Director: Hermínio Santos
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Bimestral
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Ano I
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N.º 3
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Maio/Junho de 2012
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A nova plataforma da distribuição e comércio moderno
Jorge Morgado secretário-geral da DECO
Há uma nova relação com os consumidores Pág. 10
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Preços e margens em Observatório
Foi criado para explicar aos consumidores e aos produtores agrícolas por que existe uma diferença por vezes tão importante entre o nível dos preços agrícolas e o dos preços alimentares, mas também para fornecer aos profissionais dados objectivos sobre a formação dos preços. É assim que Philippe Boyer explica à Store os motivos que levaram o governo francês a criar, em 2008, o Observatório dos Preços e das Margens dos Produtos Alimentares. O governo justificou a decisão com uma maior transparência
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Ricardo Neto, director-geral da ERP Portugal
As estratégias na reciclagem
A ERP Portugal faz parte da European Recycling Platform, a única plataforma pan-europeia para a gestão de resíduos. A ERP está presente em 13 países, contando com 90 colaboradores e tendo recolhido um milhão e quinhentas mil toneladas de Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos (REEE) e doze mil toneladas de Resíduos de Pilhas e Acumuladores (RP&A) até ao final do ano de 2011
8 euros
Destaques
EDITORIAL
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Confiança e transparência
Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Esta é uma frase batida mas indispensável para definir a evolução da relação entre consumidores e distribuição. Quando o primeiro hipermercado abriu as suas portas em Portugal, em 1985, as interrogações eram muitas, as desconfianças surgiram e instalou-se o debate. Mas o óbvio estava à vista: nada seria como dantes para os consumidores. Os anos seguintes confirmaram-no. A moderna distribuição impôs padrões de qualidade nunca vistos, proporcionou novas oportunidades a produtores portugueses, levou os produtos e o know-how português para o estrangeiro, criou novos hábitos de consumo, gerou milhares de postos de emprego. Assistiu-se a uma reconfiguração do comércio em Portugal e, como em todos os processos de mudança, houve coisas que correram menos bem e outras que atingiram o nível da excelência. A relação entre consumidores e grande distribuição foi evoluindo ao longo destes 17 anos. Hoje, os consumidores já fazem as suas compras com uma lista na mão, renderam-se aos produtos da distribuição – que começaram por ser brancos – e “exigiram” várias mudanças no sector. A mais emblemática terá sido a questão da abertura aos domingos e feriados. Numa palavra, os consumidores tornaram-se cada vez mais activos em todo o processo. Exigem confiança e transparência, estudam e observam, empenham-se, comparam. Como diz Jorge Morgado, secretário-geral da DECO, à Store, há uma “nova relação e as empresas voltadas para a modernidade já o perceberam”. Hermínio Santos hs@storemagazine.net
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PASSEIO PÚBLICO
Brasileiro ou português, eis a questão
Chegou há 12 anos a Lisboa, já tem dupla nacionalidade e quando lhe perguntam se é mais português ou brasileiro, não sabe responder mas sente-se um alfacinha de gema e gostaria de ficar “para sempre”. Luiz Mór, administrador da TAP, das Lojas Francas de Portugal e da Cateringpor, é um dos elementos-chave da equipa de Fernando Pinto na transportadora aérea portuguesa
Impressão: Sogapal, Rua Mário Castelhano, Queluz de Baixo 2730-120 Barcarena
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COMPETITIVIDADE
O motor da concorrência
A concorrência que se vive no sector entre os vários formatos de distribuição tem sido o motor da melhoria contínua da sua competitividade. Assim pensa Álvaro Nascimento, director da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica do Porto, e com uma vasta experiência em política de concorrência e regulação sectorial Maio/Junho de 2012
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Opinião
Os códigos de resposta rápida (QR são as iniciais de Quick Response, uma solução criada por uma subsidiária da Toyota chamada Denso Wave) podem ser um elemento importante para conseguir que os actuais ou potenciais clientes das empresas passem a interagir mais frequentemente com as marcas, aumentando assim o seu envolvimento e o seu potencial de compra
Aumentar a competitividade com os códigos QR
Paulo Silva partner da StepValue
“Os códigos QR são muito versáteis e estão a ser cada vez mais utilizados em todo o mundo, com grande destaque para o Japão, onde já se podem encontrar em quase todos os suportes onde pode ser impressa uma imagem” 4
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Um QR code é uma imagem bidimensional que funciona como um atalho, dirigindo os consumidores, de forma fácil e intuitiva, para um endereço normalmente associado a um website. Os códigos de resposta rápida (QR são as iniciais de Quick Response, uma solução criada por uma subsidiária da Toyota, chamada Denso Wave) podem ser um elemento importante para conseguir que os actuais ou potenciais clientes das empresas passem a interagir mais frequentemente com as marcas, aumentando assim o seu envolvimento e o seu potencial de compra. Com capacidade para armazenar milhares de caracteres alfanuméricos (ao contrário dos conhecidos códigos de barras unidimensionais, que apenas suportam 20 dígitos), os códigos QR são muito versáteis e estão a ser cada vez mais utilizados em todo o mundo, com grande destaque para o Japão, onde já se podem encontrar em quase todos os suportes onde pode ser impressa uma imagem. Os Códigos QR não servem apenas para nos levar a websites na internet. Alguns exemplos de utilizações possíveis incluem a facilidade de partilha de vídeos, e-books, PDF e outros documentos ou atalhos associados a Calls for Action para levar os clientes a comprar mais, ofertas especiais e promoções com idêntico objectivo. Mesmo o incentivo ao desenvolvimento de comunidades online é um objectivo perfeitamente possível, pela facilidade com que um código QR pode levar até um artigo num blog ou à concretização de um like numa página, conduzindo de forma direta ao respetivo botão. Este tipo de soluções contribui, de forma significativa, para incrementar o tráfego de visitantes para os ativos digitais das marcas e fomentar a partilha dos mesmos, ligando convenientemente o mundo offline com o online. Um aspecto importante numa estratégia de ado-
ção de Códigos QR é a adequação dos mesmos às diferentes situações de consumo. Por exemplo, se sabemos que o código vai estar no contra-rótulo de uma garrafa de vinho, a página para onde o referido código nos leva deve conter informação adaptada às necessidades de alguém que está num restaurante ou supermercado. Se os códigos estão no lobby de um hotel, por exemplo, não deverão levar à homepage do respetivo site, mas sim a páginas com informação sobre o que fazer, onde encontrar o restaurante mais próximo ou a indicações sobre que locais visitar, durante a estadia. Para que o cliente perceba qual a informação que vai encontrar associada a cada código, nada melhor do que a escrever de forma clara, com uma sugestão de utilização, por exemplo: “Use este código para conhecer a selecção de atividades no hotel que preparámos para si». Nesta perspectiva, é uma boa opção incluir códigos QR específicos em muitos dos materiais de comunicação, como brindes, verso de cartões-de-visita, lonas de camiões, fachadas de edifícios, bilhetes e recibos entregues nos pontos de venda, embalagens e até na decoração da própria loja. Os códigos podem ser gerados gratuitamente online, em aplicações como o Kaywa e são lidos por qualquer smartphone, com uma aplicação de leitura como a i-nigma, igualmente sem custos associados. Acreditamos que a aplicação desta tecnologia (ou outras, existentes, que derivam desta) vai continuar a crescer de forma significativa. Paralelamente, os códigos continuarão a desenvolver-se e, num futuro próximo, em vez de funcionarem como “atalhos”, passarão a conter eles próprios quantidades crescentes de informação, acessível de forma directa nos múltiplos suportes de comunicação de marketing. STORE MAGAZINE
notícias RAR Açúcar celebra 50 anos no Facebook
Lidl aderiu ao “COMPRO o que é nosso” A cadeia de hard discount LIDL aderiu ao “COMPRO o que é nosso” elevando para 15 mil milhões de euros o volume de negócios das marcas aderentes à iniciativa. Nos próximos seis meses o símbolo “COMPRO o que é nosso” vai estar bem visível em cerca de 250 referências de 50 marcas próprias da empresa. A adesão acontece na semana em que o Lidl lançou a campanha “sabores portugueses” e um cabaz 100 por cento nacional, por apenas 5 euros. Após a adesão do Lidl a iniciativa “COMPRO o que é nosso” conta com 853 empresas aderentes que representam 2500 marcas.
Herdade das Servas com duas Grandes Medalhas de Ouro A Herdade das Servas arrecadou duas Grandes Medalhas de Ouro com os vinhos ‘Herdade das Servas Touriga Nacional tinto 2008’ e ‘Monte das Servas Colheita Seleccionada tinto 2009’, no 19.º Concurso Mundial de Bruxelas, que se realizou em Guimarães. O produtor alentejano foi o único português a alcançar o pódio das Grandes Medalhas de Ouro com dois vinhos tintos. Estiveram em prova 8397 vinhos e espirituosos de produtores de 52 países, que foram analisados por um painel de provadores internacional com membros de 48 países. 6
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A RAR Açúcar comemora este ano o seu 50.º aniversário e para celebrar a data lançou-se nas redes sociais, através da criação de um perfil no Facebook. A marca tem como objectivo aproximar ainda mais os seus produtos do consumidor final, bem como festejar os doces momentos que proporciona ao mercado ao longo dos últimos 50 anos. Mais interactiva, a RAR Açúcar tem previsto um plano de acções criativas com vista a envolver e a informar o consumidor, nomeadamente passatempos, promoções, prémios, novidades, entre muitas outras acções que prometem ser surpreendentes. A RAR Açúcar, empresa do grupo RAR, é um dos principais refinadores de açúcar portugueses. Com um volume de negócios de 76 milhões de euros e uma produção anual superior a 120 mil toneladas, a empresa tem uma presença significativa no mercado ibérico.
CIN abre nova loja em Leiria A CIN reforçou a sua rede de lojas com a abertura de um novo espaço em Leiria. Localizada na zona de Parceiros, junto ao IC2 e ao Leiria Shopping, a nova loja CIN beneficia de uma excelente visibilidade e acessibilidade. A sua localização privilegiada oferece excelentes condições logísticas e operacionais, dispondo de facilidades para cargas e descargas. Situada num edifício independente, dispõe ainda de um estacionamento privativo para cinco viaturas, facilitando as compras dos consumidores. STORE MAGAZINE
C&A cria conceito Basic Corner A C&A conta com um espaço dedicado à colecção de peças básicas de algodão para mulher. Com a denominação Basic Corner, este local conta com a exposição de 2.000.000 peças fabricadas quase inteiramente em algodão orgânico. Nesta colecção, é possível encontrar peças de qualidade a preços competitivos, como sejam t-shirts a três euros, blusas a sete e casacos a nove euros. O espaço Basic Corner foi implementado desde o início do ano em 150 das 170 lojas existentes em Portugal e Espanha, sendo que a aceitação superou as espectativas de vendas em 10%. Esta aposta em peças produzidas em algodão orgânico certificado reforça a importância que a marca dá aos factores ambientais, sociais e económicos, de forma a impulsionar a agricultura sustentável.
E. Leclerc apoia produção nacional O E.Leclerc Portugal exportou em Abril, pela primeira vez, um conjunto de nove produtos tipicamente nacionais para o E.Leclerc em França. Os produtos passam a estar disponíveis na totalidade do território francês, onde o grupo tem 560 lojas e é líder com quase 19% de quota de mercado. O E.Leclerc conta com mais de 600 fornecedores portugueses, mas para já foram nove os abrangidos neste programa. Os produtos que começam a ser comercializados em França são: bolacha maria Vieira de Castro, atum Bom Petisco, azeite Gallo, vinho do Porto Velhotes Tawny/ White, cerveja Super Bock, salpicão Porminho, queijo Limiano e bacalhau especial.O E. Leclerc Portugal conta com 2.500 colaboradores e 97.000m2 de superfície total de venda.
Douradas oceânicas no Intermarché O Intermarché, insígnia do grupo Os Mosqueteiros, lançou a campanha “Douradas Oceânicas” do “Programa Origens” referente ao Programa de Incentivo à Produção Nacional, com o qual promove o desenvolvimento do património agrícola e gastronómico português. O lançamento desta nova campanha tem como principal objectivo confirmar os valores que caracterizam e distinguem o “Programa Origens” Garantia de frescura e de qualidade a um preço acessível. A campanha permite ainda reforçar o papel de destaque que o Intermarché tem vindo a ocupar na área dos frescos, sendo reconhecido como especialista na oferta destes produtos. Devido à qualidade das águas onde as douradas são criadas, estas têm uma qualidade muito semelhante à dourada de mar. Além disso, são alimentadas com baixa percentagem de gordura, conferindo menor deposição de gordura no músculo. Como as cargas de produção são baixas, existe uma diminuição do risco de patologias, sendo também uma alternativa muito mais saudável. STORE MAGAZINE
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notícias BREVES
Água das Pedras com Daniela Ruah A Água das Pedras lança, pela primeira vez, uma campanha publicitária protagonizada por uma prestigiada actriz, Daniela Ruah, que participa na série “Investigação Criminal: Los Angeles”. A campanha pretende transmitir a sensação de bem-estar, leveza e frescura de Água das Pedras, reforçando o carácter próximo e actual da marca: uma bebida ideal para todos os momentos. O filme de 30’’ começa por mostrar Daniela Ruah com três amigos a beber Água das Pedras numa esplanada. Estes são rapidamente transportados para dentro de água, com um espectacular mergulho da protagonista a surgir em grande plano, com movimentos elegantes e imagens subaquáticas de rara beleza. Esta submersão na água transmite o prazer de beber uma Água das Pedras, reforçado pela voz off que deixa um convite: Mergulha num momento Pedras e sente o prazer refrescante da água. Água das Pedras. Água com vida.
GS1 Portugal apresentou projecto na Colômbia A introdução de uma nova arquitectura de sistemas na organização que lançou os códigos de barras no nosso país há mais de 25 anos, a GS1 Portugal, foi considerada um “best in class” pela Microsoft pelos resultados obtidos, tendo sido apresentado aos delegados dos 112 países presentes na Assembleia-Geral da GS1, realizado em Maio, na Colômbia. Interacção e gestão do relacionamento mais eficientes com clientes e associados foram os benefícios mais evidentes de um projecto que resulta de uma reorganização profunda da GS1 Portugal e que já está a dar resultados. Desde logo, e já no primeiro trimestre de 2012, assistiu-se a um aumento de 18% nas receitas totais e a um crescimento para os 22% da percentagem de associados a receber factura electrónica (quando, em igual período de 2011, essa proporção não passava de 1%).
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Limiano com menos gordura A marca Limiano lançou o Limiano Amanteigado de Vaca e Ovelha -50% gordura, reforçando a sua posição no segmento de queijo prato nacional. Este lançamento vai de encontro à estratégia da marca, que aposta continuamente na dinamização e inovação dos seus produtos. Limiano é a marca líder do mercado de queijo em Portugal, liderando também os rankings de notoriedade e preferência. É uma marca portuguesa com um historial de mais de 50 anos.
Chegam as vídeo-receita A StockFood, agência em conteúdos de alimentação, lançou um novo produto: os vídeos-receita, os quais apresentam, em filme, a confecção step-by-step de receitas. A colecção de vídeos-receita é direccionada para as indústrias de distribuição, restauração e hotelaria, bem como para um grupo ainda mais alargado de actividades online: websites, aplicações móveis, blogs, portais, televisão, CCTV, painéis electrónicos, entre outras plataformas de media digital.
Vatel em versão “mini” A Vatel, líder no mercado do sal em Portugal, acaba de lançar três novas referências: o Sal Fino 75g, Sal Equilíbrio (50% menos sódio) 75g e Sal Marinho Especial Saladas 75g. A marca, presente em casa dos portugueses desde 1915, aposta assim no conceito “mini” para o segmento lar e canal horeca. O novo formato é uma inovação da Vatel e pretende proporcionar uma utilização mais fácil e prática.
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Marketing relacional da Staples premiado A Staples viu a sua estratégia de marketing relacional premiada pelos consumidores. Foi na última edição dos Prémios Neurónio, com o público a eleger a campanha “Staples troika a crise pela poupança” como a que teve “mais pinta”. A campanha relacionou o contexto económico nacional com a entrada da troika para, jogando com a proximidade fonética com troca, chegar ao conceito “troika a crise pela poupança”. O conceito viajou rapidamente pela internet, já que a campanha foi divulgada sobretudo nas redes sociais, mas também através de mobile marketing e de email marketing. Iniciativa dos CTT e da Associação Portuguesa das Agências de Publicidade, Comunicação e Marketing, os prémios Neurónio distinguem, anualmente, o melhor do marketing relacional em Portugal.
BREVES Terra Nostra com nova imagem Os leites Terra Nostra acabam de se apresentar ao mercado com imagem renovada que visa reforçar os valores e benefícios associados à marca e ao produto: Açores, riqueza nutricional e sabor, mas também bem-estar e proximidade á natureza. Assim, as embalagens de leite meio gordo têm agora como pano de fundo o verde dos prados, enquanto as de leite magro foram “pintadas” a azul, evocando o mar do arquipélago. A marca assinalou a nova imagem com uma promoção nos pontos de venda.
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Grande Plano
Eduardo Ribeiro
Hermínio Santos jornalista hs@storemagazine.net
“Nós somos pela concorrência mas há muitos sectores onde ela não existe e aí o Estado deve ser regulador”. Quem o diz é Jorge Morgado, secretário-geral da Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO). Sobre as relações entre consumidores e distribuição considera que os primeiros “têm sabido tirar partido das diferentes formas de comércio que existem, nomeadamente dos hipermercados”
Jorge Morgado, secretário-geral da DECO
Somos pela concorrência Store | Como é que caracterizaria as relações entre a distribuição moderna e os consumidores? Jorge Morgado | Os consumidores têm sabido tirar partido das diferentes formas de comércio que existem, nomeadamente dos hipermercados. Ou seja, de facto os hipermercados apresentam para os consumidores alguns as10
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pectos que são de sublinhar, pois, por exemplo, permitiram o acesso a muitos produtos novos – foi através da grande distribuição que começámos a ter, de uma forma mais ou menos regular, acesso a uma série de produtos que até então não existiam. Por outro lado, apresentam algumas comodidades, como o estacionamento, que é uma questão que os consumidores
valorizam e, muitas vezes, o preço. Para além disso sabemos também que, ao nível da retaguarda do sistema, nas condições de manutenção e tratamento dos produtos, se deram passos muito significativos. Resumindo: por um lado os consumidores retiram vantagens daquilo que a grande distribuição oferece e houve também uma aprendizagem relativamente aquele apelo de
consumo que os hipermercados sempre fazem, onde tudo está de certa maneira montado para comprar mais do que aquilo que se precisa. O que nos parece é que os consumidores já conseguiram criar alguns anti-corpos relativamente a isso e uma grande maioria já vai para as compras com uma lista feita em casa, com alguma organização prévia que é interessante STORE MAGAZINE
para obterem as vantagens e não caírem nas tentações. Store | Em que aspectos é que essa relação poderia melhorar? JM | Um dos aspectos que, nos hipermercados, apesar de tudo, é negativo é o tempo que se passa dentro de um hipermercado, principalmente nas caixas, nos momentos de maior afluência. Isso valeria a pena melhorar. Por outro lado, em termos de melhoria da informação, com os meios técnicos que há hoje, era importante aumentar a informação, não só aquela que está definida do ponto de vista legal mas também através de outros meios sofisticados como podem ser os aparelhos de televisão que existem nos hipermercados com informação complementar aos produtos – não estamos a falar de marketing mas sim de informação – ou possibilitar o acesso à internet para ter alguma informação complementar que precisem. Do nosso ponto de vista há aspectos de informação que podem ser melhorados. Às vezes encontramos pequenos problemas que têm a ver com as campanhas de promoção, com os folhetos de divulgação de produtos que, algumas vezes, já não estão à venda por causa dos stocks que se esgotam que, se calhar, eram pequenos relativamente à promoção – é sempre difícil avaliar uma coisa dessas mas é, de facto, uma mancha na imagem de um hipermercado quando se anunciam produtos a preços de promoção e depois as pessoas não as encontram. Store | Porque é que a DECO contesta a nova taxa de segurança alimentar? JM | Em primeiro lugar porque é mais uma taxa e em segundo porque nós sabemos que as taxas que caem a montante repercutem-se sempre nos consumidores. A questão para nós é assim: todos nós já pagamos muitos impostos, consumidores e fileira da distribuição, e o sistema tem de funcionar com esses impostos que já existem – a ASAE não precisa da taxa para funcionar. É mais uma criatividade por parte deste Governo STORE MAGAZINE
“O aparecimento de hipermercados que têm bombas de combustível parece-nos uma das poucas iniciativas de concorrência interessantes para o sector e que aliás tem aumentado substancialmente a quota de mercado e retirado às grandes empresas uma quota interessante”
que tem, progressivamente, tentado pescar nos diferentes sectores onde pode aumentar a carga fiscal. Store | A DECO fez em 2011 um estudo sobre as marcas da distribuição. Elas são, de facto, uma boa escolha para os consumidores? JM | Dizemos que as marcas de distribuição não são nem melhores nem piores que as outras do ponto de vista da qualidade. Contrariamente aquela ideia inicial de há uns anos de que eram produtos de segunda escolha, hoje não o são. Verificámos que, em muitos casos, estavam no lote dos melhores produtos. Portanto, para nós devem ser vistas numa lógica de igualdade em relação a outras marcas. Caso a caso os consumidores devem informar-se relativamente ao que querem comprar e à informação isenta que nós publicamos e que tem testes laboratoriais por trás, não são simples opiniões. Store | Considera que há uma tendência para haver cada vez mais marcas da distribuição? JM | Enquanto associação de consumidores estamos interessados na concorrência e que as marcas não fiquem todas nas mãos da grande distribuição. Queremos que a distribuição tenha as suas marcas com qualidade e que isso espicace também a criatividade e a concorrência de forma a que as outras marcas continuem no mercado a lutar com as marcas da distribuição.
“Gostaríamos de ter entidades reguladoras mais distantes do poder político e a nomeação por parte do Governo não nos parece a melhor solução”
“Somos favoráveis a uma discriminação positiva do comércio de proximidade e quando falamos nisso não deve ser por via administrativa mas, por exemplo, através de condições preferenciais de estacionamento”
Store | A DECO também aplaudiu a decisão de alargamento dos horários dos hipermercados quando ela foi tomada… JM | …diria mais, a DECO não só aplaudiu como durante anos foi a primeira entidade a falar disso em Portugal. Mas a nossa questão não era relativamente aos hipermercados mas sim ao comércio em geral. Nunca falámos especificamente em relação às grandes superfícies. O que nós dizíamos é que sempre ouvimos dizer que os comerciantes vendiam pouco e depois era completamente anacrónico que nos momentos em que os consumidores estavam disponíveis para comprar o comércio estava Maio/Junho de 2012
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fechado. Partindo deste princípio básico e simples sempre defendemos que era importante que os comerciantes fixassem o horário de funcionamento em função do seu negócio e do local onde vendiam.
“O aproveitamento da situação económica das famílias para as levar a comprar irracionalmente produtos disfarçando isto com campanhas de boa fé para ajudar as famílias não me parece o mais saudável”
Store | Como é que a DECO olha para a expansão da distribuição para actividades como, por exemplo, a venda de combustíveis? JM | É um sector onde temos defendido maior concorrência. Ficamos muito desiludidos com este Governo pois uma das promessas era a criação das bombas low cost, anunciadas pelo ministro da Economia. Quase um ano depois elas continuam sem existir. Temos-nos deparado cada vez mais com um mercado de combustíveis muito pouco concorrencial e pouco transparente. O comum dos cidadãos continua a não perceber como é feito o preço. O aparecimento de hipermercados que têm bombas de combustível parece-nos uma das poucas iniciativas de concorrência interessantes para o sector e que aliás têm aumentado substancialmente a quota de mercado e retirado às grandes empresas uma quota interessante. Temos pena é que não sejam todas as cadeias a terem bombas de combustível nos seus hipermercados, cumprindo, obviamente, com as regras de segurança. Store | Como é que analisa a concorrência em Portugal agora que há uma nova Lei da Concorrência? Há muitos passos a dar? Em que áreas? JM | Há muitos passos a dar. Nós somos pela concorrência e pelo reforço do Estado enquanto regulador nos sectores onde não há concorrência. Há ainda muitos sectores onde a concorrência não existe e é preciso, de facto, uma intervenção reguladora do Estado. Por outro lado, preocupa-nos muito, também, a privatização de alguns sectores que são monopólios naturais e que o Governo anuncia – o caso da água é o mais evidente – pois tememos que isso não se traduza num benefício para os consumidores. No caso da água não se traduzirá certamente em maiores investimentos na rede
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“Dizemos que as marcas de distribuição não são nem melhores nem piores que as outras do ponto de vista da qualidade. Contrariamente aquela ideia inicial de há uns anos de que eram produtos de segunda escolha, hoje não o são. Verificámos que, em muitos casos, estavam no lote dos melhores produtos”
“Os hipermercados apresentam para os consumidores alguns aspectos que são de sublinhar, pois, por exemplo, permitiram o acesso a muitos produtos novos”
pois a experiência em Portugal e noutros países tem sido essa e vai, certamente, encarecer de uma forma não justificada, em muitos casos, o preço da água. Nas experiências que temos em Portugal de privatização da distribuição a qualidade da água não melhorou, a rede também não e os preços aumentaram substancialmente. Outro aspecto é o das telecomunicações. Do nosso ponto de vista parece que existe muita concorrência em termos de preços e produtos mas se olharmos no concreto estamos a falar de produtos muito idênticos com nomes diferentes. De tal maneira há falta de concorrência no sector que a Comissão Europeia já por duas vezes teve uma intervenção decisiva no preço do roaming, por exemplo. Gostaríamos de ter uma Autoridade da Concorrência mais interventiva que não se limitasse a justificar, em muitos casos, as coisas mas que, pelo contrário, investigasse, se calhar com mais meios. Gostaríamos de ter entidades reguladoras mais distantes do poder político e a nomeação por parte do Governo não nos parece a melhor solução. Gostaríamos muito mais que fosse através da Assembleia da República ou mesmo da Presidência da República. Nalguns sectores preocupa-nos o alargamento das posições dominantes. No caso concreto da grande distribuição gostaríamos que houvesse mais cadeias, preocupa-nos a posição crescente dos dois grandes gigantes. Temos pena que marcas internacionais tivessem desaparecido de Portugal. Somos favoráveis a uma discriminação positiva do comércio de proximidade e quando falamos nisso não deve ser por via administrativa mas, por exemplo, através de condições preferenciais de estacionamento. Store | As campanhas de promoções vão intensificar-se? Isso é positivo para o consumidor? JM | Temos medo que se intensifiquem de uma forma agressiva e pouco saudável. O aproveitamento da situação económiSTORE MAGAZINE
ca das famílias para as levar a comprar irracionalmente produtos disfarçando isto com campanhas de boa fé para ajudar as famílias não me parece o mais saudável. Continuamos a dizer que os consumidores devem partir para os actos de consumo não por impulso mas num acto reflectido. Se os hipermercados ajudarem a que isto aconteça farão boas vendas pois os consumidores continuarão a precisar de se abastecer e ajudarão a que não haja sobreendividamento das famílias. As campanhas demasiado agressivas, pelo menos numa primeira fase, deixam sempre marcas que, às vezes, levam as famílias ao sofrimento. Temos perfeitamente presente o que aconteceu com os primeiros cartões de crédito das empresas e o que eles provocaram há uns anos nas famílias, que os usaram de uma forma leviana e ainda hoje estão a pagar os erros que cometeram. Temos algum medo que nestes próximos meses ou anos se enverede por campanhas muito agressivas e que esta disputa não leve a boas decisões por parte dos consumidores. Sobre a questão da fixação de preços gostaria de dizer o seguinte: começa a ser cada vez mais insistente a questão de que os preços são esmagados a montante, com intervenções abusivas por parte da cadeia da distribuição face aos seus fornecedores. Nós não conhecemos os contratos, como é evidente, nem temos que conhe-
“Os consumidores retiram vantagens daquilo que a grande distribuição oferece e houve também uma aprendizagem relativamente aquele apelo de consumo que os hipermercados sempre fazem”
cer, mas era muito importante que a grande distribuição fizesse um esforço de tornar mais transparente a questão do preço. A sociedade portuguesa não deve viver nesta suspeição, pois é evidente que os consumidores precisam de produtos de qualidade e a bom preço mas a economia nacional não pode estar “infestada” com este tipo de boatos e informações que, para já, não estão comprovadas e muitas vezes são ditas anonimamente. A grande distribuição deve fazer um esforço na defesa da sua honra clarificando esta questão do preço. Nós não temos que saber
“Não temos nenhuma dúvida de que a interiorização do estatuto do consumidor é cada vez mais evidente desde as mais tenras idades”
os valores mas perceber como é que funciona. Há aqui questões de responsabilidade social, de transparência, de posição dominante que não podem ser exercidas de uma forma ilegal. Esta suspeição tem de ser discutida em público, sem medos.
tendência
Maior consciência do estatuto do consumidor Store | Alguns analistas de tendências afirmam que, hoje, os consumidores têm um papel cada vez mais ativo e são cada vez mais responsáveis e que estamos a assistir ao nascimento de novos consumidores, com mais poder de decisão. Concorda com esta análise? JM | Não temos nenhuma dúvida de que a interiorização do estatuto do consumidor é cada vez mais evidente desde as mais tenras idades. Isto é uma coisa que não vem nos jornais mas temos um trabalho muito directo e constante com as escolas e sabemos muito sobre
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o que ali se passa. Recentemente estivemos numa sessão onde havia 300 crianças e jovens de todo o País na cerimónia de entrega de um prémio sobre poupança de energia, onde participaram 350 escolas, mais de 3000 crianças e mais de 200 professores. Tal como aconteceu com o tema do ambiente, as escolas, progressivamente, estão a dedicar tempo, projectos e intervenções à defesa do consumidor. Os nossos filhos hoje estão habituados a pensar e a analisar as questões do consumo de uma outra forma. Isto é um trabalho de gerações mas estamos convencidos de que os nossos
filhos vão ser mais conscientes do que foram os nossos pais relativamente às questões do consumo. Por outro lado já hoje se nota uma pressão muitíssimo maior aos balcões das empresas – isto é verdade para os hipermercados como para os bancos, companhias de seguros – que é reconhecida pelas próprias. Não é por acaso que as empresas organizam cada vez mais call centers para responder a reclamações, têm dados estatísticos com os quais trabalham. Há aqui uma nova relação e as empresas voltadas para a modernidade já o perceberam.
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Preços e margens
Contribuir para uma melhor informação económica dos actores do sector da distribuição é um dos objectivos do Observatório dos Preços e das Margens dos Produtos Alimentares, criado em França, em 2010
Pela transparência na supply chain Foi em 2008 que o primeiro organismo encarregado de analisar a formação de preços e margens em França deu os primeiros passos, na altura ainda uma estrutura informal apenas com responsabilidade perante as autoridades administrativas envolvidas, isto é, os ministérios da Agricultura e da Economia. Dois anos depois esta estrutura evoluía para um observatório formal, criado no âmbito da Lei da Modernização da Agricultura e Pescas. E porquê a necessidade de um observatório dedicado em exclusivo à formação dos preços e das margens: uma maior transparência. A justificação é do próprio executivo gaulês da época: “O governo decidiu mobilizar todos os meios à sua disposição a fim de fornecer a maior transparência sobre a evolução dos preços dos produtos de grande consumo vendidos na grande distribuição, dos produtos 14
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petrolíferos e dos produtos do sector agrícola”. E é de transparência precisamente, mas também de confiança, que fala no seu primeiro relatório ao parlamento francês o presidente do observatório, Philippe Chalmin, professor de História Económica na Universidade de Paris-Dauphine. Um estudioso dos mercados mas independente face ao que está em jogo. “Há poucos países [como a França] em que as relações entre fornecedores e clientes sejam motivo para tantas tensões, tantas dissensões a propósito dos preços, mas também das condições e dos prazos de pagamento (…) A cadeia que vai do produtor agrícola ao consumidor de produtos alimentares tem uma dimensão simbólica que ultrapassa largamente as questões económicas (…) A transmissão do preço ao longo da cadeia de valor dá lugar, entre agricultores, indus-
triais e distribuidores, a um jogo cuja complexidade inquieta o consumidor”, considera. E isto num país que dispõe de ferramentas estatísticas particularmente pertinentes. O problema – sublinha – é que são objecto de interpretações múltiplas e contraditórias que tornam difícil a avaliação racional das margens nas diferentes fases das fileiras. Foram estas carências e estas dificuldades que levaram o legislador a criar um observatório da formação dos preços e das margens específico para o
mundo agrícola e alimentar. Como o nome indica, trata-se de um lugar de observação e de discussão entre todas as partes interessadas, com vista à elaboração de relatórios transparentes e, a partir daí, ao estabelecimento de relações de confiança entre os agentes. Em nome da transparência são divulgados mensalmente relatórios que dão conta da formação dos preços e das margens nas diversas fileiras – frutas e legumes, produtos lácteos, carne bovina, porco fresco, porco fumado, aves.
EM FRANÇA
Para que serve o Observatório? • • •
Explicar por que existem diferenças de preços Melhor informação económica Maior transparência
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Melhorar a informação sobre a formação de preços O Observatório foi criado para explicar por que existem diferenças entre os preços agrícolas e alimentares, diz Philippe Boyer, secretário-geral daquele organismo
Store | O que justificou a criação do Observatório dos Preços e das Margens dos Produtos Alimentares ? Philippe Boyer | Dois fenómenos estão na origem do observatório. O primeiro é um fenómeno antigo, estrutural: os produtos alimentares são cada vez mais elaborados, incorporam cada vez mais serviços (segurança alimentar, embalagem, características de conservação…), pelo que o peso da matéria-prima agrícola no produto final diminui. Além de que os preços agrícolas aumentam a um ritmo inferior aos preços dos serviços incorporados nos produtos alimentares. O segundo fenómeno é mais recente, mas poderá também tornar-se estrutural: os preços de numerosas matérias-primas de origem agrícola conhecem desde 2007 uma instabilidade importante, com repercussões mais ou menos directas nos preços alimentares. O observatório actual, como os seus antecessores, foi criado para explicar aos consumidores e aos produtores agrícolas por que existe uma diferença por vezes tão importante entre o nível dos preços agrícolas e o dos preços alimentares, mas também para fornecer aos profissionais dados objectivos sobre a formação dos preços, de modo a contribuir para melhorar a concertação interprofissional e o clima das negociações comerciais. É, antes de mais, um dispositivo de produção de informação económica, com base em dados estatísticos existentes e em dados especificamente recolhidos para o observatório e validados pelo STORE MAGAZINE
conjunto dos representantes das fileiras. Não é um organismo de controlo de preços nem um serviço encarregado de regular as questões comerciais. Store | O observatório trabalha com dados. Como garante que são dados fiáveis e independentes? PB | O observatório utiliza muito os dados estatísticos oficiais : preços agrícolas, preços alimentares, contas sectoriais da indústria e do comércio, entre outros. Estes dados são produzidos pelos serviços estatísticos nacionais e apresentam, por isso, garantias de representatividade e de fiabilidade. Além disso, o observatório solicita informação económica suplementar às empresas, por exemplo, os preços à saída de certas indústrias. Os dados assim recolhidos são apresentados (de forma anónima) e discutidos nas reuniões de trabalho, que juntam os representantes de todas as fileiras, bem como peritos. Store | Que problemas foram identificados na formação dos preços e das margens ? PB | As principais questões sobre as quais o observatório deve fornecer elementos de análise são: • Como se opera a transmissão, nos preços agrícolas e no preço em geral, da alta dos preços das matérias-primas da alimentação animal? • Quais são os custos da indústria e do comércio que podem explicar a diferença entre os preços agrícolas e os preços
alimentares e como evoluem esses custos? • Quais são os custos e os benefícios por sector alimentar na grande distribuição? • Como evoluem os custos de produção na agricultura, face ao preço? Store | Qual era a situação das fileiras agroalimentares, que relação mantinham entre si as empresas do sector ? PB | As fileiras agroalimentares em França caracterizam-se desde logo pela diversidade das estruturas industriais, na medida em que um elevado número de pequenas e médias empresas coexiste com alguns grandes grupos nacionais e multinacionais. Outra característica é o peso da grande distribuição no comércio do retalho alimentar – cerca de 75 por cento do mercado. Há também uma concentração da grande distribuição, sobretudo na compra, mas com forte concorrência entre si no que respeita à venda. Quanto aos produtores agrícolas apresentam níveis de organização variáveis segundo os produtos, mas em geral insuficientes para pesar fortemente na formação dos preços. A organização económica dos produtores é, além disso, muito enquadrada pelo direito comunitário, nomeadamente em matéria de concorrência. Quanto às empresas, verifica-se que existe pouco poder de mercado em geral para os produtores agrícolas, submetidos a preços cada vez mais influenciados pelos mercados mundiais. As negociações de tarifas entre industriais
e a grande distribuição são, por vezes, difíceis. Existe uma forte concorrência entre os agentes da grande distribuição num contexto de quebra do consumo de certos produtos (como a carne de vaca), de crise e de baixa de poder de compra, bem como de desenvolvimento de novas formas de comércio, como o hard discount. Store | O que mudou com a constituição do observatório ? PB | O observatório existe há pouco mais de um ano. Este primeiro ano foi dedicado sobretudo à construção do dispositivo, à pesquisa dos dados pertinentes e à construção das ferramentas de difusão de informação. Além disso, o observatório não tem a vocação de produzir mudanças no funcionamento da economia agroalimentar: esse é o papel da lei e das negociações interprofissionais. O observatório contribui para uma melhor informação económica dos actores. Em particular, começa a tornar mais compreensível que as diferenças de preços entre o montante e o jusante estão relacionadas com a criação de valor e de empregos. Maio/Junho de 2012
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Ramon de Melo
Como é trabalhar em...
Por entre ferramentas, portas e janelas, nas lojas AKI o trabalho dos colaboradores é uma “chave-sem-fendas” que liga os clientes à marca. Com uma clara política de proximidade com os clientes, o objectivo é fazê-los sentir-se em casa
Uma marca de proximidade Ser dotado de bons valores pessoais, ser honesto, polivalente, educado, participativo, criativo, que apele ao companheirismo profissional e que trate de forma prestigiante todos os clientes: são as características que um trabalhador do AKI tem de ter, segundo Catarina Nunes, directora de loja no Montijo. Pertencente ao Grupo Adeo, o 16
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AKI está presente em Portugal desde 1990 e hoje já conta com 28 lojas distribuídas por todo o País, além da loja online, estando em vista a abertura de uma outra, em Santa Maria da Feira, ainda este ano. Nas lojas AKI os clientes podem encontrar todos os utensílios, desde a bricolagem à decoração, que uma casa requer. São
No AKI as acções internas são uma forma de libertar o lado “duro” da profissão
ao todo mais de 20 mil artigos que aliam os factores qualidade/preço num ambiente de proximidade entre colaboradores e clientes, cuja satisfação é o lema fulcral de todos os dias. Além de uma relação próxima com os clientes, no AKI, os trabalhadores funcionam como “se fossem donos”. “Todas as pessoas participam na loja, seja em STORE MAGAZINE
reuniões, a falar com fornecedores, a ter conhecimento dos resultados da empresa ou a dar novas ideias”, revela Catarina Nunes. Um outro ponto de destaque é a acessível progressão na carreira: “Não andamos de contrato para contrato, aqui, por norma, os trabalhadores ficam logo efectivos, e se há uma coisa que lhes dizemos é que eles hoje são assistentes de loja e amanhã já podem ser directores de loja”. Mas com uma regra: profissionalismo. “Desde que os colaboradores queiram e nós tenhamos possibilidades, fazemos tudo o que estiver ao nosso alcance para que eles possam evoluir e progredir”. E porque para progredir é preciso saber mais, no AKI as formações são uma constante. Dos novatos aos mais velhos, as formações são frequentes: “Uma coisa a que damos importância é a polivalência, ou seja, todos têm de saber fazer de tudo, todos têm de estar preparados para arranjar soluções em todas as situações”. Mas porque a vida não é só trabalho, no AKI as acções internas são uma forma de libertar o lado “duro” da profissão. A organização de um flash mob é uma das últimas iniciativas promovidas pelos trabalhadores, “uma forma de demonstrar aos nossos clientes que não estamos apenas cá para os atender, mas também para proporcionar momentos de diversão e sermos diferentes do habitual”. “Iniciativa” é quase como uma palavra de ordem entre todos e premiar pelo progresso é outro factor ao qual o AKI não fecha os olhos. As acções organizam-se por semanas temáticas - “Já tivemos a semana da simplicidade, do profissionalismo e até da honestidade, em que tínhamos de entregar a cada um dos colaboradores um pin em que cada um dizia ‘eu sou simpático’, ‘eu sou criativo’, ‘eu sou extrovertido ou ‘eu sou falador’”, revela Catarina Nunes. Trimestralmente é nomeado o colaborador que apresenta, por entre a opinião, justificada, de todos, STORE MAGAZINE
os melhores resultados como profissional. Nesse caso, a empresa, consoante a progressão obtida face ao período anterior, premeia o colaborador com um valor dessa percentagem. De notar é a comunicação entre os funcionários: o “você” é posto de parte e substituído por um “tu” respeitado. A hierarquia entre os funcionários é também forrada de transparência, numa estratégia de proximidade e relação saudável. “Nas lojas AKI a entreajuda das equipas é muito importante para que não haja o chamado ‘quintal’ ou ‘jardim’. Aqui todos se ajudam e isso é uma mais-valia para nós, para eles e sobretudo para o cliente”. Além de um espaço de compras, nas lojas o amor também “acontece” e a loja do Montijo é um claro exemplo disso mesmo. Já são diversos os casais que se contam por entre a equipa de funcionários: “Talvez o ambiente, o bem-estar ou até o à vontade entre eles esteja na razão de isso acontecer”, explica Catarina Nunes em jeito de brincadeira.
No AKI, a polivalência é uma realidade: todos fazem de tudo
Iniciativa é quase uma palavra de ordem entre os colaboradores
Os clientes têm mais de 20 mil artigos para escolher
A hierarquia entre os funcionários é também forrada de transparência, numa estratégia de proximidade e relação saudável
Catarina Nunes, directora de loja no Montijo, junto ao mural com fotos de todos os colaboradores Maio/Junho de 2012
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Ramon de Melo
Fátima de Sousa jornalista fs@storemagazine.net
Nasceu em Porto Alegre, no Brasil, mas adoptou Lisboa, a cidade onde vive há 12 anos. Luiz Mór, administrador da TAP, das Lojas Francas de Portugal e da Cateringpor, diz-se mesmo um “alfacinha de gema”. É já português por direito e por lei. E é por cá que gostaria de ficar “para sempre”
Alfacinha de Porto Alegre A chegada de Luiz Mór a Lisboa é contemporânea da entrada de Fernando Pinto para a presidência da transportadora aérea nacional. Aliás, uma acontece por causa da outra. Ambos já tinham trabalhado juntos no Brasil – em 1996, quando Fernando assumiu a gestão da Varig, Luiz era director de Logística Operacional, convidado logo de seguida a assumir a direcção comercial e, pouco tempo depois, a acumu18
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lar com a direcção de marketing, sob a designação de vice-presidente de Vendas e Marketing. Tudo parecia correr bem, até que, em 2000, a recém-empossada administração da Fundação Ruben Berta – constituída por funcionários da companhia de bandeira brasileira – abre um precedente ao assumir claramente que pretendia interferir na gestão da empresa. Estala uma crise política na Varig, que de-
sembocou na demissão de toda a administração. Fernando Pinto sai e, com ele, Luiz Mór. Das várias propostas de trabalho que recebeu, Fernando Pinto acaba por se inclinar para a da Swissair, que aguardava apenas luz verde das autoridades de Bruxelas para adquirir a TAP. Todavia, o aval europeu não chegou e o negócio não se concretizou. Mas – lembra Luiz Mór – nesse entretanto a TAP deteriorava-se
e o governo português pediu-lhes que assumissem a empresa e dessem início ao processo de recuperação económico-financeira. Vieram em Outubro. Em Janeiro, a Swisair desiste, mas o executivo mantém a confiança em Fernando Pinto. Foi há 12 anos. Nesse Outubro, Luiz veio sozinho. Os filhos ainda estavam na escola – no Brasil, o ano lectivo funciona em ciclo inverso ao português. Só em STORE MAGAZINE
Dezembro, chegou a restante família – a mulher e os dois filhos. Mas a filha, mais velha, sentiu dificuldade em adaptar-se – ainda viveu um ano em Lisboa e outro em Paris, mas acabou por voltar para o Rio de Janeiro, onde concluiu a faculdade. Hoje, vive e trabalha em São Paulo. Não foi Lisboa a razão do regresso ao Brasil – diz o pai que estranharia qualquer cidade de tão integrada que estava no Rio. O filho, mais novo, também não ficou por cá – quando veio estudou no Colégio Americano (“não sabíamos por quanto tempo íamos ficar e pensei que uma escola internacional facilitaria se tivéssemos de mudar”), mas preferiu fazer a faculdade nos Estados Unidos, a que seguiu um mestrado em Londres, onde se radicou. Com os filhos encaminhados, Luiz e a mulher trocaram Cascais por Lisboa. Só então comprou apartamento na capital. Hoje, gostaria de ficar cá “para sempre”. Já adquiriu cidadania portuguesa, mas se lhe perguntam se se sente português ou brasileiro diz que não sabe responder. Ou melhor, responde que “já não é uma pergunta que cabe mais”. “Se fosse preciso, diria que sou um brasileiro morando há muito tempo em Portugal. Sou muito velho para não ser brasileiro, mas me sinto em casa em Portugal, mais do que no Brasil. Até porque não existe um só Brasil. Eu sou do Sul e me senti mais estrangeiro morando no Rio do que em Lisboa. Acho Lisboa mais parecida com Porto Alegre do que Porto Alegre com o Rio de Janeiro. Primeiro tem o clima, a passagem das estações. Depois, os gaúchos são mais parecidos com os portugueses do que com os cariocas, são mais formais do que os cariocas, embora não tanto quanto os portugueses. E há a coincidência de serem cidades com rio. O Rio é um centro esmagadoramente grande”. A dificuldade em dizer-se brasileiro ou português estende-se aos amigos. Com mais de uma década por cá, Luiz tem amigos de ambas as nacionalidades. “Me acostumei tanto que não STORE MAGAZINE
Gostaria de ficar cá “para sempre”. Já adquiriu cidadania portuguesa, mas se lhe perguntam se se sente português ou brasileiro diz que não sabe responder
Estala uma crise política na Varig, que desembocou na demissão de toda a administração. Fernando Pinto sai e, com ele, Luiz Mór
percebo diferença. Cada um deles é uma pessoa única. Não são diferentes entre si pelo facto de um ser português e outro ser brasileiro”, comenta, ainda que reconhecendo que existe um estereótipo dos portugueses em relação aos brasileiros e o oposto. Já quando fala da cidade, não tem dúvidas em afirmar-se “alfacinha de gema”. De Lisboa aprecia a vida a pé, as colinas, o movimento das pessoas e a segurança. “Lisboa dá-me isso”. É a pé que faz a sua “peregrinação” de todos os sábados: pelas livrarias. “Sou um rato de livraria”. E conhece bem as livrarias que a cidade tem. O mercado de livros em segunda mão na travessa paralela à Bertrand, no Chiado, a Buchholz, que agora é Leya, onde se cruza com pessoas – os indefectíveis – que lhe dão a impressão de já terem lido tudo… “O único perigo é que se vai para comprar um livro e se traz cinco…”. Luiz Mór lê muito. E muitos autores, autores diversos. Dos clássicos aos novos prosadores portugueses como Gonçalo M. Tavares e José Luís Peixoto. Dos espanhóis, como o catalão Enrique Vila-Matas, que acaba de dar à estampa “Aire de Dylan”. Dos argentinos, como Borges. E dos russos: “Terminei de ler ‘Guerra a Paz’, sai uma nova tradução brasileira directa do russo. Era um livro que não tinha enfrentado até hoje e consegui terminar”. Gosta de ler, mas no papel, no folhear das páginas. “Mais do que ler livro, eu gosto do livro”. Por isso, não é adepto dos e-books: “Se lesse no iPad não podia comprar o livro. É por isso que não leio livro emprestado – vou avisando ‘não me empreste, porque não devolvo’. Há tanto livro que não li…”. Isso não significa, porém, que Luiz Mór seja resistente à tecnologia. Antes pelo contrário: aponta a secretária e mostra o iPhone, o iPad. “Não vivo sem o meu iPad, ando sempre carregando para cima e para baixo”. Nem outra coisa se poderia esperar de quem, entre muitos pelouros, também assume o da
“Se fosse preciso, diria que sou um brasileiro morando há muito tempo em Portugal. Sou muito velho para não ser brasileiro, mas me sinto em casa em Portugal, mais do que no Brasil”
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“Se lesse no iPad não podia comprar o livro. É por isso que não leio livro emprestado – vou avisando ‘não me empreste, porque não devolvo’. Há tanto livro que não li…” >>>
Comunicação. E a TAP – recorda – é uma empresa aberta às novas tecnologias, tendo mesmo sido pioneira na estratégia de relacionamento com o consumidor com a web 2.0, nomeadamente usando o Facebook como uma ferramenta que vai muito para além do promocional. Reconhece que existe um temor das empresas na utilização
Não tem dúvidas em afirmar-se “alfacinha de gema”
das redes sociais, por medo de se exporem, mas vai dizendo que esse é um temor infundado desde que haja uma atitude de transparência. “É preciso saber gerir e essa preparação fascina-me”. Foi com a crise do encerramento do espaço aérea devido às cinzas vulcânicas do Eyjafjallajökull que a TAP potenciou o Facebook como elo com os seus clientes. “Todo o mundo quis entrar em contacto connosco, não houve telefone que chegasse. E percebemos que as pessoas estavam colocando as suas perguntas no Facebook, então construímos uma equipa só para esse canal de comunicação”. Depois da crise, a bonança, e hoje a empresa possui uma equipa de “campeões internos” recrutados nos diversos departamentos, de modo a que haja sempre alguém disponível para dar uma resposta imediata. Luiz Mór não tem dúvidas de que o Facebook aproximou a empresa dos clientes. Este exemplo sintetiza bem o perfil deste administrador: “Gosto desse movimento de mudança, de perceber o novo, para onde temos de ir, o que está errado e é preciso corrigir. É o que faço o tempo inteiro na TAP”.
carreira
As máquinas e as pessoas Luiz Mór é licenciado em Engenharia. Hoje está muito longe do engenheiro (“Graças a Deus”, deixa escapar). “Na minha época, era assim: se você era bom a Português ia para Direito, se era bom em Biologia ia para Medicina, se era bom a Matemática ia para Engenharia. Eu era muito bom a Matemática…”. Está explicada a escolha, tanto mais que Luiz não tinha clareza quanto ao que queria. E não se arrepende: a faculdade de Engenharia era “muito puxada, exigia bastante”. Formou-se em Engenharia Mecânica na sua cidade natal. Em 1972, estava no segundo ano do curso, ingressou na Varig, na área de manutenção de turbinas, ali tendo continuado ainda um ano após a formatura. Foi contratado então por uma empresa de aviação de pequeno porte, que revendia aparelhos e fazia manutenção. Mas – recorda – fazer manutenção de aviões de terceiros é muito diferente do que fazer manutenção dos seus próprios aviões, envolve um trabalho muito mais comercial, de relacionamento com o cliente. E foi aqui que comprovou que o que o interessa não são as máquinas, são as pessoas. De tal forma que quando se decidiu por um mestrado ainda equacionou Gestão de Recursos Humanos, mas abandonou a hipótese porque não o motivava traçar planos de carreira ou incentivos – o que queria mesmo era relacionar-se com as pessoas. Marketing foi a
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opção. No entretanto, é de novo convidado para Varig, desta vez – estava-se em 1990 – para participar na reabertura da escola de formação de pilotos da companhia. Ali ficou, na qualidade de director, até à constituição do primeiro curso superior de Ciências Aeronáuticas, em parceria com a Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Mantém-se na Varig, ainda em Porto Alegre como gerente comercial do estado, depois no Rio de Janeiro, como director de Logística Operacional. É quando conhece Fernando Pinto. E o princípio de uma vida de 12 anos em Portugal. Uma vez por ano, Luiz regressa a Porto Alegre, para visitar a família. É uma das viagens que faz a título pessoal, porque a maior parte das vezes é o trabalho que o faz voar. Todos os anos também, desde há nove, faz uma semana na neve – elege os Alpes como destino para uma actividade completamente anti-stress. São momentos de “relaxamento total”, ele, a paisagem, o silêncio. Momentos de grande esforço físico também, mas já está habituado: afinal, em Lisboa vai ao ginásio todos os dias, excepto ao sábado, reservado às livrarias. Vai no final do expediente: “Tenho um horário de trabalho um pouco em contraciclo, chego cedo, saio cedo, evito almoços fora, se querem marcar uma reunião comigo marcamos, mas almoços não”.
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Economia
A criação de 4244 novos postos de trabalho, um aumento de 1150 milhões de euros no Produto Interno Bruto (PIB) e receitas fiscais adicionais de 320 milhões seriam os principais impactos, em Portugal, de uma redução em 10 por cento da taxa de pirataria informática num prazo de quatro anos, revela um estudo da Universidade Católica
Os custos da pirataria O trabalho do Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa analisa o fenómeno da pirataria informática em Portugal e identifica o impacto da sua redução no conjunto da economia. Com base no estudo internacional “Piracy Impact Study – the benefits of reducing software piracy” da BSA – Business Software Alliance e da IDC – International Data Corporation 22
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que analisou 42 países mas não incluiu Portugal, o estudo português conclui que a economia nacional beneficiaria de impactos significativos com a redução da utilização ilegal de programas informáticos. A taxa de pirataria em Portugal estava estimada em 40 por cento em 2011, próxima da média mundial (42 por cento) mas muito acima da verificada nas eco-
nomias mais desenvolvidas. Esta taxa representa uma perda anual em rendimento no mercado nacional de 193 milhões de euros. Contudo, a sua redução teria um efeito multiplicador no conjunto da economia, permitindo uma recuperação muito superior às perdas de receitas. O objectivo de reduzir em quatro anos esta taxa para 30 por cento constitui um “desafio interes-
sante e ambicioso para Portugal, que obriga à observação das melhores práticas internacionais”. O estudo revela que, em quatro anos, o Estado poderia arrecadar uma receita fiscal adicional de 320 milhões de euros, para um aumento do PIB em 1150 milhões de euros - cerca de 0,6 por cento do PIB actual. Em termos de impacto no emprego, ao longo dos próximos quatro STORE MAGAZINE
anos seriam criados 4244 novos postos de trabalho. Estudos anteriores revelam que estes impactos são sobretudo benéficos para as empresas locais, uma vez que a perda de rendimento causada pela pirataria afecta todo o ecossistema local das Tecnologias de Informação, que vai da produção de software à sua distribuição e aos prestadores de serviços conexos. O estudo analisa ainda o perfil socio-económico do fenómeno da pirataria procurando encontrar co-relações entre as várias dimensões das áreas de desenvolvimento humano – corrupção, abertura tecnológica, educação e qualidade da justiça – e as taxas de pirataria calculada pela BSA – Business Software Aliance. Em resumo, a análise dessas dimensões evidencia os seguintes aspectos: quanto maior o nível de rendimento de um país, menor a taxa de pirataria; quanto maior o nível de desenvolvimento humano, menor a taxa de pirataria; a pirataria é uma característica dos países com menor abertura tecnológica; existe uma forte co-relação entre taxa de pirataria e percepção da corrupção; existe uma relação entre pirataria e índices de formação e educação, isto é, os países onde os resultados escolares são mais elevados apresentam taxas de pirataria mais baixas. Estes resultados, no conjunto dos países analisados, indicam que a pirataria será mais expectável em ambientes menos desenvolvidos, mais pobres, mais corruptos, menos educados e com um conjunto alargado de limitação no acesso tecnológico. O estudo aborda estes resultados no contexto da actual crise financeira, que vários países europeus enfrentam. Ainda assim, apesar da crise, a tendência para a subida da taxa de pirataria expectável em consequência não se verificou ainda em Portugal. A explicação para esse fenómeno poderá residir em muitas iniciativas políticas criadas para promover o acesso à informática, nomeadamente os programas de promoção da literacia STORE MAGAZINE
estudo
Portugal no meio da tabela No conjunto dos 17 países da Zona Euro incluídos no estudo “Piracy Impact Study – the benefits of reducing software piracy” da BSA – Business Software Alliance e da IDC, o pior é a Grécia, com uma taxa de pirataria de 61 por cento. Portugal fica no top 10 dos melhores países do Euro, com 40 por cento e em 13.º nos 27 países da União Europeia. A conclusão a tirar para Portugal é que o País está a meio da tabela dos pa-
A taxa de pirataria em Portugal estava estimada em 40 por cento em 2011, próxima da média mundial (42 por cento) mas muito acima da verificada nas economias mais desenvolvidas. Esta taxa representa uma perda anual em rendimento no mercado nacional de 193 milhões de euros
íses mais desenvolvidos, longe dos piores, mas ainda com um largo caminho a percorrer para chegar ao nível dos países em melhor situação. Contextualizando a pirataria em variáveis sócio-económicas, o estudo conclui também que a pirataria será mais expectável em ambientes menos desenvolvidos, mais pobres, mais corruptos, menos educados e com limitações no acesso tecnológico.
informática ao nível das escolas, e, sobretudo, os programas de distribuição massiva de computadores pessoais – e-escola e e-escolinha, que vieram permitir um maior nível de utilização de software licenciado. Segundo os dados do estudo, a caracterização de Portugal no contexto da pirataria informática indica que o País, estando numa posição média a nível mundial, tem um longo caminho a percorrer para se aproximar do grupo de países com menores taxas na Europa. A actual crise financeira não prenuncia um acelerar da redução da pirataria em Portugal. Apesar de resistir a subidas que países como a Espanha e Grécia estão a experimentar, Portugal está há dois anos estagnado nos 40 por cento. “Pelos ganhos económicos evidenciados no estudo, a evolução pretendida carece de acções concertadas e empenho especial por parte da Justiça, da Tecnologia e da Educação. Mas é também evidente que a luta contra a pirataria passa por uma questão cívica e pela sensibilização dos utilizadores ao valor da propriedade intelectual”, sintetiza Ricardo Ferreira Reis, coordenador do estudo.
Adelaide Franco, directora de propriedade intelectual e conformidade da Microsoft Portugal, afirma que “este Estudo de Impacto Económico da Pirataria em Portugal não poderia ser mais pertinente e acutilante no actual contexto que Portugal vive e por esse motivo a Microsoft não hesitou em dar o seu apoio à sua execução. Trata-se de um trabalho sério e inovador, conduzido por uma instituição respeitada, que avalia essencialmente a oportunidade perdida para o País”. Luis Sousa, presidente da Assoft – Associação de Empresas de Software que se associou a esta iniciativa através da divulgação e promoção do estudo, considera: “A luta contra a pirataria é uma forma de estimular a economia, ou seja deve ser encarada como uma das formas de combater a crise e o desemprego. Sendo a pirataria um fenómeno global, e que exige respostas globais, cabe também a cada país agregar todos os actores – governo, autoridades, empresas e consumidores – para este desígnio comum. Este estudo dá-nos muitas pistas para encontrarmos formas de actuação conjuntas.”. Maio/Junho de 2012
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Competitividade
Concorrência é decisiva A concorrência que se vive entre os vários formatos de distribuição em Portugal tem sido o motor da melhoria contínua da competitividade no sector, diz Álvaro Nascimento, director da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica do Porto e com uma vasta experiência em política de concorrência e regulação sectorial. Para continuar no bom caminho “o investimento em capital humano é essencial”
A COMPETITIVIDADE – PONTO DE SITUAÇÃO A distribuição em Portugal tem sabido modernizar-se e adaptar-se ao longo do tempo, procurando novos posicionamentos na cadeia de valor, oferecendo propostas de serviço inovadoras que vão de encontro aos interesses dos consumidores e, ao mesmo tempo, proporcionam uma melhor articulação das actividades produtivas, minimizando as fontes de ineficiência e potenciando o crescimento. O nível de eficiência e o conhecimento acumulado alcançados levou a que alguns grupos de distribuição portugueses tenham seguido estratégias de internacionalização que, aliás, foram bem 24
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sucedidas. Este é o retrato que Álvaro Nascimento faz, em termos globais, da evolução da competitividade no sector da distribuição em Portugal. Para este professor e investigador a concorrência que se vive no sector entre os vários formatos de distribuição tem sido o motor desta melhoria contínua. “A distribuição é o ponto de interface entre a produção e o consumo final. Em certo sentido é um posto avançado de vigia, i.e., de recolha permanente de informação sobre as preferências e necessidades dos consumidores. É natural que nesta posição e num cenário concorrencial cada empresa procure diferenciar-se dos seus adversá-
“O sector da distribuição em Portugal é globalmente muito competitivo relativamente a outros países europeus”
rios através de estratégias que lhe permita ser a escolhida. Isto é, cada uma procura ser a melhor na satisfação dos clientes, a qual pode ser aferida através de atributos como o ‘melhor preço’, a ‘diversidade da oferta’, a qualidade e o ‘serviço associado à compra’,... Em suma, as empresas trabalham uma multiplicidade de factores que conduzem a ajustamentos do seu posicionamento na cadeia de valor. Ao fazê-lo, também produzem efeitos a montante, na medida em que são veículo de informação aos produtores, suportando-os no desenho dos bens e serviços finais, ou até no planeamento da produção”.
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O CAPITAL HUMANO O investimento em capital humano é o que Álvaro Nascimento destaca quando responde à pergunta: “Quais as ferramentas/ práticas que considera essenciais para melhorar a competitividade do sector da distribuição?”. É que “as empresas de distribuição devem olhar para cada uma das cadeias de valor dos vários bens que distribuem, analisar as suas vantagens competitivas e escolher um posicionamento – i.e., escolher as actividades que querem desempenhar nessa mesma cadeia produtiva – em função das mesmas. É óbvio que a resposta não é a mesma para todas as empresas, nem para todas as cadeias, nem para todos os tempos. É por isso mesmo que o capital humano é importante. É a capacidade de olhar estrategicamente para a organização, redefinindo continuamente as fronteiras das suas atividades. Isto é, reinventando-se!”. Para o mesmo interlocutor há três pilares de propriedade numa empresa: os credores, os accionistas e os colaboradores. Cada um deles representa uma tipologia de capital, indispensável ao processo produtivo e à criação de valor. Sem um investimento equilibrado em cada uma destas dimensões, não há melhoria de competitividade, na medida em que esta é o resultado da criação de valor”, afirma. A CONCORRÊNCIA Álvaro Nascimento não consegue “perspectivar entraves que afectem especificamente a competitividade do sector da distribuição em Portugal e não outros. Genericamente, a lei da concorrência e a Autoridade da Concorrência são suficientemente ajustadas, ainda que deva reconhecer que o País tem dificuldade em aceitar a intervenção do regulador em sectores de bens não transaccionáveis, ou sempre que o desequilíbrio de forças entre compradores e vendedores distorce a concorrência. A falta de competitividade em que o País se encontra mergulhado depende sobretudo do que é consensualmente referido como ‘custos de contexto’, os quais compreendem a ausência de uma STORE MAGAZINE
“A distribuição é o ponto de interface entre a produção e o consumo final. Em certo sentido é um posto avançado de vigia, i.e., de recolha permanente de informação sobre as preferências e necessidades dos consumidores”
Álvaro Nascimento, director da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Católica do Porto
O excessivo endividamento do País e das famílias a par com o desemprego são os principais condicionantes de desenvolvimento do sector da distribuição na actual conjuntura, diz o diretor da Católica
política consistente de defesa da concorrência em todos os mercados, que garanta a execução de sentenças sempre que tal se mostre necessário para defender a transparência, a liberdade de iniciativa, ou a igualdade de oportunidades. OPORTUNIDADES PARA O FRANCHISING O excessivo endividamento do País e das famílias a par com o desemprego são os principais condicionantes de desenvolvimento do sector da distribuição na actual conjuntura, diz o director da Católica. Primeiro, o financiamento à economia portuguesa está muito limitado, sejam quais forem os instrumentos considerados, desde o mercado de capitais Maio/Junho de 2012
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Competitividade
(acções e obrigações) ao crédito bancário. Neste sentido, novos projectos de investimento, mesmo que para crescer no exterior, estão fortemente condicionados pela dificuldade em atrair fundos. Do ponto de vista das empresas há, assim, que procurar mecanismos e formas de expansão que minimizem o recurso a fundos próprios, descentralizando o crescimento e permitindo manter o controlo da operação. Soluções como o franchising, por exemplo, podem assistir a interessantes estratégias de expansão dos grupos de distribuição nacionais, assentes no know-how acumulado ao longo dos anos. Segundo, a diminuição do rendimento disponível das famílias está já a afectar de forma diferenciada diferentes segmentos do mercado de distribuição em Portugal. Em cadeias de retalho alimentar regista-se um flight for efficiency, em que os consumidores são mais criteriosos na relação qualidade preço, evidenciando escolhas em que o factor preço tem um peso crescente na tomada de decisão. Noutros segmentos, a procura regista quebras significativas, sendo necessário evidenciar flexibilidade e capacidade para ajustar a escala de operações.”
NÍVEIS DE CONCENTRAÇÃO NO RETALHO SÃO BAIXOS Em comparação com os países da União Europeia em que lugar é que Álvaro Nascimento colocaria o sector da distribuição português em termos de competitividade? Para o nosso interlocutor “o sector de distribuição em Portugal é globalmente muito competitivo, relativamente a outros países europeus. Tal fica a dever-se a duas ordens de razões. Por um lado, os níveis de concentração no retalho em Portugal são mais baixos que em países como a Alemanha ou a Inglaterra, a que corresponderá, em princípio, uma maior intensidade concorrencial entre operadores. Por outro lado, no passado o País ‘importou concorrência’ para o sector de distribuição através da abertura do mercado a insígnias internacionais e altamente eficientes, que capitalizaram vantagens em cima da ampla escala de operações detidas a nível global. Muito em resultado destas forças concorrenciais, e por pressão dos consumidores, o sector foi forçado a modernizar-se, ajustando-se à necessidade de utilizar eficientemente os recursos, como forma de garantir a satisfação dos consumidores.”
“A diminuição do rendimento das famílias já afecta diferentes segmentos no mercado da distribuição”
formação
A importância dos recursos humanos Em Novembro, no congresso da Ordem dos Economistas, Álvaro Nascimento constatou que, globalmente, a participação média dos trabalhadores em ações de formação ao longo da vida (em % do total de empregados) é muito baixa em Portugal, por comparação com a Espanha, a Irlanda e a Alemanha. Isso demonstra que no nosso País, “não obstante as elevadas taxas de escolaridade alcançadas em Portugal, o nível de formação dos recursos humanos no que respeita à gestão é ainda muito deficiente”. Para o director da Católica “é no investimento em capital humano que reside um importante factor de competitividade para a economia portuguesa. Mas, as empresas, com especial incidência nas de pequena e média dimensão, continuam muito arredadas deste paradigma, ao mesmo tempo que não têm capacidade para investir o suficiente em inovação para a competitividade de base tecnológica.” O que há, então, a melhorar e quais as estratégias que devem ser seguidas?
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“Há inúmeras dimensões ao nível do ensino em Portugal em que se torna necessário fazer intervenções profundas, desde o ensino básico até ao ensino superior e, finalmente, na aprendizagem de ao longo da vida, naquilo a que as escolas de gestão chamam ‘formação de executivos’”, diz. Na área universitária, por exemplo, é necessária uma “profunda reestruturação do ensino em todos os ciclos”, Dá como exemplo o que aconteceu na Faculdade onde é director. A reestruturação abrangeu todos os ciclos – desde as licenciaturas, até aos mestrados, passando pela formação de executivos – orientando o processo de aprendizagem para as competências requeridas pelo mercado de trabalho. E os resultados não podiam ser melhores: a taxa de empregabilidade alcançou os 100%, numa área onde existe já hoje uma substancial taxa de desemprego e as opiniões dos empregadores sobre a adequação dos recursos às suas necessidades são francamente favoráveis.
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Eduardo Ribeiro
Ambiente
A recolha de equipamentos eléctricos e electrónicos em Portugal iniciou-se em Setembro de 2006, tendo sido atingidas as metas impostas pela directiva no primeiro ano de actividade completo, em 2007. Quem o diz é Ricardo Neto, director-geral da ERP Portugal, empresa gestora deste tipo de resíduos e que faz um balanço muito positivo do processo e elogia a colaboração do sector da distribuição
Ricardo Neto, director-geral da ERP Portugal
Sucesso na reciclagem Store | O que faz a ERP Portugal? Ricardo Neto | A ERP Portugal faz parte da European Recycling Platform, a única plataforma pan-europeia para a gestão de resíduos. A ERP está presente em 13 países, contando com 90 colaboradores e tendo recolhido um milhão e quinhentas mil toneladas de Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos (REEE) e 12.000 28
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toneladas de Resíduos de Pilhas e Acumuladores (RP&A) até ao final de 2011. Em Portugal a ERP é uma Entidade Gestora de dois fluxos específicos, REEE e RP&A, devidamente licenciada pelo Estado português para estas actividades. Na realidade os produtores de equipamentos eléctricos e electrónicos e de pilhas (marcas próprias do sector da distribuição, fabrican-
“No que respeita aos produtores encontram-se registados na respectiva entidade (ANREEE) cerca de 1700”
tes e importadores) são responsáveis pela gestão dos resíduos dos equipamentos que comercializam, podendo transferir essa responsabilidade para uma entidade gestora devidamente licenciada como é o caso da ERP Portugal, sendo que esta transferência pressupõe o pagamento de um ecovalor, que servirá para gerir os REEE e RP&A. Ao assumir estas responsabilidaSTORE MAGAZINE
des a ERP Portugal tem obrigações que passam por diversas fases: contratar e organizar uma rede de recolha de REEE e RP&A, tendo por base os ecocentros municipais, os operadores privados e os distribuidores; contratar a logística necessária para efectuar a recolha, o transporte e o encaminhamento a destino adequado dos resíduos recolhidos; contratar os recicladores com capacidade necessária para o tratamento dos resíduos entregues; elaborar campanhas de sensibilização e informação públicas; definir estudos de investigação e desenvolvimento. Store | Que balanço é que faz da actividade em Portugal? RN | Muito positiva. A recolha de REEE iniciou-se em Setembro de 2006, tendo sido atingidas as metas impostas pela directiva no primeiro ano de actividade completo, 2007. Desde então, o objectivo
“Desde de 2007 que temos um protocolo com a APED relativo às condições de recolha de REEE em loja, nomeadamente a logística inversa. A colaboração com os associados da APED tem sido muito intensa, quer ao nível da quantidade de REEE recolhidos, quer ao nível das campanhas que em conjunto com os distribuidores temos vindo a realizar”
de 4kg/habitante /ano tem vindo a ser superado. No que respeita aos produtores encontram-se registados na respectiva entidade (ANREEE) cerca de 1700, sendo este número bastante revelador da forma como os financiadores do sistema assumiram as suas responsabilidades. Store | Das cinco categorias em que a ERP actua, quais são as mais importantes no nosso País? RN | Considerando que todos os objectivos são avalizados em peso, a categoria “grandes electrodomésticos” (máquinas de lavar e secar roupa, louça, por exemplo) é a mais representativa por ser constituída por equipamentos pesados e vendidos em elevada escala. Seguem-se os “equipamentos de arrefecimento” (frigoríficos, ar condicionado, arcas, congeladores),
“A ERP Portugal faz parte da European Recycling Platform, a única plataforma pan-europeia para a gestão de resíduos”
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INICIATIVAS
Todos pela reciclagem As vertentes educacional e pedagógica das acções da ERP e as campanhas têm assumido um papel preponderante na actividade da instituição, dando lugar a diversas iniciativas, tais como: • Geração Depositrão – campanha dirigida às Eco-Escolas nacionais (parceria com a ABAE, programa Eco-Escolas), abrangendo diferentes faixas etárias, desde os Jardins de Infância, até às escolas de Ensino Superior, passando pelas escolas do Ensino Básico. Trata-se de um programa que atinge toda a comunidade escolar e envolvente, quer através da recolha de resíduos (instalação de Depositrões nas escolas), quer através do desenvolvimento de trabalhos criativos segmentados por escalões. Actualmente, está a decorrer a 4ª edição desta campanha que conta com a actividade intensa de mais de 600 escolas. As instituições escolares fazem parte da nossa estratégia de sensibilização desde o primeiro ano completo de actividade, em que distribuímos 5000 kits a Professores das escolas do Ensino Básico, de modo a introduzir o tema nas salas de aula com base em jogos didácticos sobre esta temática. • Verão Depositrão – dinâmicas pedagógicas implementadas na praia (Julho), junto das colónias de férias, Juntas de Freguesia, ou grupos de ATL, em que os grupos participam em jogos lúdicos, tendo como foco a gestão de REEE e RP&A (“Verão Depositrão, joga e aprende a reciclar!”). Esta campanha teve lugar 5 anos consecutivos em diferentes praias de portugal, desde Viana do Castelo até ao Algarve. • Centro de Sensibilização Ambiental da ERP – circuito organi-
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zado para explicar e descrever o fluxo dos resíduos, com diversas actividades e peças didácticas que promovem um conhecimento aprofundado do tema. O Centro pode ser visitado por escolas, sobretudo, do 1º Ciclo do Ensino Básico, sendo uma excelente forma de perceber os principais conceitos associados a esta realidade. • Outras acções/campanhas – a ERP pretende chamar a atenção para o tema, aproveitando momentos “simpáticos” e “agradáveis” para tocar o target. Assim, temos criado eventos/iniciativas com a assinatura “ERP” que se caracterizam por estes factores. A Recycling Party (11 de Novembro de 2010) é um excelente exemplo, em que cada resíduo entregue pelo público se traduzia num bilhete para o concerto de uma banda Portuguesa (Klepht) na Aula Magna, em Lisboa. O mote deste concerto foi a comemoração de um milhão de toneladas de REEE recicladas na Europa, nos diversos países onde a plataforma opera. Em Portugal, conseguimos conquistar uma audiência de 1100 participantes, ou seja, através de uma experiência atingimos o target com a nossa mensagem, marcando-o e alertando-o para a sua responsabilidade (nomeadamente no encaminhamento adequado dos resíduos que produz). No seguimento deste acontecimento, e tirando partido da música como “aliada”, patrocinamos o Festival Revivalista dos anos 80, o ERP Remember Cascais, a ter lugar nos dias 7 e 8 de Setembro, no Hipódromo Municipal de Cascais. Entre as bandas mais emblemáticas, encontramos os Alphaville, a Bonnie Tayler, os Sétima Legião ou os UB40.
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“No que respeita aos produtores encontram-se registados na respectiva entidade (ANREEE) cerca de 1700”
os “tv e monitores”, os “outros” (todos os REEE que não se encontram nas outras quatro categorias – computadores, secadores de cabelo, telemóveis) e por fim as lâmpadas (fluorescentes e economizadoras) que, embora representem um número significativo em unidades (na casa dos milhões), o mesmo não acontece em peso devido às características deste resíduo. No caso das pilhas portáteis, a categoria que mais se destaca são as pilhas alcalinas e no que respeita às baterias industriais são as de tecnologia chumbo ácido. Importa salientar que é importante cumprir os objectivos, mas nenhum tipo de REEE e RP&A pode ser descurado considerando que todos contêm matérias e substâncias perigosas devendo ser sujeitos a tratamento específico, evitando impactes quer ambientais, quer para a saúde pública.
“Considerando que todos os objectivos são avalizados em peso, a categoria “grandes electrodomésticos” (máquinas de lavar e secar roupa, louça, por exemplo) é a mais representativa por ser constituída por equipamentos pesados e vendidos em elevada escala”
Store | Que campanhas é que a ERP tem feito para sensibilizar indústria, retalhistas e consumidores para a reciclagem destes produtos? RN | Junto da indústria contactámos directamente todos os produtores registados na ANREEE no sentido de lhes dar a conhecer a nossa actividade e as vantagens de aderirem aos sistemas integrados de resíduos por nós geridos. Actualmente continuamos com este modelo activo numa base diária.
Números
67 mil toneladas entre 2006 e 2011 Store | É possível fornecer dados sobre a evolução da reciclagem em Portugal nas categorias abrangidas pela ERP? RN | De 2006 a 2011 a ERP recolheu cerca de 67.000 toneladas de REEE, com a seguinte distribuição anual: 515 toneladas em 2006, 9.089 em 2007, 18.639 em 2008, 11.038 em 2009, 10.990 em 2010 e 12.177 em 2011. É importante sublinhar que em 2006 só iniciamos as recolhas em Setembro pelo facto de a licença ter sido publicada em Diário da República apenas em Abril.
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Uma vez que os termos da licença impunham efeitos retroactivos a 01 de Janeiro desse ano, após a consolidação da nossa rede de recolha, em 2008 a ERP recolheu cerca de 19.000 toneladas de REEE, compensado as toneladas em falta no primeiro período. Relativamente à recolha de RP&A a ERP, viu publicada a sua licença em Março de 2010, tendo até ao final de 2011 recolhido 55 toneladas de pilhas portáteis e 150 de baterias industriais, em linha com as metas impostas.
Com os retalhistas temos uma relação muito próxima desenvolvendo diversas campanha de “troca de velho pelo novo”. Analisando o target “consumidores”, optamos por campanhas below the line, campanhas de contacto directo e incisivo com o cidadão, nomeadamente junto das crianças de hoje, futuros adultos de amanhã. Store | Qual o destino dos produtos entregues para reciclagem? RN | Todos os resíduos que tenham unidades de destino final em Portugal são encaminhados para estas unidades. No caso dos REEE existem recicladores e capacidade instalada suficiente para que sejam todos tratados no nosso país. No que respeita às RP&A, e pelo facto de não existirem unidades de tratamento, são enviadas para unidades localizadas em outros países, respeitando-se as regras estabelecidas ao nível dos movimentos transfronteiriços de resíduos. Store | O material que resulta da reciclagem é novamente usado na indústria? RN | Actualmente atingimos taxas de valorização dos resíduos que recolhemos, tratamos e reciclamos acima dos 94 por cento em peso. Todos estes materiais resultantes do processo de reciclagem (cobre, aço, plásticos) são vendidos no mercado local e internacional ou na falta de alternativa são encaminhados para valorização energética. Store | Como é que funciona a recolha dos equipamentos para a reciclagem? RN | Em Portugal temos actualmente cerca de 1700 pontos de recolha distribuídos por quatro principais canais de recolha: a troca do velho pelo novo, em que o consumidor pode entregar o seu velho equipamento na aquisição de um idêntico e com as mesmas funções - esta troca deve ser efectuada no momento da entrega do novo equipamento, quer seja na loja, quer seja em casa, tendo a loja a obrigação de retomar o velho equipamento; os ecocentros municipais onde poderão ser entregues os REEE ou em alternativa pedir à câmara municipal que proceda à recolha em casa, uma vez que STORE MAGAZINE
a maioria das autarquias disponibiliza este serviço aos seus munícipes; nas instalações dos operadores privados de resíduos, sendo que alguns destes locais são centros de recepção de REEE; na rede Depositrão, existente em escolas, em lojas (não estando neste caso obrigado a comprar um equipamento novo para depositar o seu REEE) ou em empresas e espaços públicos (Municípios). Este número de locais de recolha representa aproximadamente um ponto por cada 6500 habitantes, sendo um rácio bastante interessante, considerando que o cidadão não descarta REEE numa base diária. Store | Qual tem sido a colaboração entre a ERP e o sector da distribuição? RN | Desde de 2007 que temos um protocolo com a APED relativo às condições de recolha de REEE em loja, nomeadamente a logística inversa. A colaboração, com os associados da APED tem sido muito
“Actualmente atingimos taxas de valorização dos resíduos que recolhemos, tratamos e reciclamos acima dos 94 por cento em peso. Todos estes materiais resultantes do processo de reciclagem (cobre, aço, plásticos) são vendidos no mercado local e internacional ou na falta de alternativa são encaminhados para valorização energética”
intensa, quer ao nível da quantidade de REEE recolhidos, quer ao nível das campanhas que em conjunto com os distribuidores temos vindo a realizar. Estas campanhas versam a “troca do velho pelo novo”, a existência do Depositrão (que pode ser encontrado em 307 lojas do sector) e, por vezes, campanhas com forte cariz social.
“Todos os resíduos que tenham unidades de destino final em Portugal são encaminhados para estas unidades”
Centro de Sensibilização Ambiental da ERP – circuito organizado para explicar e descrever o fluxo dos resíduos, com diversas actividades e peças didácticas que promovem um conhecimento aprofundado do tema. STORE MAGAZINE
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Ambiente
WORTEN
O projecto Equipa Worten Equipa O Equipa Worten Equipa (EWE), projecto de responsabilidade social e ambiental da Worten, voltou a superar todas as expectativas. Em 2011, a marca recolheu, com a ajuda dos seus clientes, mais de 5400 toneladas de equipamentos velhos, convertidas na oferta de novos equipamentos a instituições de solidariedade portuguesas de todo o País, num investimento superior a 320 mil euros. Depois do sucesso da edição de 2010, com a recolha de
4770 toneladas de resíduos de equipamentos eléctricos e eletrónicos (REEE), a Worten afirma voltou a contribuir para um ambiente mais saudável, ao mesmo tempo que equipou centenas de instituições de solidariedade social de norte a sul do país com novos equipamentos – desde pequenos a grandes domésticos, sem esquecer os artigos de informática e hi-fi. No total, em 2011, a Worten recolheu 5453 toneladas de REEE, o que re-
presenta um aumento de 14 por cento face a 2010. Desde 2009, data de arranque do projecto, o EWE conta com o apoio do Banco de Bens Doados, responsável
pela selecção das instituições beneficiárias, e da ERP Portugal, responsável pelo correcto encaminhamento e reciclagem dos REEE.
pIngo doce
Ecopontos em 309 estabelecimentos A colaboração entre o Pingo Doce e o ERP foi iniciada em 2007. Os primeiros ecopontos - com um recipiente separado para recolha de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos - foram instalados nas lojas no início do ano 2010, tendo sido disponibilizado desta forma aos clientes o serviço de recolha seleccionada com toda a conveniência de uma loja da proximidade. No final do ano 2011, a rede de ecopontos com recipientes para pequenos electrodomésticos abrangia já 309 estabelecimentos, perfazendo cerca de 82 por cento do parque de lojas Pingo Doce. Pequenos elec-
trodomésticos são recolhidos dos ecopontos pelos funcionários - em média, uma vez por mês - e transportados com recurso a camiões, aproveitando-se desta forma a rota de regresso ao armazém (um processo chamado backhauling). Esta prática permite reduzir as emissões resultantes de transporte e, consequentemente, diminuir a pegada carbónica do Grupo. É mais uma vantagem para o meio ambiente. Nos dois anos (até ao final de 2011) de recolha de pequenos electrodomésticos foram recolhidas e reencaminhadas para reciclagem 286 toneladas de resíduos.
AUCHAN
Recolha desde 2009 O grupo Auchan dispõe de um ponto de recolha de Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos em todas as suas lojas Jumbo e Pão de Açúcar, designado por Depositrão. O grupo informa que, “caso o equipamento não caiba, o cliente pode sempre entregá-lo no balcão de acolhimento da loja em questão. Nas entregas ao domicílio, recolhemos o equipamento usado do cliente”. 32
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O processo de recolha teve início em 2009 e o Auchan decidiu aderir a este processo de reciclagem pois “faz parte da política do grupo a preocupação com o meio ambiente e a promoção de iniciativas que contribuam para a sensibilização de clientes e colaboradoras no que diz respeito à preservação do meio ambiente”. STORE MAGAZINE
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Alimentação
Contribuir para uma sociedade mais saudável foi um dos principais objectivos do Programa de Alimentação Saudável lançado, em 2008, pelo grupo Auchan, em Portugal. Tudo começou com a formação dos colaboradores na área alimentar e prosseguiu com diversas acções de comunicação destinadas aos consumidores. Em 2012 o lema é “o essencial é mais económico”
Promover a saúde Em 2008 decidiu o grupo Auchan, em Portugal, desenvolver um programa que designou de Programa de Alimentação Saudável (PAS) através do qual, no âmbito da sua actividade da distribuição, pudesse contribuir para incrementar o grau de conhecimento dos seus clientes em matéria de boas práticas de alimentação e nutrição 34
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e assim, contribuir para uma sociedade mais saudável. Foi neste contexto que o projecto foi desenhado, iniciando-se com a formação dos colaboradores na área alimentar no sentido de os sensibilizar para os aspectos básicos da nutrição e da prática de uma alimentação saudável e equilibrada, o que se concretizou
durante o ano de 2008. Após este período, já em 2009, o grupo iniciou uma comunicação destinada aos consumidores que visitassem as lojas, comunicação essa focalizada em cinco eixos fundamentais: considerações gerais sobre o PAS e o conceito de uma alimentação equilibrada; redução do consumo de sal, com su-
gestão de alternativas (ervas aromáticas, especiarias, por exemplo); redução do consumo de açúcar, boas práticas e alternativas ao seu uso; redução do consumo de gorduras e escolha das melhores opções; incremento do consumo de fibra e seus efeitos benéficos na saúde. E assim surgiu a evolução naSTORE MAGAZINE
tural para a elaboração de receitas, nutricionalmente equilibradas, com a colaboração da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, acção desenvolvida durante 2010 e 2011 com apoio de docentes da licenciatura em Dietética e Nutrição, bem como de estagiários, finalistas deste curso. Ao longo dos três anos de interface com os clientes, realizaram-se inúmeras acções de medição de colesterol e glicémia, de degustações de alimentos saudáveis, informação nutricional e de boas práticas de alimentação. Produziram-se cartazes, centenas de milhares de folhetos foram distribuídos nas lojas aos consumidores, fizeram-se sessões de exercício físico com ginásios, colaborou-se com escolas e instituições na educação para uma alimentação saudável, realizaram-se filmes transmitidos num canal de televisão infantil (Panda) sobre a alimentação saudável. Nos filmes gravados e emitidos no programa “MÃE, MUDEI A COMIDA”, com o Rik & Rok, foi obtido um Share elevado de 22-40% dos 4-14 anos. A colaboração com a comunidade envolvente de cada uma das lojas, em particular as escolas, assume primordial importância. O clube Rik & Rok (http://rikerok.com/) tem tido um papel importante neste processo, quer através de ações próprias, quer através do seu sítio na internet, dinamizando ações com crianças e seus pais, nas quais, além de outros temas, passou a tratar de forma regular, a alimentação saudável. Foram estabelecidos protocolos com a Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) e Delegação do Centro da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC), no programa Pão.Come, visando a redução do teor de sal no pão fabricado nas lojas do centro do País. Em 2012 o alvo são grupos etários específicos (os jovens, adultos e seniores), privilegiando uma alimentação equilibrada e economicamente acesSTORE MAGAZINE
Ao longo dos três anos de interface com os clientes, realizaram-se inúmeras acções de boas práticas de alimentação
sível e com dicas práticas de proporções, confecção e empratamento de refeições completas, pensadas de acordo com as necessidades de cada grupo etário, sob o lema “o Essencial é mais económico”. Finalmente, importa sublinhar a integração deste programa no conceito mais global da Responsabilidade Social, conforme espelhado no sítio http:// www.auchan.pt/CMS/Sustentabilidade/Pages/alimentacaoSaudavel.aspx
NÚMEROS
A “Alimentação Saudável” em 2011 CLIENTES 560 Testes de Glicémia 3.598 Testes ao Colesterol/ Triglicéridos 2.271 Medições de tensão arterial 245 Medições de Peso, Perímetro Abdominal e Índice de Massa Corporal 400 Clientes receberam aconselhamento nutricional 39.548 Clientes participaram em acções de degustação e oferta de produtos 12 Eventos promocionais de produtos alimentares 2.4 Milhões de flyers distribuídos, com 24 receitas económicas, práticas e de simples elaboração 2.630 Clientes participaram em iniciativas de demonstração de exercício físico nas lojas Jumbo e Pão de Açúcar, em parceria com Escolas e Ginásios 8.408 Clientes que participaram em ações de sensibilização desenvolvidas com a Parceria de entida-
des externas, nomeadamente Escolas, Municípios, Ginásios e Hospitais 3.598 Clientes participaram em sessões formativas de sensibilização para a adopção de hábitos de vida saudáveis 74.872 Clientes envolvidos na totalidade das 477 acções do Programa COLABORADORES 228 Rastreios de saúde efectuados a colaboradores 13.757 Participações de Colaboradores em iniciativas internas da Alimentação Saudável
Fonte: Relatório de Responsabilidade Social 2011 – Grupo Auchan, Portugal (em publicação)
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Inovação
Transformar um smartphone numa carteira digital não é uma utopia mas sim uma realidade que ganha adeptos, principalmente nos EUA e no Reino Unido. Desde a Visa à Google nenhuma empresa quer perder esta nova revolução que vai transformar as carteiras tal como as conhecemos, juntando dinheiro, cartões de fidelização, cupões de desconto e cartões de débito e crédito. Mas, como não há bela sem senão, os hackers já estão atentos
A nova carteira Em Setembro de 2011 a Google recuperou algumas personagens da série de humor Seinfeld para anunciar o lançamento de mais uma das suas inovações: a Google Wallet. Cartões de crédito, cartões de débito, cartões de fidelização, cupões de desconto, cartões-presente… A Google arranjou forma de acabar com todos estes pesos na carteira. A carteira digital da empresa de internet armazena todos os cartões no telemóvel, independentemente da sua marca, garantindo vantagens para consumidores e retalhistas. Vejamos. Para o consumidor, passa a ser possível sair de casa
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apenas com o telemóvel no bolso para fazer compras. Além de fazer chamadas, servir de agenda, aceder à Internet, jogar, fotografar, entre outras funções, o telemóvel passa também a servir de carteira. Para os retalhistas, o Google Wallet permite mais facilmente gerir os programas de fidelização, atribuir pontos e dar cupões de desconto. O sistema armazena todas as informações de pagamento, histórico de transacções, ofertas, entre outros dados muito úteis às marcas. Com o Google Wallet, os pagamentos tornam-se mais fáceis e rápidos. O processo é simples: basta digitar o PIN no ecrã do
A pioneira foi a Google, mas este ano a Visa e a MasterCard, por exemplo, já estão no terreno, tendo anunciado os seus próprios projectos
telemóvel e fazê-lo dar um pequeno toque no leitor - todo o processo se desenvolve automaticamente a partir daí. A Google acredita que este sistema móvel de pagamentos, que já está disponível em algumas zonas dos Estados Unidos da América, vai revolucionar o processo de compra, que será feito através deste simples toque. A ideia de pagar contas com uma rápida passagem do telemóvel pelo receptor da loja é interessante, mas será que é seguro? A Google garante que sim, uma vez que a informação dos cartões é criptografada e armazenada num chip à prova
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de roubo (encriptação por hardware), acessível apenas a programas autorizados. Este chip é totalmente independente da memória do telemóvel. A Google Wallet tem um PIN, independente do PIN do telemóvel, e poderá ter ainda um terceiro PIN para validar transacções. A ideia é tornar o processo dos pagamentos divertido e rápido, de preferência que o tempo que o consumidor poupa nas filas seja gasto em mais tempo junto das prateleiras. Apresentado publicamente há um ano em Nova Iorque, o Google Wallet tem ainda a limitação de estar apenas disponível para o S Nexus 4G e o Galaxy Nexus, embora esteja previsto o desenvolvimento da plataforma para mais telemóveis. A Google precisa de mais smartphones com tecnologia Near Field Communications (NFC), embora a empresa garanta que outros telefones com Android poderão, no futuro, disponibilizar este serviço mesmo que não tenham aquela tecnologia. A pioneira foi a Google, mas este ano a Visa e a MasterCard, por exemplo, já estão no terreno, tendo anunciado os seus próprios projectos. A Visa apresentou o seu cartão V.me, um serviço de carteira digital que será lançado no próximo Outono no Reino Unido, Espanha e França. O serviço permitirá ao utilizador combinar as suas contas bancárias com cartões de crédito e de débito num serviço de pagamento acessível através do nome do utilizador e de um código e senha, bem como através do PayPal. Permite também adicionar outros cartões. Também a MasterCard acaba de entrar no negócio das carteiras digitais. A sua proposta chama-se PayPass Wallet Services e está ligada ao seu sistema de ponto-de-venda PayPass, que tem cerca de 500 mil pontos em todo o mundo. A empresa também permitirá que outras empresas criem sistemas de pagamentos com as suas próprias marcas.
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TECNOLOGIA
Powered by Cardmobili Começou pelos cartões de fidelização e cupões de desconto e em dois anos passou de 200 para 2200 cartões. Depois, o desafio foi o das carteiras digitais. Hoje o que há é tecnologia colocada à disposição das marcas e que elas podem usar para a sua própria carteira digital. Este é um dos mais recentes trunfos da Cardmobili, empresa portuguesa que se tem distinguido em todo o mundo pelas suas soluções digitais que substituem o papel. Helena Leite, CEO da empresa, disse à Store que, no âmbito das carteiras digitais, a empresa está a especializar-se em ser fornecedor da solução tecnológica. “Desenvolvemos o software da carteira e colocamo-lo à disposição das marcas. Ou seja, é powered by Cardmobili”, conclui a responsável. Helena Leite, CEO da Cardmobili, empresa que desenvolve tecnologia para carteiras digitais
GUIA
O que a distribuição precisa de saber > A carteira digital é um método de pagamento que usa qualquer aparelho que se liga à internet como, por exemplo, os smartphones; > É concebida para facilitar o acto de compra, quer na loja quer online; > O software permite transferir dinheiro para empresas ou outros utilizadores de telemóveis usando a Near Field Communication (NFC); > Pode conter cartões “virtuais” de vários tipos - débito, crédito, fidelização,
viagens – e também informações bancárias; > Simplificação dos processos de compra; > A distribuição pode tirar partido das compras por impulso e do efeito psicológico de não se usar dinheiro; > Haverá consumidores preocupados com questões de privacidade e segurança; > Existe já a ameaça de hackers procurarem “minar” o processo.
Fonte: www.retail-week.com
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Internacional
A Microsoft aliou-se à rede de livrarias Barnes & Noble para desenvolver o negócio da leitura digital. A ambição é forte: acelerar a transição dos livros em papel para os digitais, que está a revolucionar o modo como as pessoas consomem, partilham e desfrutam de conteúdos
Revolução na leitura As empresas anunciaram recentemente a criação de uma subsidiária, ainda sem nome (apenas designada por Newco), focada no desenvolvimento de negócios digitais. A Microsoft investiu 300 milhões de dólares, ficando com 17,6 por cento da nova empresa. A restante fatia de 82,4 por cento é controlada pela Barnes & Noble. O negócio, no total, foi estimado em 38
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1,7 mil milhões de dólares. Um dos objectivos é potenciar as vendas do Nook, leitor digital da Barnes & Noble, e ganhar peso face ao seu concorrente Kindle, da Amazon. Alargar a presença geográfica do Nook, actualmente focado nos Estados Unidos da América, é outra das metas. A estratégia passa pela criação de uma aplicação no Nook
para o Windows 8; enquanto os clientes do Windows 8 passam a ter acesso ao catálogo de livros digitais da Barnes & Noble, revistas e jornais. “Os nossos activos complementares irão acelerar a inovação da leitura através de uma ampla gama de dispositivos Windows, permitindo às pessoas poder não apenas ler histórias, mas fazer parte delas.
Estamos à beira de uma revolução na leitura”, sublinhou Andy Lees, presidente da Microsoft. Mas nem tudo foi fácil nesta parceria. A Barnes & Noble e a Microsoft tiveram de resolver um litígio antigo na área de patentes para prosseguir o projeto. A Barnes & Noble e a Newco terão uma licença de royalties para patentes da Microsoft para o seu leitor digital STORE MAGAZINE
Nook e produtos tablet. Desta forma, abriu-se caminho para as duas empresas colaborarem e chegarem a um conjunto mais abrangente de clientes. O Nook tem ainda um longo caminho a percorrer se quiser tirar a liderança ao seu rival da Amazon. Com uma quota de mercado de 60 por cento, o Kindle é, de longe, o leitor de livros digitais mais vendido. O Nook tem aproximadamente 30 por cento, enquanto a Apple, com a sua livraria digital associada ao iPad, detém cerca de 10 por cento. “A mudança para o digital está a colocar as bibliotecas do mundo e as bancas de jornal na palma da mão de cada pessoa. É o início de uma jornada que vai afectar o modo como as pessoas lêem, interagem e desfrutam de novas formas de conteúdos”, afirmou Andy Lees, da Microsoft. Para William Lynch, presidente executivo da Barnes & Noble “a formação da Newco e a relação com a Microsoft são partes importantes da nossa estratégia para capitalizar o rápido crescimento de negócios em torno do Nook, e para solidificar a nossa posição como líder no mercado emergente de conteúdos digitais nos segmentos de consumo e educação”. Alguns analistas de mercado acreditam que a parceria entre a Microsoft e a Barnes & Noble pode levar ao desenvolvimento de um tablet ou e-reader (leitor electrónico) baseado na plataforma Windows e não apenas traduzir-se num aplicativo para o Nook. Acreditam também que existe um grande potencial de crescimento dos livros e conteúdos académicos da Barnes & Noble, potenciados pela Microsoft. Seja qual for a estratégia adoptada, o mais importante é saber se os consumidores vão mesmo aderir em massa aos livros digitais, deixando o papel para segundo plano. Um fenómeno que já se verificou na imprensa, nomeadamente nos jornais, salvo raras excepções. Nos livros, o papel continua a dominar. Até quando? STORE MAGAZINE
“A formação da Newco e da nossa relação com a Microsoft são partes importantes da nossa estratégia para capitalizar o rápido crescimento de negócios em torno do Nook, e para solidificar a nossa posição como líder no mercado emergente de conteúdos digitais nos segmentos de consumo e educação”, afirmou William Lynch, presidente executivo da Barnes & Noble
PARCEIROS
O que é a Barnes & Noble A Barnes & Noble é a maior livraria norte-americana, detendo 691 lojas espalhadas pelos 50 estados. A sua subsidiária Barnes & Noble College Booksellers opera também em 641 livrarias universitárias, servindo mais de 4,6 milhões de estudantes de faculdades e universidades norte-americanas. A Barnes & Noble tem também vendas online, através do site www.bn.com, onde estão disponíveis mais de dois milhões de títulos no “Nook Bookstore”. Os livros digitais podem também ser lidos noutros aparelhos além do Nook, usando o software Nook disponibilizado gratuitamente.
O que é a Microsoft A Microsoft é uma das empresas incontornáveis na área da tecnologia e uma das responsáveis pela revolução digital. Começou por desenvolver e vender licenças de software mas depois expandiu as suas actividades para a electrónica de consumo. A empresa foi fundada em 4 de abril de 1975 por Bill Gates e Paul Allen na cidade de Albuquerque, no estado do Novo México. Tem a sua sede no estado de Washington.
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Consumo
A certificação Sabor do Ano constitui para a distribuição uma garantia de qualidade e de aceitação de um produto no mercado, apresentando por isso um forte potencial de vendas. Quem o diz é Débora Santos Silva, da Tryp Network, que em Portugal conduz o processo de distinção gustativa dos produtos
Qualidade e potencial de vendas Mais de 2500 produtos reconhecidos. Mais de 500 milhões de embalagens. Dez produtos comprados por segundo. A todos estes números poderia ser acrescentada a expressão Sabor do Ano, pois todos eles testemunham o balanço desta certificação de qualidade independente nascida em França e entretanto importada por Portugal. Há outro número que certifica esta iniciativa: é que 86 por cento dos consumidores ficaram satisfeitos com os produtos Sabor do Ano que adquiriram. A edição de 2013 está já em cur40
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so. Uma excelente oportunidade – sublinha Débora Santos Silva, da Tryp Network, a organização responsável pela edição nacional desta certificação de qualidade gustativa – para as marcas verem reconhecida a sua aposta no desenvolvimento de produtos que vão ao encontro do gosto e das preferências dos consumidores. Tanto mais importante – destaca num contexto em que a confiança dos consumidores passa cada vez mais pela qualidade dos produtos. Contudo, não é apenas a confiança dos consumidores que importa.
Também a confiança dos canais de distribuição nesses mesmos produtos. Débora Santos Silva não tem dúvidas de que a certificação Sabor do Ano se constitui para a Distribuição “como uma garantia de qualidade e de aceitação de um produto no mercado, uma vez que são os próprios consumidores que determinam os produtos certificados através de uma metodologia rigorosa de provas cegas”. A responsável da Tryp Network adianta que, “ao acrescentar maior atractividade aos produtos certificados, o selo Sabor do Ano
aplicado na embalagem ou em outros materiais de ponto de venda vem facilitar a escolha por parte dos consumidores no momento de compra, o que se traduz numa maior rotação do produto no linear”. Há estudos que confirmam esta opinião, fornecendo “números muito interessantes que reforçam o posicionamento de selo distintivo do Sabor do Ano”. Um deles, efectuado em 2010 e envolvendo 100 compradores, 50 responsáveis de marketing e 50 responsáveis de loja, revelou que 89 por STORE MAGAZINE
cento dos profissionais da Distribuição conhecem o selo, 80 por cento reconhecem-no como um real símbolo distintivo de qualidade, além de que 77 por cento sustentam que é uma referência para o consumidor no momento da compra quando confrontado com dois produtos semelhantes. Em conclusão: os produtos que exibem o selo Sabor do Ano têm um forte potencial de aumento de vendas, pelo que a sua entrada em linha é facilitada. “Quanto maior for o número de pontos de venda em que um produto está presente, maior será o contacto dos consumidores e, consequentemente, maiores serão as suas vendas”, sustenta Débora Santos e Silva. A Tryp Network não influencia as escolhas dos pontos de venda, deixando-as para o foro das negociações entre a Indústria e a Distribuição: “O reforço do posicionamento dos produtos Sabor do Ano como os mais saborosos e a utilização deste argumento negocial junto da Distribuição é uma ferramenta a ser utilizada pelas próprias marcas na sua estratégia comercial”, justifica. Ainda assim, a organização Sabor do Ano mantém “um contacto próximo” com a Distribuição ao nível de um reforço da disponibilização de informação, nomeadamente no que se refere aos vencedores e a dados de estudos efectuados. A certificação Sabor do Ano chegou em Portugal em 2008, sendo representada pela Tryp Network, uma estrutura independente especializada em processos de avaliação de produtos por consumidores. Assumiu como missão a defesa e garantia do direito dos consumidores à informação correcta sobre os produtos, propondo-se, assim, contribuir para um consumo mais esclarecido. O selo Sabor do Ano é aposto a produtos do sector agro-alimentar, não admirando, pois, que o sabor seja o principal motivo de compra destes produtos por parte do consumidor. O estudo “Alimentação e estilos de vida da população portuguesa”, realizado em 2011 pela Sociedade Portuguesa de Ciências da Nutrição e Alimentação (SPCNA), conclui isso mesmo: 52,2 por cento dos portugueses STORE MAGAZINE
afirmam que o sabor é a primeira razão de compra de um produto alimentar. O preço surge em segundo lugar, com 32,1 por cento das respostas, a disponibilidade dos alimentos é o terceiro factor considerado, com 25,5 por cento, a qualidade ou frescura é remetida para quarto lugar, com 24 por cento das respostas, e a embalagem para último, com sete por cento. Daí que – comenta Débora Santos Silva - um selo que traduz a qualidade gustativa (o sabor) dos produtos que o exibem seja automaticamente considerado com um ponto forte por parte dos consumidores. Aliás, segundo o mesmo estudo, 65,2 por cento dos portugueses não têm dúvidas em afirmar que uma marca com este selo é digna de confiança. Sublinha, por outro lado, que o rigor da metodologia é igualmente reconhecido. É que a escolha é o culminar de provas cegas, em que consumidores anónimos atestam
a qualidade gustativa de produtos, sem qualquer influência da notoriedade da marca. Os consumidores – 120 - são seleccionados de acordo com o perfil do produto em avaliação, com o objectivo de medir a satisfação espontânea dos testes de degustação. Avaliam factores como o aspecto, o odor, a textura e, claro, o sabor. As provas são controladas por laboratórios especializados em análise sensorial - em Portugal com a chancela da FullSense, unidade da ControlVet. Débora Santos Silva sustenta ainda que, cada vez mais, os consumidores confiam na recomendação de outros consumidores para as suas decisões de consumo. O estudo realizado junto dos consumidores-provadores da operação Sabor do Ano 2010 concluiu que 75 por cento deles comprariam voluntariamente um produto que exibisse o selo Sabor do Ano.
Débora Santos Silva, Tryp Network “O reforço do posicionamento dos produtos Sabor do Ano como os mais saborosos e a utilização deste argumento negocial junto da Distribuição é uma ferramenta a ser utilizada pelas próprias marcas na sua estratégia comercial”
CERTIFICAÇÃO
Os eleitos em 2012 Foram 146 sessões de análise sensorial e 12.540 provas de degustação, num total de 4.075 horas. Participaram 168 produtos e 27 foram distinguidos, sendo que 80 por cento destes são produzidos em Portugal. Enquanto não se conhecem os eleitos de 2013, eis os de 2012: • Bacalhau demolhado ultracongelado Riberalves • Vinho Tinto DOC (+2,5) e (-2,5) Carmim • Azeite - Carmim • Carne de Porco - SEL • Enchidos do Alentejo - SEL • Sumo - Orangina Schweppes • Doces - Hero • Rebuçados - Kraft • Arroz - Orivárzea • Pão de forma - Sara Lee – Bimbo • Especiarias - Navires – Sociedade Nacional de Víveres
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Moscatel - Adega Cooperativa de Favaios Gelados - Grupo Kalise Menorquina Charcutaria - Incarpo – Indústria e Comércio de Carnes Enchidos da Beira - Incarpo – Indústria e Comércio de Carnes Vinagres - Unilever – Gallo Worldwilde Sangria - Unicer Bacalhau Salgado Doce - Constantinos Salgados com a marca Sabalar – Sociedade Industrial de Alimentos Pratos Prontos com a marca Sabalar – Sociedade Industrial de Alimentos Bolachas - F.Lima Cafés - José Maria Vieira – Torrié Vinho de Mesa - Esporão
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Estante
Tendências
dESTAQUES
Imagine Jonah Lerner
TU PODES Joaquín Lorente Numa escrita directa, simples e sem rodeios, Joaquín Lorente, um dos maiores criativos da comunicação, transporta para este livro a sua vasta experiência e converte cada página num contínuo manancial de ideias úteis para o ajudar a orientar o seu cérebro porque, se o não fizer, outros o farão por si. Editora: Planeta Manuscrito 16,65 €
O enfant terrible das neurociências regressa com o seu melhor livro até à data. Imagine é uma ode ao espírito criativo de alguns génios, de algumas empresas, e de qualquer pessoa que de repente diga (como Arquimedes): “Eureka!” Em Imagine, Jonah Lehrer arrisca-se num território pouco explorado pela ciência: o da criatividade. Ao observar o nosso cérebro, deita por terra ideias feitas como a “inspiração divina”. E prova que são precisas muitas horas de trabalho frustrante antes do súbito momento de revelação. Guiados por ele, entramos em laboratórios high-tech, observamos de perto os cérebros de Bob Dylan ou do designer Milton Glaser e visitamos pólos de criatividade como a Londres de Shakespeare ou o Silicon Valley de Bill Gates. Editora: Lua de Papel 15,90 €
Os 8 p’s do marketing digital
sugestão FNAC
Conrado Adolpho
O PLANEAMENTO ESTRATÉGICO João M. S. Carvalho Encontra neste livro um guião para saber como criar um sistema de planeamento estratégico, de modo simples, com a ajuda de exemplos, tabelas, quadros orientadores e listas de verificação de todo o processo. Editora: Vida Económica 15,00 €
Este livro apresenta aos profissionais do marketing, aos administradores, aos empresários e aos estudantes os passos para se ter êxito nas estratégias de negócios de todos os tipos, utilizando o ambiente online. Mostra como transformar a Internet numa ferramenta de negócios eficiente e lucrativa. Mostra também, através de 100 estudos de casos e inúmeras dicas de ferramentas, o lado prático do marketing digital. Editora: Texto Editores 29,95 €
O livro secreto do crescimento de negócios Paulo de Vilhena
DE ZERO A CEM Howard Marks De Zero a Cem explica os fundamentos de Howard Marks para se ser bem sucedido nos investimentos, bem como as armadilhas que podem destruir uma carteira de investimentos ou arruinar uma carreira. Editora: Clube do Autor 15,90 €
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Depois de vários anos como gestor de fortunas, em que aprendeu o que distinguia as empresas de sucesso das outras e de mais 10 anos a acompanhar empresários no crescimento das suas empresas, e de muitos anos também como empresário em que fez crescer os seus próprios negócios, Paulo de Vilhena construiu e refinou um sistema que tem vindo a testar, com óptimos resultados, até decidir agora publicá-lo. O Livro Secreto do Crescimento de Negócios é uma abordagem transversal a todas as áreas do crescimento empresarial, concentrada de uma forma objectiva em todos os aspectos que deve um Empresário assegurar, para que os seus resultados sejam os que deseja. Editora: Smartbook 14,90 €
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Restaurante
Um restaurante para o Europeu
Manuel Falcão director-geral da Nova Expressão
Espaço 10 Atrium Saldanha
Entrada pela Avenida Casal Ribeiro 63 A Telefone – 213 528 242 Encerra aos Domingos e Feriados
A escolha deste restaurante este mês tem a ver com o Europeu de Futebol. Passo a explicar: o Espaço 10 chama-se assim porque 10 era o número da camisola de Rui Costa e o restaurante é dele. Em baixo fica um bar bem equipado de ecrãs onde poderão seguir os jogos, no meio de petiscos e copos. Como estamos nesta altura do ano o Espaço 10 tem caracóis bem apurados, que podem ser consumidos mesmo fora de jogos. Ao fim da tarde o bar é quase sempre animado e ao fim de semana, nas noites de sexta e sábado, há umas músicas ao vivo – é questão de ir consultando a página do Facebook – chega-se lá directo pela pesquisa procurando «espaço 10 – restaurante & bar». Mas o bar, situado à entrada, é apenas o ponto de passagem para o restaurante, no primeiro piso, que tem uma bela vista sobre o Saldanha e a Avenida da República. Com as cores vermelho, negro e cinza a dominarem, a parede que dá para a rua é de vidro e permite uma bela luz natural. Amplo, tem uma zona de fumadores, mesas e cadeiras confortáveis. À hora de almoço a clientela é sobretudo profissional, das empresas financeiras e de consultoria que ficam localizadas nos edifícios próximos. Não é raro apanhar conversas sobre o comportamento das bolsas ou opiniões sobre a evolução da situação económica. O conforto e o bom serviço são a principal característica da casa – mas é certo que a cozinha não desilude. Na zona do Saldanha não há melhor local para combinar um almoço profissional ou uma conversa tranquila. À noite o local fica bem mais sossegado e a vista nocturna da praça e da
avenida são também simpáticas. A carta tem algumas propostas regulares e das várias vezes que lá fui nunca me arrependi dos vários bifes e dos secretos de porco preto. O serviço é simpático e dentro das disponibilidades da cozinha tem abertura para mudar os acompanhamentos para quem está numa de evitar batatas fritas – pensem duas vezes porque as ditas são de boa estirpe. Os pratos do dia têm sugestões interessantes, as mais recentes que experimentei eram uns belos linguadinhos “folha de louro”, bem fritos, acompanhados por um arroz de tomate sem heresias. Fiquei com pena de não provar as ovas grelhadas com molho de coentros, mas optei por um cabritinho no churrasco que estava mesmo bom. Nos doces o destaque vai para o bolo de chocolate. Inicialmente ( o Espaço 10 existe desde 2007), a carta tinha algumas sugestões, digamos, internacionais, mas ao longo do tempo foi-se focando na cozinha portuguesa e agora volta e meia há cozido (normalmente às sextas) e este ano até apareceu arroz de lampreia. A carta de vinhos é razoável, os preços são comedidos e é possível fazer-se uma refeição para duas pessoas abaixo dos 60 euros. Se decidir ficar pelo bar, saiba que também lá pode petiscar – um honesto pratinho de presunto pata negra e um pica pau de lombo são boas ideias, assim como a saladinha de polvo ou a bifana no pão. E, claro, como acima já referi, nesta época do ano, os incontornáveis caracóis. E esqueci-me de dizer – o Rui Costa anda muitas vezes por lá e não se admire se ele lhe vier perguntar como está a correr a refeição.
BANDA SONORA
The Absence – Melody Gardot Nos dias que correm não há assim muitos discos novos que me surpreendam e é já a segunda vez, numa carreira de apenas três álbuns, que isso me acontece com Melody Gardot – aos 27 anos ela deu nas vistas com “My One And Only Thrill”, de 2009 e, agora, surge com um “Absence” que é uma prova do seu talento e criatividade. Numa nota recente Miguel Esteves Cardoso afirma que Gardot mostra a importância do gosto e sublinha que “não há ninguém com o mesmo gosto desde Frank Sinatra”. É uma afirmação que dá que pensar. Quando se ouve “Absence”, percebe-se o que ele quer dizer. O disco é influenciado por experiências vividas por Melody Gardot: estadias mais ou menos prolongadas em Marrocos, na Argentina, no Brasil e em Lisboa (esteve cá quase seis meses em 2011) criaram um disco que combina referências e idiomas. Ela canta no seu inglês nativo, mas também em espanhol e em português. Podia ser terrível, mas
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é magnífico – e em boa parte porque ela percebe o que é o tango, ou a bossa nova ou o fado e não faz um pastiche mas uma homenagem. A linha entre o gosto e o terrível é fina, mas ela saiu-se bem, em grande parte pela produção, excelente, do brasileiro Heitor Pereira. As duas canções “portuguesas” do disco são “Lisboa” e “Amália” - sendo que esta Amália é inspirada por um pássaro e não pela Fadista. É difícil descrever o disco – porque as coisas que são muito boas são muito difíceis de explicar. Mas quanto mais o oiço mais percebo a subtileza dos arranjos, a inteligência das composições, a sensibilidade das palavras. Continuo a achar que os discos de Gardot têm o calor dos bares onde se ouve blues e jazz, onde tudo nasce de improviso e com emoção. E é isso que faz o seu encanto.
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Montra
Uma jóia masculina A remeter para o ano 1958, a Brietling apresenta a sua nova aquisição: o relógio Transocean. Com traços fortes de um design requintado e sóbrio, esta é uma joia a pensar nos homens que não querem perder tempo. Inspirado no mundo das viagens, alia a elegância masculina a uma excelência técnica com um mecanismo fiável e precioso.
Diva do cinema É como a Biju quer que as mulheres se sintam com os acessórios da nova colecção Primavera/Verão. Inspirada na figuração da sétima arte, caracteriza-se pelos tons e design da moda das estrelas de cinema dos anos 50 aos 90: exótica, de cores vivas e pastel.
Para ela e para ele A Kenzo pensou a dois e criou a nova fragância: L’Eau2Kenzo. Para ele, um aroma declaradamente masculino e vital, num tom cítrico que combina a arrogância da toranja com o doce da laranja. Para ela, notas delicadas de pêssego com uma acidez de limão a fazer lembrar as mais débeis flores. Ambos se vestem num frasco de corpo ondulante e poético, uma puro jogo de sedução.
Um conforto à antiga Momentos de exuberância é a promessa da Boca do Lobo com a sua nova peça: o sofá Versailles. Com traços do século XVII, a grandiosidade e ostentação desse tempo são agora recriadas neste sofá. Extravagante num só todo, quebra a tradicional definição de conforto com um rico tom azul oceano e um branco baço típico da ornamentação francesa.
Nova estrela Galaxy O mais avançado smartphone da Samsung chegou a Portugal dia 14 de Junho. E, a pensar nos seus clientes que não dispensam a última novidade, a Vodafone abriu a possibilidade de pré-registo online. O Galazy S III inclui uma mão cheia de funcionalidades, do AllShare Play, que permite o acesso a conteúdos multimédia armazenados no PC, tablet ou televisor, até ao S Beam, para partilha de ficheiros. Mas também a função Smart Stay, que reconhece quando o utilizador está a olhar para o ecrã, e o S Voice, que executa comandos de voz, ou o Social Tag, que liga os rostos das fotografias aos respectivos perfis nas redes sociais. STORE MAGAZINE
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Os filmes de...
“Tanto na literatura como no cinema aprecio particularmente as biografias, mesmo ficcionadas, sobretudo quando o biografado é alguém cujo exemplo, bom ou mau, nos acrescenta alguma coisa”
Susana Santos
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directora de Relações Externas do El Corte Inglés
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Título: Gandhi, 1982 Realizador: Richard Attenborough Protagonistas: Ben Kingsley, Candice Bergen, Edward Fox História: A personificação da liderança, da inteligência e da capacidade de fazer compromissos e de comunicar uma visão a uma Índia dividida entre muçulmanos e hindus e economicamente debilitada pelo imperialismo britânico.
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Título: Invictus, 2009 Realizador: Clint Eastwood Protagonistas: Anthony Peckham, Langley Kirkwood, Morgan Freeman, Matt Damon História: Um retrato do carácter de Nelson Mandela e, uma vez mais, uma lição de liderança.
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Título: Uma mente brilhante (A beautiful mind), 2011 Realizador: Ron Howard Protagonistas: Russell Crowe, Jennifer Connelly História: A vida do matemático John Forbes Nash e a prova de que todas as mentes são necessárias.
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Título: Temple Grandin, 2010 Realizador: Mick Jackson Protagonistas: Claire Danes, Julia Ormond História: A vida de Temple Grandin, uma professora universitária americana, cuja condição de autista ousou assumir.
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Título: Corrigindo Beethoven (Copying Beethoven), 2006 Realizador: Agnieszka Holland Protagonistas: Ed Harris, Diane Kruger História: Um relato possível da personalidade, dos impulsos e da genialidade do compositor alemão Ludwig van Beethoven quando, no final da vida e já quase surdo, cria algumas das mais notáveis obras de arte que a humanidade possui.
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