O Papel & o Digital

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O Papel & O Digital Cresce em todo o mundo, e também no Brasil, a homologação de papéis para uso em impressoras digitais de diferentes marcas.

Colaboraram Ricardo Minoru, Clóvis Castanho, Rafael Veras, William Corrêa e Fernando Roso


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O crescimento da impressão digital no Brasil fez eclodir vários sintomas. Gráficas rápidas, gráficas digitais e mesmo gráficas tradicionais tiveram que se adaptar à nova forma de venda do produto digital, bem como a maneira ideal de se produzir com esse tipo de equipamento. Mas não é só; do outro lado da cadeia - mais precisamente, no início dela - empresas conhecidas como “papeleiras”, ou da indústria de papel, mexem-se para homologar papéis para aplicações típicas do universo digital. Mudança de visão É lembrado pela maioria dos profissionais do ramo gráfico que, no início da década, quando as impressoras digitais tornaramse efetivamente uma opção de negócio atraente para as empresas brasileiras, uma série de dúvidas pairava sobre o desempenho do papel - tipicamente tido como um produto adaptado à realidade offset - nesse tipo de máquina. Na época, uma das pioneiras na busca da confiança do mercado através de certificação ou homologação de mídias para impressão digital foi a Xeikon que, juntamente com a Indigo (hoje, HP Indigo), introduzia as primeiras máquinas no país. Porém, em quase dez anos, esse quadro se alterou significativamente. Outros players surgiram e se consolidaram na impressão digital, fidelizaram clientes e, seguindo uma tendência mundial, procuraram na indústria de papel uma aliada para mostram que os impressos digitais podem, e vão, assegurar o

A indústria de papel é uma aliada dos impressos digitais mesmo grau de qualidade a que as gráficas offset (e o mercado) estavam acostumadas. Papel + Tecnologia No quadro descrito, o que se tem é a união entre a tecnologia de impressão, que passou por várias otimizações nos anos recentes, tanto aquelas baseadas em toner, quanto as inkjets; e o papel, ou seja, o substrato sobre o qual são impressas as imagens e que tem participação fundamental na qualidade final dos trabalhos. “A procura por papel/mídias certificadas decorre do próprio crescimento no número de empresas utilizando equipamentos de impressão digital onde antes só havia o offset tradicional. Com esse crescimento, surgiram também os problemas decorrentes do uso de papéis/ mídias inaquedados aos equipamentos digitais, que apresentavam alta umidade, variação dimensional decorrente de aplicação de calor, não ancoramento da tinta/toner etc.”, disse Clóvis Castanho, diretor da Océ para a área de equipamentos digitais para a América Latina e, também, especialista em processos gráficos. Segundo ele, a resposta para esses problemas veio com a procura do mercado por papéis que assegurassem bom desempenho em máquina. “Daí o grande crescimento

da procura por papéis e mídias compatíveis com os diversos sistemas digitais disponíveis”, disse. A própria Océ, uma das principais players no ramo de impressão digital no mundo, possui laboratórios de mídias na Europa voltados ao desenvolvimento e pesquisa de produtos para essa finalidade, ou mesmo para homologação de mídias. “São diversos os aspectos técnicos exigidos, porém, esses aspectos também dependem do tipo de impressão digital da qual estamos falando, como por exemplo copypress, xerografia, tinta digital líquida, inkjet etc. Ou seja, para cada sistema um requerimento distinto”, explicou Clóvis. Entre as características que tornam uma mídia ideal para uso em impressoras digitais comerciais e industriais incluem alta resistência à variação dimensional decorrente do calor da fusão ou secagem, tração ou ainda absorção da tinta; baixa umidade relativa; alto ponto de fusão; boa ancoragem de tinta ou toner; e, além disso, excelente desempenho na absorção e manutenção da pigmentação, garantindo boa densidade óptica e aderência. “Em geral, para uma boa impressão, as impressoras digitais necessitam de papéis com alcalinidade mais elevada e umidade controlada além de uma maior regularidade da superfície para ancoragem da


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tinta (electroink) ou toner. Para impressoras à base de toner mais antigas, os papéis mais indicados são os não revestidos, isso devido à temperatura do fusor no momento da fixação do toner que danifica a camada de revestimento do couché. As impressoras de toner mais recentes não têm essa limitação pois a fusão do toner não destrói a camada superficial do couché, mas o cuidado no acabamento se torna necessário, pois o papel reduz a umidade nesse processo e, caso seja feita a dobra imediatamente, pode danificar fibra do papel. No caso das impressoras de electroink, a temperatura é próxima à do offset, não tendo limitação no tipo de papel e o acabamento é igual ao processo convencional”, explicou Fernando Roso, gerente de desenvolvimento de negócios e suprimentos da HP Indigo Brasil. Clóvis ainda completa, destacando características da superfície da mídia. “Para alguns processos de impressão, são necessárias superfícies com determinada porosidade, aplicação de primer especial, pH (potencial hidrogeniônico, ou nível de alcalinidade)... mas isso varia de acordo com o tipo de sistema usado”, complementou. Fernando Pimentel, da Gutenberg, uma das empresas que representam os equipamentos Konica Minolta no Brasil, salienta também a baixa umidade, o nível adequado de pH e um bom corte como fatores que qualificam um papel como apto a obter performance em impressoras digitais. “O mercado de pequenas tiragens vem crescendo e, em função das

a primeira referência é que o papel mais caro encarece o serviço. No entanto, nos equipamentos digitais, ocorre o contrário. diversas tecnologias das impressoras digitais, foi necessário adequar os papéis para melhorar a qualidade e desempenho das impressoras. No Brasil os gráficos querem utilizar os mesmos papéis de uso no offset e, dependendo da impressora utilizada, principalmente se for mais antiga, fica muito difícil usar os papéis comuns. Na Europa eles utilizam papéis especialmente fabricados para os equipamentos digitais, porém, o custo é maior. No setor gráfico brasileiro, a primeira referência é que o papel mais caro encarece o serviço. No entanto, nos equipamentos digitais, ocorre o contrário. O custo de impressão é maior que o custo do papel e, se não usar o papel especial, no final o barato sai caro”, disse. De acordo com William Corrêa da Paper Tech, um dos distribuidores dos produtos APP no Brasil, as principais características de papéis para uso nas impressoras digitais, tanto com tecnologia de toner seco como electroink, são: ótima condutividade, baixa resistividade, rápida secagem da tinta e umidade controlada de fábrica. “Os diversos tipos de papel, como por exemplo os não revestidos

tipo offset, cartões e revestidos tipo couché, podendo ser de fibras recicladas ou virgens certificadas, respondem diferentemente ao serem usados na impressão digital. Os papéis revestidos em ambos os lados, conhecidos como couché, não possuem um lado inicial para imprimir, podendo ser feito o impresso perfeitamente em ambos os lados, oferecendo uma ótima qualidade de impressão. Já o cartão, por sua característica de rigidez, é importante que possua uma superfície e formulação de coating (revestimento) que ancore e possibilite a perfeita secagem da tinta das impressoras digitais.” Segundo ele, em papéis do tipo offset ou não revestidos, quanto mais lisa for sua superfície proveniente de uma calandragem de fábrica, melhor será a qualidade impressa para a tecnologia digital, diferentemente dos papéis gráficos que têm a porosidade, rugosidade e lisura diferentes das exigidas pelas impressoras digitais para oferecer qualidade. “O papel ideal para as impressoras digitais, além das características mencionadas acima, é o que já vem formatado e embalado de


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fábrica, devido à sua qualidade de corte, esquadro e proteção contra a umidade, evitando o manuseio desnecessário das folhas, que podem se sujar e amassar, provocando o descarte e desperdício, sem contar a incidência de pó devido ao corte serrilhado e irregular,” conclui William. Sobre o assunto homologação, Fernando oferece a visão da HP Indigo sobre o assunto. “Papéis homologados são papéis testados pelos fabricantes e/ou instituições parceiras isentas (RIT por exemplo) para garantir uma ótima qualidade. Os testes variam de fabricante para fabricante, mas de um modo geral é valorizada a ancoragem do toner ou tinta, constância na qualidade do lote, reprodução de cor e repetibilidade e características químicas que favoreçam o processo de impressão analisado. Ressaltamos que as impressoras HP Indigo imprimem em papéis convencionais para offset, mas para uma melhor performance e qualidade, como qualquer outra impressora digital, quer seja toner, inkjet ou electroink um papel de melhor qualidade e desenvolvido para impressão digital gerará uma melhor impressão e uma redução de gastos com manutenção e consumíveis do equipamento.” Destaca, ainda, a busca de parcerias locais quando o assunto é fornecimento de papel adaptado para a impressão digital. “Estamos trabalhando com fabricantes locais em estágio bem adiantado com papéis não revestidos e esperando a homologação para os próximos três meses e, no caso de papéis

revestidos, temos duas frentes: uma delas com previsão para o final do ano e, outra, para meados do próximo ano, sendo esta última mais sofisticada e para aplicações premium”, disse. Já Pimentel destaca novos modelos de impressoras digitais que vêm evoluindo a ponto de permitir uma flexibilidade maior no que se refere ao tipo de papel usado. Cita como exemplo a linha bizhub, da própria Konica Minolta, que não necessita de papel homologado. “É possível imprimir em papéis comuns de uso gráfico como couché brilho e fosco, offset reciclados, entre outros, e não é necessário tratar os papéis como acontece com impressoras de outros fabricantes”, complementa. Produtos A seguir, segue uma lista de alguns papéis já disponíveis no mercado, homologados ou tipificados para uso em equipamentos de impressão digital comercial ou industrial, como os das marcas Océ, Canon, Xerox, HP Indigo, Konica Minolta, Xeikon, entre outros. APP A Asia Pulp & Paper, ou simplesmente APP, é uma empresa multinacional que, internacionalmente, já possui um importante contrato de homologação de papel com a HP / HP Indigo. Essa parceria foi estendida desde o ano passado para o Brasil, tornando a APP a primeira a fechar um contrato de fornecimento desse tipo de papel com uma empresa desse porte no país (dados do Portal Celulose,

2008 - www.celuloseonline.com.br). Os produtos da APP também são distribuídos no Brasil pela VSP Papéis Especiais, uma empresa especializada na distribuição de mídias especiais. O papel Nevia Digital Art Paper foi desenvolvido pela APP especificamente para impressão digital. Como tal, esse modelo dispensa qualquer tratamento prévio, como corte ou aplicação de primer. Possui característica couché alto brilho, caracterizando-se como um papel fotográfico. O Nevia já está disponível para pronta-entrega em pacotes no formato SRA3 (32x45 centímetros), nas gramaturas de 120, 150, 170, 250 e 300 g/m2 Seu uso varia desde a produção de folders, impressos de alta qualidade, promocionais etc. A parceria com a APP deu-se, segundo Marcia Lima, gerente de comunicação de marketing da VSP, pela percepção da necessidade do mercado por papéis adaptados ao uso em impressão digital, já que essa aplicação vem crescendo a passos largos no Brasil. “Com isso, a VSP pesquisou e buscou novos parceiros, que atendessem à necessidade desse mercado, como a APP que produz o Nevia, um papel pronto para o uso, que dispensa vários serviços e oferece diversas vantagens”, disse. Para Fernando Roso, essa parceria com a APP é muito importante. E explica: “No mercado internacional temos um número muito grande de papéis homologados mas que com a cotação do dólar elevada ficava pouco interessante para nossos

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clientes adquirirem no mercado local. Mesmo assim a APP começou a comercializar no ano passado papéis homologados cut-size revestidos de ótima qualidade a preços competitivos”, disse. www.vsppapeis.com.br e www. papertech.com.br Arjowiggins Unir baixas tiragens com produtos diferenciados, normalmente, associados a eventos especiais ou mesmo a impressos de luxo. É com essa estratégia que os papéis especiais da Arjowiggins vêm ganhando espaço nas aplicações de impressão digital. Diferentemente dos papéis offsets, adaptados a esse tipo de impressão, os papéis finos, por natureza, estão comumente voltados a pequenos volumes de impressão - e, normalmente, essa impressão não envolve a cobertura integrar da superfície do papel, justamente para que suas características não sejam escondidas, como as texturas e cores. Na prática, a linha de produtos Arjowiggins para impressão digital inclui as famílias Evenglow Opalina, Markatto, Color Plus, Color Plus Metálico, Natural Plus e Marrakech “Todos são amplamente utilizados para produzir materiais em pequenas tiragens com impressão digital e apresentam um excelente desempenho”, destacou Lina Nonaka, gerente de comunicação corporativa para a América Latina da Arjowiggins. Recentemente, a Arjowiggins deu amostra do que se pode produzir com seus papéis no lançamento da

nova família Markatto (ver Revista Desktop 111). Na ocasião, todos os materiais promocionais do produto foram impressos em equipamentos digitais. “As amostras impressas distribuídas no lançamento da família Markatto foram produzidas por este sistema de impressão e tiveram um ótimo resultado, considerando que são papéis com textura”, salientou Lina. “No entanto, para altas tiragens, aconselhamos a utilização de primer, que fará com que esses papéis finos apresentem um ótimo desempenho em termos de impressão”, completou. www.arjowiggins.com.br Filiperson A Filiperson é outra empresa através da qual se pode encontrar modelos de papéis certificados para impressão digital. Os formatos variam do A4 para o Super A3, ou A3 Plus. O destaque é o Filiprint, uma linha especial para impressão digital, da qual faz parte um dos principais exemplares usados para produção em equipamentos digitais, o Filicoat, que, como o nome sugere, é um papel revestido tipificado para impressão a laser e cera, oferecendo maior resistência a temperaturas mais altas. Abrange impressão de produtos como folders, materiais promocionais em geral, cartões, cartões de visitas etc. As gramaturas encontram-se na escala de 100 até 280 g/m2. Além do Fillicoat, a linha Filiprint ainda possui outros padrões, normalmente, que contêm texturas, como Casca de Ovo, Diplomata,

EcoGraffitte, Filiplus, Goffrata, Granitto, Linho, Pérsico, Plissé, Telado e Vergé. As cores de cada um desses modelos variam, mas estão disponíveis em grande quantidade de opções. Inf.: www.filiperson.com.br Xerox Desde 2005 a Xerox conta com sua linha própria de papéis revestidos para impressão digital, chamada de Digital Color Elite Gloss e Silk. São otimizados para uso com as impressoras iGen e Nuvera. A Digital Color Select Gloss é a linha que contém ambos os lados revestidos e própria para folhetos, brochuras, entre outros materiais. Com camada azul-branca, nível de claridade 90, é oferecida nos formatos 17 x 11”, 18 x 12” e 20.5 x 14.33”. Já a Digital Color Supreme Gloss tem apenas um lado revestido, nível de claridade 92 e camada Arctic branca. Os papéis podem ser usados em calendários, fotografias, manuais e pôsteres. www.xerox.com.br Océ Red Label LFM050 ECF Papel branco da Océ indicado para operação em impressoras digitais. Entre suas especificações técnicas, está uma opacidade de 91% e é distribuído em rolos. Segue as características básicas de um papel especificado para uso em impressoras digitais, entre elas, a baixa umidade, o que evita que esse papel enrugue com a aplicação da tinta, boa performance em máquina e baixa porosidade. www.oce.com.br


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