LOCUS Ambiente da inovação brasileira Ano XIX | no 74 | Janeiro 2014
ENTRAVES AO CRESCIMENTO
Empresas brasileiras egressas de incubadoras convivem com diversos obstáculos que dificultam a expansão dos negócios. Alta carga tributária, ausência de fomento e escassez de mão-de-obra qualificada formam o cenário que desafia empreendedores
::
O impacto dos últimos editais para parques tecnológicos e incubadoras
::
As oportunidades de negócios para empresas que inovam no setor de energia
::
A trajetória dos vencedores do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador 1
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CARTA AO LEITOR|
LOCUS Ambiente da inovação brasileira Ano XIX ∙ Janeiro 2014 ∙ no 74 ∙ ISSN 1980-3842
A
o deixar o ambiente de uma incubadora, onde recebiam diversas formas de apoio, as empresas graduadas se confrontam com novos desafios, que podem ser
A revista Locus é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) Conselho Editorial Luís Afonso Bermúdez (presidente) Josealdo Tonholo Marli Elizabeth Ritter dos Santos Mauricio Guedes Maurício Mendonça Coordenação Débora Horn Edição Débora Horn e Andréia Seganfredo Reportagem Alexandre Lenzi, Andréia Seganfredo, Bruna de Paula, Daniele Martins, Daniel Cardoso e Francisca Nery Jornalista responsável Débora Horn MTb/SC 02714 JP Direção e edição de arte Bruna de Paula Revisão Vanessa Colla Foto da capa Shutterstock Produção
determinantes para a sobrevivência do negócio. A alta
carga tributária e a falta de capital de giro, de recursos para investir e para desenvolver novos produtos, além da escassez de mão de obra qualificada, são os principais obstáculos que se impõem aos empreendedores no período pós-incubação. Pelo menos é o que revelam os resultados preliminares do estudo conduzido por Anprotec e Sebrae, sob coordenação do Instituto Christiano Becker de Estudos sobre o Desenvolvimento. A matéria de capa desta edição mostra que apesar das dificuldades, os empreendedores não se deixam abalar e segue inovando. Um dos caminhos apontados é estabelecer parcerias com entidades de fomento e inovação, seja em parques tecnológicos ou até mesmo nas incubadoras por onde passaram, aproveitando a sinergia desses ambientes para o desenvolvimento sustentável. Aliás, é esse o pensamento do entrevistado desta edição, Pedro Wongtschowski, membro do Conselho de Administração da
Impressão Athalaia Gráfica e Editora Tiragem 2.000 exemplares
Ultrapar, e mais novo conselheiro da Anprotec. Para ele, o empresariado brasileiro precisa ser mais atuante na luta pela inovação, convencer-se de que ela realmente representa um diferencial competitivo e buscar o diálogo com o governo para aprimorar as políticas públicas voltadas ao setor. Uma oportunidade para colocar essa ideia em prática está na
Presidente Francilene Procópio Garcia Vice-presidente Jorge Luís Nicolas Audy Diretoria Francisco Saboya, Ronaldo Tadêu Pena, Sérgio Risola e Tony Chierighini Superintendência Sheila Oliveira Pires Apoio
Endereço SCN, quadra 1, bloco C, Ed. Brasília Trade Center, salas 209/211 Brasília/DF - CEP 70711-902 Telefone: (61) 3202-1555 E-mail: revistalocus@anprotec.org.br Website: www.anprotec.org.br Anúncios: (61) 3202-1555
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agenda de 2014, com a votação da PEC 290 A – adiada no fim de 2013 e bem lembrada no artigo de Maurício Guedes, na seção Opinião. Em um ano de eleições e Copa do Mundo, com a pauta de votações disputada na Câmara, é o momento de todos se engajarem para assegurar a aprovação dos projetos que podem modernizar o marco legal dessa área no país. É um cenário promissor, mas que depende fortemente das conexões entre todos os promotores e entusiastas do empreendedorismo inovador.
Boa leitura!
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|ÍNDICE
30 |
CAPA
Veja como empreendedores superam as dificuldades enfrentadas após a graduação da empresa. “O BNDES e os bancos privados exigem muitas garantias. São pedidos que os pequenos empresários não têm como atender”, diz o coordenador do Fórum das Graduadas, Fernando Kreutz (foto). Ele apoia a criação de fundos de aval e mecanismos de validação de negócios inovadores para a obtenção de incentivos específicos.
6 | ENTREVISTA |
12 | EM MOVIMENTO |
21 | GESTÃO |
24 | NEGÓCIOS |
O experiente executivo Pedro Wongtschowski indica caminhos para elevar o patamar de inovação no Brasil
Os destaques do XXIII Seminário Nacional e da programação de fim de ano da Anprotec, além das novidades dos associados
Empreendedores que decidiram estudar no exterior contam como dividiram o tempo entra a carreira e os estudos. Eles apontam os benefícios da experiência internacional
Descubra como as empresas inovadoras estão aproveitando oportunidades geradas pela crescente demanda energética do Brasil
38 | SUCESSO |
45 | INVESTIMENTO |
44 | CULTURA |
48 | OPINIÃO |
Os vencedores do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador relatam como conseguiram impulsionar seus empreendimentos
Investimentos históricos em parques e incubadoras por meio de editais prometem alavancar a inovação no país
Conheça Corteo, o novo espetáculo do Cirque du Soleil nos palcos brasileiros, que conta a morte e funeral de um palhaço. E não perca as outras dicas da seção
Maurício Guedes ressalta a importância da aprovação da PEC 290 A para regulamentar as atividades de CT&I
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Divulgação
PEDRO WONGTSCHOWSKI
M
embro do Conselho de Administração da Ultrapar, onde construiu boa parte de sua carreira executiva, o engenheiro químico Pedro Wongtschowski sempre foi motivado pela inovação. Mestre
e doutor pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), deixou, no fim de 2012, o cargo de diretor-presidente da companhia, um dos maiores grupos empresariais do país, com uma decisão inédita no mercado brasileiro: o anúncio antecipado de seu sucessor. Wongtschowski é membro do Comitê Gestor da Mobilização Empresarial pela Inovação da Confederação Nacional da Indústria (MEI/CNI) e presidente do Conselho Superior da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei). Também preside o Conselho de Administração da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). Em janeiro deste ano, assume o cargo de conselheiro da Anprotec, representando a iniciativa privada. “Estamos em uma guerra pela inovação”, afirma. Nesta entrevista à Locus, ele fala sobre os desafios a serem superados para transformar o Brasil em um país mais inovador.
A NDR É I A S EGA NF R E D O
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ENTREVISTA: | Pedro Wongtschowski LOCUS > Ao longo de sua trajetória, o senhor vem conciliando o cotidiano empresarial com a vida acadêmica. Como surgiu o interesse pela inovação?
Wongtschowski > Desde sempre. Acho que o simples fato de ter feito mestrado e doutorado concomitante à minha atividade na empresa já é um indício. E, basicamente, porque acredito fortemente no que prego. Acredito que especialmente no caso do Brasil, a melhoria da condição competitiva da indústria depende fortemente da inovação, porque muitos dos fatores objetivos são favoráveis, como o grande potencial de mercado. Os fatores desfavoráveis são os custos extremamente elevados de mão de obra, energia, bens de capital, além do custo financeiro fora da linha BNDES-Finep [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e Agência Brasileira da Inovação]. Então, as condições objetivas para a indústria brasileira ser competitiva são favoráveis. A inovação não é panaceia, não vai resolver todos os problemas, mas pode reduzir ou compensar as desvantagens competitivas enfrentadas pela indústria. E por acreditar nisso, penso que os empresários brasileiros que têm essa fé devem ajudar a propagá-la. Primeiro porque é interesse do Brasil e, segundo, porque uma forma de tornar competitiva a indústria em que você trabalha é fazer com que seus fornecedores e clientes também sejam. A defesa da inovação é uma luta do país, um autointeresse legítimo, porque você é tão mais competitivo quanto mais competitivos forem seus fornecedores e clientes.
A Mobilização Empresarial
Exatamente. A MEI nasceu com dois grandes objetivos. O primeiro é divulgar, pro-
pela Inovação (MEI) faz
pagar e conseguir adeptos da inovação dentro do meio empresarial. Isso porque
parte dessa estratégia de
uma das razões pelas quais a inovação no Brasil é insuficiente é a falta de convicção
propagação do tema?
por parte do empresariado brasileiro de que a inovação é um fator competitivo por excelência. Então, de um lado a MEI pretende corrigir essa distorção. De outro lado, a Mobilização se transformou em um instrumento muito eficiente de diálogo com o governo para melhoria dos instrumentos públicos que fortalecem a inovação no Brasil. Isso passa por vários aspectos: a forma de financiar a inovação, o volume de recursos de financiamento, incentivos fiscais específicos e aperfeiçoamento da legislação e propriedade intelectual, entre outros. É necessário maior segurança jurídica dentro das inovações e medidas que incentivem o empreendedorismo no Brasil, no sentido de viabilizar startups de base tecnológica. Há ainda a atração de centros de P&D estrangeiros para o Brasil. Essas são algumas iniciativas da MEI, que ocorrem nessas duas vertentes: o trabalho que os empresários fazem dentro do setor privado e também na interface com o governo, para melhorar as condições que viabilizam a inovação no Brasil.
No último ano, um grande volume de recursos foi
É um começo, mas falta muito. Por exemplo: os obstáculos legais para a criação de startups de base tecnológica são muito grandes. Grande parte das incubadoras não
destinado aos ambientes de
tem recursos para cumprir adequadamente suas funções. Outro exemplo são os
inovação, por meio de inicia-
investidores anjos, que raramente entram como sócios na empresa em que inves-
tivas relacionadas ao Plano
tem porque há risco jurídico no Brasil. No caso de insucesso de uma startup, que é
Inova Empresa. Isso reflete
muito comum por definição – pois a taxa de mortalidade desses empreendimentos é
o começo dessa mobilização empresarial?
muito alta e isso faz parte da natureza do negócio – a pessoa física [investidor] pode ser afetada. Para um investidor, pessoa física, participar de uma empresa que tem 7
ENTREVISTA: Pedro Wongtschowski| grande probabilidade de quebrar é um problema. Como resultado disso, os investimentos são feitos por artifícios, como dívidas conversíveis em ações ou outros mecanismos criados para que seja um investidor anjo de fato, mas de direito seja mais um credor do que investidor da empresa de base tecnológica. É uma deformação. Os juízes têm levado a questão da desconsideração da personalidade jurídica muito além do que a lei prevê, desestimulando as pessoas físicas a se transformarem em investidores anjos. Então tem muita coisa por resolver. A escala em que se dá o empreendedorismo de base tecnológica no Brasil é ainda muito pequena, incompatível com o tamanho da nossa economia e com a qualidade da Educação Superior. O número de professores universitários envolvidos em empresas de base tecnológica – que é a grande fonte dessas empresas em países como Estados Unidos, Israel, Inglaterra, França e Espanha – é ainda muito pequeno no Brasil. Remanesce um preconceito nas universidades brasileiras pelo desenvolvimento de empresas de base tecnológica, que já deveria ter sido superado há anos.
E como melhorar o relacio-
Não se trata de um processo instantâneo, mas acredito que se deve incentivar
namento entre empresas e
os docentes a se transformarem em acionistas, proprietários ou fundadores das
universidades?
empresas de base tecnológica. Outra questão é que se formos analisar os mecanismos de avaliação da produção acadêmica dos docentes na Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior] ou no CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], eles favorecem exclusivamente atividades de natureza acadêmica – publicação de papers, orientação de mestres e doutores – e não valorizam, na proporção devida, o registro de patentes ou de atividades empresariais. Talvez se Capes e CNPq mudassem as formas de classificar e avaliar tanto os professores quanto as instituições que os abrigam, dando a isso um valor real, mais alto, fosse possível mudar a postura do professor.
A China tem crescido muito,
A China bateu o Japão e está alcançando os Estados Unidos no número de registro
recentemente, no registro de
de patentes. O “milagre chinês” usou tecnologias de modo muito mais eficiente
patentes. O caso chinês seria
que nós. Há incentivos gigantescos para que os docentes e professores registrem
um bom exemplo?
patentes. Poderíamos fazer isso aqui, estabelecer um peso diferente para patentes e projetos com empresas. Certamente essa iniciativa mudaria o comportamento dos docentes, mas acredito que haveria um incômodo na academia porque ainda há um conceito que opõe a pesquisa pura e a pesquisa aplicada – duas expressões já superadas. O que existe é pesquisa voltada à geração de conhecimento.
NO BRASIL AINDA HÁ UM CONCEITO QUE OPÕE A PESQUISA PURA E A PESQUISA APLICADA – DUAS EXPRESSÕES JÁ SUPERADAS. O QUE EXISTE É PESQUISA VOLTADA À GERAÇÃO DE CONHECIMENTO. 8
ENTREVISTA: |Pedro Wongtschowski O registro de patentes não deslancha por questões burocráticas?
Não acredito nisso. O INPI [Instituto Nacional de Propriedade Intelectual] tem um estoque de solicitações a analisar que faz com que um pedido de patentes no Brasil leve oito anos para ser registrado. Em outros países, esse número costuma ser de três anos. Mas o INPI tem se equipado, contratando analisadores de patentes, e acredito que esse tempo será reduzido em um futuro próximo. Há coisas positivas acontecendo, mas tudo leva tempo, como a formação de analistas de patentes. O que contribui para o baixo índice de registros é a falta de hábito, de valorizar a patente como produção intelectual, e a falta de interesse e motivação dentro das universidades.
Como lidar com questão de
De fato, a pesquisa em parceria com empresas restringe um pouco a possibilidade
confidencialidade e necessida-
de publicação. É por isso que um pedido de patente, no qual você pode divulgar
de de divulgar os resultados
o que fez de forma protegida, deveria valer tanto ou mais do que uma publicação.
pela universidade, em projetos desenvolvidos em conjunto com o setor privado?
O QUE CONTRIBUI PARA O BAIXO ÍNDICE DE REGISTROS DE PATENTES É FALTA DE HÁBITO, DE VALORIZÁ-LA COMO PRODUÇÃO INTELECTUAL, E A FALTA DE INTERESSE E MOTIVAÇÃO DENTRO DAS UNIVERSIDADES. No cenário brasileiro atual as empresas deveriam bus-
Depende do tamanho da empresa, mas a regra geral é combinar os dois. Ter uma equipe interna é necessário até mesmo para saber dialogar com a externa. Para
car mais parcerias na univer-
entender um problema da empresa, é necessário ter competência para explicitar
sidade ou inovar a partir de
dúvidas, saber dimensionar e definir com clareza o problema para que a equipe
iniciativas internas?
externa possa encontrar uma solução. É preciso ter uma equipe interna focada em P&D para definir quais problemas são fáceis de resolver e quais devem ser passados adiante, buscando soluções externas. Dessa forma é possível identificar o melhor grupo de pesquisa para ajudar a resolver aquele problema, acompanhar a solução. Um obstáculo nessa cooperação é a questão da propriedade intelectual. A meu ver, a academia não trata isso de maneira adequada. Por exemplo: você tem um processo produtivo com dez etapas. Você conhece oito, mas precisa de ajuda em dois deles – porque desconhece, não sabe resolver ou tem um rendimento baixo. Então, você recorre a uma instituição para resolver um passo e a uma segunda instituição para resolver o outro. Quando fala com cada uma, elas querem tipicamente uma participação no produto gerado por esse processo. Mas o processo e os produtos são seus e você tem apenas dois problemas para resolver. Podemos discutir um mecanismo de remuneração, mas participação ou royalties em todo o processo não é algo razoável. Já tive experiências pessoais de muitos acordos de cooperação fracassarem por impossibilidade de negociar uma participação razoável na propriedade intelectual do processo. É mais comum do que se imagina. 9
ENTREVISTA: Pedro Wongtschowski| O senhor acredita que a for-
Nossas instituições de Ensino Superior são de qualidade. Pelo menos as mais desta-
mação de recursos humanos
cadas são de padrão internacional, mas ainda acho que há pouco incentivo à ativi-
acompanha a demanda por
dade inventiva, criativa, tanto dos graduandos, quanto dos pós-graduados. Eles não
inovação no Brasil?
são provocados a criar processos, produtos e soluções que interessem ao mercado. Umas das instituições que participo é um endowment fund. São fundos criados por professores e ex-alunos, administrados por ex-alunos, com o rendimento revertido a favor da universidade. Todas as grandes universidades norte-americanas têm esses fundos – e muitos deles são bilionários. No Brasil, não existem. O primeiro fundo desse gênero apareceu há uns dois anos atrás, chamado Amigos da Poli, do qual sou presidente do Conselho de Administração no momento. O fundo está bem estruturado, já captou recursos e lançou o primeiro edital para projetos, com alguns investimentos já realizados. A maioria dos projetos apoiados parte de grupos de alunos, orientados por um professor, para participar de concursos nacionais e internacionais, desde fabricação de robôs a protótipos de automobilismo e aeromodelismo. Então, você começa a criar no estudante a experiência de aplicar seu conhecimento teórico na construção de artefatos com fins utilitários. É um trabalho muito interessante, que cria no universitário o interesse da aplicação prática da teoria, pela inovação que pode ter algum valor econômico lá na frente.
TEMOS UNIVERSIDADES DE PADRÃO INTERNACIONAL, MAS AINDA ACHO QUE HÁ POUCO INCENTIVO À ATIVIDADE INVENTIVA, CRIATIVA Como o senhor avalia o pa-
Acho que as incubadoras e parques tecnológicos são essenciais para mudança da
pel dos habitats de inovação
ordem de grandeza das empresas inovadoras no Brasil. Não podemos nos contentar
para estimular isso?
em fazer com que as startups de base tecnológica apenas dobrem em três anos. Tem que multiplicar por dez. Essa é a única forma de criar empresas com algum impacto econômico no Brasil. Isso também vai se intensificar com a Embrapii. A Embrapii nasceu como modelo original da Embrapa, que deu certo para a agricultura. A questão era: por que não criar a Embrapa da indústria, ou seja, um gigantesco centro de pesquisa que vai ajudar o setor industrial brasileiro a inovar? À medida que as conversas foram feitas no âmbito da MEI, especialmente com o pessoal do MCTI [Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação], a ideia evoluiu não mais para a criação de um centro de pesquisa, mas de uma entidade que fosse utilizar a competência, a energia, as instalações e pessoal existentes nas ICTIs [Instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação], num plano de desenvolvimento tecnológico de empresas.
E como esse modelo preten-
O modelo final da Embrapii é muito interessante, porque que vai credenciar insti-
de alavancar a inovação?
tuições e grupos de pesquisa em ICTIs e instituições de ensino para buscarem projetos em empresas. Vai aproveitar as instalações físicas e o pessoal dessas instituições, que precisarão conhecer o mercado e buscar empresas parceiras para obter o credenciamento. Os custos dos projetos contratados serão divididos igualmente entre a empresa, a instituição e a Embrapii. Ou seja: a empresa vai pagar apenas
10
ENTREVISTA: |Pedro Wongtschowski um terço do custo. Se a Embrapii destinar nos próximos seis anos R$ 1,5 bilhão para projetos, vai alavancar no total R$
PERFIL
4,5 bilhões para aumentar a densidade tecnológica das empresas. É um modelo que se conseguir fazer o que pretende, pode ser transformador para a indústria brasileira.
E qual o papel de pequenas, médias e grandes empresas para gerar inovações?
Em geral, no mundo, a inovação vem das grandes ou das pequenas empresas de base tecnológica. A faixa intermediária de pequenas e médias, com algumas exceções, inova pouco. Mas países como Alemanha e Itália possuem empresas de médio porte com alto conteúdo tecnológico, muito especializadas. Na Alemanha, o Instituto Fraunhofer atua principalmente no segmento das médias empresas, que lembra um pouco o modelo da Embrapii, com a diferença de que lá a empresa paga integralmente pelo serviço prestado. No Brasil, as empresas de pequeno porte, não considerando as EBTs, têm certo grau de informalidade e por isso fogem de qualquer tipo de apoio ou financiamento.
As empresas brasileiras ainda investem pouco em inovação, se comparado ao setor público?
• Natural de São Paulo (SP) • Foi coordenador de Projetos na Promon Engenharia entre 1972 e 1977 • Exerceu as funções de Coordenador de Projetos, Diretor de Desenvolvimento e Diretor Superintendente da Oxiteno S.A. (1992-2006) • Membro da Diretoria da Ultrapar desde 1992 • Atualmente integra conselhos das seguintes entidades: Conselho Superior de Tecnologia e Competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP); Conselho Diretor do Centro Industrial do Rio de Janeiro (CIRJ) e Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia (Concite)
Não. As empresas investem cerca de 0,6 % do PIB, o mesmo que governo. Só que essa conta é um pouco deformada, porque os investimentos do governo incluem a Lei da Informática. Então, há muito mais incentivos para desenvolvimento regional que incentivos para a inovação. O Programa Inova Empresa é uma iniciativa que destinou um montante significativo de recursos, mas quase tudo é financiamento. A parte de subvenção é muito pequena. As empresas gostariam de algum tipo de combinação entre financiamento e subvenção, especialmente para investimentos de maiorL risco. 11
EM MOVIMENTO|
Seminário Nacional reuniu 1,1 mil participantes Divulgação
meio de minicursos, workshops, plenárias, pitch sessions, sessões técnicas e paralelas. A programação do primeiro dia de evento incluiu as pré-conferências da Anprotec e IASP, com workshops e fóruns. De 15 a 17 de outubro, representantes de parques tecnológicos de vários países coordenaram plenárias e sessões, onde foram debatidos modelos de negócio, formas de conectar as cidades aos parques tecnológicos e casos internacionais de desenvolvimento urbano a partir de empreendimentos inovadores.
Evento teve como tema “Parques tecnológicos modelando novas cidades”
Entre os principais palestrantes, esteve o diretor de pesquisas do Institute For The Future, Anthony Townsend.
Entre os dias 14 e 17 de outubro de 2013, o Parque
Doutor em Planejamento Urbano Regional pelo Massa-
Tecnológico Porto Digital, no Recife (PE), sediou um dos
chusetts Institute of Technology (MIT) e ex-conselheiro de
maiores eventos sobre inovação e empreendedorismo do
prefeituras de cidades como Nova Iorque e São Francisco,
Brasil: o XXIII Seminário Nacional de Parques Tecnoló-
Townsend é uma das principais autoridades mundiais em
gicos e Incubadoras de Empresas, realizado em paralelo
temas relacionados ao impacto das novas tecnologias nos
com a 30ª Conferência Mundial da Associação Interna-
centros urbanos e de soluções geradas a partir de inovação.
cional de Parques Científicos e Tecnológicos (IASP). En-
Outras participações importantes foram a do ministro da
tre gestores de habitats de inovação, empreendedores e
Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp, e a
gestores públicos, participaram do evento cerca de 1,1
do governador do estado de Pernambuco, Eduardo Cam-
mil pessoas de 47 países.
pos, durante a cerimônia oficial de abertura do evento.
Realizado anualmente por Anprotec e pelo Sebrae, o
O Seminário foi apoiado pelo Ministério da Ciência,
Seminário teve como tema principal “Parques tecnológi-
Tecnologia e Inovação (MCTI),pela Secretaria de Ciência
cos modelando novas cidades”. Durante os quatro dias
e Tecnologia de Pernambuco (Sectec) e pelo CNPq, com
de evento, os participantes puderam aprofundar conhe-
patrocínio de Prefeitura da Cidade do Recife, MDIC, BN-
cimentos, analisar propostas e trocar experiências por
DES, Chesf, CNI, Finep, ABDI e Facepe.
Pesquisa em parceria com Sebrae busca conhecer perfil das graduadas Em parceria com o Sebrae, a An-
12
Empreendedorismo e Inovação.
quisa no dia 15 de janeiro.
protec realizou uma pesquisa para
O questionário, disponibilizado
A Anprotec e o Sebrae estão em-
traçar o perfil das empresas gradua-
online para as empresas graduadas,
penhados em mapear a trajetória das
das por incubadoras brasileiras. Os re-
continha 25 itens sobre temas di-
graduadas a fim de identificar suas
sultados estão servindo para orientar
versos, tais como a participação da
principais conquistas e desafios. No
a Associação e o Sebrae na busca por
empresa em outros negócios, o rece-
último dia 14 de outubro, em Recife
políticas e programas adequados para
bimento de investimentos de risco e
(PE), as duas instituições reuniram um
empresas inovadoras e que contri-
de recursos de fomento, a utilização
grupo de empresas no I Fórum das
buem para o desenvolvimento regio-
de créditos, o lançamento e desen-
Empresas Graduadas, que integrou a
nal e nacional. A pesquisa foi coorde-
volvimento de produtos e serviços,
programação pré-evento do XXIII Se-
nada pelo Instituto Christiano Becker
inovação e obstáculos. As empresas
minário Nacional de Parques Tecnoló-
de Estudos sobre Desenvolvimento,
terminaram de responder à pes-
gicos e Incubadoras de Empresas.
|EM MOVIMENTO
MinC anuncia resultado do edital para incubadoras Mariana Guerra
privadas que atuam no setor têm capacidade de investimento limitada. “O objetivo do edital é valorizar e impulsionar espaços da economia criativa. Queremos que as incubadoras aqui presentes voltem seus olhares a esse segmento”, afirmou. Confira os projetos aprovados: - Núcleo de Gestão do Porto Digital (Recife, PE) - Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Fortaleza, CE) - Instituto de Assessoria para o Desenvolvimento Humano (Recife, PE) - Instituto de Apoio à Fundação Universidade de Pernambuco (Recife, PE)
Secretário nacional da Economia Criativa, Marcos André Carvalho, anunciou projetos selecionados em edital voltado a incubadoras
- Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (Campina Grande, PB)
O secretário nacional da Economia Criativa, Marcos
- Fundação de Amparo ao Desenvolvimento da Pesquisa
André Carvalho, anunciou na cerimônia de entrega do
(Belém, PA)
Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador da
– Faculdades Católicas (Rio de Janeiro, RJ)
Anprotec, no dia 17 de outubro, os 15 projetos selecio-
- Universidade do Estado de Minas Gerais (Belo Horizon-
nados no 1º Edital de Fomento a Incubadoras de Em-
te, MG)
preendimentos da Economia Criativa do Ministério da
- Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia
Cultura (MinC). O edital foi dirigido a instituições pú-
(São Paulo, SP)
blicas e privadas sem fins lucrativos que atuam como
- Instituto de Sócio Economia Solidária (São Paulo, SP)
gestoras de incubadoras há, no mínimo, três anos. Cada
- Centro Para a Competitividade e Inovação do Cone Les-
projeto contemplado receberá entre R$ 250 mil e R$
te Paulista (São José dos Campos, SP)
400 mil do MinC, totalizando um investimento de R$
- Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (São
5 milhões.
Paulo, SP)
Uma das metas do Ministério é estruturar políticas de
– Associação Catarinense de Tecnologia (Florianópolis,
fomento a novos empreendimentos criativos. Segundo o
SC)
secretário, algumas das poucas incubadoras públicas e
- Fundação Certi (Florianópolis, SC).
Três empresas da Incubadora Tecnológica da Feevale são graduadas Três empresas da Incubadora Tec-
o Empreendedor”, ministrada pelo
Hamburgo (Aspeur), e contando com
nológica da Feevale (ITEF), de Novo
professor Moacir Rodrigues dos San-
parceria do Sebrae, da Associação
Hamburgo (RS) – Special Branding,
tos. A Testing Company se tornará
Comercial de Novo Hamburgo e da
Resol Ambiental e TestingCompany
residente da unidade do Parque Tec-
Prefeitura Municipal, a ITEF iniciou
– receberam o certificado de gradu-
nológico do Vale dos Sinos (Valetc) de
suas atividades em agosto de 1998,
ação no último dia 26 de setembro. A
Novo Hamburgo, a Hamburgtec.
com o objetivo de contribuir para a pela
geração de novas empresas, empre-
contou também com a palestra “A Im-
mantenedora da Feevale, a Associa-
gos e renda, e para a diversificação
portância da Gestão Estratégica para
ção Pró-Ensino Superior em Novo
da economia local e regional.
cerimônia ocorreu na Universidade e
Idealizada
e
constituída
13
EM MOVIMENTO|
Anprotec estabelece parcerias com ABVCAP e Consecti Mariana Guerra
para a elaboração de políticas regionais e estaduais de parques tecnológicos e incubadoras de empresas. Segundo a presidente da Associação, Francilene Garcia, a meta é ampliar os sistemas locais de inovação, por meio de parcerias com as Secretarias Municipais de Ciência e Tecnologia e as Fundações de Amparo à Pesquisa. “Com o acordo, poderemos nos unir para discutir sobre a construção e a consolidação de habitats de inovação em diferentes estados brasileiros. Essa também é uma ação de padronização de um conjunto mínimo de serviços
Ronaldo Pena, diretor da Anprotec, Jadir Péla, presidente da Consecti e Franceline Procópio Garcia, presidente da Anprotec assinam acordo
que têm de ser prestados pelos parques e incubadoras desde o início do planejamento até a implementação da ação”, afirmou. Para o presidente do Consecti, Jadir José
O primeiro dia do XXIII Seminário Nacional de
Péla, o acordo é um avanço para o setor. “Vamos alinhar
Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, foi
no Brasil ações estratégicas de planejamento, construção
importante para o estabelecimento de acordos de coo-
e implantação para parques tecnológicos, incubadoras e
peração entre a Associação Nacional de Entidades Pro-
polos de inovação. A parceria Anprotec com o Consecti
motoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e
certamente irá promover o intercâmbio entre os estados,
instituições atuantes no movimento do empreendedo-
o que vai facilitar na implementação das políticas locais
rismo brasileiro. Jadir José Péla, presidente do Conse-
com apoio do setor produtivo, além de intensificarmos
lho Nacional dos Secretários para Assuntos de Ciência,
a realização de fóruns e palestras sobre o assunto pelo
Tecnologia e Inovação (Consecti), e Clovis Meurer,
país”, destaca o presidente.
presidente da Associação Brasileira de Private Equity
Já o acordo com a ABVCAP foi assinado no início do
e Venture Capital (ABVCAP), assinaram os documentos
Seed Forum Internacional e visa aproximar os ambientes
que oficializam as parcerias de quatro e dois anos, res-
representados por ambas as instituições, estimular rela-
pectivamente, com a Associação.
ções mais cooperativas e difundir as práticas da indús-
O acordo de cooperação técnica entre a Anprotec e o Consecti tem como objetivo o intercâmbio tecnológico
tria de participações nos segmentos de seed e venture capital.
Programação de fim de ano da Anprotec
14
Durante os dias 3 e 4 de dezembro
elas podem contribuir com ações re-
gundo dia, com a presidente da An-
de 2013, dirigentes e associados da
alizadas pela Associação. No primeiro
protec, Francilene Procópio Garcia,
Anprotec estiveram reunidos em Bra-
dia, houve também a 8ª Assembleia
apresentando as atividades realizadas
sília (DF) para avaliação de resultados
Geral Extraordinária e a reunião de
para os associados e representantes
alcançados no ano e a discussão da
posicionamento estratégico, quando
de diversas instituições parceiras, tais
pauta para 2014. A primeira atividade
foi apresentado um estudo sobre o
como Sebrae, Ministério da Ciência,
foi a reunião com coordenadores das
trabalho realizado pela Anprotec e
Tecnologia e Inovação (MCTI), Minis-
redes estaduais e regionais de incuba-
como deve ser a atuação da Associa-
tério do Desenvolvimento, Indústria e
doras e parques, quando foram ouvi-
ção nos próximos anos.
Comércio Exterior (MDIC), Agência Na-
das as demandas e sugestões dessas
O Café da Manhã Anprotec & Par-
entidades, bem como discutir como
ceiros abriu a programação do se-
cional da Inovação (Finep) e Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE).
|EM MOVIMENTO
Prêmio Finep de Inovação 2013 Divulgação
Em meio à programação de fim de ano da Anprotec, associados e dirigentes da Associação compareceram à entrega do Prêmio Finep de Inovação 2013, realizada no dia 04 de dezembro, no Palácio do Planalto. A cerimônia contou com a presença da presidente Dilma Roussef, do vice-presidente Michel Temer, do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antonio Raupp, e do presidente da Finep, Glauco Arbix. Na ocasião, foram conhecidos os vencedores nacionais: Fundação
Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de entrega da 16ª edição do Prêmio
CPqD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações
Braile Biomédica Indústria, Comér-
vestimentos Gestão de Fundos LTDA
(categoria ICT); José Roberto do
cio e Representações LTDA (Média
(Inovar Fundos – Operação).
Amaral Assy (Inventor Inovador);
Empresa); Natura Cosméticos S/A
Além do troféu, os vencedores re-
CBPAK (Inovação Sustentável); F123
(Grande Empresa); DGF Investimen-
ceberam premiações em dinheiro, va-
Consulting (Tecnologia Assistiva);
tos Gestão de Fundos LTDA (Inovar
riando entre R$ 100 mil e R$ 500 mil.
Fundação de Tecnologia do Estado
Fundos – Equipe); Invest Tech Parti-
Somado os valores das etapas regional
do Acre (Tecnologia Social); Marina
cipações e Investimentos LTDA (Ino-
e nacional, o Prêmio Finep distribuiu
Borrachas LTDA (Pequena Empresa);
var Fundos – Governança); DGF In-
R$ 8 milhões.
Semana Global de Empreendedorismo movimenta o país Capacitar, inspirar e conectar.
Na edição deste ano, em todo
de 200 mil habitantes; a criação de
Esses foram os objetivos da Sema-
o mundo foram desenvolvidas 4,1
novos Comitês Estratégicos Regio-
na Global do Empreendedorismo
mil atividades, envolvendo cerca de
nais; o fortalecimento do ecossiste-
(SGE), que aconteceu entre os dias
600 parceiros e um público de 1,6
ma empreendedor; e a construção de
18 e 24 de novembro, em todo o
milhão – 52% sendo estudantes de
um legado na cultura empreendedo-
Brasil. Atividades diversas, de pales-
graduação.
ra do país, especialmente por meio dos esforços com relação à Educação
tras a competições, com diferentes
A temática principal foi “Se existe
públicos e temáticas compuseram
um sonho existe um caminho”, que
a programação, que foi além dos
retrata a meta do movimento de ins-
Desde 2008, a organização an-
sete dias previstos. Muito mais que
pirar as pessoas a acreditarem que
fitriã da SGE no Brasil é o Instituto
um evento, a SGE é um movimento
podem empreender seus sonhos,
Empreender Endeavor. Além disso, o
global composto por mais de 130
seja em novos negócios, ou em suas
evento conta com o Conselho Nacio-
países, milhares de organizações
próprias vidas. A partir desse tema,
nal, composto pela Anprotec e mais
e milhões de pessoas que buscam
quatro objetivos centrais foram tra-
nove organizações responsáveis por
despertar e fortalecer o espírito em-
çados: a capilarização do movimento,
desenvolver estratégias para a Se-
preendedor.
especialmente em cidades com mais
mana em todo o país.
Empreendedora.
15
EM MOVIMENTO|
Belém prepara XXIV Seminário Divulgação
conexões para resultados”. O desafio proposto é buscar caminhos para que os ambientes de inovação ampliem suas conexões com os setores público e privado, a fim de se tornarem mais autônomos e, assim, contribuírem ainda mais para o desenvolvimento sustentável das regiões em que atuam. Em Recife, o diretor-presidente do PCT Guamá, Antônio Abelém, apresentou um vídeo, mostrando as iniciativas do PCT Guamá, além de recortes do Hangar e da cultura pa-
O PCT Guamá sediará o XXIII Seminário Nacional, em 2014, com foco nas conexões entre os ambientes de inovação e os setores privado e público
raense. No final da cerimônia, acompanhando pela equipe do parque tecnológico paraense e da Agência
Durante a cerimônia de encerra-
e Tecnologia Guamá (PCT Guamá), o
de Inovação da Universidade Federal
mento do XXIII Seminário Nacional
seminário será realizado de 22 a 26
do Pará (Universitec/UFPA), Abelém
de Parques Tecnológicos e Incubado-
de setembro de 2014, no Hangar –
recebeu a bandeira da Anprotec das
ras de Empresas, a cidade de Belém
Centro de Convenções da Amazônia.
mãos de Francisco Saboya, diretor
(PA) foi apresentada oficialmente
O evento traz um tema desafiador
do Porto Digital, formalizando Belém
como a próxima sede do evento. Sob
para a próxima edição: “Fronteiras do
(PA) como a próxima cidade sede do
a organização do Parque de Ciência
empreendedorismo inovador: novas
Seminário Nacional.
O PCT Guamá Área do parque: 75 hectares Número de empresas: 27 Áreas de Atuação: Biotecnologia, Energia, Tecnologia da Informação e Comunicação, Tecnologia Ambiental e Tecnologia Mineral. Investimentos financeiros: R$ 80 milhões do Governo do Estado por meio do BNDES e R$ 6 milhões do Governo do Estado, destinados ao contrato de gestão da Fundação de Ciência e Tecnologia Guamá, gestora do PCT Guamá. Em apenas três anos, o PCT Guamá já atraiu R$ 350 milhões de investimentos dos empreendimentos implantados e em fase de implantação. Além disso, já foram captados R$ 25 milhões junto à Finep para a aquisição de equipamentos a laboratórios de P&D com diferentes focos dentro das áreas de atuação do parque tecnológico. Data da fundação: 8 de abril de 2009 Início da operação: 1º de julho de 2010 16
|EM MOVIMENTO
Cuiabá será sede do Seminário Nacional em 2015 Divulgação
setembro de 2015, sob a organização da Arca Multincubadora em parceria com o Governo do Estado do Mato Grosso. Cuiabá apresentou todos os requisitos propostos pelo edital de candidatura, como infraestrutura, centro de eventos, transporte, acessibilidade, presA capital mato-grossense sediará o evento, organizado pela Arca Multincubadora em parceria com o Governo do Estado
necessários à adequada realização do evento, competência técnica e integra-
A 24ª Assembleia Geral da Anprotec, realizada dia 16 de outubro, du-
tação de serviços de apoio
ção com as entidades envolvidas.
rante o XXIII Seminário Nacional de
Além da Arca Multincubadora e o
Parques Tecnológicos e Incubadoras
Governo do Estado, estiveram envolvi-
de Empresas, foi decisiva para as ci-
dos no processo a Prefeitura de Cuiabá,
dades de Cuiabá (MT), Guarulhos (SP)
a Universidade Federal de Mato Gros-
e São José dos Campos (SP), que con-
so, a Fundação de Amparo à Pesquisa
correram para receber a 25ª edição do
do Estado, a Federação das Indústrias
seminário. A capital mato-grossense foi
de Mato Grosso, o Serviço de Apoio às
eleita com 30 votos – de um total de
Micro e Pequenas Empresas, a Rede Es-
55 – e sediará o evento previsto para
tadual de Incubadoras de Empresas de
acontecer entre os dias 21 e 25 de
Mato Grosso e o Hotel Deville.
Oito empresas são diplomadas para incubação no Padetec No último dia 19 de novembro, o Parque de Desenvolvimento
Tecnológico
(Padetec) da Universidade Federal do Ceará (UFC) realizou, em Fortaleza (CE), a cerimônia de incubação de duas novas empresas, a Cyber Componentes Eletrônicos Ltda. e a MPR Indústria e Comércio de Alimentos Ltda. Na mesma ocasião, foram diplomadas as oito empresas que assinaram o contrato de incubação recentemente: Alimentos Funcionais do Brasil Indústria e Comércio Ltda.; Biotrends; Cohibra; Embraton; Geomk Soluções & Trading; Inovaeduc
Consultoria
em
Mídias Digitais Ltda.; Queijos Dom Afonso e SIAC. O Padetec passa a contar agora com 13 empresas incubadas residentes e oito associadas. Criado em 1990,
Incubadora da Universidade Positivo seleciona projetos
a partir da revitalização das
das oficinas Pesquisa de Mercado e
Faculdade de Odontologia da
A Incubadora de Projetos e Empresas
da
Universidade
Positivo
Plano de Negócios.
(StartUP) recebeu três novos pro-
O processo seletivo foi composto
jetos para incubação: a Arbos, uma
por duas etapas. Na primeira, os can-
galeria virtual de arte, a Takuat, uma
didatos preencheram um formulário
empresa de compósitos naturais e
de plano de negócios simplificado.
sustentáveis, e a UpWell Web Per-
Após análise, os projetos que mais se
formance, especializada em métricas
destacaram foram aprovados para a
para análises de sites e de redes so-
segunda fase, que consistia em uma
ciais. Já no início de suas atividades,
banca presencial com profissionais
as empresas participaram do Startup
da área do projeto proposto e espe-
Launch, evento que auxiliou na me-
cialistas em empreendedorismo e
lhora da modelagem do negócio, e
inovação.
instalações abandonadas da UFC, o parque atua como centro de pesquisa e incubadora nas áreas de mecânica e química fina, eletrônica, alimentos, suplementos alimentares, cosméticos, compósitos, fitoterápicos, produtos naturais e energia alternativa. No total, são 3.200 m² de infraestrutura coberta, disponível para galpões industriais, laboratórios e escritórios. 17
EM MOVIMENTO|
Expocietec reúne mais de 50 startups Divulgação
palestras e workshops. No primeiro dia, empreendedores de startups de sucesso compartilharam o processo de desenvolvimento de seus negócios, desde a incubação até a maturidade. Entre os cases apresentados, estavam empresas como a Gesto Saúde e Tecnologia, que desenvolve processos e softwares para a gestão de planos e riscos de saúde, e da P3D, que produz softwares de realidade virtual para ensino escolar. Workshops sobre patentes, internacionalização e regulamentação na área da saúde completaram a grade
Segunda edição do evento contou com palestras e workshops
a palestra sobre empreendedorismo
Produtos e serviços inovadores
e investidores, palestras de cases
de Bel Pesce, a jovem que aos 25
de mais de 50 startups de base tec-
de sucesso, além dedebates sobre
anos já fundou uma empresa no Vale
nológica dos setores de saúde, meio
patentes e propriedade intelectual,
do Silício, escreveu dois best-sellers
ambiente, eletroeletrônicos, química,
internacionalização de empresas e
sobre carreira e é autora de um pro-
biotecnologia e tecnologia da infor-
regulamentação na área da saúde,
grama de empreendedorismo.
mação, foram a atração da II Exposi-
tendências no mercado de games,
No segundo e último dia, German
ção e Conferência de Inovação e Em-
ensino à distância, entre outras te-
Alfonso, diretor da Nodal Consul-
preendedorismo de Base Tecnológica
máticas.
toria, falou sobre como preparar
(Expocietec), que aconteceu nos dias
empresas para investimentos, e Car-
30 e 31 de outubro, em São Paulo
Feira
los Souza, CEO da Veduca, sobre o
(SP). Além da exposição, apresenta-
Durante os dois dias do evento,
mercado de ensino à distância. No
ções como a de Bel Pesce, empreen-
60 empresas participaram da feira
período da tarde, ocorreu o DEMO
dedora brasileira que se destacou no
de startups, onde apresentaram pro-
Brasil/Expocietec, com apresenta-
Vale do Silício, e de Carlos Souza, CEO
dutos variados, como um bioinseti-
ção de negócios de startups previa-
do Veduca – portal que reúne video-
cida contra o mosquito da dengue,
mente
aulas de universidades renomadas de
tinta de efeito tridimensional e sof-
por conversas com empreendedores
diversos países –, fizeram parte da
twares de gestão para negócios. Uma
de sucesso e investidores em star-
programação do evento.
novidade foi o Corredor Verde, espa-
tups – Anjos do Brasil, Plataforma
ço reservado para iniciativas inéditas
Investimentos, TreeLabs, e.Bricks
na área de sustentabilidade
Digital, Intel Capital e Redpointe.
A II Expocietec é fruto da parceria entre o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec)
18
do primeiro dia, que encerrou com
selecionadas,
intercaladas
Ventures. O encontro foi realizado
e a Federação do Comércio de Bens,
Palestras e workshops
em parceria com a DEMO Brasil,
Serviços e Turismo do Estado de São
Com foco no desenvolvimento do
plataforma especializada em sele-
Paulo (Fecomercio-SP). Nesta se-
ambiente de negócios para micro e
cionar, orientar, promover e tornar
gunda edição, o evento contou com
pequenas empresas, a programação
produtos e negócios inovadores
um fórum entre empreendedores
da II Expocietec contou também com
bem-sucedidos.
|EM MOVIMENTO
Empreendedores recebem orientação do Tecnova no CIDE Milton de Oliveira
Divulgação
Projeto desenvolvido pelo SergipeTec em parceria com a Sefaz é premiado
O Centro de Incubação e Desenvolvimento Empresarial Iniciativa premiada substitui aemissão de cupons e notas fiscais de consumidor em papel e disponibiliza as informações em tempo real
O Projeto Nota Fiscal de Consumi-
po técnico com empresas do ramo va-
dor Eletrônica (NFC-e), desenvolvido
rejista para evoluir nas especificações
pela Secretaria de Estado da Fazenda
e normatizações do projeto-piloto,
(Sefaz) em parceria com o Sergipe Par-
durante 2013”, explicou o gerente do
que Tecnológico (SergipeTec), foi ho-
Projeto pelo SergipeTec, Cláudio Ca-
menageado na 16ª edição do Prêmio
valcanti de Andrade.
Automação da GS1 Brasil – Associação
Segundo a equipe do projeto, a uti-
Brasileira de Automação, em São Paulo
lização da NFC-e representa para as
(SP), no dia 7 de novembro. A NFC-e
empresas uma solução de baixo custo,
é um documento fiscal com funciona-
porque não exige equipamentos espe-
mento semelhante ao da Nota Fiscal
cíficos – o que acaba com a necessida-
Eletrônica (NF-e). Ela substitui a emis-
de de arquivamento dos documentos
são de notas fiscais de consumidor em
fiscais. Para a Sefaz, a vantagem do
papel e de cupons fiscais através do
sistema é que os dados transmitidos
Emissor de Cupom Fiscal (ECF). Como
automaticamente ajudam no planeja-
a NFC-e disponibiliza as informações
mento e na execução das ações fiscais
em tempo real, as secretarias estadu-
e, com isso, a sonegação fiscal das em-
ais podem trabalhar antecipadamente
presas tende a diminuir. “Com o siste-
nas suas ações fiscais, aumentando a
ma, o consumidor tem a certeza de que
arrecadação estadual e diminuindo a
o imposto a ser recolhido pela compra
sonegação.
realizada é de conhecimento da Secre-
Sergipe lançou a proposta da NFC-
taria. Ele ainda tem acesso à base de
-e no Encontro Nacional de Coordena-
dados da Sefaz via código de acesso
dores e Administradores Tributários
ou QRCode, obtidos no ato na compra,
(Encat), a fim de atender ao comércio
e pode também receber a NFC-e por
varejista. “Com a proposta aceita, sete
email, SMS ou WhatsApp”, ressaltou
estados brasileiros formaram um gru-
Cavalcanti.
(CIDE) recebeu, em outubro de 2013, a colaboradora da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Cleide Furtado, para dar apoio técnico aos empreendedores
interessados
em
participar do edital de seleção do Programa de Subvenção Econômica à Inovação Tecnológica em Micro e Pequenas Empresas no Estado do Amazonas (Tecnova/AM). Por meio do Programa, as instituições financiadoras
estão
ofere-
cendo R$13,5 milhões para alavancar o setor de inovação tecnológica voltado para as áreas de gás e petróleo, energias alternativas, tecnologia da informação, construção naval, produtos alimentícios, florestais e biotecnológicos e produtos e serviços ambientais. O Tecnova/AM é uma iniciativa da Finep (Agência Brasileira da Inovação) em parceria com a Fapeam e a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti/AM). 19
EM MOVIMENTO|
RS receberá investimento de R$ 25 milhões para MPEs Caroline Bicocchi
saúde avançada e medicamentos, calçados e artefatos, indústria moveleira, e nos setores metalmecânico-automotivo e agroindustrial. Os recursos vão variar entre R$ 200 mil e R$ 667 mil por projeto apresentado. Na ocasião, o secretário da SCIT, Cleber Prodanov, assegurou que o investimento em inovação é diretriz fundamental da administração
Presidente da Finep, Glauco Arbix, anunciou investimentos no Rio Grande do Sul, com recursos do programa Tecnova
estadual, e que o Tecnova cria uma ligação cada vez mais forte entre universidade, empresas e sociedade.
Numa parceria com a Fundação
A cerimônia contou com a presença
“Colocamos recursos a fundo perdi-
de Amparo à Pesquisa do Estado
do governador Tarso Genro e do pre-
do para que a universidade faça con-
do Rio Grande do Sul (Fapergs) e a
sidente da Finep, Glauco Arbix.
vênios com a empresa para lançar ou
Secretaria da Ciência, Inovação e De-
Do total, R$ 15 milhões serão
aprimorar produtos tecnológicos. O
senvolvimento Tecnológico (SCIT), a
aportados pela Finep e R$ 10 mi-
fomento incentivará a competitivida-
Agência Brasileira da Inovação (Fi-
lhões provêm de parcerias locais –
de, fazendo com que otrabalho das
nep) anunciou, no dia 31 de outubro,
R$ 9,3 milhões do Tesouro Estadual,
micro e pequenas empresas sejare-
em Porto Alegre (RS), o investimento
R$ 300 mil da Federação das Indús-
gional e global”, explicou.
de R$ 25 milhões em micro e peque-
trias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e
As inscrições foram encerradas
nas empresas do estado. Os recursos
R$ 400 mil da Companhia Estadual
no dia 16 de janeiro, e a lista final
são do programa Tecnova, que in-
de Energia Elétrica (CEEE). A ação
dos aprovados será divulgada em 30
centiva a criação de produtos inova-
permitirá a contratação de até 75
de maio de 2014. O edital e outras
dores e o crescimento de empresas
pesquisas nas cadeias de tecnologia
informações estão disponíveis nos
de pequeno porte com capacidade
da informação, comunicação, pe-
sites www.tecnova.rs.gov.br e www.
para desenvolver a economia local.
tróleo e gás, energias alternativas,
fapergs.rs.gov.br.
IBM propõe plano de desenvolvimento ao InovaParq
20
Durante os meses de outubro
consultoria ao Parque de Inovação
Adam Stallman (Estados Unidos),
e novembro, a cidade de Joinville
Tecnológica de Joinville e Região
Ayse Guveli (Turquia), Coke Liu
(SC) recebeu o programa Corpora-
(Inovaparq), além de três organiza-
(China) e Helena Major (Hungria)
te Service Corps(CSC), da IBM, que
ções locais – a Fundação Turística da
formaram o time que atuou no Ino-
tem como objetivo auxiliar no de-
Prefeitura Municipal, a Associação
vaparq. O conjunto de propostas
senvolvimento socioeconômico de
Projeto Resgate e a Fundação Muni-
apresentadas por eles englobou,
cidades e capacitar líderes globais.
cipal do Meio Ambiente (Fundema).
dentre outros aspectos, a estrutura-
A companhia americana selecionou
Os funcionários foram divididos em
ção de um mapa de competências,
16 colaboradores de países como
equipes multifuncionais e trabalha-
um framework para gestão de ino-
China, Estados Unidos, Turquia, Aus-
ram com dedicação exclusiva duran-
vação e processos de gestão do co-
trália e África do Sul para prestarem
te quatro semanas.
nhecimento.
Shutterstock
|EM MOVIMENTO
A experiência que vem de fora
Em busca de formação multicultural e networking global, empreendedores optam por cursos de atualização no exterior. É a chance para se dedicar aos estudos e prospectar oportunidades de negócios.
DA NIE L E M A RT IN S 21
GESTÃO|
Fotos: Divulgação
Voltar a estudar depois de alguns anos de mercado não é uma tarefa
Mamão, da Ecovec: MBA no MIT proporcionou experiência e parcerias
pois da convivência com pessoas de vários países, discutindo problemas”, comenta.
fácil, ainda mais para os empreen-
A experiência também o ajudou a se
dedores com uma agenda de traba-
aproximar de profissionais dos mais di-
lho lotada. Mas, com a necessidade
ferentes cargos – de analista a presidente
de adquirir novos conhecimentos e
de empresas. “Eu aprendi a abordar essas
impulsionar a carreira, muitos estão
pessoas e tentar gerar negócios, indepen-
optando por estudar fora do país. É
dentemente da minha cultura mineira, des-
quando eles deixam de lado as tarefas
sa coisa de ter medo de incomodar. Essa
de empresário para assumir os deve-
experiência está muito relacionada a uma
res de estudante, compartilhando
exposição maior, a ter saído de Belo Hori-
experiências em um ambiente multi-
zonte para falar com gente do mundo todo”,
cultural.
conclui.
Diretor da Ecovec, empresa de biotecno-
Gustavo Mamão estava atuando como
logia e bioinformática voltada à prevenção
empreendedor há aproximadamente seis
da dengue e instalada no Parque Tecnológi-
anos quando decidiu sair do país para
co de Belo Horizonte (BH-TEC), o empresá-
estudar. Ele sentiu a necessidade de um
rio Gustavo Mamão, 36 anos, viu o estudo
período “sabático” para reiniciar projetos
no exterior como uma oportunidade para se
antigos e tentar aprimorar o que vinha fa-
concentrar nesse novo papel. Entre junho
zendo. Foi assim que adquiriu uma nova
de 2010 e junho de 2011, quase dez anos
forma de trabalhar e uma rede de contatos,
após a graduação, o administrador forma-
que mantém até hoje. “Eu procuro acessar
do pela Universidade Federal de Minas
essas pessoas quando preciso de apoio em
Gerais (UFMG) cursou o MBA em Inovação
áreas que elas têm mais conhecimento. As-
no Massachusetts Institute of Technology
sim, é possível alcançar novas informações
(MIT), nos Estados Unidos. “Eu não daria
e possivelmente dar início a novas oportu-
conta de fazer uma pós-graduação à noite.
nidades”, avalia.
Desistir deste personagem, que é ser o fulano da empresa tal, e estudar em um tempo limitado? É isso que a gente consegue fazer Caetano, da Sambatech: formação ajudou a traçar novos objetivos para a empresa
O fundador e CEO da Samba Tech, empresa de soluções em vídeos online, e pre-
lá fora”, explica. Segundo ele, o curso, com 100 alunos
sidente da Associação Brasileira de Star-
de 25 nacionalidades, proporcionou uma
tups, Gustavo Caetano, 32 anos, também
grande dose de auto-
investiu nos estudos fora do Brasil. For-
confiança,
mando em Marketing pela Escola Superior
os
expondo
participantes
a
de Propaganda e Marketing (ESPM) em
situações.
2004, também fez o curso da inovação no
“Hoje, mesmo olhando
MIT em 2007, e estudou Gerência de pro-
para o desafio que é o
dutos no Vale do Silício com um dos funda-
nosso trabalho, tenho
dores do Netscape, Marty Cagan, em 2009.
inúmeras
certeza de que estou
A decisão de estudar no exterior foi es-
as
timulada pelos desafios que a empresa es-
ferramentas possíveis.
tava enfrentando. Com os cursos, Caetano
Estou mais preparado
percebeu que a Samba Tech precisava se
para lidar com dife-
diferenciar no mercado desenvolvendo uma
rentes situações de-
tecnologia própria. Da visita ao MIT surgiu
utilizando
22
Resultado
todas
uma parceria com a escola de negócios da
cebe muitas oportunidades de negó-
universidade, o Sloan School of Manage-
cio”. Para o fundador da Aceleradora
ment, para o Global Entrepreneurship Lab
– apoiadora de startups e empresas
(G-Lab) – programa de estágio que presta
com estratégias de inovação – além
consultoria para startups em mercados
de estudar no exterior, é importante
emergentes e já atendeu mais de 250 em-
buscar novos contatos e viver o coti-
presas em todo o mundo. Do vale, ele aca-
diano do novo país.
bou trazendo Marty Cagan para fazer uma consultoria para a empresa.
Divulgação
|GESTÃO
Segundo ele, esse investimento pode ser feito em vários momen-
“A Samba Tech estava mudando seu foco
tos da carreira. “Durante ou após a
de revendedora de jogos de celular para ges-
graduação, por exemplo, isso pode
tora e distribuidora de vídeos. Senti a neces-
trazer novas referências e abrir mais
sidade de buscar conhecimento para poder
campos de trabalho ou especializa-
aplicar na nova empreitada que estávamos
ção. Durante o mestrado ou doutora-
planejando”, explica. Para ele, o conhecimen-
do, isso pode trazer parcerias com centros
to de gestão de produtos e de inovação foi
de pesquisa importantes e trabalhos con-
vital para desenvolver o que hoje é o carro-
juntos com equipes de diferentes países.
-chefe da empresa. “Adotamos uma meto-
Quando se está empreendendo ou como
dologia ágil de desenvolvimento e imple-
gestor de uma empresa, existem centros de
mentamos a inovação no DNA da empresa:
ensino especializados em práticas que não
conceitos que hoje fazem parte da cultura
somente trarão um selo à sua formação,
da Samba Tech e, sem dúvidas, contribuíram
mas também um aprendizado importante
para fazer o negócio crescer”, completa.
que pode ser aplicado na prática”, explica.
Caetano também ficou afastado das suas
E a melhor maneira de aproveitar essa
atividades na empresa durante o período de
experiência, de acordo com Gitahy, é au-
imersão nos estudos. “Conheci muita gente,
mentando o networking, interagindo com
aprendi muito e consegui aplicar tudo isso
pessoas ligadas à formação profissional –
no meu negócio de forma contínua, trazen-
mesmo que de outras áreas, porque o mun-
do o Marty Cagan para uma consultoria in
do é cada vez mais multidisciplinar. “Apesar
loco na Samba Tech e firmando uma parce-
de muito sociável, o brasileiro é um pouco
ria com o MIT que já dura sete anos”, come-
retraído ao buscar contatos no mundo dos
mora. Ele garante que o grande diferencial
negócios. Filiar-se a alguma entidade que
dos cursos no exterior é a possibilidade de
promova esse networking é uma saída inte-
estar em lugares considerados polos de em-
ressante nesses casos”, complementa.
preendedorismo e inovação, aprendendo
Para Gitahy, buscar uma formação no ex-
com quem vivenciou dificuldades e criou
terior, principalmente em um centro de re-
algo que revolucionou o mercado.
ferência na área de atuação do profissional,
Gitahy, da Aceleradora: estudar fora traz um olhar diferenciado para novas oportunidades
é muito importante. “Infelizmente, existem Interação gera oportunidades
profissionais e empreendedores brilhantes
Yuri Gitahy, conhecido como um dos
que nunca estudaram no exterior e, por isso,
principais mentores de startups do Brasil,
não têm acesso a muitas oportunidades de
acredita quea interação com outras culturas
negócio em multinacionais. Ao mesmo tem-
é extremamente importante para perceber
po, recém-formados em um curso no MIT
novos desafios e comparar os gaps do nosso
ou na Wharton School têm acesso a carrei-
país com a evolução de outros. “É a partir
ras brilhantes, mesmo que muito imaturos e inexperientes”, conclui. L
dessa comparação de realidades que se per-
23
Shutterstock
Ideias iluminadas
As previsões sobre o crescimento da economia brasileira nos próximos anos dividem os especialistas. Seja com o país em ritmo mais lento ou com pé fundo no acelerador, um fato é certo: a demanda por energia vai aumentar consideravelmente. E as empresas inovadoras que apresentam boas ideias para deixar esse setor ainda mais eficiente têm mercado garantido.
A L E X A NDR E L E NZI 24
|NEGÓCIOS
empresas inovadoras: hoje a legislação
elaborado pelo Ministério de Minas
do setor determina que as concessioná-
e Energia, avaliou quatro possíveis
rias de energia invistam 1% de sua receita
cenários para a economia brasileira nas
em pesquisas de eficiência energética ou
próximas décadas, considerando diferentes
em pesquisa e desenvolvimento (P&D).
taxas anuais médias de crescimento do PIB,
“Anualmente as grandes concessionárias
variando entre 2,2% e 5,1% ao ano. Em to-
lançam editais para projetos, o que signi-
das elas, o estudo confirma o aumento da
fica oportunidades para essas empresas”,
demanda de energia, que pode chegar a
avalia.
uma taxa anual de 4,3%. Considerando ape-
A Esco Iguassu, localizada no Parque
nas a energia elétrica, o aumento pode ser
Tecnológico Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR),
ainda maior: 5,1% ao ano, se igualando ao
foi criada em 2008 para atender especifi-
crescimento do PIB (veja as comparações
camente à demanda por gestão eficiente de
na tabela da página seguinte).
energia, percebida pelos três sócios então
O estudo do governo federal também
recém-formados em Engenharia Elétrica.
avalia a distribuição da energia por segmen-
Hoje, trata-se de uma empresa especializa-
to, apontando o crescimento mais expressi-
da em serviços de conservação de energia,
vo no setor residencial, que passaria de uma
promovendo ações que têm como objetivos
fatia de 19% do mercado em 2005 para 23%
a redução dos custos em energia, o aumen-
em 2030. O segmento de comércio e servi-
to da produtividade e da competitividade, o
ços passaria de 20% para 21%, e a indústria
desenvolvimento sustentável e a preserva-
brasileira, embora também aumente o con-
ção do meio ambiente.
sumo em quantidade, teria sua representatividade reduzida de 39% para 37%.
“O que era nossa atividade de pesquisa virou negócio. Nosso serviço consiste na
Considerando as expectativas apenas
elaboração de um completo diagnóstico do
para a próxima década, o Plano Decenal de
consumo de energia por parte de médias ou
Expansão de Energia (PDE) 2021, divulga-
grandes empresas. Levantamos a atual situ-
do em janeiro deste ano pela Empresa de
ação da empresa, identifi-
Pesquisa Energética (EPE), estima que a
camos o que pode ser me-
capacidade de geração de energia no Brasil
lhorado e apresentamos
passará de 116,5 gigawatts (GW) em 2011
as propostas de mudança”,
para 182,4 GW em 2021 - um aumento de
explica Rissardi. A empre-
56,5%.
sa só não faz a instalação
Para isso, a EPE prevê investimentos de
dos novos equipamentos
R$ 1,097 trilhão no setor de energia brasi-
que podem ser adquiridos
leiro até 2021. A estimativa é de que o setor
pelos clientes – trabalho
receba R$ 269 bilhões desse total, sendo
realizado por uma equipe
R$ 213 bilhões em geração e R$ 56 bilhões
técnica terceirizada.
em transmissão. A maior fatia deverá ficar,
Entre os setores que
ainda segundo a EPE, com o setor de petró-
mais contratam os servi-
leo e gás natural, com R$ 749 bilhões.
ços da Esco Iguassu estão
Rissardi, da Esco Iaguassu: empresa trabalha com diagnóstico de consumo de energia Divulgação
O
Plano Nacional de Energia 2030,
o hoteleiro e o hospitalar. P&D
Na área residencial, co-
O diretor-executivo da paranaense
meçam a aparecer alguns
Esco Iguassu, Kleber Rissardi, acrescen-
condomínios como clien-
ta outro ingrediente de estímulo para as
tes. “É mais comum serem 25
NEGÓCIOS|
ção Nacional da Indústria (CNI) alerta que
Demanda em alta
a indústria brasileira vem perdendo com-
Taxa anual média de crescimento do consumo de energia (período 2005/2030)
petitividade acentuadamente em função do aumento das tarifas de energia elétrica, da elevada carga tributária e dos entraves socioambientais que oneram os investimentos. Segundo a confederação, a tarifa
CENÁRIO
DEMANDA DE ENERGIA
ENERGIA DISPONÍVEL
média da energia elétrica no Brasil é uma
PIB de 5,1%
4,3%
5,1%
encargos setoriais explica, em grande par-
PIB de 4,1%
3,6%
4,1%
trial. Ainda de acordo com dados da CNI,
PIB de 3,2%
3,1%
3,9%
PIB de 2,2%
2,5%
3,5%
das mais altas do mundo e a explosão de te, o crescimento da tarifa elétrica indusa tributação representa 51% do valor da tarifa. Além de afetar a competitividade das empresas já instaladas, o alto custo da energia elétrica desestimula a entrada
Fonte: Plano Nacional de Energia 2030
de novos investimentos no país – o que regrandes unidades consumidoras,porque é
força a necessidade de boas ideias para o
mais evidente o peso da energia elétrica nas
setor.
contas financeiras”, compara Rissardi. Mas o engenheiro ressalta que o diag-
Equipamento da Altriz: diferencial nos produtos é incorporar requisitos de cada concessionária
26
Produtos diferenciados
nóstico da Esco Iguassu vai além de indicar
A mineira Altriz é outra empresa inova-
equipamentos. Tanto que a empresa não
dora atenta ao mercado de energia elétri-
comercializa materiais, mas serviços de
ca. Nascida em 2006 dentro do Centro de
consultoria e orientação. Com uma equipe
Incubação de Atividades Empreendedoras
fixa de seis pessoas, o trabalho envolve tam-
(CIAEM) da Universidade Federal de Uber-
bém ações como conscientização dos fun-
lândia (UFU), a empresa produz equipa-
cionários para o uso racional de energia e
mentos eletrônicos voltados para redes
a análise tarifária e de contratos de energia
de distribuição e também os aparatos de
elétrica, além da elaboração
comunicação de dados (como modens e
de projetos elétricos eficien-
servidores) para a automação destas re-
tes e do acompanhamento
des. “O principal diferencial dos nossos
do consumo e da demanda
produtos é que incorporamos requisitos
de energia. “Temos exem-
particulares de cada concessionária, prin-
plos de clientes em que a
cipalmente nos casos em que produtos
economia com o gasto de
internacionais padronizados não atendem
energia depois da realização
completamente as necessidades regionais.
e aplicação do diagnóstico
Todos os nossos produtos são desenvolvi-
foi de 17%, o que é bastan-
dos pela própria empresa, com tecnologia
te representativo quanto se
nacional”, afirma um dos criadores da Al-
trata de grandes empresas”,
triz, o engenheiro eletricista Carlos Bisso-
destaca Kleber.
chi Júnior.
E mesmo com os recen-
Ele lembra que a equipe da Altriz foi
tes incentivos anunciados
formada inicialmente para atender às ne-
pelo governo federal, o custo da energia
cessidades de uma empresa uberlandense
ainda preocupa. Documento da Confedera-
do ramo das telecomunicações. “O encontro
|NEGÓCIOS
A EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA ESTIMA QUE A CAPACIDADE DE GERAÇÃO DE ENERGIA NO BRASIL PASSARÁ DE 116,5 GIGAWATTS (GW) EM 2011 PARA 182,4 GW EM 2021 - UM AUMENTO DE 56,5% .
,9 Esse aumento de 65 las pe do ra ge á ser GW seguintes fontes de energia:
Nuclear > 1,4 GW (2%)
Termelétrica > 8,9 GW (13,5%)
Hidrelétrica > 33,2 GW (50,5%) Renováveis - eólica, PCHs e a biomassa > 22,4 GW (34%)
com o segmento de energia ocorreu pela
Como as vendas têm caráter bastante sazo-
busca da concessionária Cemig [Companhia
nal, as equipes de linha de montagem são
Energética de Minas Gerais] por uma em-
formadas conforme a demanda, explica Bis-
presa com capacidade de fornecer soluções
sochi. “Para 2014, a empresa está redire-
específicas, que grandes fabricantes não
cionando mais esforços aos serviços de Pes-
tinham disponibilidade em desenvolver”,
quisa & Desenvolvimento, pois existe uma
recorda. Como o envolvimento com o setor
grande carência de empresas no segmento
tornou-se cada vez mais estreito, a equipe
de inovação tecnológica”, acrescenta.
constituiu-se como empresa, surgindo então a Altriz, graduada em 2008.
Sem falhas
Hoje a principal equipe de desenvolvi-
A catarinense Reason Tecnologia tam-
mento é composta por três engenheiros
bém foi criada com atenção voltada para
eletricistas. Um administrador é responsá-
o setor elétrico e tem se destacado nacio-
vel pelo departamento financeiro da empre-
nalmente. A empresa, fundada em 1991 em
sa e parte dos serviços é terceirizada, como
Florianópolis (SC) e graduada na incubado-
a confecção de placas de circuito impres-
ra CELTA (Centro Empresarial para Labo-
so, painéis metálicos e produção de cabos.
ração de Tecnologias Avançadas), atua no 27
NEGÓCIOS|
desenvolvimento de soluções para o setor
de Expansão, é necessário um aumento de
elétrico de potência, responsável pela gera-
65,9 GW. Cerca de 33,2 GW devem vir de
ção, transmissão e distribuição de energia
hidrelétricas, enquanto 22,4 GW serão de
elétrica. Consolidou-se como fornecedora
fontes renováveis (eólica, pequenas cen-
na área de registradores de distúrbios, lo-
trais hidrelétricas e biomassa), além de ou-
calizadores de falta e relógios baseados no
tros 8,9 GW de termelétricas e 1,4 GW de
sistema GPS – ferramentas utilizadas para
nuclear (referente à usina Angra 3).
os agentes do setor efetuarem análise de
Ainda no documento, a EPE informa que
falhas e eventos, buscando um aumento
mantém o plano de expansão da geração
no grau de confiabilidade na operação do
de energia elétrica do país com foco nas hi-
sistema elétrico. Entre os seus clientes es-
drelétricas e outras fontes renováveis, acio-
tão companhias de geração, transmissão e
nando térmicas apenas quando necessário.
distribuição de energia elétrica, indústrias,
A meta de licitar novas hidrelétricas está
empresas de engenharia, integradores e
mantida, apesar das dificuldades encon-
prestadores de serviço.
tradas na obtenção de licenças ambientais
Nos últimos anos, a Reason teve participação de destaque no Prêmio Finep de
para que algumas usinas entrem nos leilões de energia nova.
Inovação, premiação criada em 1998 pela
A Confederação Nacional da Indústria
Agência Brasileira da Inovação como um
ressalta que o Brasil utiliza apenas um
importante estímulo e reconhecimento ao
terço do seu potencial hídrico e também
setor no país. Em 2011, venceu o prêmio
aponta que novos projetos no setor têm
nacional na categoria Pequena Empresa
dificuldade de sair do papel devido, prin-
e, em 2012, o prêmio regional Sul na ca-
cipalmente, aos impasses socioambientais.
tegoria Média Empresa, o que demonstra
Sem usinas de médio e grande porte pla-
também o crescimento da companhia cata-
nejadas, o país perderia competitividade,
rinense.
pois a percepção de risco de abastecimento futuro se elevaria. Neste sentido, a CNI
Divulgação
Equipe da Seahorse: incubada da Coppe realiza pesquisas para geração de energia por meio de ondas do mar
Fontes alternativas
defende que é preciso investir em novos
Novas fontes de energia também ga-
projetos para geração de energia hidrelé-
nham atenção. Para alcançar a previsão de
trica e em fontes alternativas, como a nu-
182,4 GW em geração de energia até 2021,
clear e a de biomassa. Uma das propostas
prevista pela EPE em seu Plano Decenal
da confederação é debater com a sociedade o desenvolvimento de novas fontes de geração e propor mudanças na legislação ambiental. A Seahorse, do Rio de Janeiro, se antecipou ao debate e desenvolve tecnologia para a geração de eletricidade a partir de ondas do mar. Trata-se de uma empresa nova, fundada em 2006 e residente na Incubadora da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), desde 2010. Atualmente, a empresa se concentra em projetos de P&D e em serviços de instalação no mar, relacionados à extração de energia das ondas, e já possui quatro
28
|NEGÓCIOS
HOJE, 140 USINAS EÓLICAS OPERAM NO PAÍS, COM CAPACIDADE INSTALADA DE 3,4 GW. A PERSPECTIVADA É DE QUE ESSE NÚMERO SALTE PARA 8,7 GW DE GERAÇÃO NA MATRIZ ELÉTRICA BRASILEIRA ATÉ O FIM DE 2017 registros de patente na área.
watts (GW). A perspectivada da entidade é
No Brasil a tecnologia ainda está no
de aumentar esse número para 8,7 GW de
estágio de testes de protótipo, em fase de
energia eólica em operação na matriz elétri-
pré-comercialização, resultado da parce-
ca brasileira até o final de 2017. O Atlas do
ria entre UFRJ e a Seahorse. “Com início
Potencial Eólico Brasileiro, elaborado pelo
da pesquisa em meados de 2001, deze-
Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
nas de testes foram realizados, incluin-
(Cepel), mostra que o maior potencial iden-
do modelos físicos. Atualmente está em
tificado está na região litoral do Nordeste e
curso um projeto na Fundação Coppetec
no Sul e Sudeste do país.
(instituição privada sem fins lucrativos,
Assim como a eólica, a energia solar é
vinculada à UFRJ) para instalação de um
considerada inesgotável e defendida como
protótipo no litoral do Rio de Janeiro para
uma alternativa promissora para enfren-
geração de eletricidade, cuja instalação
tar os desafios da expansão da oferta de
está prevista para o segundo semestre
energia com menor impacto ambiental. As
de 2014”, conta o engenheiro mecânico
aplicações práticas podem ser divididas
fundador da Seahorse, Paulo Roberto da
em dois grupos: energia solar fotovoltai-
Costa. O projeto é financiado pela Fur-
ca, que é o processo de aproveitamento
nas, subsidiária da Eletrobras, e regulado
da energia solar para conversão direta em
pela Agência Nacional de Energia Elétrica
energia elétrica, utilizando os painéis foto-
(Aneel).
voltaicos; e a energia térmica, relacionada basicamente aos sistemas de aquecimento
Bons ventos
de água.
A energia eólica, produzida a partir da
O Instituto Ideal, organização não-go-
força dos ventos, é considerada abundante,
vernamental voltada para a disseminação
renovável, limpa e e tem grande disponi-
da eletricidade solar, destaca a resolução
bilidade em diversas regiões do país. Essa
482 de 2012 da Aneel como um impulso
energia é produzida por meio de aerogera-
importante para a disseminação da energia
dores, nos quais a força do vento é capta-
fotovoltaica no país. Pela norma, é possí-
da por hélices ligadas a uma turbina que
vel injetar a energia na rede em troca de
aciona um gerador elétrico. No Brasil, as
créditos na conta de luz. A resolução tem
grandes centrais eólicas podem ser conec-
aumentado a procura pelos sistemas, o que
tadas à rede elétrica e atender ao Sistema
tem reduzido os custos, segundo o instituto.
Interligado Nacional (SIN). Já as pequenas
Outros atrativos são a durabilidade do equi-
centrais são destinadas ao suprimento de
pamento, que gera energia por pelo menos
eletricidade de comunidades ou sistemas
25 anos.
isolados.
Essas novas fontes de energia podem,
De acordo com a Associação Brasilei-
paralelamente aos investimentos nos mer-
ra de Energia Eólica (ABEEólica), existem
cados tradicionais, ser ainda mais fortale-
atualmente 140 usinas instaladas no país,
cidas e impulsionadas por empresas inovadoras. L
com a capacidade instalada de 3,4 giga-
29
30
Shutterstock
Enfim, graduada. E agora? Depois de passar alguns anos dentro do ambiente amigável de uma incubadora, as empresas ganham musculatura, recebem o status de “graduada” e, enfim, iniciam uma caminhada pelo mercado com suas próprias pernas. Uma nova etapa em que todo cuidado é pouco. Se por um lado o negócio pode decolar e se expandir rapidamente, por outro, a empresa fica exposta a grandes dificuldades. Descubra como empreendedores egressos de incubadoras têm driblado dificuldades para se manter no mercado. Apesar da persistência, eles demandam atenção.
DA NIE L C A R D OS O
31
Divulgação
ESPECIAL|
Preocupada com esse
do Instituto, Maria Alice Lahorgue , afirma
momento que pode ser
que os dados coletados até agora já dão pis-
decisivo para o futuro das
tas importantes do que deverá ser feito.
empresas e percebendo as enfrentadas
cinco maiores desafios para quem chega à
pelas graduadas ao deixa-
etapa de pós-incubação. São eles: alta carga
rem a incubadora, a An-
tributária, falta de recursos para investi-
protec começou a estudar
mento, recursos para desenvolvimento de
formas e ações para ajudar
produtos, falta de capital de giro e escas-
os empresários a segui-
sez de mão de obra. Segundo Maria Alice,
rem em expansão quando
tirando a carga tributária e o problema com
expostos ao mercado. Um
a mão de obra, todos os outros itens cita-
grupo representativo de
dos podem ser resolvidos – ou pelo menos
empreendedores
amenizados – se houver uma proximidade
dificuldades
reuniu-
-se em Recife (PE), no dia
Maria Alice, do Instituto Christiano Becker: : relacionamento próximo entre incubadoras e graduadas pode ajudar empresas na pósincubação
No estudo, os gestores elencaram os
maior entre graduadas e incubadoras.
14 de outubro de 2013,
Para Maria Alice, por exemplo, não há fal-
no primeiro Fórum das
ta de recursos no Brasil para inovação. O que
Empresas Graduadas, que integrava a pro-
ocorre é que muitos empreendedores egres-
gramação do XXIII Seminário Nacional de
sos das incubadoras não conseguiram cons-
Parques Tecnológicos e Incubadoras de Em-
truir uma estrutura interna suficiente para
presas, promovido por Anprotec e Sebrae.
elaborar estratégias eficientes de captação de
No encontro, os participantes debateram
recursos. “Cerca de 40% das graduadas são
as melhores práticas na fase pós-incubação e
de pequeno porte e faturam até R$ 500 mil.
quais pontos precisam ser trabalhados para
Na prática, isso significa que o empreende-
aumentar as chances de vida das empresas
dor vira uma espécie de faz-tudo na empre-
(veja box na página ao lado). Em paralelo, a
sa. Com volume de trabalho excessivo, não
Anprotec está realizando uma pesquisa, em
encontra tempo para se dedicar a elaborar
parceria com o Sebrae, para diagnosticar a
projetos em busca de editais de fomento.
situação das graduadas. Coordenada pelo
Além disso, com pouco dinheiro em caixa,
Instituto Christiano Becker de Estudos sobre
o empresário opta em não investir em uma
Desenvolvimento, Empreendedorismo e Ino-
consultoria que o ajude a captar recursos.
vação, a pesquisa pretende levantar as prin-
Dentro das incubadoras, isso não ocorre. Lá,
cipais demandas e registrar o desempenho
há consultorias e assessorias especializadas,
dessas empresas longe das incubadoras.
o que facilita o acesso ao dinheiro de agências de fomento”, opina.
Diagnóstico
Até mesmo recursos de fundos de inves-
A professora da Universidade Federal do
timento passam distante das graduadas. Os
Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenadora
dados preliminares da pesquisa apontam
ALTA CARGA TRIBUTÁRIA, FALTA DE RECURSOS PARA INVESTIMENTO, FALTA DE CAPITAL DE GIRO, RECURSOS PARA DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E ESCASSEZ DE MÃO DE OBRA SÃO OS MAIORES DESAFIOS APONTADOS PELOS GESTORES NA FASE DE PÓS-INCUBAÇÃO. 32
|ESPECIAL
NÃO HÁ FALTA DE RECURSOS PARA INOVAÇÃO NO BRASIL. O QUE ACONTECE É QUE MUITOS EMPREENDEDORES EGRESSOS DE INCUBADORAS NÃO TÊM UMA ESTRUTURA INTERNA CAPAZ DE ELABORAR ESTRATÉGIAS EFICIENTES PARA CAPTAR ESSES RECURSOS.
que 88% delas não receberam nenhum aporte, enquanto metade declarou ter interesse nesse tipo de financiamento. Em
Recomendações do I Fórum das Empresas Graduadas
casos como esses, afirma Maria Alice, um relacionamento mais próximo com a incubadora também poderia ajudar a contornar o problema. “As graduadas poderiam ainda se beneficiar de cursos, visitas, eventos com investidores e de algumas consultorias-chaves que as incubadoras podem oferecer. Por outro lado, as graduadas ofereceriam às incubadoras uma espécie de mentoria para as startups. Isso manteria o elo entre as partes e o relacionamento vivo”, opina. Mas se a solução para muitas graduadas é apenas se aproximar das incubadoras, então por que essa ideia não é colocada em prática? Para a professora, há alguns motivos. Um deles é a alta rotatividade. O entra e sai constante de empresas nas incubadoras faz os gestores perderem os círculos de amizades, e os relacionamentos construídos ficam pulverizados. Por isso, ela recomenda a cooperação contínua. “É preciso que graduadas e incubadoras tenham projetos, metas e objetivos alinhados para manter o relacionamento ao longo dos anos. Caso contrário, a tendência é
• Estabelecimento de linhas de funding específico para o momento da graduação • Criação de fundos garantidores pelos governos estaduais, a fim de garantir o ciclo de investimento • Desenvolvimento de ações focadas na consolidação das práticas de venture capital • Fixação de um calendário permanente de editais de fomento • Capacitação dos gerentes de contas dos bancos oficiais sobre as diferentes linhas e produtos disponíveis • Difusão das regras para listagem e oferta de ações pela BM&FBovespa • Maior agilidade nos processos de licenciamento pelos órgãos reguladores • Consolidação dos sistemas de apoio à internacionalização, como os programas de soft landing, envolvendo parques tecnológicos nos países-alvo
que o elo se rompa com o tempo”, opina. Fórum das Graduadas e empreendedor da Indefinição e limites
FK Biotec - egressa na Incubadora Tecno-
Mesmo se a relação entre incubadora e
lógica da Fundação de Ciência e Tecnologia
graduada seguir em sintonia fina, há muito
(Cientec), de Porto Alegre (RS) -, Fernando
a ser feito para melhorar o ambiente do em-
Kreutz, acredita que o mercado impõe mui-
preendedorismo brasileiro no que se refe-
tos limites para liberar créditos aos peque-
re ao acesso a recursos. O coordenador do
nos empresários. 33
ESPECIAL|
Divulgação
a popularização da palavra “inovação”, o governo não consegue diferenciar os negócios e desenvolve políticas visando apenas o faturamento. “Participo de uma empresa de célula-tronco do ramo veterinário. O faturamento dela é menor do que a de um açougue de esquina. Perante o governo e a todos os órgãos tributários, esses dois negócios são tratados de forma igual, mas é preciso entender que por causa do caráter inovador, a empresa de célula-tronco tem um potencial bem maior de crescimento. Por isso, precisa de incentivos”, opina. Kreutz, da FK Biotec: acesso limitado ao crédito é uma das principais dificuldades
Kreutz cita o Banco Nacional de Desen-
Kreutz sugere que o governo mude a
volvimento Econômico e Social (BNDES)
visão ótica, deixando de focar apenas no fa-
como exemplo. Segundo ele, o BNDES ofe-
turamento. Na opinião do empreendedor, é
rece linhas de crédito muito atrativas, com
preciso criar mecanismos de validação que
juros mais baixos em relação aos pratica-
determinem o que faz uma empresa ser ino-
dos pelo mercado e com tempo de carência
vadora. Seria um checklist que o empreen-
maior. Mas, esses benefícios esbarram nas
dimento deveria seguir. Com esse conceito
exigências para a aprovação do crédito. “O
bem consolidado, o governo poderia criar
BNDES e os bancos privados exigem muitas
mecanismos de incentivos específicos, mais
garantias. São pedidos que os pequenos em-
eficientes do que os atuais.
presários não têm como atender”, afirma.
“Na França, por exemplo, empresas consi-
Uma solução possível, segundo Kreutz,
deradas inovadoras e de pequeno porte não
seria criar no país um fundo de aval. Esse
pagam o correspondente ao INSS. Aqui no
tipo de fundo é uma espécie de seguro fi-
Brasil, o foco ainda é nas grandes empresas,
nanceiro. Em vez de a empresa oferecer
mas é preciso olhar também para as peque-
um imóvel como garantia ao financiamen-
nas. Afinal, a inovação está nas pequenas,
to, por exemplo, o empresário recorre ao
pois são elas que enxergam algum proble-
fundo de aval, que entra como avalista do
ma, se adaptam e geram a solução”, afirma.
empréstimo. Em troca, o fundo fica com um percentual do financiamento. É uma relação de ganha-ganha.
Buscando recursos Quem concorda com a opinião de Kreutz
Para Kreutz, no entanto, melhorar o am-
é o CEO da Signove, Aldenor Martins. A em-
biente para as graduadas vai muito além
presa, que atua em projetos de pesquisa e
de mexer nas linhas de fomento. É preci-
desenvolvimento em computação pervasiva
so definir exatamente o que é um negócio
e sistemas embarcados, nunca chegou a fi-
inovador. O empresário afirma que desde
car incubada, mas nasceu de outras quatro
O CONCEITO DE EMPRESA INOVADORA PRECISA SER MELHOR DEFINIDO PELO GOVERNO FEDERAL, PARA QUE ENTÃO SEJAM CRIADOS MECANISMOS DE INCENTIVO ESPECÍFICOS, MAIS EFICIENTES QUE OS ATUAIS. 34
|ESPECIAL
Fotos: Divulgação
que resolveram unir forças logo após se graduarem na Incubadora Tecnológica de Campina Grande (PB). Mesmo assim, a missão de conseguir recursos para crescer se mostrou longa e cansativa. “Quando vemos os diretores de banco e de agências de fomento falando em palestras e workshops, parece que estamos em outro país. Parece que há dinheiro para se investir. Mas, quando vamos atrás, temos muitas dificuldades em captar o recurso. O BNDES, por exemplo, investe bilhões nas grandes empresas sem pedir lastro. Para as pequenas, empresta valores muito pequenos e exige todo lastro possível. Essa
Pós-incubação
condição dificulta o acesso ao capital e, em
A presidente da Anprotec, Francilene
consequência, complica o crescimento e a
Procópio Garcia , afirma que a instituição
consolidação das graduadas”, opina.
vem trabalhando para encontrar formas de
A solução da Signove para driblar a di-
melhorar o ambiente pós-incubação. Uma
ficuldade de acesso ao crédito foi utilizar
das estratégias é repensar quais critérios
recursos próprios. Com a união das quatro
que as incubadoras estão utilizando para
empresas, os sócios usaram recursos inter-
definir o que é exatamente uma empresa
nos e tiveram que dar um passo de cada vez
graduada. De acordo com Francilene, em
para ganhar espaço no mercado. Além disso,
alguns casos, as incubadoras graduam em-
a Signove promoveu uma guinada estratégi-
presas que ainda não estão em condições
ca: deixou de investir no Brasil para buscar
de encarar o mercado.
rentabilidade maior em outros países. Durante um ano, a empresa tentou ven-
“Essa grau de maturação varia muito de empresa para empresa e de setor para
der para o mercado brasileiro. Em vão. Os
setor. Em tecnologia da
preços que os clientes podiam pagar fica-
informação, é algo mui-
vam muito abaixo do ponto de equilíbrio.
to rápido. Pode-se lançar
Hoje, a empresa vende seus produtos para
e testar um produto em
diversos países, como Finlândia, Estados
pouco tempo. Só que isso
Unidos, Japão e França. Mas como galgar o
não ocorre no campo de
mercado e outros países? Sem o auxílio da
biotecnologia, que deman-
incubadora, a Signove buscou parcerias e
da mais estudos e testes.
levou empreendedores com experiência em
O tempo de maturação é
internacionalização para dentro da equipe.
maior. Por isso, recomen-
“Com essas pessoas, ganhamos o know-
damos que as incubadoras
-how suficiente para iniciar as vendas no ex-
qualifiquem melhor o pon-
terior. Além disso, tivemos que participar de
to certo para a graduação,
órgãos de desenvolvimento, de fóruns e de
aumentando as chances de
muitas feiras, como expositores e como vi-
sucesso dos empreendedo-
sitantes. Foi a forma que encontramos para
res”, afirmou.
superar a ausência de uma incubadora, de uma instituição para nos apoiar”, conta.
Signove teve que usar recursos próprios para se manter no mercado
Francilene, da Anprotec: incubadoras devem avaliar melhor a maturidade das empresas que se graduam
Entre esses critérios de maturação, Francilene cita 35
ESPECIAL|
Divulgação
as incubadoras precisam do vínculo para entender o mercado, saber como está o desempenho das graduadas: qual a taxa de sobrevivência, qual a taxa de crescimento das empresas, quais foram vendidas e outras informações relevantes”, diz a presidente. Mantendo os laços A empresa cearense Fotosensores percebeu na prática a importância de se manter conectada com a incubadora. Os empreendedores se graduaram em 1995 e, duas décadas depois, sentiram a necessidade de um portfólio de produtos e serviços bem definido, o mapeamento das fontes de recursos e a identificação de investidores. Além disso, é importante que a empresa saia da incubadora com parcerias estratégicas consolidadas, tanto em questões tecnológicas quanto de mercado. “A empresa também precisa ter faAlém dos pardais, a empresa Fotosensores investiu no fornecimento de dados de trânsito para órgãos públicos
turamento ao sair da incubadora. Esses pontos citados são elementos que precisam ser considerados na hora da graduação. O ideal é que as graduadas tenham o mesmo perfil em todo o Brasil”, ressalta Francilene. Segundo a presidente, as incubadoras também já estão tomando consciência de que é preciso acompanhar as empresas graduadas por mais tempo e, pouco a pouco, formalizam novas práticas de relacionamento. Uma plataforma importante para isso é o Cerne (Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos), desenvolvido pela Anprotec para fomentar nas incubadoras a implementação de um modelo de gestão de maturidade. “Estreitar o laço entre graduadas e incubadoras é bom para todo mundo. As graduadas poderiam auxiliar as empresas entrantes e até investir nelas. Em contrapartida,
36
voltar a conviver em um ambiente de estímulo para a inovação. Sem poder retornar para uma incubadora, a opção foi seguir para um parque tecnológico. A empresa mantém desde 2012 um laboratório no Parque Tecnológico de São José dos Campos, no interior de São Paulo. “Nunca perdemos o vínculo com o mundo acadêmico. Além de um centro de pesquisa no interior paulista, mantemos contatos constantes com outros institutos e empresas voltadas para a pesquisa, tanto no Brasil quanto no exterior”, afirma o diretor da Fotosensores, Baltazar Neto. Recentemente, a empresa lançou o FotoVerde, um pardal que utiliza placas de células fotovoltaicas, em vez de energia elétrica comum. Isso reduz os custos de manutenção e torna o produto mais sustentável e ambientalmente correto. O FotoVerde foi concebido em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFCE), por meio de recursos da Finep (Agência Brasileira de Inovação). Baltazar lembra que as parcerias também foram fundamentais para os primeiros anos de graduação. Segundo ele, a empresa resistiu às intempéries do mercado graças às alianças estratégicas. No início, havia uma dificuldade muito grande em vender o produto final (radares-pardal), já que ainda não havia regulamentação por parte do Detran. A solução foi firmar parcerias em diferentes cidades, mas em vez de vender
|ESPECIAL
Divulgação
o produto, eles vendiam as informações de trânsito aos órgãos públicos. “As parcerias ainda foram importantes para a questão da captação de recursos. Moldamos o nosso negócio buscando parceiros que ficavam com parte do contrato, dividindo investimentos e despesas. Dessa forma, captamos recursos importantes para seguir expandindo”, afirma. Graduação é fundamental Apesar dos espinhos que surgem ao deixar para trás do tempo de incubadora, a fase
Em 2011, a empresa foi a primeira da
de graduação é encarada pelos empreende-
América Latina do segmento em saúde a
dores como uma etapa fundamental para o
receber investimento da Intel Capital, divi-
sucesso do negócio. Se os gestores conse-
são da Intel. O aporte ajudou os gestores
guirem contornar a repentina sensação de
a aprimorarem a governança corporativa,
“abandono” e encontrarem meios para supe-
qualificar os processos e ampliar a presen-
rar as dificuldades, a empresa pode entrar
ça de mercado. No ano seguinte, a Pixeon
em um ritmo acelerado do crescimento.
fundiu-se com a Medical Systems, de São
“A graduação faz parte do ciclo de cres-
Bernardo do Campo (SP), ganhando maior
cimento sustentável de qualquer negócio
projeção. Já em 2013, uma nova parceria
e deve ser encarada como uma fase nova.
colocou a empresa de vez no mercado: o
Mas, é preciso que os anos pré-graduação
fundo americano Riverwood anunciou um
tenham sido bem aproveitados e utilizados
aporte de R$ 50 milhões.
para proporcionar a mudança sem que haja
Além das parcerias estratégias no setor
muitos problemas”, opina o diretor de Pes-
privado, a Pixeon continua se alimentando
quisa e Desenvolvimento da Pixeon , Fer-
de linhas públicas para fomento à inovação.
nando Peixoto.
A empresa recebeu no começo deste ano,
A Pixeon, aliás, é um caso emblemático e
um aporte de R$ 7 milhões da Finep a se-
inspirador para aqueles empreendedores re-
rem aplicados em um projeto que visa agili-
cém-graduados. Nascida em Florianópolis em
zar e melhorar a qualidade no atendimento
2003, a empresa ficou incubada no Midi Tec-
nas consultas médicas e reduzir custos para
nológico até 2005. A partir daí seguiu com as
prestadores de serviço de saúde suplemen-
próprias pernas para conquistar o mercado.
tar. Para o diretor da Pixeon, o ambiente do
Sem poder contar com a estrutura de apoio
Brasil hoje é muito mais propício às gradu-
oferecida pela incubadora, os gestores da Pi-
adas do que há 10 anos.
xeon tiveram que encontrar alternativas.
“Acredito que o Brasil está passando por
Passaram a se inscrever em novos proje-
uma transição positiva nesse aspecto. Mais
tos e em agências de fomentos, ampliaram
linhas de financiamento, mais incentivo à
a força de venda para expandir a presença
inovação e mercado mais aquecido em fun-
de seus produtos e, acima de tudo, buscaram
ção do crescimento da economia. Portanto,
novos parceiros. Esses aliados deram enver-
creio que está menos complicado para uma
gadura para a Pixeon, que se transformou na
empresa graduada sobreviver nos dias de
segunda maior empresa do setor de tecnolo-
hoje”, diz Peixoto. Palavra de empreendedor. L
gia para medicina diagnóstica no país.
Produtos da Pixeon: após sair da incubadora, empresa buscou alternativas para crescer
37
Referências nacionais
Nas próximas páginas você conhecerá a história e as conquistas dos vencedores da 17a edição do Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador. Promovida pela Anprotec, em parceria com o Sebrae, a premiação reconhece e prestigia projetos, incubadoras de empresas, parques tecnológicos e empresas que, por meio de suas ações, serviços e produtos, fortalecem o movimento.
A NDR É I A S EGA NF R E D O 38
|SUCESSO
A falta de soluções para reduzir os impactos de desastres naturais, em contraponto ao conhecimento sobre o tema gerado na academia, despertou no engenheiro civil Álvaro de Freitas Viana o desejo de empreender. Aluno de graduação e mestrado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Viana trabalhou no Núcleo de Excelência em Geotecnia Ambiental (NGA) do Departamento de Engenharia Civil, onde conheceu o professor (e hoje sócio) Tácio de Campos. “Vi-
Alta Geo tecnia Ambienta l Melhor E mpresa Incubada (EI)
mos que havia desenvolvimentos relevantes para a sociedade, mas que estavam restritos ao meio acadêmico”, conta. Fruto dessa inquietação, a Alta Geotecnia Ambiental foi criada em 2010, focada no desenvolvimento de equipamentos e softwares para monitoramento geotécnico. Em julho, a empresa ingressou como pré-incubada no Instituto Gênesis, incubadora da PUC-Rio. “No mercado, havia uma grande demanda por geotécnicos e, por isso, resolvemos investir em consultorias, alterando nosso plano de negócios”, diz Viana. A mudança trouxe um grande contrato com a Concremat, uma das maiores companhias de engenharia do País, para elaboração de estudos da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, na Bahia. A Alta Geotecnia fechou 2010 como a pré-incubada com maior faturamento histórico do Instituto Gênesis. Divulgação
Em 2011, o sucesso se repetiu. A empresa teve o maior faturamento da incubadora, depois de ser contratada pela Sul Americana de Metais (SAM), subsidiária da Votorantim Novos Negócios, para desenvolver os estudos do segundo maior mineroduto do Brasil. “Nosso projeto venceu a concorrência até de multinacionais, mostrando a confiança do mercado em nosso trabalho”, aponta Viana. No entanto, em função de uma recessão do setor de construção civil em 2012, os sócios tiveram que voltar à proposta inicial do negócio: inovar no desenvolvimento de produtos e equipamentos. Com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a empresa desenvolveu o Geodecision, plataforma para gerenciamento de riscos e deslizamentos em áreas urbanas e obras. O sistema permite vistorias de campo com smartphones e tablets, integrados via online com informações georreferenciadas. “Nosso desafio foi se adaptar às mudanças, mas sempre contamos com o apoio da incubadora, que foi fundamental para permanecermos no mercado”, avalia Viana. Hoje a Alta Geotecnia atua também no segmento de aterros sanitários e possui um escritório de P&D em Maceió (AL). Com 15 funcionários, a empresa graduou-se em dezembro de 2013, fechando o ano com faturamento de R$ 1,2 milhão.
Alta Geotecnia: consultorias ajudaram a alavancar a empresa, mas foi necessário inovar no desenvolvimento de produtos para se manter no mercado 39
SUCESSO|
Para a graduada Elo Group, a gestão empresarial não é apenas uma questão de rotina, mas a “alma” do negócio. Os quatro sócios
up Elo Gro nto e olvime v n e s De a. (RJ) oria Ltd lt u s n Co resa r emp Melho ) da (EG gradua
– Rafael Clemente, André Macieira, Leandro Jesus e Daniel Karrer– trabalhavam juntos no Grupo de Produção Integrada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), quando perceberam a falta de métodos com maior robustez metodológica no mercado de consultorias. “Faltava uma robustez conceitual nos serviços oferecidos, mas que estava sendo desenvolvida na academia. Por isso, tentamos trazer o estado da arte das pesquisas de gestão para a prática”, conta o sócio-diretorda empresa, Rafael Clemente. Criada em 2007, a Elo Group ingressou na Incubadora de Empresas da Coppe/UFRJ e graduou-se um ano e meio depois. “Essa proximidade com a universidade, com centros de tecnologia de ponta, nos deu reputação perante os clientes e ajudou a atrair recursos humanos qualificados”, comenta. Quando a empresa saiu, já tinha entregado projetos para 15 clientes, e contava com 30 funcionários e faturamento de R$1,5 milhão. Especializada em consultoria nas áreas de gestão de processos e da inovação, estratégia e desenvolvimento de sistemas, a Elo Group chegou a crescer mais de 100% durante três anos consecutivos. “Não tivemos nenhum grande contrato. Nossa estratégia foi começar com pequenos projetos nos nossos clientes, mostrar qualidade e confiança na nossa entrega, para crescer lá dentro”, diz Clemente. A forma de conquistar novos clientes também foi diferenciada. Os sócios apostaram na divulgação de novos conhecimentos sobre os temas que pesquisavam, na internet ou através de palestras e cursos. “Viramos líderes, uma referência em metodologia. Assim, outras consultorias também frequentam nossos cursos”, conta. O empenho em ajudar outros empreendedores também acon-
Mariana Guerra/Divulgação
Elo Group: metodologia de consultorias que era desenvolvida na academia foi aplicada na prática, rendendo reconhecimento dos clientes e atraindo recursos humanos qualificados
tece dentro da Elo Group. Em 2010, os sócios começaram a investir em novos negócios, formando um braço de participações com 10 empresas. “São projetos de pessoas que trabalham aqui e queremos incentivá-las a empreender também”, afirma Clemente. Essa trajetória fez com que a Elo Group fosse eleita, em 2012, a 2ª melhor empresa (com menos de mil funcionários) para trabalhar no Rio de Janeiro, em ranking da organização Great Place to Work. Hoje, a empresa possui 200 consultores, e clientes em 16 países, além de escritórios nas cidades de Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). “Acabamos criando um modelo interessante na nossa oferta e no local de trabalho. Então, temos pessoas muito boas e um ambiente que favorece bons negócios”, diz.
40
|SUCESSO
No coração do estado de São Paulo, as pesquisas e patentes geradas no ambiente acadêmico, muitas vezes fadadas a permanecer inertes nas prateleiras de bibliotecas, têm agora um caminho mais curto para chegar ao mercado. O Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica, iniciativa da Agência Inova Unicamp, é uma competição de modelo de negócios que estimula a criação de empresas de base tecnológica, a partir de tecnologias protegidas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) – a segunda maior detentora de patentes no país,
Desafio Unic amp de Inova ção Tecnológica Melhor Proje to de Promo ção da Cultura do Em preendedoris mo Inovador (CEI )
atrás apenas da Petrobras. Desde a primeira edição, em 2011, o Desafio reuniu mais de 500 inscritos, alunos de universidades dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraíba, Recife, Santa Catarina e Paraná. Foram cerca de 130 planos de negócios desenvolvidos, com patentes e tecnologias analisadas comercialmente, que resultaram na criação de cinco startups. “O Desafio possibilita uma capacitação efetiva aos participantes, porque eles aprendem uma metodologia para elaborar um plano de negócios, que poderão Fotos: Divulgação
aplicar em outros projetos”, avalia Beatriz Florence Martelli, uma das coordenadoras do Desafio Unicamp. O aprendizado começa ainda no período de inscrições, quando um workshop é oferecido para ensinar os candidatos a elaborar o plano de negócios. É nesse momento que começam a se formar os grupos para a competição. Uma equipe da Inova seleciona patentes com maior potencial de mercado e as apresenta no site do Desafio, para que os grupos escolham uma delas para elaboração do plano. “Eles também podem escolher trabalhos em que estejam envolvidos e que se tornaram patentes”, explica Beatriz. O passo seguinte é a elaboração do plano de negócios real, com ajuda de um mentor acadêmico e um empresarial. Os projetos são avaliados pela organização e, depois, passam por uma banca externa, com investidores e empreendedores. Os seis melhores trabalhos escritos são selecionados e treinados para um Pitch, breve apresentação para vender a ideia do negócio. Nesse dia, ocorre a premiação. “O Desafio é uma oportunidade de disseminação da cultura de empreendedorismo e também uma possibilidade concreta de transferência de tecnologia da universidade”, avalia Beatriz. A edição de 2014 reserva uma novidade: além dos universitários, a comunidade em geral poderá participar.
Inova Unicamp: com o Desafio, Agência fomenta o desenvolvimento de planos de negócios para patentes e tecnologias protegidas da universidade, estimulando o empreendedorismo 41
SUCESSO|
O prêmio de Melhor Incubadora de Empresas Orientada
e
s resa Emp e jubá d a ora de It d a a b ic Incu ológ Tecn (MG) Base
de ora ubad ara a c In as p or Melh Orientad so de s en resa o Int Emp e Us o (PIT) ã s ç gia lo Gera o n Tec
para a Geração e Uso Intenso de Tecnologias (PIT), entregue à Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Itajubá (Incit), foi o resultado de um intenso trabalho de gestão, engajamento e parcerias. Fundada em 2000, a Incit não possuía nenhuma empresa graduada até 2005, quando a atual gerente, Geanete Dias Morais Batista, assumiu o cargo. “Entrei com um novo modelo de gestão e de prospecção de empresas e de empreendedores. Batemos de porta em porta, nas salas de aula das universidades, porque percebemos o potencial que havia aqui”, conta. Hoje, a Incit possui 22 empresas incubadas e 22 graduadas, graças ao reconhecimento do papel da incubadora no desenvolvimento de negócios inovadores e às parcerias estabelecidas com as universidades locais, sobretudo a Universidade Federal de Itajubá (Unifei). “Depois que conseguimos trabalhar a nossa gestão e fomentar a inovação junto à comunidade, houve uma procura maior pela incubadora e os resultados começaram a surgir”, diz. Geanete implantou um modelo de gestão bem definido para a incubadora, com a participação de Conselho Estratégico e demonstração de resultados aos empreendedores. “Era necessário dar esse exemplo para eles”, explica. Seguindo esse caminho, a Incit conquistou a ISO 9000, certificação de gestão de qualidade, em 2007. Depois, ingressou no Cerne, programa de qualificação de incubadoras da Anprotec. “Implantamos todas as medidas da
Divulgação
Incit: incubadora mineira precisou reestruturar a gestão e prospectar empreendedores para aproveitar o potencial de negócio gerado pelas universidades locais
melhor forma possível. O Cerne é um amadurecimento das incubadoras e uma oportunidade para que os órgãos governamentais de apoio possam mensurar e valorizar o que fazemos.” Com o crescimento e os resultados aparecendo, a incubadora tem consolidado suas parcerias com entidades locais e o poder público, e vem se tornando uma referência na geração de novos negócios. “Hoje recebemos pessoas que estudaram em Itajubá há anos atrás e saíram para trabalhar em grandes corporações. Elas estão voltando e nos procuram para empreender ou investir ”, conta Geanete.
42
|SUCESSO
JC Mazella
O desenvolvimento local e setorial sempre foi a vocação da incubadora Cais do Porto, de Recife (PE), definida antes mesmo de sua criação em 2010. Gerida pelo núcleo gestor do Porto Digital, referência na revitalização de área urbana associada ao desenvolvimento tecnológico, a incubadora era uma das ações que constava no planejamento estratégico do parque, criado em 2000. “Nascemos como uma ação direcionada à geração de novos negócios, com foco em empreendimentos de Tecnologia da Informação e Comunicação, voltados ao desenvolvimento de soluções para os setores produtivos do estado de Pernambuco”, afirma o coordenador de incubação, Marcos Oliveira.
Cais do Porto: incubadora nasceu com foco em empreendimentos de TIC para o desenvolvimento de soluções dos setores produtivos de Pernambuco
Por estar localizada no Porto Digital, a Cais oferece aos incubados os benefícios e facilidades das empresas embarcadas, como programas de capacitação e formação de recursos humanos. “Nosso espaço em coworking também segue a filosofia do parque, ou seja, que o ambiente deve ser fator de inovação por meio da interação, permitindo a contínua colaboração entre as pessoas”, explica Oliveira. Esse conceito é seguido no modelo de incubação. Os projetos ingressam num período de pré-incubação, de seis meses, período em que ocorre a capacitação para design e validação do modelo de negócios. Depois, passam por uma banca examinadora e entram na fase de desenvolvimento, na qual recebem capacitações de gestão, assessorias e consultorias, voltadas para a operação da empresa nascente. Na última fase, de expansão, a solução é desenvolvida e são traçadas estratégias de alavancagem e expansão do negócio. “Pretendemos melhorar ainda mais esse processo e mensurar o efeito do nosso trabalho nas empresas”, aponta o coordenador. Com 10 empresas graduadas, uma das metas da Cais é aumentar o fluxo de egressos de universidades com interesse em empreender. Por isso, a incubadora possui parcerias com o Centro de Informática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e com o curso de Engenharia de Software da Universi-
Incubado ra Cais do
Porto (PE )
Melhor In cubadora de Empresa s Orienta da para Desenvo lvimento Local e Setorial (DLS):
dade de Pernambuco (UPE). “Queremos que os alunos tenham maior contato com a realidade dos setores produtivos do estado. Assim, vamos continuar avançando no estímulo ao empreendedorismo”, avalia Oliveira. 43
SUCESSO|
Genilson Araújo
A trajetória do vencedor de Melhor Parque Tecnológico combina perfeitamente vocação e oportunidade. Inaugurado em 2003, o Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) nasceu com a clara intenção de apostar no setor de petróleo e energia, aproveitando a relação e experiência de laboratórios instalados na UFRJ há mais de 40 anos, incluindo o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), Parque da UFRJ: competência acadêmica e longo relacionamento com a cadeia do petróleo favoreceram a instalação de empresas e o desenvolvimento de novos negócios
ligado à Petrobras, Com a descoberta das reservas brasileiras do pré-sal, o parque ganhou um mercado promissor. “Isso exigiu das empresas um esforço importante de desenvolvimento de tecnologia, que acabou se concentrando no parque devido às competências nas áreas acadêmicas e ao histórico de união com a cadeia do petróleo”, explica o diretor do parque, Maurício Guedes. Diante de condições tão favoráveis, o parque teve um crescimento exponencial nos últimos cinco anos, com a vinda de empresas âncoras como Petrobras, Siemens e General Electric, concentrando importantes centros de pesquisa e desenvolvimento. “Essa foi uma opção nossa, desde o planejamento, ao contrário de outros parques que destinam espaço para manufatura”, diz Guedes. Hoje, o parque concentra grandes multinacionais de serviços da cadeia de petróleo, como Halliburton, Schlumberger e Baker Hughes. “Somos um palco da
open innovation. Aqui, empresas desenvolvem tecnologias próprias e cooperam umas com as outras, com universidades, fornecedores, ambientes de inovação e até concorrentes”, afirma o diretor. (PTH): Parq ue Tecno lógico da Univers idade Fed eral do Rio de Janeiro (U FRJ) Melhor Pa rque Tecnológ ico
Em 10 anos, foram investidos mais de R$ 1 bilhão no parque, que possui uma área de 350 mil metros quadrados, no campus da URFJ.Atualmente, o parque abriga centros de pesquisa de pelo menos 12 grandes empresas, quatro laboratórios da Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia) e nove pequenas empresas. Ali, também está instalada a incubadora Coppe/UFRJ, com 22 startups residentes e por onde já passaram cerca de 50 empresas.“Conseguimos mostrar que o Rio de Janeiro tem uma vocação tecnológica, não é apenas um destino turístico”, diz Guedes.
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Shutterstock
Recursos para decolar
Volume inédito de recursos voltados a parques e incubadoras promete impulsionar a inovação no Brasil. Avaliação precisa de resultados é fundamental para demonstrar relevância desses ambientes ao desenvolvimento do país.
A NDR É I A S EGA NF R E D O 45
Divulgação
INVESTIMENTO|
Camargo, da Finep: diversidade de instrumentos de fomento influencia na profissionalização dos gestores dos ambientes de inovação
O último ano foi um marco para o mo-
tir na área. Lançado em maio de 2013, o
vimento do empreendedorismo inovador
Plano Inova Empresa promete aplicar cer-
e deixou grande expectativa em relação
ca de R$ 32,9 bilhões em inovação até o
ao futuro. Ao longo de 2013, os investi-
fim deste ano, um aporte inédito. “Vivemos
mentos destinados a parques tecnológi-
um momento único com a aprovação desse
cos e incubadoras de empresas por meio
plano e, por trabalharmos há muitos anos
de editais da Finep (Agência da Inovação
com parques e incubadoras, acreditamos
Brasileira) e do Conselho Nacional de De-
que eles são grandes pilares e agentes que
senvolvimento Científico e Tecnológico
podem ajudar a consolidar o apoio a empre-
(CNPq) somaram R$ 658,3 milhões – pra-
sas de base tecnológica”, afirma o chefe do
ticamente o dobro em relação aos recursos
Departamento de Operações de Subvenção
destinados a esses ambientes entre 2002
da Finep, Marcelo Camargo.
e 2012 pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação por meio de suas agências.
Foco em parques
De outro, há a expectativa pelos resultados
O edital lançado pela Finep em julho
da aplicação efetiva desse montante para im-
do ano passado previa a distribuição de
pulsionar o desenvolvimento do país.
R$ 640 milhões para parques tecnológicos
Esse maior volume de recursos para o
e empreendimentos inovadores. A proposta
desenvolvimento de ambientes de inovação
inicial concedia R$ 90 milhões em recursos
ocorreu em um momento em que o governo
não reembolsáveis e R$ 500 milhões em
federal decidiu juntar esforços para inves-
crédito, para parques em implementação e
Oportunidades para empresas Além dos ambientes de inovação, empreendimentos inovadores podem se beneficiar de diferentes programas oferecidos pela Finep. O InovaCred oferece financiamento a empresas de receita operacional bruta anual de até R$ 90 milhões, por meio de agentes financeiros credenciados nos estados ou regiões. Desde o fim do ano passado, o programa concede recursos para financiar a estrutura física de empresas interessadas em se instalar em parques tecnológicos. “Essa medida foi aprovada em complemento ao edital de parques, que previa financiamento para empresas maiores. Nosso objetivo foi incluir as PME’s, que são atendidas pelo Inova46
cred”, explica o gerente de Operações Descentralizadas Reembolsáveis da Finep, Rodrigo Coelho. Outro mecanismo que beneficiará as empresas de menor porte será o Finep 30 dias. “Estamos reformulando a estratégia de relacionamento com os clientes, e elas devem receber orientação para atendimento em qualquer forma de contato com a agência”, explica o superintendente da Área de Relações Institucionais, Paulo José Resende. Com isso, elas também poderão se cadastrar no Finep 30 dias e terão suas propostas encaminhadas via InovaCred. “As equipes vão trabalhar lado a lado, e os cadastros serão
integrados”, afirma. O Finep 30 dias é uma metodologia inovadora de análise de projetos que tiliza um rating para conceder recursos às propostas apresentadas, dividido em: rating de crédito, de inovação da empresa e de inovação do projeto. Essas médias são balizadas por mais de 80 indicadores. “A partir das análises, os resultados geram um rating que posiciona a proposta em termos de capacidade inovativa. O setor em que a empresa atua e o impacto do projeto formulam uma análise concreta da necessidade e oportunidade do financiamento”, explica Resende.
|INVESTIMENTO
Finep e CNPq defen-
de inovação ou graduadas até dois anos,
dem parcerias com a As-
por meio de participação no capital e apoio
sociação para garantir a
gerencial.
mensuração de resulta-
Ao fim do prazo, foram solicitados
dos. “O MCTI e a Anpro-
R$ 552 milhões em recursos não reembol-
tec estudam e monitoram
sáveis, uma demanda seis vezes superior
continuamente os ambien-
ao determinado pelo edital. Para Marcelo
tes de inovação, diagnosti-
Camargo, da Finep, o elevando número de
cando suas necessidades e
propostas pode ter diferentes motivações.
sua evolução, para que as
Uma delas seria um “represamento” ao
diretrizes do PNI [Progra-
longo dos últimos anos de ações de apoio
ma Nacional de Apoio às
a esses ambientes. A outra, a falta de um
Incubadoras de Empresas e Parques Tecno-
calendário contínuo de fomento, que per-
lógicos] sejam alcançadas”, afirma o diretor
mitisse aos parques tecnológicos se prepa-
de Engenharias, Ciências Exatas, Humanas
rem para concorrer aos editais. E, por fim, o
e Sociais do CNPq, Guilherme Sales Melo.
entendimento ampliado de que os parques
Para o chefe do Departamento de Opera-
alavancam o desenvolvimento sustentável.
ções de Subvenção da Finep, esse trabalho
“Percebemos, neste edital, que alguns pro-
conjunto possibilita identificar o estágio em
jetos tinham como objetivo desenvolver a
que se encontram os ambientes de inovação
região, mas permanecia um viés do ambien-
e, assim, propor instrumentos mais focados.
te apenas como condomínio empresarial.
O gerente-executivo de Inovação da Con-
Por outro lado, eles podem ter sido subme-
federação Nacional da Indústria (CNI), Ro-
tidos antes de estarem mais amadurecidos
drigo Teixeira, acredita que a avaliação dos
devido à falta de uma política de longo pra-
resultados depende de maior transparência
zo”, afirma.
acerca da aplicação dos recursos. “É possível
Ainda assim, a qualidade das propostas
fazer essa avaliação através da balança co-
foi considerada elevada pelo MCTI. Em de-
mercial brasileira, especialmente de itens ma-
corrência disso, o secretário executivo pas-
nufaturados ou de alto valor agregado”, expli-
ta, Luiz Antônio Elias, anunciou um aporte
ca. Outra forma de avaliar o impacto dessas
adicional de R$ 20 milhões em recursos
ações, segundo ele, seria acompanhar a traje-
não reembolsáveis, durante o Café da Ma-
tória de empresas vencedoras de prêmios de
nhã Anprotec & Parceiros, no último dia 4
inovação, checando se continuam
de dezembro. “Parques e incubadoras são
ativas no mercado. “Muitas fe-
representantes pulverizados do Sistema
cham as portas por falta de apoio
Nacional de Ciência e Tecnologia e, por
ou acabam se tornando empresas
isso, devem pensar em reduzir as brechas
importadoras de produtos manu-
tecnológicas contribuindo para o desenvol-
faturados que apenas comerciali-
vimento regional”, destacou. Na ocasião, a
zam produtos”, afirma.
presidente da Anprotec reafirmou o com-
Fazer com que a inovação
promisso dos associados, recomendando
chegue ao mercado é também
que, além de apresentarem bons projetos,
preocupação do CNPq. “O Bra-
os parques deveriam estar atentos a prá-
sil produz ciência de altíssima
ticas de avaliação quanto à aplicação dos
qualidade, mas nem sempre
recursos.
este conhecimento é traduzido
Rui Rodrigues
Articulação
tinados a empresas apoiadas por ambientes
Elias, do MCTI: qualidade das propostas apresentadas motivou aporte adicional, mas é preciso avaliar resultados
Melo, do CNPq: planejamento e melhoria na gestão são fundamentais para a autossustentabilidade de parques e incubadoras Cláudia Marins - COCOMCNPq
operação. Outros R$ 50 milhões foram des-
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INVESTIMENTO|
Investimento público em parques tecnológicos e incubadoras de empresas R$ 110 milhões foram disponibilizados em recursos não reembolsáveis
R$ 335,4 milhões foi o total investido em inovação pelo MCTI entre 2000 e 2012
ilhões foi
R$ 552 m
rsos a por recu a demand bolsáveis não reem
lhões
,3 mi R$ 658
tido em l inves a t o t o foi MCTI ão pelo inovaç 2013 te em somen
em aplicações economica-
colaborativas”, afirma Teixeira, da CNI.
mente viáveis e sustentáveis
Para Marcelo Camargo, da Finep, além
na escala que precisamos. Fomentar
de urgente, a mudança de perfil desses
ambientes onde a cultura da inovação possa
profissionais já está ocorrendo. “O con-
ser disseminada é prioridade”, afirma Melo.
junto maior de recursos e a variedade de instrumentos, como crédito reembolsável
Divulgação
Teixeira, da CNI: é necessário transparência na aplicação dos recursos e avaliação do impacto na sociedade
Viabilidade e gestão
e apoio via fundos, exigem que os gesto-
Em agosto do ano passado, o CNPq lan-
res tenham uma visão mais de mercado,
çou edital de R$ 12,3 milhões, que destina-
busquem profissionalização e avaliem as
va R$ 8,3 milhões para apoiar a infraestru-
empresas que dão resultado.”
tura de incubadoras em operação (custeio,
No caso do edital da Finep, essas compe-
capital e bolsas de estudo no exterior para
tências são ainda mais exigidas durante o
gestores) e outros R$ 4 milhões para Es-
desenvolvimento do plano de trabalho, que
tudo de Viabilidade Técnica e Econômica
é acompanhado de acordo com as metas
(EVTE) também para parques. “Esperamos
definidas pelos proponentes. “Percebemos
que eles sejam viáveis técnica e econo-
que há um atraso na contratação dos pro-
micamente, além de autossustentáveis. É
jetos, no gerenciamento das obras e licita-
fundamental um planejamento bem fei-
ções. Nossos parceiros precisam ser mais
to, que é o que se pretende ao se apoiar
céleres na liberação de recursos”, afirma
estudos de viabilidade e melhoria na
Camargo. Segundo ele, cerca de 40% dos
gestão”, explica Melo.
recursos previstos na chamada anterior
A capacitação de gerentes e empre-
destinada a parques tecnológicos, lançada
endedores dos habitats de inovação
em 2010, ainda não foram desembolsados.
já era um objetivo expresso no PNI e
“Inovação tem tempo de mercado. Se perde
que segue atual. “Muito além da infra-
o cronograma, o investimento pode perder
estrutura, precisamos formar gestores
a efetividade”, enfatiza. É, portanto, hora
para a inovação, como novas práti-
de aperfeiçoar a gestão para aproveitar as oportunidades. L
cas de empreendedorismo e de redes 48
|CULTURA por Bruna de Paula
Cirque du Soleil em nova temporada no Brasil Divulgação
Corteo é o novo espetáculo que a trupe canadense traz aos palcos brasileiros. Mauro, o Palhaço Sonhador, é o protagonista da quinta e maior produção da companhia a ser apresentada no Brasil. Em um palco giratório em 360º que permite uma maior aproximação do público, os acrobatas interpretam a morte e o funeral do palhaço, em uma história que mistura realidade e sonho. A criação e direção de Corteo são assinadas pelo suíço Daniele Pasca Finzi – responsável por sucessos como o espetáculo de dança La Veritá, que conta a história do pintor surrealista Salvador Dalí.
Corteo - Cirque du Soleil; Rio de Janeiro: 15 de fevereiro, Marina da Glória; Porto Alegre: 6 de março, em frente ao Bourbon Walig; Ingressos a partir de R$ 120 (meia entrada); Mais informações: www.corteobrasil.com.br
Imperativo
Assista O Lobo de Wall Street, o filme mais longo dirigido por Martin Scorsese, baseado na história real do corretor de imóveis Jordan Belfort. O protagonista, interpretado por Leonardo Di Caprio, fez fortuna no mercado financeiro por meio de uma sequência de crimes. Descubra como a escalada destrutiva de Belfort, regada a sexo e drogas, levou-o da fortuna à prisão. O Lobo de Wall Street; Direção: Martin Scorsese; com Leonardo DiCaprio, Jonah Hill e Margot Robbie; 179 minutos. Leia 1973 – O Ano que Reinventou a MPB, livro que dá algumas pistas de como a música brasileira ganhou novo fôlego depois que os festivais, a Bossa Nova, a Tropicália e a Jovem Guarda perderam força. Coordenado por Célio Albuquerque, o livro reúne 48 álbuns lançados em 1973, analisados título a título por críticos especializados. Os destaques ficam por conta de uma seleção de artistas tão distintos quanto geniais, como Chico Buarque, Odair José, Martinho da Vila, Raul Seixas, Novos Baianos e Tim Maia. 1973 - o Ano que Reinventou a MPB; Organização: Célio Albuquerque; Editora Sonora; 432 páginas
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OPINIÃO|
Inovação na Agenda 2014
Divulgação
Maur ic io Gue des Diretor do Par que Te c noló gico da UF R J E x - presidente da I A S P – A s s o c iaç ã o Inter nac ional de Par ques Te c noló gicos
C
arnaval tardio, Copa do Mundo em casa, comemoração ou ressaca, eleições, comemoração para uns e ressaca para outros e chega o Natal. A agenda deste ano parece estar definida. O Congresso Nacional só funcionará plenamente no primeiro semestre.
Depois da Copa, o chamado recesso branco vai praticamente suspender os trabalhos, abrindo espaço para as campanhas eleitorais nos estados. Não podemos, porém, perder a oportunidade de modernizar o marco legal da inovação no Brasil, dando sequência a uma discussão que já dura alguns anos. Inicialmente reunidas sob a forma de um Código Nacional, essas propostas se consolidaram em um conjunto de projetos de lei. O primeiro deles, base para todos os outros, é uma Proposta de Emenda à Constituição, a PEC 290 A, aprovada por unanimidade na Comissão Especial da Câmara no dia 11 de dezembro de 2013. Graças ao incansável trabalho de articulação realizado
pelo Deputado Sibá Machado, que nos honra com a sua presença no Conselho Consultivo da Anprotec, a proposta tem o apoio de todos os partidos e das principais entidades na área de CT&I no Brasil, como a Academia Brasileira de Ciências, a SBPC, a Anpei e a ABIPTI, além da Anprotec. Agora o texto precisa passar pela votação em dois turnos no plenário da Câmara, antes de seguir para o Senado. Essa PEC cria as condições para uma série de outras mudanças, ao introduzir as expressões “ciência”, “tecnologia”, “pesquisa” e “inovação” em diversos artigos da Constituição. Com isso, fica ampliada a competência legislativa da União sobre o tema. Especificamente no capítulo da Constituição que trata da Ciência e Tecnologia, o projeto incorpora o termo “inovação”, lhe conferindo assim um tratamento também prioritário. Haverá uma referência explícita aos ambientes de inovação, no parágrafo único do artigo 219: “O Estado estimulará a formação e o fortalecimento da inovação nas empresas, bem como nos demais entes, públicos ou privados, a constituição e a manutenção de parques e polos tecnológicos e de demais ambientes promotores da inovação, a atuação dos inventores independentes e a criação, absorção, difusão e transferência de tecnologia.” Como se vê, o conteúdo da PEC está bem encaminhado. O desafio, agora, é escrevê-lo na Constituição. O problema é que a pauta de votações, tanto na Câmara como no Senado, será extremamente disputada, com um ano curto e projetos de grande repercussão em tramitação. Os temas incluem, entre outros com forte apelo popular, promessas feitas após os protestos das ruas no ano passado (entre elas o tratamento da corrupção como crime hediondo), a regulamentação da “PEC das Domésticas”, o Marco Civil da Internet e três novos Códigos Nacionais: Penal, Comercial e de Defesa do Consumidor. Precisamos assegurar a votação dos projetos na área da inovação e para isso só existe uma estratégia eficaz: alertar deputados e senadores para a relevância e urgência da matéria, motivando-os a priorizá-la. Aqui está, portanto, um bom ponto para ser incluído em nossas agendas de 2014. Que cada um faça a sua parte em seu estado e tenhamos todos um Feliz Ano Novo. 50
A Anprotec, o Sebrae e o Porto Digital agradecem a todos os patrocinadores, apoiadores e parceiros que ajudaram a realizar o XXIII Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, em conjunto com a 30ª Conferência Mundial da IASP. Muito obrigado! REALIZADORES:
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