LOCUS Ambiente da inovação brasileira Ano XIX | no 75 | Maio 2014
TRAJETóRIA DE SUCESSO
Ao completar três décadas de existência no Brasil, o empreendedorismo inovador se consolida como um movimento fundamental ao desenvolvimento do país. Agora, na era do conhecimento, parques tecnológicos e incubadoras de empresas estão empenhados em impulsionar negócios ainda mais inovadores e impactantes
::
Inovações turbinam o agronegócio brasileiro
::
O modelo de gestão que está revolucionando incubadoras
::
Como transformar estudantes em empreendedores potenciais 1
2
Resultado para o Sebrae é tudo. Uma gestão eficiente gera bons resultados. E resultado é transformar conhecimento em lucro para sua empresa. O Sebrae está aqui para ajudar na gestão do seu negócio. Conheça nossos cursos, palestras e consultorias para lucrar e vender mais. Conte com os especialistas do Sebrae.
E pra você, o que é resultado? Acesse www.resultadopramim.com.br e continue lucrando em 2014.
Especialistas em pequenos negócios / 0800 570 0800 / www.sebrae.com.br
3
CARTA AO LEITOR|
LOCUS Ambiente da inovação brasileira Ano XIX ∙ Maio 2014 ∙ no 75 ∙ ISSN 1980-3842
A revista Locus é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) Conselho Editorial Luís Afonso Bermúdez (presidente) Josealdo Tonholo Marli Elizabeth Ritter dos Santos Mauricio Guedes Maurício Mendonça Coordenação Débora Horn Edição Andréia Seganfredo, Bruna de Paula, Cora Dias e Débora Horn Reportagem Andréia Seganfredo, Bruna de Paula, Cora Dias, Daniele Martins, Daniel Cardoso, Luis Antônio Hangai e Pâmela Carbonari Jornalista responsável Débora Horn MTb/SC 02714 JP Direção e edição de arte Bruna de Paula Revisão Vanessa Colla Foto da capa Shutterstock Produção
Impressão Gráfica Brasil Tiragem 2.500 exemplares
Presidente Francilene Procópio Garcia Vice-presidente Jorge Luís Nicolas Audy Diretoria Francisco Saboya, Ronaldo Tadêu Pena, Sérgio Risola e Tony Chierighini Superintendência Sheila Oliveira Pires Apoio
Endereço SCN, quadra 1, bloco C, Ed. Brasília Trade Center, salas 209/211 Brasília/DF - CEP 70711-902 Telefone: (61) 3202-1555 E-mail: revistalocus@anprotec.org.br Website: www.anprotec.org.br Anúncios: (61) 3202-1555
4
E
m 2014 comemoramos o aniversário de 30 anos do movimento de empreendedorismo inovador no Brasil. O marco inicial foi o lançamento do Programa de Implantação de Parques Tecnológicos, empreendido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 1984. Desde então, ancorado na perseverança de diversas pessoas que iniciaram esse movimento, na cultura empreendedora dos brasileiros e na articulação entre diferentes setores da sociedade, o Brasil vem investindo em ambientes de inovação para alavancar o desenvolvimento e diminuir as assimetrias regionais. Incubadoras de empresas e parques tecnológicos colaboraram para consolidar um sistema de inovação repleto de particularidades, com mecanismos reconhecidos mundialmente – apesar da carência, ainda persistente, de políticas públicas e investimentos de longo prazo voltados à inovação. A matéria de capa desta edição relata a trajetória do empreendedorismo inovador brasileiro, revelando o caminho percorrido por diversas entidades e atores que trabalharam de forma incessante para transformar conhecimento em negócios e, assim, qualificar o empreendedorismo no país. Ao longo desse caminho, muitos obstáculos foram vencidos. Outros continuam a desafiar quem vivencia o movimento. Um deles, o arcabouço legal, é o principal tema da seção Entrevista. Relator do chamado “Código Nacional de CT&I”, o deputado Sibá Machado fala sobre os benefícios do conjunto de leis que promete conferir mais celeridade e flexibilidade às atividades de Pesquisa e Desenvolvimento no Brasil, impactando a atuação de incubadoras de empresas e parques tecnológicos. Outro desafio atual do movimento está na captação de recursos para alavancar as empresas apoiadas. Na seção investimentos, a matéria “Mão amiga” mostra a crescente utilização do capital anjo por empreendimentos incubados e graduados e a carência de mecanismos legais que garantam segurança jurídica e, assim, ampliem o número de investidores no país. Nas seções Sucesso e Negócios, diversos casos bem sucedidos comprovam o potencial de empresas vinculadas ao movimento, não apenas para captar recursos, mas também para gerar soluções que atendam a demandas da sociedade. Empreendimentos cada vez mais qualificados exigem ambientes de inovação ainda mais preparados para acolher e impulsionar negócios. O futuro vislumbrado por incubadoras de empresas e parques tecnológicos exige que essas instituições aperfeiçoem suas práticas e modelos de gestão. A reportagem da seção Habitat relata como o modelo Cerne – Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos –, criado por Anprotec e Sebrae, vem sendo disseminado entre as incubadoras de todo o país, permitindo a avaliação de desempenho e a demonstração de resultados efetivos. Trata-se de uma revolução em curso, que comprova um novo grau de maturidade atingido pelo movimento e propaga a imagem dos ambientes de inovação como promotores do desenvolvimento sustentável. Boa leitura!
Shutterstock
|ÍNDICE
30 |
ESPECIAL
O movimento de empreendedorismo inovador completa 30 anos, contabilizando conquistas e novos desafios. O Programa de Implantação de Parques Tecnológicos foi lançado em 1984 pelo CNPq e, desde então, incubadoras de empresas e parques tecnológicos trabalham pelo desenvolvimento do país
6 | ENTREVISTA |
11 | EM MOVIMENTO |
18 | INVESTIMENTO |
21 | OPORTUNIDADE |
O deputado federal e membro do Conselho consultivo da Anprotec Sibá Machado (PT/AC) fala sobre a tramitação do Código Nacional de Ciência e Tecnologia no Congresso Nacional
Acompanhe as últimas notícias sobre o movimento em todas as regiões do país e fique por dentro das ações da Anprotec para estimular o empreendedorismo inovador brasileiro
A escolha planejada de um investidor-anjo pode trazer, além de recursos, experiência para a condução dos negócios. Para atraí-lo, o empreendedor precisa saber vender sua ideia
Com a proximidade dos eventos esportivos, empresas desenvolvem produtos e aplicativos para melhorar o condicionamento e acelerar a recuperação dos esportistas
24 | NEGÓCIOS |
38 | SUCESSO |
49 | CULTURA |
50 | OPINIÃO |
Agronegócio se firma como principal motor do PIB no Brasil e empresas aproveitam o bom momento para desenvolver soluções voltadas a pequenos e grandes produtores
O rigoroso processo de seleção da Endeavor classifica os melhores empreendedores, que, em contrapartida, ampliam sua rede de contatos e se inserem no cenário global
A coluna traz uma resenha sobre a série de TV que tem o Vale do Silício como pano de fundo, informações sobre a exposição de Dalí no Rio de Janeiro e uma dica de documentário sobre startups
Mauricio Guedes convida os candidatos a governador de Estado a incluírem o empreendedorismo inovador em suas propostas de campanha
5
Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
SIBÁ MACHADO
C
onhecido por atuar nas áreas de educação e ciência no estado que representa, o Acre, o deputado federal Sibá Machado (PT/AC) iniciou sua trajetória priorizando pautas como a agricultura familiar e a pre-
servação do meio ambiente. Quando chegou em Brasília (DF) para assumir a cadeira da senadora Marina Silva, então filiada ao PT, Machado teve como principal objetivo pleitear melhorias para a Universidade Federal do Acre, onde havia acabado de se formar em Geografia. Às vésperas de concluir o mandato conquistado nas eleições de 2010, o deputado acredita que o país precisa desenvolver e aprimorar seu arcabouço legal no setor de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). O deputado tomou posse como membro do Conselho Consultivo da Anprotec neste ano e é um dos principais envolvidos na discussão sobre o Código de CT&I no Congresso Nacional – matéria que envolve um pacote de leis específicas para essa área – Sibá Machado dá um panorama à Revista Locus sobre a atual tramitação dessas matérias, quais são as propostas para o futuro do setor e que medidas são necessárias para que estados mais isolados, como o Acre, entrem na agenda nacional de Pesquisa e Desenvolvimento.
COR A DI A S 6
ENTREVISTA: |Sibá Machado LOCUS > Em sua trajetória política, o senhor esteve ligado à agricultura, ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. Como se interessou pelo tema da inovação?
Sibá Machado > Minha origem é rural, meu pai era um assentado da reforma agrária. Por isso, a princípio minha paixão foi a questão agrária, especialmente a agricultura familiar. Quando fiz a faculdade de Geografia, entre 1999 e 2002 [na Universidade Federal do Acre – UFAC], os temas que abordei foram a geografia agrária e a área ambiental. Eu era também, na época, secretário de Extensão Rural e Garantia de Produção do governo do Acre, e tinha a incumbência de trabalhar com produção agrícola familiar, com assistência técnica, com crédito rural, entre outras coisas. Eu saí da universidade já para assumir o Senado no lugar da Marina Silva [que se afastou da função para assumir o Ministério do Meio Ambiente]. Parte das atenções do mandato de senador foi destinada a atender as demandas da universidade, porque a UFAC ainda tinha muitas dificuldades. O grande objetivo era que fossem levados campi para os municípios do interior do estado, já que todos os 22 municípios cobravam a presença da instituição. Criamos, então, um programa de interiorização para levar pequenos campi para os municípios. Trabalhei, quando saí do Senado, entre 2008 e 2010, na empresa de Jirau [Machado integrou o Conselho de Administração do Consórcio Energia Sustentável do Brasil/SA, da Hidrelétrica de Jirau], e pude estudar muito sobre a matriz da energia elétrica brasileira. Por meio disso consegui visitar grandes centros de tecnologia no Brasil e também fora do país e não parei mais. Quando comecei o mandato de deputado federal já estava engajado na área de CT&I. O Aloizio Mercadante [atual ministro da Casa Civil] e eu fomos contemporâneos no Senado e quando entrei na Câmara Federal ele era ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação. Foi ele quem sugeriu que eu fosse para a Comissão de Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) para fazer um bom trabalho com o Ministério.
Como foi construída a pro-
Durante uma audiência com o ministro Mercadante na Comissão foi feita uma dura
posta do Código Nacional de
crítica à legislação brasileira do setor e à forma como os órgãos de fiscalização in-
Ciência e Tecnologia?
terpretam essas leis – o que gera muita burocracia e atravanca o desenvolvimento. O calor da discussão foi tamanho que eu entrei com um requerimento convocando o TCU [Tribunal de Contas da União], a AGU [Advocacia-Geral da União] e a CGU [Controladoria-Geral da União] para falar sobre a burocratização da legislação no campo da CT&I. Mais tarde, em uma reunião do Confap [Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa] e do Consecti [Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação] em Minas Gerais, pedi para que fosse elaborado um projeto de lei ideal que sanasse os problemas da legislação atual – um texto para ser enviado ao Congresso Nacional. Em agosto de 2011 essas entidades me apresentaram o texto base, que nós passamos a chamar de Código Nacional de Ciência e Tecnologia. Apesar de ser chamado de Código, formalmente e legalmente a matéria não pode ser um Código. Primeiro porque o Código brasileiro é duríssimo, não pode ser alterado por 50 anos, e segundo porque uma matéria desse teor leva, em média, de dez a 15 anos para ser aprovada no Congresso Nacional, e nós precisamos resolver isso para amanhã. Abandonamos, então, a ideia do Código, porque ia enrijecer ainda mais a legislação, mas mantivemos o nome para que permaneça a ideia de que vamos fazer um pacote de leis abrangente que contempla o setor. Por isso, e para dar maior agilidade à tramitação, desmembramos os cinco capítulos que compunham o texto original do Código. 7
ENTREVISTA: Sibá Machado| E como serão tratadas essas
Não, porque vamos abordar tudo o que estava dentro do texto original em projetos
questões que estavam pre-
de lei específicos e queremos, inclusive, trazer outros assuntos para compor esse
sentes em um texto único?
pacote do setor de Ciência, Tecnologia e Inovação. Alguns pontos tratados no texto
Isso não reduz a abrangência do Código?
original não cabiam em uma lei com origem no Legislativo, mas sim no Executivo, como é o caso da biodiversidade e do Regime Diferenciado de Contratações (RDC), que altera a Lei de Licitações. Outros pontos estavam relacionados à Constituição e foi aí que surgiu a Proposta de Emenda à Constituição no 290 [a PEC altera e adiciona dispositivos na Constituição Federal para atualizar o tratamento das atividades de Ciência, Tecnologia e Inovação], já aprovada pela Câmara e que estamos negociando para ser votada pelo plenário do Senado e promulgada pelo Presidente do Congresso antes das eleições. A questão das fundações de apoio, também presente no texto original, está contemplada na Medida Provisória no 614/2013, que já está em vigor. O último ponto do Código que foi desmembrado trata da atualização e da alteração da antiga Lei de Inovação, que evoluiu para o Projeto de Lei no 2.177/2011, relatado por mim e já aprovado na Comissão Especial criada para analisá-lo. Ele deve ser aprovado pelos plenários da Câmara e do Senado até o fim do ano. Portanto, dos cinco pontos contemplados no Código, três já têm um encaminhamento. Sobre o RDC, finalmente fechamos um texto com o governo. O Executivo deve enviá-lo ao Congresso nos próximos dias como Medida Provisória ou como Projeto de Lei em regime de urgência. A questão da biodiversidade será tratada pelo Executivo apenas em 2015. Por fim, estou trabalhando com o deputado Newton Lima (PT/SP) para que a lei de patentes, que já tramita no Congresso, seja incluída nesse pacote, a fim de que os diversos atores do setor possam dialogar também sobre esse assunto, envolvendo todos na discussão.
FIQUE POR DENTRO Entenda melhor como o texto original do Código de CT&I foi desmembrado em cinco dispositivos legais específicos: * A PEC 290 tem como conteúdo itens que têm relação com a Constituição Federal. Aprovada pela Câmara, depende da aprovação no Senado e da promulgação pelo presidente do Congresso; * Pontos relativos às fundações de apoio estão contemplados na Medida Provisória no 614/2013, que já está em vigor; * A antiga Lei de Inovação foi alterada e atualizada, e evoluiu para o PL no 2177/2011. O projeto foi aprovado na Comissão Especial criada para analisá-lo e depende da aprovação pelos plenários da Câmara e do Senado; * Questões relativas ao RDC compõem um texto que deve ser enviado pelo Executivo ao Congresso como Medida Provisória ou como Projeto de Lei em regime de urgência; * A questão da biodiversidade deve ser tratada pelo Executivo apenas em 2015. A expectativa é de que a Lei de Patentes, que já tramita no Congresso, seja incluída nesse pacote.
8
ENTREVISTA: |Sibá Machado Como a aprovação do
Com esse pacote de leis para CT&I queremos que no bicentenário da Independência
Código vai mudar o cenário
do Brasil em 2022, nosso país seja um dos mais importantes nessa área. Costumo
de CT&I no país? Quais os
dizer que ele não será independente sem isso. Todos os projetos de lei do pacote
pontos do texto geram maior impacto?
dialogam com a PEC no 290, que prevê marcos regulatórios melhores para o estabelecimento do Sistema Nacional de CT&I e para o diálogo entre os entes federais, estaduais e municipais. Além disso, a PEC trata as relações público-privadas de maneira mais aberta e objetiva. Tivemos um grande avanço nesse sentido, garantindo uma interação maior entre empresa e pesquisa pública, para que o pesquisador possa desenvolver P&D no setor privado. Outro avanço, já previsto na PEC, é a liberdade para que a Instituição de Ciência e Tecnologia faça um remanejamento do dinheiro público que recebe para investimento e custeio. Até então, o que era direcionado para investimento não poderia ser utilizado em custeio, e vice-versa. Para inverter essa lógica, era necessária uma burocracia absurda. A PEC autoriza que essa mudança de direção do dinheiro empregado seja feita sem aprovação legislativa. Já o PL no 2.177 prevê que o tempo limite que um professor com regime de dedicação exclusiva pode direcionar à pesquisa no setor privado passe de 120 para 416 horas anuais. Avançamos também na discussão sobre a propriedade intelectual, garantindo uma porcentagem mínima do que é direcionado para a instituição de ensino ao pesquisador. Ampliamos a definição do que é material de pesquisa para facilitar a compra de instrumentos pelo pesquisador, item que estará contemplado também no texto do Regime Diferenciado de Contratações. Apresentamos uma nova base conceitual da Lei de Inovação, que estava fragilizada e defasada. A partir da aprovação de todo esse pacote de leis queremos manter uma agenda legislativa anual e criar um comitê permanente de diálogo e discussão com os diferentes atores do setor de CT&I. Com relação ao financiamento, nossa meta é chegar em 2022 com, pelo menos, 2% do PIB do Brasil sendo investido em P&D.
Como essa legislação pode
Queremos, com esse conjunto de leis, facilitar a criação desses ambientes de ino-
alavancar o desenvolvimen-
vação em lugares mais distantes do país, onde o desenvolvimento é mais lento.
to de parques tecnológicos e
Desejamos estabelecer as condições para que empresas possam se enraizar em
incubadoras de empresas?
lugares distantes e promover o desenvolvimento regional. Vamos tratar muito disso
Como o senhor avalia o
Nos dois mandatos do ex-presidente Lula foi pensada a criação de zonas de livre
papel das incubadoras e
comércio e zonas prioritárias de exportação como modelos de industrialização
parques tecnológicos na pro-
de desenvolvimento. Mas isso não funciona, pois há uma guerra fiscal entre os
moção do desenvolvimento regional no país?
na matéria sobre financiamento, assunto que será discutido depois das eleições.
estados. Entendemos que o modelo de parque tecnológico é algo que funciona sem briga. A empresa vai para lá em condições favoráveis (a chamada “empresa âncora”) e o estado receptor vai ter um ganho muito grande: vai ter acesso ao conhecimento, o pesquisador pode ter um laboratório dentro do parque, empregos serão gerados, além de ser um atrativo maior para que jovens entrem na universidade. Se formos analisar, a Amazônia exporta sua riqueza e quase nada fica lá. Criando esse ambiente de inovação poderemos manter e atrair mais riquezas para 9
ENTREVISTA: Sibá Machado| o nosso estado. Queremos agora implantar esses ambientes na zona de fronteira, desassistida, onde o estado não chegou. Com isso vamos criar um Brasil de fato nacional, com uma abrangência muito maior. Nossa expectativa em torno dos parques tecnológicos é altíssima.
É por isso que o senhor
Sim, justamente por isso. O embrião do nosso parque já está negociado. Nosso
está empenhado na criação
custo está estimado em R$ 55 milhões, mas vamos começar com 10% disso, R$ 5
de um parque tecnológico
milhões. Duas grandes empresas já demonstraram interesse em ir para lá. Além dis-
no Acre? Como está esse processo?
so, queremos levar institutos de pesquisa como colaboradores. Já temos o apoio da Fiocruz e do Tecnopuc, que vai prestar assessoria para nós na instalação do parque. Começaremos simultaneamente com o parque e com a incubadora. Para quem está em um estado como o nosso, longe de tudo e de todos, é mais difícil começar. Por isso, ao dizer que vamos instalar o parque já com o suporte de grandes empresas e instituições, ganhamos coragem e mais ânimo. A nossa Universidade Federal está muito empenhada.
QUEREMOS, COM ESSE CONJUNTO DE LEIS, FACILITAR A CRIAÇÃO DE AMBIENTES DE INOVAÇÃO EM LUGARES MAIS DISTANTES DO PAÍS, ONDE O DESENVOLVIMENTO É MAIS LENTO
Como o senhor busca dar
Acre, Rondônia e Roraima, até 2012, não contavam com as Fundações de Amparo
visibilidade e promover o
à Pesquisa e nem com as Secretarias de Estado de Ciência e Tecnologia e, por fruto
potencial de CT&I no seu
desse movimento, essas representações foram criadas. Até 2013 o Acre não contava
estado?
com um programa de doutorado. Foi no calor desse envolvimento que o primeiro doutorado foi criado na UFAC. Para nós, por mais banal que pareça, essa é uma grande conquista. As bolsas de estudo no estado eram algo simbólico e, depois do início do nosso trabalho, negociamos R$ 15 milhões com a Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior] e mais R$ 3 milhões com o CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], além da contrapartida do estado e das emendas parlamentares. Vamos ter no Acre um dos programas mais ousados de bolsas, que vai atender desde o PIBIC Júnior [Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica direcionado a estudantes dos Ensinos Fundamental, Médio e Pós-Médio] até o doutorado. Estamos também tentando trazer professores visitantes de fora do país. Além disso, estamos trabalhando para criar um doutorado com a Fiocruz na área de gestão pública e saúde. Outro projeto que temos é o de criar uma nova universidade federal no Acre – uma instituição de ensino de fronteira, que fique localizada entre o Acre e o Peru e que envolva também Bolívia, Colômbia, Venezuela, Equador e os outros estados brasileiros da região amazônica. Esse é um sonho para 2020. Enfim, trabalhamos para receber a 66ª Reunião Anual da SBPC [Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência] em julho, em Rio Branco, e acredito que esse evento oficializará a entrada do Acre na agenda nacional de CT&I. L
10
|EM MOVIMENTO
BNDES lança programa de apoio à inovação Agência Brasil
Empresa Inovadora (BNDES MPME Inovadora) recebe pedidos de financiamento até 31 de dezembro de 2015. Poderão solicitar apoio empresas com faturamento anual de até R$ 90 milhões que tenham, a partir de 2011, realizado investimentos em serviços tecnológicos por meio do Cartão BNDES ou acessado os programas Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec), Serviços em Inovação e Tecnologia (Sebraetec) ou Senai/Sesi de Inovação. Também podem acessar o programa companhias que tenham patente concedida ou pedido de patente válido no ano do protocolo da operação ou nos dois anos O BNDES MPME Inovadora tem orçamento de R$ 500 milhões e está aberto a pedidos de financiamento até 31 de dezembro de 2015
anteriores. O programa também apoiará investimentos no desenvolvimento de novos produtos e processos de empre-
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-
sas localizadas em parques tecnológicos e incubadoras
cial (BNDES) lançou no dia 3 de abril um programa para
ou que tenham, em sua composição societária, fundos
estimular investimentos em inovação e aumentar a compe-
de investimento em participações ou fundos mútuos de
titividade das MPEs. Com orçamento de R$ 500 milhões,
investimento em empresas emergentes, regulados pela
o Programa BNDES de Apoio à Micro, Pequena e Média
Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Embrapii lança edital para centros de tecnologia
Câmara aprova PEC 290 e Código de CT&I vai a Plenário
A Empresa Brasileira de Pesquisa e Ino-
No dia 23 de abril o Plenário da Câmara dos Deputados apro-
vação Industrial (Embrapii) publicou no úl-
vou, em segundo turno, a Proposta de Emenda à Constituição
timo dia 15 de abril o primeiro edital para
(PEC) no 290/13, da deputada Margarida Salomão (PT/MG); e a
credenciamento de novas unidades de pes-
Comissão Especial, criada para debater o Projeto de Lei (PL) no
quisa e inovação de todo o país. Nesta pri-
2.177/11, conhecido como Código Nacional de Ciência, Tecnolo-
meira fase, dez centros serão certificados e
gia e Inovação, aprovou o substitutivo apresentado pelo deputado
poderão investir em projetos utilizando o
Sibá Machado (PT/AC).
selo Embrapii. A meta é ter, até o início de
A PEC altera alguns dispositivos constitucionais para melhorar
2015, cerca de 23 unidades, que contarão
a articulação entre os entes federados e as instituições de pesqui-
com R$ 260 milhões para desenvolvimen-
sa públicas e privadas, com o objetivo de estimular o desenvolvi-
to de projetos inovadores. O dinheiro que
mento científico e tecnológico e a inovação. A matéria, aprovada
a Embrapii vai usar para irrigar o sistema
com o voto unânime de 354 deputados, foi enviada ao Senado,
tecnológico e empresarial representará até
onde também deverá ser votada.
um terço do custo dos projetos. Os centros
A Proposta surgiu a partir dos debates em torno do Código Nacio-
de pesquisa vão entrar com outra parte
nal de Ciência, Tecnologia e Inovação na Comissão Especial, pois os
igual, e as empresas deverão aportar pelo
parlamentares perceberam que seriam necessárias atualizações na
menos um terço do valor total. Assim, os
Constituição para amparar melhor as mudanças previstas no projeto.
R$ 260 milhões vão movimentar ao menos
O PL no 2.177/11, que modifica e atualiza a antiga Lei de Inovação
R$ 800 milhões.
(10.973/04), segue agora para votação pelo Plenário da Câmara. 11
EM MOVIMENTO|
Avance! premiará equipe vencedora com R$ 10 mil O jogo empresarial Avance!, que
tomada de decisões relativas
estimula a vivência de decisões típi-
a estratégia, produção, dis-
cas enfrentadas por gestores de uma
tribuição, marketing, finan-
pequena ou média empresa, teve 70
ças, inovação, internaciona-
equipes inscritas nesta edição. Ideali-
lização e recursos humanos.
zado pela Anprotec, em parceria com
Os finalistas do Avance!
o Sebrae, o jogo será executado pela
serão conhecidos durante
Incubadora de Empresas do Instituto
o XXIV Seminário Nacional
Alberto Luiz Coimbra de Pós-Gradua-
de Parques Tecnológicos e
ção e Pesquisa de Engenharia da Uni-
Incubadoras de Empresas,
versidade Federal do Rio de Janeiro
em Belém (PA), entre os dias
(Coppe/UFRJ). Em cada rodada serão
22 e 26 de setembro. Um
transporte e hospedagem custeadas
criadas situações que propiciem a
integrante das três melhores equipes
pela Anprotec. A equipe que obtiver a
aprendizagem e fixação de conceitos e
representará o grupo durante o even-
maior pontuação na fase final recebe-
de processos de gestão necessários à
to, com as despesas de alimentação,
rá R$ 10 mil em dinheiro.
Abertas as inscrições para o Prêmio Nacional
Anprotec realiza evento com ABVCAP
As inscrições para o Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador estão abertas
A Anprotec, a Associação
até o dia 21 de julho. A premiação, que che-
Brasileira de Private Equity
ga à 18ª edição neste ano, tem novidades:
e Venture Capital (ABVCAP)
será realizada em duas etapas, uma regional
e o Parque Tecnológico de
(classificatória) e outra nacional. Promovido
Sorocaba (PTS) realizaram o
pela Anprotec, em parceria com o Sebrae, o
evento Capitalização de Em-
Prêmio reconhece e prestigia projetos, incu-
presas Inovadoras via Fundos
badoras de empresas, parques tecnológicos
de Venture Capital, no dia 13
e empresas graduadas e incubadas que, por
de maio. O objetivo foi expli-
meio de suas ações, serviços e produtos, for-
car como esses fundos podem
talecem o movimento do empreendedorismo inovador no país.
12
financiar empresas inovado-
A divisão do Prêmio em duas etapas tem como objetivo prestigiar e dar mais
ras, ajudando a alavancar os
oportunidade de destaque aos agentes do movimento em todo o Brasil. Por isso,
negócios. Além disso, o even-
na primeira fase, a premiação reconhecerá os parques, incubadoras, projetos e em-
to foi uma oportunidade para
presas das diferentes regiões do país, que foram divididas em três grupos: (I) Sul,
que os empreendedores es-
(II) Sudeste e (III) Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Os vencedores da primeira etapa
clarecessem as dúvidas mais
estarão, portanto, classificados para a fase nacional da premiação.
frequentes sobre o acesso a
O resultado da etapa regional será conhecido no dia 25 de setembro deste ano,
investimentos por meio dos
durante o XXIV Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de
fundos de participação, in-
Empresas, que ocorrerá em Belém (PA). Já os vencedores da etapa nacional serão
cluindo as etapas do processo
revelados no dia 3 de dezembro de 2014, durante o Café da Manhã Anprotec &
de negociação antes, durante
Parceiros – evento promovido anualmente pela associação, em Brasília (DF).
e após o aporte de capital.
|EM MOVIMENTO
Segunda fase de inscrições do XXIV Seminário Nacional vai até dia 21 de julho Roberto Ribeiro
discutir caminhos para que os ambientes de inovação ampliem suas conexões com os setores público e privado, a fim de se tornarem mais autônomos e, assim, contribuírem ainda mais para o desenvolvimento sustentável das regiões em que atuam.
Chamada de trabalhos
O prazo para inscrições com preços promocionais encerra no dia 21 de julho. Depois, os valores permanecem inalterados até o evento
Com base no tema do seminário, o Comitê Científico da Chamada de Trabalhos reuniu relatos de iniciativas
As inscrições para o XXIV Seminário Nacional de
que mostrassem o desenvolvimento das conexões entre
Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, re-
os ambientes de inovação e os setores público e privado.
alizado por Anprotec e Sebrae, seguem até o dia 21 de
A lista dos trabalhos aprovados na primeira etapa foi di-
julho com preços promocionais. A partir de 22 de julho
vulgada no último dia 30 de abril.
os valores serão alterados e permanecerão assim até o
Os selecionados devem enviar, até 16 de junho, o tex-
evento, que ocorre entre os dias 22 e 26 de setembro,
to completo em português e o Resumo Estruturado em
em Belém (PA).
inglês e português. Para os proponentes que passarem
De acordo com a programação preliminar, nos dois
nessa segunda etapa, o prazo para envio dos textos fi-
primeiros dias haverão workshops, fóruns e minicursos.
nais em português, acompanhados do Resumo Estrutu-
Nos três dias seguintes, ocorrerão sessões plenárias volta-
rado, encerra no dia 11 de agosto.
das aos diferentes públicos do seminário (empreendedo-
O melhor Artigo Completo receberá crédito de R$
res, parques e incubadoras) e Sessões Técnicas Paralelas
2 mil em cursos e eventos promovidos pela Anprotec;
(STPs), além de visitas técnicas ao Parque de Ciência e
os vencedores das categoria Artigo Curto e Boas Práti-
Tecnologia Guamá – organizador local do evento.
cas de Empresa ganharão R$ 1,5 mil cada, também em
Com o tema “Fronteiras do empreendedorismo inovador: novas conexões para resultados”, o seminário irá
crédito para participar de cursos e eventos promovidos pela associação.
Aberto edital para sediar XXVI Seminário Nacional A Anprotec recebe até o próximo
ques, além de outras organizações
localizadas em áreas com infraes-
dia 21 de julho propostas de institui-
promotoras de empreendimentos
trutura hoteleira, centro de eventos,
ções interessadas em sediar o XXVI
inovadores.
transporte, acessibilidade e prestação de serviços de apoio.
Seminário Nacional de Parques Tec-
As instituições devem atender aos
nológicos e Incubadoras de Empre-
requisitos do Edital de Candidatura
As propostas deverão conside-
sas, que será realizado em 2016.
(disponível no site da Associação:
rar, preferencialmente, a realiza-
Podem se candidatar incubadoras,
www.anprotec.org.br),
como:
ção do XXVI Seminário Nacional
parques tecnológicos, redes estadu-
serem associadas à Anprotec e esta-
entre os dias 19 e 23 de setembro
ais e regionais de incubadoras e par-
rem em dia com a anuidade; estarem
de 2016.
tais
13
EM MOVIMENTO|
Minas firma parceria com Universidade de Stanford
Sistema Paulista de Ambientes de Inovação entra em operação
Divulgação/Universidade de Stanford
Foi publicado no dia 25 de março, no Diário Oficial do Estado de São Paulo, o decreto no 60.286, que institui e regulamenta o Sistema Paulista de Ambientes de Inovação (SPAI). O SPAI compreende o Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec), a Rede Paulista de Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica (RPITec), a Rede Paulista de Centros de Inovação Tecnológica (RPCITec) e a Rede Paulista de Núcleos de Inovação Tecnológica (RPNIT). Além dos objetivos dos sistemas e redes que compõem o SPAI, o decreto estabelece critérios e definições para a inclusão de empreendimentos, incubadoras e parques tecnológicos, bem como suas obrigações ao ingressarem no sistema.
Os projetos de inovação passarão por uma etapa presencial, que ocorrerá na Universidade de Stanford, no Vale do Silício
Supera Parque inicia atividades em Ribeirão Preto (SP) João Neves/USP
A Universidade de Stanford e o Governo de Minas firmaram parceria para ampliar a competitividade das empresas mineiras do setor de Tecnologia da Informação, por meio do Programa de Inovação e Empreendedorismo, oferecido pela primeira vez na América Latina. A negociação foi realizada pelo MGTI, que reúne o setor produtivo de TI em Minas. O programa é composto por quatro fases. Primeiro, será realizada uma capacitação à dis-
O parque possui 300 mil metros quadrados, dos quais 5 mil já estão ocupados
tância, para nivelamento de conceitos e para
14
preparar os alunos para um melhor aproveita-
Foi inaugurado, no dia 26 de março, o Supera Parque de
mento do curso. Em seguida, será realizado um
Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto, com a presença do
módulo presencial na Universidade de Stan-
governador Geraldo Alckmin, da prefeita Dárcy Vera e do rei-
ford, no Vale do Silício, onde os participantes
tor da Universidade de São Paulo (USP), Marco Antonio Zago.
iniciarão seus projetos de inovação. Após esta
Resultado de um investimento de R$ 15 milhões oriundos do
semana, já na terceira fase, os participantes
poder público e da USP, o parque deve aproximar a universi-
retornarão ao Brasil e serão monitorados à dis-
dade aos setores industrial e empresarial.
tância. “Depois de três semanas, os professores
Dos 300 mil metros quadrados totais, 5 mil já estão ocu-
de Stanford vêm ao Brasil, na quarta fase do
pados com dois prédios que abrigam a Supera Incubadora de
programa, para apoiar e acompanhar a finali-
Empresas de Base Tecnológica, o Supera Centro de Tecnologia
zação do projeto”, destaca o diretor da Socieda-
e a Fundação Instituto Pólo Avançado da Saúde (Fipase), além
de Mineira de Software (Fumsoft) e vice-presi-
de um Centro de Negócios. A intenção é que, em breve, sejam
dente da Associação das Empresas de Serviços
construídos outros dois prédios, que serão ocupados por uma
de Processamento de Dados de Minas Gerais,
aceleradora de empresas e pelo núcleo administrativo, onde
Wilson Caldeira.
haverá serviços como restaurante, bancos e auditórios.
|EM MOVIMENTO
O Parque Tecnológico do Rio, localizado na unidade da Ilha do Fundão da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), recebeu no dia 10 de abril a vice-prefeita de Barcelona, Sònia Recasens. A convidada ministrou a palestra “Tecnologias móveis para a transformação econômica e social das cidades”, abordando
Fotos: Divulgação
Parque da UFRJ recebe prefeita de Barcelona
Barcelona como capital mundial na área. O evento reuniu autoridades, especialistas, professores e alunos para debater temas relacionados à inovação. Além de Sònia, participaram como debatedores Karin Breitman, diretora do Centro de P&D da EMC® – que se encontra em construção no Parque Tecnológico; o diretor do escritório Economic Growth, da prefeitura da capital catalã, Josep Miguel Piqué; e o diretor executivo de promoção econômica da Barcelona Activa, também da prefeitura de Barcelona, Josep Marquès.
Sònia Recasens ministrou palestra sobre a relação entre tecnologias móveis e dinâmica das cidades
Grupo de Incubadoras da RMI encerra ciclo de encontros na Incit
Um documento reunirá as informações obtidas a partir das visitas realizadas às sete instituições
No dia 25 de março, o Grupo de Incubadoras da
e dar um passo adiante no cenário mineiro de inova-
Rede Mineira de Inovação (RMI) visitou a Incubado-
ção“, observou a gestora da Incubadora de Empresas
ra de Empresas de Base Tecnológica de Itajubá (In-
de Base Tecnológica em Informática de Belo Horizonte
cit), encerrando um ciclo de encontros que percorreu
(INSOFT-BH), Daisy Melo.
sete instituições. A partir das informações observadas,
Segundo a analista do Sebrae Minas, Andrea Furtado,
será produzido um documento contendo práticas de
“a Incit é uma incubadora que possui processos bem defi-
incubação que sirvam de parâmetro para sugestões de
nidos e resultados efetivos. Foi também reconhecida com
melhorias ao modelo Cerne.
o título de melhor Incubadora de Empresas Orientadas
“A partir dos resultados obtidos, acreditamos que será possível modernizar os processos de incubação
para a Geração e Uso Intenso de Tecnologias pelo Prêmio Nacional de Empreendedorismo Inovador, em 2013”. 15
EM MOVIMENTO|
Santa Catarina lança programa de inovação Neiva Daltrozo/ Secom
Foi lançado, no dia 18 de março, o Programa Catarinense de Inovação (PCI), com coordenação da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS) e em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação (Fapesc), a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina (Sebrae/SC). A ação vai incentivar a formação de capital humano, a ampliação da infraestrutura de inovação e a criação de uma agência de atração de investimentos no estado. O treinamento de pessoas e empreendedores será realizado juntamente com o Sebrae/SC. As capacitações terão foco em inovação – de gestão, produtos, serviços e processos. Caberá ao PCI, por meio da SDS e da Fapesc, a implantação dos Centros de Inovação de Santa Catarina. Na primeira fase, 12 edifícios-sede serão construídos em todas as regiões do estado, que trabalharão em rede.
Formação de capital humano e ampliação da infraestrutura são alguns dos objetivos do programa
INOVAPUCRS inaugura dois laboratórios Bruno Todeschini - Ascom/PUCRS
gicos (PGTec). Também estiveram presentes o secretário estadual da Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico, Cleber Prodanov, além do pró-reitor de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento da Universidade e também vice-presidente da Anprotec, Jorge Audy, e do diretor do Tecnopuc, Rafael Prikladnicki. O governador gaúcho ressaltou a importância dos investimentos, considerando a relevância do parque para o país. “O Tecnopuc é referência mundial e cartão de
Inauguração contou com a presença do governador do estado, Tarso Genro, e representantes da universidade
A inauguração aconteceu no dia 21 de maio e contou com a presença do governador do Rio Grande do
16
visita para o estado na construção de relações internacionais”, afirmou Genro. O reitor da PUCRS apontou a importância de resultados positivos quando há o comprometimento dos parceiros, nesse caso a universidade, o governo e as empresas.
Sul, Tarso Genro, que foi recebido na Pontifícia Uni-
Atualmente, são 120 organizações instaladas e seis
versidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) pelo
mil pessoas envolvidas no local. Para o pró-reitor Audy,
reitor Joaquim Clotet. Na ocasião também foi realiza-
“ações como o PGTEC são importantes não somen-
da uma visita às obras do Condomínio de Empresas
te para a PUCRS, mas para todo o estado, como uma
INOVAPUCRS – projeto que recebeu investimentos do
sociedade científica que atua para o desenvolvimento
Programa Gaúcho de Parques Científicos e Tecnoló-
econômico e social”.
|EM MOVIMENTO
Banco da Amazônia e PCT Guamá firmam Termo de Cooperação Técnica Solange Campos
Dezenas de empreendedores acompanharam a formalização do Termo de Cooperação Técnica entre o Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá) e o Banco da Amazônia durante o evento Arena de Investimento em Inovação, que aconteceu no dia 2 de abril nas instalações do parque. O presidente do Banco da Amazônia destacou a importância da união com o parque paraense. “Esta aproximação com o PCT Guamá vai contribuir para oferecermos a mais empresas do setor linhas aderentes como o FNO Ciência, Tecnologia e Inovação e o programa Finep Inovacred. Precisamos trabalhar juntos para garantir que estas empresas desenvolvam seus negócios em nossa região”, afirmou Valmir Rossi. Com a parceria também se pretende contribuir para o aumento da competitividade e eficiência das empresas instaladas no parque por meio de iniciativas gerais e inte-
O objetivo da parceria é contribuir com o desenvolvimento de novos negócios na região
gradas de difusão de informações, mobilização e capacita-
setor de inovação, contribuindo para o desenvolvimento
ção. “Esta interface com o Banco da Amazônia traz opor-
mais acelerado destes negócios em nossa região”, assinala
tunidades acessíveis de financiamento para empresas do
o diretor-presidente do PCT Guamá, Antônio Abelém.
Porto Digital é cenário de novela da Rede Globo Divulgação
A novela das 19h da TV Globo, que estreou no dia 3 de maio, vem trazendo uma perspectiva do Nordeste
contemporâneo.
“Geração
Brasil” tem como cenário o Recife antigo, como um ambiente de efervescência criativa, onde games (e gamers), cinema, jornalismo e alta tecnologia se misturam à cultura local. Existe uma relação explícita com lugares como o Porto Digital, polo de desenvolvimento de projetos e programas na área de softwares e economia criativa, localizado na capital pernambucana.
Novela faz clara relação com locais como o Porto Digital, no Recife (PE)
na área de ciência e tecnologia –, é o
com o Recife Digital, na capital per-
Na trama, o Vale do Silício, na
ponto de partida para revelar a his-
nambucana. Entre esses dois polos
Califórnia – região conhecida pelas
tória da família Parker-Marra. E é ela
de tecnologia circularão persona-
grandes indústrias e pelos negócios
quem está diretamente conectada
gens, tramas e histórias. 17
Shutterstock
Mão amiga
A entrada do investidor-anjo em uma empresa pode trazer, além de recursos, experiência e maturidade para a condução dos negócios. As startups que contam com esse apoio aprendem a organizar processos internos, relacionar-se com clientes e ampliar o networking. Para atrair investidores, o empreendedor precisa conhecer o mercado e saber vender sua ideia.
DA NIE L C A R D OS O 18
|INVESTIMENTO
A
OvermediaCast, graduada no Centro
várias reuniões com os clientes, nos ajudaram
de Inovação, Empreendedorismo e
a abrir portas e acionaram a rede de relacio-
Tecnologia da Universidade de São
namentos”, recorda Uchôa.
Paulo (Cietec/USP), é considerada um exemplo de startup bem-sucedida. Criada em
Negociação
2010, a partir do programa Primeira Empre-
A escolha por um investidor-anjo, apesar
sa Inovadora (Prime), da Agência Brasileira
de promissora, precisa ser planejada. Sempre
de Inovação (Finep), a empresa cresceu de
que um anjo entra na empresa, fica com uma
maneira exponencial, passou por um pro-
fatia das ações e tira parte da autonomia dos
grama de aceleração na Wayra, em Londres,
empreendedores. Para um empresário ini-
e hoje integra o hall de empresas do Grupo
ciante, esse é sempre um momento de inse-
Telefônica, além de possuir um portfólio de
gurança. Afinal, quanto da empresa deve ser
clientes que inclui nomes como a Vivo e o
cedido para o investidor? Essa dúvida, lembra
Portal Terra. Todo esse crescimento só foi
Uchôa, foi resolvida graças ao apoio da incu-
possível graças à entrada de dois investido-
badora. “Graças ao apoio do Cietec, tínhamos
res-anjos no início do projeto.
muita interação com outros empreendedores
A terminologia investidor-anjo vem do conceito de anjo da guarda. Na prática, o
e mentores que foram nos contando suas experiências e dando conselhos”, explica.
investidor-anjo é um empresário que não ape-
O presidente e fundador da Anjos do Bra-
nas coloca dinheiro na empresa, mas também
sil – entidade que reúne e incentiva investi-
oferece todo o seu conhecimento e experiên-
dores no país –, Cassio Spina, dá algumas di-
cia de mercado para auxiliar gestores inician-
cas aos empreendedores. A primeira grande
tes. A missão principal é guiar a startup no
lição é checar a idoneidade do investidor. “É
caminho do sucesso. Graças aos anjos, ideias
necessário consultar outras pessoas, pedir
se transformaram em empresas como a Ap-
opinião e avaliar outros empreendimentos
ple, o Google e a brasileira Bematech.
do investidor. Além disso, é preciso conver-
No caso da Overmedia, a aproximação entre a startup e os investidores ocorreu qua-
sar muito para que o negócio seja positivo para a startup”, explica Spina.
se por acaso. Fundador da empresa ao lado
Durante as negociações, as partes defi-
do irmão Rafael, Daniel Uchôa ministrava
nem quanto será investido e qual o percen-
cursos de programação em televisão digital
tual da empresa sairá das mãos do empre-
quando um de seus alunos o indicou para
sário para ficar com o investidor. Segundo
uma consultoria destinada a um empresá-
Spina, o valor investido por um anjo costu-
rio do ramo. O projeto em questão era bom,
ma ficar na faixa de R$ 20 mil a R$ 100 mil.
mas tinha custo elevado demais e teve que
Em relação ao percentual, é praxe no mer-
ser deixado de lado. “Como o projeto não iria
cado que o anjo fique com 15% a 30% do
para frente, resolvi apresentar a minha ideia
empreendimento, dependendo do acordo.
ao empresário. Já havíamos conquistado os recursos da Finep, estávamos na incubadora
Como atrair investidores
e tínhamos o conhecimento técnico neces-
Antes de a negociação começar, porém, o
sário para colocar a Overmedia de pé. Isso
empreendedor tem a dura missão de atrair
ajudou a conquistar a confiança deles a en-
a atenção do anjo. Como há muitas startups
trarem no negócio”, conta Uchôa.
no mercado, os investidores têm uma gama
Logo de cara dois anjos entraram no pro-
grande de opções para analisar. Por isso,
jeto e ajudaram a Overmedia a lançar seus
cabe aos empreendedores tomarem a ini-
fundamentos. “Eles estavam presentes em
ciativa e se diferenciarem na multidão. 19
INVESTIMENTO|
Segundo Spina, a primeira atitude do
Além disso, Spina ressalta a importância
empresário é fazer a lição de casa e estudar
de os empresários participarem de eventos,
muito: entender bem o mercado onde atua,
reuniões de networking e torneios entre
conhecer os concorrentes e desenvolver um
startups – iniciativas que reúnem uma série
protótipo do produto. “Não vale só colocar
de atores da cadeia da inovação, desde em-
as ideias no papel. É preciso ter um time mí-
preendedores, fornecedores, investidores-
nimo com competências complementares.
-anjos e até fundos de investimentos mais
Por exemplo, um sócio gestor e um sócio
robustos. “O empreendedor deve ir onde os
técnico. O protótipo também é importante,
investidores estão”, afirma.
porque facilita o entendimento do investi-
Foi o que ocorreu com a Rochmam, fabri-
dor-anjo e comprova a capacidade do em-
cante de recicladores de solvente, incubada
preendedor de colocar a ideia de pé”, explica.
no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia da Universidade de São Paulo (Cietec/USP). A fundadora da empresa, Si-
LEI ROUANET PARA STARTUPS
mei Marucci, estava recebendo propostas de investidores e então ligou para um amigo, Kleber Marques, para esclarecer dúvi-
Um dos maiores desafios para o cenário dessa modalidade de investimento no Brasil é a burocracia, já que o país não reconhece oficialmente a figura do anjo. O resultado é muita insegurança e fuga de investimentos. Essa história, porém, começa a mudar. Um projeto de lei que tramita no Congresso Nacional pretende incentivar a participação dos anjos. O PL no 54/2014, de autoria do senador José Agripino (DEM/ RN), prevê a dedução da base de cálculo do Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas (IRPF). O projeto prevê que a restituição chegue a 20% do total investido, desde que a restituição não ultrapasse R$ 80 mil. É uma espécie de Lei Rouanet para startups. Ou seja, uma pessoa libera recursos para o empreendimento e, com isso, ganha isenção no imposto de renda. Na prática funcionará assim: a startup inscreve seu nome junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e, em seguida, o ministério irá selecionar quais empresas poderão receber recursos pela lei. Com a lista na mão, o investidor escolhe onde quer alocar recursos. Depois de transferir o dinheiro, o anjo avisa o fisco e recebe a restituição. “Essa é uma lei pioneira e serve para incentivar o empreendedorismo no Brasil, sendo muito bem recebida pelo mercado e pelos parlamentares. Nossa previsão é de que o projeto seja aprovado até o fim deste ano ou até o início de 2015”, explica o assessor do gabinete do senador Agripino, Murilo Medeiros.
20
das. Em uma conversa rápida por telefone, eles decidiram unir forças. Marques pode ser considerado um investidor-anjo diferenciado. Engenheiro químico por formação e com experiência em administração e consultoria, não só injetou dinheiro, como passou a colocar a mão na massa e mergulhou de cabeça no dia a dia da empresa. “Quando entrei na sociedade, a situação financeira e as dívidas dificultavam o crescimento e barravam a inovação. Então nos concentramos em acertar o caixa para podermos andar com passos mais firmes”, lembra. A startup passou a inovar em seus processos internos, principalmente na estratégia de produção. Antes da chegada de Marques, os recicladores de solventes eram produzidos um de cada vez e por uma única pessoa, o que tornava o processo quase artesanal. “Agora somos praticamente uma montadora. Temos fornecedores de qualidade que nos enviam as peças dos recicladores e, em seguida, montamos o produto. Isso reduz os estoques, dá mais agilidade na entrega ao cliente e melhora nosso fluxo de caixa”, afirma. Com experiências e resultados assim, cada vez mais startups estão percebendo que vale a pena se aproximar dos investidores-anjos, conversar e negociar. L
Shutterstock
|EM MOVIMENTO
A inovação entra em campo
Empresas com soluções voltadas para atletas apostam no crescimento do segmento fitness e na proximidade de eventos esportivos no país para ampliar sua presença no mercado. Elas desenvolvem aplicativos e produtos para aprimorar o condicionamento e acelerar a recuperação dos praticantes de esportes e atividades físicas – público em franca expansão.
DA NIE L E M A RT IN S 21
OPORTUNIDADE|
A
proximidade de dois dos maiores
cação física: Lúcio Muramatsu, mestrando
eventos esportivos mundiais que
em Bioquímica do Exercício pela Unicamp,
serão sediados no Brasil criou uma
e Bernardo Neme Ide, doutorando em Bio-
grande expectativa em vários setores da
dinâmica do Movimento Humano na mesma
economia e abriu espaço para que empresá-
universidade. Antes disso eles montavam
rios se dedicassem a novas oportunidades
treinos de musculação em planilhas de cál-
de negócios. Atletas, preparadores físicos,
culo no computador e enviavam aos alunos
esportistas não profissionais e pessoas de
pela internet.
alto poder aquisitivo dispostas a investir no
De acordo com Muramatsu, a proposta
esporte como hobby formam o público alvo
é oferecer programas de treinos de muscu-
de um mercado aquecido, que oferece solu-
lação mais dinâmicos e eficazes. Ele explica
ções em tratamentos mais rápidos e efica-
que a metodologia também é utilizada em
zes para lesões e melhoria do desempenho
atendimentos presenciais, mas a ideia é que
nas atividades físicas.
o aplicativo auxilie a prática da musculação
De acordo com dados divulgados pela Re-
de clientes remotamente. “Aqueles que já têm
vista Brasileira de Ortopedia, aqueles que se
experiência com musculação podem seguir
exercitam por pelo menos 100 horas por ano,
sozinhos o treino do aplicativo ou procurar
como os atletas de alta performance, tendem
um profissional para orientação”, esclarece.
a sofrer no mínimo uma lesão durante este
Segundo ele, a falta de acompanhamento
período. Estudos de universidades brasileiras
das atividades praticadas e a monotonia dos
e estrangeiras mostram que as principais le-
exercícios são alguns dos motivos que levam
sões que acometem os jogadores de futebol
as pessoas a desistirem dos treinos – o que
em uma partida ocorrem em lances sem con-
pode ser evitado com a ajuda do aplicativo.
fronto direto, ou seja, são musculares.
O usuário pode baixar uma versão de
Já o crescimento anual do mercado de
teste do aplicativo e assinar planos com
academias de ginástica no Brasil, superior a
mensalidades que variam de R$ 29,90 a
10% entre 2007 e 2012, é um novo estímu-
R$ 389,90. Por enquanto os atendimentos
lo. Segundo levantamento da International
presenciais são oferecidos apenas na região
Health, Racquet & Sportsclub Association
de Campinas (SP), mas a versão on-line está
(IHRSA), o faturamento dobrou no período
disponível para todo o Brasil e deve ser tra-
– passou de US$ 1,2 bilhão para US$ 2,4 bi-
duzida em breve para o inglês, de olho no
lhões. Atualmente, o país ocupa o segundo
mercado internacional.
lugar no mundo em número de academias, com 23,4 mil estabelecimentos e 7,3 milhões de frequentadores.
Terapia do frio A Kryos, startup graduada no Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da
22
Acompanhamento on-line
Universidade de Brasília (CDT/UnB), é es-
Pensando neste público, a LeanLife, star-
pecializada em criogenia – tecnologia que
tup incubada pela Universidade Estadual de
produz temperaturas muito baixas. Com ex-
Campinas (Unicamp) que oferece programas
periência em processos industriais voltados
de treinamento físico on-line, lançou em ja-
para a área médica, a empresa investe desde
neiro deste ano um aplicativo para auxiliar
2009 no desenvolvimento de uma câmara de
no processo de emagrecimento e ganho de
criogenia, com o objetivo de melhorar o ren-
massa muscular de praticantes de esporte. A
dimento de atletas e potencializar o tratamen-
solução foi concebida a partir de uma meto-
to de lesões. A startup aguarda o processo de
dologia criada por dois profissionais de edu-
certificação do equipamento pela Agência
|OPORTUNIDADE
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O
como funcionava. Conversei com várias pes-
produto não estará à venda antes da Copa,
soas do Brasil e elas também não conheciam
mas a expectativa é de que ainda possa ser
esse método, que encontrei na Polônia”, conta
aproveitado para as Olimpíadas.
o diretor. Entre transferir a tecnologia e ape-
Por meio dessa técnica, o atleta fica ape-
nas importar o produto como representação
nas três minutos na cabine, que opera com
comercial, Melo preferiu a primeira opção. “A
temperatura de aproximadamente -110° C.
estimativa do preço de venda da cabine é de
“Imagina quanto custa o tempo de um atle-
R$ 150 mil, mas no caso da importação não
ta renomado? Se fosse fazer um tratamento
sairia por menos de R$ 200 mil”, avalia.
normal, ele teria que ficar cerca de trinta
O desafio para a Kryos é a corrida con-
minutos exposto ao gelo comum. Na cabine,
tra o tempo, já que para colocar um novo
ele tem um efeito melhor em um décimo des-
produto no mercado, sobretudo que esteja
se tempo”, explica o diretor da Kryos, Tiago
relacionado a saúde, é necessário enfrentar
França de Oliveira Melo.
um rigoroso processo de validação e certifi-
As temperaturas muito baixas fazem com
cação. A câmara de criogenia está passando
que o corpo responda mais rapidamente na
pela avaliação da Anvisa e ainda não está à
redução de processos inflamatórios e na re-
venda. “Infelizmente perdemos a oportunida-
cuperação muscular. Esse tratamento pode
de da Copa, mas torcemos para colocá-la no
ser aplicado antes ou depois de um treino
mercado a tempo de ajudar a preparar atle-
ou competição, conforme a necessidade e
tas para as Olimpíadas”, afirma Melo.
objetivo. “Um maratonista, por exemplo, tem
Para chegar ao modelo atual, a empresa
uma rotina diferente antes da prova, com
levou dois anos e meio em pesquisa e de-
alteração no treino e mudanças na alimenta-
senvolvimento, e recebeu recursos por meio
ção. Se ele mantiver o mesmo ritmo, pode ter
de edital da Agência Brasileira de Inovação
mais chances, mas terá menos energia para
(Finep). O equipamento foi desenvolvido
competir. Nesse caso, a vantagem do uso da
em parceria com a INDB, empresa que tra-
câmara é possibilitar que o atleta mantenha
balha com aparelhos de monitoramento e
um bom desempenho”, explica Melo.
soluções eletrônicas para a área de saúde, graduada no CDT/UNB.
Desenvolvimento
O diretor da INBD, Eduardo Borges,
Quando a empresa começou o projeto da
avalia que a Copa e as Olimpíadas são um
câmara, o Brasil ainda não tinha sido esco-
estímulo passageiro para o mercado e, por
lhido como sede para a Copa, nem para as
isso, é necessário tomar cuidado com as ex-
Olimpíadas. No entanto, o crescimento da
pectativas. “Esses eventos não são decisivos
economia já apontava para um nicho de pes-
e representam um impulso de marketing. O
soas de alto poder aquisitivo que não eram
processo de crescimento do mercado é em
atletas profissionais, mas tinham interesse em
longo prazo”, diz.
investir em esportes. “Nesse mesmo período
Além da parceria com a Kryos, a INBD
começaram a se proliferar as academias de
também trabalha com o monitoramento de
alto nível no país, e o esporte passou a ser um
sinais biológicos focado em atletas. Especia-
hobby levado a sério”, contextualiza Melo.
lizada em soluções em eletrônica e software
Em 2008, o empreendedor teve acesso às
para área de saúde, a empresa tem a indústria
primeiras informações científicas sobre o fun-
como cliente direto. “Mas o nosso público alvo
cionamento da câmara. “Na época, achei que o
final são os atletas de alto desempenho”, expli-
pessoal estava louco, mas depois vi que havia
ca Borges. E, com eles, os amantes e entusiastas do esporte dão novo fôlego ao mercado. L
vários estudos, protocolos médicos e entendi
23
Shutterstock
Colhendo resultados
O crescimento da economia nacional é assunto que divide especialistas, mas o bom desempenho do agronegócio brasileiro é inegável: o setor cresceu 7% em 2013, melhor resultado desde o início da série histórica, em 1996. Se a previsão do PIB setorial para 2014 se confirmar, a agricultura do Brasil chegará ao valor de R$ 1,03 trilhão.
DA NIE L C A R D OS O 24
|NEGÓCIOS
C
om a economia nacional crescendo
o campo com dinheiro a fundo perdido e
em ritmo lento nos últimos anos,
crédito subsidiado.
o Brasil voltou as atenções para
“O edital do Inova Agro já está fechado,
o bom desempenho do agronegócio. En-
mas lançamos editais constantemente de
quanto a indústria e os serviços andam de
acordo com as demandas que surgem no
lado, a produção no campo se firma como
agronegócio”, afirma Luis Felipe Maciel, ge-
o principal motor do Produto Interno Bru-
rente do Departamento de Agronegócios e
to (PIB). Em 2013, a economia do país
Alimentos – área criada pela Finep há cerca
cresceu apenas 2,3%. Por outro lado, ao
de um ano para aprimorar os investimentos
analisar apenas o agronegócio, a riqueza
realizados no setor.
nacional expandiu 7%. Segundo o Instituto
Em 2013 apenas esse departamento
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
contratou R$ 400 milhões em projetos de
foi o maior salto desde o início da série his-
financiamento à inovação – dinheiro que
tórica, monitorada a partir de 1996.
pode ser utilizado para várias finalidades:
Dentre as principais culturas, destaca-
maquinários, melhoramento genético, de-
-se o crescimento da soja (24,3%), da
fensivos agrícolas e toda a cadeia de ali-
cana-de-açúcar (10%), do milho (13%) e
mentos.
do trigo (30,4%). Mas, além dos índices
“Também apoiamos consultorias, pros-
e dos números concretos que confirmam
pecção fora do país, pesquisa para tecnolo-
o vigor do agronegócio, outro elemento,
gias desenvolvidas no exterior e estudos de
muito mais abstrato, vem ajudando o se-
benchmarking. Tudo para incentivar a ino-
tor: a inovação.
vação e a competitividade do agronegócio”, resume Maciel. Os impactos econômicos do incentivo
Para manter o agronegócio competiti-
financeiro à inovação no campo podem ser
vo e crescendo, o Brasil já entendeu que
medidos pelos resultados. A Empresa Brasi-
a inovação é pré-requisito fundamental e
leira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
investe pesado no desenvolvimento de no-
calculou que, no ano passado, para cada
vos processos, tecnologias e alternativas
real aplicado houve um retorno de R$ 9,07
de produção. Uma vocação moldada por
para a sociedade. Por retorno entende-se
duas frentes de ação. A primeira delas é
receita líquida do produtor.
realizada pela injeção de recursos financeiros no mercado.
“A Embrapa tem se dedicado aos estudos prospectivos que buscam
Em junho do ano passado, por exemplo,
captar os sinais de mudan-
o governo federal lançou o edital do Pro-
ça do mercado, do setor
grama Inova Agro, voltado para os seto-
produtivo e da sociedade.
res agropecuário e agroindustrial. O valor
Isso tem permitido ampliar
disponibilizado chega a R$ 3 bilhões, com
a capacidade de antevisão
recursos oriundos de uma parceria entre
e antecipação, encurtando
a Agência da Inovação Brasileira (Finep)
o tempo para obter solu-
e o Banco Nacional de Desenvolvimento
ções e enfrentar os desafios
Econômico e Social (BNDES). O objetivo é
da agropecuária brasileira”,
fomentar projetos com o valor mínimo de
explica Eric Arthur Bastos
R$ 10 milhões e com prazos de execução
Routledge, chefe adjunto de
de até 60 meses. Mas os investimentos
Pesquisa e Desenvolvimento
não param por aí. A Finep também irriga
da Embrapa Pesca e Aquicul-
Routledge, da Embrapa: pesquisa permite encurtar o tempo para obter soluções e enfrentar os desafios da agricultura no Brasil Sandra Brito
Inovação no campo
25
NEGÓCIOS|
EM 2013, O DEPARTAMENTO DE AGRONEGÓCIOS E ALIMENTOS DA FINEP CONTRATOU R$ 400 MILHÕES EM PROJETOS DE FINANCIAMENTO À INOVAÇÃO tura, com sede em Palmas (TO).
diretor de Inovação e Negócios da Agriness.
A segunda frente de atuação para incen-
Na prática, isso levou a empresa a
tivar a inovação no campo vem do empre-
participar presencialmente da informati-
endedorismo. São pequenos empresários
zação de várias propriedades. A Agriness
que detectam boas oportunidades no agro-
se dispôs até mesmo a auxiliar os produ-
negócio, desenvolvem projetos e lançam
tores a escolherem o modelo do compu-
soluções que revolucionam o setor.
tador, ajudar na compra e na instalação da máquina.
Ensinando a pescar
Divulgação
Gubert, da Agriness: muitos dos suinocultores atendidos pela empresa usaram o computador pela primeira vez ao operar o software S2
26
“Muitos dos suinocultores que contra-
Em 1999 os fundadores da Agriness
taram os serviços e produtos da Agriness
perceberam que os produtores de suínos
utilizaram um computador pela primeira
do país enfrentavam uma gigantesca di-
vez ao operar o S2 [software da empresa].
ficuldade de gestão. Resolveram, então,
Isto também foi fundamental para o nosso
criar um software para processar os da-
crescimento e para o avanço das inova-
dos e facilitar o dia a dia nas propriedades
ções na suinocultura brasileira”, lembra
rurais. A princípio, uma oportunidade de
Gubert.
negócio muito comum no mundo da tecno-
A vocação pedagógica que a Agriness
logia. O diferencial, porém, está no fato de
desenvolveu no passado continua sendo
que, naquela época, a empresa oferecia um
uma estratégia importante. A empresa,
software para um público-alvo que não ti-
graduada pelo Centro Empresarial para
nha computador. Foi aí que surgiu a neces-
Laboração
sidade de outra inovação: além de vender
(Celta), de Florianópolis (SC), planeja para
o programa, a Agriness precisava levar o
a próxima década uma série de ações para
equipamento até o cliente.
seguir inovando. Uma delas é o Programa
“O computador ainda
de Formação de Profissionais de Excelên-
era um artigo raro e pou-
cia em Gestão para a Produção de Suínos,
co acessível para a maioria
no qual a Agriness capacita e certifica
das pessoas. Por isso, a
profissionais e produtores dentro de uma
nossa ‘pedagogia’ foi es-
metodologia própria.
de
Tecnologias
Avançadas
truturada sobre dois pila-
“Nosso trabalho é feito por meio de fer-
res: aproximar ao máximo
ramentas (softwares), serviços de inteligên-
a tecnologia ao processo
cia de negócio e capacitação. Com essas
produtivo e à própria lin-
frentes, auxiliamos a suinocultura e seus
guagem a que o suinocul-
profissionais a organizarem seus fluxos de
tor estava habituado. A
gestão e produção, gerando assim resulta-
gente teve que dar todo o
dos melhores”, afirma Gubert.
apoio necessário para que
Levar tecnologia para o campo, porém,
a tecnologia não fosse um
não é fácil. Muitos produtores resistem às
problema, mas sim uma
novidades e exigem um grande esforço de
solução”, afirmou Everton
convencimento. Um dos segredos para os
Gubert, sócio-fundador e
empreendedores conquistarem clientes é
comprovarem os resultados práticos, ou
gico em 2005 e pouco tempo
seja, de que forma a tecnologia vai atingir
depois começaram as vendas.
o bolso do produtor. A Arvus, por exemplo,
Com quase nenhuma concor-
quantificou bem o custo-benefício de seus
rência no início dos trabalhos
produtos e serviços. A empresa é especia-
e ganhos evidentes para os
lizada em agricultura de precisão e desen-
clientes, a Arvus conseguiu
volveu várias ferramentas para melhorar a
crescer de forma exponencial.
produtividade no campo.
De 2007 a 2012, dobrou de
O diretor-presidente da empresa, Ber-
tamanho anualmente.
nardo de Castro, lembra que a primeira
O sucesso chamou a aten-
solução da Arvus gerava uma economia de
ção de grandes investidores.
30% no uso de insumos fertilizantes. Além
Em abril deste ano, a Arvus foi
disso, outras soluções da empresa per-
vendida para a Hexagon, em-
mitem aumentar o número de horas que
presa sueca líder mundial no
uma máquina de fertilização se mantém
fornecimento de sistemas de
em funcionamento por dia. Sem o sistema
metrologia, design e soluções
da Arvus, o comum é que o equipamento
de visualização.
funcione apenas 8 horas diárias. Com o
“A Hexagon fez a compra integral das
sistema, cada máquina fica na ativa pelo
ações, mas os sócios fundadores continuam
dobro do tempo. Um ganho e tanto para o
na operação. A estratégia é gerir a unidade
produtor rural.
de negócio e ampliar a presença da Arvus
A ideia de fundar a Arvus surgiu em
Divulgação
|NEGÓCIOS
no Brasil”, explica Castro.
Castro, da Arvus: empresa sueca fez a compra integral das ações, mas fundadores continuam na operação para ampliar a presença da empresa no Brasil
2004. Formado em Engenharia de Automação e habituado com o campo graças
Ideias simples
ao trabalho de seus familiares, Castro
Enquanto alguns empreendedores en-
percebeu que os produtores poderiam
contram soluções para problemas extre-
obter ganhos de produtividade ao utilizar
mamente complexos, como a Arvus, outros
melhor os fertilizantes. Ao lado de um só-
abrem mercado com ideias simples. Há seis
cio, elaborou um piloto e colocou-o para
anos, Jorge Montalvão trabalhava como
funcionar na fazenda dirigida por um de
autônomo: prestava serviços como instala-
seus tios, no interior de Goiás. Em linhas
ções elétricas, colocava lâmpadas, tomadas
gerais, o produto agregava GPS às máqui-
e passava fios. Até que um dia, enquanto
nas agrícolas, otimizando a aplicação do
instalava a rede elétrica de uma proprie-
insumo e a trajetória que a máquina deve-
dade rural, teve a sacada que mudaria sua
ria fazer no campo.
carreira.
Abrigada na incubadora do MIDI Tecno-
Montalvão percebeu que a distância en-
lógico, de Florianópolis (SC), a empresa ini-
tre a caixa d’água e o painel de controle
ciou o projeto de desenvolvimento tecnoló-
era muito grande nas propriedades rurais,
LEVAR TECNOLOGIA PARA O CAMPO REQUER UM GRANDE ESFORÇO DE CONVENCIMENTO POR PARTE DAS EMPRESAS. A SOLUÇÃO, PARA A AGRINESS, FOI COMPROVAR OS RESULTADOS QUE O NOVO MODELO PROVOCARIA NO BOLSO DOS PRODUTORES 27
NEGÓCIOS|
Muitos empreendedores têm dificuldade para colocar suas ideias em prática. Para solucionar esse problema, uma das opções é recorrer à consultoria e à infraestrutura de uma incubadora. Foi dessa forma que MontAlvão estruturou sua empresa dificultando a automação do sistema. Na
“É uma ideia muito simples, mas que
prática, isso obriga o fazendeiro a ligar
faltava no mercado. Hoje, a chave boia sem
e desligar a água manualmente todos os
fio é comercializada para condomínios,
dias, gastando muito tempo para o serviço
shoppings e centros comerciais, além de
ficar pronto e, em vários casos, disponibi-
chácaras e fazendas”, afirma Montalvão.
lizando um funcionário dedicado apenas a
O difícil para o empreendedor não foi ter a ideia, mas colocá-la em prática. Para
este trabalho. Com o insight o empreendedor começou
isso, Montalvão optou por seguir o cami-
a projetar a solução. Montalvão adotou o
nho da incubação. Ele inscreveu a ideia na
comando via rádio frequência para driblar
Incubadora de Empresas de Lins, no inte-
o problema da distância. Instalou um rádio
rior de São Paulo, onde ficou de 2009 até
transmissor na caixa d’água, ligado à boia.
2012, e fundou a Tele Ativa (atual Águia
Já no painel da bomba, colocou o receptor.
Rádio Comando). No começo, era apenas
A inovação automatizou o sistema que era
uma ideia, mas dentro do ambiente em-
feito manualmente. A água entra na caixa,
preendedor Montalvão teve condições de
vai até o nível adequado e pronto: a pro-
desenvolver todo o planejamento e de co-
priedade mantém-se com água suficiente
locar o produto em pé.
para irrigar as plantações e dar de beber
“A incubadora me deu a noção de onde
aos animais durante todo o dia. De quebra,
buscar os equipamentos ideais, como ir
o fazendeiro economiza tempo, racionaliza
atrás de parceiros e como comercializar
o uso da água e não precisa colocar um
o produto. Atualmente consigo vender 16
funcionário para ficar de olho na bomba.
equipamentos por mês, graças a um investimento pesado em marketing e propaganda”, explica.
Os bons frutos do agronegócio Em 2013, a agricultura no Brasil foi o principal motor do Produto Interno Bruto:
produtos ao campo. As novidades também valem quando se pensa em serviços e processos. Um caso emblemático é o da DAP Florestal. Os sócios Antônio de Sou-
- o setor expandiu a riqueza nacional em 7%
za Chaves e Pablo Falco Lopes estudaram
- a produção de trigo cresceu 30,4%
Engenharia Florestal e em seguida fizeram
- a produção de soja cresceu 24,3%
mestrado. Durante o curso, começaram a prestar serviços como autônomos para o
- a produção de milho cresceu 13% - a produção de cana-de-açúcar cresceu 10% Fonte: IBGE
28
O investimento em inovação e no empreendedorismo não leva apenas novos
setor de reflorestamento. Foi quando perceberam a existência de um mercado carente de profissionais especializados, uniram forças e fundaram a empresa.
Graduada pelo Centro Tecnológico de
Localizada na Chapa-
Desenvolvimento Regional de Viçosa, da
da dos Guimarães, a 64
Universidade Federal de Viçosa (CENTEV/
quilômetros
UFV), no interior de Minas Gerais, a DAP
(MT), a empresa investe
Florestal foi criada em novembro de 2006.
no aprimoramento contí-
A empresa nasceu para oferecer serviços
nuo dos fertilizantes bio-
que levantam dados e informações pre-
ativos. “Nosso objetivo é
cisas aos produtores. Os técnicos vão a
manter
campo, analisam uma determinada amos-
vidade nas lavouras e a
tragem da floresta e colhem informações
qualidade na produção”,
valiosas, que ajudam a melhorar a rentabi-
assegura a diretora de
lidade do produtor.
vendas Natia Ortega.
de
Cuiabá
a alta produti-
Em muitos casos, o próprio produtor rural é
quanto de madeira poderá cortar, qual o
quem arregaça as man-
momento ideal para o corte e que áreas es-
gas para desenvolver um
tão disponíveis para novas plantações. Com
novo produto, processo
esses números em mãos, o gestor se plane-
ou inovação, sem depender da criação de
ja melhor e negocia preços mais lucrativos
algum outro empreendedor ou empresa.
junto aos clientes.
Normalmente, o agricultor é apoiado por
“Antes da fundação da DAP os produto-
algum órgão governamental. Segundo o
res já faziam isso. Porém, sem uma metodo-
chefe adjunto de Transferência de Tec-
logia de ponta, o que impactava na qualida-
nologia da Embrapa Pesca e Aquicultura,
de e nos custos do serviço. Nossa empresa
Alexandre Aires de Freitas, a Empresa
veio para otimizar os recursos naturais e
mantém iniciativas que estimulam a par-
financeiros, a partir de uma metodologia
ticipação dos agricultores familiares no
eficaz, com menor nível de amostragem do
processo de pesquisa. Assim, criam-se
que se praticava anteriormente”, explica a
“agricultores-pesquisadores” que parti-
economista da DAP, Sinara Pinheiro Lopes.
cipam ativamente do planejamento e da
A inovação conquistou clientes de peso,
avaliação das pesquisas realizadas junto
como Bunge Fertilizantes, Celeste Siderúr-
às comunidades. “Já para o grande produtor, iniciativas como o Inova Agro ajudam na incorpora-
Do pequeno ao grande produtor
ção de inovação tecnológica nas proprie-
Já a RockALL Fertilizantes, empresa in-
dades rurais e os estimulam estrutu-
cubada pela Arca Multincubadora, da Uni-
rarem equipes próprias de pesquisa”,
versidade Federal do Mato Grosso, cresceu
afirma Freitas.
com foco no pequeno produtor. A empresa
Seja para o pequeno ou para o
surgiu em 2007 para atender plantações
grande produtor rural, a expectativa
orgânicas, que necessitam de fertilizantes
é de que o agronegócio siga inovando
100% naturais, de alta eficiência e capazes
ao longo de 2014. As primeiras esti-
de gerar safras abundantes. A rápida acei-
mativas preveem um aumento no PIB
tação pelo mercado, no entanto, levou os
setorial de 4%. Se isso se confirmar,
produtos da RockALL para as plantações
chegará ao valor de R$ 1,03 trilhão,
dos agricultores convencionais, que atuam
acumulando um crescimento de 34% nos últimos dez anos. L
em larga escala.
A Rockall fertilizantes começou com foco no pequeno agricultor, mas a aceitação no mercado levou seus produtos a clientes de maior porte
Freitas, da Embrapa: Inova Agro incentiva grandes produtores a estruturarem equipes autônomas de pesquisa Divulgação
Pelos cálculos da DAP, por exemplo, o gestor da floresta saberá com precisão
gica e Cenibra.
Divulgação
|NEGÓCIOS
29
30
Shutterstock
Inovação em movimento
Ao completar três décadas de existência no Brasil, o movimento de empreendedorismo inovador contabiliza conquistas e desafios. Lançado em 1984, o Programa de Implantação de Parques Tecnológicos foi fundamental para a constituição do sistema de inovação no país. Hoje parques, incubadoras, universidades e entidades ligadas ao movimento formam uma extensa rede, focada na geração de negócios a partir do conhecimento.
A NDR É I A S EGA NF R E D O
31
ESPECIAL|
No começo dos anos 1980, o contexto
de parques em diferentes regiões do Brasil.
econômico não era dos mais favoráveis
As cidades escolhidas para abrigar os
para a América Latina. Colapsada por dí-
parques eram Petrópolis (RJ), São Carlos
vidas, a região enfrentou a fuga de inves-
(SP), Campina Grande (PB), Manaus (AM),
timentos externos e cresceu apenas 1,2%
Joinville (SC) e Santa Maria (RS) – onde se
ao ano na chamada “década perdida”. No
supunha haver massa crítica e tecnologias
Brasil, além da forte recessão em 1981,
aptas a serem desenvolvidas. “Foi uma ação
o então presidente José Sarney anunciou
bastante ousada, marcada pela trajetória de
a moratória da dívida externa, em 1987.
empreendedorismo do Lynaldo no setor pú-
Nesse cenário nebuloso, o país viu florescer
blico, no CNPq e na universidade”, relata o
um movimento focado em gerar negócios a
diretor do Parque Tecnológico do Rio e ex-
partir do conhecimento. Era o início do em-
-presidente da Anprotec, Mauricio Guedes.
preendedorismo inovador brasileiro, prota-
Apesar do valor estratégico da iniciativa,
gonizado por incubadoras de empresas e
o orçamento se mostrou insuficiente para
parques tecnológicos.
construir os primeiros parques tecnológi-
Em 2 de fevereiro de 1984, o então pre-
cos brasileiros – na época, a implantação
sidente do Conselho Nacional de Desenvol-
de diferentes pacotes econômicos inviabili-
vimento Científico e Tecnológico (CNPq),
zavam investimentos em longo prazo. Dos
Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque, assi-
seis projetos previstos, dois prosperaram,
nava a Resolução Executiva 084/84, insti-
apesar das adversidades: Campina Grande
tuindo o Programa de Implantação de Par-
e São Carlos.
ques de Tecnologia. A medida, pioneira na
Além das iniciativas paraibana e pau-
América Latina, contemplava seis projetos
lista, despontou um projeto de parque
1984
1987
Instituição do Programa de Implantação de Parques de Tecnologia
Criação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
A OEA e a Finep encomendam à Coppe/UFRJ e à USP um estudo para avaliar ações de apoio a empresários inovadores na Argentina, no Uruguai, na Colômbia, no México e no Brasil
1986
|ESPECIAL
tecnológico em Florianópolis (SC), que foi
dedorismo inovador no Brasil – fator fun-
acrescentado posteriormente ao programa
damental à criação da Anprotec (veja box
do CNPq. “Na época, não havia a percepção,
na página a seguir). Pouco tempo depois,
hoje consolidada, quanto à importância dos
os resultados do levantamento foram di-
ambientes de inovação. Não havia a ideia de
vulgados no primeiro seminário de parques
open innovation, com vários atores convi-
e incubadoras de empresas, realizado nas
vendo e interagindo”, destaca Guedes.
dependências do Banco Nacional de Desen-
Pouco se sabia, também, das iniciativas
volvimento Econômico e Social (BNDES), no
de empreendedorismo inovador na América
Rio de Janeiro. No evento foram relatadas
Latina. Por isso, em 1986, a Organização dos
experiências de outros países na área, como
Estados Americanos (OEA) e a Agência Brasi-
Reino Unido, Estados Unidos e França.
leira de Inovação (Finep) encomendaram ao
Instituída poucos anos após suas congê-
Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Gra-
neres internacionais – a National Business
duação e Pesquisa de Engenharia, da Uni-
Incubation Association (NBIA), nos Esta-
versidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/
dos Unidos, e a International Association
UFRJ), e à Universidade de São Paulo (USP)
of Science Parks and Areas of Innovation
um estudo para avaliar ações de apoio a em-
(IASP) –, a Anprotec passou a reunir diver-
presários inovadores em cinco países – Ar-
sas entidades ligadas ao empreendedoris-
gentina, Uruguai, Colômbia, México e Brasil.
mo e à inovação e aproveitou a experiência
Coordenado por Guedes na Coppe e pelo
dos parceiros internacionais para capacitar
professor Silvio Aparecido dos Santos na
centenas de profissionais brasileiros. Uma
USP, o estudo acabou aproximando as pes-
iniciativa de destaque foi o Projeto Co-
soas envolvidas com o tema do empreen-
lumbus, promovido pela União Europeia,
2009 Lançamento do Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos
O Sebrae intensifica a participação no processo de incubação e no estímulo ao empreendedorismo inovador
Atualmente o país abriga 400 incubadoras e 28 parques. Outros 52 PCTs estão em fase de projeto ou implantação
1990
2014
ESPECIAL|
que proporcionou cursos, consultorias e
em meados da década de 1990, foi um dos
missões a esses profissionais no início da
fatores favoráveis a esse desenvolvimento.
década de 1990. “Todos esses programas
As incubadoras começaram a alavancar
foram importantes para estabelecer um for-
empresas que, depois de graduadas, preci-
te vínculo entre os pioneiros do movimento
savam migrar para ambientes onde encon-
no Brasil”, afirma Guedes.
trassem condições para continuar inovando – nesse caso, os parques. “Quando se lan-
Um novo começo
çou o programa, havia uma visão de acionar
Dos primeiros projetos de parques tec-
inovação, fomentar a criação de empresas
nológicos estabelecidos no programa do
de base tecnológica e a interação entre uni-
CNPq poucos vingaram. “Algumas dessas
versidades e o mercado. Então, o desenvol-
iniciativas tomaram a forma, nos anos ini-
vimento de incubadoras nessa época foi um
ciais, de incubadoras de empresas, tornan-
processo natural”, afirma o diretor execu-
do-se parques tecnológicos mais adiante,
tivo do Sapiens Parque e ex-presidente da
quando as condições objetivas o permiti-
Anprotec, José Eduardo Fiates.
ram”, explica o ex-presidente da Anprotec e
Segundo Fiates, muitos dos primeiros
professor do departamento de Administra-
parques não obtiveram sucesso porque fal-
ção da Universidade de São Paulo, Guilher-
tava uma massa crítica de empresas, uma
me Ary Plonski. A estabilização macroeco-
interação profunda entre a academia e o
nômica do Brasil, ensejada pelo Plano Real
mercado e capital para investimento em negócios. “O Sapiens é um exemplo disso. A Universidade Federal de Santa Catarina foi criada na década de 1960, as incubadoras
A Anprotec No dia 12 de outubro de 1987, 16 pessoas ligadas a iniciativas de empreendedorismo e inovação no Brasil reuniram-se na sede do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) para fundar a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).
na de 1980 e o parque em 2000”, explica. Esse processo, no entanto, não era comum em países de economia mais dinâmica, onde um grande número de empresas desenvolvia soluções de alto valor agregado. (confira a entrevista do diretor da IASP, Luis Sanz, na página 37). No Brasil não faltavam apenas empresas
Representantes de 12 instituições de ensino, pesquisa e de agências governamentais reuniram-se na primeira assembleia, que constituiu a Associação e definiu como diretor-presidente, César Muniz Filho, e como diretor vice-presidente, Flavio Muniz. “Nossas reuniões eram ao redor de uma mesa, pois éramos um número reduzido. Mesmo assim acreditávamos na força do movimento”, conta Guedes.
inovadoras demandando uma solução como
Hoje, a Anprotec reúne cera de 300 associados, entre incubadoras de empresas, parques tecnológicos, instituições de ensino e pesquisa, órgãos públicos e outras entidades ligadas ao empreendedorismo e à inovação. Líder do movimento no Brasil, a Associação atua por meio da promoção de atividades de capacitação, articulação de políticas públicas, geração e disseminação de conhecimentos.
sua participação no processo de incubação,
os parques tecnológicos, mas também mecanismos eficazes para suporte e apoio a empresas nascentes. Em meados da década de 1980 e começo dos anos 90, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) começou a intensificar ajudando a disseminar a importância do empreendedorismo e da criação de pequenas empresas . “Articulado com a Anprotec, o Sebrae promoveu o crescimento de incubadoras em todo o país, na medida em que um número relevante de empresas estava sendo criado”, relata Fiates.
34
|ESPECIAL
Rodrigo de Oliveira
O Sebrae lançou diversos editais para a criação de incubadoras de empresas, a ampliação da quantidade e do faturamento dos projetos assistidos e a diversificação do portfólio de serviços ofertados. Mais recentemente, a entidade lançou chamadas para a implantação do Cerne (Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos) e recentemente firmou um Convênio de Cooperação Técnica e Financeira com a Anprotec, com vigência até 2015, que tem por objetivo promover a competitividade dos pequenos negócios por meio do fortalecimento da estrutura técnica de incubação no país. “Portanto, podemos dizer que nossa relação com
e a robustez do seu movimento organiza-
as incubadoras reflete a dinâmica e evolução
do, consubstanciado na Anprotec, gerou a
do movimento no Brasil”, afirma o diretor
dinâmica adequada para que o pacto pela
técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos.
inovação tecnológica tivesse como uma de
A parceria entre Sebrae e Anprotec co-
suas verticais a valorização dos parques
laborou para que o número de incubadoras
tecnológicos como mecanismo de leapfro-
se multiplicasse no país: de 27, em 1995,
gging [salto tecnológico]”, explica Plonski.
para mais de 100, em 1999. “O apoio do
Some-se a isso a percepção da socieda-
Sebrae ao movimento tem sido consistente
de brasileira de que a estabilidade macro-
ao longo do tempo, característica essencial
econômica não era passageira e o anseio
nem sempre presente nos programas de
do setor público por estratégias de desen-
outros órgãos e entidades”, afirma o profes-
volvimento sustentável em setores com
sor Plonski.
competitividade global, tendo em vista as
Santos, do Sebrae: relação da instituição com as incubadoras reflete a evolução do movimento no Brasil
experiências bem sucedidas de parques em A vez dos parques
outros países. “Graças à competência de
Acompanhando o crescimento das incu-
seus gestores, diversos parques rapidamen-
badoras, os projetos de parques tecnológi-
te se sobressaíram e se tornaram referência
cos começaram a se fortalecer. Além disso,
no Brasil e no exterior”, ressalta Plonski.
no começo dos anos 2000, foi estabelecido
Hoje, segundo o último estudo publica-
o Pacto Nacional pela Inovação Tecnoló-
do pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e
gica, tendo como marco a II Conferência
Inovação (MCTI), de 2013, há 28 parques
Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação,
em operação no país e 52 em fase de proje-
realizada em 2001. “A consolidação das in-
to ou implantação. Juntos, eles reúnem 939
cubadoras tecnológicas no cenário nacional
empresas instaladas e empregam mais de
atualmente existem 28 parques tecnológicos em operação no país e 52 em fase de projeto ou de implantação, que abrigam 939 empresas e empregam 32 mil pessoas. cerca de 400 incubadoras completam o cenário do movimento no brasil 35
Fotos: Divulgação
ESPECIAL|
Fiates, do Sapiens Parque: falta programa de apoio que permita planejamento de longo prazo
Plonski, da USP: é preciso incorporar mecanismos mais recentes de promoção de empreendimentos inovadores
32 mil pessoas. Cerca de 400 in-
uma plataforma pluri-institucional liderada
cubadoras completam o cenário do
pelo MCTI. Da mesma forma, tem aumenta-
movimento no Brasil. Segundo es-
do o investimento destinado aos ambientes
tudo publicado pela Anprotec em
de inovação. Em 2013, parques e incuba-
2012, essas instituições abrigam
doras receberam R$ 658 milhões – prati-
2,6 mil empresas incubadas e cola-
camente o dobro do período entre 2002 e
boram com outras 1,1 mil associa-
2012. “Com os investimentos públicos, co-
das, que juntas geram 16 mil pos-
meçaram também a surgir os privados. Nos
tos de trabalhos e faturam cerca de
últimos quatro anos, fundos de capital de
R$ 500 milhões por ano. As 2,5 mil
risco estão em crescimento, mas ainda se
empresas graduadas, egressas das
investe muito pouco em empresas de base
incubadoras, atingiram aproxima-
tecnológica”, afirma Fiates.
damente R$ 4 bilhões ao ano em
Para o diretor do Parque do Rio, Mau-
faturamento, empregando mais de
ricio Guedes, a descontinuidade dos investimentos e os problemas estruturais da
29 mil pessoas.
economia brasileira, como altos impostos Desafios
e taxas de juros, continuam sendo entra-
Apesar das conquistas do movimento
ves para o desenvolvimento de parques
nas últimas três décadas, os desafios per-
no país. “O valor aplicado tem aumentado,
manecem. “O grande problema é a falta de
mas pelo prazo e número de projetos ain-
continuidade em relação aos mecanismos
da não é suficiente. A constituição de um
de apoio e fomento. Falta um programa de
parque, com diversos atores de ponta em
longo prazo para que parques e incubado-
P&D, toma tempo. Por isso, acredito que
ras possam se planejar”, afirma o diretor do
ainda devemos resultados satisfatórios
Sapiens Parque, José Eduardo Fiates. Histo-
para a sociedade”, destaca.
ricamente, o valor investido em parques e
Como estrutura de estímulo ao empreen-
incubadoras no Brasil foi inferior a muitos
dedorismo, o parque deve ser um ambiente
países que se encontravam em semelhante
de apoio a empresas, com suporte compe-
situação na década de 1980. Hoje, países
titivo e portfólio de serviços adequados,
como Espanha, Cingapura, Coreia do Sul,
formação e atração de recursos humanos
China e Finlândia detêm um sistema de ino-
qualificados, rede de networking e desen-
vação bem mais desenvolvido e são podero-
volvimento intensivo de tecnologia. Para
sos concorrentes na atração de novos negó-
isso, é necessária a articulação com incuba-
cios. “Em alguns casos, houve
doras, universidades, instituições de CT&I e
um programa mais constante
empresas. “Essa integração resume-se em
e políticas claras. Em outros,
um desafio: gerar cada vez mais casos de
os investimentos foram mais
sucessos relevantes, com produtos, fatura-
significativos”, completa Fiates.
mento e valor de mercado, que contribuam
Nos últimos anos, o go-
para que o Brasil tenha imagem internacio-
verno brasileiro tem buscado
nal de inovação”, esclarece Fiates.
articular políticas e ações voltadas ao empreendedorismo
36
Novos horizontes
inovador – foco do Programa
Mesmo com alguns entraves, o empreen-
Nacional de Apoio às Incuba-
dedorismo inovador consolidou-se como um
doras de Empresas e Parques
movimento relevante para o desenvolvimen-
Tecnológicos,
to do Brasil. “É inegável que houve uma evo-
realizado
em
Divulgação
ENTREVISTA > Luis Sanz, diretor geral da IASP Como o senhor avalia o desenvolvimento de parques tecnológicos no Brasil, em comparação a outros países? Acho que os parques tecnológicos decolaram de forma mais lenta no Brasil, comparando com países do mesmo porte. Isso ocorre provavelmente devido ao fato de que no Brasil era mais importante desenvolver incubadoras de empresas de sucesso antes de se tornarem parques. O Brasil fez isso em duas fases distintas – primeiro, incubadoras de empresas e depois, parques – enquanto em outros países o processo ocorreu simultaneamente. Isso pode vir a ser uma vantagem para o Brasil: me pergunto se a próxima etapa será seguir rumo ao desenvolvimento de áreas de inovação – a forma mais evoluída e moderna de parques. Quais os destaques do modelo brasileiro de parques? O que acho único nos parques brasileiros é a fundação sólida em um ambiente de forte incubação de empresas. Alguns parques cresceram a partir de incubadoras;
outros a partir da infraestrutura gerada por elas. Claro que há variações locais, mas vejo um modelo de parques no Brasil, que foram plantados em um terreno bem preparado pelas incubadoras. Elas criaram um ambiente favorável para os parques florescerem. Como os parques brasileiros podem melhorar? Quais os desafios? Do meu ponto de vista, como diretor geral de uma rede global, o verdadeiro desafio para parques brasileiros é enfatizar sua dimensão internacional – o que funciona em dois sentidos: atrair empresas estrangeiras para se instalar nos parques e também ajudar empresas locais a competir internacionalmente, auxiliando-as a formar alianças estratégicas, abrir filiais no exterior para estar mais perto de seus mercados, alcançar visibilidade global e reconhecimento em seus produtos, serviços e marca.
lução significativa em 30 anos, mesmo sem
regiões e internacionalização das empresas
um programa de apoio estruturado. Prova
intensivas em conhecimento de pequeno
disso é que o que fazemos aqui no país des-
porte. “Por outro lado, o movimento corre
perta atenção internacional”, afirma Fiates.
o risco de perder parte dessa relevância,
Nesse cenário, a atuação da Anprotec foi
caso não tenha a sabedoria de incorporar
fundamental. “Ela é percebida no mundo
mecanismos mais recentes de promoção de
como uma das melhores associações nacio-
empreendimentos inovadores, tais como as
nais do gênero, pois apostou na formação
aceleradoras de empresas”, alerta Plonski.
de pessoas, na difusão de conhecimento e
Pensando nisso, a Anprotec já começou
na articulação internacional, além de ter
um planejamento estratégico para planejar
levantado a bandeira do empreendedoris-
os novos rumos na sua atuação. “É preci-
mo no Brasil”, afirma Guedes, que também
so nos readaptar e interagir com os novos
atuou como presidente da IASP nos anos de
atores da inovação, para que continuemos
2010 e 2011.
congregando esforços e fortalecendo o sis-
A atuação da Associação como importan-
tema como um todo”, afirma a presidente da
te articuladora de políticas públicas ajudou
Anprotec, Francilene Procópio Garcia. Para
o movimento a adquirir relevância crescen-
quem já trilhou um caminho de sucesso en-
te, sobretudo no que diz respeito à atração
tre tantas adversidades, o próximo capítulo
de centros de P&D de classe mundial, trans-
da história promete uma trajetória ainda mais exitosa. L
formação da base econômica de cidades e
37
|EM MOVIMENTO
De portas abertas
No início de abril, a Endeavor revelou a lista de empresas admitidas pelo seu Painel Internacional de Seleção. Dos 16 empreendimentos escolhidos, cinco são brasileiros. Destes, três estão vinculados a incubadoras e parques tecnológicos. Entrar na instituição – uma das mais importantes na promoção do empreendedorismo no mundo – garante uma imensa rede de relacionamentos, mas passar no processo de seleção requer muita dedicação e conhecimento técnico.
DA NIE L C A R D OS O 38
Shutterstock
SUCESSO|
|SUCESSO
A
Endeavor tornou-se uma das institui-
o desafio de entrar na Endeavor. Deu certo.
ções voltadas ao empreendedorismo
“A seleção é um processo duro, mas mui-
com maior renome no mundo. Pre-
to gratificante”, avalia Rafael Ribeiro Madke,
sente em 20 países, seleciona e apoia em-
diretor do Grupo RPH. Segundo ele, os em-
preendedores, além de realizar iniciativas de
preendedores com interesse em entrar na
capacitação e mobilização de stakeholders
Endeavor têm que ter em mente o tamanho
para influenciar políticas públicas favoráveis
do desafio. Para Madke, a empresa deve pre-
ao empreendedorismo. Por meio da Endea-
cificar bem o valor da instituição e entrar no
vor, os empresários têm acesso a uma gran-
ambiente Endeavor se for realmente utilizar
de gama de mentores, aumentam a rede de
toda a estrutura por ela oferecida. Caso con-
relacionamentos e se inserem com mais faci-
trário, é melhor nem tentar.
lidade no ambiente global. Porém, entrar no
“Na seleção a gente gasta muito tempo
programa não é tarefa fácil. Em abril deste
em reuniões, teleconferências, mudanças
ano, a instituição divulgou a lista Empreen-
de plano de negócios, preenchimento de
dedores Endeavor, das empresas admitidas
planilhas etc. Isso é bom porque oxigena
no 53º Painel Internacional de Seleção. En-
a empresa, mas o empreendedor precisa
tre os 16 empreendimentos escolhidos, cin-
mergulhar de cabeça e com todo o fôlego”,
co são brasileiros.
explica o diretor do Grupo.
Menos de 1% das empresas que se inscrevem conseguem ser aprovadas após o
Conhecimento técnico
processo de seleção. Para ingressar na En-
Outro desafio dos empreendedores para
deavor é necessário investir cerca de nove
vencer a seleção da Endeavor é dominar
meses de muito planejamento e trabalho
bem os termos técnicos. Muitos empresários
exaustivo. A seleção é dividida, basicamen-
iniciantes têm um perfil operacional e pecam
te, em cinco partes: primeira avaliação, en-
pelo desconhecimento da terminologia do
trevista com mentores, painel local, trail e
mundo dos negócios. Quem dá a recomen-
painel internacional.
dação é Rafael Mantovani que, junto com o irmão gêmeo, Gabriel Mantovani, preside a Welle Laser. A empresa catarinense fabrica
Ao longo dessas fases, o empreendedor é
equipamentos a laser e atende mais de 15
sabatinado, precisa revisar o modelo de ne-
setores, entre eles os de autopeças, eletroe-
gócios e recebe a missão de convencer exe-
letrônicos, linha branca e médico.
cutivos experientes de que a empresa é viável
Incubada no Centro Empresarial para La-
economicamente. Uma trajetória superada
boração de Tecnologias Avançadas (Celta), de
recentemente pelo Grupo RPH, aprovado
Florianópolis (SC), a Welle também foi
pela Endeavor em abril.
aprovada na última seleção e recebeu
A empresa nasceu como uma consultoria em 2002. Com o tempo, os sócios
a nota 9,7 – a maior de todos os pro-
Madke, do Grupo RPH: os empreendedores que pretendem entrar no processo de seleção Endeavor devem utilizar toda a estrutura oferecida pela instituição Divulgação
Dedicação
cessos já realizados pela Endeavor.
resolveram criar seus próprios produtos
O motivo para a excelente pontu-
e serviços voltados à medicina nuclear,
ação, segundo Mantovani, foi respos-
instalaram-se no Parque Científico e Tec-
ta, por parte de sua equipe de em-
nológico da PUCRS (Tecnopuc) e aboca-
preendedores, a todas as perguntas
nharam uma parte importante do mercado
técnicas feitas pelos entrevistadores
nacional de saúde. Mesmo com o sucesso
que, com frequência, usavam ex-
relativamente rápido, o grupo achou que
pressões como cash basis, equity e
poderia voar mais alto e resolveu encarar
EBITDA. “Conseguimos responder a 39
SUCESSO|
Divulgação
“Durante a seleção fazíamos muitas reuniões para discutir o tema e isso tirou um pouco o nosso foco do dia a dia. Porém, acredito que foi um tempo necessário. Passamos a pensar de maneira mais estratégica e agir de forma diferenciada. Isso é importante para o crescimento sustentável da empresa”, afirma Guimarães. Segundo ele, a Confiance colheu bons frutos dos serviços oferecidos pela Endeavor antes mesmo do resultado final. O exemplo mais evidente foi na área comercial. A empresa não tinha nenhum indicador para medir o desempenho das vendas. Foi aí que entrou o Rafael e Gabriel Mantovani, da Welle Laser: o conhecimento de termos técnicos garantiu à empresa a maior nota de todos os processos já realizados pela Endeavor
todos os termos e isso contou pontos a nos-
know-how da Endeavor, o que possibilitou
so favor, pois deixamos claro que dominá-
uma guinada na rotina da Confiance.
vamos a gestão de toda a empresa”, afirma Rafael Mantovani.
“No processo de seleção repensamos o setor de vendas e resolvemos aderir alguns
A Welle entrou na incubadora em 2009
indicadores, como taxa de conversão, nú-
e desde então apresenta um crescimento ex-
mero de visitas para gerar uma demonstra-
pressivo no faturamento. De 2012 para 2013,
ção e número de demonstrações para gerar
o salto foi de 400%. No ano passado, a em-
uma venda. Hoje parece uma estratégia ób-
presa aumentou sua receita em 165%. A pre-
via, mas só percebemos a necessidade no
sença da Welle na incubadora foi vital para o
processo de seleção Endeavor”, explica o
ingresso na Endeavor, afinal, a sede regional
diretor da Confiance.
da entidade em Santa Catarina também fica
No Grupo RPH, as vantagens práticas de
no Celta e foi essa proximidade que deu início
ser membro da Endeavor também começa-
à parceria. “Um dia, atendemos a porta da em-
ram antes do final do processo de seleção.
presa e era o representante da Endeavor. Ini-
Madke lembra que, mesmo durante a prepa-
ciamos a conversa que evoluiu e resultou na
ração, ele percebeu que a empresa precisava
nossa aprovação”, lembra Rafael Mantovani.
rever o fluxograma de trabalho, além do plano de cargos e salários. Por isso, conversou
40
Vale o esforço?
com a equipe da Endeavor que, em pouco
Mas será que tanta energia gasta para
tempo, o colocou em contato com José Galló,
superar a seleção Endeavor não pode ti-
CEO da Renner. “O meu bate-papo com Galló
rar o foco do empreendedor e prejudicar a
resultou em um projeto prático, que mudou
empresa? “Sim, mas vale a pena”. Essa foi
nosso fluxograma e ajustou o plano de car-
a resposta dada por Guarany Guimarães,
gos e salários da RPH. É um fruto concreto da
diretor comercial da Confiance Medical. A
Endeavor que já temos por aqui”, comemora.
empresa é administrada por quatro sócios,
Tanto o Grupo RPH quanto a Welle se-
que colocam a mão na massa e participam
guem instaladas em um parque tecnológico e
das atividades diárias dos negócios. O pro-
em uma incubadora de empresas, respectiva-
blema é que, durante o processo Endeavor,
mente. Já a Confiance é uma empresa gradu-
as energias se voltaram para a qualificação
ada pela Incubadora de Empresas do Institu-
e a parte operacional da Confiance Medical
to Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e
ficou em segundo plano.
Pesquisa de Engenharia da Universidade Fe-
ENTENDA O PROCESSO DE SELEÇÃO
Durante o processo são avaliados: potencial de crescimento; dimensão do mercado; diferencial competitivo; e capacidade de execução dos empreendedores Fonte: Endeavor
deral do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). Aliás,
alto potencial de crescimento. “Quando en-
são as graduadas que costumam ter chances
tra na Endeavor, o empreendedor passa a ser
maiores no processo da Endeavor. Pelo nível
acompanhado de perto por alguém da nossa
de exigência da entidade, é difícil que empre-
equipe. É uma troca constante de informa-
sas incubadas tenham envergadura para pas-
ções, com acesso às consultorias,
sar na seleção.
aos investidores e à capacitação
Marcos Mueller, coordenador regional
em grandes escolas do mundo.
da Endeavor em Santa Catarina, explica que
Tudo isso precisa gerar resulta-
não há um critério estabelecido para definir
dos práticos”, afirma Mueller.
quem pode ou não entrar na seleção, mas
Hoje, a Endeavor Brasil apoia
alguns pontos contam a favor. “Geralmente,
117 empreendedores à frente
a empresa não pode ter nenhum gargalo
de 67 empresas, que empre-
tecnológico, ou seja, precisa ter um produ-
gam mais de 20 mil pessoas e
to que já foi validado pelo mercado. Nas in-
faturam mais de 3,8 bilhões de
cubadoras, as empresas costumam estar na
reais. Os exemplos brasileiros
fase pré-operacional. Por isso, voltamos as
de sucesso no processo seletivo
atenções para as graduadas”, explica.
mostram que a parceria com a
O alvo principal da instituição está no
Endeavor já nasce gerando bons
grupo de empresas que faturam de R$ 2 mi-
resultados e que esforço e dedicação compensam. L
lhões a R$ 20 milhões por ano e que têm
Mueller, da Endeavor: para participar do processo de seleção, a empresa precisa ter produto validado pelo mercado Divulgação
Somente empreendimentos indicados podem participar
Após um filtro inicial, os empreendedores são entrevistados por uma banca nacional e outra internacional
41
Shutterstock
Crescimento monitorado
O sistema de acompanhamento, orientação e avaliação de empresas incubadas é um dos processos-chave definidos pelo Cerne, modelo que tem por objetivo fomentar a implantação de uma plataforma de gestão de maturidade nas incubadoras. Aquelas que adotam o monitoramento há mais tempo apontam os benefícios de conhecer de perto a realidade dos negócios incubados.
A NDR É I A S EGA NF R E D O 42
|HABITATS
monitoramento das incubadas é realizado
Cerne (Centro de Referência para
há muito tempo. “A avaliação dos empreen-
Apoio a Novos Empreendimentos),
dimentos é feita há mais de dez anos. Houve
o sistema de acompanhamento, orientação
algumas mudanças na forma e no escopo,
e avaliação de empresas incubadas tem se
mas sempre foi uma preocupação dos ges-
consolidado como importante ferramenta
tores”, conta a gerente de operações, Luci-
de gestão para incubadoras, tanto para esti-
mar Dantas. Com a implantação do Cerne
mular o crescimento dos empreendimentos,
na incubadora, a principal mudança foi a
como para avaliar de forma mais objetiva o
presença de assessores para acompanhar
momento oportuno da graduação. Nos am-
o desenvolvimento das empresas. “Temos
bientes em que essa prática já virou rotina,
uma relação diferente hoje. É um mosaico
a relação entre gestores e empreendedores
de pessoas, uma multiplicidade de olhares
tem se estreitado cada vez mais, contribuin-
voltada às incubadas”, afirma.
do para a elaboração de estratégias mais
As empresas passam por duas formas de
acertadas e para a conquista de resultados
acompanhamento, que consideram os cinco
na condução dos negócios.
eixos do negócio: um gerencial e formal, em
O sistema de monitoramento envolve os
que respondem anualmente a um questio-
cinco principais eixos de desenvolvimento
nário, e outro mais informal, sobre as ativi-
do negócio – empreendedores, produtos,
dades do dia a dia. Nesse caso, o conjunto
recursos, mercado e gestão –, com práticas
de assessores da incubadora analisa as em-
que vão desde a coleta de informações, sim-
presas e repassa bimestralmente um relató-
plificada ou padronizada, até reuniões de
rio sobre cada uma. “Esse monitoramento é
revisão crítica. “Esses procedimentos não
muito mais intenso e próximo, pois ouvimos
são um simples diagnóstico. Eles permi-
cada empreendedor e aprendemos também
tem aos gestores estabelecerem planos de
onde podemos melhorar”, explica Lucimar.
ação para as empresas e pensarem novas
Com as informações coletadas, a incu-
práticas dentro das incubadoras”, afirma a
badora avalia as principais fraquezas dos
presidente da Anprotec, Francilene Procó-
empreendedores e parte em busca de ca-
pio Garcia.
pacitação. “Se uma empresa está passan-
Desenvolvido em parceria com o Sebrae,
do por alguma dificuldade, vamos buscar
o Cerne é uma plataforma de qualificação,
assessoria específica para a
com práticas e processos estabelecidos,
demanda. Se for um problema
que tem por objetivo fomentar um modelo
constatado em muitas, reve-
de gestão de maturidade nas incubadoras.
mos nosso processos internos
“Como parceiros, apoiamos o Cerne por en-
e buscamos uma formação
tender que o fortalecimento desses ambien-
complementar para os empre-
tes implicará desenvolvimento de pequenos
endedores”, ressalta Lucimar.
negócios apoiados. Além do aporte finan-
Foi assim que, no último ano,
ceiro na implantação do projeto, realizamos
a incubadora identificou a ne-
estudos periódicos que mensuram a efetivi-
cessidade de oferecer um cur-
dade da iniciativa”, explica o diretor técnico
so voltado à área comercial.
Francilene, da Anprotec: acompanhamento possibilita o estabelecimento de plano de ação para empresas e novas estratégias nas incubadoras Divulgação
U
m dos processos-chave do modelo
do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos. Na Incubadora de Empresas do Instituto
Qualificação
Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e
A capacitação dos empre-
Pesquisa de Engenharia da Universidade
endedores é também uma das
Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), o
ações da incubadora Celta, que 43
Fotos: Divulgação
HABITATS|
promove anualmente edições do
precocemente, correndo o risco de matar a
Empretec – curso realizado no
empresa no mercado”, esclarece.
Brasil pelo Sebrae, que utiliza a metodologia da Organização das
Chierighini, do Celta: monitoramento é fundamental para não retardar crescimento dos incubados e para avaliar o momento da graduação
Ana Cristina, da RMI: metodologia do Cerne trouxe amadurecimento, possibilitando acompanhamento mais efetivo das empresas incubadas
Nações Unidas (ONU), voltada a o
A importância de adotar as práticas-cha-
desenvolvimento de característi-
ve do Cerne foi percebida pela Rede Minei-
cas de comportamento empreen-
ra de Inovação (RMI) antes mesmo da con-
dedor. “Quase todos os empreen-
clusão do modelo. Em 2008, a RMI reuniu
dedores incubados passam pelo
as incubadoras de Minas Gerais para iden-
Empretec. Buscamos sempre qua-
tificar boas práticas, gerando um manual
lificá-los e ter um relacionamento
com documentos e anexos para orientação.
próximo, pois a sobrevivência da
“Ainda não havia todas as diretrizes estabe-
empresa depende deles”, afirma o
lecidas e, por isso, o Sebrae forneceu apoio
diretor executivo do Celta, Tony
técnico e financeiro para melhorar nossa
Chierighini.
metodologia”, conta a diretora da RMI , Ana
Essa postura facilita também
Cristina de Alvarenga Lage.
o monitoramento das empresas,
Os materiais gerados foram enviados
já que os empreendedores precisam pre-
para outros estados e ajudaram a difundir
encher um questionário on-line com mais
o modelo entre as incubadoras, em uma
de 300 itens, alinhados aos cinco eixos do
época em que o Cerne estava se consoli-
Cerne. O Método para Avaliação da Com-
dando. “Antes de ter essa referência, mui-
petitividade (MAC) é um sistema desenvol-
tas incubadoras faziam uma avaliação mais
vido pela empresa Valor & Foco, um dos
pontual, apenas do plano de negócio. A
prestadores de serviço aos incubados que
metodologia trouxe um amadurecimento
reúne diversos indicadores e gera gráfi-
de forma geral”, afirma. Segundo a diretora,
cos de desempenho da empresa. Com um
as incubadoras mineiras estão fazendo um
grande volume de informações, o proces-
acompanhamento e intervenção mais acer-
so de análise dos dados ocorre a cada seis
tados. “Ficou mais fácil para os gestores
meses, em encontros diretos com os em-
monitorarem as empresas de forma mais
preendedores. “Analisamos todos os itens
efetiva”, diz.
com base no plano de ação do semestre
Esse é um dos principais motivos que
anterior e vemos o que precisa ser melho-
impulsiona o apoio do Sebrae, que possui
rado”, explica Chierighini.
44
Pioneirismo
expertise na construção de indicadores
Anualmente, a incubadora
quantitativos e qualitativos para peque-
reconhece as empresas com
nos negócios. “Podemos ajudar com in-
melhor desempenho nos cinco
formações e na criação de soluções para
eixos do monitoramento. “Essa
aumentar a competitividade desses em-
iniciativa motiva os empreende-
preendimentos”, avalia o diretor técnico,
dores e a equipe do Celta, pois
Carlos Alberto dos Santos. “Pelo potencial
reconhece o trabalho de todos”,
de impacto dessas empresas, monitorá-las
afirma o diretor. Segundo Chie-
é importante para conhecer a efetividade
righini, o acompanhamento é
da incubadora. Esses empreendimentos
fundamental também para a
devem servir de exemplo positivo aos de-
gestão da incubadora. “Sem ele,
mais projetos incubados, por apresenta-
podemos retardar o crescimen-
rem um padrão gerencial e tecnológico de
to dos incubados ou graduá-los
destaque quando comparados a empresas
|HABITATS
Monitoramento do empreendedor
Monitoramento de tecnologia
panhamento, Sistema de Acom iação do Orientação e Aval e modelo Cern
Monitoramento da gestão Monitoramento financeiro
Monitoramento do mercado
no planejamento do empreendimento, nos
processos de incubação”, analisa.
cinco eixos previstos no modelo. “Com isso,
Além de qualificar o sistema de incu-
orientamos os empreendedores e também
bação, o método de acompanhamento é
exigimos resultados, considerando as fases
uma forma de prestar contas aos órgãos
de incubação que estão no nosso regimento
de fomento. “Essas ações vem agregar mui-
interno. Se não há comprometimento do in-
to ao nosso trabalho, pois a metodologia
cubado, podemos desligá-lo”, afirma.
é altamente qualificada e fortalece todo o
Essa exigência acaba estimulando os
sistema de incubação. Assim, os órgãos de
empreendedores a sempre quererem me-
fomento disponibilizam recursos com mais
lhorar. “Eles pedem nossa
tranquilidade, pois sabem que há resul-
orientação e utilizam os da-
tado”, afirma a gerente da Incubadora de
dos que apresentamos para
Empresas de Base Tecnológica de Itajubá
seu desenvolvimento. Muitos
(Incit), Geanete Dias.
dizem que se não estivessem
A Incit participou do grupo temático cria-
aqui, não teriam chegado tão
do pela RMI em 2008 e, antes de começar a
longe ou não entenderiam tão
implantação do Cerne, obteve a certificação
bem o funcionamento de uma
ISO 9000 – referente à gestão da qualidade.
empresa”, afirma a gerente.
“Já fazíamos um acompanhamento infor-
Assim, as incubadoras cuidam
mal, incluindo reuniões com os empreen-
de cada fase de crescimento
dedores. Então, foi mais fácil nos encaixar
das pequenas empresas, con-
nas práticas do Cerne”, conta Geanete. Hoje,
tribuindo cada vez mais para
os encontros ocorrem trimestralmente e
o desenvolvimento de novos negócios inovadores. L
servem para avaliar a atividades previstas
Geanete, da Incit: acompanhamento fortalece sistema de incubação e ajuda a prestar contas aos órgãos de fomento Bill Souza/Contexto
do mesmo setor que não se inseriram em
45
Shutterstock
Educar para empreender
Empreender não é tarefa fácil e pesquisadores constatam que o ensino brasileiro não estimula e não prepara o estudante para isso. Medidas paliativas e algumas iniciativas estão em curso, mas especialistas defendem que é preciso haver uma mudança cultural que altere a relação entre aluno e professor. Se o país quiser avançar na formação de empreendedores, o estudante deve ser estimulado desde cedo a estudar e aprender por conta própria.
LUI S A N T Ô NIO H A NGA I 46
|EDUCAÇÃO
centual é de 31%. O estudo também revela
tado a possibilidade de iniciar um
que os maiores problemas enfrentados pe-
empreendimento próprio sabe que
los empreendedores são a falta de conhe-
este é um caminho com diversos desafios.
cimento em gestão de pessoas, o fluxo de
Nos últimos anos, o mundo dos negócios
caixa e a administração do negócio.
tem se tornado ainda mais competitivo, e os
A Endeavor também fez uma sondagem
novos empreendedores, por falta de experi-
em 46 universidades e constatou que 91,3%
ência ou de conhecimento técnico, muitas
delas oferecem cursos de empreendedoris-
vezes não estão preparados para desenvol-
mo sob os títulos “introdução ao empreende-
ver suas ideias neste cenário dinâmico.
dorismo” e “criação de negócios”. No entanto,
Por isso, entidades ligadas ao movimento
apenas 39,7% dos estudantes entrevistados
da inovação no país publicaram na Semana
afirmaram já ter cursado alguma disciplina
Global do Empreendedorismo (SGE) de 2013
sobre o tema. Com efeito, eles não se sentem
um manifesto em defesa da educação empre-
seguros quanto às habilidades técnicas para
endedora. O Conselho Nacional da SGE – for-
abrir um negócio: em uma escala de 0 a 100,
mado por entidades como a Associação de
a confiança “para estimar o valor de capital
Entidades Promotoras de Empreendimentos
inicial e o capital de giro necessário para
Inovadores (Anprotec), a Endeavor, a Junior
iniciar um novo empreendimento” marcou
Achievement e o Serviço Brasileiro de Apoio
média de 51,81 pontos. Atividades de pla-
às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) – es-
nejamento financeiro e marketing marcaram
tabeleceu princípios ao fomento do empreen-
índices ainda menores.
dedorismo brasileiro com foco na educação
“A oferta de disciplinas de empreende-
formal. O texto publicado elenca uma série
dorismo dentro das universidades é apenas
de metas: fazer da educação empreendedora
introdutória e muitas vezes baseada em
uma realidade em todos os níveis educacio-
exemplos com os quais os estudantes não
nais; aperfeiçoar metodologias que propor-
se identificam”, avalia a diretora de Educa-
cionem avanços sobre o tema; e estimular a
ção Empreendedora da Endeavor no Brasil,
escola em tempo integral, levando em conta
Renata Chilvarquer. No Brasil, há um alto
atividades extracurriculares e o aperfeiçoa-
contingente de estudantes que gostaria de
mento de programas educacionais.
entrar no mundo do empreendedorismo,
Essas demandas são urgentes, sobretudo
mas que se sente inseguro pela falta de pre-
no contexto brasileiro, em que um grande
paro técnico ou por achar que não possui o
número de pessoas deseja empreender,
perfil adequado.
mas poucas se qualificam tecnicamente para isso. Uma pesquisa realizada pela
Independência e criatividade
Endeavor – organização internacional que
Atentas a isso, entidades ligadas à
promove o empreendedorismo em 20 pa-
promoção do empreendedorismo iden-
íses – com cerca de três mil entrevistados
tificaram que, embora o Brasil apresen-
aponta que 76% das pessoas preferem ter
te um grande número de pessoas que
um negócio próprio a ser empregado ou
desejam empreender, é também um
funcionário de terceiros, consolidando a se-
país que carece de modelos educacio-
gunda maior taxa do mundo (ficando atrás
nais adequados, em todos os níveis de
apenas da Turquia). Por outro lado, poucos
ensino, para estimular os estudantes a
priorizam o treinamento: apenas 46% dos
inovar e criar. Ronaldo Mota, pesquisa-
empresários formais já se relacionaram
dor em Desenvolvimento Tecnológico
com o Sebrae. Entre os informais esse per-
e Inovação do Conselho Nacional de
Renata, da Endeavor: disciplinas de empreendedorismo nas universidades brasileiras costumam ser apenas introdutórias Divulgação
Q
ualquer pessoa que já tenha cogi-
47
Divulgação
EDUCAÇÃO|
ENTREVISTA > RONALDO MOTA, DO CNPQ As instituições de ensino brasileiras estão preparadas para incorporar a educação empreendedora? Há boas experiências em curso, mas a regra geral é ainda usar o processo de aprendizagem dependente. Ou seja, nós temos adotado metodologias, desde a pré-escola até os cursos de pós-graduação, que vão contra as principais características empreendedoras. O que é possível fazer para se adotar uma educação menos dependente? É uma questão de mudança de cultura. Desde o começo da educação, temos a tendência de estimular a ida dos estudantes às salas de aula para que tomem nota daquilo que é ensinado pelos professores, para então estudar a matéria depois. Podemos mudar isso com uso das tecnologias digitais e garantir que o conteúdo seja disponibilizado aos estudantes com antecedência. Na prática, como seria aplicado este método? A implantação dessa metodologia pressupõe que cada curso e cada disciplina tenham um portal educacional, onde professores e alunos interajam entre si. Este por-
tal deve apresentar o conteúdo de forma atraente e garantir que o aluno possa estimular até o limite a sua capacidade de aprender sozinho. Isso não dispensa o professor, pelo contrário: implica na necessidade urgente dessa pessoa para preparar o portal e as aulas presenciais que se seguirão. O senhor acredita que os alunos, por si só, estão preparados para uma aprendizagem independente? Se há alguém que está preparado é o aluno. Tendo a informação instantânea, acessível e gratuita, o mais importante não é saber ou não saber. O relevante é o espírito de iniciativa e a capacidade de resolução, de procurar informações e, a partir delas, construir soluções. Da forma como está, o processo educativo baseia-se todo em memória. Mas, tão importante quanto a memória é a capacidade de trabalhar em equipe, a inclinação para resolver problemas inéditos e o comportamento em relação a um desafio a ser enfrentado.
Desenvolvimento Científico e Tecnológico
cacional que vem sendo difundido pela Ende-
(CNPq), acredita que o problema só será re-
avor em mais de 50 universidades públicas,
solvido com uma mudança na cultura das es-
por meio do programa Bota pra Fazer. “Bus-
colas e das universidades. Para ele, o ensino
camos qualificar a oferta de cursos de em-
precisa estar mais focado em uma aprendi-
preendedorismo nas universidades com essa
zagem independente, que valorize a autono-
metodologia, focada na maior participação
mia e a criatividade do aluno – e não em um
dos alunos, que passam a ter contato com os
modelo dependente e fixo ao professor.
conteúdos antes que eles sejam trabalhados
“Temos pessoas empreendedoras mais
em salas de aula”, explica Renata. Segundo a
por conta de um ímpeto individual do que
diretora, os conteúdos foram licenciados para
pelo preparo para isso. A imensa maioria
diversas universidades com o objetivo de aju-
das nossas universidades e escolas de edu-
dar os professores a serem mais facilitadores
cação básica não estimula o empreende-
que transmissores de conhecimento.
dorismo. Isso não impede o surgimento de
“O ideal é que a sala de aula vire o mo-
empreendedores, mas a metodologia que
mento da prática e, em casa, o aluno possa
adotamos atualmente é mais eficiente em
estudar os conteúdos por conta própria”,
expulsar pessoas empreendedoras. Nossos
conclui Renata. É justamente essa indepen-
métodos de avaliação não conseguem loca-
dência para aprender que precisa ser esti-
lizar talentos”, afirma o pesquisador.
mulada desde cedo, se o país quiser avançar na formação de empreendedores. L
Um avanço nessa direção é o modelo edu48
|CULTURA por Bruna de Paula
Um retrato do Vale do Silício Fotos: Divulgação
Como o próprio nome antecipa, Silicon Valley é ambientada na efervescente região da Califórnia. Com episódios rápidos – a média é de 30 minutos –, a série transmitida pela HBO se concentra na história de um grupo de amigos programadores para traçar um panorama do dia a dia no Vale do Silício. Um dos personagens centrais, o introvertido Richard (Thomas Middleditch), vive o dilema entre vender sua criação para a fictícia empresa Hooli – uma clara referência ao Google – e apostar no sucesso da própria startup. Incubadoras de empresas, investidores, cifras milionárias e estereótipos de geeks e indianos geniais compõem a série, criada por Mike Judge, que trabalhou no Vale nos anos 1980. O tom de comédia se mistura a críticas, que tem como alvo principal os CEOs das grandes empresas e seus discursos sobre como a tecnologia pode “fazer do mundo um lugar melhor”. A boa repercussão de Silicon Valley credenciou a continuidade da série, que tem o lançamento da segunda temporada previsto para 2015.
Sillicon Valley, 2013. Criação e direção: Mike Judge. Transmitida pela HBO.
Imperativo
Visite a exposição Salvador Dalí, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro. A maior retrospectiva do pintor catalão na América Latina fica aberta à visitação até 22 de setembro e reúne 150 obras do artista. Além da célebre fase surrealista, a curadoria preocupou-se em mostrar, também, as facetas cubista, impressionista e abstrata de Dalí. Entre em contato, por meio de suas obras, com a genialidade de um artista à frente de seu tempo. Salvador Dalí. Curadoria de Montse Aguer. Em cartaz no CCBB Rio de 30 de maio a 22 de setembro. Visitação de quarta a segunda, das 9 às 21h. Gratuito. Assista ao documentário The Startup Kids. O filme traz entrevistas com jovens empreendedores dos Estados Unidos e da Europa ligados à inovação, que ajudaram a mudar nossa relação com a tecnologia, o armazenamento de arquivos, o vídeo e a música. As islandesas Vala Halldorsdottir e Sesselja Vilhjalmsdottir, autoras do documentário e também empreendedoras, entrevistaram as mentes por trás de startups de sucesso como Dropbox, Vimeo, Soundcloud e Scribd. O filme, em inglês, está disponível para venda no iTunes e na Amazon – onde também pode ser locado. The Startup Kids. 57 minutos. Disponível no iTunes e na Amazon.com. Venda: US$ 12,99; Locação: US$ 3,99
49
OPINIÃO|
Carta aos candidatos
Divulgação
Maur ic io Gue des Diretor do Par que Te c noló gico da UF R J E x - presidente da I A S P – A s s o c iaç ã o Inter nac ional de Par ques Te c noló gicos Cons elheiro e ex - presidente da A nprote c
D
irijo-me desta vez a pouco mais de uma centena de leitores: aos brasileiros e brasileiras que estão se preparando para concorrer ao cargo de governador dos seus Estados. Nos próximos meses vocês estarão tentando capturar as expectativas dos eleitores, avaliar
os passos dos concorrentes e, a partir de suas próprias convicções, reavaliar propostas e construir novos argumentos convincentes. Em breve, todo esse esforço e a própria história de suas vidas vão ser submetidos ao julgamento daqueles que detêm o verdadeiro poder. Neste momento decisivo, é o diálogo com os eleitores que poderá lhes inspirar e aumentar as suas chances de vitória. Faço-lhes um convite: ouçam os novos empreendedores, visitem pelo menos uma incubadora de empresas em seus estados. Lá vocês conhecerão pessoas que acreditam no futuro, que estão dispostas a assumir riscos
e que apostam em nosso país. Vocês certamente já têm propostas de ações para as áreas de saúde, educação e segurança. Serão estes os temas mais debatidos na campanha e receberão o merecido tratamento prioritário nos programas de todos os candidatos. Mas, que novidades vocês trarão para o desenvolvimento econômico de seus estados? Sem emprego e renda, não há saída para os desafios de nenhum governo. Não faz muito tempo, nosso país tentava atrair investimentos usando a promessa de mão de obra barata. A abundância de recursos naturais, associada a uma dose de tolerância no tratamento das questões ambientais, completava a nossa oferta para o mundo. E não tínhamos vergonha disso. Será que o eleitor apoiaria esse discurso nos dias de hoje? Que tal valorizar os negócios, grandes ou pequenos, construídos a partir do conhecimento da própria sociedade? Empresas que possam dizer para o mundo: ninguém faz melhor do que nós! Que tal valorizar os empresários que tenham um compromisso verdadeiro com o meio ambiente e capacidade de inovação em padrão mundial? Para um país que está entre os quinze maiores produtores mundiais de publicações científicas isto deveria parecer óbvio, mas não é. Nas quatrocentas incubadoras de empresas espalhadas por todo o país, vocês encontrarão gente assim. Pessoas que criaram, principalmente a partir do conhecimento adquirido em nossas melhores universidades, mais de cinco mil empresas, e que empregam hoje mais de 45 mil brasileiros. Visitem esses ambientes mágicos, que respiram o empreendedorismo e a inovação. E ouçam esses eleitores que têm na alma o desejo de mudança e buscam construir um país melhor. Vocês poderão aprender muito ouvindo essa gente jovem, com vontade de acertar, humildade para errar e força para seguir em frente. 50
Conheça o programa de suporte à internacionalização que aproxima empreendimentos inovadores e ambientes de inovação do Brasil e do mundo.
Acesse o portal e saiba como participar.
land2land.com.br
Realização:
51
PRÊMIO NACIONAL
de Empreendedorismo Inovador EDIÇÃO 2014
INSCRIÇÕES ABERTAS ATÉ 21 DE JULHO E MUITAS NOVIDADES! Regulamento, informações e inscrições: /2
www.anprotec.org.br
Etapas: Regional e Nacional
/ Mais prazo para inscrição.
Categorias:
/ Novos critérios de julgamento.
/ Prêmios imperdíveis!
| Incubadora de empresas orientada para a geração e uso intenso de tecnologias (PIT)
| Incubadora de empresas orientada para o desenvolvimento local e setorial (DLS) | Parque científico e tecnológico (PCT) | Projeto de promoção da cultura do empreendedorismo inovador (CEI) | Empresa incubada (EI) | Empresa graduada (EG)
Realização:
52
Parceiro: