Director: Hermínio Santos
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Trimestral
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Ano III
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N.º 10
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Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
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A nova plataforma da distribuição e comércio moderno
Daniel Bessa, economista
Continuação dos défices públicos é insustentável Pág. 08
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Maria João Valente Rosa, Pordata
Debater o envelhecimento
Portugal já começa a “dar sinais” de querer debater as consequências do envelhecimento na sociedade mas “não está a discuti-las seriamente”. Esta é a convicção de Maria João Valente Rosa, estudiosa da Demografia e que, desde 2009, dirige a Pordata, a base de dados criada no âmbito da Fundação Francisco Manuel dos Santos e que revolucionou o tratamento da estatística em Portugal.
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As causas sociais da Distribuição
Em época de Feliz Natal e Próspero Ano Novo são habituais as campanhas de solidariedade que angariam meios e produtos para distribuir por instituições que apoiam os mais carenciados. O sector da Distribuição também aposta na época natalícia mas o seu compromisso dura todo o ano como se pode verificar pelas experiências da Auchan, Dia, Continente, Lidl e Pingo Doce.
8 euros
ÍNDICE
Conselho editorial Ana Isabel Trigo Morais Ricardo Domingos Viriato Filipe Catarina Oliveira Fernandes Diretor-geral João David Nunes
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Diretor Hermínio Santos hs@storemagazine.net
A NOVA PROXIMIDADE
Editora Executiva Fátima de Sousa fs@storemagazine.net
O comércio de proximidade assume hoje novas formas embora com o mesmo objetivo de sempre: estar mais perto do consumidor. Conheça as mais recentes experiências da Nestlé, da Fnac, da Ten To Ten e da Coviran
Diretora de Marketing Maria Luís Telf. 961 571 629 ml@storemagazine.net
Distribuição por assinatura Preço: 32€ (6 edições) assinaturas@storemagazine.net Tiragem média mensal: 2.500 ex. Depósito legal: 338451/12 N.º registo ERC: 126154 Propriedade Enzima Amarela - Edições, Lda Av. Infante D. Henrique, 333H, 37 1800-282 Lisboa Tel. 218 504 060 Fax: 210 435 935 Impressão: TYPIA – Grupo Monterreina Área Empresarial Andalucía 28320 Pinto Madrid - España
Comunicação, Design e Multimédia Av. Marquês de Tomar, 44-7 1050-156 Lisboa Tel: 217 957 030 geral@motioncreator.net
RAMONDEMELO PHOTOGRAPHY
NOTÍCIAS
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Atualidade das marcas e empresas que atuam na Distribuição
GRANDE PLANO
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Daniel Bessa fala sobre a economia portuguesa e quais as saídas para a crise
SUPPLY CHAIN
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Tudo o que precisa de saber sobre a “The Supply Chain Initiative”
INVESTIMENTO
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A história do Lidl em Portugal
vestuário
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O novo conceito de loja que a C&A estreou em Madrid
RECICLAGEM
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Uma campanha lançada pela APED e a ERP Portugal
RESPONSABILIDADE SOCIAL
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O que faz a Fundação Pão de Açúcar-Auchan
SUSTENTABILIDADE
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Os vencedores dos Green Project Awards
TRABALHAR EM
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Como a MO está sempre disponível para o cliente
MARCA
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Tudo o que quis saber sobre a Regina
APED
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O lançamento do livro “Foco nas Pessoas”
ESTUDO
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Um retrato da felicidade em Portugal
PRÉMIOS
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Quem venceu os Nutrition Awards
ESTANTE
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Os livros do trimestre e as sugestões da Fnac
www.ramondemelo.com
Rua Luz Soriano, 67-1º E Bairro Alto 1200-246 Lisboa - PORTUGAL www.who.pt// contacto@who.pt
STORE MAGAZINE
Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
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notícias APED lança Prémios de Inovação no Retalho
Coviran inaugura terceira plataforma em Portugal A Coviran abriu em novembro, em Sintra, a sua terceira plataforma logística em Portugal. Entre pontos de venda e plataformas de distribuição a empresa já gerou 1400 postos de trabalho no nosso País, onde tem 201 sócios, que correspondem a 241 supermercados. Com o início do funcionamento desta plataforma, a Coviran passa a dispor de 25.696 metros quadrados
construídos, garantindo uma rede logística eficiente e próxima a todos os sócios, independentemente da sua localização geográfica. Esta nova plataforma une-se a outras duas que a Coviran tem atualmente em funcionamento em Portugal, uma no norte, em Aveiro, e outra no sul, em Algoz. O investimento realizado pela Coviran superou os dois milhões de euros.
A inovação feita no sector do retalho, em Portugal, vai ser pela primeira vez distinguida, através do “Prémio Excelência – Inovação no Retalho”, uma iniciativa organizada pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED). Através destes galardões, as empresas terão oportunidade de mostrarem o seu investimento em inovação ao nível dos produtos e marcas, do serviço ao cliente e da sustentabilidade. A atribuição dos prémios será decidida por um júri independente, presidido por Marcelo Rebelo de Sousa.
Eurekakids abre 10 lojas em Portugal A cadeia de lojas de brinquedos didáticos espanhola Eurekakids vai abrir dez unidades em Portugal – cinco este ano e outras tantas no próximo –, no âmbito da estratégia de expansão para o mercado português. A Eurekakids, em Portugal desde 2008, conta já com quatro estabelecimentos, localizados em Almada, Barreiro, Funchal e Montijo.
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BREVES
Frubis, um novo snack 100% fruta Frubis é a marca de um novo snack, feito com 100 por cento de fruta, à venda nas variedades de maçã, morango, ananás e pêssego. Sem corantes, conservantes ou glúten, este snack é apresentado como um produto natural, que preserva as vitaminas e as fibras da fruta. À venda em embalagens individuais de 20g e familiares de 40g, Frubis está disponível nas lojas Pingo Doce, Auchan e Alisuper, estando o alargamento da sua distribuição previsto para breve.
Air Wick no carro A Air Wick acaba de lançar o Air Wick Carro Filter&Fresh Carro, um produto que absorve as partículas de mau odor, através de um filtro de carvão ativado, permitindo filtrar o ar e obter uma fragrância limpa e fresca, anuncia a marca em comunicado. Com três fragrâncias à escolha – Nenuco, Ocean Drive e Amazon Lily –, o Air Wick Carro Filter&Fresh é o único sistema que permite uma experiência única de fragrância.
Dia lança café em cápsulas O Café Dia, um exclusivo das Lojas Minipreço, está disponível em embalagens de dez cápsulas, acondicionadas em invólucros próprios, nas variedades “Extra Intenso”, “Intenso” e “Descafeinado”. A variedade “Extra Intenso” apresenta um sabor ativo, obtido mediante um longo processo de torrefação, enquanto a variedade “Intenso” – embalagem verde – é preparada 100 por cento com café Arábica, revelando um sabor mais suave.
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Marks & Spencer expande lojas de alimentação A Marks & Spencer planeia abrir 150 novas lojas de alimentação nos próximos três anos no Reino Unido e expandir este negócio na Europa através do sistema de franchising, depois do sucesso obtido com seis lojas na Holanda. Num comunicado divulgado no seu site, a M&S afirma que metade das novas lojas terão cerca de 2000 metros quadrados e serão geridas
por parceiros de franchising que já trabalham com a empresa: a BP, a SSP e a Moto. As novas lojas, que operam com o nome Simply Food, criarão 5000 novos postos de trabalho no Reino Unido. A M&S anunciou também um reforço da sua parceria com o grupo francês Relay para abrir 10 lojas de alimentação na zona de Paris até 2018.
Kantar Worldpanel: inovação no grande consumo tem sucesso de 30% Em Portugal, o sucesso com a inovação é conseguido por 30 por cento das inovações realizadas no grande consumo. Destes, cerca de 21 por cento podem ser consideras “superêxitos”, por apresentarem uma performance, em termos de penetração, 2,5 vezes superior à média da sua categoria. Em relação à totalidade de todos os novos produtos, 94 por cento são lançamentos e apenas 1,8 por cento são inovações verdadeiras e de sucesso. Estes dados resultam do estudo “Radar Inovação”, apresentado pela Kantar Worldpanel, em conferência de imprensa. Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
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notícias
Toys ‘R’ Us no Chiado até 15 de janeiro Worten investe 50 milhões para mudar lojas A Sonae SR vai introduzir um novo conceito nas cerca de 180 lojas Worten na Península Ibérica, prevendo um investimento de 50 milhões de euros. A decisão foi tomada com base no sucesso obtido nos testes de mercado realizados através de unidades-piloto, como a loja de Sines. Segundo os testes de mercado, o novo formato apresentou um desempenho superior à média das restantes lojas, tendo contribuindo para o reforço da posição
competitiva da Worten em Portugal. As novas unidades caracterizam-se pelo novo layout e organização dos espaços, bem como um reforço da oferta e a disponibilização de soluções inovadoras. A interação com os clientes é reforçada pela utilização de tecnologia e pela promoção da estratégia omnicanal, com vista a proporcionar uma experiência de compra mais enriquecedora.
A Toys ‘R’ Us abriu uma loja Express nos armazéns do Chiado, a qual permanecerá em funcionamento até ao dia 15 de janeiro. Jogos educativos, brinquedos de bebés, brinquedos de exterior, figuras de ação e jogos de construção, são alguns dos artigos disponibilizados nesta nova loja. Com 750 m2, este conceito temporário Toys ‘R’ Us visa reforçar a presença em Portugal da maior loja de brinquedos do país e é responsável pela criação de 10 postos de trabalho. A Toys ‘R’ Us Express do Chiado é o terceiro conceito Express a abrir no país, depois de Coimbra e do Freeport.
Comércio eletrónico vale 49 mil milhões em Portugal O comércio eletrónico vale 49 mil milhões de euros em Portugal, cerca de 31% do Produto Interno Bruto, indicam os dados divulgados no estudo “Economia Digital em Portugal 20092017” realizado pela ACEPI/IDC. Estes valores correspondem a todos os canais, incluindo as compras feitas por pessoas coletivas e pessoas singulares. O estudo foi apresentado no Fórum da Economia Digital, realizado pela Associação do Comércio Electrónico e da Publicidade (ACEPI), em Lisboa.
Luís Simões Ação de responsabilidade distinguida com social com apoio da APED menção honrosa Mais de 3000 crianças foram apoiadas numa ação de responsabilidade social lançada pela Entrajuda e pela Staples e que contou com a colaboração da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) que doou sacos reutilizáveis. Os sacos foram usados no “Banco Escolar”, uma campanha de solidariedade social realizada em parceria com a Staples que permitiu entregar conjuntos de material escolar novo a crianças desfavorecidas apoiadas por instituições de solidariedade. 6 Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
A empresa Luís Simões, especializada no transporte e logística no mercado ibérico, acaba de ser distinguida com uma menção honrosa na IV Edição do Prémio Internacional para o “Melhor Modelo de Negócio”, promovido em Espanha, pela Associação para o Progresso da Direção. A Luís Simões, “galardoada por marcar a diferença através da sua estratégia comercial”, foi fundada em 1948. STORE MAGAZINE
Gustavo Núñez dirige Nielsen em Espanha e Portugal O grupo Nielsen, companhia de estudos de mercados e medição, nomeou Gustavo Núñez como diretor-geral para Espanha e Portugal. Será responsável pela coordenação da estratégia global do grupo na Península Ibérica, assim como por impulsionar novas soluções que integrem o conhecimento em torno do consumidor e seus hábitos de compra. A nomeação de Gustavo Núñez está alinhada com a estratégia da companhia – baseada nos princípios simple, open, integrated - que analisa o consumidor de acordo com uma perspetiva global, integrando todo o conheci-
mento da Nielsen através das suas distintas soluções, diz a empresa em comunicado. Núñez liderou a presidência e direção-geral na Europa da Nielsen Online, sendo também vice-presidente de NM Incite (a joint venture da Nielsen com McKinsey & Company). É licenciado em Publicidade e Relações Públicas pela Universidade Complutense de Madrid (UCM), assim como diplomado em Ciências da Imagem pela mesma instituição. Para além disso, é participante habitual em fóruns e congressos do sector, assim como professor em business schools de todo o mundo.
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Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
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Grande Plano
“A retoma terá de vir do sector transacionável da economia, tanto exportações como substituição de importações”. A convicção é do ex-ministro da Economia e atual diretor-geral da COTEC Portugal, Daniel Bessa, que defende que o modelo do mercado interno – o “pecado capital” da economia portuguesa - está esgotado.
Daniel Bessa, economista
Retoma terá de vir das exportações Store | Esta entrevista acontece pouco depois de aprovado o Orçamento de Estado. É um orçamento exequível? Daniel Bessa | Os últimos anos têm-se caracterizado pela impossibilidade de fazer cumprir os Orçamentos de Estado propostos pelo Governo e aprovados pela Assembleia da República. Há várias razões para que assim aconteça. Os aumentos de impostos nem sempre rendem o esperado – fala-se, a esse respeito, em fadiga fiscal, incluindo evasão crescente à medida que se agrava a carga tributária. A própria austeridade gera ciclos viciosos, diminuindo o crescimento económico e aumentando o desemprego, com dificuldades acrescidas de cobrança de impostos e pressão acrescida ao aumento dos gastos sociais. Há manifestações de incumprimento puro e simples, nomeadamente em matéria de limites de despesa, tanto por parte de administrações públicas como por parte de empresas públicas – sem que, aparentemente, nada aconteça. Há, por último, as deliberações do Tribunal Constitucional, que nem sempre permitem a execução do Orçamento de Estado, tal como foi apresentado. Não sei o que vai acontecer em 2013. A razão maior para admitir que (o orçamento) não venha a ser executado é a experiência de anos anteriores – as mesmas causas costumam produzir os mesmos efeitos.
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Fernando Veludo/nFactos
Store | Diria que este orçamento é um contributo positivo para a sustentabilidade da economia nacional? DB | Não há sustentabilidade da economia nacional sem um regresso pleno à normalidade das condições de financiamento (do Estado e, por arrasto, do sector bancário, das empresas e das famílias). Esse regresso exige o cumprimento de várias condições em que me permito destacar a dimensão da dívida pública, a dimensão do défice público, a capacidade de executar (“entregar”) os orçamentos, o crescimento da economia. Não creio que haja uma cartilha em que se diga, preto no branco, quais são os níveis exatos de cada uma das variáveis apontadas que garantem o chamado “regresso aos mercados” – matéria entregue
“A razão maior para admitir que (o orçamento) não venha a ser executado é a experiência de anos anteriores – as mesmas causas costumam produzir os mesmos efeitos”
STORE MAGAZINE
“O ‘pecado capital’ residiu, do meu ponto de vista, numa orientação excessiva da economia para o mercado interno, onde se vendia ‘tudo e mais alguma coisa’, desde habitação e obras públicas a bens de consumo privado e público”
Store | O crescimento (ou melhor, a ausência dele) é o calcanhar de Aquiles da nossa economia. Se fosse novamente ministro da Economia, qual seria a sua primeira medida para o promover? DB | A economia portuguesa não cresce desde praticamente a viragem do milénio – tudo se passando, a este respeito, como se os anos noventa, e as políticas então conduzidas, tivessem exaurido essa capacidade de crescimento. O “pecado capital” residiu, do meu ponto de vista, numa orientação excessiva da economia para o mercado interno, onde se vendia “tudo e mais alguma coisa”, desde habitação e obras públicas a bens de consumo privado e público. Como o financiamento era assegurado em boa medida por dívida, privada e pública, este modelo colapsou no dia em que secaram as fontes de financiamento – tendo passado, entretanto, por uma fase de aumento galopante da despesa, do défice e da dívida pública quando o Estado, numa postura extremamente voluntarista, tentou compensar os primeiros sinais de retração da procura privada. A única coisa que tenho por certa, em matéria de retoma do crescimento económico em Portugal, é que ela não pode ser mais assegurada pelo mercado interno, muito menos por um crescimento do mercado interno financiado por dívida. A retoma terá STORE MAGAZINE
Fernando Veludo/nFactos
ao juízo dos credores, sempre discricionário, para não dizer arbitrário. Em qualquer caso: o facto de o Governo Português se ter conformado com o défice que lhe foi imposto pelos credores, para 2014 (os 4% do PIB), e o facto de ter apresentado à Assembleia da República um Orçamento de Estado alinhado com esse compromisso é um contributo positivo para a sustentabilidade da economia nacional, faltando agora averiguar como vai ser efetivamente executado.
de vir do sector transacionável da economia, tanto exportações como substituição de importações, embora esta, a substituição de importações, com um fôlego muito mais limitado. Tudo o que o Estado Português possa fazer para promover exportações, no contexto das apertadas regras de concorrência será bem vindo. Como não é possível promover aberta e diretamente as exportações, sugeri a adoção de uma medida da majoração dos aumentos de massa salarial para efeitos de determinação da matéria coletável das empresas em IRC – medida que, como é bom de ver, só o sector transacionável da economia estaria em condições de aproveitar. Store | Renegociar ou não renegociar a dívida, eis a questão. Defende que é inevitável. Porquê? DB | Tenho dito, desde a primeira hora deste processo, que Portugal dificilmente escapará ao que dantes se designava de um “acordo de credores” – algo que, olhos nos olhos, consistirá em dizer qualquer coisa do género “meus senhores, nós não conseguimos pagar a dívida, a menos que aceitem prolongar no tempo o seu vencimento e baixar as taxas de juro”. E tenho acrescentado, para melhor me fazer entender, que cem anos a um por cento seria ótimo,
“Tudo o que o Estado Português possa fazer para promover exportações, no contexto das apertadas regras de concorrência será bem vindo” sendo que cinquenta anos (metade do prazo) a dois por cento (o dobro da taxa) também seria muito bom. Um passo desta natureza acarretará, para os credores, perdas patrimoniais muito pesadas – pois imobilizarão o seu dinheiro por períodos muito longos, a taxas de juro muito baixas, sendo-lhes impossível transacionar estes créditos sem perdas elevadíssimas. Com o que poderá depreender-se que os credores nunca aceitarão de bom grado uma “solução” deste tipo. Parecendo-me este passo inescapável, a questão começa por residir na decisão que terá de ser tomada quanto ao momento mais apropriado para o fazer. Tenho defendido que, para o fazer, o País precisa de ganhar credibilidade acrescida, não vendo muito bem como será possível dirigirmo-nos
aos credores, dizendo que “não pagamos”, e, no mesmo momento, continuar a solicitar-lhes o financiamento de novos défices correntes. A dureza do processo de ajustamento em curso tem-me levado a admitir a antecipação deste “momento final”. Incluindo o acordo de renegociação da dívida entre as medidas que terão de contribuir para a eliminação do défice corrente das contas públicas. Tenho admitido, por último, que um passo desta natureza exigirá, como fator de credibilização acrescida, o lançamento de um imposto universal sobre todo o património de nacionais (aquilo que, desde há muito, o Dr. Miguel Cadilhe tem vindo a designar de “renegociação honrada” da dívida pública portuguesa). Store | Mas renegociar a que preço? DB | Ou eu me engano muito, ou será impossível o País continuar a financiar-se em condições de normalidade depois de, num processo de renegociação de dívida, ter imposto aos seus credores pesadas perdas patrimoniais. E uma situação destas, a ocorrer, perdurará por muitos anos – pelo menos enquanto os credores, e os seus descendentes, conservarem memória das perdas patrimoniais em questão. >>>
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Grande Plano
“Tenho estado, por esta razão, em desacordo com todos aqueles que, nas atuais circunstâncias, preconizam sempre alargamento de prazos para cumprimento dos objetivos, mais défice e mais dívida, venham eles da oposição ou do interior do próprio Governo” >>>
EURO
Como o Vietname para a China Se Portugal saísse do euro ficaria perante a União Europeia como o Vietname está para a China. É assim que Daniel Bessa responde quando questionado sobre como se situa entre os preconizam a saída da moeda única como uma tábua de salvação e os que a consideram uma sentença de falência do País: “Sair do euro, com consequente criação de uma moeda própria, logo desvalorizada, significaria o regresso do País ao modelo da “mão-de-obra barata”, que julgávamos completamente ultrapassado. Numa analogia que os mais rigorosos me perdoarão, Portugal posicionar-se-ia, num processo desta natureza, perante a União Europeia, como o Vietname se posiciona perante a China – um pequeno País cujo principal fator competitivo é o preço, por comparação com o seu grande vizinho. Admito que, em resultado de um processo desta natureza, o País pudesse retomar um ritmo de crescimento mais elevado, a partir de níveis de rendimento muito inferiores. E não
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quero entrar nos “detalhes” do modo como teria de ser resolvido o problema de todas as dívidas internas, algumas das quais teriam necessariamente de continuar expressas em euros (caso de dívidas perante credores internacionais), com as contas das empresas “reescritas” em moeda local muito mais fraca, tanto os balanços como as contas de resultados. No que se refere aos depósitos bancários, creio que teriam de ser redenominados em euros, com consequentes perdas patrimoniais para todos os depositantes. Há quem afirme não ser necessária esta redenominação, mas não vejo como poderíamos evitá-la: a alternativa seria a manutenção da denominação em Euros da dívida de todas as empresas clientes, nomeadamente das PME residentes, com consequente falência em massa destas empresas (sobretudo das mais viradas para o mercado interno), desemprego maciço e, por último, falência do próprio sistema bancário residente”.
Store | Como vê o desempenho de Portugal, por comparação com os outros dois países alvo de resgate financeiro? Vamos chegar ao fim de 2013 mais próximos da Grécia ou da Irlanda? DB | Julgo ser mais ou menos consensual a ideia de que constituímos uma espécie de “caso intermédio”, sem chegarmos ao sucesso da Irlanda e sem cairmos na mais absoluta falta de credibilidade, e no descalabro económico e social, que caracteriza a situação da Grécia. Os juízos que enunciamos a propósito desta questão têm evoluído, depois de um período inicial de alguma euforia, em que alegadamente estaríamos mais próximos da Irlanda do que da Grécia. A crise política do início do verão de 2013 aproximou-nos da Grécia, estando agora a recuperar, de novo, penosamente. Store | Continuar a financiar o défice é sustentável? DB | Se tenho vindo a referir, desde o início da crise de financiamento, que dificilmente escaparemos a um “acordo de credores”, só posso concluir que a continuação dos défices públicos, ao nível a que se têm verificado, é insustentável (pelo menos enquanto não começar a diminuir o peso no PIB da dívida pública). STORE MAGAZINE
Tenho estado, por esta razão, em desacordo com todos aqueles que, nas atuais circunstâncias, preconizam sempre alargamento de prazos para cumprimento dos objetivos, mais défice e mais dívida, venham eles da oposição ou do interior do próprio Governo. Store | Temos credibilidade para isso? DB | Em meu entender, a nossa credibilidade é muito escassa – parecendo-me algo exagerados os cumprimentos que nos dizem serem-nos endereçados por entidades que se congratulariam seja com o esforço de redução do défice público, seja com o trabalho de reforma estrutural da nossa economia. Joga a nosso favor a necessidade imperiosa que toda a União Europeia tem de um caso de sucesso das políticas de ajustamento (ia a dizer de austeridade) aplicadas a um país do Sul da Europa – isto, naturalmente, admitindo que o processo de construção europeia sobrevive, não se fragmentando de vez. E não posso deixar de realçar o empenho da Alemanha neste objetivo, em termos que me parecem muito mais construtivos do que os preconizados por alguns pequenos países do norte da Europa. Store | Mais do que no desemprego, tem preferido falar no emprego. Como gerar emprego no atual contexto? É por aí que passa o crescimento? DB | Nos últimos meses, temos ouvido vozes que se congratulam abertamente com a redução do desemprego em Portugal. Sem deixar de considerar esta redução um resultado positivo, posiciono-me, perante ela, de forma muito menos entusiástica. O fator que mais tem contribuído para a redução da taxa de desemprego é a emigração. Ora, se este processo pode representar o “salvamento” de muitas famílias (admiti-o sempre, quando não o preconizei abertamente) tenho de concordar que, quanto mais portugueses emigrarem, mais longe estaremos das indispensáveis condições de sustentabilidade das nossas finanças públicas, nomeadamente na área da Segurança Social/sistema de pensões. A sustentabilidade pretendida tem um único requisito essencial: o aumento do emprego, através do crescimento económico. É isso que celebrarei, com o maior entusiasmo, no dia em que começar o ocorrer. STORE MAGAZINE
“Julgo ser mais ou menos consensual a ideia de que constituímos uma espécie de “caso intermédio”, sem chegarmos ao sucesso da Irlanda e sem cairmos na mais absoluta falta de credibilidade, e no descalabro económico e social, que caracteriza a situação da Grécia”
PERCURSO
Uma vida na economia A economia é uma disciplina que não tem segredos para a Daniel Bessa. Essa tem sido a principal aposta da sua vida profissional e académica. O atual diretor-geral da COTEC Portugal nasceu no Porto e é licenciado em Economia (Universidade do Porto, 1970) e doutorado em Economia (Universidade Técnica de Lisboa, 1986). Foi ministro da Economia, Indústria, Comércio e Turismo num executivo liderado pelo socialista António Guterres, de outubro de 1995 a março de 1996. Na área académica foi docente da Universidade do Porto (setembro de 1970 a novembro de 2009). Ensinou na Faculdade de Economia (19701999 e, de novo, a partir de abril de 2009), na Faculdade de Engenharia (1989-1992), no ISEE - Instituto Superior de Estudos Empresariais (19882000), na EGP - Escola de
Gestão do Porto (2000-2008) e na EGP – University of Porto Business School (junho de 2008 a março de 2009). Ainda na área do ensino desempenhou, entre outros cargos, o de presidente do Conselho Diretivo da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (1978-1979), presidente da Comissão Instaladora da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (Abril de 1989 a Dezembro de 1990) e presidente da direção da EGP - Escola de Gestão do Porto (Junho de 2000 a Junho de 2008). No mundo empresarial é administrador da Finibanco Holding, e administrador não executivo de Efacec Capital. É também administrador não executivo da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal – AICEP, E.P.E. Preside aos conselhos fiscais da Bial, Sonae e Galp Energia.
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Supply Chain
Os cinco principais grupos de retalho alimentar em Portugal - Sonae, Jerónimo Martins, Auchan Portugal Hipermercados, Aldi Portugal e Lidl Portugal – estão entre as 457 empresas que assinaram, em Bruxelas, um acordo histórico entre a distribuição e a indústria relativo às relações da cadeia alimentar.
Distribuição e fornecedores fazem história Tudo começou em 2011. Em novembro desse ano os membros de sete associações empresariais concordaram em estabelecer os “Princípios de Boas Práticas” que continham uma série de práticas corretas e incorretas nas relações verticais na cadeia de abastecimento alimentar. Estes princípios foram bem recebidos ao nível da Comissão Europeia e, em janeiro de 2013, foi estabelecido um quadro para o 12 Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
seu desenvolvimento e execução. Em setembro, foi anunciada a entrada em vigor do Código de Boas Práticas Europeu relativo às relações da cadeia alimentar, entre o sector da distribuição e os seus fornecedores. Designado “The Supply Chain Initiative”, o projeto é um acordo de autorregulação e representa um marco histórico na relação entre os dois setores, contando com a adesão voluntária de
Trata-se de uma iniciativa de auto-regulação que define um conjunto de práticas às quais as empresas se comprometem
457 empresas europeias, entre as quais os cinco principais grupos de retalho alimentar em Portugal (Sonae, Jerónimo Martins, Auchan Portugal Hipermercados, Aldi Portugal e Lidl Portugal). Trata-se de uma iniciativa de auto-regulação que define um conjunto de práticas às quais as empresas se comprometem e que serão fiscalizadas através de uma comissão de acompanhamento a nível europeu. STORE MAGAZINE
Os princípios das boas práticas
Liberdade Contratual • Respeitar o direito de cada uma das empresas delinear a sua própria estratégia e política de gestão, incluindo a liberdade de determinar de forma independente se participa ou não em quaisquer acordos.
O que devem respeitar as partes contratantes: Princípios Gerais Consumidores • Ter sempre em conta os interesses dos consumidores e a sustentabilidade global da cadeia de abastecimento alimentar nas suas relações entre empresas. • Assegurar a máxima eficiência e a otimização dos recursos na distribuição de mercadorias em toda a cadeia de abastecimento.
Práticas Comerciais Leais • As partes contratantes devem negociar entre si de forma responsável, de boa fé e com diligência profissional.
Princípios específicos
Acordos Escritos • Os acordos devem ser reduzidos a escrito, salvo se tal for impraticável ou se os acordos orais forem aceitáveis e convenientes para as partes. • Devem ser claros e transparentes e abranger tantos elementos relevantes e previsíveis quanto possível, incluindo os direitos e os procedimentos de denúncia.
Previsibilidade
• Não se admite a alteração unilateral dos termos do contrato, a menos que esta possibilidade e as suas circunstâncias e condições tenham sido previamente acordadas. • Os acordos devem especificar os processos para que cada parte possa discutir com a outra eventuais alterações necessárias à execução do acordo ou devidas a circunstâncias imprevisíveis, tal como previsto no acordo.
Informação • A troca de informação deve ser efetuada em estrita conformidade com a legislação da concorrência e outra legislação aplicável, e as partes devem agir com diligência razoável para assegurar que a informação fornecida seja correta e não enganosa.
Confidencialidade • A confidencialidade da informação deve ser respeitada, salvo se a informação já for pública ou tiver sido obtida de forma independente pela parte destinatária, de modo legal e de boa fé. • A informação confidencial deve ser utilizada pela parte destinatária exclusivamente para os fins para que lhe foi comunicada. Fonte: http://www.supplychaininitiative.eu/
STORE MAGAZINE
APED também quer autorregulação em Portugal
Pedido Justificável • Uma parte contratante não deve usar ameaças para obter uma vantagem injustificada ou para transferir um custo injustificado.
Responsabilidade pelo Risco • Todas as partes contratantes da cadeia de abastecimento alimentar devem suportar os riscos inerentes à sua atividade empresarial.
Cumprimento • Os acordos devem ser cumpridos.
Ana Isabel Trigo Morais
A APED, que, através da associação europeia Eurocommerce, colaborou ativamente na “The Supply Chain Iniciative”, espera que em Portugal também seja adotado um mecanismo de autorregulação. Na altura em que foi anunciada o acordo em Bruxelas, a Associação tomou uma posição pública sobre o assunto: “É nossa expetativa que também em Portugal se consiga concluir um mecanismo de autorregulação como este que é lançado hoje em Bruxelas. É um assunto que está em discussão no âmbito da PARCA [Plataforma de Acompanhamento das Relações da Cadeia Agro-alimentar]”, destacou Ana Isabel Trigo Morais, diretora-geral da APED, acrescentando que “as cadeias de abastecimento da distribuição (supply chain), que se integram com as cadeias dos fornecedores, interagindo entre si e criando as cadeias de valor modernas, são o cerne da vitalidade do comércio e dos formatos de negócio de maior sucesso no mundo global de hoje”.
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Investimento
O Lidl está a celebrar 18 anos no mercado português. E fá-lo com um investimento de 45 milhões. O que, segundo a recém-nomeada diretora de Comunicação, Vanessa Romeu, prova que está para ficar. Também a estratégia se mantém: oferecer qualidade em marcas próprias ao melhor preço.
O Lidl está cá para ficar
As primeiras lojas abriram na região alemã de Ludwigshafen. Estava-se nos anos 30 e nascia assim o Lebensmittel – Sortimentsgrosshandlung, hoje Lidl. E um dos dez maiores distribuidores alimentares na Alemanha. Em 1995, a rota de internacionalização chegou a Portugal. Dezoito anos depois, é tempo de celebrar a maioridade num mercado em que foram investidos mais de mil milhões de euros. “Isso demonstra que estamos cá para ficar”, frisa a diretora de Comunicação da marca, Vanessa Romeu. Só este ano o investimento ascende a 45 milhões de euros: “É natural que se desenvolvam estratégias para nos atualizarmos e acompanhar os desenvolvimentos do sector”. Daí que esta verba seja canalizada para abrir novas lojas – três milhões foram investidos em Estremoz, em loja inaugurada a 14 de novembro -, requalificar
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MAIORIDADE
Obrigado, portugueses! Agradecer aos portugueses a confiança depositada na marca e nos seus produtos foi a forma que o Lidl encontrou para assinalar a chegada da maioridade no mercado nacional. Assim: • A 24 de agosto, ofereceu um milhão e meio de gelados a todos os clientes que visitaram as lojas. • De 29 de agosto a 8 de setembro, através do passatempo Megatalão, sorteou mais de 900 prémios, incluindo um BMW e um Mini Cooper One.
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A aposta da cadeia é “assegurar qualidade ao melhor preço, procurando a satisfação dos clientes, acompanhando naturalmente a evolução do preço das matérias-primas”
lojas já existentes – a de Santo André-Barreiro, por exemplo, reabriu ao público no final de outubro após obras de um milhão de euros - e para a construção da nova sede – a primeira pedra foi lançada em julho, simbolizando um investimento de 15 milhões de euros no concelho de Sintra. “O nosso objetivo é mostrar que continuaremos a trabalhar para oferecer produtos com a máxima qualidade ao menor preço e que estamos empenhados em consolidar a nossa relação com a produção nacional”, afianSTORE MAGAZINE
ça Vanessa Romeu. Afirma, aliás, que toda a estratégia de comunicação do Lidl Portugal assenta no reforço da relação com os portugueses. É neste âmbito que se enquadra a estratégia de aposta na produção nacional, com a qual – diz a diretora de Comunicação – o Lidl mantém uma relação “muito boa”: “A maioria das pessoas desconhece, mas atualmente aproximadamente 50 por cento dos nossos produtos são comprados a produtores nacionais. Por exemplo, somos os únicos onde a carne fresca é 100 por cento de fornecedores portugueses”. Entre outras, há uma explicação simples: afinal, cada país tem os seus gostos e preferências e “isso leva-nos a comprar grande parte da nossa oferta em Portugal”. Esta estratégia não se circunscreve ao mercado nacional, com o Lidl a assumir-se como um exportador da produção made in Portugal: “Havendo recetividade no país para o produto e capacidade de resposta dos produtores para fornecer com o nível de qualidade exigido para todas as nossas marcas, há total abertura”, sublinha Vanessa Romeu, dando como exemplo a exportação de pera rocha, kiwi, vinho, entre muitos outros produtos, para países como a Alemanha, a Espanha e o Reino Unido. E, num contexto de crise como o que o país
CONCORRÊNCIA
O Lidl é… A rede de supermercados Lidl possui um conjunto de vantagens competitivas face à concorrência, assim apresentadas pela Direção de Comunicação: • É a única insígnia com drivers de visita; • Tem a melhor relação preço qualidade nas marcas próprias; • É das cadeias com maior visibilidade nas redes sociais, com 300 mil fãs no Facebook; • Massificou o conceito gourmet, com a linha Deluxe; • A dimensão das lojas e a forma como estão organizadas permite ao cliente comprar todos os produtos de que precisa num curto espaço de tempo; • Aceita cartões de débito e de crédito sem limite mínimo de compras; • Edita a Dica da Semana, a única publicação em Portugal que chega gratuitamente a todos os lares, com 2,5 milhões de exemplares.
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Investimento
Vanessa Romeu Diretora de Comunicação e Relações Públicas do Lidl Com 15 anos de experiência profissional, chegou ao Lidl Portugal em outubro, depois de um percurso que a levou à Procter & Gamble, na Bélgica e nos Estados Unidos, e ao grupo Impresa, onde liderou a direção de marketing e publicidade da SIC e participou no desenvolvimento do projeto social SIC Esperança, enquanto vice-presidente.
atualmente atravessa, o preço é cada vez mais um fator diferenciador para contornar a retração do consumo. Diz a diretora de Comunicação do Lidl que a aposta da cadeia é “assegurar qualidade ao melhor preço, procurando a satisfação dos clientes, acompanhando naturalmente a evolução do preço das matérias-primas”. Nesse sentido, baixou em novembro o preço do óleo, do açúcar e da farinha, refletindo precisamente uma descida do preço das respetivas matérias-primas. E como se posiciona o Lidl entre os demais players do sector
da distribuição? Na ótica da diretora de Comunicação, o que diferencia a cadeia é o facto de ser uma insígnia construída sobre marcas próprias e que oferece qualidade ao melhor preço. Dá como exemplo a chegada às 238 lojas dos produtos Deluxe, uma linha gourmet com “preços imbatíveis”: “A seleção de artigos para o Natal foi cuidadosamente feita tendo em conta a nossa cultura e tradições natalícias, com uma preocupação acrescida de vender português, mas sem esquecer os produtos de referência do Lidl como os chocolates. Com o Deluxe dis-
ponibilizamos aos nossos clientes luxos acessíveis”. Em ano de aniversário, o Lidl mantém o seu compromisso com os portugueses. Mas que retorno tem tido? Vanessa Romeu não divulga números, limitando-se a afirmar que o desempenho esperado em 2013 está “em linha com o desejado”. Globalmente, as cerca de dez mil lojas espalhadas pelos 26 mercados em que está presente geram uma faturação líquida anual que ultrapassa os 45 mil milhões de euros, ficando por saber o peso de Portugal neste desempenho.
FICHA TÉCNICA
O Lidl e Portugal • Há 18 anos no mercado nacional • Uma rede de 238 lojas e quatro entrepostos • Emprega cerca de 4500 trabalhadores • Investiu 45 milhões de euros em 2013, mais 25 por cento do que no ano anterior • Criou 60 novos postos de trabalho este ano
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• Compra a produtores nacionais mais de 50 por cento dos produtos que comercializa no mercado português • Apoiou mais de 100 instituições de solidariedade social, com mais de um milhão de euros, em 2012
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Vestuário
Chama-se “Re-imagine C&A” e o primeiro espaço abriu em Madrid, em outubro. Trata-se de um novo conceito de uma marca que, em Portugal, tem 39 lojas. Domingos Esteves, diretor-geral da empresa no nosso País, fala à Store sobre o novo conceito, a presença em terras lusitanas e as novas tendências na área do consumo.
O novo conceito da C&A
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Móveis de madeiras claras, combinados com cores neutras nas paredes, a distribuição estruturada dos espaços, a criatividade aliada à decoração e à luz. Tudo para destacar o mais importante: a coleção. Foi assim que a C&A inovou em Madrid com a sua flagship store, em plena Gran Vía. O tema para esta renovação é “Re-imagine C&A”. Trata-se de um novo conceito que potencia a promessa “Inspired by Life”. A C&A coloca à disposição 1600 m2 distribuídos em três andares, integrando a moda com pequenos toques criativos na decoração, lâmpadas desenhadas com gorros ou bolsas, cadeiras como parte das estantes ou rodas de
bicicletas como base dos móveis que deixam ver a promessa “Inspired by life”. Para o diretor-geral em Portugal, Domingos Esteves, esta nova imagem faz parte de uma estratégia “que inclui muitas outras áreas e projetos que serão visíveis ao nosso cliente nos próximos meses. O lançamento da store concept coincidiu com a abertura da nossa flagship store em Madrid e a reforma da flagship store em Dusseldorf, na Alemanha”. O conceito e os resultados desta experiência vão agora ser analisados. Depois, chegarão a outros países onde a marca está presente, incluindo Portugal. Afirma o diretor-geral: “Iremos aprender e retirar conclusões dos clientes
OS NÚMEROS DA C&A
acerca da nossa store concept inaugurada em Madrid e em Dusseldorf, para que possamos posteriormente implementar noutros países europeus, como é o caso de Portugal”. Sobre a presença no nosso País, o responsável destaca o facto de ser uma das marcas líderes, com 39 lojas no mercado nacional. “Estamos verdadeiramente satisfeitos com aceitação do consumidor português à nossa marca”, afirma. Em maio desde ano abriu a loja de Guia, em Albufeira, “que está a ter uma excelente performance”. Para além disso, renovou, entre março e agosto um grande número de lojas, “para uma imagem mais moderna e de aproximação ao cliente”, afirma Domingos Esteves.
Raízes europeias, sucesso global
2.000.000 pessoas que visitam lojas Clemens e August Brenninkmeijer
1.500 lojas
20 países onde está presente
10.000 artigos vendidos pela empresa
190 grupos de produtos
39 Fonte: C&A
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lojas em Portugal
A história da C&A começa no século XVII e tornou-se global nos séculos XX e XXI, com a marca a chegar a países como a China, o Brasil e o México (estas filiais operam de forma independente da C&A Europa). As raízes da companhia estão nos antepassados de Clemens e August Brenninkmeijer( cujas iniciais fazem parte do logotipo da firma) que comercializavam têxteis em toda a Europa. Segundo o site da empresa, 200 anos mais tarde Clemens e August vendiam tecidos principalmente na zona da Alemanha e Países Baixos, seguindo a antiga tradição de família. Foram eles que, em 1841, na cidade de Sneek, situada na Frísia, fundaram a empresa C&A Brenninkmeijer. Vinte anos depois abriram, também na Alemanha, a primeira filial da C&A. Este foi o início de uma história de sucesso que dura até aos dias de
hoje. O plano de negócio dos dois fundadores era muito simples e ao mesmo tempo revolucionário para aqueles tempos: oferta de vestuário de boa qualidade a preços razoáveis, introdução de tamanhos padrão, assim como possibilidade de troca, orientada para o cliente. Desta forma definiram o benchmark no negócio do comércio retalhista da moda. Foi assim que o número de filiais cresceu continuamente nos Países Baixos. Os herdeiros da Clemens & August expandiram de igual forma o modelo de sucesso além das fronteiras holandesas. Em 1911 a empresa familiar abriu o primeiro estabelecimento em Berlim, na Alemanha. Mais tarde, seguiu-se a abertura de estabelecimentos em Inglaterra. A Segunda Guerra Mundial travou os planos de expansão. No entanto, no início dos anos sessenta a expansão prosseguiu, com a abertura de estabelecimentos na Bélgica, França e Suíça. Hoje, a empresa C&A, que continua a ser gerida como uma empresa familiar, encontra-se representada até mesmo na China, Brasil e México.
Fonte: www.c-and-a.com/pt/pt/corporate
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Vestuário
“Trabalhamos para surpreender todos os dias” Store | O que é o conceito “Re-imagine C&A”? Domingos Esteves | Com 172 anos de história no mercado, a C&A continua viva e em movimento, abrindo este novo espaço com o tema “Re-imagine C&A”. Trata-se de um novo conceito de loja que potencia a promessa “Inspired by Life”. A nossa marca e o design de loja foram inspirados na vida quotidiana, desde o mais simples pormenor até a algo extraordinário. Trata-se de um espaço de moda atrativo onde a roupa é a protagonista. Os móveis de madeiras claras, combinados com cores neutras nas paredes, a distribuição estruturada dos espaços, a criatividade aliada à decoração e a luz destacam o mais importante: a coleção. Trata-se de uma coleção cuidada, apresentada em paredes e móveis perfeitamente coordenados e complementados com fotos de manequins que aconselham e facilitam a compra. Apesar deste novo conceito de loja vamos continuar a oferecer aos nossos clientes a possibilidade de vestir bem, ao mesmo tempo que estão confortáveis. A C&A foi uma das primeiras marcas que democratizou a moda com um conceito inovador e que tem permitido às pessoas seguir a moda todos os dias, até aos dias de hoje. Store | Porque é que foi lançado agora? DE | Faz parte de uma estratégia que inclui muitas outras áreas e projetos que serão visíveis ao nosso cliente nos próximos meses. O lançamento da store concept coincidiu com a abertura da nossa flagship store em Madrid e a reforma da flagship store em Dusseldorf, na Alemanha. Store | Porquê a escolha do mercado espanhol para o lançar? DE | Teve a ver essencialmente com a abertura da flagship store neste mesmo momento em Espanha mas também pelo relevo do mercado espanhol no mercado têxtil europeu. Store | Quando é que o conceito chegará a Portugal? DE | Iremos aprender e retirar conclusões dos clientes acerca da nossa store concept inaugurada em Madrid e em Dusseldorf, para que possamos posteriormente
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Domingos Esteves, diretor-geral da C&A em Portugal
implementar noutros países europeus, como é o caso de Portugal. Store | Que balanço é que faz das duas décadas de presença em Portugal? DE | A C&A é uma das empresas líderes do setor, no mercado europeu. Os números demonstram isso mesmo: mais de 2.000.000 de pessoas visitam as cerca de 1500 lojas que a empresa possui em 20 países. A C&A oferece cerca de 10.000 artigos diferentes 190 grupos de produtos. No total estamos a falar de cerca de 60.000 desenhos diferentes, numa grande variedade de tamanhos. Em Portugal o balanço é muito positivo! Somos uma das marcas lideres no mercado da distribuição têxtil e temos uma presença consolidada com 39 lojas no mercado nacional. Estamos verdadeiramente satisfeitos com aceitação do consumidor português à nossa marca. Store | Como e para onde vai evoluir a C&A em Portugal? DE | Queremos partir da premissa que estamos a trabalhar: Inspired by life! Queremos que o cliente sinta que estamos mais perto dele e para isso temos alguns processos que permitem essa implementação. Para além da proximidade ao cliente, trabalhamos para surpreender todos os dias, oferecendo a equação perfeita entre a qualidade – preço e moda. Em maio desde
ano, abrimos a loja de Guia, em Albufeira, que está a ter uma excelente performance. Para além disso, renovámos entre março e agosto, um grande número de lojas em Portugal, para uma imagem mais moderna e de aproximação ao cliente. Store | O consumo está a mudar? Como é que a C&A segue e avalia estas mudanças? DE | Seguimos de perto as novas tendências de consumo para podermos aprender, reagir e adaptar-nos o mais rapidamente possível às novas condicionantes do consumo. Essencialmente escutamos cada vez mais o cliente de forma a podermos servi-lo de acordo com as suas expectativas e necessidades. Store | Que consumidor é que vamos ter no futuro? DE | Acreditamos que vamos ter um cliente cada vez mais orientado por “atitudes” e forma de viver e menos segmentado por idades ou classe socio económicas. Cada cliente tem uma personalidade própria e a roupa será um dos identificadores da sua personalidade, atitude e forma de viver. Um cliente inteligente e que tem claro como e onde efetuar as suas compras.
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Entrevista
O envelhecimento da população em Portugal é um problema que deveria ser discutido seriamente e o País ainda não está a fazê-lo, afirma Maria João Valente Rosa que dirige a Pordata - Base de Dados Portugal Contemporâneo, um projeto da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS). Defende que o Estado Social tem de ser reanalisado à luz de uma sociedade que é diferente.
Estado Social tem de ser outro
“O futuro da sociedade depende, em larga medida, daquilo que se fizer no presente”
Store | Quais as consequências que existem para Portugal por causa de ser um dos países mais envelhecidos do mundo? Maria João Valente Rosa | Tenho dificuldade em fazer previsões sobre o futuro da sociedade portuguesa. O futuro da sociedade depende, em larga medida, daquilo que se fizer no presente. É claro que existem domínios de menor incerteza em relação ao futuro, como o é a demografia. Sabemos que a 22 Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
população de Portugal vai continuar a envelhecer pelo menos a médio prazo – em 2030 vamos ser, por certo, mais envelhecidos do que hoje. E hoje já estamos bastante mais envelhecidos enquanto país do que no passado. Face ao acentuado envelhecimento da população portuguesa, em que os jovens e a população em idade ativa perdem importância por comparação à população idosa, como será a sociedade? Do ponto de vista de
“Mas o envelhecimento, como disse, é inelutável pelo menos a médio prazo”
sociedade nada está fechado. Mas posso avançar com três cenários possíveis: um de desadaptação, outro de desconforto e um outro de mudança. Store | O que é que significa o cenário de desadaptação social? MJVR | Será um cenário que resulta do deixar correr o tempo, de não se fazer nada, que poderá ocorrer se nos continuarmos a iludir com a STORE MAGAZINE
ideia de o tempo tudo resolve. As consequências deste cenário podem ser realmente muito críticas, designadamente no que diz respeito à sustentabilidade futura da proteção social, a qual tem por base um contrato de solidariedade geracional. Este compromisso é antigo e funciona, de forma simples, desta forma: eu, como pessoa ativa, estaria a trabalhar e a descontar para as pessoas que, entretanto, se reformavam e que eram poucas, supondo eu que, quando chegasse à reforma, outros fariam o mesmo por mim e, assim, o tempo ia passando. Ora, o que acontece é que as gerações seguintes começam a ser cada vez menos numerosas e as pessoas idosas começam a ser cada vez mais. Este modelo, que funcionou bem para a sociedade do passado, bem diferente da atual, já não serve. Com efeito, para financeiramente esse sistema manter algum equilíbrio nas condições atuais, ou se aumentam as contribuições (gerações activas) ou se reduzem as prestações (idosos), ou ambas as soluções. Os mais jovens e os idosos estão assim de lados contrários e, como tal, um conflito geracional de consequências sociais imprevisíveis pode ser o desfecho. Store | Vamos ao cenário do desconforto… MJVR | Este cenário admite que se avançariam medidas avulsas, por exemplo de equilíbrio financeiro, como o aumento progressivo da idade de reforma. Independentemente da necessidade de tais medidas, diria que se trata de paliativos que não vão ao fundo do problema, e por isso não são a sua solução. E, precisamente por o problema continuar a existir, o efeito seria o desconforto social. Apesar de tudo, não é um cenário tão crítico como o anterior. Store | Falta falar no terceiro cenário… MJVR | É o cenário da mudança profunda, que implica uma reorganização da sociedade. Ou seja, significa pensar e agir de forma diferente, face a uma sociedade que nada tem a ver com o que era. Store | O que quer dizer com isso? MJVR | Muitas vezes, atribui-se ao envelhecimento a responsabilidade deste problema social, e portanto supomos que, se ele parasse, tudo ficaria resolvido. Mas o envelhecimento, como disse, é inelutável pelo menos a médio prazo. Por outro lado, o envelhecimento não é um mal social. Esquecemos que o que está por detrás desse envelhecimento são conquistas sociais de que nenhum de nós quer abrir mão. Ou seja, quem não gosta de viver mais tempo, e em melhores condições? E ser livre? Sinceramente, não gostava de voltar aos anos 60, quando Portugal era um país relativamente jovem no contexto dos países da União Europeia pelas piores razões. O envelhecimento da população não é o problema. O problema está no facto de a sociedade não se ter adaptado ao curso dos factos.
“Não compete à Pordata discutir sobre os factos mas disponibilizá-los a todos os cidadãos, de forma gratuita, para que estes formem, a partir deles próprios, a sua opinião livremente”
As ambições da Pordata Store | A Pordata colocou na ordem do dia todas estas questões relacionadas com a demografia e o envelhecimento? MJVR | Não compete à Pordata discutir sobre os factos mas disponibilizá-los a todos os cidadãos, de forma gratuita, para que estes formem, a partir deles próprios, a sua opinião livremente. A facilidade de acesso aos dados estatísticos através da Pordata, que já conta com três bases de dados – Portugal, Europa e Municípios –, a abrangência dos temas disponibilizados sobre a sociedade contemporânea, as facilidades de visualização da informação estatística, a confiança dos dados apresentados em permanente atualização são, entre tantos outros, aspetos essenciais à construção do conhecimento e à livre discussão de ideias por parte de todos, sem exceção. Porque quando falamos de estatísticas, não se trata de números abstratos. Estamos a falar de casamentos, de nascimentos, de
empregos, de pensionistas, de alunos, de empresas, de justiça, de saúde, etc.. São números que falam sobre nós, sobre os nossos comportamentos e características. E, por isso, interessam a todos. Store | Como vai evoluir a Pordata? MJVR | A evolução passa por continuar a disponibilizar mais e mais dados estatísticos sobre a sociedade, com a inclusão de novos temas e indicadores. A formação, que damos gratuitamente de Norte a Sul do país, vai também continuar a ser uma prioridade importante. A aposta no reforço da literacia estatística, num país ainda com tantas falhas a esse nível, não pode igualmente ser esquecida. Aliás, tentaremos continuar o esforço de tornar ainda mais fácil e simples a compreensão dos indicadores e dos conceitos, através da utilização de linguagens mais abertas, mais naturais, mais usadas por todos.
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Entrevista
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A população mudou de perfil e a sociedade não se reorganizou e continua a pensar e a funcionar tal como se nada tivesse acontecido. Store | Quer dar um exemplo? MJVR | A organização do ciclo de vida é um bom exemplo. Genericamente, a nossa vida continua segmentada em três grandes fases: formação, trabalho e reforma. Cada uma dessas fases é balizada pelo marcador idade. Há uma idade para estudar, outra para trabalhar e outra para a reforma. Este modelo funcionou bem numa sociedade diferente da que temos atualmente, uma sociedade industrializada, muito baseada na utilização intensiva de mão-de-obra, uma sociedade em que poucas pessoas tinham hipótese de chegar aos 65 anos, uma sociedade com uma estrutura etária muito jovem. Mas hoje, apesar de nenhuma dessas premissas se manter, continuamos a funcionar dessa forma. Neste momento, as sociedades mais competitivas não são aquelas que têm pessoas mais “musculadas” do ponto de vista físico, mas sim intelectual; e é por aí que tudo se joga: pela educação, pela formação, pela ciência e inovação. Mas se o melhor critério para se medir o conhecimento não é por certo a idade, esta continua a contar mais do que o mérito na definição do valor social da pessoa. Um dos efeitos desta situação é a sociedade dar-se ao luxo de prescindir de um capital humano
“Sabendo que vamos viver mais tempo, e que as nossas capacidades vão variando, pergunto ainda por que continuamos apenas a pensar numa única carreira profissional para toda a vida?”
cada vez mais importante, os mais velhos. Pergunto: faz sentido? Sendo o tempo de vida um contínuo, pergunto ainda se não é mais inteligente, para cada pessoa e socialmente, misturar as várias fases do ciclo de vida, tradicionalmente separadas: a formação, o trabalho e a reforma e lazer, a partir da idade adulta. Tal quereria dizer trabalharmos menos intensamente numa fase da nossa vida, deixando tempo para abraçar outros projetos de formação ou tempo livre, e prolongar o trabalho através da possibilidade de reforma numa situação de tempo parcial. Sabendo que vamos viver mais tempo, e que as nossas capacidades vão variando, pergunto ainda por que continuamos apenas a pensar numa única carreira profissional para toda a vida? Pensar de forma diferente sobre o modo como nos devemos organizar em sociedade, sem pre-
conceitos herdados do passado, é o caminho que estipula que a pessoa deve contar mais do que qualquer atributo administrativo, como a idade. Trata-se mudanças na forma de pensar, estar e agir que não se fazem de um dia para o outro e não podem ser impostas. Todos nós somos chamados a participar neste processo de mudança, que mexe com mentalidades – algo que demora muito tempo. Mas é preciso começar… Store | Portugal está a debater estas questões? MJVR | Começa a dar sinais disso, mas ainda não está a discuti-las seriamente, pois julgo que a pressão do momento e dos tempos até eleitorais leva muitas vezes as pessoas a discutirem o que é o imediato, o urgente, e se esqueçam de discutir aquilo que é importante. Estamos muito preocupados
com o urgente, e temos de facto muitas situações urgentes para resolver, mas é mau que não se pense mais longe, e não se faça um mergulho um pouco mais em profundidade. Store | O Estado Social, tal como o conhecemos, terá profundas alterações? MJVR | Acho que salvar o Estado Social – que é o que está aqui em causa – é, no fundo, adaptá-lo aos novos tempos. Não o vejo como uma instituição inalterável. Surgiu, e muito bem, para responder a problemas concretos da sociedade. No entanto, os problemas alteraram-se e as respostas do Estado Social têm que passar, também por isso, a ser outras. Ou seja, o desenho desse Estado tem de ser reanalisado, à luz de uma sociedade que é diferente, de novos riscos sociais.
Uma estudiosa da Demografia Maria João Valente Rosa, doutorada em Sociologia pela Faculdade de Ciências Socias e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, é uma estudiosa da Demografia. Foi esta a especialidade que escolheu para o seu doutoramento e é autora, co autora e coordenadora de diversos trabalhos científicos publicados, especialmente relacionados com a análise social e demográfica da sociedade portuguesa contemporânea, o estudo do envelhecimento populacional e a avaliação sociodemográfica prospetiva.
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No âmbito da coleção ensaios da FFMS, foi co autora de “Portugal: os Números” (nº3) e “Portugal e a Europa: os Números” (nº39) e autora de “O Envelhecimento da Sociedade Portuguesa” (nº26). Desde 2009, dirige a Pordata - Base de Dados Portugal Contemporâneo, um projeto da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS). É Professora da Universidade Nova de Lisboa e integra como vogal, desde 2012, o Conselho Superior de Estatística, na qualidade de membro de reconhecida reputação de
mérito científico e independência. Foi nomeada, como dirigente, para o exercício de vários cargos públicos, entre os quais no Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (2007- 2009), no Gabinete de Informação e Avaliação do Sistema Educativo (GIASE) do Ministério da Educação (2005-2006) e na Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) do Ministério da Ciência e da Tecnologia (2000-2002).
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Reciclagem
Alertar a população para o correto encaminhamento dos equipamentos elétricos e eletrónicos em fim de vida, promovendo o aumento da sua recolha e reciclagem, informando e motivando comportamentos ambientalmente corretos. Este é o lema de uma campanha lançada pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) e pela European Recycling Platform (ERP) Portugal.
À procura de REEE
OBJETIVOS • Sensibilizar os consumidores para a correta deposição dos REEE; • Promover o aumento da recolha de REEE, através de uma iniciativa de sensibilização que tenha grande impacto junto dos consumidores e dos pontos de venda envolvidos. Exemplos de materiais que resultam do processo da reciclagem: • Metais (alumínio, cobre, prata, ouro, etc.) • Plásticos (canalizações de casa-de-banho, peças utilizatárias, mobiliário de jardim, entre outros) • Vidro (materiais de construção, novos CRT)
O QUE SÃO OS REE
“Procuram-se equipamentos em fim de vida” foi o lema da campanha, divulgada através de diversos órgãos de comunicação social e em lojas de empresas associadas da APED. Tratou-se de uma campanha que sensibilizou os consumidores para a importância da reciclagem dos REEE (Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos). Esta iniciativa surge no âmbito das atividades da APED e empresas associadas de promoção da melhoria contínua do desempenho ambiental da atividade, assegurando o cumprimento da legislação aplicável e a adopção de boas práticas ambientais. Procuram também realizar ações STORE MAGAZINE
de sensibilização ambiental e implementar programas de gestão ambiental, tendo em conta os progressos técnicos e científicos, as necessidades e expectativas dos consumidores. As empresas associadas da APED desenvolvem uma política orientada para a Prevenção e para a Promoção do Eco-Consumo, regendo a sua atividade com um sentido de responsabilidade em relação ao ambiente, procurando melhorar comportamentos, práticas e atitudes. A ERP Portugal abraça esta campanha com o objetivo de alertar a população para o correto encaminhamento dos REEE, informando e motivando comportamentos.
Para Ana Isabel Trigo Morais, diretora-geral da APED, “este é um contributo para promover a correta entrega de equipamentos em fim de vida por parte dos consumidores, sensibilizando-os para uma mudança de comportamentos e práticas.” De acordo com Ricardo Neto, diretor ibérico da ERP, “o encaminhamento destes resíduos é fundamental para assegurar o tratamento adequado das suas substâncias, nocivas para o ambiente e para a nossa saúde. A acrescentar que, através da reciclagem, é possível obter matérias primas, tão importantes no fabrico de novos produtos, evitando a sua extração da Natureza.”
• Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos. Ou seja, todos os equipamentos que precisam de corrente eléctrica para funcionar e que chegam ao seu fim de vida, ou porque já não funcionam ou porque, simplesmente, queremos substituí-los. • Exemplos de REEE: telemóveis, telefones sem fios, relógios de pulso, aparelhos para medir/ registar o tempo, balanças, secadores de cabelo, ferros-de engomar, batedeiras eléctricas, torradeiras, máquinas de lavar, frigoríficos, computadores, televisões, impressoras, câmaras de vídeo e lâmpadas fluorescentes.
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Responsabilidade social
Artur Almeida e Silva, presidente da Fundação Pão de Açúcar-Auchan
A Fundação Pão de Açúcar-Auchan é um fator diferenciador na distribuição em Portugal. Quem o afirma é o presidente da instituição, Artur Almeida e Silva, num balanço dos 20 anos de um projeto que nasceu de 115 quadros do grupo e que se estendeu entretanto à comunidade.
Uma aposta na educação Foi há 20 anos que um grupo de 115 quadros do então Grupo Pão de Açúcar deu os primeiros passos para concretizar aquela que hoje é a Fundação Pão de Açúcar-Auchan. Foi com contribuições financeiras desses fundadores que a instituição desenvolveu as primeiras iniciativas de apoio social àqueles para que fora criada – os colaboradores do grupo e suas famílias. Promover o espírito de colaboração e solidariedade entre os colaboradores do Pão de Açúcar e prestar-lhes apoio efetivo são, precisamente, os princípios que norteiam a fundação desde o primeiro dia, plasmados numa missão que passa por “melhorar a qualidade de vida dos colaboradores de Auchan Portugal, das suas famílias e da comunidade, contribuindo para a construção de uma sociedade 26 Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
mais justa, inclusiva e sustentável”, como sublinha o atual presidente, Artur Almeida e Silva. Na génese da fundação esteve, assim a ação social, mas entretanto outro pilar se lhe juntou: os equipamentos educativos. Não significa isto que a ação social tenha sido descurada: antes pelo contrário, desdobra-se num conjunto vasto de apoios e programas, do apoio familiar e de saúde à informação-orientação-encaminhamento, comparticipação nas mensalidades de creches, jardins de infância e ATL, programa início de ano letivo, prémios de mérito escolar, bolsas universitárias, campos de férias, banco de equipamentos. Um projeto iniciado em 2008 viria abrir caminho à intervenção no campo dos equipamentos educativos, com o objetivo principal
de contribuir para conciliação da vida pessoal e profissional dos colaboradores Auchan com filhos de idades compreendidas entre os quatro meses e os cinco anos, tendo em conta os horários alargados de abertura das lojas e o horário de trabalho por turnos. Um objetivo concretizado através dos dois colégios Rik&Rok – Creches e Jardins de Infância que estão em funcionamento, um na Amadora, no Centro Comercial Dolce Vita, junto ao hipermercado Jumbo, inaugurado em setembro de 2010, e outro em Alfragide, junto ao Centro Comercial Alegro/Jumbo de Alfragide, que entrou em funcionamento em setembro de 2012. “Foi uma decisão importante que alterou a vida e o funcionamento da fundação. Foram realizados investimentos significativos, pasSTORE MAGAZINE
discurso direto
Crise aumentou pedidos de ajuda Store | Que balanço faz destes 20 anos de existência? Artur Almeida e Silva | O balanço é extremamente positivo. A fundação prosseguiu de forma metódica e consistente a vontade dos seus fundadores, apoiando socialmente os colaboradores Pão de Açúcar/Auchan e desenvolvendo ativamente o espírito de colaboração e solidariedade entre todos. Alargou a sua ação à área educativa, com resultados que têm merecido os mais elogiosos comentários de diversas entidades. O atual significado do conjunto das suas atividades pode ser evidenciado pelo valor do seu orçamento para 2013 de quase dois milhões de euros. Neste balanço devemos referir o apoio recebido desde a primeira hora do Groupe Auchan/Auchan Portugal, fundamental para o desenvolvimento da atividade da fundação. Store | Vinte anos depois, e no atual contexto do país, justifica-se, mais do que nunca, uma instituição como a fundação? AAS | Sem dúvida. As instituições como a Fundação e as IPSS em geral desenvolvem um trabalho fundamental e indispensável de apoio social às populações, suprindo as insuficiências e substituindo muitas vezes o papel e as responsabilidades do Estado. A nossa fundação é um exemplo – uma instituição de colaboradores para colaboradores de uma grande empresa - que deveria ser seguido por outras organizações, seus responsáveis e colaboradores, principalmente no atual contexto social, económico e financeiro do nosso País. Store | De que modo é que a crise económica se tem repercutido na atuação da Fundação, nomeadamente ao nível das solicitações? AAS | A crise tem-se refletido na fundação sobretudo através do aumento do número de pedidos de apoio na área da ação social, resultante de vários tipos de dificuldades das famílias dos colaboradores: desemprego do cônjuge, redução dos rendimentos familiares, sobreendividamento, etc. As verbas para este tipo de apoios foram reforçadas de modo a podermos corresponder a estas novas necessidades, o que exigiu um reajustamento dos montantes atribuídos aos vários programas, tendo em conta as nossas limitações orçamentais.
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“A crise tem-se refletido na fundação sobretudo através do aumento do número de pedidos de apoio na área da ação social”
sou-se a dispor de património imobilizado, foi criada uma nova organização funcional e o número de colaboradores aumentou naturalmente. Tivemos apoios importantes da Auchan, do Instituto da Segurança Social (Programa PARES), do Ministério da Educação/DRELVT (Programa PARPRE) e da Câmara Municipal de Oeiras (cedência de terreno)”, destaca Artur Almeida e Silva. Com capacidade, totalmente ocupada, para 155 crianças, adotaram o modelo educativo HighScope, que promove a iniciativa e a criatividade, prosseguindo a excelência para plena satisfação das crianças e dos pais e encarregados de educação. Acresce que no colégio de Alfragide funciona desde julho de 2013 uma cantina social, no âmbito do Programa de Emergência Alimentar do Instituto da Segurança Social, com a colaboração da Câmara Municipal de Oeiras e da Junta de Freguesia de Carnaxide, com capacidade para entregar até 100 refeições por dia a famílias carenciadas da comunidade. A propósito, o presidente da fundação sublinha que, por via da abertura destes colégios, a fundação alargou a sua ação à comunidade em geral, ainda que nas inscrições seja dada prioridade aos filhos dos colaboradores. O mesmo acontece com a cantina social, que apoia também a comunidade. Só à ação social se mantém exclusiva dos colaboradores Auchan e respetivas famílias. Longo foi o caminho percorrido desde que os 115 quadros do grupo investiram recursos financeiros pessoais na criação da fun-
dação. A partir de 1997, passou a contar com um donativo anual da Auchan Portugal, exclusivamente destinado à ação social. O grupo financiou igualmente parte do investimento necessário para os colégios, a que se juntaram verbas próprias, da Segurança Social e do Ministério da Educação. A propósito, o presidente da fundação sublinha que “a sua exploração deve ser equilibrada e sustentável, contando com as comparticipações financeiras da Segurança Social apenas para a valência creche, como complemento das mensalidades pagas pelos pais, calculadas em função do rendimento familiar per capita. Não existem comparticipações do Estado para a exploração da valência jardim de infância, o que tem dificultado a obtenção do necessário equilíbrio económico de exploração dos colégios”. Assim sendo, é através de outros donativos e da organização de eventos de angariação de fundos, muitos deles de iniciativa dos colaboradores e das lojas e serviços Auchan, que a fundação obtém algumas receitas adicionais. Artur Almeida e Silva não tem dúvidas de que a fundação é “um fator diferenciador no âmbito da Distribuição. “Pela natureza e características da instituição, como foi constituída e é gerida, pelos seus objetivos e pelo espírito de colaboração e solidariedade, pelo envolvimento de muitos voluntários, pela colaboração prestada por muitos Colaboradores, pelo apoio da Auchan, que é uma das formas de concretizar a sua política de responsabilidade social”. Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
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Sustentabilidade
Esporão, UCASUL, Administração Hidrográfica dos Açores da Direção Regional do Ambiente, EPAL, Ecologicalkids, ASPEA e a Associação de Estudantes da Escola Secundária João de Deus, em Faro, foram os grandes vencedores da 6.ª edição dos prémios Green Project Awards (GPA) 2013 em Portugal.
GPA: os vencedores de 2013
José Manuel Costa, ceo da GCI
Nuno Sequeira, presidente da Quercus
Luís Reis, presidente da APED
Assunção Cristas, ministra da Agricultura
Os premiados foram revelados numa cerimónia que teve lugar na Fundação Champalimaud, em Lisboa, e que contou com a presença do ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, e da ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas. Foram distinguidas várias entidades em sete categorias distintas: Agricultura, Mar e Turismo; Investigação & Desenvolvimento; Information Technology; Gestão Eficiente de Recursos; Produto ou Serviço, Iniciativa de Mobilização SIC Notícias e Iniciativa Jovem. Na cerimónia foi ainda distinguido Dinis Leitão com o Prémio Obra Escrita Original Green Project Awards - Sociedade Ponto Verde, que pretende identificar, reconhecer e garantir a publicação de obras de qualidade em língua portuguesa que promovam práticas e procedimentos que fomentem o desenvolvimento sustentável. 28 Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
Nuno Lacasta, Agência Portuguesa do Ambiente
Jorge Moreira da Silva, ministro do Ambiente
A 6.ª edição dos Green Project Awards ficou ainda marcada pela conferência “Mobilizar Portugal para a Economia Verde”, na qual se debateram temas como: “A Competitividade de uma Economia Sustentável”; “A (R)evolução do setor primário como motor para o crescimento sustentável” e “Economia Verde: uma oportunidade para o crescimento”. Desde a sua criação em 2008, os Green Project Awards têm vindo a distinguir o mérito dos projetos que têm contribuído para promover a partilha de boas práticas que fomentem o empreendedorismo, a inovação, o desenvolvimento sustentável e a economia verde. Organizada pela Agência Portuguesa do Ambiente, a Quercus e a GCI, a iniciativa já recebeu, em Portugal, mais de 1000 candidaturas e reconheceu mais de 50 projetos. STORE MAGAZINE
Os vencedores
Investigação & Desenvolvimento
Agricultura, Mar e Turismo
UCASUL, União de Cooperativas UCRL - Refinolea - valorização integrada de resíduos e subprodutos da extração de azeite
Esporão SA - Agricultura - Produção sustentável
Projeto: Tem uma visão inovadora sobre o bagaço de azeitona extratado (BAE), numa altura em que a produção de azeite no Alentejo é a maior de sempre, tratando-o como uma matéria-prima a valorizar e não como resíduo. O projeto pretendeu ainda estudar a implementação do BAE no conceito de biorrefinaria.
Iniciativa Jovem Projeto 80 Grupo Informal 11º D da Associação de Estudantes (AE) da Escola Secundária João de Deus, Faro Projeto: O projeto “Nós propomos: conhecer para melhorar Faro” tem como principal preocupação promover uma aprendizagem autónoma, participada e comprometida com a educação para a cidadania.
Produto ou Serviço Ecologicalkids Unipessoal, Lda. - Piriuki V3 Projeto: A Piriuki nasceu em 2010, em Portugal, para melhorar a vida dos bebés e do planeta. As fraldas reutilizáveis Piriuki são de materiais têxteis, 100% recicláveis e decompõem-se em aterro em 180 dias. Permitem, por bebé, reduzir 1ton de resíduos e evitar o abate de 4 árvores, e permitindo às famílias poupar mais de 1700 euros em comparação com as fraldas descartáveis.
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Projeto: Levou à criação, em 2010, de um campo ampelográfico (colecção de castas) com o objetivo de preservar e estudar variedades de vinha praticamente extintas no país. A experiência da Herdade do Esporão contribuiu também para o desenvolvimento do plano de sustentabilidade para a vitivinicultura do Alentejo.
Information Technology Secretaria Regional dos Recursos Naturais-Direção Regional do Ambiente-Administração Hidrográfica dos Açores - Rede Hidrometeorológica dos Açores Projeto: Num contexto insular de 9 ilhas, a rede hidrometeorológica é um elemento essencial para a perceção das dinâmicas climatéricas de cada ilha e compreensão de eventos naturais, bem como servir de apoio à explicação das alterações climáticas. Atualmente, existe um total de 53 estações e a informação está disponível em tempo real.
Gestão Eficiente de Recursos
Iniciativa de Mobilização
EPAL - Empresa Portuguesa das Águas Livres - Redução de Perdas na Rede através do Sistema WONE - Gestão de Redes e Controlo de Perdas
SIC Notícias ASPEA – Associação Portuguesa de Educação Ambiental - Eu tenho um troço de rio, e tu? Adote um troço de Rio com o Projeto Rios
Projeto: Em 2012 a EPAL alcançou um nível de perdas de água abaixo de 9%, colocando-a como referência de eficiência no setor. Este valor é muito inferior à meta nacional do Programa para o Uso Eficiente da Água até 2020, fixado em 20%, e aos valores internacionais tidos como sustentáveis (15%). Com o sistema de gestão de redes e controlo de perdas WONE, a EPAL atua em antecipação, prevenindo roturas e as suas consequências.
Projeto: O Projeto Rios visa o envolvimento da sociedade na conservação e melhoria dos sistemas fluviais, promovendo o empreendedorismo ambiental, social e económico através do incentivo à adoção de um rio ou ribeira e sua monitorização num troço de 500 metros. Atualmente o Projeto Rios tem 300 grupos, 150 km de rios adotados e cerca de 7000 participantes diretos.
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Trabalhar em
MO, uma marca alegre, prática e próxima.
Sempre disponíveis para os clientes
Estar sempre disponível para ajudar os clientes. Este é o primeiro mandamento de todos os funcionários das lojas MO. Com 113 lojas em Portugal e 12 no estrangeiro (Canárias e Malta), é uma marca viva, alegre, prática e próxima dos clientes e é também assim que são os seus funcionários. A MO surgiu em setembro deste ano, substituindo a Modalfa – marca lançada pelo grupo Sonae em 1995. A nova marca de acessórios do grupo é inspirada na mulher de hoje e na sua família e tem como missão disponibilizar produtos com estilo a excelentes preços, como explica Elisabete Silva, diretora de operações e mercado da MO Portugal. Este novo conceito surge da necessidade identificada pelo grupo de satisfazer clientes cada vez mais inteligentes e informados. Assim, a MO pretende ser um espaço confortável, onde apetece entrar e estar, atraindo consumidores que procuram estilo a bons preços. 30 Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
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Elisabete Silva, diretora de operações e mercado da MO Portugal
A MO pretende ser um espaço confortável, onde apetece entrar e estar, atraindo consumidores que procuram estilo a bons preços “A nova loja MO reforça o posicionamento da marca, uma marca próxima, alegre, simples, conveniente, com uma oferta alargada de vestuário, acessórios e calçado com estilo a excelentes preços, sempre em linha com as tendências da moda”, refere Elisabete Silva. Com este novo conceito a loja ganhou também uma nova filosofia de organização, em que a simplicidade é um fator essencial. As novas lojas apresentam uma estética simples, com cores claras e uma aposta reforçada na qualidade dos equipamentos e murais. Pretende-se que o espaço seja inspirador e que dê vida aos produtos. Todos os espaços MO se enconSTORE MAGAZINE
tram segmentados em senhora, homem e infantil, sendo ainda separados por tendências, permitindo aos clientes encontrarem o estilo com que mais se identificam. Cada loja tem, por norma, dez funcionários com diferentes funções, desde tarefas de armazém, a reposição de produto ou vendas. A diretora de operações e mercado refere que as funções de cada funcionário estão também relacionadas com as fases do dia. Durante o período de abertura da loja, os funcionários estão mais disponíveis para atender e aconselhar os clientes, ajudando-os na escolha dos produtos. Noutras fases do dia realizam as tarefas de reposição,
arrumação de loja e receção e preparação das novidades, de forma a apresentarem aos clientes uma exposição apelativa que facilite a escolha do produto. O período de trabalho acompanha o horário de abertura das lojas, de modo a que existam sempre funcionários disponíveis para ajudar os clientes, em todas as horas. De acordo com Elisabete Silva, um funcionário MO é também ele um apreciador de moda, que conhece as principais tendências, gosta de comunicar e dá valor à relação com os clientes. Além disso, demonstra preocupação em expor de forma cuidada e apelativa os produtos. “É alegre, com elevado espírito de equi-
pa e gosta de desafios”, acrescenta. A empresa premeia a dedicação dos funcionários através de prémios mensais, recompensando aqueles que atingem o desafio de vendas definido. Além disso, a MO tem ainda um prémio anual de “Vendedor do Ano”, atribuído durante a convenção de quadros da Sonae Sierra. Mas a dedicação dos funcionários é também recompensada através da ascensão da carreira. Na empresa são vários os casos: há vendedores que chegaram a coordenadores de uma região, há responsáveis de loja que são hoje diretores regionais. Elisabete Silva é um bom exemplo: entrou para a Sonae há 20 anos para fazer um estágio e ficou. Hoje é diretora de Operações e Mercados da MO Portugal. Além disso, os funcionários podem contar com o apoio da empresa a vários níveis. Como explica Elisabete Silva, a MO dispõe de mecanismos para ajudá-los, mas opta sempre por analisar cada caso em particular de modo a encaminhá-lo para a melhor solução. “Temos um grande sentido de equipa dentro da loja, quando um colaborador não está bem, todos sentimos, pelo que todos estamos muito sensíveis a ajudar”, conclui.
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Marca Ana Duarte ad@briefing.pt
Manuela Tavares de Sousa, ceo da Imperial “Estes produtos acompanharam várias gerações de consumidores e hoje têm uma posição de destaque no mercado português”
Presente no mercado nacional há 85 anos, a Regina faz parte do imaginário dos portugueses. Em 2000, foi adquirida pela Imperial e ganhou um novo fôlego. Ambiciona ser mais do que uma marca de chocolates, quer ser uma “marca de afetos”.
Regina, a marca das boas recordações A marca Regina nasceu em 1928 e desde então tem feito parte da vida dos portugueses. Quem não se recorda da tradicional máquina de furos? E do chocolate com papel vermelho e dourado ou das sombrinhas de chocolate? Ao fim de 85 anos, estes são produtos que continuam a fazer parte do imaginário dos portugueses e a trazer boas recordações. Produtos que hoje renascem com nova força pela ‘mão’ da Imperial. 32 Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
A Regina foi adquirida em 2000 pela Imperial, que decidiu apostar no relançamento da marca. Todo o processo teve por base uma estratégia de marketing de criação de valor acrescentado, que passou pelo lançamento de uma nova geração de produtos associados ao restyling da imagem. Em simultâneo, foram também relançados produtos históricos, como as sombrinhas de chocolate, as tabletes com sabores a frutos, o Floc Choc e
o Coma Com Pão. “Estes produtos acompanharam várias gerações de consumidores e hoje têm uma posição de destaque no mercado português”, afirma Manuela Tavares de Sousa, CEO da Imperial. A Páscoa de 2002 foi a data escolhida para o relançamento da Regina e num curto espaço de tempo a marca voltou a assumir uma posição de destaque no mercado nacional. Tornou-se líder no segmento de frutos
secos cobertos com chocolate, conquistando elevados níveis de notoriedade junto dos consumidores. Só no ano passado vendeu 125 milhões de unidades deste produto. “A Regina detém a segunda posição no canal de impulso, sobretudo devido à excelente performance das sombrinhas e é já a terceira marca em tabletes também neste canal de vendas com as barras de aromas, as barras de leite e extra noir, assim STORE MAGAZINE
como com o chocolate de leite com pedacinhos de amêndoas”, refere a responsável. Tudo isto a coloca numa boa posição relativamente ao mercado: a Regina representa atualmente 40 por cento das vendas das marcas da Imperial. No ano passado, a Imperial registou um volume de negócios superior a 24 milhões de euros e alcançou, face ao ano anterior, um crescimento de 13 por cento no mercado interno e de 17 por cento no mercado externo. Durante o primeiro semestre de 2013, a empresa manteve um ritmo de crescimento e espera que o final do ano seja bastante positivo, como resultado dos produtos a lançar no Natal. Trufas em chocolate preto ou com aromas de frutas, a gama de frutos do mar, os Corações Regina e os bombons Regina Nuggets de Morango são apenas alguns dos mais de 25 novos produtos da Regina que irão chegar aos lineares da distribuição. O que representa mais do dobro das novidades apresentadas em anos anteriores. A marca tem tido também a preocupação de aliar a tradição e história com as novas necessidades STORE MAGAZINE
e exigências dos consumidores. Nesse sentido, lançou recentemente um novo formato da gama Super Poupança Aromas Regina, com produtos ajustados ao atual contexto económico. Além disso, procura garantir aos consumidores produtos inovadores, com novos formatos, sabores e texturas com propostas de valor de produtos tradicionais. Daí o relançamento dos bombons com recheio de frutos, em simultâneo com produtos novos e diferenciadores como a tablete de maracujá – o primeiro chocolate a ser lançado em Portugal com este sabor. Apesar das novidades e da inovação, a Regina continua a apostar nos produtos mais emblemáticos da marca que traduzem a componente de história e tradição e que correspondem à imagem reconhecida pelos consumidores. Os novos produtos mantêm, assim, uma coerência em termos de imagem, sendo que os elementos icónicos e simbólicos se mantêm também, ainda que inseridos em packings modernos. O objetivo é “continuar a proporcionar aos portugueses o recordar de memórias da juventude
Apesar das novidades e da inovação, a Regina continua a apostar nos produtos mais emblemáticos da marca que traduzem a componente de história e tradição
com produtos emblemáticos”, afirma Manuela Tavares de Sousa. Uma prova dessa vontade é o recente lançamento das máquinas de furos, em linha com a tendência de retromarketing, transportando o consumidor para outras épocas, às quais associa bem-estar e felicidade, neste caso a infância. “Pelo seu historial de mais de 50 anos a alimentar esperanças e a dar prazer a adultos e crianças, em feiras populares e estabelecimentos comerciais, entendemos que a máquina de furos tem tudo para um regresso em grande, trazendo alegrias a gerações inteiras”, comenta a ceo. A Imperial decidiu manter o ADN da Regina em todos os produtos, pois essa é uma aposta ganha numa marca que tem quase um século de existência e que continua a ser uma referência para os portugueses. Atualmente, a Regina é uma marca que alia tradição e história com modernidade. Mas pretende ser mais do que isso… Ambiciona ser uma “marca de afetos”, que cumpra com as expetativas dos consumidores e que os faça “viajar” por boas recordações. Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
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APED
Chama-se “Foco nas Pessoas” e faz um balanço do que tem sido a atividade da APED. “De onde vimos”, “Onde estamos” e “Para onde queremos ir”, são os capítulos do livro, em edição bilingue. Luís Reis, presidente da Associação, apresentou, em Lisboa, um livro onde o que se propõe não é um relatório e contas mas sim “uma viagem” que retrata os últimos dois anos e meio da distribuição em Portugal e aponta caminhos para o futuro. Na entrevista publicada no livro, Luís Reis refere que as pessoas são “o centro das nossas preocupações”.
Uma viagem pela distribuição
Luís Reis, presidente da APED
Cláudia Almeida e Silva, da Fnac, e Carlos Coelho, da Ivity
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O staff da APED (da esquerda para a direita): Patrícia Vasconcelos, Cristina Câmara, Alexandra Piçarra e Ângela Pessoa
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Ana Isabel Trigo Morais e António Saraiva, presidente da CIP
Luís Osório, autor do livro, e Susana Santos, diretora de comunicação do El Corte Inglés
Da esquerda para a direita: Ricardo Domingos, Jorge Jordão, Susana Campos e Nuno Abrantes, do Grupo Jerónimo Martins
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Carlos Coelho e José Manuel Costa, da GCI
Ana Isabel Trigo Morais, diretora-geral da APED
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Comércio Sofia Filipe jornalista, sf@briefing.pt
O “estar à mão” facilita e muito, sobretudo, tendo em conta o ritmo de vida acelerado, muito característico das grandes cidades. Não admira, pois, a aposta de diversas empresas num tipo de negócio específico: o de proximidade. Tem como objetivo estar mais perto do consumidor em plataformas de transportes, nos bairros ou em regiões afastadas do centro urbano e hoje assume novas formas como o provam os exemplos da Nestlé, Ten to Ten, Covirán ou FNAC.
A nova proximidade A facilidade e a rapidez são duas características das lojas de proximidade. De pequena dimensão, acolhedoras até, diferenciam-se por oferecerem aquele produto que o consumidor necessita de imediato e que dificilmente conseguiria adquirir porque encontrou a loja fechada, por exemplo. Este conceito é muito bem explicado por Beatriz Capaz e Pedro Capaz, a propósito da inauguração da primeira loja ten to ten, em Telheiras. “A primeira troca de ideias, que mais tarde deu origem ao projeto, foi fruto de uma necessidade que acreditámos ser partilhada com os outros habitantes do bairro: uma loja com uma oferta diversa e preços competitivos para satisfazer as necessida36 Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
des do dia a dia”, contam os dois sócios gerentes. A esta loja, inaugurada em 2009, juntam-se outras quatro, situadas no Alto dos Moinhos, em Cascais, no Parque das Nações e em Telheiras Norte. Quando aderiu à mesma filosofia, a Nestlé Portugal não escolheu um bairro mas sim a estação de metro do Marquês de Pombal pela “centralidade, por confluírem várias linhas da rede de metropolitano e por ser um local por onde passam milhares de pessoas todos os dias”, indica Victor Manuel Martins, diretor do negócio de out of home da empresa. Para já, só existe esta unidade de negócio criada para “facilitar a vida do consumidor, dando resposta às suas necessidades mais imedia-
tas e tendo em consideração o ritmo acelerado do quotidiano”, refere Victor Manuel Martins. Também a FNAC apostou num formato diferente, que obedece a dois conceitos distintos: proximidade e travel retail. Se o projeto piloto da Nestlé funciona num local acessível aos passageiros do metro de Lisboa, a oferta da FNAC é dirigida aos milhares que todos os dias passam por centros de transporte como os aeroportos ou as estações de comboios. “Deve ser suficientemente versátil para que possa adaptar-se ao contexto socioeconómico e adequar-se, o mais possível, ao perfil de cliente e zona envolvente onde se inserem”, diz José Leite, diretor de desenvolvimento de novos
formatos e parcerias da FNAC, referindo-se à oferta disponível até ao momento no Aeroporto de Lisboa. Pelo contrário, a Covirán, que exportou o negócio para Portugal por razões de proximidade geográfica, está presente em diversas localidades com o lema “chegamos onde outros não chegam”. Luis Osuna Hervás, administrador delegado desta cooperativa espanhola, diz que “através das 29 plataformas logísticas, três delas localizadas em Portugal, temos o objetivo de prestar um serviço aos nossos sócios para que estes, por sua vez, cheguem ao cliente final por meio dos 241 supermercados espalhados pelo país”. STORE MAGAZINE
NESTLÉ
A “uma carruagem” de casa Alternativa para as compras de última hora, visa “facilitar a vida dos lisboetas, proporcionando-lhes mais tempo para saborear a vida”, menciona Victor Manuel Martins, diretor do negócio de out of home da Nestlé Portugal. Neste espaço, que funciona entre as 07h00 e as 20h30, é possível comprar cereais, papas, chocolates, bebidas, refeições pré-cozinhadas ou comida para os animais de companhia. “Basta escolher na montra, solicitar e efetuar o pagamento ao balcão da cafetaria Buondi”, informa Victor Manuel Martins. Apesar de ter sido inaugurada há escassos meses, o porta-voz da Nestlé afirma que a aceitação tem sido excelente. “Conseguimos observar o nível de conveniência que estimávamos para a loja e é agora uma certeza que fazia falta às pessoas”, constata.
Victor Manuel Martins
Ideias-chave • O projeto piloto poderá ser replicado noutros locais. • Metro do Marquês escolhido porque é uma das mais movimentadas. • Neste conceito a loja vai ter com as pessoas.
FNAC
Acompanhar a tendência atual O lançamento e abertura de novos formatos de loja integra o projeto estratégico do grupo FNAC. Diz José Leite, diretor de desenvolvimento de novos formatos e parcerias da marca, que “no futuro o desenvolvimento passa pela existência de espaços com superfícies inferiores aos tradicionais”. Ou seja, com este modelo de negócio, pretende alcançar zonas geográficas onde a indisponibilidade de implementação em espaços comerciais com superfícies inferiores a 2.000 m2 impedia a expansão em centros de cidades ou em zonas urbanas. Até porque, segundo afirma José Leite, “os formatos de loja mais peque-
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nos e mais próximos são uma tendência atual da preferência dos consumidores atuais”. Na ótica da marca, são novos conceitos que devem ser suficientemente versáteis, de forma a serem adaptados aos contextos socioeconómicos e adequados ao perfil de cliente e zona envolvente onde se inserem. Quando questionado sobre as perspetivas de futuro, José Leite indicou que já está a ser feito o estudo do potencial da implementação, que já se encontra numa fase final, “não só em termos de localização como em termos de formato (superfície ocupada) para cada zona observada”. Os resultados desta pesquisa vão ajudar na decisão com maior precisão.
José Leite
Ideias-chave • Segmentar uma oferta dirigida a novos públicos e potenciais clientes. • Livre serviço para uma maior experimentação e manuseio. • FNAC Aeroporto assenta em novidades editoriais, gadgets e tecnologia.
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Comércio
TEN TO TEN
Poupar tempo de forma confortável Funciona das dez às dez e está organizada em dez secções: mercearia, padaria, charcutaria, frescos, congelados, refrigerados, higiene pessoal, produtos para o lar, bazar ligeiro e publicações/tabacaria. Só ainda não existem 10 lojas, mas cinco. Todavia, os sócios gerentes, Beatriz Capaz e Pedro Capaz, afirmam que têm um plano de expansão que consideram ambicioso. Ressalvam, contudo, que, embora não querendo “dar um passo maior que a perna, faz parte dos nossos planos chegar às 10 lojas num futuro breve”. Enquanto decorre esta expansão, vão sendo preenchidas as neces-
sidades do quotidiano de clientes “urbanos, ativos e exigentes, que valorizam uma experiência de compra personalizada e diferenciadora”, apontam os responsáveis pelas cinco lojas cuja dimensão ronda os 200m2. O conforto associado à poupança de tempo encontra-se na base do conceito. “Nos dias de hoje, o tempo é cada vez mais escasso, sobretudo nos grandes polos urbanos, por este motivo as nossas lojas localizam-se fundamentalmente em zonas residenciais, para que naturalmente se integrem na rotina diária do cliente, evitando deslocações e perdas de tempo adicionais”, explicam Beatriz Capaz e Pedro Capaz.
Beatriz Capaz e Pedro Capaz
Ideias-chave • O horário inspirou a escolha do nome. • Compatível com a vida urbana ativa: próxima, completa e conveniente. • Na base do conceito encontra-se a ideia de conforto.
COVIRAN
Conquistar o mercado português Desde que a Covirán foi criada na vizinha Espanha, há 52 anos, que prima pela proximidade, em pequenas localidades rurais, para evitar que os respetivos habitantes tenham de fazer longas viagens para adquirir os mais variados produtos. Entrou no mercado português com o mesmo conceito: o de chegar mais perto dos associados, para que estes cheguem às diversas regiões. As apostas internacionais estão confinadas ao nosso País, mas segundo Luis Osuna Hervás, administrador delegado, não está descartada a hipótese de implementar a cooperativa noutros países europeus. Enquanto isso não acontece, pretendem continuar a apostar nos dois mercados. Em Portugal, a cooperativa disponibiliza cerca de 4500 referências e destas 800 correspondem a marca própria. “Os produtos frescos, frutas e legumes, assumem especial importância nos supermercados”, frisa Luis Osuna Hervás.
Luis Osuna Hervás
Ideias-chave • Investimento em Portugal ronda os 10 milhões de euros. • 29 plataformas, 3 delas situadas em Portugal. • Marca própria representa 25% das vendas aos associados.
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Responsabilidade Social
São muitas as instituições apoiadas pela distribuição, através de iniciativas enquadradas na política de responsabilidade social. O sucesso depende bastante da participação dos clientes e, apesar de a época natalícia ser mais propícia, muitas destas atividades já decorrem noutras alturas do ano.
Solidariedade todo o ano
Angariar fundos para a construção da primeira unidade de cuidados paliativos pediátricos é o objetivo da campanha Arredonda 2013 do Lidl. A segunda fase decorre em dezembro, mas já foram angariados cerca de 403 mil euros durante a primeira fase, graças ao contributo de mais de um milhão de portugueses. “O Centro Hospitalar do Porto cedeu uma casa e um terreno adjacente, para uso exclusivo de crianças com doenças crónicas, através da Associação no Meio do Nada”, avança Vanessa Romeu, diretora de Comunicação do Lidl Portugal. As ações enquadradas na política de responsabilidade das empresas são essenciais para a materialização de projetos como
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este, sendo a participação dos clientes o caminho direto para o sucesso. O Natal é, por excelência, uma época propícia a estes acontecimentos. “A Magia do Natal está nas nossas Mãos” é o nome da campanha desenvolvida pelo quarto ano consecutivo pelo Jumbo que dá continuidade à relação com a Fenacerci - Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social, permitindo apoiar mais de 10 mil crianças, jovens e adultos com deficiência intelectual e multideficiência. “Este ano, em parceria com a Casa Grande, criamos um calendário de Natal, que está à venda em todas as lojas Jumbo e Pão de Açúcar por 2 euros, sendo que 1 euro reverte para as Cerci”, refere Maria
Antónia Santana, responsável pelas relações institucionais da Auchan Portugal. Tal como aconteceu noutros anos, o Pingo Doce organizou campanhas de solidariedade para apoiar o Banco Alimentar e a Cáritas. A parceria com o BA traduz-se em duas campanhas: a disponibilização de um espaço nas lojas Pingo Doce para os voluntários recolherem bens alimentares e a venda de vales que se traduzem em alimentos, que depois são entregues à instituição. “10 milhões de estrelas” é uma ação que decorre até 24 de dezembro e que consiste na venda de velas cujo lucro reverte a favor da Cáritas. A Missão Sorriso começou por estar associada ao período nata-
lício, mas este ano passou a realizar iniciativas ao longo do ano. Criada pelo Continente, conta já com uma década de existência e apoia várias instituições que atuam na área da saúde infantil, envelhecimento ativo e luta contra a fome. Embora não tenha decorrido na época natalícia, a campanha “20 Anos, 20 Causas” foi lançada com o intuito de celebrar o 20.º aniversário da marca Dia, apoiando 20 instituições. “Durante 20 dias, os consumidores ajudaram simbolicamente a preencher os carrinhos com produtos Dia, no site Minipreço. A entrega desses produtos às instituições foi feita por figuras públicas”, indica Francisco Comino, diretor de Sustentabilidade e RSC do Grupo DIA. Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
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Responsabilidade Social
AUCHAN
DIA
80 mil calendários à venda para apoiar CERCI
20 Anos, 20 Causas O Dia Portugal colabora regularmente com o Banco Alimentar, “associando-se às campanhas nacionais de recolha de alimentos e através de donativos mensais dos nossos armazéns”, diz Francisco Comino, diretor de Sustentabilidade e RSC do Grupo Dia, referindo-se apenas a uma campanha desenvolvida no âmbito da política de responsabilidade social corporativa. Para assinalar o 20º aniversário, foi organizada uma iniciativa diferente. Objetivo A campanha “20 Anos, 20 Causas”, foi criada com o intuito de apoiar 20 causas. São privilegiadas instituições mais pequenas, que atuam junto de crianças, jovens, idosos, mães, sem abrigo, pessoas carenciadas e animais. Ações em 2013
Maria Antónia Santana
O Projeto Humanitário Auchan Portugal foi criado em 2001 com o objetivo de apoiar instituições de solidariedade social, escolas e infantários para crianças carenciadas e deficientes. Hoje, conforme indica Maria Antónia Santana, responsável pelas relações institucionais da Auchan Portugal, “talvez pelo sentimento generalizado que se vive, devido ao atual contexto económico, notamos que os nossos clientes estão ainda mais solidários e isso reflete-se nos resultados que conseguimos obter com as campanhas que realizamos”.
• Durante 20 dias, os clientes Minipreço puderam contribuir, preenchendo carrinhos com produtos Dia. A ação teve início em setembro e terminou com a entrega dos produtos às 20 instituições em novembro. No passado • Em 2012, foram entregues mais de 270 toneladas de bens alimentares ao BA. • No âmbito do Programa Escolar de Reforço Alimentar, realizado em parceria com o Ministério da Educação e Ciência, foram entregues perto de 40 mil pequenos-almoços no ano letivo de 2012/2013.
Objetivo A Auchan escolheu a FENACERCI por abranger várias CERCI. Os recursos financeiros destinam-se a ajudar as instituições e, consequentemente, a melhorar o bem-estar das pessoas com deficiência intelectual e multideficiência. Ações em 2013 • Venda 80 mil calendários, nas lojas Jumbo e Pão de Açúcar, no âmbito da campanha “A Magia do Natal está nas nossas Mãos”. No passado • Nos últimos 3 anos já foram doados cerca de 185 mil euros destinados a ajudar as Cerci. • Em 2012, mais de 3.400 crianças e jovens carenciados receberam cerca de 1.750.000 artigos escolares (97 mil euros) na campanha de solidariedade Escola AMI. • Em 2012, foram angariados cerca de 55 mil artigos (60 mil euros), que reverteram a favor das famílias desfavorecidas apoiadas pelo Banco Alimentar Contra a Fome.
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Francisco Comino
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CONTINENTE
Uma missão com sorrisos A Missão Sorriso promove diversas iniciativas em prol de várias organizações. Apesar de agora ser um projeto anual, o Natal continua a ser um dos períodos mais importantes e quando são dinamizadas várias iniciativas. Objetivo Beneficiar direta ou indiretamente a sociedade, aos níveis local e nacional, intervindo nas áreas da saúde infantil, envelhecimento ativo e luta contra a fome.
Ações em 2013 • Venda do livro de Natal “Leopoldina e os Mini Chefs”, que reúne 5 histórias e 27 receitas. • Chamadas de valor acrescentado. • Dinamização da página de facebook da Missão Sorriso. No passado • Do Jogo Solidário Portugal-Equador resultou a doação de 50 mil euros à Missão Sorriso. • Em 2012 foram angariados cerca de 1,4 milhões de euros para apoiar as instituições. Deste valor, foram distribuídos 912 mil euros por 43 instituições. • O tour dos 25 anos de carreira do Tony Carreira serviu para apoiar 8 instituições de 8 localidades.
LIDL
PINGO DOCE
Unidade de cuidados paliativos por construir
Dar a mão aos mais carenciados A crise tem despertado uma grande capacidade de mobilização e adesão a diversas causas de solidariedade e os consumidores do Pingo Doce não são exceção. Objetivo Enquadrados na política de responsabilidade social do Pingo Doce, os dois projetos desenvolvidos com o Banco Alimentar e com a Cáritas pretendem dar apoio às famílias carenciadas.
Retirar as crianças dos serviços de cuidados intensivos e proporcionar uma vivência mais familiar e harmoniosa é o objetivo mencionado pela diretora de Comunicação do Lidl, Vanessa Romeu. E avança com a informação que é esperado “acolher 30 a 40 crianças numa fase inicial”. Elogia os clientes por “responderem de uma forma extraordinária” e comenta que “pouco a pouco junta-se muito e o pouco de cada um é essencial para a melhoria das condições de internamento e para o conforto das crianças gravemente doentes”. Objetivo Angariar fundos para a construção da primeira unidade de cuidados paliativos,
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Vanessa Romeu
Ações em 2013
para as crianças com doença crónica, através da Associação No Meio do Nada.
• Disponibilização de espaço nas lojas para os voluntários do Banco Alimentar recolherem produtos alimentares. • Venda de vales, que são traduzidos em alimentos. • Venda de velas, cujos lucros revertem a favor da Cáritas.
Ações em 2013 • Campanha Arredonda 2013, em que cada pessoa contribui com o que pode. • Na primeira fase, em setembro, foram angariados cerca de 403 mil euros. A segunda fase decorre em Dezembro. No passado • O Arredonda no Lidl tem três anos e já angariou mais de um milhão e trezentos mil euros. Em 2011, a favor da Caritas e, em 2012, a favor do Hospital Dona Estefânia.
No passado • Em 2012, a campanha de vales do Banco Alimentar resultou em cerca de 100.000 vendas nas lojas Pingo Doce. Na campanha da Cáritas venderam-se 187.485 velas.
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Estudo
Como é que as marcas, as empresas e as instituições do Estado contribuem para a felicidade dos portugueses? Estamos mais ou menos felizes do que há 10 anos? Quais são os drivers para a felicidade? Foi para responder a estas perguntas que a Ipsos Apeme realizou para a Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN) um estudo para avaliar a felicidade dos portugueses.
Estamos menos felizes Índice de Felicidade / Valores em %
Situação afetiva/amorosa, auto-imagem, situação económica e social em Portugal e ocupação dos tempos livres são os quatro drivers para a felicidade descobertos no estudo. Segundo Carlos Liz, da Ipsos Apeme, importa referir que “ao identificarmos os drivers da felicidade e os respetivos clusters, conseguimos perceber que estes não têm uma afinidade total com os clusters de consumo. Com isto, queremos dizer que cada grupo de consumidores tem, de certa forma, os seus próprios drivers de felicidade”. Em relação a um estudo realizado em 2004 também pela Ipsos Apeme, conclui-se que de uma forma geral, os portugueses es42 Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
tão hoje menos felizes do que em 2004, registando uma média de 7,5 (numa escala de 1 a 10) face aos oito registados naquele ano. Aumentou também a falta de crença na felicidade, que em 2004 era partilhada por 16 por cento dos inquiridos, e que hoje atinge quase 25 por cento. Sobre as empresas recaem fortes expetativas, especialmente sobre as PME “pela sua influência tangível”. Os portugueses apontam as pequenas e médias empresas (PME) como as entidades que mais contribuem para a felicidade (62 por cento), face a apenas 28 por cento no que diz respeito ao contributo das marcas. As grandes empre-
Em relação a um estudo realizado em 2004 também pela Ipsos Apeme, conclui-se que de uma forma geral, os portugueses estão hoje menos felizes
sas portuguesas são referidas por 56 por cento e as multinacionais por 48 por cento. Em relação às instituições do Estado o sistema de educação, com 58 por cento, é apontado como o que mais contribui para a felicidade. Segue-se o sistema de saúde (56 por cento), as juntas de freguesia (40 por cento), as câmaras municipais (35 por cento), a segurança social (34 por cento) e os sistema de justiça (26 por cento) Para os portugueses, as principais expetativas em relação às empresas/marcas, referidas por mais de 71 por cento dos inquiridos, passam pela promoção de emprego, a honestidade e trans-
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parência com os consumidores, e a contribuição para o desenvolvimento económico do país. Da mesma forma, o estudo revela que quanto mais envolvidos e sofisticados são os consumidores, menor é a sua tolerância face às empresas/marcas que não contemporizem com a situação atual. O estudo sobre a felicidade dos portugueses e a sua relação com o consumo foi apresentado na conferência anual da Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN) e revelou as expetativas e níveis de felicidade dos consumidores face a diferentes elementos e entidades. A conferência contou ainda com a intervenção de António Carrapatoso, cuja intervenção foi também dedicada à felicidade e ao futuro, tendo sempre como pressuposto o atual contexto económico. O responsável da Vodafone lançou também um desafio para criar uma “melhor marca para o país e para as suas instituições”, que permita restituir a confiança interna e externa e, assim, potenciar maiores índices de felicidade. “Uma pessoa mais feliz, traz mais felicidade para os outros: no trabalho, aos amigos, na comunidade, muitas vezes é mais produtiva, saudável”, referiu na sua apresentação. Para Manuela Botelho, secretária-geral da APAN, a conferência foi um momento importante não só para assinalar os 25 anos da associação, mas também para reunir conhecimento que vai fazer a diferença no presente e no futuro das empresas: “Estamos a falar de elementos que marcam a vida atual das empresas e dos anunciantes, mas também de tendências que vão determinar os seus investimentos. É o ciclo de comunicação, de consumo e de mercado que está em causa, e que precisamos desconstruir, para perceber se estamos no caminho certo e a fomentar a relação certa com os nossos consumidores. E como é possível concluir deste estudo, as empresas não podem fazer de conta que a crise não existe continuando a manter as mesmas práticas”, afirmou. STORE MAGAZINE
Dimensões da Felicidade / Valores em %, Valores T4B (escala 1-10)
Expetativas face às empresas/ marcas / Valores em %, Top Box (escala 1-5)
FICHA TÉCNICA Universo População urbana, com idades compreendidas entre os 15 e os 65 anos, residentes em Portugal Continental. Amostra 1200 entrevistas, distribuídas segundo o método de quotas (sexo e idade), após selecção aleatória dos lares (por selecção aleatória de números de telefone). Data de realização das entrevistas Entre 22 de Maio e 17 de Junho de 2013 através de entrevistas telefónicas (C.A.T.I.). O erro amostral associado a esta amostra é de +/-2,8% para o intervalo de confiança de 95%. Fonte: APAN / Ipsos Apeme
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Prémios
Cinco categorias, cinco vencedores e 11 menções honrosas é o balanço da quarta edição do Nutrition Awards, que reuniu no auditório da Fundação Calouste Gulbenkian um vasto conjunto de personalidades ligadas à indústria, à distribuição, à academia e ao Governo.
Projetos com futuro
A quarta edição do Nutrition Awards premiou mais uma vez a inovação e o empreendedorismo no setor agroalimentar e ciências da nutrição em Portugal. Os vencedores foram eleitos pelo júri presidido pela Associação Portuguesa de Nutricionistas e constituído por personalidades de reconhecida idoneidade e credibilidade a nível académico, científico e empresarial. Os vencedores e as menções honrosas são empresas, projetos e textos que em comum têm como objetivo mobilizar a sociedade para a inovação no setor agroalimentar, e que passam agora a dispor de um selo de reconhecimento de qualidade e 44 Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
distinção, que poderão utilizar como reforço na credibilização dos seus produtos, serviços e projetos e como ferramenta de marketing e comunicação. A 4ª edição do Nutrition Awards decorreu este ano com o lema “Inovar para crescer”. Criado com o objetivo de mobilizar a sociedade para a inovação no setor agroalimentar, o Nutrition Awards tem ao longo das suas edições afirmado o valor do setor agroalimentar no panorama nacional, revelando e premiando bons exemplos da dinâmica deste setor, assente na inovação, com novas pessoas que chegam e trazem consigo esta capacidade empreendedora e inovadora.
Produto Inovação José Manuel Costa, presidente da GCI, Tiago Almeida e Filipe Simões, da Frueat, Nuno Vieira e Brito, secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar
Frueat A categoria Produto Inovação foi ganha pela empresa Frueat, que lançou recentemente no mercado fatias naturais de maçã desidratada. Produzidas na Quinta de Vilar, em Viseu, este produto 100% natural e nacional é constıtuído apenas por maçã, sem adıção de açúcar, gordura ou conservantes.O processo de secagem do produto foi desenvolvido em parceria com a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica e com a Escola Superior Agrária de Viseu.
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Serviço Inovação
Investigação e Desenvolvimento
MyFarm.com O principal objetivo da empresa “MyFarm. com – A sua horta, os seus produtos, o nosso engenho” é o de promover e sensibilizar a população para o cultivo e manutenção da sua própria horta, de 49 m2, participando, na medida das suas possibilidades, e conforme a informação disponibilizada, nas atividades do processo produtivo da mesma. Desta forma os clientes (e-agricultores) consomem, com toda a confiança, as hortícolas que decidiram produzir (a MyFarm disponibiliza cerca de 70 culturas de primavera /verão e outono / inverno). Na sua área de terreno é instalada uma câmara, a partir da qual o cliente pode acompanhar 24/24 horas o processo de desenvolvimento daquilo que pediu para ser plantado. Os agricultores são parceiros da empresa na componente
FRULACT – Indústria Agroalimentar, SA
José Feu, DGAE, Luís Luz e Alice Teixeira da MyFarm, Luís Filipe Costa, IAPMEI
da produção e partilham com a MyFarm os investimentos, os custos e as receitas (até 60% de todas as receitas, consoante o seu grau de envolvimento com o processo de produção e com o cliente).
Prémio Especial Comunicação Público
Luís Silvestre, revista Sábado “Porque é que comemos assim?” foi o título que Luis Silvestre deu ao texto da sua autoria publicado na revista Sábado e que apresentou ao júri Nutriton Awards. Ao longo das páginas da revista semanal o jornalista fala de “perceber os segredos do apetite, e que o cérebro é tão importante como o estômago. As cores e os sons são tão importantes como os sabores. E a genética é tão importante como os gostos.”
Bárbara Reis, diretora do Público, Luís Silvestre, jornalista da Sábado
Jorge Henriques, presidente da FIPA, Pilar Morais, da FRULACT, João Casanova de Almeida, Secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar
A FRULACT apresentou-se ao júri com o projeto “FruShape – Fruta em formas (desenvolvimento de uma matriz amiloproteica formatável contendo fruta, vegetais, chocolate ou cacau) ” e venceu a categoria respetiva. Produto com elevado valor nutricional, o FruShape é apresentado de forma lúdica e divertida, para os segmentos populacionais mais jovens, e como produto de fácil acessibilidade e consumo para os segmentos mais séniores. Resultado de um projeto de Investigação e Desenvolvimento iniciado em Setembro de 2010, a próxima fase do projeto FruShape é a industrialização e comercialização a partir de 2014.
Iniciativa de Mobilização
Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, a Edenred e a Direção Geral da Saúde “Alimentação Inteligente – coma melhor, poupe mais” foi o projeto em formato de manual apresentado pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, a Edenred e Direção Geral da Saúde e que recebeu o reconhecimento do júri Nutrition Awards. Destinado à população em geral, nomeadamente aos responsáveis pela gestão da alimentação familiar, este livro tem vindo a ser adotado como ferramenta de consulta interna em instituições públicas, como o Ministério da Solidariedade e Segurança Social, e por instituições privadas e da Economia Social e pode ser descarregado em vários sítios de instituições governamentais como www.alimentacaosaudavel.dgs.pt.
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Fernando Leal da Costa, Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Sara Ferreira e Cristina Santos, da Direção Geral da Saúde e Gonçalo Moreira Guerra, da Associação Portuguesa dos Nutricionistas
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Estante
Tendências
dESTAQUES
O Preço da Desigualdade Joseph E. Stieglitz
A ALMA DO NEGÓCIO Vários autores Através de 26 autores portugueses, o leitor terá uma ideia do estado do empreendedorismo em Portugal, o que significa ser empreendedor e quais são as ferramentas que pode ter ao seu alcance para iniciar o seu negócio. Editora: Sabedoria Alternativa
Em “O Preço da Desigualdade”, Joseph Stiglitz mostra-nos que a desigualdade crescente não é algo inevitável e que são os interesses financeiros que, no processo de criação da riqueza, sufocam o verdadeiro e dinâmico capitalismo. Com a sua visão única, Stiglitz analisa o cenário mundial, lançando hipóteses sobre as implicações que o crescimento da desigualdade terá na democracia, na política monetária e orçamental, e na globalização. Editora: Bertrand 19,90
Austeridade, a História de uma Ideia Perigosa
18,50
Mark Blyth
sugestão FNAC
Para o economista e professor Mark Blyth, autor deste livro, a viragem global para as políticas de austeridade é uma ideia muito perigosa. Como os últimos quatro anos e exemplos históricos do último século o demonstram, a tentativa do Estado em conter a despesa barrando os caminhos do crescimento até pode ter algum resultado prático, mas nunca quando todos os países o praticam em simultâneo - isso só leva à recessão global. Editora: Quetzal 18,80
O PODER DO MARKETING NO PONTO DE VENDA Robert Liljenwall Este manual cobre todos os aspetos do marketing no sector do retalho, tanto teóricos como práticos, desde o planeamento até à avaliação de campanhas de publicidade no local de venda (PLV). Editora: Top Books
19,99
A Fraude de Ícaro Seth Godin Chega de ilusões. Seth Godin, um dos marketeers mais relevantes dos nossos dias e um dos criativos mais originais do mundo do marketing, lança-lhe o desafio: não caia nessa. Não acredite em tudo o que lhe dizem que «não se pode» - e acredite mais naquilo que o faz pensar «eu consigo». Editora: Gestão Plus 15,50
Portugal e a Europa: os Números Paulo Chitas e Maria João Rosa O LIVRO DA MUDANÇA Mikael Krogerus e Roman Tschappeler A mudança está a acontecer à nossa volta, em todas as esferas, desde a política e pessoal até à económica e do meio ambiente. Em O Livro da Mudança vai encontrar modelos que explicam a crise financeira, por que razão a biotecnologia é a indústria do futuro e por que motivo as cidades são as novas nações. Editora: Marcador
13,50 46 Janeiro/Fevereiro/Março de 2014
A célebre frase do passado «orgulhosamente sós» pouco ou nada tem que ver com o presente de Portugal. Por isso, quando se fala de Portugal contemporâneo, raramente se evitam as comparações com outros territórios. O presente livro, Portugal e a Europa: os Números, foi construído numa ótica comparativa. Propomos, agora, olhar para os percursos de Portugal em comparação com os 26 países da União Europeia (UE27). Editora: Fundação Francisco Manuel dos Santos 5
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