Internacionalização
Consolidar, reforçar, acompanhar as empresas angolanas na sua expansão além-fronteiras. Estas são as frases-chave para as empresas portuguesas da área do branding que atuam em Angola. Rui Trigo, da Brandia Central, Duarte Vilaça, da Born, e Graça Hipólito, da Shift Thinkers, fazem um balanço da presença em terras angolanas e perspetivam o futuro. Carlos Cardim fala da back, a empresa que nasceu em Angola e quer conquistar Portugal e Moçambique.
Trabalhar marcas em Angola
Quando se pergunta quais as perspetivas de evolução no mercado angolano todas as respostas apontam num direção: crescimento. Com o mercado português paralisado e pouco atrativo, as empresas nacionais 20
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que operam na área da gestão e criação de marcas aumentam os seus investimentos em Angola. Para além do branding, muitas delas vão mais longe e apostam na publicidade, comunicação, ativação de marca e consultoria
estratégica. Com um mercado publicitário que movimenta 70 milhões de dólares, o nascimento de uma classe pronta a consumir e de grupos de media e a internacionalização das empresas angolanas, percebe-
-se que Angola é o futuro. Mas o país não se limita a “importar” ideias portuguesas, também “exporta” os seus projetos criativos nesta área. Exemplo disso é a back, empresa gerida por Carlos Cardim que refere que www.briefing.pt
para o mercado português tem duas abordagens: “Em primeira análise solucionamos a presença de alguns dos nossos clientes no mercado português, por outro lado apresentamo-nos ao mercado das empresas exportadoras como uma solução de apoio e de conhecimento dos mercados africanos de expressão portuguesa, e por último, uma vez que os mercados são globais, apresentamos a nossa visão de como as empresas portuguesas se devem expor internacionalmente de forma a serem bem-sucedidas, em mercados que não o mercado português”. Do lado das empresas portuguesas as perspetivas do mercado angolano não podiam ser melhores. Rui Trigo, da Brandia Central, refere que as previsões para este ano são de crescimento em Angola e “que o mercado externo representa, este ano, acima de 40 por cento das vendas globais do grupo. A atual conjuntura económica e financeira afeta, de um modo geral, todos os países da Europa. A Brandia Central, tem vindo a fazer um grande esforço e um grande investimento internacional do seu negócio, no sentido de captar projetos fora de Portugal”. Duarte Vilaça, da Born, promete novidades para 2013: “Angola é uma realidade do dia a dia da Born, sê-lo-à de forma ainda mais clara em 2013, quer em termos do volume de trabalho quer da própria forma como atuamos neste mercado. Graça Hipólito, da Shift Thinkers, quer atuar noutras cidades e províncias de Angola fora de Luanda e pretende também “desenvolver parcerias estratégicas com outros players, aprofundar a nossa ação didática no país e participar em projetos estruturantes”. Para já vão continuar a acompanhar os atuais clientes e a conquistar outros clientes novos. “Hoje a ambição das empresas angolanas vai muito para além das fronteiras deste país, a nossa maior ambição é acompanhar estes clientes para onde quer que decidam ir”, diz. www.briefing.pt
Com um mercado publicitário que movimenta 70 milhões de dólares, o nascimento de uma classe pronta a consumir e de grupos de media e a internacionalização das empresas angolanas, percebe-se que Angola é o futuro.
BORN
As relações de confiança
Briefing | Quando é que a empresa entrou em Angola e porque é que o fez? Duarte Vilaça | Trabalhamos para Angola desde 2008. A nossa entrada nesse mercado fez-se com o projeto de rebranding da escom, através do qual entrámos em contacto com várias indústrias, entre as quais a imobiliária. Foi um trabalho com grande impacto que gerou imediatamente novas oportunidades de negócio que temos vindo a desenvolver desde então.
Briefing | Quais as principais campanhas que têm desenvolvido em Angola? DV | Além do rebranding da escom penso que projetos como o rebranding da NewsHold, a criação Duarte Vilaça das marcas oondah, sócio fundador da Born doobahr e Oito Dezoito, Banco Comercial do Huambo, Cruz Vermelha de Angola e o projeto de solidariedade Juntos, assim como vários projetos da Zap têm sido os mais significativos.
Briefing | Que avaliação é que a empresa faz da presença no mercado angolano? DV | A avaliação é muito positiva, quer pela natureza e ambição dos projetos quer pela própria abertura e recetividade que temos encontrado por parte dos decisores angolanos. Temos estabelecido relações de confiança que nos têm permitido aprofundar a nossa presença no mercado, de forma consolidada, um pouco à semelhança daquilo que é a realidade da Born em Portugal.
Briefing | Como vai evoluir a relação da empresa com o mercado angolano e quais os principais projectos para 2013? DV | Angola é uma realidade do dia a dia da Born, sê-lo-à de forma ainda mais clara em 2013, quer em termos do volume de trabalho quer da própria forma como atuamos neste mercado. A seu tempo divulgaremos mais informação sobre estes temas.
A Born entrou no mercado angolano em 2008 e desde então tem desenvolvido vários projetos desde o rebranding à criação de marcas. Duarte Vilaça, sócio fundador da empresa, diz quem em 2013 vai haver novidades sobre a presença no mercado angolano.
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Internacionalização
BRANDIA CENTRAL
Internacionalização que começou em Angola Há oito anos no mercado angolano, a Brandia Central iniciou o seu processo de internacionalização neste país lusófono. Uma aposta ganha e que é para continuar, diz Rui Trigo, presidente de um grupo onde o mercado externo deve representar, este ano, mais de 40 por cento das vendas globais. Briefing | Quando é que a empresa entrou em Angola e porque é que o fez? Rui Trigo | O desenvolvimento do grupo Brandia Central passa por uma aposta crescente nos mercados internacionais. Temos neste momento escritórios próprios em Angola Moçambique, Brasil e Espanha. A Brandia Central está em Angola desde 2005, dando assim início neste mercado lusófono ao seu processo de internacionalização. É hoje uma corrida de fundo que em boa hora foi iniciada. Somos respeitados e reconhecidos enquanto Brandia Central. O mercado angolano é suficientemente importante para nele caberem agências nacionais e internacionais, como em qualquer outro mercado. Aliás, é dessa concorrência e interação saudável entre agências que o mercado se desenvolve e atinge cada vez maior riqueza criativa, qualidade e eficiência. Briefing | Que avaliação é que a empresa faz da presença no mercado angolano? RT | A empresa orgulha-se muito de já estar no mercado angolano há mais de oito anos. Trata-se de um mercado em franco crescimento, como de resto todos os sectores da vida do país, e compreensivelmente ainda deverá atingir patamares de desenvolvimento mais elevados. O nosso volume de trabalhos para clientes em Angola tem vindo a aumentar e a ganhar consistência. Hoje existem mais projetos de longo prazo e de grande visão.
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Briefing | Quais as principais campanhas que tem desenvolvido em Angola? RT | Temos realizado projetos importantes e de elevada qualidade para clientes prestigiantes, designadamente, Banco BIC, Banco para a Promoção e Desenvolvimento, Banco de Poupança e Crédito, Banco Regional do Keve, Global Seguros, Ministério da Assistência e Rui Trigo Reinserção Social, Ministérios dos Antipresidente gos Combatentes e Veteranos da Pátria, da Brandia Central Governo Provincial do Huambo, Governo Provincial de Luanda, Tensaí e COL - Centro de Operações Logísticas e Rede de Distribuição Nacional. Briefing | Como vai evoluir a relação da empresa com o mercado angolano e quais os principais projetos para 2013? RT | As perspetivas são francamente boas e estamos muito empenhados no crescimento do país e consequentemente da nossa atividade. As nossas previsões para este ano são de crescimento em Angola e que o mercado externo represente, este ano, acima de 40% das vendas globais do grupo. A atual conjuntura económica e financeira afeta, de um modo geral, todos os países da Europa. A Brandia Central, que é a maior empresa de Branding e Gestão de Marca do universo lusófono, tem vindo a fazer um grande esforço e um grande investimento internacional do seu negócio, no sentido de captar projetos fora de Portugal. Não desistiremos deste esforço e, por isso, a curto médio prazo esperamos aumentar o nosso volume de faturação externa e o peso relativo dos mercados internacionais.
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SHIFt THINKERS
Crescimento sustentado
Presente em Angola desde 2005, a Shift Thinkers pensa não apenas no negócio mas também numa presença didática, concretizada através de uma parceria com a Angola Business School. Graça Hipólito, partner da agência, diz ao Briefing que a ambição das empresas angolanas vai muito para além das fronteiras do país, e por isso a sua maior ambição é acompanhar estes clientes para onde quer que decidam ir. Briefing | Quando é que a empresa entrou em Angola e porque é que o fez? Graça Hipólito | A razão que nos levou a procurar outros mercados teve a ver com a constatação de que o nosso mercado era de facto muito pequeno para as aspirações da Shift Thinkers. O primeiro contacto que a Shift Thinkers teve com Angola foi em 2005, numa visita a Luanda, e foi uma experiência única, sentimos um entusiasmo neste país difícil de sentir em Portugal, o burburinho era uma constante desde manhã à noite, 7 dias por semana, tudo era possível sem restrições, os projetos poderiam ser tão grandes quanto nós os imaginássemos o que para nós, criativos foi como um bálsamo. Até 2009 atuámos desde Lisboa, sendo que nos deslocávamos com muita frequência a Luanda, a partir de 2009 passámos a ter uma pessoa a tempo inteiro em Luanda e logo depois abrimos um escritório de representação. Briefing | Que avaliação é que a empresa faz da presença no mercado angolano? GH | A Shift Thinkers tem hoje uma posição muito bem consolidada em Angola. Seguimos uma estratégia de crescimento sustentado à qual acrescentámos uma componente didática através do estabelecimento de uma parceria com a Angola Business School (a representação em Angola da Universidade Nova de Lisboa) com a qual colaboramos sendo professores convidados nas aulas práticas das cadeiras de marketing no curso de Gestão Aplicada desta instituição. Neste momento temos clientes nacionais e internacionais, trabalhamos marcas portuguesas, angolanas e multinacionais. A taxa de fidelização é elevada assim como o retorno. Temos clientes em Angola que nos levaram para outras partes do continente africano, como por exemplo Moçambique onde acabámos de abrir uma empresa
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de direito moçambicano. Hoje em dia o nosso grande desafio é conseguirmos desenvolver projetos para mais cidades angolanas, onde muito ainda está por fazer. Briefing | Quais as principais campanhas que tem desenvolvido em Angola? GH | Os projetos realizados em AngoGraça Hipólito la espelham a versatilidade da Shift partner da Shift Thinkers Thinkers em termos de gestão de marca. Desde formação, a publicidade, branding, assessoria de comunicação, ativação de marca, planeamento e compra de espaço publicitário, consultoria estratégica. Alguns dos principais clientes/projetos realizados em 2012: Herdade do Esporão / Monte Velho - campanha de publicidade que visou aproximar ainda mais uma marca líder e amada ao consumidor angolano; Banco Caixa Totta - Desde 2012 que desenvolvemos várias campanhas de publicidade integradas para o lançamento de produtos específicos desta instituição bancária; HCTA - Hotel de Convenções de Talatona, o 1º hotel de 5 estrelas de Luanda; Drive Angola representante das marcas Audi, SEAT e VW Comerciais; Luanda Grill - o primeiro grill gourmet de Luanda; Compal / Um Bongo - Atuamos na área de ativação de marca. Briefing | Como vai evoluir a relação da empresa com o mercado angolano e quais os principais projetos para 2013? GH | Para além de querermos estender a nossa atuação a outras províncias de Angola, queremos também desenvolver parcerias estratégicas com outros players, queremos aprofundar a nossa ação didática no país e participar em projetos estruturantes, queremos fazer parte da história do país e sentir que, de facto, podemos fazer a diferença neste país que muito nos tem dado. Para já vamos continuar a acompanhar os nossos clientes e a conquistar outros clientes novos. Hoje a ambição das empresas angolanas vai muito para além das fronteiras deste país, a nossa maior ambição é acompanhar estes clientes para onde quer que decidam ir.
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Internacionalização
BACK
De Angola para o mundo lusófono Ao contrário das outras empresas tratadas neste trabalho a back tem origem em Angola e fez o percurso inverso: veio de Luanda para Lisboa e também já está em Maputo. Carlos Cardim, administrador da back, contou ao Briefing a história da agência e as suas ambições no mundo lusófono. Briefing | Quando é que a back nasceu e porque é que nasceu? Carlos Cardim | A back surge há cerca de 6 anos para responder ao desafio de algumas empresas angolanas, que sentiam um deficit de qualidade, capacidade de resposta e ambição das empresas que operavam no mercado, no sector da comunicação. O desafio foi criar uma empresa angolana com capacidades de marketing, publicidade e gestão de media, que se rege-se segundo as melhores práticas em mercados como o europeu e o brasileiro. Hoje em dia sentimos que o desafio foi superado na sua primeira etapa. Entretanto, nos últimos anos, o mundo mudou com a crise nos mercados europeu e americano, e os desafios que hoje se colocam a uma empresa angolana e africana são de uma dimensão territorial e cultural que nos obriga a crescer para mercados como o português e o moçambicano. Briefing | Quais os primeiros projetos da agência? CC | O nosso primeiro cliente foi o BFA, Banco de Fomento Angola, que se mantem até hoje. Ao longo dos primeiros anos, o nosso posicionamento foi estabelecer qualidade e competência na abordagem ao mercado, aos clientes e aos consumidores. Pelo que crescemos lentamente, mas de forma sustentada e com clientes bastante relevantes para o mercado, como as cervejas N’Gola e Super Bock, a Western Union, a TV Globo, o Turismo da África do Sul e a Kraft Foods, só para dar alguns exemplos. Briefing | Como é que estão a apostar no mercado lusófono? CC | É fundamental distinguir que a lusofonia é um espaço de cul-
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tura, de história, de relações humanas e somente por último de relações comerciais. No que diz respeito a investimentos na área da comunicação, a lusofonia começa a ser entendida como uma comunidade diferenciada, em termos geográficos, no que diz respeito a África. A origem dos nossos clientes, a investir nos três mercados, é tão diversa como Estados UniCarlos Cardim dos, Médio Oriente, Singapura, Braadministrador da back sil, África do Sul, Angola e Portugal. Para materializar as ambições desses clientes, nos mercados angolanos, moçambicano e português, investimos em estruturas e recursos humanos locais, de forma a garantir o respeito pela cultura, pela sociedade e pela relevância da identidade que cada povo tem. Hoje em dia somos 48 pessoas, espalhadas por estas três geografias, com o objectivo de garantir a pertinência das acções, a qualidade e a ambição a que sempre habituamos os nossos clientes, desde o dia zero da back. Briefing | Que perspetivas é que têm para este mercado? CC | Para o mercado português a back tem duas abordagens, em primeira análise solucionamos a presença de alguns dos nossos clientes no mercado português, por outro lado apresentamo-nos ao mercado das empresas exportadoras como uma solução de apoio e de conhecimento dos mercados africanos de expressão portuguesa, e por último, uma vez que os mercados são globais, apresentamos a nossa visão de como as empresas portuguesas se devem expor internacionalmente de forma a serem bem-sucedidas, em mercados que não o mercado português.
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