desafios que o país tem pela frente, os elementos estatísticos (disponíveis em termos quantitativos e qualitativos) são essenciais na perspetiva do planeamento, monitorização e avaliação de programas e políticas na área económica e social com impacto no desenvolvimento”. Em termos genéricos, afirma que “o país tem defendido um ajustamento que permita acompanhar a escala do compromisso político assumido, sublinhando a necessidade de garantir a eficiência e a eficácia de um sistema baseado numa articulada cooperação e complementaridade entre os diferentes atores, nos planos global, regional e nacional, explorando as sinergias e interdependências entre as respetivas competências e estratégias, evitando duplicações e procurando maximizar capacidades e impacto”.

O país está totalmente empenhado com a profunda descarbonização da sua economia

mudança de paradigma que esta transição exige. Este setor terá aqui um papel fundamental na informação ao consumidor quanto aos produtos e serviços com melhor desempenho ambiental, apoiando uma decisão de compra informada. Por outro lado, porque há muito que olha para a cadeia de valor, procurando ganhos de eficiência, tendo bem presente os benefícios de uma visão integrada da sustentabilidade. Acresce que o setor da distribuição está fortemente associado ao setor dos transportes, que é um dos que mais desafios enfrenta em termos ambientais e que é o único que suscita algumas dúvidas quanto à possibilidade de alcançar o objetivo de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa até 2020. Transferir para o ferroviário ou marítimo/fluvial 30% do tráfego rodoviário de mercadorias em distâncias superiores a 300 km, até 2030, e mais de 50% até 2050, permitirá reduzir de forma clara as emissões de gases com efeito de estufa do setor da distribuição. Acredito também que a distribuição beneficiará muito de todas as iniciativas de ecoinovação que alterem a embalagem, o formato ou o peso dos produtos a transportar, com repercussões quer ao nível dos resíduos produzidos, quer ao nível das emissões e consumo energético associados ao transporte.

já referidos, contribuindo em paralelo para uma melhor qualidade do ar, essencialmente nas cidades e para menores níveis de ruído. A descarbonização do setor dos transportes exige uma visão integrada e articulada das diferentes opções que se colocam, tendo em vista a meta de redução de emissões, devendo ser vista como uma oportunidade de tornar o setor mais competitivo. Neste quadro, a descarbonização das frotas de veículos é vista como um desafio assumido pelo Programa Nacional para as Alterações Climáticas (PNAC 2020/2030), que prevê medidas para a promoção da mobilidade elétrica como a consagração do novo modelo para a mobilidade elétrica, a promoção de veículos elétricos

pontos de carregamento de veículos elétricos com 1200 pontos de carregamento normal e 50 rápidos, instalados nas principais cidades e vias de comunicação, cuja concretização contou com o apoio do Fundo Português de Carbono. Recorde-se ainda que foram introduzidos incentivos à mobilidade elétrica, através de medidas com impacto no IRS, IRC e IVA, bem como a isenção de ISV e de IUC ou atribuição de subsídios mediante a compra de veículos elétricos no âmbito do incentivo ao abate de veículos em fim de vida . A mobilidade elétrica é uma das prioridades de atuação das políticas públicas sobre alterações climáticas, contribuindo para alcançar as metas a que Portugal se comprometeu no contexto da União Europeia e do Acordo de Paris, e para dar resposta aos objetivos de política de transportes nacionais e da União Europeia. Portugal pretende, até ao final de 2018, estender a rede piloto de carregamento de veículos elétricos de acesso público a todo o território nacional. Também, numa perspetiva de expandir e

A mobilidade elétrica é um tema incontornável em matéria de sustentabilidade. Que retrato traça do país neste âmbito? E no contexto europeu, como se comporta Portugal? A aposta na mobilidade elétrica é decisiva para se alcançar os objetivos de descarbonização

de duas rodas, nas frotas de táxis e na micrologística urbana, área em que as empresas de distribuição poderão ter um papel a desempenhar. Portugal foi um país pioneiro na mobilidade elétrica, tendo lançado em 2011 o Programa para a Mobilidade Elétrica em Portugal – MOBI.E, visando implementar uma rede pública de

interligar a sua rede de pontos de carregamento, importa salientar que, no âmbito da mobilidade sustentável é fundamental analisar as formas e necessidades de mobilidade e assegurar que os transportes coletivos assumem um papel central. Estas questões estão fortemente relacionadas com o modelo de organização das nossas

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Grande Plano emissões em todos os setores, no entanto o da energia é vital para os objetivos da política climática. De acordo com os dados do Inventário Nacional de Emissões, o setor da energia, incluindo transportes, mantém-se em 2015 como o principal responsável pelas emissões de GEE, representando cerca de 70% das emissões nacionais, e apresentando um crescimento face a 1990 de cerca de 16%. Neste setor, os transportes (24%) e a produção de energia (27%) são as fontes mais importantes do total das emissões nacionais. Os setores dos resíduos, agricultura e processos industriais e uso de produtos têm um peso de 9%, 10% e 11%, respetivamente, nas emissões totais.

cidades e das nossas atividades, pelo que há aqui também um papel de planeamento de fundo a ser desenvolvido neste âmbito e que a revisão do PNPOT (Programa Nacional da Política de Orde-

alterações climáticas são hoje parte integrante de um conjunto de políticas setoriais plenamente alinhadas com a visão e objetivos de médio e longo prazo da política cli-

De que forma irá Portugal conseguir cumprir o Acordo de Paris? Existe algum programa setorial nesse sentido? Portugal participou desde o início na negociação do Acordo de Paris que foi adotado na 21ª Conferência das Partes (CoP21), a 12 de dezembro de 2015, tendo entrado em vigor no dia 4 de novembro de 2016. Neste momento, o acordo foi já ratificado por 145 das 197 partes à Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, surgindo regularmente novos anúncios de ratificação. O país está totalmente empenhado com a profunda descarbonização da sua economia e os objetivos da política climática estabelecidos a nível nacional estão plenamente alinhados com a visão e objetivos de médio e longo prazo da política climática europeia e com o Acordo de Paris. Nesse sentido, e uma vez que o Acordo de Paris obriga as Partes a adotarem medidas de mitigação internas com vista a alcançar os objetivos desses contributos, o PNAC 2020/2030 e a Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (ENAAC 2020), estabelecem o quadro de política climática nacional que permite dar resposta ao mesmo e à implementação dos compromissos de redução de emissões nacionais. De forma muito sintética, estes objetivos passam por promover a transição para uma economia de baixo carbono, gerando mais riqueza e emprego, assegurar uma trajetória sustentável de redução das emissões de gases com efeitos de estufa, reforçar a resiliência e as capacidades nacionais de adaptação, estimular a investigação, a inovação e a produção de conhecimento, não esquecendo, natural-

namento do Território) tem uma palavra a dizer.

mática europeia e com o Acordo de Paris. A título de exemplo, importa referir o PNAC 2020/2030, que assumiu como visão o desenvolvimento de uma economia competitiva e de baixo carbono, colocando Portugal em linha com os objetivos europeus e internacionais. Existe, efetivamente, potencial de redução de

mente, o imprescindível envolvimento dos cidadãos nos desafios das alterações climáticas. Importa reforçar que o país assumiu em Marraquexe o objetivo político de atingir a neutralidade carbónica em 2050, confirmando o posicionamento de Portugal entre aqueles que assumem a liderança no combate às alterações climáticas.

A par dos transportes, que outros setores devem contribuir em maior escala para a redução dos gases com efeito de estufa, tendo presente os desafios que se colocam com o Acordo de Paris? Em Portugal, as políticas públicas sobre

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Grande Plano

“Ainda há resistências” Igualmente relevante é o tema da economia circular. Como se enquadra no plano de ação europeu? A economia circular tem como objetivo imediato a gestão racional dos recursos com particular incidência para os recursos materiais, a energia, a água e o uso do solo, permitindo uma clara ligação entre o desempenho ambiental e socioeconómico. Trata-se, sem dúvida, de um dos principais focos de ação da atual política de ambiente e posiciona Portugal na linha da frente dos países mais empenhados na transição de uma economia linear para uma economia circular caracterizada por uma muito maior eficiência económica, reduzindo o desperdício, melhorando o nível de reutilização de materiais e valorizando os resíduos. Esta nova visão implicará a participação de todos os agentes económicos, desde a extração até ao consumo. Importará neste contexto destacar as compras públicas ecológicas, em linha com as práticas de Green Public Procurement da União Europeia, e a reforma da Fiscalidade Verde. Ao nível da política dos 3R (reduzir, reutilizar e reciclar), pretende-se reduzir significativamente a deposição em aterro dos resíduos urbanos biodegradáveis, bem como aumentar a taxa de preparação dos resíduos para reciclagem. Ao nível das infraestruturas de resíduos urbanos pretende-se também garantir o aumento da capacidade e eficiência dos processos de tratamento nas instalações de Tratamento Mecânico e Biológico, permitindo retirar a fração de resíduos recicláveis ou valorizáveis ainda colocados nos resíduos indiferenciados, a valorização material e orgânica, contribuir para a redução progressiva da deposição de resíduos em aterro e ainda a redução de gases com efeito de estufa associado à redução das emissões pelo desvio da deposição de resíduos urbanos biodegradáveis em aterro. Não obstante as medidas referidas que contribuem de forma direta para a transição para uma economia circular importa também referir que existem outras medidas estratégicas de outras áreas governativas que irão contribuir para esta realidade. Refira-se como exemplo a estratégia para a Indústria 4.0, estratégia energética nomeadamente os incentivos às centrais solares fotovoltaicas e de biomassa e as agendas de inovação e de conhecimento. A economia circular é transversal a todas as áreas governativas e só será plenamente concretizada se se verificar uma conjugação de esforços.

Na sua perspetiva, começámos já a dar os primeiros passos para tornar esta ideia uma realidade? É já possível partilhar exemplos que possam funcionar como boas práticas da ligação entre “ganhos financeiros” e “ganhos ambientais”? Sim, sem dúvida que já se começou a dar os primeiros passos para tornar a ideia da economia circular numa realidade. Foi já implementado ou está em desenvolvimento um conjunto importante de medidas, que inclui medidas como o lançamento do portal e plataforma colaborativa eco.nomia, a reorientação dos trabalhos da Coligação para o Crescimento Verde (CCV), o incentivo à construção ecológica, para referir apenas algumas. Destaca-se, ainda, a inclusão na Fiscalidade Verde de incentivos ao I&D na conceção ecológica de produtos e serviços, tendo por base o Sistema de Incentivos ao I&D de Base Empresarial SIFIDE, em que as despesas que digam respeito a atividades de investigação e desenvolvimento associadas a projetos de conceção ecológica de produtos são consideradas em 110%. No âmbito específico do Fundo Ambiental está também previsto o apoio a projetos específicos em Economia Circular, de cariz empresarial e regional, mediante agenda de apoio a ser definida. No âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagem (SIGRE) foi já introduzido um aumento da concorrência ao nível da gestão dos resíduos de embalagens generalistas com a concessão de licença a duas entidades gestoras. 8

De forma a enquadrar todos os desenvolvimentos sobre esta matéria encontra-se em preparação um plano nacional para a economia circular “Liderar a Transição” que irá, para além de consolidar as ações já referidas, prever outras a serem desenvolvidas até 2020, ano crucial para nova avaliação e projetação futura. De todos os temas estratégicos que têm vindo a ser discutidos sobre este dossiê (ex. desperdício alimentar, plástico, matérias-primas secundárias), quais são aqueles que colocam maiores desafios ao nosso país? Na realidade todos os temas estratégicos endereçados no Plano de Ação Europeu para a Economia Circular vão trazer novos e diferentes desafios ao nosso país, sendo que se perspetiva que os maiores desafios centrar-se-ão na cadeia de valor respeitante à produção e consumo pois são áreas em que existe muito por fazer no que à economia circular respeita e é onde se encontram as alterações necessárias à verdadeira transição para a economia circular. Quanto às ações setoriais destaca-se a respeitante à biomassa e materiais de base biológica na medida em pode também trazer difíceis desafios dado o estado de implementação em Portugal da estratégia para a Bioeconomia de 2012. Para além dos desafios elencados entende-se que existe ainda um obstáculo transversal a todas as áreas e que passa pela resistência de todos os intervenientes em alterar as atuais formas de produzir, consumir e fazer negócios.


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boas práticas

A importância de partilhar boas práticas A APED lança uma nova versão do Guia de Boas Práticas Ambientais. Uma ferramenta de trabalho indispensável para os associados, mas também o espelho do muito que já se faz no setor. O desenvolvimento de soluções que asseguram maior eficiência na utilização e gestão dos recursos e maior bem-estar do planeta e dos consumidores tem sido um dos desafios recorrentes das empresas que operam no setor do retalho e distribuição. Este foi o entendimento da APED que consubstanciou a adoção de um Guia de Boas Práticas Ambientais, agora atualizado, de modo a continuar a entregar conhecimento e valor aos seus associados.

Trata-se de uma ferramenta de trabalho que permite identificar as principais obrigações legais aplicáveis à atividade, mas que também coloca em perspetiva os desafios lançados pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030, das Nações Unidas. Ao mesmo tempo, constitui um espelho das práticas já seguidas voluntariamente pelas empresas, no prosseguimento de uma estratégia de consolidação das políticas ambientais nos respetivos modelos de negócio. 10

o guia coloca em perspetiva os desafios lançados pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030, das Nações Unidas


boas práticas

IKEA por um planeta positivo Aldi na via do consumo consciente Apoiar as empresas associadas na definição de políticas ambientais, bem como informar os stakeholders, os consumidores e outras partes interessadas sobre o empenho e compromissos assumidos em termos de políticas de sustentabilidade ambiental. Este é o grande mérito do Guia de Boas Práticas Ambientais da APED na visão da Aldi Portugal. Elke Muranyi, manager Corporate Responsability, sustenta que, enquanto empresa internacional, a Aldi tem consciência do impacto da sua atividade para o ambiente e para a sociedade: “Com a nossa Política de Responsabilidade Corporativa evidenciamos o entendimento de responsabilidade em cinco áreas de atuação, entre elas responsabilidade na cadeia de abastecimento e conservação de recursos, ambas direcionadas fortemente para questões ambientais”, enquadra. Para todas as áreas de atuação foram formulados objetivos concretos, os quais são aplicados “estrategicamente”. “No entanto, acreditamos que estes objetivos, que definimos, entre outros, nas nossas políticas de compra, devem ser sujeitos a constantes atualizações e verificações sistemáticas. Por isso, pretendemos não só publicar políticas de compra específicas, definindo e atualizando, entre outros, requisitos ambientais específicos para determinadas categorias de produtos, como também

aumentar a oferta de artigos com certificações que respeitam determinadas normas de sustentabilidade ambiental e social”. Dá como exemplos dos projetos desenvolvidos pelo grupo empresarial ALDI Nord, ao qual a ALDI Portugal pertence, a campanha Detox, que tem como fim reduzir os impactos sobre as pessoas e o ambiente dos processos de produção com agentes químicos na indústria têxtil e do calçado. Além disso, nas lojas da insígnia estão em curso medidas como a conversão para iluminação eficiente com tecnologia LED ou equipamentos de frio mais eficientes. A responsável da Aldi em Portugal acredita que os consumidores têm uma preocupação crescente com as questões ambientais, daí a preocupação com a “informação transparente” sobre as práticas adotadas. “Estamos conscientes das expectativas da sociedade no âmbito da sustentabilidade e acreditamos que a distribuição deve assumir a responsabilidade de informar proativamente os consumidores acerca das boas práticas implementadas e de como eles próprios podem aplicá-las no seu dia a dia”, comenta. E sublinha que a insígnia comercializa bens alimentares e não alimentares de marca própria com diversas certificações no âmbito da sustentabilidade, oferecendo aos clientes opções de consumo consciente. 11

Num contexto de crescimento acentuado nos últimos anos, também a responsabilidade do setor do retalho ao nível das boas práticas aumenta. É neste enquadramento que, segundo Cláudia Domingues, diretora de Sustentabilidade da IKEA Portugal, se justifica a existência de um Guia de Boas Práticas Ambientais. Desde sempre – afirma – que na IKEA a sustentabilidade e a gestão responsável dos recursos estão presentes na forma de trabalhar, na convicção de que ajuda a melhorar o negócio e cria um impacto positivo nas comunidades e no planeta. “Pessoas positivas, planeta positivo” é, assim, o conceito subjacente a uma estratégia que assenta na meta da autossuficiência a nível energético e de recursos até 2020. Neste âmbito, a IKEA Portugal investiu, desde 2009, mais de 3 mil milhões de euros em projetos de energia solar e eólica, 5 milhões dos quais na instalação de painéis solares fotovoltaicos na superfície das lojas de Alfragide, Loures, Matosinhos e Loulé. Além disso, as lojas estão equipadas com sistemas de tubos solares e toda a iluminação é LED. Cláudia Domingues destaca ainda a utilização de recursos responsáveis: todo o algodão é proveniente de fontes mais sustentáveis, num processo de produção com menos impacto ambiental e mais rentável para os produtores. O grupo vai, aliás, investir 1000 milhões de euros para garantir que, a longo prazo, mais produtos são provenientes de matérias-primas mais sustentáveis. Na insígnia acredita-se que o consumidor reconhece e valoriza este esforço: “Diria que mais do que conhecerem os nossos projetos e compromissos, são os próprios clientes que esperam da IKEA um comportamento responsável e participativo nas comunidades.


boas práticas

Lidl não desiste de melhorar Para o Lidl, a sustentabilidade é condição essencial para cumprir a promessa de qualidade ao melhor preço. Por isso, a insígnia diz focar-se onde as suas ações têm efeitos “reais”, ou seja, no sortido, colaboradores, ambiente, sociedade e parceiros de negócios. Nesse âmbito, o Guia de Boas Práticas Ambientais, que resume os principais requisitos legais aplicáveis à atividade das empresas do setor da Distribuição e define linhas de orientação, desempenha o seu papel: “É um conjunto de medidas que visa melhorar comportamentos, práticas, atitudes e promover o desenvolvimento sustentável, reforçando a cooperação e partilha de boas práticas entre empresas do mesmo setor”, refere o departamento de comunicação do Lidl. Ainda assim, a insígnia acredita que é possível aprofundar estas soluções, integrar a sustentabilidade no negócio e educar os consumidores para a valorizar. “A máxima inscrita na nossa sede internacional ‘quem quer ser bom não desiste de melhorar’ instiga-nos a estarmos sempre atentos às tendências e inovações”. Exemplo disso é a preocupação na utilização sustentável de matérias-primas. E reclama ter sido, em 2016, a primeira rede de supermercados em Portugal a assegurar que a totalidade do bacalhau de marca própria era proveniente de pesca sustentável, com certificação MSC. Esta preocupação com a origem da matéria-prima estende-se aos chocolates Favorina, cujo cacau é certificado UTZ, ou às bananas, que tem certificação Fairtrade, entre outros. Já no campo da gestão eficiente de energia, o Lidl está a aplicar em todas as lojas novas ou que tenham sido modernizadas um novo conceito sustentável que reflete esta preocupação. São utilizados materiais de construção recicláveis e reutilizados, e que permitem um maior

isolamento termo acústico, por exemplo. A aposta na eficiência energética revela-se ainda no uso exclusivo de iluminação LED, na instalação de painéis fotovoltaicos para a produção local de energia para autoconsumo e na gestão centralizada com automatismos de gestão da climatização, energia, iluminação e água, que garantem a eficiência energética e ambiental e contribuem para que o Lidl minimize a pegada ecológica. A estratégia estende-se aos consumidores, com o Lidl a arrancar com um projeto piloto que permite o acesso gratuito a pontos de carga para veículos elétricos, os quais são 100% alimentados pelos painéis instalados na cobertura da loja. Da perspetiva dos resíduos, o Lidl diz procurar garantir a melhor solução possível para os resíduos produzidos nas lojas, entrepostos e escritórios. “Este nosso esforço leva-nos, de ano para ano, a conseguir um aumento da percentagem de valorização, através de reciclagem/compostagem e incorporação em rações animais, dos resíduos produzidos”, adianta. Em paralelo, a insígnia procura “ao máximo reduzir o desperdício alimentar e, para isso, integra “um rigoroso critério de qualidade” e acompanhamento das datas de validade. De acordo com a empresa, as datas de validade são controladas todos os dias, nas lojas, pelos colaboradores e, quando os produtos estão na véspera da “Data Limite Lidl” (data definida pelo fabricante e que antecede a data de validade na embalagem) têm uma baixa de preço para que a compra seja facilitada e se evite o desperdício. Já os produtos que estão próprios para consumo, mas que não reúnem as condições ideais de venda, são, de acordo com a insígnia, doados a Instituições Particulares de Solidariedade Social. 12

A Norauto acredita na partilha A existência de um guia vem reforçar as boas práticas desenvolvidas pelas empresas do retalho e da distribuição, sendo uma forma de promover o cumprimento da legislação aplicável, mas também a melhoria contínua do desempenho ambiental num setor de grande diversidade de atividade. É assim que na Norauto se olha para a atualização do documento promovida pela APED. Na insígnia, e segundo Elisabete Martins, da direção de Marketing e Comunicação e Gestão Ambiental, desde o início da presença em Portugal, em 1996, que existe a preocupação de reduzir o impacto da operação sobre o ambiente: “Todos os dias, comprometemo-nos com uma correta gestão dos produtos usados, resultante da atividade, encorajando todas as equipas a um comportamento mais responsável e sustentável”. Frisa, a propósito, o papel da partilha de experiências pelas empresas associadas da APED, graças ao que “é possível antecipar, corrigir, desenvolver e agilizar muito mais rapidamente ações para melhorar o desempenho a nível ambiental e sustentável”. Os consumidores são também envolvidos, pois a empresa divulga as suas boas práticas ambientais de “forma permanente”, nomeadamente nos centros-auto e nas plataformas digitais. Além disso, foram desenvolvidas campanhas específicas de ação de solidariedade social em promoção da sustentabilidade, nomeadamente uma parceria com a APSI - Associação para a promoção da segurança infantil e com a PRP - Prevenção Rodoviária Portuguesa. No primeiro caso, foi possível reduzir o consumo de sacos de plástico em 97,2%, passando a empresa a disponibilizar um saco reutilizável, sendo que, por cada um que é vendido, 0,25€ reverte para a associação.


boas práticas

Os Mosqueteiros são pela melhoria contínua No Grupo Os Mosqueteiros, a atualização do Guia de Boas Práticas Ambientais é encarada como uma mais-valia, sobretudo para “empresas do setor que não têm meios próprios para conseguirem identificar e aplicar no âmbito das suas atividades a conformidade legal”. Além de que é “uma forma de dar a conhecer as boas práticas já implementadas pelos seus associados”. Fonte do grupo diz que, ali, “desde sempre” que se colocam em prática as recomendações do guia, mas reconhece

que “existe sempre espaço para a melhoria, pelo que poderá ser uma fonte de inspiração para colocar novas ideias tendo sempre como base o processo de melhoria contínua”. Até porque, cada vez mais, os consumidores estão atentos às questões ambientais. No entanto, segundo a mesma fonte, “existem ações que os consumidores acabam por não perceber, que se aplicam nos pontos de venda diariamente e que fazem toda a diferença em termos de gestão ambiental”.

a C&A faz o que está certo O diretor-geral da C&A Ibéria, Domingos Esteves, não tem dúvidas de que a existência de um Guia de Boas Práticas Ambientais partilhado por todos os associados da APED é de extrema importância para a valorização do setor e para a promoção de práticas sustentáveis junto de todas as empresas associadas, dos seus colaboradores e clientes. Diz mesmo que, através deste guia, a C&A e os restantes associados reconhecem que os problemas ambientais se revestem de uma importância crescente a todos os níveis da atividade económica. E defende que, neste sentido, é importante que a atividade empresarial integre as questões ambientais e sociais como parte das prioridades do setor. A estratégia da C&A neste âmbito está centrada em três pilares – produtos sustentáveis, fornecimento sustentável e vidas sustentáveis – a partir dos quais são

definidas as práticas de responsabilidade social. Contudo, na indústria do vestuário, em que a insígnia se enquadra, a sustentabilidade é, segundo o gestor, “um desafio complexo, que requer uma adaptação e aprofundamento constantes”: “A nossa estratégia de sustentabilidade global procura abordar os principais problemas que a indústria do vestuário enfrenta atualmente a nível global, a saber, escassez de recursos, impactos ambientais e condições de trabalho justas”. Quanto ao reconhecimento dos consumidores, sublinha Domingos Esteves que a C&A respeita a confiança que depositam na marca para “fazer o que está correto”: “Preocupamo-nos profundamente com a forma como estamos no mercado e com o impacto que o nosso negócio tem nos nossos colaboradores, clientes, comunidades e no planeta. 13

Mas reconhece-se, por outro lado, que outras ações implementadas, como a recolha de alguns tipos de resíduos, as campanhas de sensibilização para a recolha de óleos, equipamentos elétricos e eletrónicos, acabam por chamar a atenção dos consumidores, os quais associam essas práticas a uma determinada insígnia. A prova de que conhecem e reconhecem é que acabam por entregar os seus resíduos nos pontos de venda, conclui a mesma fonte.


© Gonçalo Borges Dias

boas práticas

Governo deve ouvir as empresas Ana Isabel Trigo Morais, diretora-geral da APED, considera que as empresas portuguesas têm tido um desempenho positivo em matéria de práticas ambientais, mas admite que há um caminho a ser percorrido. Um caminho que carece de uma atitude de diálogo efetivo por parte do governo e da administração pública. Store | A APED trabalhou na atualização do Guia de Boas Práticas Ambientais. Qual a relevância para o setor do retalho e distribuição? Ana Isabel Trigo Morais | As boas práticas ambientais são um verdadeiro compromisso para o setor. Pela complexidade do negócio, sabemos que temos uma forte responsabilidade em contribuir para minorar o impacto ambiental da atividade das empresas do retalho e distribuição. Qual tem sido o papel da APED na identificação e promoção destas práticas? A atuação nesta área é prioridade para a APED

e traduz-se, por exemplo, no trabalho da comissão técnica especificamente dedicada a este tema. É sua função acompanhar as principais atividades das empresas associadas, no sentido de lhes fornecer ferramentas e linhas de atuação que ajudem na melhoria contínua do seu desempenho ambiental e, em simultâneo, no cumprimento da legislação aplicável a esta área. Neste contexto, temos por base uma abordagem integrada que se traduz, por um lado, no apoio aos associados na aplicação de boas práticas recomendadas, por outro, em documentos estratégicos como a Carta de Sustentabi14

lidade, ou até mesmo o Guia de Boas Práticas Ambientais, dos quais apresentamos agora versões atualizadas. Quais as vantagens deste guia para as empresas do setor? Tem o objetivo muito claro de ser uma ferramenta de trabalho para que as empresas balizem as suas práticas na área ambiental. Este documento tem como mais-valias os conteúdos, de simples leitura, e a sua estrutura, que permite uma rápida consulta. Está dividido em duas áreas: “Boas Práticas de Gestão” que reflete a importância de uma gestão eficaz do


boas práticas desempenho ambiental; e “Boas Práticas Operacionais”, que se desdobra em doze temas variados, desde a água à energia, passando pela comunicação responsável. Entre os conteúdos para cada uma das áreas destacamos as obrigações legais; medidas de adoção voluntária e os benefícios resultantes da sua aplicação; ou ainda alguns exemplos de monitorização do desempenho ambiental. No final do guia é disponibilizado um conjunto de boas práticas ambientais, implementadas por alguns dos associados da APED, para além de uma lista de conformidade legal ambiental, na qual se detalham as principais obrigações ambientais aplicáveis ao setor, e de uma checklist ambiental, com um resumo dessas mesmas obrigações. Como estas práticas podem criar valor para os consumidores? Podem criar valor de várias formas. Do ponto de vista dos produtos e serviços disponibilizados, o ganho para o consumidor tem vindo a ser mais notório, porque dispõe de um leque cada vez maior de oferta que promove o consumo sustentável, desde produtos com informação detalhada sobre a sua origem, embalagens de artigos concebidas de acordo com critérios de ecodesign, produtos energeticamente mais eficientes, produtos com certificações em sustentabilidade, ou ainda soluções diversas para transporte das compras. Já do ponto de vista da gestão e operação das empresas do setor, estas práticas permitem que o consumidor possa confiar cada vez mais em quem trabalha para si diariamente. As boas práticas criam valor não só para o consumidor, mas também para toda a cadeia de valor, que se quer cada vez mais sustentável. Os consumidores têm conhecimento das iniciativas dos retalhistas? Sim. Os consumidores de hoje estão cada vez mais sensíveis para a responsabilidade que têm para com o ambiente. E os retalhistas apostam na comunicação, simples, direta e clara destas práticas e iniciativas. Consideramos que esta é uma obrigação social, não só porque dá a conhecer o nosso verdadeiro empenho, mas também porque pode servir de exemplo para que a comunidade adote também práticas ambientalmente mais responsáveis. As boas práticas ambientais podem ser um fa-

tor a pesar na escolha do local onde os consumidores fazem compras? As boas práticas ambientais materializam-se a vários níveis, todos eles importantes para o consumidor, seja de forma direta ou indireta. Por isso, acreditamos que são um fator que pesa não só na escolha do local de compra, como também na escolha dos produtos que pretendem adquirir ou serviços que querem contratar. O que o setor do retalho e da distribuição precisa para poder cumprir estas práticas? Para que as empresas sejam bem-sucedidas a este nível é necessário um acompanhamento minucioso do que se passa nesta área, que está em constante mutação. Em mutação devido a um consumidor cada vez mais atento às questões ambientais e que procura produtos e serviços que ajudem a minorar a sua pegada ambiental; devido a diretivas internacionais que impõem novas metas como o Acordo de Paris ou o Pacote Europeu para a Economia Circular; devido a alterações legislativas no contexto nacional. O setor reconhece toda a complexidade adjacente à sustentabilidade ambiental, mas já deu várias provas de que consegue acompanhar o compasso das alterações e, até, em muitos casos, ser pioneiro e inovador. Quais as áreas que a APED identifica com necessidade de maior atenção? Todas as áreas identificadas no guia são de extrema importância para a APED e, mais do que teoria, têm guiado o trabalho prático de apoio por nós dado aos associados. No entanto, existem, sim, algumas áreas que temos de olhar com atenção em alinhamento com tendências internacionais. Vejamos, por exemplo, a economia circular, uma das grandes bandeiras da Comissão Europeia, que traçou para esta área um plano de ações e apostou na criação de uma Plataforma de Stakeholders, que a APED acompanha com atenção, e a Plataforma de Apoio Financeiro à Economia Circular em parceria com o Banco Europeu de Investimento. A sua aplicação efetiva requer ainda muitas alterações na operação das empresas e dos seus parceiros, quer especificamente no setor do retalho e distribuição bem como noutros setores do tecido empresarial. A APED considera importante refletir sobre o que é a economia circular, o que exige, os desafios e benefícios que traz e como pode ser efetivamente aplicada. Por esta razão, é um dos pontos do guia e tem sido um dos temas em debate nos encontros que promove, como o foi, por exemplo, no Congresso APED 15

O setor reconhece toda a complexidade adjacente à sustentabilidade ambiental, mas já deu várias provas de que consegue acompanhar o compasso das alterações

em 2016. A comunicação com o consumidor é também outra área importante e na qual pode haver ainda uma evolução. Temos, por um lado, a importância da prestação de informação sobre o desempenho ambiental dos produtos, com a comunicação digital a poder ser aqui uma ótima ferramenta, ao permitir que as empresas sejam mais interventivas e sustentáveis, alargando o número de consumidores recetores dessas mensagens. Por outro lado, consideramos que é igualmente crucial apostarmos na comunicação para a sensibilização ambiental da comunidade, em parceria com entidades que desenvolvem o seu trabalho nos âmbitos ambiental, educacional e social, seja a nível local ou nacional, a ser essencial para impulsionar hábitos e práticas ambientais mais sustentáveis. Como se têm comportado as empresas portuguesas na melhoria do desempenho ambiental do setor? E que desafios se colocam? O desempenho tem sido positivo, mas requer que seja percorrido um grande caminho, que venha acompanhar a realidade e diretrizes internacionais como os já referidos Acordo de Paris e Pacote Europeu para a Economia Circular, ou os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para 2030. É aqui que se colocam os desafios. As entidades nacionais, nomeadamente o governo, devem ser capazes de ouvir o tecido empresarial, para além dos vários intervenientes do setor ambiental, antes de definir um quadro legislativo ou fiscal que venha funcionar como penalizador de empresas e consumidores, em vez de efetivamente fomentar práticas ambientalmente mais responsáveis. Somos, por isso, defensores de um amplo diálogo com o governo e a administração pública e, assim, parceiros para a aplicação efetiva da legislação, a bem da melhor regulação e de melhor adoção da mesma, num setor que se posiciona com altos níveis de compliance, nestas e noutras matérias.


boas práticas

A melhoria contínua do setor e a criação de valor para os consumidores são os princípios subjacentes à Carta de Sustentabilidade da APED.

Um compromisso, quatro princípios “A par das pessoas, da inovação e da competitividade, a sustentabilidade é um dos ativos mais valiosos da APED e dos seus associados”. As palavras são da diretora-geral da associação, Ana Isabel Trigo Morais, e enquadram a decisão de dar forma a uma Carta de Sustentabilidade que sistematize os princípios orientadores do compromisso em prol do desenvolvimento sustentável. “Como é do conhecimento geral, o setor do retalho e da distribuição é competitivo, moderno e orientado por diretrizes internacionais e, sobretudo, por uma atuação socialmente justa, economicamente viável e ambientalmente correta. Estamos, por isso, conscientes do nosso papel na melhoria contínua do setor e na criação de valor para os consumidores”, reforça. Assim, são quatro os princípios enunciados na carta: melhoria contínua do desempenho ambiental, oferta responsável e bem-estar social, cooperação na cadeia de fornecimento e colaboração com os stakeholders. Estas são prioridades que, enfatiza Ana Isabel Trigo Morais, conduzem a atuação da associação e dos seus membros e que vão de encontro ao que o mercado merece: “Das pequenas às grandes decisões, estamos comprometidos com tudo o que nos rodeia”, sintetiza. A Carta de Sustentabilidade espelha um posicionamento caraterizado pela vontade de intervir: “A permanente evolução é parte de uma dinâmica em que construímos e entregamos conhecimento e valor para que sejam adotados pelos nossos associados. É assim que crescemos como setor, deixamos um registo positivo na sociedade, efetivo e duradouro, e que continuamos ao serviço das nossas empresas”.

Melhoria contínua do desempenho ambiental

Oferta responsável e bem-estar social

Envolve o incentivo à transição para uma economia mais circular e de baixo carbono, preservando o valor dos produtos e o uso eficiente dos recursos.

Passa pelo incentivo à adoção de comportamentos e práticas responsáveis por parte dos associados junto dos recursos humanos, consumidores e comunidade em geral, contribuindo para o consumo sustentável e bem estar-social.

Cooperação na cadeia de Colaboração com stakeholders fornecimento Contempla a adoção de princípios de integridade, transparência e eficácia em toda a cadeia de valor, baseados em critérios ambientais, éticos e sociais, a par do compromisso em apoiar soluções que visem a ecoeficiência dos processos, produtos e serviços. 16

Tem como objetivo último acrescentar valor e potenciar os benefícios ambientais, sociais e económicos das práticas de gestão das empresas associadas.


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opinião

Produção, consumo e desenvolvimento sustentável Carlos Borrego, professor catedrático, diretor do Departamento de Ambiente e Ordenamento, da Universidade de Aveiro, e ex-ministro do Ambiente, alerta para a importância de não se confundir desenvolvimento com crescimento, em particular económico. E sublinha que uma das explicações para a crise ambiental se prende com a aceleração do consumo.

Do ponto de vista organizacional, podemos destacar o crescimento do desenvolvimento sustentável na gestão das organizações. De facto, com a introdução de abordagens inovadoras, os empresários e gestores podem moldar os mercados, e consequentemente a sociedade, proporcionando melhorias organizacionais, mas também técnicas, produtos e serviços que podem ser vendidos no mercado com sucesso, uma vez que a inovação exige objetivos ambientais, económicos e sociais. Mas o que é o desenvolvimento sustentável? Será “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprirem suas próprias necessidades”. Isto quer dizer: usar os recursos naturais respeitando o nosso próximo e o ambiente. Preservar os bens naturais e a dignidade humana. É o desenvolvimento que não esgota os recursos, conciliando crescimento económico e conservação da natureza. Dados divulgados pela ONU em 2015 revelam que os habitantes da Terra estão a consumir 2,5 planetas como o nosso. Usamos muito mais recursos naturais do que a natureza consegue repor. Em muito pouco tempo, se continuarmos a este ritmo, não teremos água nem energia suficiente para as nossas necessidades, contribuiremos significativamente para mudar o clima e deteriorar o ar que respiramos. Confunde-se muito desenvolvimento com crescimento, em particular económico. São coisas distintas: o crescimento depende do consumo de energia e de recursos naturais,

o consumo tornou-se um elemento-chave na discussão da crise ambiental contemporânea

devido ao uso cada vez maior desses recursos pelas atividades económicas; o desenvolvimento está relacionado com a qualidade, ao invés da quantidade, com a diminuição do uso de matérias-primas e de produtos, o que implica mudança nos padrões de consumo e no nível de consciencialização. Como bem sabemos, não pode haver contínuo crescimento… A crise ambiental, no meio de outras explicações, tem no crescimento acelerado do consumo uma das suas principais causas, porque se tem estimulado o consumo como principal motor do desenvolvimento económico atual. As organizações passaram a produzir em quantidade e em ritmo cada vez mais acelerados, o que conduziu a progressivos ganhos de 18

escala, garantindo um aumento contínuo no escoamento da produção e na maximização dos lucros, centrado na seguinte lógica: mais consumo, mais produção, consequentemente, mais emprego e rendimento, gerando assim mais consumo, desrespeitando as limitações ambientais. Portanto, o consumo tornou-se um elemento-chave na discussão da crise ambiental contemporânea, o qual tem como grande motor a publicidade, principal ferramenta do marketing no atendimento e resolução dos desejos dos consumidores. Terminamos com algumas orientações, para as organizações e cada um de nós enquanto cidadãos, dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas: > Até 2030, reduzir para metade o desperdício de alimentos per capita a nível mundial, de retalho e do consumidor, e reduzir os desperdícios de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento. > Até 2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reutilização, passando a matérias primas secundárias. > Promover práticas de compras públicas sustentáveis, de acordo com as políticas e prioridades nacionais. > Implementar ferramentas para monitorizar os impactos do turismo no desenvolvimento sustentável, sabendo que gera empregos, promove a cultura e os produtos locais. > Racionalizar subsídios ineficientes nos combustíveis fósseis, que encorajam o consumo exagerado, eliminando as distorções de mercado.


estratégia

Melhoria contínua São cinco os eixos da política de sustentabilidade da Sonae, centrados na ideia de melhoria contínua. Do negócio, das pessoas, dos parceiros e fornecedores, das comunidades e do planeta. O Relatório de Sustentabilidade de 2016 mostra como se concretizam e a diretora de Comunicação, Marca e Responsabilidade Corporativa, Catarina Oliveira Fernandes, enquadra a estratégia. Um milhão de horas de formação dos colaboradores. Mais de 1300 instituições apoiadas. Mais de 100 centrais de produção autónoma de energia instaladas. Um modelo de sapatilhas 100% reciclável. Estas são algumas das concretizações da política de sustentabilidade da Sonae, relativas a 2016. Uma estratégia que se desenvolve em torno de cinco eixos:

O negócio Em 2016, o eixo Improving our Business materializou-se num conjunto de projetos em que se destaca a cadeia de supermercados Go Natural. O desafio, segundo a Sonae, é crescer no segmento da alimentação saudável, oferecendo soluções e produtos que contribuam para melhorar a saúde e qualidade de vida das pessoas, garantindo ao mesmo tempo preços baixos, de

forma a democratizar o acesso. Depois de uma primeira loja inaugurada nesse ano, estão previstas para 2017 outras cinco. Neste eixo pontua igualmente o projeto ParkLane, da Sonae Sierra. Inaugurado em setembro de 2016 na Roménia, trata-se, de acordo com a insígnia, do centro comercial mais inovador do país, distinguindose pelo design ecoeficiente e beneficiando de certificação ambiental. A estratégia estende-se ao desenvolvimento de novos produtos, como as sapatilhas Jindo Burel, para a Berg Outdoor: são 100% recicláveis e, ao mesmo tempo que cumprem os objetivos de sustentabilidade, valorizam a produção nacional. Ainda no eixo da melhoria do negócio, o relatório de sustentabilidade dá conta do projeto Feedback cliente MO, que procurou conhecer a opinião dos consumidores com vista ao desenvolvimento de coleções que vão ao encontro das suas expetativas. 19

A partilha de conhecimento esteve também em foco no programa de pós-graduação ME310, que envolveu alunos de três instituições numa ótica de fomento da inovação.

As pessoas A atração de talentos e a gestão de carreiras são dois dos pilares do eixo Improving our People da Sonae, de acordo com o relatório de sustentabilidade. É este o enquadramento do programa Sonae Summer Experiences, que visa o desenvolvimento vocacional em contexto real de trabalho, e do programa Contacto, que visa captar novos talentos e na última envolveu 45 estagiários, sendo que, na anterior, se havia saldado por uma taxa de retenção de 79%. Já o projeto Mais Sonae dirige-se aos colaboradores com um conjunto de parcerias orientadas


estratégia

para a sua motivação e satisfação, entre elas descontos em ginásios, em seguros de vida, em escolas e em atividades culturais. Mais de 50 mil colaboradores já beneficiaram. É também aos colaboradores, mas em particular aos que possuem restrições médicas que os impedem de desempenhar na totalidade as suas funções, que se destina o projeto Desafia-te: 39 integraram o programa e 11 concluíram a sua realocação a novas funções. Em Espanha, decorre a inciativa Worteam, que visa fomentar o engagement das equipas e de que já resultaram mais de 100 propostas para melhoria do ambiente de trabalho. O bem-estar e a saúde têm um programa específico na NOS: minimizar os riscos profissionais é o objetivo, com um conjunto de iniciativas assentes na mensagem “Pequenos grandes gestos que fazem bem”, nomeadamente workshops de nutrição e relaxamento ou técnicas de ginástica de postura laboral.

Os parceiros e fornecedores Estreitar os laços de proximidade com produtores e outros fornecedores é, diz a Sonae, o que está no cerne deste eixo da estratégia de sustentabilidade. Neste quadro, destaca-se o Clube Produtores Continente, de incentivo à produção nacional e ao consumo sustentável. Este é um clube com 224 membros, a que, em 2016, foram compradas 114 mil toneladas de produtos, no valor de 248 milhões de euros. Já o Worten Training Campus é vocacionado para a formação, procurando que os fornecedores tenham um melhor conhecimento da insígnia. As 13 edições já realizadas saldaram-se por

38 mil horas de formação presencial e mais de 11 mil à distância. O Pixel Camp é igualmente formativo, mas orientado para as tecnologias: foram três dias de conferências, com mil participantes e 100 oradores em outubro último. A NOS beneficia de um programa específico, Ética para fornecedores e parceiros, que visa assegurar que todos conhecem e cumprem os princípios éticos da empresa. Já envolveu mais de três mil pessoas. Também o Cartão Universo é integrado neste eixo, entendendo os clientes como parceiros: agrega os cartões de fidelização das insígnias da Sonae, proporcionando benefícios e modalidades de pagamento. Nos primeiros 12 meses, mobilizou mais de 400 mil clientes.

A comunidade De acordo com a Sonae, o compromisso com as comunidades envolventes é transversal às várias atividades de negócio. Em 2016, consubstanciou-se num crescimento de 1,6 milhões de euros no apoio, do número de voluntários e de horas de voluntariado de 33% face a 2015. Neste âmbito inscreve-se o projeto Somos Sonae, de apoio aos colaboradores e suas famílias nos momentos de maior vulnerabilidade, e que, em 2016, se traduziu num apoio de 159 mil euros e impactou 237 pessoas. Já o Community Day, da Sonae Sierra, envolve os colaboradores em ações em prol da comunidade, tendo beneficiado 13 instituições graças a 2700 horas de trabalho voluntário. Este apoio estende-se a comunidades para lá das fronteiras: é o caso do Centro de Formação Profissional “O meu futuro”, em Moçambique, que visa quebrar o ciclo de pobreza da população do Chimoio, tendo já 105 formandos com êxito e uma taxa de em20

pregabilidade de 18%; e é também o caso dos Acampamentos de leitura, no Bangladesh, para a alfabetização de crianças dos 8 aos 10 anos e que está presente em 160 escolas, alcançando 4500 crianças. De natureza diferente é o Sonae Art, de aproximação da cultura à sociedade e que resultou em duas residências artísticas, três estágios e três conferências.

O planeta Reduzir o impacto ambiental direto da atividade do grupo, mas também sensibilizar os colaboradores e a comunidade em geral para a temática – é este o fio condutor deste eixo de sustentabilidade da Sonae. E que em 2016 conduziu à poupança de um por cento no consumo de energia e a uma redução de 13% nas emissões de CO2. São exemplo desta abordagem os projetos Carbon Footprint, da Sonae Sierra, com 29 dos 45 centros a utilizarem eletricidade “verde”, gerada a partir de fontes renováveis; de ecoeficiência nas lojas de retalho, e que permitiu cortar o consumo de água em 3,3% e o de energia em 2,5%. Já o Transforma-te, propõe-se combater o desperdício alimentar e valorizar o desperdício que não seja evitável, contribuindo, nomeadamente, com a doação de bens alimentares a mais de 620 instituições. Mais recente é o Waste to Energy, que assume o desafio de converter resíduos em energia, como o nome indica, e cujo projeto piloto está a decorrer desde 2016 no Continente do Gaia Shopping. Também neste domínio, a NOS possui um programa específico, a Plataforma Global de Smart Cities, cuja missão é ajudar as autarquias na gestão sustentável das cidades.


estratégia

Criar valor a longo prazo Store | Qual a visão da Sonae em matéria de sustentabilidade? Catarina Oliveira Fernandes | A Sonae tem como missão criar valor económico e social a longo prazo, levando os benefícios do progresso e da inovação a um número crescente de pessoas. Prosseguir este objetivo implica desenvolver a nossa atividade de forma sustentável, criando valor para o negócio, para as pessoas, para os parceiros e fornecedores, para a comunidade e para o planeta. Tendo acompanhado toda a nossa história, a sustentabilidade ganha vida pela ação dos nossos negócios, estando presente ao longo de toda a sua cadeia de valor e, por isso, adquirindo diferentes expressões na forma como criamos valor, promovemos o desenvolvimento do talento e carreira das nossas pessoas, contribuímos ativamente para o desenvolvimento das comunidades em que estamos presentes, mitigamos ou evitamos o impacto ambiental da nossa atividade, ou estabelecemos parcerias que promovem a geração de conhecimento e valor partilhado. Sustentabilidade é, cada vez mais, muito mais do que ambiente. Em que medida? O ambiente é um pilar importante da nossa po-

lítica de sustentabilidade e procuramos desenvolver a nossa atividade de forma a melhorar constantemente a nossa pegada ecológica e operando o mais eficientemente possível, liderando e inovando na criação e implementação das melhores práticas. Fruto deste trabalho, por exemplo no último ano reduzimos o consumo de energia em 1% e diminuímos as emissões de CO2 em 13%. No entanto, o ambiente é apenas uma parte da nossa política de sustentabilidade. Uma empresa, para ser sustentável, precisa de criar valor a longo prazo para todos os stakeholders, nomeadamente para os seus colaboradores, para os seus parceiros e fornecedores, para as comunidades onde desenvolve o seu negócio e para os investidores. Para nós, esta criação de valor passa em larga medida pela promoção do conhecimento, pelo apoio à comunidade, pelo incentivo à cultura e pelo investimento em inovação. No primeiro caso, a formação contínua e a promoção do conhecimento dentro e fora da organização são prioridades para a Sonae, que é reconhecida como uma escola de líderes. Todos os anos, proporcionamos mais de um milhão de horas de formação a colaboradores e desenvolvemos diversas parcerias com instituições de ensino para 21

Na Sonae, procuramos ser frugais em tudo o que fazemos, de forma a não desperdiçar recursos e maximizar o valor de cada projeto


estratégia proporcionar programas académicos por todo o mundo. No apoio à comunidade, desenvolvemos várias programas no âmbito da nossa responsabilidade corporativa, que representam cerca de 10 milhões de euros anualmente. O apoio à cultura é outro grande pilar da nossa organização, desenvolvemos diversas iniciativas de promoção da arte e estímulo da criatividade na comunidade através da nossa parceria com a Casa da Música, Museu do Chiado (MNAC) e a Fundação de Serralves. Enquanto líderes nos mercados em que operamos, a aposta na inovação é essencial para nos desafiarmos e sermos disruptivos naquilo que fazemos e que, uma vez mais, tem como grande objetivo levar os benefícios do progresso e inovação a um número crescente de pessoas. De que modo é que a sustentabilidade gera maior eficiência, logo maior negócio? Para ser sustentável uma empresa necessita de ser eficiente. Na Sonae, procuramos ser frugais em tudo o que fazemos, de forma a não desperdiçar recursos e maximizar o valor de cada projeto. Por exemplo, a Sonae Sierra tem um conjunto de iniciativas dirigidas à redução da pegada de carbono dos centros comerciais que tem tido resultados assinaláveis: menos 72% no consumo de eletricidade entre 2012 e 2015, que representa uma poupança estimada de mais de meio milhão de euros em custos operacionais do negócio. De salientar que, no ano de 2016, dos 45 centros comerciais detidos pela Sonae Sierra, 29 já utilizavam eletricidade “verde”, gerada totalmente a partir de fontes de energia renováveis. Um outro exemplo de iniciativa é a que visa uma maior ecoeficiência nas lojas de retalho alimentar e especializado, que, no último ano, permitiu reduzir o consumo de água em 3,3% e o consumo de energia em 2,5% (nas lojas com maiores consumos). Estas poupanças proporcionam recursos adicionais aos negócios para investir em inovação, criando novos produtos e serviços, bem como para melhorar o serviço e experiência de compra do cliente, o que contribuiu para o crescimento das vendas. Outro exemplo é o projeto pioneiro a nível mundial Waste to Energy, da Sonae MC, que tem o objetivo de transformar os resíduos em energia. Esta iniciativa reflete a transição de um modelo linear de produção de bens materiais, para um modelo circular, onde os impactos ambientais são minimizados ao longo do ciclo de vida dos produtos. Esta solução, com capacidade ajustada à média de bens materiais produzidos por um grande hipermercado, é inovadora pois permite tratar e valorizar mais de 200 toneladas/ano (dados de projeto) de resíduos orgânicos produzidos pelas lojas, diminuindo a quantidade enviada para aterro, produzindo energia e fertilizante com o seu tratamento e reduzindo a emissão de gases

com efeito de estufa, ao evitar o transporte de resíduos. E como, do vosso ponto de vista, é percebida pelo consumidor? Os consumidores são hoje muito mais responsáveis nas suas escolhas e cada vez dão mais atenção aos aspetos da sustentabilidade em todas as suas dimensões: produção local, sustentável, biológica. Acreditamos que uma das razões que contribuem para a liderança dos negócios de retalho da Sonae é a sua preocupação constante com a sustentabilidade e os muitos projetos que desenvolve com o objetivo de fazer mais e melhor, de forma mais eficiente, e procurando melhorar a vida das pessoas. E em que medida repercute a favor da comunidade? Há uma responsabilidade das empresas, em geral, e do grupo, em concreto, neste domínio? O nosso compromisso para com o desenvolvimento e bem-estar das comunidades envolventes é um valor transversal às diferentes áreas da nossa atividade. Ao longo dos anos, procurámos dinamizar as economias locais gerando 22

emprego, através da expansão da nossa atividade, e oferecendo apoio às comunidades sob diversas formas. Influenciadas por esta forte cultura de responsabilidade social, as várias empresas da Sonae desenvolvem iniciativas que visam esta multiplicação da partilha e promoção do bem-estar, reforçando a sua proximidade à comunidade, nas geografias onde operam. No último ano, esta preocupação traduziu-se num apoio de mais de 10 milhões de euros, o qual beneficiou mais de 1300 instituições em todo o mundo, numa evidência clara do nosso compromisso para com as comunidades onde estamos presentes. Parte deste apoio também passa pelas nossas pessoas através do Projeto Somos Sonae, que desde o seu lançamento já disponibilizou cerca de meio milhão de euros em apoio a colaboradores que se encontrem em situações de carência e vulnerabilidade. Os apoios concedidos procuraram impulsionar projetos e iniciativas alinhadas com a política de responsabilidade corporativa da Sonae, nomeadamente nas áreas de sensibilização ambiental, cultura, educação e empreendedorismo, saúde e desporto, ciência e inovação, e solidariedade social.


economia circular

© ANA MOTA

“São necessárias políticas mais ambiciosas” Ainda falta criar uma visão holística e sistémica em torno da economia circular. Este é o entendimento da diretora executiva do Smart Waste Portugal, Luísa Magalhães, consubstanciado no estudo sobre a relevância e impacto do setor dos resíduos em Portugal. Um estudo que permitiu identificar sinais positivos no caminho para uma verdadeira economia circular, mas também apontou lacunas, nomeadamente ao nível das políticas legislativas. 23

Store | O estudo sobre a relevância e o impacto do setor dos resíduos em Portugal na perspetiva de uma economia circular contém dados de 2014. Em que medida é que traça um retrato real e realista? Luísa Magalhães | O Smart Waste Portugal (SWP) contratou à sociedade de consultores Augusto Mateus & Associados, no final de 2015, a elaboração de um estudo estruturante sobre a “Relevância e Impacto do Setor dos Resíduos em Portugal na Perspetiva de uma Economia Circular”. Em 2016 foi realizada uma recolha de dados e foram estabelecidos contactos com inúmeras entidades do setor público, privado, académico, entre outras, realizaram-se workshops, com o intuito de se obter o máximo de informação e feedback sobre esta temática. Este estudo, que se encontra em desenvolvimento, tem como objetivo principal caraterizar e quantificar a importância das atividades ligadas à recolha, tratamento, valorização e eliminação de resíduos (setor dos resíduos) na


economia circular economia portuguesa no quadro da economia circular, relevando o seu papel para o desenvolvimento socioeconómico e ambiental do país, com dados de 2014. O foco do trabalho centra-se na caracterização deste setor, considerando também, de forma incisiva, a análise do seu potencial de desenvolvimento futuro, pelo que o retrato apresentado é nesta medida realista. O estudo constitui um documento estratégico e uma base de suporte ao SWP em termos de conhecimento aprofundado e atualizado do setor dos resíduos, da sua relevância no contexto da economia nacional e dos seus desafios competitivos e de respeito ambiental de médio/longo prazo, contribuindo para um alinhamento estratégico entre os membros relevantes da associação e para a recomendação de políticas públicas mais ajustadas ao futuro.

a redução, reutilização e a reparação são atividades que ainda têm que ser incentivadas

O que diz a percentagem de resíduos recuperados encaminhados para o sistema produtivo do estado da economia circular em Portugal? Considerando as estatísticas oficiais disponíveis, a economia nacional gerou em 2014

cerca de 14,6 milhões de toneladas de resíduos (4,7 milhões de resíduos urbanos e 9,9 milhões de resíduos setoriais), dos quais cerca de 74% terão sido valorizados material e energeticamente e os restantes 26% tem como destino o aterro, o que constituiu ainda um enorme desperdício e, ao mesmo tempo, uma enorme oportunidade a explorar, em termos de economia circular. De destacar que é nos resíduos setoriais, em que já existem fileiras a funcionar, que as atividades de valorização têm vindo a crescer, chegando a próximo dos 85%, tendo um posicionamento positivo no âmbito europeu, considerando importante a criação de novas fileiras de resíduos, para a sua transformação em recursos. Desta forma, conclui-se que os resíduos que são encaminhados para a reciclagem têm vindo a aumentar, o que é um sinal positivo em termos de economia circular. No entanto, a redução, reutilização e a reparação são atividades que ainda têm que ser incentivadas. Uma nota final para a falta de robustez dos dados estatísticos, devendo ser uma área de investimento por parte das autoridades governamentais.

26% dos resíduos ainda tem como destino o aterro

5,4 mil milhões de euros é quanto a atividade do setor dos resíduos gera, anualmente, em Portugal

64 mil pessoas é o nível de emprego

14,6 milhões de toneladas foi o volume de resíduos gerado pela economia nacional em 2014

10,8 milhões de toneladas desses resíduos (74%) foram valorizadas

fonte: SWP

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economia circular Como evoluir de uma atividade de recolha de resíduos relevante para uma atividade de tratamento de resíduos relevante? A prevenção de resíduos ocupa o lugar de topo na hierarquia de gestão de resíduos, devendo ser fomentada, com o intuito de diminuir a quantidade de resíduos produzidos. A partir do momento em que existem resíduos, o sistema de recolha utilizado é relevante para se obter uma maior quantidade de materiais e com maior qualidade. A sensibilização dos cidadãos e das empresas para a prevenção e depois para a correta separação e deposição dos resíduos na origem também é fundamental. Através de vários estudos, tem vindo a ser comprovado que sistemas PAYT (pay-as-youthrow) e a recolha seletiva porta a porta permitem, não só que uma maior percentagem de materiais possa ser reciclada, mas garantem também uma maior qualidade dos materiais separados. Quanto maior for a qualidade dos resíduos separados, mais fácil o seu tratamento e a sua utilização como matéria prima secundária a ser incorporada na produção de diversos produtos, promovendo desta forma a economia circular.

Como podem/devem o Estado e os agentes económicos privados potenciar a circularidade? Penso que ainda falta criar uma visão holística e sistémica em torno da economia circular. É necessário haver políticas legislativas mais ambiciosas e estimulantes, beneficiando quem contribui para a circularidade. O apoio ao financiamento das empresas para estas atividades que promovam a circularidade deve ser uma prioridade do governo. O Ministério do Ambiente está a promover, em conjunto com outras tutelas, o desenvolvimento do Plano de Ação para a Economia Circular, promovendo a eficácia no desenvolvimento das políticas públicas nesta área. Do lado das empresas, a circularidade tem que ser vista como uma vantagem, um fator diferenciador e de competitividade. No entanto, não nos podemos esquecer que este é um trabalho que não pode ser feito sozinho pelas empresas, é um caminho que só pode ser traçado em parceria, com a academia e com os centros de investigação. A importância da I&D e da inovação, no fecho dos ciclos dos materiais e na promoção de uma abordagem

Simplesmente intuitivo

Do lado das empresas, a circularidade tem que ser vista como uma vantagem, um fator diferenciador e de competitividade

sistémica de economia circular, é elevada e deve ser tida em consideração. De acordo com o estudo promovido pelo SWP, no ano de 2013, o setor dos resíduos registou uma intensidade das despesas em I&D de 0,7% (menos de metade da média nacional). Nesta matéria, o SWP assume um papel relevante na aproximação e coopera-

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economia circular Relevância direta do setor dos resíduos no tecido empresarial português | 2014

ção das empresas do setor dos resíduos face às indústrias, aos centros de investigação, aos centros tecnológicos e às universidades. Para terminar, referir que a capacitação e formação dos quadros atuais das empresas é essencial para que os conceitos em torno da economia circular sejam cada vez melhor assimilados, estando o SWP a promover uma formação nesta área. No caso concreto do retalho e da distribuição moderna, que papel podem as empresas desempenhar? As empresas do retalho e da distribuição têm um papel determinante na promoção da economia circular, pois fazem a ponte entre o setor produtivo e o cidadão. Entre as várias atividades de economia circular já a ser desenvolvidas, posso destacar o combate ao desperdício alimentar, que deve ser uma das bandeiras do setor do retalho e distribuição. Ações como reduzir os produtos que se aproximam do fim da data de validade, prolongar a vida dos produtos que já não são aproveitados, transformando-os noutros produtos (i.e. frutas para produzir sumos), baixar o preço dos produtos confecionados ao final do dia, para potenciar o seu escoamento, bem como as doações a instituições sociais são exemplos que servem para combater o desperdício alimentar, dando-lhe valor económico, social e ambiental, através da sensibilização dos cidadãos. O retalho e a distribuição podem ser exigentes com o setor produtivo, comprando apenas produtos que tenham na sua constituição materiais reciclados, que sejam desenvolvidos com base em princípios da eco inovação e do eco design e que sejam de fácil reparação e desmontagem. Este setor deve incentivar também a utilização de menos embalagens. Através das suas iniciativas, o retalho e a distribuição podem ter um papel determinante, influenciando e sensibilizando o cidadão e as

As doações para instituições deveriam ser incentivadas fiscalmente pelo governo, sem limites, promovendo assim a reutilização

empresas nas pequenas ações do dia a dia, tendo em consideração a redução, reutilização e reciclagem. Como incentivar os cidadãos/consumidores a reduzir o desperdício? O desperdício apresenta um conjunto de consequências, em termos ambientais, sociais e económicos, que afetam cada vez mais a vida dos cidadãos. É necessário que o consumidor seja sensibilizado para evitar estes desperdícios nas pequenas ações do seu quotidiano. Estes devem apenas comprar o essencial, reduzindo e evitando desperdícios. As doações para instituições deveriam ser incentivadas fiscalmente pelo governo, sem limites, promovendo assim a reutilização. Quando se fala em incentivar o fim do desperdício e reutilização, fala-se também em comprar produtos mais duráveis, que sejam fáceis de serem desmantelados e reparáveis. Há serviços, tal como a reparação, que deveria ter uma redução do IVA, incentivando a criação de 26

novos postos de trabalho e evitando o desperdício de materiais (i.e. equipamentos elétricos e eletrónicos). Antes da eliminação, deve ser promovida a reciclagem dos resíduos. Um bom incentivo para evitar o desperdício e promover a reciclagem são os sistemas PAYT (pay-as -you-throw), em que o cidadão é premiado por separar as embalagens, vendo esse esforço recompensado na redução da tarifa dos resíduos sólidos urbanos. O que será, na visão do SWP, um cenário positivo no horizonte de 2030? A Economia Circular é o princípio máximo norteador da atividade do SWP, que se antecipa numa atualização constante de conteúdos e linhas orientadoras da União Europeia. O SWP deverá atuar em toda a cadeia de valor, através de uma estratégia colaborativa entre os seus associados, provenientes do setor industrial, resíduos, universitário e associativo, promovendo a inovaçã o, o I&D e a implementação de soluções que ajudem na transição para uma economia circular. No âmbito do estudo sobre a “Relevância e Impacto do Setor dos Resíduos em Portugal na Perspetiva de uma Economia Circular”, será apresentado um roadmap indicativo do setor dos resíduos para 2030, essencialmente orientado para o aprofundamento da eficácia regulatória ou para o aprofundamento do fluxo de inovação circular, bem como um conjunto de recomendações que definirão o Plano de Ação do SWP. Os novos modelos de negócio baseados na desmaterialização, partilha, reutilização e reciclagem, o eco design dos produtos, as simbioses industriais, a promoção de plataformas de matérias primas secundárias, a formação e capacitação do setor empresarial são algumas das áreas que pretendem ser desenvolvidas pelo SWP em colaboração com os seus associados, contribuindo para a criação de valor e a transição para a economia circular.


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© Gonçalo Borges Dias

mobilidade

“Vamos caminhar para o 100% elétrico” Portugal é dos países, a nível europeu, com maior utilização de energias renováveis na produção de energia e onde, de facto, faz sentido promover a passagem dos carros a combustão para carros a eletricidade. As palavras são do presidente da MOBI.E, Alexandre Videira. Até ao final de 2017, a empresa espera estar disponível em todos os municípios do continente e nas autoestradas nacionais, com a aposta na melhoria da rede de serviços. 28

Store | Como tem evoluído a mobilidade elétrica em Portugal? Alexandre Videira | A mobilidade elétrica em Portugal aparece em força em 2009/2010 num projeto piloto que, na altura, um conjunto de entidades privadas resolveu implementar com o apoio público. Conseguimos desenvolver um conjunto de tecnologia nacional e pôr no terreno uma rede de mais de mil postos de carregamento; depois, a meio de 2011, entrámos num período de paragem. Enquanto nos outros países começaram a trabalhar a mobilidade elétrica um pouco mais tarde do que nós, mas têm vindo sempre a crescer, em Portugal estagnámos até 2015, quando a mobilidade elétrica volta a estar na agenda enquanto preocupação de crescimento do setor e começámos a dar os passos para retomar o tempo perdido. Houve uma ligeira alteração do enquadramen-


Grande mobilidade Plano to jurídico nacional e um conjunto de novos incentivos para a aquisição de veículos elétricos, o que fez com que as vendas destes tivessem um crescimento muito grande. Aliado a isto, houve uma alteração na forma de organizar a mobilidade elétrica em Portugal, em que aparece a MOBI.E. Qual tem sido o contributo da MOBI.E para essa evolução? Neste momento a MOBI.E tem estado a apoiar a transição do projeto piloto para a fase de mercado. Ou seja, era preciso concluir o projeto piloto e, portanto, nós temos estado a preparar o enquadramento jurídico, as relações comerciais, de forma a que, no final de 2017, seja possível que todos os pontos de carregamento do país estejam em fase de mercado. O objetivo central é gerir informação. A evolução era a esperada no início do projeto? Em que medida? Penso que sim. Iniciámos em 2010 a colocação de postos de rede no terreno, conseguimos pôr mais de mil pontos de rede normal em todas as cidades do país. Portugal era dos poucos países da Europa e do mundo que tinha uma rede de carregamentos elétricos à escala nacional. O segundo marco muito importante foi a instalação dos pontos de carregamento rápido. Que entraves identifica na adesão dos portugueses à mobilidade elétrica? Quero crer que um dos grandes entraves é a falta de informação. As pessoas ainda têm muito a ideia que a mobilidade elétrica não consegue responder às suas necessidades do ponto de vista de mobilidade, ou seja, que as baterias dos carros não chegam para as deslocações, e que os carros ainda são muito caros. Qual é neste momento a autonomia máxima de um veículo elétrico? Depende muito dos veículos. Neste momento temos três campeões de vendas em Portugal, o Nissan Leaf, o BMW i3 e o Renault Zoe. As novas versões quer do Nissan Leaf, quer do BMW i3 fazem acima de 200 km de autonomia, reais. O Renault Zoe já tem 400 km teóricos e faz acima de 300 reais. Que argumentos se podem usar para “convencer” pessoas e empresas a aderir? O primeiro argumento é a pessoa experimentar o carro elétrico, não tem barulho, é um carro com alguma potência, é muito suave, e depois há a parte económica. Para as empresas é mais vantajoso e, para os particulares, se a

As pessoas ainda têm muito a ideia que a mobilidade elétrica não consegue responder às suas necessidades do ponto de vista de mobilidade

pessoa olhar para o tempo de vida de um veículo e fizer contas percebe que tem vantagens claras. Deveriam as entidades públicas dar o exemplo ou seria uma grande sobrecarga para o orçamento do Estado? As entidades públicas têm dado o exemplo. Tivemos um projeto piloto no ano passado, o eco. mob, em que houve uma aquisição, quer de veículos, quer de carregadores para as instituições públicas, o que permitiu dar um bom impulso. Neste momento temos um programa que irá abrir durante o ano 2017 para a aquisição de cerca de 190/200 veículos para a administração pública, todos elétricos e com carregadores. Portanto, as instituições públicas, dentro daquilo que são as suas possibilidades, têm estado a investir.

Qual o impacto da mobilidade elétrica na sustentabilidade económica do país? E na ambiental? Portugal é dos países, a nível europeu, com maior utilização de energias renováveis na produção de eletricidade, portanto, é dos países onde de facto faz sentido fazermos esta passagem dos carros a combustão para carros a eletricidade. Claramente temos um impacto muito grande do ponto de vista ambiental, porque conseguimos reduzir as emissões e não poluímos nem na utilização do carro, nem na produção da eletricidade. Do ponto de vista económico, estamos a substituir importações de combustível, um dos principais produtos importados por Portugal, e, assim, estamos a melhorar a balança externa do país. Diria que as marcas automóveis investem suficientemente nestes modelos? Para quem acompanha o setor automóvel é claro que as marcas estão todas a fazer a transição para a eletrificação dos veículos, têm é estratégias diferentes. Há marcas com estratégias de passagem direta para veículos 100% elétricos, outras têm uma aposta nas boas soluções do ponto de vista do produto e também na imagem, para chegar ao utilizador final. Esperamos que cada vez mais marcas tenham produtos competitivos no mercado e penso que 2017 será um bom ano para isso, vão sair vários modelos novos. Os híbridos serão um passo na direção da mobilidade 100% elétrica? Vamos caminhar claramente para o 100% elétrico. Um papel muito importante que a política pública vai desempenhar nos próximos anos tem a ver com as restrições que são impostas à utilização de veículos a combustão, em especial

O imposto que não chegou a ser Há uma tendência para que cada vez mais cidades criem limitações à circulação de veículos de combustão, principalmente no centro, “há um conjunto de iniciativas e de investimentos que estão a ser feitos para a passagem dos veículos individuais para os veículos coletivos”, explica Alexandre Videira. No entanto, acrescenta que há situações em que é preciso usar o carro particular e, assim, “o objetivo é garantir que os veículos elétricos são adequados para essas alturas”. Desta forma, existem atualmente vários incentivos à mobilidade elétrica, quer a nível empresarial, quer particular. Para as empresas existe um incentivo à aquisição e “para os primeiros mil veículos vendidos durante o ano 2017, um incentivo de 2250 euros por veículo”. Além disso, usufruem da isenção do ISV e do IUC, da tributação autónoma para veículos 100% elétricos e há também a dedução do IVA na totalidade para todos os custos associados ao veículo elétrico. “Tem um custo de utilização muito mais baixo, em termos de combustível e de manutenção. O único diferencial que temos neste momento é, de facto, o custo de aquisição”. Já os particulares também têm isenção do ISV e do IUC e o incentivo de 2250 euros para a aquisição dos veículos elétrico, mas já não usufruem da tributação autónoma. “Há um outro incentivo que é dado em algumas localidades, pelas câmaras municipais, que é não pagarem estacionamento na via pública”. 29


Grande mobilidade Plano no interior das cidades. Essa terá de ser uma passagem para o elétrico porque a utilização dos carros no centro das cidades, diria daqui a 15/20 anos, será feita só com carros elétricos. Existe também a tendência dos transportes públicos se transformarem em veículos elétricos? Sim. Temos uma empresa portuguesa que produz veículos de transporte de passageiros elétricos, mas aí é preciso um investimento maior. O processo de transição é capaz de ser mais lento, mas vai viver muito também do que for a política pública e do incentivo que for dado. O custo das baterias tem vindo a diminuir e, portanto, é natural que todas estas soluções também comecem a ser mais atrativas do ponto de vista económico. A nível europeu, como se posiciona Portugal? Portugal neste momento está outra vez a ganhar balanço para voltar a ser uma referência a nível europeu. Se voltarmos a ter uma rede em condições, se conseguirmos garantir que este crescimento que se tem verificado nos últimos dois anos é sustentável nos próximos e que se mantém, então, vamos voltar a dar cartas internacionalmente porque continuamos a ter um modelo de mobilidade elétrica ligeiramente diferente daquilo que se passa lá fora. Continua a ser um modelo que achamos que é atrativo e que facilita a vida dos utilizadores.

Atualização tecnológica A MOBI.E vai apostar na atualização tecnológica dos 100 pontos de carregamento mais utilizados do país por novos, ao substituir os samples de carregamento de 3,6 kW para pontos de 22 kW, “que conseguem carregar um carro inteiro em cerca de 1 hora”. A insígnia vai ainda atualizar a rede e instalar mais 200 pontos de carregamento nos 200 municípios que ainda não têm mobilidade elétrica. Segundo Alexandre Videira, o objetivo é “chegar a dezembro de 2017 com todos os municípios de Portugal Continental” com mobilidade elétrica. O presidente refere ainda que estão também a trabalhar com as regiões autónomas (Madeira e Açores) para que consigam garantir que todo o país tem pontos de carregamento disponíveis para as populações.

794.701 kWh

consumidos em 2016 no sistema MOBI.E

33 pontos de carregamento rápido (95 pontos)

1030

carregamento normal, correspondentes a 1266 pontos

veículos elétricos de passageiros registados em 2016 No final de 2017, (206 pontos) No final de 2017,

Que impacto espera com a entrada em vigor do pagamento dos carregamentos? Há cinco anos que os utilizadores carregam os seus veículos sem pagar e acho que vamos ter aqui um ajuste, quer do ponto de vista dos utilizadores, que vão repensar a forma de carregar o carro, quer do ponto de vista dos operadores e dos comercializadores de eletricidade para a mobilidade elétrica. Quais os valores dos carregamentos? E haverá diferença entre carregar em casa ou na via pública? À partida sim. Em casa temos os preços daquilo que as pessoas pagam pela eletricidade em casa, na via pública estamos a trabalhar para garantir as melhores condições do ponto de vista do preço para a eletricidade em si e depois temos também a operação dos postos. Ou seja, o custo de carregamento na rua tem duas componentes: uma taxa de operação (tem a ver com o posto e operação do mesmo) e a taxa de energia (energia que compramos). É expectável que o carregamento rápido seja mais caro que o carregamento em casa. Do ponto de vista dos postos de carregamento normal

474 postos de

Atualmente,

postos

738 postos (1794 pontos)

80

103.143

carregamentos em 2016

que temos na via pública, aí provavelmente a diferenciação com o custo de casa já não será tão grande. Quais os objetivos da MOBI.E para 2017? Estamos a fechar ainda algumas instalações de postos de carregamento do projeto piloto inicial, estamos a preparar todos os meca30

nismos, sistemas de informação, arquitetura, para entrarmos em fase de mercado. Vamos fazer a atualização tecnológica da rede, cerca de 20% não está nas melhores condições, quer do ponto de vista de hardware, quer do ponto de vista de software, o que irá permitir que consigamos ter uma rede tecnológica evoluída e 100% funcional.


UNIÃO EUROPEIA

Retalho europeu junto na luta contra o desperdício alimentar Na União Europeia, são desperdiçados 88 milhões de toneladas de alimentos todos os anos, valor que pode chegar a 120 milhões de toneladas em 2020, se nada for feito. Para o evitar, o EuroCommerce tem incentivado os seus membros a tomar iniciativas que levem a um comércio mais sustentável e livre de desperdício. Apesar de mais de 50% do desperdício se verificar na esfera do consumidor, a verdade é que ocorre ao longo de toda a cadeia alimentar. Comprar mais do que necessário, não reutilizar produtos ou fazer uma má interpretação dos prazos de validade são as principais causas de desperdício alimentar no consumo privado. Por outro lado, no comércio o desperdício dá-se, por exemplo, quando o nível de procura de determinado produto é sobrestimado ou devido às flutuações sazonais no fornecimento de alimentos frescos. Ciente de que conseguir um nível de desperdício zero é difícil, mas confiante de que o é possível baixar em muito – e que isso levará não só a uma maior sustentabilidade, como

também à redução de gastos –, o EuroCommerce, que representa mais de seis milhões de empresas do setor de retalho e grossista por toda a Europa, tem desenvolvido esforços no sentido de envolver os seus membros na luta contra o desperdício alimentar. Assim, trabalha diretamente com a FEBA (European Federation of Food Banks) e com a Food Drink Europe, encorajando e facilitando a doação de produtos excedentes por parte dos seus associados a bancos alimentares. Atualmente, os retalhistas são os maiores doadores de alimentos na Europa. Além disso, várias empresas participam em projetos levados a cabo pelos governos – como o “Love food, hate waste”, no Reino Uni31

do, ou o “Más alimento, menos desperdicio”, em Espanha – e promovem iniciativas individuais para gerir os seus excedentes e reduzir o desperdício, seja juntos dos fornecedores, nas lojas ou para consciencialização dos consumidores. Adaptar os stocks às especificidades de cada país e de acordo com os modelos de negócio, encomendar diferentes tamanhos de embalagens para um mesmo produto, ter colaboradores formados para avaliar a qualidade e segurança dos produtos, transformar produtos não standard em produtos processados e promover promoções quando há excesso de stock ou quando se aproximam os prazos de validade são algumas das medidas que têm sido adotadas pelo comércio europeu.


UNIÃO Grande EUROPEIA Plano

METRO Cash & Carry

Quem faz o quê? Junto dos fornecedores Sonae

Jerónimo Martins

Desde os anos 90 que estabelece programas de “Qualificação de Fornecedores”, capacitando fornecedores e pequenos agricultores a seguir normas internacionais reconhecidas pela Global Food Safety Initiative. Ensinam, por exemplo, sobre higiene e segurança alimentar durante o armazenamento, transporte e processamento, o que leva à diminuição de perdas.

Desde 1998, ajuda os produtores agrícolas a adaptar a produção às necessidades e preferências dos consumidores, através do “Clube Produtores Continente”, que apoia mais de 4.000 produtores individuais. Desde 2002, colabora com os produtores agrícolas também no melhoramento da logística, definindo a quantidade de produto para cada tipo de embalagem, de acordo com as necessidades dos diferentes tipos de família.

Celebrou parcerias com produtores portugueses para a utilização de vegetais “não-standard” nos seus produtos de marca própria e refeições prontas, em receitas dos restaurantes Pingo Doce, nas secções take-away, em legumes prélavados e pré-cortados para saladas e sopas e no Recheio, na gama de menor preço. Entre 2014 e 2015, “resgatou” 17 mil toneladas destes vegetais, que estavam em perfeitas condições para serem consumidos, mas que não eram vendíveis e, por isso, seriam descartados.

Mercadona

Marks & Spencer

Tesco

Através do programa Silver Factory, encoraja os fornecedores a reduzir o desperdício, reutilizar e reciclar sempre que possível e procurar alternativas de uso para produtos que não possam usar. A empresa e providencia ferramentas para gerir o desperdício e introduziu parceiros de redistribuição: produtos não utilizados seguem para outros fornecedores. Atualmente, 52% dos seus fornecedores enviam zero desperdício para o aterro.

Criou centros agrícolas com agrónomos treinados na Europa, América do Sul e África, que funcionam como olhos e ouvidos no terreno, fornecendo informações sobre as causas e quantidade de alimentos desperdiçados. Sempre que há um alerta, a Tesco analisa a situação e toma medidas para que seja minimizado o desperdício.

Promove, desde 1998, a iniciativa “A árvore inteira”, que consiste na compra da totalidade da colheira de frutos ou vegetais de um determinado fornecedor, mesmo que esta não vá de encontro às expectativas dos consumidores em termos de aparência. Estes produtos são direcionados para outros fornecedores da Mercadona para fazer geleias, sopas, molhos, sumos, entre outros.

nas lojas

Jerónimo Martins

Sonae

SPAR

Leva a cabo, desde 2002, várias ações de prevenção de perdas, em conjunto com os seus departamentos comercial e de operações. Ajustar a variedade, o espaço e a quantidade a cada item de acordo com seu potencial de vendas, ajustar o processo de encomenda e o número de unidades por caixa e garantir resolução rápida para o excesso de stock, são algumas das medidas.

Implementou, em 2013, três métodos para redução do desperdício nas lojas: sempre que possível, coopera com os fornecedores na discussão e ajuste dos prazos de consumo dos alimentos, “para aumentar a vida nas prateleiras”; vende produtos a preço reduzido antes do fim do prazo de validade e coopera com instituições de caridade para doar excedentes de stock; desenvolveu novos formatos de embalagens que permitem, por exemplo, tirar uma peça de fruta estragada, colocando outra em bom estado.

Lidl Ajusta, em 30%, os preços dos produtos com prazo de validade próximo e criou um “sistema preventivo” que estima o período de tempo em que os clientes vão consumir os produtos, para fazer os descontos a tempo dos produtos serem consumidos.

Kaufland Desde 2009 que reduz o preço dos produtos alimentares com data de validade próxima. Produtos com validade ultrapassada, mas seguros, são devolvidos aos fornecedores para outras utilizações ou disponibilizados a bancos de alimentares ou instituições de caridade.

Encoraja os seus empregados a terem um papel ativo na redução do desperdício alimentar, o que inclui, entre outras iniciativas, escolher produtos alimentares para doar para instituições sociais, produzir vídeos corporativos para partilhar as ações da empresa na luta contra o desperdício ou publicar artigos na revista da empresa.

Ahold Delhaize/Delhaize Em 2015, a Delhaize belga iniciou uma parceria com o Brussels Beer Project para usar o pão não vendido na produção de cerveja local, que era depois vendida nas lojas Delhaize de Bruxelas. A parceria resultou na venda de 8.445 litros de cerveja Babylone, feita a partir de mais de 1.000 kg de pão doado.

Tesco

Carrefour Ao longo dos últimos dois anos, trabalhou com startups de vários países europeus (incluindo França e Espanha) para desenvolver soluções inovadoras, tais como a geolocalização de promoções de produtos com datas de validade curtas e otimização de doações para instituições de solidariedade. 32

Criou centros agrícolas com agrónomos treinados na Europa, América do Sul e África, que fornecem informações sobre as causas e quantidade de alimentos desperdiçados. Sempre que há um alerta, a Tesco analisa a situação e toma medidas para que seja minimizado o desperdício.


UNIÃO Grande EUROPEIA Plano

Envolvendo os clientes Metro Cash & Carry Envolve os clientes profissionais (hotéis, restaurantes, setor do catering) na redução do desperdício. Em 2015, lançou a iniciativa “Schisceta Reverse”, com o World Food Programme (WFP), para venda de “doggy bags” aos restaurantes, para que os clientes possam levar para casa o que não consumirem. Parte do valor da venda é doado ao WFP. Ao canal HoReCa dá informação sobre como podem tornar o seu negócio mais sustentável e como usar os seus materiais de comunicação, entregues com as embalagens, para esclarecer e alertar os seus clientes.

Carrefour

Marks & Spencer

Há vários anos que tem formas inovadoras de ajudar os clientes a reduzir o desperdício, por exemplo vendendo “vegetabags” reutilizáveis que retardam o processo de amadurecimento dos legumes e os mantêm frescos durante mais tempo.

Celebrou uma parceria com o Waste & Resources Action Programme (WRAP), numa campanha que visa acolher comportamentos para redução do desperdício. Promoveu também eventos e campanhas para envolver os consumidores, como por exemplo o evento “Salad Days” no qual ensina aos clientes a tirar maior partido das frutas e legumes, que representam grande parte do desperdício nas casas.

Auchan Lançou, em 2014, a campanha “Quoi ma gueule?”, que dá uma nova vida aos vegetais “feios” vendendo-os a preços reduzidos. Legumes e frutas com formatos “errados”, muito pequenos ou muito grandes, podem ser comprados sem compromisso de sabor ou qualidade e à unidade. Também teve a ideia de colocar código de barras em cada um dos itens, não só nos multipacks.

Colruyt Group Esta cadeia belga tira os produtos frescos das prateleiras quatro dias antes do prazo de validade expirar, dando sempre tempo aos clientes para usarem o que compraram.

apoiando a comunidade Jerónimo Martins

Rewe Group

Desde 2012 que controla os impactos das suas doações, aplicando a metodologia London Benchmarking Group. Com este modelo, através de questionários anuais, consegue perceber o número de famílias que beneficiam das suas doações e de que forma isso melhora as suas vidas. Estima-se que as oito mil toneladas de alimentos doados em 2015 tenham resultado no aumento da qualidade de vida de mais de 500.000 pessoas.

Desde 1996 que apoia cerca de 900 bancos alimentares alemães. Promove também campanhas para que os seus clientes contribuam para apoiar os bancos alimentares.

Sonae

Ahold Delhaize / Delhaize

Em 2015 doou o equivalente a mais de um milhão de refeições a cerca de 500 instituições. Além disso, a “Missão Continente” estabeleceu parcerias com instituições como a “Re-food 4 Good” e a “Associação DariAcordar - Movimento Zero Desperdício” para distribuir os excedentes das lojas diretamente às famílias necessitadas.

Em fevereiro de 2015, lançou um programa de doação de frutas e vegetais a instituições de caridade e bancos alimentares, numa altura em que, apesar da fome na Sérvia, não era comum as lojas doarem comida. O programa está a funcionar em mais de 170 lojas em todo o país e mais de mil toneladas de alimentos foram doados, ajudando diariamente 8 mil pessoas. 33

Mercadona Estabeleceu, em 2013, um programa em colaboração com as cozinhas sociais, às quais entrega, diariamente, alimentos que podem ser consumidos. Este apoio já chega a mais de 90 cozinhas públicas por toda a Espanha.


análise

A estratégia nacional de combate ao desperdício alimentar Eduardo Diniz e Nuno Manana escrevem sobre a missão e os objetivos da Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar, enfatizando a importância da existência, pela primeira vez, de uma estratégia concertada e integrada de abordagem a este problema. O desperdício alimentar faz parte das preocupações societais atuais. Para além das inúmeras iniciativas privadas, os diferentes níveis de governação, desde o internacional, às instituições europeias, passando pelos níveis nacional e local, têm em curso políticas públicas multidisciplinares para enfrentar este desafio, que é de todos, do produtor ao consumidor. Ao nível da União Europeia, o “Pacote Economia Circular” inclui este objetivo numa perspetiva integrada. Em Portugal, a Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar, é ela própria sinónimo de pluridisciplinaridade ao integrar 9 áreas governativas em ligação com a sociedade civil. O tema tenderá a ganhar ainda mais importância, tendo em conta a necessidade de alimentar uma população mundial em crescimento que a ONU estima em 9,11 biliões de habitantes em 2050, um terço mais face aos dias de hoje. A produção de alimentos (líquida de alimentos usados para biocombustíveis) deverá ter de aumentar cerca de 70%2, para alimentar esta população crescente, mais urbana e com maior poder de compra. De acordo com a Agência Europeia do Ambiente, todos os anos são desperdiçados 1/3 dos alimentos produzidos3. Em Portugal um dos estudos de referência – o “Projeto de estudo e reflexão sobre desperdício alimentar (PERDA4)” –, de 2012, usando a mesma metodolo-

1. 2. 3. 4.

Hoje em dia é social e ambientalmente indispensável delinear e implementar medidas que permitam colocar a sociedade no caminho do desperdício zero

gia utilizada num estudo da FAO organização das Nações Unidas para a Agrícultura e, aponta para que, a nível nacional, se estimem em que cerca de 17% das partes comestíveis dos alimentos produzidos para consumo humano, sejam perdidas ou desperdiçadas, ao longo de toda a cadeia alimentar, até chegar ao consu-

midor, o que representa, 1 milhão de toneladas por ano. Em setembro de 2015, a Assembleia-Geral da ONU adotou metas ambiciosas para a redução das perdas de alimentos e resíduos como parte dos seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O Objetivo 12.3 preconiza para 2030 “reduzir, para metade, o desperdício de alimentos per capita, a nível mundial, do retalho e do consumidor, e reduzir os desperdícios de alimentos ao longo das cadeias de produção e de abastecimento, incluindo os que ocorrem pós-colheita”. Hoje em dia é social e ambientalmente indispensável delinear e implementar medidas que permitam colocar a sociedade no caminho do desperdício zero, e ambientalmente imperativo quantificar o desperdício. Em Portugal, 2016 foi declarado pela Assembleia da República o ano nacional de combate ao desperdício alimentar. O Governo adotou o despacho n.º 14202-B/2016, de 25 de novembro de 2016, que criou a Comissão Nacional de Combate ao Desperdício alimentar (CNCDA). Trata-se de uma Comissão que integra representantes da administração pública de 9 áreas de governação, dos Governos Regionais dos Açores e da Madeira, a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares, e que tem por missão promover a redução do desperdício alimentar através de uma abordagem integrada e multi-

World agriculture towards 2030/2050: the 2012 revision - http://www.fao.org/docrep/016/ap106e/ap106e.pdf How to Feed the World in 2050 (FAO) - http://www.fao.org/fileadmin/templates/wsfs/docs/expert_paper/How_to_Feed_the_World_in_2050.pdf Desperdício de alimentos (AEA) - http://www.eea.europa.eu/pt/sinais-da-aea/sinais-2012/em-analise/desperdicio-de-alimentos Baptista, Pedro, Campos, Inês, Pires, Iva, Vaz, Sofia G. (2012). Do Campo ao Garfo. Desperdício Alimentar em Portugal, Lisboa: CESTRAS

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análise

disciplinar, propondo uma Estratégia Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar. A Comissão está a trabalhar na definição da Estratégia Nacional que se deseja apresentar até final do primeiro semestre, para discussão pública que se espera participada pelos cidadãos, empresas e instituições, com vista a alimentar a definição, até fim do ano, de um Plano de Ação. No fim do mês de março foi apresentado o primeiro relatório de progresso. Toda a atividade desta Comissão, assim como o relatório, estão publicados no sítio de internet do GPP/MAFDR e nos diversos organismos do Estado que integram esta Comissão Nacional. Os objetivos delineados para a CNCDA são seis: a) Proceder ao diagnóstico, avaliação e monitorização sobre o desperdício alimentar a nível nacional; b) Identificar as boas práticas existentes a nível nacional e internacional no âmbito do combate ao desperdício alimentar; c) Sistematizar os indicadores de medida do desperdício alimentar nas diferentes fases da cadeia alimentar, de acordo com metodologias ao nível da União Europeia e da OCDE; d) Promover o envolvimento de entidades da sociedade civil, com iniciativas já desenvolvidas neste âmbito; e) Promover a criação e desenvolvimento de uma plataforma eletrónica que assegure a gestão interativa dos bens alimentares com risco de desperdício; f) Propor medidas de redução do desperdício alimentar que integrem objetivos de segurança alimentar, educação escolar, saúde pública, combate à pobreza e de boas práticas na pro-

dução, na indústria agroalimentar, na distribuição e no consumo. No que diz respeito à organização dos trabalhos, a CNCDA constitui-se como uma plataforma multidisciplinar de debate e discussão para produzir elementos necessários à atuação efetiva ao nível de indicadores para fins de monitorização e consequente divulgação de dados sobre o desperdício alimentar, definindo metodologias em linha com os trabalhos em curso, nomeadamente na União Europeia, apoiando também a participação no debate e respostas nacionais a questões levantadas nas instâncias internacionais. Cabe ainda à CNCDA, para além de caracterizar e identificar as iniciativas em curso, informar sistemática e periodicamente a tutela e sociedade civil sobre a evolução dos trabalhos desenvolvidos e resultados obtidos, bem como propor a formulação de políticas, iniciativas e instrumentos de combate ao desperdício alimentar, assim como de educação para o uso responsável de alimentos. Parte relevante dos trabalhos, particularmente na sua fase inicial, diz respeito aos conceitos a estabelecer, uma vez que estes definem o âmbito de atuação da CNCDA, dado que têm de ir ao encontro da Estratégia a delinear, o que constitui um pilar fundamental dos trabalhos. Trata-se designadamente dos conceitos de desperdício alimentar, de subproduto e de cadeia alimentar. A Comissão está também a fazer o levantamento das boas práticas da sociedade civil e iniciativas públicas e público-privadas, cujo objetivo é, em primeiro lugar, conhecer e compreender o que está a ser feito em Portugal 35

várias competências repartidas por diferentes departamentos da Administração estão agora reunidas num esforço único de concertação (e noutros países) ao nível de iniciativas públicas e privadas para combater o desperdício alimentar, procurar aferir quais serão as melhores práticas e como funcionam e as limitações e obstáculos para extrair conclusões que possam, se for caso disso, ser vertidas em recomendações e/ou propostas regulatórias. Em paralelo estão a ser identificadas as plataformas colaborativas já existentes, para poder dar resposta, sem sobreposições, ao objetivo do desenvolvimento de plataforma eletrónica, criando valor no sentido de potenciar eventuais sinergias. Os trabalhos desta Comissão estão a revelar-se uma mais-valia importante, no sentido em que várias competências repartidas por diferentes departamentos da Administração estão agora reunidas num esforço único de concertação, de sinergia e de envolvimento, para uma abordagem integrada e multidisciplinar ao combate ao desperdício alimentar, que é uma responsabilidade de todos, do produtor ao consumidor.


eficiência energética

Depois de níveis de concretização próximos dos 100% no PPEC 2013-2014, a APED prossegue a estratégia de promoção da eficiência energética no setor do retalho, com duas medidas aprovadas no plano a concretizar até finais de 2018.

Novos passos para a sustentabilidade

A APED viu aprovadas duas das medidas que propôs à ERSE – Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos no âmbito do PPEC 2017-2018. São medidas dirigidas à substituição de tecnologias de iluminação e à instalação de motores de comutação eletrónica nos ventiladores dos expositores de frio. Em ambas as situações, o que está em causa é promover a redução de consumos de energia por via da utilização de equipamentos inovadores e geradores de maior eficiência. Assim, no caso concreto das tecnologias de iluminação, medida que visa tanto o retalho alimentar como o não alimentar, trata-se da substituição de 42.559 lâmpadas fluorescentes por LED. Concretizá-lo implica um investimento de 985.677 euros, sendo que o PPEC comparticipa até 21,9%. No que respeita aos expositores de frio, a eficiência nos consumos consegue-se pela instalação

de motores de comutação eletrónica nos respetivos ventiladores: a medida, aplicável ao do setor alimentar, abrange a substituição de 18 mil motores, com um custo total de 863.500 euros. Deste montante, 19% beneficia de comparticipação do PPEC. Estas são medidas a concretizar até finais de 2018, em linha com as medidas desenvolvidas nos anteriores planos. É o caso do PPEC 2013-14, que a APED terminou com níveis de execução próximos dos 100%: no caso da substituição de iluminação fluorescente por LED o grau de sucesso situou-se nos 91,4%, enquanto na substituição dos controladores das centrais de frio a execução da medida foi total. Neste programa foi atingida uma redução de consumos anual na ordem dos 11.023MWh/ ano em consumidores do setor de c

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vida

A depois do escritório. Out of Office é o mais recente título da NewsEngage, editora da Briefing. Entrevistas, sugestões, dicas e reportagens para uma leitura descontraída, saboreada sem pressas ou tempo contado. Para que se desligue do trabalho. Revista encartada com Advocatus, Briefing e Médico News.


INTERNACIONAL

“Estão em jogo milhões de milhões de dólares de mercado” “A economia limpa não é um nicho de mercado, é mainstream e está a crescer rapidamente”. A afirmação é de Andrew Winston, consultor na área da sustentabilidade há 15 anos, que defende que a redução das emissões de carbono é inevitável. Entende, no entanto, que cria simultaneamente uma “enorme oportunidade de negócios”, na medida em que reduz custos e riscos, impulsiona a inovação e as receitas e cria marcas. “Estão em jogo milhões de milhões de dólares de mercado”, diz o especialista, que já foi orador num congresso da APED. 38


INTERNACIONAL

Store | Como surgiu o seu interesse pela consultoria em sustentabilidade empresarial? Andrew Winston | Comecei a trabalhar no mundo empresarial a seguir à faculdade, há 25 anos. Trabalhei para o Boston Consulting Group e depois para empresas de media como a Time Warner e a MTV. Foi durante o crash das empresas de Internet que parei para pensar no que realmente me entusiasmava. E percebi que era o meio ambiente e o futuro do planeta. Então, voltei a estudar para obter um diploma em gestão ambiental – eu já tinha um MBA – para tentar combinar os meus interesses em negócios e meio ambiente. Isso foi há 15 anos ... O que é a “economia limpa”? Economia limpa significa muitas coisas, mas é sobretudo a criação de uma economia, e particularmente de um sistema de energia, baseada em energia e materiais renováveis. Assim, em vez de combustíveis fósseis, usamos o sol, o vento, as marés, o fluxo de água e algumas coisas que cultivamos (biocombustíveis) para alimentar o mundo. É também acerca das tecnologias que usamos para reduzir o carbono e outras emissões perigosas – assim, a eficiência energética, controlos de construção, eficiência de água, agricultura inteligente, veículos híbridos e elétricos, ferramentas para usar big data e a Internet das coisas para melhor reduzir os impactos. Como é que a “economia limpa” produz impactos nas empresas? Afeta todas as empresas. Temos que construir uma “economia limpa” para combater as alterações climáticas, ou arriscamos o bem-estar partilhado. Assim, cada empresa desempenha um papel. Mas quando pensamos nos setores da indústria, o foco será em energia, edifícios, transportes, finanças e muito mais. À medida que a economia limpa evolui, isso também significa que os preços para as tecnologias limpas estão a descer rapidamente, então as empresas podem tirar proveito da nova eficiência e tecnologia de energia. Haverá novas maneiras de reduzir custos em energias renováveis e noutras tecnologias. De que forma é que responder às alterações climáticas pode ser bom para o negócio? De todas as formas. Combater as emissões de carbono nos nas empresas e nas cadeias de abastecimento cria valor em todas as formas pelas quais as empresas criam valor: reduz custos e riscos, impulsiona a inovação e as receitas e cria marcas. Isso é apenas a nível corporativo. Na economia e a nível global, se não lidarmos com

cada empresa tem que ser capaz de contar uma história sobre os seus produtos e serviços: de onde veio, quem a fez, se pagar um salário digno e qual foi a pegada de carbono

as alterações climáticas, elas ameaçam a nossa economia e a nossa espécie. Não é muito bom para a economia se as cidades estão inundadas, ou as comunidades enfrentam secas históricas e condições climáticas extremas. Não temos opção senão reduzir as emissões de carbono, mas isso cria uma enorme oportunidade de negócio. Estão em jogo milhões de milhões de dólares de mercado.

Que papel desempenha a transparência neste processo? A transparência radical é agora um facto da vida empresarial moderna. O que isso significa na prática é que cada empresa tem que ser capaz de contar uma história sobre os seus produtos e serviços: de onde veio, quem a fez, se pagaram um salário digno e onde, qual foi a pegada de carbono do produto, e assim por diante. Mais de 90% das maiores empresas têm agora alguma forma de relatórios de sustentabilidade onde relatam os seus esforços para gerir os seus impactos ambientais. De que modo são cruciais as parcerias entre empresas? Os problemas que estamos a enfrentar, como as alterações climáticas e as restrições de recursos, são sistemáticos, cobrem o mundo e cadeias de valor inteiras. Então, nenhuma empresa pode lidar com o problema sozinha. Estabelecer parcerias com os fornecedores, os clientes, o governo e até mesmo os concorrentes, é fundamental para alcançar maiores resultados.

Como é que as empresas se podem preparar? É difícil responder. Podem conhecer as opções de energia limpa e tecnologia como as que mencionei, e podem centrar-se na forma de tornar os seus produtos e serviços mais limpos e de impulsionar mais negócios através da inovação.

Qual é o objetivo de sustentabilidade típico para uma empresa atualmente? Não há um objetivo típico. A grande maioria das grandes empresas tem agora metas de sustentabilidade. Eu tenho um banco de dados online, que está disponível para o público, que tem os objetivos de sustentabilidade das 200 maiores empresas do mundo. Inclui quase quatro mil metas. Abrangem desde reduções de energia até compromissos de saúde e bem-estar, a segurança de funcionários e muito mais.

Já há muitas empresas a atuar nesta área? Sim. Atualmente, mais de 200 das maiores empresas a nível mundial comprometeram-se com metas baseadas na ciência em torno da redução do carbono, e cerca de 90 comprometeram-se em ter 100% de energias renováveis. A Walmart, uma das maiores empresas a nível mundial, acaba de estabelecer a meta de reduzir os gases de efeito estufa na sua cadeia de abastecimento em um milhão de milhões de toneladas. E olhando para os fornecedores de tecnologias limpas, eles estão a crescer rapidamente. Atualmente, há mais empregos nos Estados Unidos na economia limpa do que nos combustíveis fósseis, e a maior parte da nova energia colocada na rede globalmente é de energias renováveis. Este não é um nicho de mercado, é mainstream e está a crescer rapidamente.

O que mudou nos últimos 10 anos em sustentabilidade para as empresas? Tornou-se norma que as empresas têm de ter alguma forma de plano de sustentabilidade. Os seus acionistas esperam-no, sobretudo negócios com clientes que atualmente fazem uma série de perguntas aos seus fornecedores. Não há nenhuma grande empresa que não tenha, de alguma forma, a sustentabilidade na agenda. Isso não era verdade há 10 anos. Além disso, as soluções e tecnologias evoluíram muito rapidamente. Há dez anos, a energia renovável era muito cara. Agora, em muitos locais é a forma mais barata de energia. Houve também, nos últimos 10 anos, uma mudança geracional nas atitudes a nível de trabalho. Os millennials querem que as suas empresas defendam algo e operem de forma mais sustentável. Não há outra opção.

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RESPONSABILIDADE SOCIAL

FoodCloud. Desperdício zero Globalmente, uma em cada sete pessoas não tem o suficiente para comer. Enquanto as instituições de solidariedade social lutam para conseguir alimentos para os mais necessitados, milhões e milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados anualmente, com grande parte das empresas alimentares a ter excedentes. Para reaproveitar esses alimentos, surgiu a FoodCloud. A FoodCloud é uma empresa social de origem irlandesa, que surgiu, em 2014, com a missão de resgatar alimentos excedentes e redistribui-los por quem necessita, evitando o desperdício. Desenvolveu uma plataforma digital e única, disponível para smartphones, que conecta supermercados às instituições de solidariedade social na sua comunidade. Quando uma loja regista na plataforma os alimentos que não consegue vender, as instituições locais recebem uma notificação a dizer que há alimentos – e quais – disponíveis para recolher. Se a instituição estiver interessada, responde na plataforma que aceita a “oferta” e vai até à loja recolher.

Trata-se de uma situação “win-win”: as instituições têm acesso a alimentos frescos e poupam nos gastos com a comida, podendo reencaminhar essa poupança para outros serviços e missões, enquanto os supermercados contribuem positivamente para a comunidade e evitam o desperdício. Além da plataforma, em que não tem de intervir diretamente, criou ainda os FoodCloud Hubs, centros de recolha de alimentos que são doados pela industria alimentar e, depois, disponibilizados às instituições sociais. Possui atualmente três centros – em Cork, Galway e Dublin –, mas trabalha com empresas alimentares de todo o país, sejam produções agrícolas, fábricas ou dis40

tribuidores, ajudando a gerir os respetivos excedentes. Os produtos são entregues pelas empresas parceiras nos centros, ou recolhidos pela FoodCloud, diária ou semanalmente, com uma frota de carrinhas refrigeradas. Quando os alimentos chegam ao FoodCloud Hub mais próximo, são contados, registados e armazenados. Diariamente, as equipas dos “hubs” informam as instituições de caridade parceiras sobre que alimentos estão disponíveis. Estas encomendam, ou não, conforme as suas necessidades e escolhem se querem recolher os produtos ou se preferem que sejam entregues nas suas instalações. As instituições pagam à FoodCloud


RESPONSABILIDADE SOCIAL uma pequena contribuição nominal, que é utilizada no armazenamento e transporte dos alimentos. Os FoodCloud Hubs são também parceiros do Programa FEAD (Fundo Europeu de Ajuda aos mais Desfavorecidos), que ajuda as pessoas a darem os primeiros passos para sair da pobreza e da exclusão social. Neste

contexto, são responsáveis pela obtenção, armazenamento e organização da recolha de alimentos, que ficam, depois, disponíveis pela recolhas nos “hubs” pelas instituições elegíveis e pré-definidas pelo programa. Também os produtos são previamente definidos: alimentos básicos, não-perecíveis e fáceis de transportar e armazenar, como

arroz, massa e molho para massas, sopas (secas e enlatadas), chá, café, açúcar, legumes enlatados e cereais para o pequeno almoço. Desde a sua criação, a FoodCloud já permitiu a redistribuição de mais de 12 milhões de refeições no Reino Unido e Irlanda, que de outra forma seriam desperdiçadas.

Globalmente

1,3 mil milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas anualmente

300 milhões de barris de óleo

o tamanho combinado da China, Mongólia e Cazaquistão representa a dimensão das produções agrícolas que usamos para produzir

são usados, a cada ano, para produzir alimentos que são desperdiçados

comida que nunca é consumida

250 km cúbicos de água pura

1 a cada 7 pessoas não tem o

são desperdiçados, o equivalente a três vezes o volume do Lago Léman, em Genebra

suficiente para comer

os números

5.488 toneladas de fonte: FOODCLOUD

alimentos doados

1.000

12.074.197

mais de parceiros no retalho e indústria

refeições redistribuídas no Reino Unido e Irlanda

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3.600

mais de instituições de caridade parceiras


OPINIÃo

O novo consumidor As empresas já não podem ser neutras do ponto de vista ambiental, social e ético. Porque o consumidor já não o permite. Esta é a visão de Pedro Miguel Silva, associate partner da Deloitte Portugal.

“If you don’t stand for something, you will fall for anything”. A última década ficou marcada por mudanças significativas na estrutura económica, demográfica, social e tecnológica das famílias portuguesas. Essas mudanças tiveram um impacto significativo na forma como as famílias avaliam e concretizam as suas escolhas de consumo. O novo consumidor é mais ponderado e racional nas escolhas que faz. Ajusta a sua dieta a objetivos de melhoria de qualidade de vida e saúde e procura soluções alimentares que lhe libertem tempo para se dedicar às atividades que mais valoriza. Por outro lado, está também mais consciente do impacto social e ambiental que gera com as suas escolhas, valorizando as empresas que refletem esta preocupação e estando até disposto a pagar mais pelos seus produtos ou serviços. A transparência é, por isso, uma questão cada vez mais relevante e geradora de confiança para os consumidores, que exigem conhecer o tratamento dado aos produtos ao longo da cadeia de valor, para além dos valores e padrões éticos das empresas e do impacto que estas têm nas comunidades e no planeta. Esta consciência é amplificada pela utilização das redes sociais, hoje a principal fonte de informação da maioria dos consumidores. As notícias polarizadoras sobre empresas e produtos, verdadeiras ou falsas, podemse tornar rapidamente virais e as suas consequências, positivas ou negativas, são difíceis de prever.

Neste sentido, as empresas não devem ser neutras do ponto de vista ambiental, social e ético. A postura do “no harm” já não é diferenciadora aos olhos do consumidor, sendo vista como a condição mínima para entrada no mercado. Para escaparem à “armadilha da comoditização”, as empresas devem assumir, de forma ativa, posições concretas nos temas relevantes para os seus consumidores. O consumidor não aceita ser um agente passivo nas comunicações de marketing das marcas. Quer “espreitar por trás da cortina” e conhecer as pessoas e os valores que gerem as empresas que produzem e distribuem os produtos que consome. Mantém-se atento à forma como as empresas tratam os seus fornecedores e colaboradores e é pouco tolerante a práticas que não reflitam a sua visão de uma empresa responsável. Em alguns casos, o consumo tornou-se mesmo um ato político. Veja-se, a título de exemplo, a iniciativa #GrabYourWallet, que identifica e boicota todas as empresas que

Para se manterem relevantes, as empresas têm de saber reconhecer os valores que norteiam o seu público-alvo 42

O consumidor não aceita ser um agente passivo nas comunicações de marketing das marcas. Quer “espreitar por trás da cortina” e conhecer as pessoas e os valores que gerem as empresas vendem artigos das empresas da família do atual Presidente dos EUA. Fundada por duas utilizadoras do Twitter e difundida nesta rede conseguiu que, até ao momento, 20 cadeias americanas deixassem de vender produtos dessas marcas. Para se manterem relevantes, as empresas têm de saber reconhecer os valores que norteiam o seu público-alvo e garantir que a sua conduta converge com a sua promessa e posicionamento de marca. As empresas e cada um dos seus representantes, não devem ter receio de apoiar as causas próximas da organização e dos seus colaboradores. Devem ser, acima de tudo, transparentes e coerentes na prática dos princípios que as definem.


consumidor

Como a etiquetagem ajuda a poupar A etiquetagem energética dos equipamentos é uma medida essencial de sensibilização para a eficiência energética e de redução de custos. Promover o seu uso é a missão do projeto Label Pack A+.

O peso dos sistemas de aquecimento nos consumos domésticos e a sua influência na classificação energética da habitação levaram a ADENE – Agência para a Energia a envolver-se no projeto Label Pack A+, no entendimento de que, através da etiqueta energética, o consumidor tem acesso a informação sobre a eficiência energética dos produtos. Assim, segundo a gestora de projetos da agência Joana Fernandes, ao “diferenciar positivamente os produtos e sistemas mais eficientes”, estas etiquetas apoiam o consumidor na aquisição dos artigos e contribuem para a redução de custos na sua fase de utilização e na fatura. Também o Estado beneficia da etiqueta energética enquanto consumidor e como prescritor de produtos nas suas obras e em sistemas de incentivo, bem como na promoção da adoção de equipamentos energeticamente mais eficientes. Além de que é ainda o decisor e responsável pela definição e implementação de políticas públicas nesta matéria.

Já para a indústria, a etiqueta assume-se como uma declaração do fabricante ou do distribuidor/ instalador e um reconhecimento do “esforço de desenvolvimento de produtos inovadores, mais eficientes, que combinam mais funcionalidades”. A etiqueta energética contempla também os sistemas que integram tecnologias de aproveitamento de energias renováveis, mais especificamente os sistemas solares térmicos. Joana Fernandes explica que para um país como Portugal, “em que um sistema solar térmico, corretamente dimensionado e instalado, pode suprir grande parte das necessidades energéticas para a preparação de água quente, o reconhecimento destes benefícios de uma forma clara e inequívoca é essencial para a dinamização da adoção destas soluções, contribuindo para a redução das necessidades energéticas”. Desta forma, o contacto entre os vários agentes de mercado e o consumidor final é um fator de 43

relevância e assim, para assegurar a informação adequada sobre a regulamentação, a equipa do projeto Label Pack A+ desenvolveu um conjunto de materiais, como uma ferramenta online gratuita para a emissão da etiqueta dos sistemas, uma brochura direcionada para o distribuidor/ instalador e um manual para profissionais e consumidores. Promove também ações de formação, para consumidores e profissionais, nomeadamente em articulação com as associações setoriais. Exemplo desse trabalho com as associações setoriais é o fórum realizado recentemente em parceria com a APED precisamente sobre a etiquetagem energética e que incidiu, em particular, sobre produtos e sistemas de aquecimento. Foi realizado no contexto da colaboração institucional em iniciativas que acrescentem valor aos associados, na perspetiva do cumprimento dos requisitos ambientais e da adoção de boas práticas.


atualidade 1

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Retalho da Sonae cresce 4,7% O primeiro trimestre de 2017 assistiu a um crescimento de 4,7% no volume de negócios da Sonae no retalho, o qual atingiu os 1.257 milhões de euros. Este desempenho foi impulsionado pela Sonae MC, pela Worten e pela unidade de Sports & Fashion. No mesmo período, o volume de negócios consolidado subiu 6%, para os 1.278 milhões de euros. No retalho alimentar, o aumento foi de 3%, alcançando os 855 milhões de euros.

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Vendas do Dia com ligeira subida em Portugal As vendas do Grupo Dia em Portugal subiram 0,3% no primeiro trimestre do ano, face ao mesmo período de 2016. Situaram-se, assim, nos 193,6 milhões de euros, correspondendo a 7,7% das receitas totais. No período em análise, o grupo registou vendas brutas de 2.503 milhões de euros, o que traduz um crescimento homólogo de 2,9%. O maior contributo para estes resultados foi da operação na Argentina e no Brasil, que cresceu 13,1%.

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3

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Lidl com nova liderança

AKI distribui lucros pelos colaboradores

O italiano Massimiliano Silvestri é o novo administrador delegado do Lidl Portugal, assumindo funções após 15 anos de experiência na empresa, 13 dos quais como administrador de vendas em Itália. Vem substituir Afroditi Pampa, que se afasta da função por razões pessoais. No seu país de origem, viu a insígnia ser distinguida quatro vezes como “Retailer of the Year” e três vezes como “Great Place to Work”. O Lidl possui 246 lojas em Portugal, quatro entrepostos e cerca de 5.800 colaboradores, tendo planos para inaugurar seis novos espaços este ano.

O AKI Portugal distribuiu 16% dos resultados líquidos pelos colaboradores, ao abrigo de uma estratégia de partilha em vigor há três anos. Em causa está o desempenho de 2016, que atingiu os 212 milhões de euros em volume de vendas, bem como um crescimento de 9% nos lucros. Assim, cada colaborador recebe um prémio que corresponde a um ordenado por pessoa e aplica-o em ações da ADEO (proprietária do AKI) ou num produto financeiro disponível. Em comunicado, a insígnia adianta que, em 2015, 94% da equipa optou por se tornar acionista do grupo. 44


Grande Plano

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Assine a Store Magazine e entre no mundo da Distribuição e Comércio: A cada três meses, fique a conhecer as marcas, os protagonistas, os acontecimentos, as novidades e as tendências de um dos setores mais dinâmicos da economia portuguesa. O melhor da Distribuição Moderna fica mais perto de si, com a Store Magazine! 5

Biedronka impulsiona vendas da Jerónimo Martins A operação na Polónia, através da insígnia Biedronka, foi a grande impulsionadora dos resultados da Jerónimo Martins no primeiro trimestre de 2017, respondendo por 68,7% dos

3,7 mil milhões de euros alcançados. Face ao mesmo período do ano anterior, as vendas consolidadas cresceram 9%. A Biedronka registou um crescimento de 10,8% das vendas, tendo sido abertas 11 novas lojas e lançados 109 produtos de marca própria. Para esta operação, o

grupo canalizado metade dos 101 milhões investidos no período. O Pingo Doce, principal insígnia em território nacional, viu as vendas subirem 0,8%, tendo sido responsável por 22,4% das vendas totais. Nos primeiros três meses, foram inauguradas duas lojas e lançados 43 produtos de marca própria.

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(4 edições).

NOME MORADA CÓDIGO POSTAL

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IKEA, a marca do retalho com melhor reputação A IKEA é a marca do setor do retalho com melhor reputação em Portugal, de acordo com o estudo Global RepScore Pulse, promovido pela OnStrategy, em parceria com a Corporate Excellence Foundation. Obteve 78,73 pontos, seguindo-se a

FNAC, com 76.08 e a Worten, com 76.05 pontos. “A marca IKEA tem-se destacado na sua robustez reputacional ao longo dos anos, existindo, contudo, um pódio de marcas em que as diferenças são muito pequenas e em que as marcas FNAC e Worten, em conjunto com a IKEA, marcam a diferença em relação ao resto do setor”, enquadram, em comunicado, os promotores do estudo.

TELEFONE TELEMÓVEL E-MAIL N. CONTRIBUINTE

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ASSINATURA


estante

O PROJETO DA PRODUTIVIDADE

MARKETING 4.0

O GRANDE RETROCESSO

Concebida com um espírito de vanguarda, esta obra é uma análise pessoal e divertida acerca de um assunto que diz respeito a todos: de que modo podemos ser mais produtivos no trabalho e em todas as dimensões das nossas vidas? O que o autor oferece é universo de descobertas eficazes, com mais de vinte e cinco boas práticas que mostram como produzir mais e com maior eficácia, nomeadamente: abrandar para trabalhar mais conscienciosamente; diminuir ou eliminar o que não é importante; aplicar a regra dos três; lutar pela perfeição; programar menos tempo para tarefas importantes; instaurar a regra dos vinte segundos para se distrair das distracções inevitáveis; tomar consciência do conceito de procrastinação produtiva; consumir cafeína por estratégia, não por hábito; trabalhar nas tarefas mais difíceis e recompensadoras na altura do dia em que a energia está no pico; concentrar-se numa tarefa de cada vez, fazê-lo em várias é menos produtivo; consultar o e-mail e as redes sociais apenas em alturas específicas do dia.

Este é o livro essencial para a próxima geração de marketeers. A sua leitura ajuda a navegar num mundo cada vez mais interligado e numa paisagem de consumo em mudança, de modo a alcançar um maior número de clientes de uma maneira mais eficaz. Os clientes de hoje em dia têm menos tempo para dedicar atenção à sua marca – e estão cercados por alternativas a cada passo do caminho. É necessário marcar presença, obter a sua atenção e transmitir-lhes a mensagem que querem ouvir. Este livro examina as dinâmicas de poder do mercado em mudança, os paradoxos resultantes da conetividade e o aumento da fragmentação subcultural que moldará o consumidor de amanhã; este ponto de partida mostra por que o marketing 4.0 se está a tornar imperativo para a produtividade. Coordenada por Philip Kotler, esta obra tira proveito da alteração de humor do consumidor para atingir mais clientes e envolvê-los mais plenamente do que nunca.

A primeira nota importante quando analisamos a dinâmica atual é que a comparação com a crise da chamada segunda globalização é tentadora. De facto, o mundo em 1900 não fazia prever o que veio a seguir. A resposta simplista poderia ser esta: a Revolução Russa, o protecionismo e o fascismo acabaram com ela. Será que esta nova vaga populista é o anúncio de uma nova era de retrocesso? Esta reflexão é o ponto de partida para esta obra que reúne textos de vários pensadores atuais, entre eles o português António Costa Pinto. Uma obra atual porquanto é dada à estampa numa altura em que se volta a falar de Hitler, de ditaduras, de soberanismo e de protecionismo. E em que o mundo das democracias está a sofrer alguns processos de desconsolidação, muito embora não seja seguro que o receio de que o século XXI poderia tornar-se o ‘século do autoritarismo’ venha a tornar-se realidade.

SMALL DATA Martin Lindstrom, um verdadeiro Sherlock Holmes dos tempos modernos, recorre ao poder do detalhe e dos dados aparentemente menos significantes para descobrir as próximas grandes tendências comportamentais e de consumo. Com a capacidade minuciosa de observação a que já habituou os seus leitores, o autor do best-seller internacional “Buyology” revela como desejos, necessidades e impulsos se escondem nos mais pequenos detalhes. Esta obra é, assim, um clássico dos nossos dias, que combina a riqueza descritiva com a análise das ciências comportamentais, sendo uma narrativa indispensável para marketeers e para comerciais, mas também para qualquer pessoa interessada em saber o que nos leva a decidir e a agir.

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Acreditar em Portugal começa comigo.

Quando escolho produtos e serviços com o selo Portugal

Escolher produtos e serviços com selo Portugal Sou Eu é o primeiro passo.

investir em cada um de nós. Quando escolho o que é

Sou Eu, estou a escolher o melhor para o meu país. Estou a criar postos de trabalho, a estimular a nossa economia, a levar-nos para a frente. Quando procuro este selo, estou a apostar nos pequenos e grandes produtores, nos comerciantes, nos executivos e empreendedores. Estou a nosso, estou a acreditar em Portugal.

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