Semínima

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semínima sua cultura de forma minimalista

SEGUNDA FEIRA, 14 DE SETEMBRO DE 2015 • ANO 1 • Nº 9

• R$12,00

MÊS DO ROCK IN RIO! SAIBA TUDO SOBRE OS 30 ANOS DO MAIOR FESTIVAL DE ROCK DA AMÉRICA LATINA NA PÁGINA 12

ARTE

VEM AÍ “ROGER WATERS THE WALL” LANÇA ESTE MÊS CONFIRA A ENTREVISTA EXCLUSIVA COM WATERS! PÁG. 13

“NOVA FOTOGRAFIA: MÍMESE” É EXPOSTA NO MUSEU DA IMAGEM E SOM

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cinema as novidades das telonas

EXCLUSIVO

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CONFIRA O QUE ROGER WATERS TEM A DIZER SOBRE O NOVO FILME EM ENREVITA EXCLUSIVA PARA A SEMÍNIMA

MARVEL

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OPINIÃO: ESQUEÇA OS QUADRINHOS! CAPITÃO AMÉRICA: GUERRA CIVIL SERÁ BEM DIFERENTE DA HQ

OSCAR

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BRASIL INDICA “QUE HORAS ELA VOLTA?” PARA TENTAR VAGA NO OSCAR

STEVE JOBS

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DOCUMENTÁRIO REVELA O LADO OBSCURO DE STEVE JOBS, FUNDADOR DA APPLE


CINEMA

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“THE WALL É A MINHA VIDA” DIZ ROGER WATERS A saga de um dos músicos mais famosos em seu novo filme

ROGÉRIO SIMÕES

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vida de Roger Waters foi marcada pela guerra décadas antes de ele nascer. Em 1916, quando seu pai, Eric Fletcher Waters, tinha apenas dois anos de idade, seu avô, George Henry Waters, foi morto na Primeira Guerra Mundial. O drama familiar repetiuse na Segunda Guerra, com a morte de Eric Fletcher, em 1944, na Itália, quando Roger era um bebê decinco meses. A história do ex-líder do Pink Floyd é um exemplo das feridas deixadas por conflitos armados –e que se recusam a cicatrizar. Numa nova versão da obra “The Wall”, Roger Waters decidiu exibi-las de forma mais explícita. “The Wall”, lançado originalmente em 1979, como um disco duplo do Pink Floyd, fala de um astro de rock atormentado pela perda do pai na guerra, a sua experiência em um sistema educacional repressor e difíceis relacionamentos com as mulheres e a sociedade. “É a minha vida”, resumiu, em entrevista exclusiva à Folha, em Londres. O filme “Roger Waters The Wall”, a ser lançado mundialmente em 29/9 – inclusive no Brasil –, traz a turnê que rodou o globo entre 2010 e 2013, vista por 4 milhões de pessoas, ao lado de reflexões do cantor sobre suas dores pessoais. O resultado é maior que o sofrimento de uma família marcada pelas guerras: uma convocação contra todos os conflitos

armados e a violência política que até hoje matam incontáveis inocentes. O próprio Waters codirigiu o filme e é seu personagem principal. Entre uma música e outra, vemos o artista em uma jornada até a França, onde está o túmulo do seu avô, e a Itália, onde o nome de seu pai, cujos restos mortais nunca foram recuperados, está escrito num cemitério militar. Aos 71, Waters revelou que já tem um novo álbum composto e pretende realizar uma série de shows, que devem incluir sucessos do Pink Floyd. SEMÍNIMA: O que esse filme signitica para o senhor? ROGER WATERS: Minhas motivações para fazer o filme foram as mesmas que tive para fazer o show. Tendo tomado a decisão de ressuscitar o trabalho [“The Wall”], tinha então que pensar como poderia atualizá-lo – algo que fiz com Sean Evans. Tudo mudou para mim desde 1979 [ano do lançamento do disco “The Wall”, do Pink Floyd]. É um manifesto muito pessoal, mas de certa forma é bem menos do que era em 1979, quando ele era mais concentrado nos meus problemas pessoais. Gosto de pensar que esse filme espalha suas preocupações de forma mais geral, sobre todo o mundo que teve entes queridos mortos em guerras, não apenas sobre meu pai ou meu avô.

SEMÍNIMA: Apesar das mudanças, “The Wall” ainda tem a mesma história de 1979. Por que esse disco é tão duradouro e ainda toca os jovens? ROGER WATERS: Quando as pessoas atingem a puberdade, elas começar a pensar num panorama maior, a pensar mais filosoficamente ou politicamente sobre as coisas. Existe uma fome por algo que elas, instintivamente, sabem que é real. “The Wall” não é algo construído, inventado. É a minha vida. Sou eu escrevendo sobre meus sentimentos e pensamentos. E, obviamente, tem algumas músicas cativantes. “Another Brick in the Wall” é uma espécie de hino de protesto bacana para jovens estudantes cantarem –ou qualquer pessoa cantar. Na África do Sul, antes do fim do apartheid, garotos negros cantavam isso nas ruas quando estavam recebendo tiros da polícia. SEMÍNIMA: Seus próximos passos serão na atuação política ou no mundo da música? ROGER WATERS: Eu acabo levado para várias direções, mas compus um novo álbum e estou trabalhando nisso. Esperto transformá-lo num show para arenas. É uma ideia teatral interessante. Se eu tocar em arenas, obviamente vou tocar músicas antigas também. Por sorte, como eu te-

“MINHAS MOTIVAÇÕES PARA FAZER O FILME FORAM AS MESMAS QUE TIVE PARA FAZER O SHOW” nho pintado o mesmo quadro nos últimos 50 ou 40 anos, “Us And Them” e outras músicas antigas minhas vão combinar com uma narrativa nova, porque elas carregam mensagens semelhantes ao meu novo trabalho. Eu lhe digo sobre o que é: meu novo álbum é sobre um velho homem e um garoto, e o garoto tem um pesadelo em que as crianças estão sendo mortas. E ele não sabe por quê. Então ele pergunta ao velho, “Por que eles estão matando as crianças?”. E o avô responde, “Vamos descobrir”. É simplista, mas ao mesmo tempo é importante perguntar: “Por quê?”.


CINEMA

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“QUE HORAS ELA VOLTA?” TENTA VAGA NO OSCAR A saga de um dos músicos mais famosos em seu novo filme

ROGÉRIO SIMÕES

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Ministério da Cultura anunciou nesta quinta-feira (10), em evento no Rio de Janeiro, que o longa “Que horas ela volta?”, de Anna Muylaert, vai representar o Brasil na disputa pelo Oscar 2016 de melhor filme em língua estrangeira. Com Regina Casé no papel da empregada doméstica Val, “Que horas ela volta?” foi elogiado pela crítica do “NY Times”, “Le Figaro”, “El Pais” e “Guardian”. Também recebeu prêmios no Festival de Berlim, na Alemanha, e de Sundance, nos EUA. No longa, Val é uma mulher que sai do interior de Pernambuco, onde deixa uma filha pequena, Jéssica (Camila Márdila), com direção a SP. Ela passa a trabalhar como babá de Fabinho e sente culpa por ter “abandonado” Jéssica. O reencontro acontece quando a garota resolve morar com a mãe para poder prestar o vestibular da USP. A seleção final dos concorrentes na categoria ainda será definida pela organização da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, responsável pela premiação. Os indicados devem ser divulgados no dia 14 de janeiro de 2016. A 88ª edição do Oscar acontece no dia 28 de fevereiro. A última vez que o Brasil teve um filme indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro foi em 1999, com o famoso “Central do Brasil”.

ológico nem fala de revolução. Mas consi-

Regina Casé em cena do filme “Que Horas Ela Volta?” O prazo para o recebimento de inscrições de longas brasileiros se encerrou no dia 31 de agosto. Foram admitidas apenas produções exibidas no circuito comercial pela primeira vez e por pelo menos sete dias consecutivos no período de 1º de outubro de 2014 e 30 de setembro de 2015, comprovado por meio do cronograma de exibição. A Comissão Especial de Seleção é formada pelo coordenador da Secretaria do Audiovisual do MinC Lula Oliveira; o cenógrafo e produtor Marcos Flaksman; o crítico de cinema Rodrigo Fonseca; o diretor Daniel Ribeiro, o chefe da Assessoria Internacional da Ancine, Eduardo Valente; o chefe do Departamen-

to Cultural do Ministério das Relações Exteriores, George Torquato Firmeza; e a sócia-membro da Academia Brasileira de Cinema Silvia Rabello. Rodrigo Fonseca diz que foram levados em consideração os “fatores estratégicos” que podem chamar a atenção no Oscar, mas fez uma ressalva. “Este filme é uma exceção porque atende os pré-requisitos considerados nos festivais, como os prêmios em festivais internacionais, mas foi escolhido fundalmente por sua qualidade”. “O filme de Anna é autoral que emociona. Uma prova de que o cinema autoral pode ser popular”, diz Rodrigo Fonseca. “Anna não faz um discurso ide-

dero esta personagem da Jéssica a mais revolucionária do cinema brasileiro dos últimos tempos”, afirma Marcos Flaksman. “Um dos aspectos importantes da indicação é a chance de melhorar a carreira dele no Brasil, onde não vai tão bem como deveria, quanto no exterior”, diz Silvia Rabello. Os últimos representantes do Brasil na seleção aos indicados a melhor filme em língua estrangeira foram “Hoje eu quero voltar sozinho” em 2015, “O som ao Redor” em 2014, “O palhaço” em 2013, “Tropa de elite 2: O inimigo agora é o outro” em 2012, “Lula, o filho do Brasil” em 2011 e “Salve geral” em 2010 e “O que é isso, companheiro?”, em 1998.


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