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locus Ambiente da inovação brasileira Ano XX | no 77 | Setembro 2014

NOVAS CONEXÕES PARA RESULTADOS

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Digite aqui o que você procura | Empreendedorismo

Planejamento

Finanças

Pessoas

Organização

Leis e Normas

Mercado

Cooperação

Inovação

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Fronteiras, conexões, resultados. Em três palavras,

um bom resumo da história do empreendedorismo inovador brasileiro. Nas últimas décadas, o movimento de incubadoras de empresas e parques tecnológicos foi impulsionado pelo ideal de ultrapassar fronteiras para contribuir com a construção de um Brasil mais desenvolvido e menos desigual. Esse ímpeto venceu, primeiro, fronteiras geográficas e culturais. Ano após ano, o movimento espalhou-se, conquistando diferentes regiões, de Norte a Sul do país, das metrópoles ao interior. A partir da implantação de incubadoras de empresas, lugares até então considerados remotos entraram no mapa do desenvolvimento ao optarem por fomentar o empreendedorismo local de forma sistemática e estratégica. Mas as fronteiras ultrapassadas não se restringiram ao sentido literal da palavra. Quando se propôs a gerar negócios inovadores, o movimento desafiou também as fronteiras do conhecimento. Era preciso não apenas produzir, mas fazer com que o conhecimento chegasse à sociedade, oferecendo soluções concretas para problemas reais. Nesse contexto, incubadoras de empresas e parques tecnológicos foram peças fundamentais à quebra das fronteiras existentes – e resistentes – entre a academia e o mercado. Uma vitória conquistada por meio da articulação entre agentes de objetivos diferentes, mas com interesses comuns. Conexões como essa marcaram a trajetória do empreendedorismo inovador brasileiro. Liderados pela Anprotec, incubadoras e parques

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foram aglutinando parceiros afeitos ao movimento. Pessoas e instituições que exercem papéis diversos na sociedade, mas que compartilham do interesse de tornar o Brasil cada vez mais empreendedor e inovador. Nesse grupo seleto, o Sebrae se destaca como parceiro de longa data, que ajuda, de forma efetiva, a transfromar esse desejo uma realidade. Ao longo do tempo, o movimento firmou outras importantes parcerias com agentes públicos e privados, nacionais e do exterior. Assim se estabeleceu uma rede qualificada de apoio e cooperação, que alçou a experiência do empreendedorismo inovador brasileiro ao posto de referência global. Obviamente, tudo isso só foi possível porque esse movimento, desde a sua gênese, apresentou resultados inquestionáveis: a reduzida mortalidade de empresas que passam por incubadoras, o alto valor agregado de produtos e serviços nascidos em parques tecnológicos e a riqueza gerada a partir desses ambientes. Os números não deixam dúvida de que essa iniciativa deu certo e, o melhor, tem potencial para fazer ainda mais pelo país. É a essa trajetória e aos desafios futuros que esta edição especial da Locus se dedica. Pautada pelo evento que ocorre em Belém entre os dias 22 e 26 de setembro deste ano, a revista apresenta, excepcionalmente neste número, uma forma diferente de debate. No lugar das reportagens e matérias, declarações de pessoas ligadas ao movimento preenchem as páginas. E foi o número limitado de páginas que exigiu uma seleção enxuta de personagens, os quais têm a missão de representar tantos outros atores relevantes. Dos fundadores do movimento a empreendedores, passando por associados da Anprotec e parceiros estratégicos, todos foram convidados a manifestar sua percepção acerca do tema do XXIV Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas.

locus

Ambiente da inovação brasileira Ano XX ∙ Setembro 2014 ∙ no 77 ∙ ISSN 1980-3842

A revista Locus é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) Conselho Editorial Luís Afonso Bermúdez (presidente) Josealdo Tonholo Marli Elizabeth Ritter dos Santos Mauricio Guedes Maurício Mendonça Coordenação Débora Horn Edição Bruna de Paula, Cora Dias e Débora Horn Reportagem Andréia Seganfredo, Bruna de Paula, Cora Dias, Débora Horn e Francisca Nery Jornalista responsável Débora Horn MTb/SC 02714 JP Direção e edição de arte Bruna de Paula Revisão Vanessa Colla Foto da capa Shutterstock Produção

Impressão Gráfica Brasil Tiragem 2.500 exemplares

Com o mote “Fronteiras do empreendedorismo inovador: novas conexões para resultados”, esses personagens foram instigados a falar do passado, do presente e do futuro do movimento. As conexões entre suas ideias originaram uma divisão da revista em torno de cinco temas mais abordados: a importância da inovação, a necessidade de um ambiente de negócios mais favorável, a perspectiva de atuação global, a relevância para o desenvolvimento local e, por fim, os grandes desafios que se impõem.

Diretoria Francisco Saboya, Ronaldo Tadêu Pena, Sérgio Risola e Tony Chierighini

O teor dos depoimentos deixa claro que a maturidade trazida pelos 30 anos de história, completados agora em 2014, permitirá ao nosso movimento identificar fronteiras, conectar-se aos parceiros ideais e iniciar um novo ciclo de excelentes resultados.

Telefone: (61) 3202-1555 E-mail: revistalocus@anprotec.org.br Website: www.anprotec.org.br Anúncios: (61) 3202-1555

Presidente Francilene Procópio Garcia Vice-presidente Jorge Luís Nicolas Audy

Superintendência Sheila Oliveira Pires Endereço SCN, quadra 1, bloco C, Ed. Brasília Trade Center, salas 209/211 Brasília/DF - CEP 70711-902

Apoio

boa leitura! conselho editorial 5


um movimento A trajetória do empreendedorismo inovador no Brasil está diretamente relacionada à história da Anprotec. A geração de negócios inovadores a partir do conhecimento científico teve o primeiro impulso no Brasil em 1984, com a iniciativa do então presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque, que assinou a Resolução Executiva 084/84, instituindo o Programa de Implantação de Parques Tecnológicos. Uma ação ousada para a época, que acabou articulando agentes dos setores público e privado que acreditavam no empreendedorismo e na inovação como ferramentas importantes para o desenvolvimento socioeconômico. Criada três anos depois, a Anprotec passou a reunir centenas de entidades — entre incubadoras de empresas, parques tecnológicos, instituições de ensino e pesquisa, órgãos públicos e outras instituições ligadas ao empreendedorismo e à inovação. Liderada pela Associação, a implantação de ambientes de inovação em diferentes regiões disseminou o movimento pelo país, desencadeando a consolidação de um dos maiores sistemas mundiais de parques tecnológicos e incubadoras de empresas. Com 27 anos de atuação, a Anprotec agrega hoje cerca de 300 entidades associadas. Para atender demandas e interesses de seus associados, desenvolve uma série de projetos e ações focadas na qualificação dos ambientes de inovação, na articulação de políticas públicas e na geração e disseminação de conhecimento.

Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas Todos os anos, a Anprotec, em parceria com o Sebrae, realiza o Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, um dos maiores eventos mundiais sobre empreendedorismo e inovação. Em 2014, a XXIV edição do Seminário Nacional ocorre em Belém (PA), entre os dias 22 e 26 de setembro, com o tema: “Fronteiras do Empreendedorismo Inovador: novas conexões para resultados”.


que transforma 384 2.640 2.509 1.124 16.934 29.905 US$ 266 milhões US$ 2 bilhões

incubadoras de empresas empresas incubadas empresas graduadas empresas associadas postos de trabalho nas empresas incubadas e associadas postos de trabalho nas empresas graduadas em faturamento de incubadas em faturamento de graduadas Fonte: Anprotec e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil – Dados de 2010

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iniciativas de parques tecnológicos em todo o país

30 parques em operação 520 empresas em operação 26.233 postos de trabalho nos parques Fonte: Anprotec e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil – Dados de 2012


Inovação: fronteira da competitividade

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Entraves ao crescimento

Atuação global


Desenvolvimento local

Novas fronteiras

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inovação:

fronteira ronteira da competitividade

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A AgENDA DO SÉCULO 21

Fortalecer e modernizar nosso parque industrial são dois grandes desafios para o aumento da competitividade brasileira. Nós temos buscado desmistificar a concepção que alguns empreendedores têm de que inovação exige grandes recursos ou que se limita a equipamentos tecnológicos. A inovação em processos de gestão ou controle de desperdício, por exemplo, pode, por si só, garantir maior produtividade e redução de custos.

loCuS da iNovação As incubadoras de empresas e os parques tecnológicos têm um papel fundamental na consolidação de políticas públicas de incentivo à inovação. Eles têm permitido agregar competitividade e sustentabilidade ao empreendedorismo no Brasil. Essas são formas de incentivar o surgimento de empresas inovadoras e de transferir tecnologia. As incubadoras contribuem para transformar produtos, processos ou serviços inovadores em empreendimentos de sucesso.

Rodrigo de Oliveira

Uma das grandes vantagens oferecidas por essas instituições é possibilitar um aprendizado real aliado à prática. As consultorias oferecidas são abrangentes: gestão empresarial e tecnológica, captação de recursos, contratos com financiadores, comercialização e assistência jurídica. Além disso, a infraestrutura é outro atrativo, englobando laboratórios, bibliotecas, iNvEStir Em iNovação SE torNou uma quEStão dE serviços administrativos, assessoria SobrEvivêNCia E motor do CrESCimENto para aS de marketing e imprensa. O investimento necessário para ter acesso a miCro E pEquENaS EmprESaS, quE CorrESpoNdEm todos esses benefícios seria pratia 99% doS EmprEENdimENtoS do braSil E quE camente inacessível para a maioria gEram maiS da mEtadE doS EmprEgoS do paÍS. das empresas iniciantes.

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Divulgação

impulSo aoS iNovadorES CNPq e Sebrae foram propulsores, nucleadores e apoiadores do movimento de empreendedorismo inovador no Brasil. Hoje, a inovação é o motor da geração de riqueza. Inovação depende de empreendedores e as inovações tecnológicas mais desestruturantes, de maior ruptura, acontecem em pequenas empresas, em pequenos grupos, como já demonstrado na história. Empreendedorismo e talento nascem em tudo que é lugar. O diferencial é ter um ambiente que reconheça essas pessoas como patrimônio, como modelo de sucesso de comportamento dentro de sua comunidade.

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motor da geração de riqueza valorização Apesar de grande número de pessoas talentosas e empreendedoras desejosas em contribuir para a comunidade, no Brasil elas têm que lutar contra um ambiente desfavorável a essas inciativas. É uma questão muito burocrática. Hoje temos exemplos de incubadoras, parques tecnológicos, empresas e empreendedores que conseguiram aparecer, saindo desse subterrâneo horroroso da burocracia, e mostrar suas competências. Precisamos apostar nisso como revolução de hábitos e na maneira de gerar riqueza, produtos e serviços. Precisamos dessa mudança – e a Anprotec congrega nos seus quadros o que há de melhor no Brasil. São as pessoas mais inovadoras e mais desejosas de transformação. A instituição foi construída na base da competência e da confiança nessa vitória.

CONEXÕES A aliança estratégica entre pessoas e instituições, para a troca de experiências, ajuda a seguir bons exemplos e também a aprender com as derrotas. Devemos atuar em conjunto, porque somos poucos, as mudanças são muitas e rápidas e as soluções são caras. Então, temos que otimizar recursos de meios, humanos e econômico-financeiros.

A estrutura de rede é indispensável. Não há salvação para a experiência individual, porque as mudanças são muito rápidas e sozinho não há como acompanhar e estabelecer estratégias. 13


É fundamental que os mecanismos de incentivo à inovação tenham como base uma profunda articulação entre a política de C&T e a política industrial, de forma que os desafios científicos e tecnológicos capazes de possibilitar o aumento da competitividade da empresa nacional sejam enfrentados nessas duas dimensões e apoiados por ações no campo da educação para fomentar a atitude empreendedora. Incubadoras e parques promovem a articulação necessária entre a empresa e o conhecimento científico-tecnológico, criando ambiente e mecanismos de interação e aumentando o potencial de dinamização da economia.

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Divulgação/CPqD

DiNAmizAçãO DA ECONOmiA


Acredito que especialmente no caso do Brasil, a melhoria da condição competitiva da indústria depende fortemente da inovação, porque muitos dos fatores objetivos são favoráveis, como o grande potencial de mercado. Os fatores desfavoráveis são os custos extremamente elevados de mão de obra, energia, bens de capital, além do custo financeiro.

Divulgação

DiFERENCiAL COmPETiTiVO

Então, as condições objetivas para a indústria brasileira ser competitiva são favoráveis. A inovação não é panaceia, não vai resolver todos os problemas, mas pode reduzir ou compensar as desvantagens competitivas enfrentadas pela indústria. Acho que as incubadoras e os parques tecnológicos são essenciais pra mudança da ordem de grandeza das empresas inovadoras no Brasil. Não podemos nos contentar em fazer com que as startups de base tecnológica apenas dobrem em três anos. Tem que multiplicar por dez. Essa é a única forma de criar empresas com algum impacto econômico no Brasil.

Divulgação/BNDES

AgENTES DA iNOVAçãO

A inovação é também motor da competitividade. A partir dela é possível melhorar processos e gerar novos produtos, evoluindo tecnologicamente, agregando mais valor às indústrias, gerando empregos mais qualificados. Mas é importante destacar que inovação não é só tecnológica.

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PAPÉiS DEFiNiDOS

Trabalhar pela competitividade do país não depende somente das empresas, ou do governo: é preciso uma certa cumplicidade entre esses dois atores. É evidente que o governo tem um papel insubstituível, porque define políticas, regula mercados e o investimento público é insubstituível. Assim como as decisões da empresa – ir atrás do que parece ser uma oportunidade de negócio, definir um plano de negócios viável e colocar o seu capital em risco também são insubstituíveis.

FRONTEiRA DO CONHECimENTO

Se, dentro daquilo que nos compete, cada um de nós puder fazer a sua parte, já teremos um grande avanço. E, nesse sentido, é preciso que os pesquisadores sigam duas direções. Primeiro, é necessário que eles persigam a fronteira do conhecimento e que, em suas áreas de competência, façam trabalhos originais e ousados. Em segundo lugar, é importante que nós possamos abrir os nossos laboratórios e as nossas dimensões para a sociedade. O bom professor universitário é aquele que consegue, contribuindo para a sociedade, transformar o relacionamento com outras áreas de conhecimento e com as empresas em benefício acadêmico, contribuindo para a boa formação dos alunos.

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Giba/MCTI

Divulgação/CGEE

Parte da resposta de como reverter o cenário da nossa indústria passa pela inovação, no sentido mais amplo que se possa imaginar. Não é somente a inovação técnica. É inovação na maneira de gerir a empresa, de se relacionar com seus fornecedores, de fazer seu produto chegar ao consumidor. Nesse sentido, o papel da iniciativa privada é identificar as oportunidades de negócio mais rentáveis e imaginar maneiras de capturá -las, trazendo emprego, produção e exportação para o Brasil. O papel do Estado, além de cuidar da competitividade sistêmica e de manter o espírito de competição vivo, é o de coordenação.


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entraves

ao crescimento

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mARCO LEgAL

Divulgação

Costumo dizer que o Brasil não será independente sem investir e aprimorar a área de Ciência, Tecnologia e Inovação. Temos um pacote de leis que hoje tramita no Congresso Nacional para CT&I, que chamamos de Código de CT&I, e queremos que no bicentenário da independência do Brasil, em 2022, nosso país seja um dos mais importantes nessa área.

Existe uma dura crítica à legislação brasileira do setor e à forma como os órgãos de fiscalização interpretam essa lei, o que gera muita burocracia e atravanca o desenvolvimento. Acredito que esse seja um dos principais desafios que estamos buscando sanar.

Rafael Motta

Criando um ambiente de inovação, poderemos manter e atrair mais riquezas. Queremos agora implantar esses ambientes na zona de fronteira, desassistida, onde o Estado não chegou.

PROPULSORES DA iNOVAçãO

As incubadoras de empresas e os parques tecnológicos devem ser reconhecidos como ativos do desenvolvimento do território em que estão localizadas. O desafio é definir políticas que legitimem esses ambientes como propulsores da inovação. O país tem aumentado a oferta de recursos públicos para inovação, por compreender a importância do tema para a competitividade nacional. Entretanto, quando avaliamos o impacto de 27% de participação dos pequenos negócios brasileiros no PIB, percebemos que precisamos avançar – e apostar na inovação é o melhor caminho. Os habitats de inovação devem contribuir com a criação de empresas de alto impacto e ligadas tanto à vocação, quanto às tendências do território em que se inserem. 19


Divulgação

mUDANçAS RADiCAiS

O Brasil é um dos maiores mercados globais de TI [tecnologia da informação] e de qualquer produto. É a sexta economia do planeta, mas falta o básico: precisamos de uma combinação de infraestrutura, de regras claras, de bons fornecedores e consumidores. O papel dos parques tecnológicos é importante em qualquer lugar do mundo. Eles deveriam ser vistos como clusters, que envolvem os processos de geração de conhecimento e de novos negócios. Acredito que deveriam ser chamados de Sistemas Locais de Inovação, adotando um conjunto de políticas estratégicas combinado com atração de negócios de outros pontos, aumentando a identidade das tecnologias e dos negócios.

Divulgação

Temos um conjunto de deveres de casa a fazer relacionados à resolução de problemas estruturais importantes. A Anprotec e outras entidades devem usar a representação para partir para cima das múltiplas instâncias de governo, em todas as esferas, para tentar fazer com que a gente mude de maneira significativa as regras.

RECONHECimENTO

No Nordeste tivemos um pioneirismo muito grande na área do desenvolvimento de incubadoras e do empreendedorismo inovador. O gargalo que existe em relação a incubadoras hoje, em todo o país, é principalmente o reconhecimento oficial, por parte do governo federal, de que o movimento não pode que ser apoiado de forma espasmódica. Temos que institucionalizar um apoio a incubadoras. E que o apoio não venha somente com editais, mas que haja uma política permanente. A Anprotec é uma instituição que se firmou, é reconhecida por toda a sociedade e tem um papel muito importante junto ao governo: o papel de propor essas medidas para que a institucionalização do movimento fique acertada.

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mAiS ARTiCULAçãO

Vieira Neto

É necessário que haja uma articulação mais focada entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e os entes representativos das unidades federativas, para pautar os pontos que necessitam de avanços. Essa conexão poderia ajudar no incremento do comércio externo. A inovação, o lançamento de novos produtos e a consolidação das questões que envolvem a propriedade intelectual apontam caminhos para potencializar o empreendedorismo inovador no Brasil.

Divulgação

SUSTENTABiLiDADE ECONÔmiCA

Inovação é a única forma de criar uma economia sustentável no longo prazo. A inovação sempre é associada à criatividade, mas é preciso estar preparado para transformar algo novo - não só diferente -, em vantagem competitiva e que exista concretamente. Por isso, é preciso capacitar quem inova. Há também muitos aspectos regulatórios, que variam de setor para setor, que precisam ser melhorados. No caso de testes clínicos, por exemplo, falhas na legislação podem acarretar uma demora que faz o time da inovação perder. É necessário desonerar a tributação para quem investe. Não faz sentido cobrar impostos daquilo que vai gerar riqueza no futuro, porque isso inviabiliza o investimento. É preciso tributar, sim, os produtos gerados pela riqueza. 21


CULTURA EmPREENDEDORA

Divulgação/Disclosure

Empreender no Brasil é uma disputa cotidiana entre a capacidade, a vontade de se fazer algo, o talento, a energia, os recursos, contra um conjunto de fatores que são extremamente adversos. A cultura antinegócios, antimercado, antirriqueza está na cabeça do brasileiro. A formação escolar sobrevaloriza em demasia o ambiente público e ignora o empreendedor privado de sucesso. A cultura acadêmica é tão hostil ao mercado que muito raramente há uma faculdade que possa ser chamada de empreendedora. Não se trata de ter uma disciplina isolada de empreendedorismo, e sim de ter uma cultura empreendedora na faculdade.

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A quem se destina Projetos incubados de instituições públicas de ensino e pesquisa, permitindo sua implantação após a saída da incubadora, e projetos empresariais que tenham elevado potencial de transformação e detenham tecnologia inovadora. Finalidade Visa o incentivo a projetos de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) financiando implantação, ampliação e modernização tecnológica em atividades e empreendimentos inovadores e economicamente viáveis do segmento empresarial. Procure o seu Gerente de Relacionamento e conheça outros produtos que disponibilizamos pra você. Ou acesse bancoamazonia.com.br.

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Outro obstáculo é a falta de conexão entre a pesquisa que é feita na universidade e o mercado. A capacidade de conversão de conhecimento em tecnologia aplicada é muito pequena no Brasil, porque a interação entre mercado e academia é baixíssima. A nossa cultura acadêmica é fundamentalmente baseada na produção de paper, e não na inovação.


Tamires Kopp

PONTE ENTRE EmPRESAS E iNVESTiDORES

A Abvcap tem mais de 200 associados, metade de gestores de fundos de investimento em private equity, venture capital ou seed money. Para qualquer um desses gestores, investir em empresas mais jovens ou em empresas de maior tecnologia e inovação é um processo complexo. Quando eles conseguem fazer uma negociação com uma empresa incubada, a compreensão de quais são os papéis do investidor e do empreendedor é muito mais fácil. A intermediação de incubadoras de empresas para que novos negócios captem recursos junto a investidores é essencial. Empresas incubadas estão mais bem preparadas para receberem investimentos. Esse é o motivo da parceria entre a Anprotec e a Abvcap.

iNCENTiVO PARA iNOVAR

Divulgação

Órgãos reguladores, governamentais e investidores precisam criar um ambiente favorável para que a inovação não encontre barreiras. É preciso menos burocracia, o tempo para abertura e fechamento de empresas precisa ser mais rápido, há um grande volume de carga fiscal e de impostos. Tudo isso precisa melhorar para que as fronteiras sejam ultrapassadas.

Participo de uma empresa de célula-tronco do ramo veterinário. O faturamento dela é menor do que a de um açougue de esquina. Perante o governo e todos os órgãos tributários, esses dois negócios são tratados de forma igual, mas é preciso entender que por causa do caráter inovador, a empresa de célula-tronco tem um potencial bem maior de crescimento. Por isso, precisa de incentivos. Na França, por exemplo, empresas consideradas inovadoras e de pequeno porte não pagam o correspondente ao INSS. Aqui no Brasil, o foco ainda é nas grandes empresas, mas é preciso olhar também para as pequenas. Afinal, a inovação está nas pequenas, pois são elas que enxergam algum problema, se adaptam e geram soluções. 23


DEmANDA DO mERCADO

Maria Luiza Mayorga

O Brasil precisa cuidar melhor da integração dos parques tecnológicos e incubadoras de empresas com o mercado. Os números mostram que a dificuldade é transformar inovação em produtos ou serviços que tenham valor. Temos bons exemplos, como Belém do Pará. A cidade tem interesse em indústrias de cosméticos, trazendo inovações da Amazônia para o mercado. A média das empresas dessa região que contam com a ajuda da universidade para inovar, em torno de 30%, está acima da nacional. Isso porque existe interesse em uma indústria especifica. O que queremos é que exemplos como esse sejam replicados: que a inovação venha de uma demanda do mercado.

6 Em CADA 10 aluNoS dE graduação do braSil têm iNtENção dE EmprEENdEr

apENaS 30% EmprEENdEm Fonte: Endeavor

Divulgação/BNDES

mPES iNOVADORAS

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As micro e pequenas empresas desempenham um papel estratégico no sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação. Elas possuem grande agilidade em relação às respostas que o ambiente competitivo demanda, ao buscarem novas oportunidades de negócio e concorrerem em mercados com alto potencial de retorno. Assim, grande parte das inovações é desenvolvida ou introduzida no mercado por meio delas. Dessa forma, é fundamental a expansão dos mecanismos de apoio à inovação para esses empreendimentos, integrando crédito, subvenção, investimento e compras públicas.


Divulgação

RELEVÂNCiA NACiONAL

Entendo que o avanço do movimento no Brasil deve-se especialmente ao trabalho de base desenvolvido durante os anos 1990 para estruturação de uma ampla e consistente rede de incubadoras de empresas, que fortaleceu a cultura do empreendedorismo no âmbito das universidades e resultou na geração de milhares de empresas inovadoras de base tecnológica, posicionando o Brasil entre os países com uma reconhecida estrutura de suporte ao empreendedorismo inovador. Esse trabalho envolveu uma parceria entre o setor público, as universidades, o setor empresarial e as entidades organizadas da sociedade civil que atuaram de forma sinérgica para gerar um modelo brasileiro de promoção do empreendedorismo inovador.

rEfErêNCia O futuro do empreendedorismo passa por quatro grandes desafios: o Brasil precisa criar um conjunto de empresas de grande sucesso nacional e internacional para posicionar o país entre as nações com reputação na área e gerar casos de referência e exemplo; os parques tecnológicos e as incubadoras de empresas precisam se consolidar definitivamente como ecossistemas adequados e preparados para gerar esses novos negócios; o investimento público e privado no setor precisa aumentar significativamente, com indicadores e sistemática consistente de avaliação; e, finalmente, o segmento de empresas de base tecnológica inovadoras precisa se firmar como uma parte relevante para a economia e a competitividade do Brasil. 25


Divulgação

iNVESTimENTO

Investimento para inovação é como investimento para educação: pela situação em que o Brasil se encontra, nunca é demais. É comum, no Brasil e em outros países, encontrar um hiato na aplicação de recursos. Daí a importância de o setor público compartilhar o risco técnico e econômico com o setor produtivo. É por meio da inovação que a indústria brasileira vai agregar valor às várias fases da produção, criar empregos melhores, aumentar a produtividade e ganhar competitividade.

Érico Xavier

gOVERNANçA LOCAL

Considerando a existência de ambientes de inovação e o desenvolvimento do empreendedorismo inovador em todo o país, é preciso identificar e criar uma governança local para ampliar a atuação desses atores, convergindo para resultados positivos e representativos para a região por meio de novas negociações de apoio. Também é importante buscar conexões com novos parceiros, tanto nacionais quanto internacionais, por meio de programas exitosos para uma discussão de novos caminhos a serem alcançados. Em complemento, precisamos fortalecer a base de conhecimento local para disseminar o empreendedorismo inovador no país.

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DEPOiS DA iNCUBAçãO

graduadaS As empresas graduadas são de uma espécie diferente de outras que não passaram por uma incubadora. Como elas estão no mercado altamente competitivo e tem um potencial muito grande de crescimento, as políticas tradicionais não atendem a sua capacidade e acabam tolhendo o crescimento dessas empresas. Neste momento estamos realizando junto à Anprotec um estudo para chegar em um plano de ação que identifique as sugestões de ataque a esses problemas.

gEStão

Apesar do número de graduadas que ganharam o mercado - 2,6 mil no total, sendo que cerca de 1,7 mil permanecem ativas -, a internacionalização ainda é um gargalo.

78%

não têm nenhum tipo de atuação internacional

22%

A gestão da incubadora é um ponto crucial. Precisamos avançar na manutenção desses gestores, buscando a longevidade e a continuidade e diminuindo a rotatividade.

13% mantêm filial no exterior

Divulgação

Essa capacitação maior precisa acontecer para avançarmos em novas fronteiras. Acredito que a Anprotec seja a entidade que está mais apta a fazer as conexões entre iniciativas de todas as regiões do país.

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atuação

global

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Tamires Kopp

qUALiFiCAçãO DA iNDÚSTRiA

Sem inovação na indústria continuaremos conhecidos como exportadores de commodities, continuaremos lutando para competir internamente com manufaturados baratos de concorrentes como a China e outros. Os parques tecnológicos e as incubadoras de empresas são fundamentais para fortalecer e qualificar a indústria e o comércio exterior brasileiros nesse sentido, uma vez que são fonte de inovação tanto para as empresas inseridas nas suas estruturas quanto para as que estão fora desse ecossistema de inovação. Além de ajudar as empresas brasileiras a inovar, os parques tecnológicos e incubadoras desempenham um papel fundamental na atração de projetos e centros de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de multinacionais para o país, como local preferencial para alocação desses investimentos. Ajudar a inserir empresas incubadas na cadeia de valor de grandes empresas, em um modelo de inovação aberta, é uma das nossas principais apostas. Diversas formas de parcerias são possíveis, desde o desenvolvimento conjunto de novas tecnologias até joint ventures e aquisições de startups. 29


CRESCER E OLHAR PARA FORA

SuCESSo Avalio que são três os principais fatores que podem ser atribuídos ao sucesso do movimento de empreendedorismo inovador brasileiro. O primeiro é o fato de a universidade brasileira ter iniciado um processo de abertura em sua relação com as empresas. Esse fator pode ter ligação direta com o processo de democratização do país, em que as restrições de cunho ideológico dessas relações foram sendo superadas e passamos a viver um arejamento do ambiente universitário. O segundo fator foi a criação do Sebrae, com sua concepção inovadora. O Sebrae teve um papel importantíssimo no início desse processo – e

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Divulgação

tem até hoje – por meio da valorização da pequena empresa. O terceiro fator foi a criação da Anprotec, que constituiu uma rede muito bem articulada e abrangente, capaz de reunir a grande maioria das iniciativas ligadas ao empreendedorismo para compartilhar suas experiências. A Anprotec foi uma das primeiras associações nacionais do gênero criadas no mundo, em 1987, e tivemos a oportunidade de compartilhar esse aprendizado e a construção dessas experiências ao longo dos últimos 30 anos.

Gargalos O Brasil ainda tem grandes desafios, além dos problemas que vivenciamos no setor de educação, que é, aliás, a base do empreendedorismo inovador. Entre os desafios estão a necessidade de melhoria do nosso ambiente de negócios, a segurança jurídica das operações, a questão tributária e o financiamento da pesquisa, desenvolvimento e inovação de forma estável e previsível. Ainda é incipiente a atuação dos fundos de venture capital para permitir que novas empresas de base tecnológica possam acelerar seu crescimento e mudar seu patamar de tamanho. Nós criamos muitas empresas, temos metodologias pra estimular o surgimento de novos empreendimentos, mas precisamos criar um modelo que permita que elas cresçam e enxerguem o mundo todo como um potencial a ser atingido.

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Fotos: Divulgação

iNTERNACiONALizAçãO E COmPETiTiViDADE

O acesso facilitado a tecnologias, pessoas e processos inovadores – típico de ecossistemas como incubadoras e parques – pode tornar mais atrativa a rota da expansão internacional dos negócios como forma de crescimento e, principalmente, de desenvolvimento de competitividade. A troca de conhecimento e intercâmbio entre parques no Brasil, e do Brasil com outros países, colabora com a inovação e a internacionalização de negócios, à medida em que proporciona instrumentos para aumento da competitividade empresarial. Neste sentido, entre 2012 e 2014, a Apex-Brasil e a Anprotec formaram uma parceria para conduzir o projeto setorial de apoio à estruturação de uma rede internacional envolvendo ambientes de inovação, com os objetivos principais de promover a internacionalização das empresas inovadoras brasileiras vinculadas aos parques tecnológicos; facilitar a inserção e o avanço das empresas brasileiras nas etapas do processo de internacionalização; e melhorar o posicionamento do Brasil como um mercado atrativo para investimentos estrangeiros diretos.

ESFORçO iNOVADOR

A busca pelo mercado global implica esforço inovador das empresas. Se tomarmos como métrica a balança comercial de produtos de média e alta intensidade tecnológica, poderemos dizer que o Brasil exporta pouca inovação – e importa muita. Precisamos preparar profissionais que tenham não só capacidade de participar de processos internacionais de inovação, mas também de liderar projetos globais. Precisamos também reduzir o custo e a burocracia para se fazer inovação no nosso país, além de mais financiamento público e privado para a inovação.

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Divulgação

PROJEçãO iNTERNACiONAL

Cada modelo de parque tecnológico deve se ajustar às necessidades e características específicas da região em que irá funcionar. Porém levando sempre em conta um aspecto: opera-se em uma economia cada vez mais global. Portanto, se houvesse um modelo ideal, seria um parque com raízes locais e projeções internacionais. O verdadeiro desafio para parques brasileiros é enfatizar sua dimensão internacional: atrair empresas estrangeiras para se instalar nos parques e também ajudar empresas locais a competir internacionalmente, auxiliando-as a formar alianças estratégicas, abrir filiais no exterior, alcançar visibilidade global e reconhecimento para seus produtos, serviços e marca.

mERCADO mAiS EXigENTE

Empreendimentos que exportam ou atuam de alguma outra forma no exterior acabam melhorando seu desempenho no próprio país, seja pelo status que alcançam ou mesmo por melhorar a qualidade de seus produtos e serviços para atender mercados mais exigentes.

o laNd2laNd é rESultado dE uma parCEria ENtrE a aNprotEC E a agêNCia braSilEira dE promoção dE EXportaçÕES E iNvEStimENtoS (apEX-braSil). a plataforma tEm Como obJEtivo faCilitar o aCESSo doS EmprEENdEdorES braSilEiroS a ambiENtES dE iNovação dE outroS paÍSES. por mEio dEla, aS EmprESaS podEm CoNtar Com oS SErviçoS ofErECidoS por ESSES ambiENtES para faCilitar o iNgrESSo No mErCado loCal. a plataforma CoNta Com 23 ambiENtES dE 15 paÍSES. No braSil São 12 ambiENtES CadaStradoS. 33


desenvolvimento

local

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CONEXÕES

O amadurecimento dos empreendedores da região Norte é crescente e vem garantindo reconhecimento por meio de premiações nacionais e internacionais na área de inovação, em setores como biotecnologia, tecnologia da informação e comunicação, tecnologia ambiental e tecnologia mineral. Além do Parque de Ciência e Tecnologia Guamá [PCT Guamá] entrar no estágio de plena operação em 2014, outros dois parques paraenses devem avançar em seus processos e implantação: o Parque Tapajós, em Santarém, e o Tocantins, em Marabá, com o apoio do Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e das universidades federais dos respectivos municípios. A ação conjunta entre diversos grupos nos permite visualizar um futuro mais promissor para a Amazônia.

Roberto Ribeiro

A implantação do PCT Guamá é um exemplo da interface positiva de setores estratégicos para o desenvolvimento da economia orientada à inovação: entre os pilares desse ambiente estão a parceria fundamental do poder público, por meio de aporte financeiro para apoiar a implantação do parque e pelo apoio com incentivos fiscais na atração de empreendimentos de pequeno, médio e grande porte e a presença de duas das maiores instituições de ensino da Amazônia: a Universidade Federal do é prECiSo potENCializar a iNtErfaCE Com Pará (UFPA) e a Universidade FedegovErNo, EmprESaS dE baSE tECNolÓgiCa, várioS ral Rural da Amazônia (UFRA), que SEtorES iNduStriaiS, fiNaNCEiroS E iNStituiçÕES dE cederam o amplo espaço físico para ENSiNo, pESquiSa, EmprEENdEdoriSmo E iNovação a implantação do parque e são fontes de capital humano especializado. O da rEgião para viabilizar um ECoSSiStEma dE setor industrial completa a relação de iNovação maiS SiNérgiCo E quE tENha papEl maiS parceiros que vem contribuindo para a diNÂmiCo No dESENvolvimENto ECoNÔmiCo E evolução do primeiro parque tecnológico da região. SuStENtávEl da amazÔNia.

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CRESCER Em ESCALA

Divulgação

Atualmente as incubadoras do Nordeste já têm um chão corrido e estão capitaneando, em parceria com os governos e as universidades, os projetos de parques tecnológicos que estão iavançando na região. Praticamente todo o estado tem um projeto de parque tecnológico que já saiu do papel ou está em vias de implantação. Começam a surgir polos bastante competitivos, como o de química fina ligado ao Padetec, o de biotecnologia nascente em Pernambuco e o de serviços de petróleo, no Sergipe. Há um desafio bastante interessante – não somente no Nordeste, mas em todo o Brasil – que é a escala. Hoje nossas incubadoras colocam boas empresas no mercado, impactantes na balança econômica local e nacional, mas o número de empreendimentos é muito pequeno. Algo muito interessante aconteceu nos últimos 10 anos: a expansão das universidades federais. Devemos receber um grande número de pessoas capacitadas para atuar em ambientes como incubadoras e parques tecnológicos.

Parques e incubadoras tecnológicas representam instrumentos que, bem conduzidos, podem ser essenciais para o desenvolvimento científico e tecnológico de uma cidade, uma região ou um país. Permitem acelerar o deslanche de transformações estruturais na ciência e tecnologia, na sociedade e na economia. Se entendemos que inovação é o vetor primeiro do efetivo desenvolvimento, ferramentas que agilizem o alcance de resultados nessa área são catalisadoras do crescimento e da geração de resultados socioeconômicos variados. A Fundação Parque Tecnológico da Paraíba, em Campina Grande, instalada ainda na pré-história dos parques no Brasil, é em parte responsável pelo estado da Paraíba contar com a melhor relação de dispêndios estaduais em CT&I por receitas arrecadadas de toda a região.

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CATALiSADORES DO CRESCimENTO


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iNSERçãO LOCAL

Conhecer outras experiências é muito importante, pois ampliam o nosso conhecimento sobre ambientes de inovação, boas práticas e, inclusive, experiências que não funcionaram em outros ambientes. Entretanto, não tenho dúvida de que o contexto local, regional, da comunidade onde o parque será instalado, deve ser determinante na sua construção, missão, visão de futuro e área de atuação. O Tecnopuc [Parque Científico e Tecnológico da PUCRS] envolve uma construção singular, fortemente conectada com os governos municipal, estadual e federal, bem como com as comunidades científicas e empresariais de nossa região. Entendo que o Tecnopuc é uma das boas fontes de inspiração, mas certamente não é uma experiência que possa ser replicada. Da mesma forma que o Vale do Silício ou o Reserach Triangle Park não podem ser replicados, mas são também excelentes fontes de inspiração para projetos ao redor do mundo. Conexões, interações, redes de cooperação são a essência dos ecossistemas de inovação. As conexões devem envolver todos os atores no processo de desenvolvimento econômico e social de uma região e de um país. Esses ecossistemas envolvem fundamentalmente pessoas – com conhecimento, novas ideias, dinheiro –, atuando em conjunto, em clusters de conhecimento, que visam criar um novo paradigma de desenvolvimento econômico, social e cultural. Por isso, a importância das conexões locais, das comunidades envolvidas. 37


ÁREA DE FRONTEiRA

Quando nos voltamos para outras regiões, percebemos que algumas são mais robustas, mais consolidadas. A região Norte é uma área de fronteira nessa questão das novas conexões – temos que explorar um pouco melhor a relação com parceiros, tanto locais quanto de fora do país. Isso passa também por tornar as relações mais estáveis. Às vezes temos bons parceiros em determinadas oportunidades, mas não a longo prazo. Outro ponto é que existe um grande esforço por parte da academia e do governo, mas precisa haver uma conexão mais forte no âmbito empresarial na nossa região.

A inovação em Florianópolis foi elevada ao patamar de política pública. Uma lei municipal e um fundo de investimentos foram criados para esse fim. A tão falada tríplice hélice começou a acontecer. Prefeitura, governo do estado, universidades e empresas privadas estão envolvidas na rota da inovação. Apesar disso, ainda há muito a ser feito. Um dos principais desafios é buscar empreendedores inovadores, conseguir sensibilizar um grande número de pessoas para selecionar quem tem capacidade de empreender e chegar ao sucesso, nas incubadoras e nos parques. Para isso, é necessário capacitar cada vez mais os gestores de ambientes de inovação, o que já vem de certa forma sendo alcançado pelo Cerne, nos últimos dois anos.

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ROTA DA iNOVAçãO


Fotos: Divulgação

iNOVAçãO SOCiAL

As incubadoras de cooperativas populares foram uma grande inovação do movimento de incubação, e surgiram para atacar um problema crítico brasileiro nos anos 1990: o desemprego.

Essa iniciativa foi uma resposta inovadora, que se contrapunha a medidas tradicionais, como frentes de trabalho e bolsas. A partir dos resultados positivos aqui no Rio de Janeiro, outras universidades promoveram ações em suas localidades, proliferando esse modelo. Hoje temos cerca de 80 incubadoras focadas no desenvolvimento local.

iNVESTimENTO LOCAL

Batemos de porta em porta, nas salas de aula das universidades, porque percebemos o potencial que havia aqui. Hoje recebemos pessoas que estudaram em Itajubá há anos e saíram para trabalhar em grandes corporações. Elas estão voltando e nos procuram para empreender ou investir.

Passada a crise do desemprego, há outro fenômeno não resolvido: a informalidade. Temos, por exemplo, um grande trabalho no Brasil dos catadores de lixo reciclável. Até há pouco tempo, eles eram tratados como uma população invisível, que não era vista como trabalhadora. Hoje, devido tanto à questão do meio ambiente, quanto ao estrangulamento das cidades, esse trabalhador passa a ser visto além da questão da cidadania, mas também como um ator econômico. 39


novas

fronteiras

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Rodrigo de Oliveira

iNDUTORES DE OPORTUNiDADES

Vimos o fortalecimento da Finep e do BNDES como promotores da capitalização de empresas, a inserção da temática inovação como eixo central das ações da CNI e o crescimento da representatividade da Anpei e da Anprotec como promotores de discussões de vanguarda e ações de resultados relevantes para as empresas. O Sebrae também investiu grandes somas de recursos e esforços na disseminação da importância da inovação para os pequenos negócios e hoje posiciona-se como um dos principais atores da promoção da inovação no Brasil por meio do Programa Nacional Sebraetec. Precisamos fortalecer as conexões entre os diversos atores do ecossistema de inovação dos territórios e intensificar a criação de empresas com potencial de ruptura de mercado e de exportação. Nesse contexto, incubadoras de empresas e parques tecnológicos devem ser indutores de oportunidades e potencializadores de ações voltadas à inovação e profissionalização de setores amplamente difundidos nos territórios em que se inserem. O grande desafio, porém, é a sustentabilidade dessas iniciativas, devido à baixa latência dos parques industriais e potenciais parceiros financiadores de alguns territórios. A resposta está na integração de poder público, que nesses ambientes deve protagonizar o processo de desenvolvimento do território, com o capital privado.

Em 2013, maiS dE 78 mil pEquENaS EmprESaS foram atENdidaS pElo SEbraEtEC E 81% dElaS aumENtaram Em maiS dE 25% o luCro, SEguNdo pESquiSa dE SatiSfação E impaCto apliCada Em 2013. 41


Divulgação

NOVAS ÁREAS

O sucesso do movimento se deve à combinação de fatores de três naturezas: macrotendências globais, ilustradas pela proeminência atual das startups em numerosos países; aproveitamento de mudanças positivas marcantes na sociedade brasileira, em especial a democratização nos anos 1980, a arrumação da economia propiciada pelo Plano Real nos anos 1990 e a incorporação da inovação na agenda pública nos anos 2000; e a associação na Anprotec de agentes de mudança apaixonados pela causa da transformação do Brasil a partir da constituição de ecossistemas potencializados por ambientes de inovação. Uma fronteira urgente para o nosso movimento é a conquista, no sentido de persuasão, de novas áreas de inovação, que incluem mecanismos recentes afins aos tradicionais: aceleradoras de empresas; ambientes como FabLab, Makerspace, coworking e outros.

traNSformação A inovação causa encantamento. É uma palavra atraente. Então, é importante aproveitarmos esse encantamento, a fim de transformar isso em benefício para a sociedade. Trazer uma forma de solucionar os desafios que o Brasil ainda tem, nos campos social, econômico e ambiental. O importante é aproveitar este momento. Temos que fazer disso algo pragmático. A conquista de recursos mais volumosos para inovação, tanto por parte do governo, quanto da iniciativa privada, são exemplos disso. 42


mUROS DERRUBADOS

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Eu destacaria como o desafio mais importante – que tem a ver com a dinâmica da tecnologia, da inovação e dos negócios, o novo contexto da concorrência global e a natureza da nova economia – a mudança mais significativa na questão da colaboração. No início do movimento, a incubação estava muito influenciada por modelos baseados no estilo industrial. Não é por acaso que eram montadas salas com baias, cada um nos seus negócios, com uma preocupação com a propriedade intelectual e o sigilo. Hoje vemos modelos novos, totalmente diferentes. Os empreendimentos inovadores nascem e só tem chances de se desenvolver se estiverem imersos em espaços de colaboração.

iNFRAESTRUTURA

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O rei da nova economia não é o produto, mas o empreendedor inovador. O empreendedor de marketing já está conversando com o empreendedor de tecnologia desde o começo da história. Hoje os perfis criativos que estão se agregando a esse universo da inovação tem que estar alinhados desde o início a vários empreendimentos.

Há necessidade de alavancar novos e mais vultosos investimentos em infraestruturas para inovação. Dois exemplos disso são a dificuldade enfrentada pelos parques tecnológicos em construir novos edifícios para expansão de suas atividades e a necessidade de criação de infraestruturas compartilhadas para uso de empresas de setores específicos, como é o caso das empresas de biotecnologia. A questão da manutenção e expansão dos ambientes de inovação passa, necessariamente, por uma percepção de que investir em espaços compartilhados é decisivo para absorver a demanda dos novos negócios pautados em conhecimento, que não têm interesse em mobilizar recursos em obras e afins. É preciso que as empresas de tecnologia encontrem condições para executar e crescer, em maior escala e de forma ágil, a fim de que realmente consigamos atingir o objetivo de requalificação produtiva do país. É urgente compreender a importância desse passo para garantir o aproveitamento de janelas de oportunidade reais. 43


gERAçãO DE RESULTADOS

No começo, o fator para o crescimento com sucesso foi a persistência dos visionários da década de 1980 e começo de 1990, em acreditar em uma saída para a estagnação econômica do país. A visão foi, então, a de fomentar o empreendedorismo junto com processos inovadores em locais onde essa semente cresceria. Passada a década de 1990, veio a estabilidade econômica e uma outra forma de atuar. Já havia pessoas, jovens entusiasmados com empreendedorismo, mas que se deparavam com a falta de recursos para investir e criar o empreendimento. Existiam recursos intelectuais e de capacitação, mas não financeiros. Ou seja, o conceito de capital de risco, dos investidores-anjo, do financiamento para PD&I não existia. Nós vencemos esse primeiro período. Hoje podemos ver em diversos locais desse país, prefeitos, governadores e até presidentes dizendo que é importante ter esses locus de inovação. A segunda parte, da existência do capital, foge um pouco da política porque depende muito da estabilidade econômica, da disponibilidade de recursos. Mas trouxemos capital de risco ao país, temos investidores-anjo e eventos do setor. Agora, estamos numa terceira fase, entre a consolidação e a cobrança de resultados mais contundentes. O desafio é mostrar resultados com qualidade, com empresas que permanecem mais tempo no mercado, com facilidade de crescimento. Os desafios são originados pelas demandas da sociedade por inovações tecnológicas em todas as áreas do conhecimento. A sociedade está fervilhando, com fome. O setor financeiro, como financiador, está ainda afastado. A outra conexão que precisa ser explorada é com a área tributária, com desoneração e com o incentivo para que isso aconteça.

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Divulgação

Nosso desafio é ilimitado, principalmente em áreas como saúde humana, moradia, transporte e mobilidade urbana. São áreas que demandam soluções inovativas e rápidas. Muitas vezes são nas pequenas empresas inovadoras que surgem as grandes ideias.

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Divulgação

mUDANçAS

Estamos em um momento de virada. Temas como internacionalização, cross innovation, aceleração de empreendimentos, aproximação das grandes empresas e centros de P&D passam a liderar a pauta das discussões. Nesse sentido, a Anprotec desenvolve modelos como o Cerne, que ajudam a a melhorar o processo de incubação. O Programa Educacional, lançado neste ano, é um complemento ao Cerne, na medida em que prepara os gestores para liderar o processo de mudança, para para pensar diferente e para propor novos caminhos.

Raul Guilherme

NOVOS mECANiSmOS

Antes pensávamos que a inovação ocorria através de um processo ideal e linear: geração de conhecimento na academia, publicação do conhecimento, transferência pra empresa e geração de produtos e serviços. O sistema foi ficando complexo. Hoje o tempo entre ter uma ideia e gerar um produto e colocá-lo no mercado está diminuindo, e isso é um problema de competitividade. Ainda temos processos como tínhamos antes, nesse modelo linear, mas cada vez mais existem outras modalidades. Desse novo cenário surgem novos mecanismos, que a Associação vai ter que assimilar de algum jeito. É o caso das aceleradoras de empresas, dos escritórios de coworking. Todos estão trabalhando no negócio de criar startups e spinoffs. Esse é o negócio da Anprotec. Temos que fazer a capacitação dos nossos gestores para que, de alguma maneira, esses mecanismos estejam dentro da Associação. Acho que a grande pauta do movimento nos próximos anos deve ser a inovação dentro das cidades. A cidade é o locus da mudança. A tríplice hélice tem que estar preparada e capacitada para mudar a localidade.

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CAPACiTAçãO DE LÍDERES Divulgação

Para se criar uma incubadora de referência, além de perceber a demanda por um ambiente de inovação, é necessário dispor de uma mão de obra mínima para as startups que vão nascer.

Outro desafio importante é a existência de um executivo que abrace a causa. Se não tivermos gestores competentes e vocacionados e com um bom networking, não tem incubadora que saia do lugar.

Charles Damasceno

Esse líder tem que ser treinado. O movimento está em reavaliação e rediscussão: é o momento de capacitar um time de gestores, para diminuir o turnover, que é muito alto.

SENSiBiLizAçãO

O primeiro grande desafio que tivemos foi o de sensibilizar o pequeno empreendedor brasileiro. Boa parte dos pequenos empreendedores ainda não tinha a consciência de que caso ele não inovasse, poderia ser eliminado do mercado pela concorrência.

É necessário que essa disseminação da cultura do empreendedorismo inovador não fique restrita ao habitat onde ela está inserida. É preciso que isso transborde e atenda a todo o mini território, a toda a região onde a incubadora ou o parque estão implementados. O transbordamento dessa cultura do empreendedorismo inovador para a sensibilização do meio é o primeiro ponto em que as incubadoras e parques tecnológicos podem ter um papel fundamental. 47


diNamizaNdo o loCal Temos uma percepção de que ambientes de inovação como incubadoras de empresas e parques tecnológicos têm papel fundamental no desenvolvimento regional. A bandeira de transformação das incubadoras de empresas em plataformas de desenvolvimento, incentivada pela Anprotec, foi assumida pelos gestores desses ambientes e disseminada por todo o país. Por outro lado, os parques tecnológicos, que vivem agora uma fase de expansão, além de prover espaço para negócios baseados em conhecimento, também têm a capacidade de abrigar centros para pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, inovação e incubação, treinamento e prospecção. Todo essa efervescência é fundamental para a criação de uma economia sustentável e dinâmica.

CoNEXÕES Esses ambientes atuam como engrenagens da relação entre universidades e empresas. As incubadoras de empresas são essencialmente instrumentos de estruturação e consolidação de novos empreendimentos inovadores e de novas tecnologias. Esse papel é fundamental em um país como o Brasil, onde as empresas ainda apresentam baixo índice de Pesquisa e Desenvolvimento. Os parques cumprem um papel muito importante nesse aspecto, atraindo empresas e investimentos, ampliando oportunidades para a parceria entre empresas e instituições de pesquisa e promovendo mecanismos de transferência de tecnologia com ênfase no fortalecimento do espírito empreendedor. Em síntese, os ambientes de inovação entregam à sociedade plataformas de desenvolvimento que se diferenciam por promoverem uma maior articulação e interação entre academia, empresas e governos. 48

Divulgação

ELOS DO DESENVOLVimENTO


Novas fronteiras Os desafios envolvem desde o fomento ao processo de inovação nos sistemas regionais até a consolidação da gestão dos ambientes de inovação, passando pela harmonização das políticas públicas e pelo financiamento à criação e àconsolidação das empresas emergentes. Mais especificamente, temos uma demanda clara de incubadoras associadas da Anprotec, que é a falta de uma formação de profissionais habilitados a atuar em ambientes de inovação – o que envolve, de certa forma, todos os desafios citados inicialmente. Para fazer frente a esse desafio, a Associação desenvolveu, em parceria com o Sebrae, o Programa Educacional Anprotec, que tem como objetivo capacitar gestores de incubadoras de empresas e parques tecnológicos, bem como empreendedores e profissionais vinculados a instituições de fomento à inovação. No futuro, precisamos multiplicar iniciativas de empreendedorismo inovador com condições mais favoráveis a seu desenvolvimento. Hoje, essas iniciativas crescem e se consolidam com a energia de mentes criativas que, ao serem desafiadas, passam a empreender com os ativos de uma educação de qualidade e com o apoio dos ambientes de inovação. 49


Divulgação/Embratur

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

á b a i u C

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Habitats de inovação

para empresas inovadoras O Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e aos Parques

Tecnológicos (PNI) tem por objetivo fomentar o surgimento e a consolidação de Incubadoras de Empresas e de Parques Tecnológicos caracterizados como “habitats de inovação” para o apoio às micro e pequenas empresas originadas dos resultados de pesquisas das Universidades e dos Centros de Pesquisas e promover a viabilidade e sustentabilidade econômica nas atividades industriais. Os parques tecnológicos e as incubadoras de empresas têm demonstrado eficiência na transferência de conhecimento de instituições de ciência e tecnologia para o setor empresarial. São as principais fontes qualificadoras e geradoras de empresas de bases tecnológicas, que se caracterizam pela forte agregação de tecnologia e inovação nos seus produtos, processos e serviços. Acesse www.mcti.gov.br e saiba mais sobre esse e outros programas de incentivo à inovação no país.

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PRÊMIO NACIONAL

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