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Informe Comercial
BAGÉ-RS Brasil Sexta-Feira 9/05/2014
CAMPO MINADO
no centro Um espaço ocupado, alvo de furtos, prostituição, tráfico e consumo de drogas. Assim está a Praça das Bandeiras, o Calçadão de Bagé. Como se fosse um campo minado e à espera das reformas prometidas. Por ironia do destino ou apatia da população, o que se vive hoje foi a justificativa para destruir o antigo Mercado Público.
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19 BAGÉ: O arroio e a cidade Alexandro Schäfer*
Bagé é uma cidade de importância regional, que tem uma história e um patrimônio arquitetônico de grande relevância. Acredito que muitas pessoas compartilham de minha satisfação em andar pelas ruas da cidade, contemplando os prédios históricos nos seus diferentes estados de conservação.
Editorial
Mãe Terra, Bagé, coragem!
“Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da Terra”. Com essa frase o chefe indígena Seattle respondeu ao presidente dos EUA, em 1850, a proposta do governo norte-americano de comprar as terras de seu povo. Cem anos depois, em 1954, na América do Sul, o Mercado Público de Bagé foi vendido por Cr$ 12 milhões para a iniciativa privada. Além da questão financeira, as justificativas foram a modernização de Bagé e ainda saneamento do centro da cidade que havia se tornado um espaço sujo e “um antro de prostituição e operações ilegais.” Cá estamos. Diante da Praça das Bandeiras, o calçadão, e com a alegria do poeta baiano Caetano Veloso rogamos: “Que a força mãe dê coragem / Prá gente te dar carinho / Durante toda a viagem”.
26 quilômetros, até desaguar no arroio Quebrachinho. E é na área urbana de Bagé que o arroio, outrora tão utilizado como área de lazer pela população, sente os efeitos da ocupação humana e da falta de conhecimento e de consciência ambiental. Percorrendo o arroio ao longo dessa área, é possível perceber inúmeros pontos de lançamento de esgoto in natura, além de uma quantidade impressionante de lixo, que se acumula em seu leito e em suas margens.
Enquanto existe um número considerável de estudos e publicações acerca do patrimônio arquitetônico, me parece que a questão do patrimônio ambiental do município não recebeu a devida atenção no decorrer dos últimos anos.
Apesar da poluição que salta aos olhos, a exuberância da mata ciliar que acompanha o arroio em quase toda a sua extensão também impressiona. E então é possível perceber que o arroio, apesar de tudo, continua sua busca pela sobrevivência, no meio de uma sociedade que parece tão voltada ao consumo que não é capaz de perceber as consequências de seus atos sobre o meio ambiente.
Retrato disso é a triste situação vivida pelo nosso arroio Bagé. Desde as suas nascentes de águas límpidas, localizadas próximo ao divisor de águas entre a bacia do rio Negro e a bacia do rio Camaquã, o arroio Bagé - ou Bajé, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - se entremeia pela paisagem do nosso município, atravessando a zona rural e a zona urbana, em um percurso de aproximadamente
Se por um lado, a degradação do arroio Bagé é motivo de preocupação, por outro lado, o atual estágio de avanço dessa degradação ainda nos permite, como sociedade, trabalhar em conjunto na busca pela despoluição do arroio e pela recuperação ambiental de seu entorno. Questões importantes nessa busca envolvem, além da conscientização da população e da promoção da educação ambiental no município, um conhecimento mais
Expediente
Jornalista Responsável Angelina Quintana - Reg. Prof. 5305 Capa Nilton Santolin Projeto Gráfico Ana Remonti Rossi Impressão Gráfica do jornal Zero Hora Tiragem 5000 exemplares
abrangente acerca dos aspectos quali-quantitativos da água e das características físicas da bacia hidrográfica do arroio Bagé. Nesse contexto, pode-se tomar por base a política instituída pelo Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), estabelecido pela Lei nº 9.433/97, que constitui-se em um instrumentos que orienta a gestão das águas no Brasil. O objetivo geral do PNRH é estabelecer um pacto nacional para a definição de diretrizes e políticas públicas voltadas para a melhoria da oferta de água, em quantidade e qualidade, gerenciando as demandas e considerando ser a água um elemento estruturante para a implementação das políticas setoriais, sob a ótica do desenvolvimento sustentável e da inclusão social. Embora muitas pessoas já aceitem o arroio Bagé como um canal de esgoto a céu aberto, ainda existe a possibilidade de repensarmos as nossas ações, no sentido de permitir que ele volte a ser, como num passado não muito distante, um local de lazer que venha a contribuir para a melhoria da qualidade de vida de nossa população. E então, qual será a nossa escolha?
(*) Professor, Doutor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa)
Patrimônio da Comunidade é uma publicação especial produzida pelo Da Maya Espaço Cultural em apoio ao Movimento de Resistência à Destruição do Patrimônio Histórico de Bagé.
Endereço Rua General Osório, 572 / Anexo Bagé RS Brasil CEP 96400.100 Telefone (53) 3311.1874
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Pampa na poesia modernista “Meus olhos, de tanto refletirem a paisagem, já devem também ter ficado verdes, porque meus lábios estão me segredando palavras de esperança” (Felicidade, Augusto Meyer / 1957) Quem disse que não é possível conciliar história e poesia com construções contemporâneas? Não falamos em práticas que destroem prédios históricos, recheados de afetos, em edificações estéreis que são batizadas com nomes significativos na memória de uma cidade. Ilustramos, aqui, que uma arquitetura comprometida com a ética e com a estética - consegue aliar a memória a um projeto contemporâneo. O anexo da Pousada Da Maya, que abriga seis novos apartamentos, respeita o genius loci - espírito do lugar - e ainda resgata um grande poeta e ensaísta do Movimento Modernista no Rio Grande do Sul, Augusto Meyer, plenamente identificado com a região do pampa e com a proprietária do Grupo Da Maya.
Filho de imigrantes alemães, Meyer nasceu em Porto Alegre, em 24 de janeiro de 1902. O menino questionador começou a estudar na capital gaúcha e, alguns anos depois, deixou os cursos regulares para cursar línguas e literatura e dedicou-se a escrever. Colaborou com poemas e ensaios críticos em diversos jornais do Rio Grande do Sul, especialmente Diário de Notícias e Correio do Povo. De 1930 a 36, dirigiu a Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul. Ao transferirse para o Rio e com o grupo de intelectuais gaúchos, por orientação de Getúlio Vargas, organizou o Instituto Nacional do Livro, em 1937, tendo sido seu diretor por cerca de trinta anos. Detentor do Prêmio Filipe de Oliveira (memórias) em 1947 e do Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, em 1950, pelo conjunto da obra literária. Di-
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O modernista lírico dos pampas pintado por Portinari
rigiu a cadeira de Estudos Brasileiros na Universidade de Hamburgo, Alemanha, e foi adido cultural do Brasil na Espanha. Augusto Meyer é parte do modernismo gaúcho, e introduziu uma feição regionalista na poesia. Há também em seus versos uma linha lírica, quando evoca a infância, num misto de memória e autobiografia. Completa com Raul Bopp e Mario Quintana a trindade modernista do Rio Grande do Sul. A literatura e o folclore do Rio Grande do Sul também foram estudados em obras fundamentais. Cultivou uma espécie de memorialismo lírico em Segredos da infância e No tempo da flor. Foi o sexto ocupante da Cadeira 13, eleito em 12 de maio de 1960, na sucessão de Hélio Lobo e recebido pelo Acadêmico Alceu Amoroso Lima em 19 de abril de 1961. Augusto Meyer faleceu em 10 de julho de 1970.
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O segredo de preservar o espírito do lugar Fotos Nilton Santolin
Dentro do conjunto arquitetônico Da Maya Pousada, a suíte Augusto Meyer é a casa de frente Oeste, com estrada pela avenida João Telles. Ali, somente a sua “casca” neo-clássica está preservada. O interior une-se ao volume contemporâneo e cria o Apart Um - que é o mais luxuoso- com 130m², e que tem acesso pela avenida ou através da Pousada. A arquiteta e diretora de Arte, Cultura e Turismo do grupo Da Maya, Eulália de Souza Anselmo, explica como foi resolvido esse desafio. _ Entre as duas casas, tínhamos um terreno de 20.5m² e o desafio de gerar um diálogo arquitetônico entre as duas construções sem agredí-las, sem diminuir a imponência de suas volumetrias e, tampouco, tirar o sol Norte da Casa Um. Mas, ao mesmo tempo, criar um “lugar” de convívio e lazer onde os hóspedes pudessem desfrutar e valorizar os ambientes construídos há mais de 100 anos. Segundo a arquiteta, a solução estava no desenho da Casa Um que - apesar de ser de
Os pequenos jardins conferem um toque especial aos apartamentos
Os espaços histórico e contemporâneo dialogam
esquina - é absolutamente simétrica e tem um eixo central dominante Norte/Sul que determina o genius loci - o espírito do lugar de todo o empreendimento. Preservar o patrimônio histórico e arquitetônico é descobrir a alma do lugar e trazê-la à vida novamente através das intervenções propostas, ensina Eulália. Portanto, o anexo precisava ser um bloco neutro e cego, e este “eixo” funcionou como uma lâmina que cortou este bloco em dois volumes, abrindo o caminho para conectar/dialogar a Casa Um com a Casa Dois. Tarefa executada, com maestria, pela equipe da Cia. Pampa Gaúcha Ltda. _ Além disso, esta abertura gerou um pátio interno Norte, ensolarado, um lugar de convívio e bem-estar, um caminho entre os séculos XIX e XXI, comemora a arquiteta. E, para valorizar este caminho, foi criada uma pérgola com vigas de lâminas de eucalipto reflorestado unidas por finger joint - pequenos dentes, com encaixe macho-fêmea, que unem duas peças de madeira - e que remete ao volume contemporâneo. _ Dois prismas retangulares, cegos, para quem os contempla da avenida João Telles, revestidos de granito espírito santo branco
Detalhes dos Aparts Um e Dois, com o requinte de morar bem
apicoado, não agredindo e sim tentando valorizar a arquitetura dos Casarões, e abertos à insolação Leste e Norte para dar luz e conforto aos hóspedes, explica a arquiteta. Nestes dois volumes estão os seis apartamentos contemporâneos. No térreo, os aparts Um, Dois e Três com 50m² e 60m². Os três apartamentos tem acesso direto para pequenos jardins exclusivos do Da Maya Pousada.
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O IMBA representa a força da arte Fotos Nilton Santolin
Noventa e três anos de história completados no dia 10 de abril. Desde 1921, o Instituto Municipal de Belas Artes (IMBA) presta serviços à comunidade de forma ininterrupta. Para celebrar esse trabalho, de 7 a 11 de abril, foram realizadas palestras, master classes, oficinas e recitais abertos à comunidade, com entrada franca. A diretora do IMBA, Renata Tunholi Barcellos, observa que um dos objetivos da professora Rita Jobim Vasconcellos - profissional que por mais de três décadas esteve à frente do IMBA - era o de ampliar a demanda de alunos, fazendo com que o ensino de Arte atingisse o maior número de pessoas possível. _ As sementes plantadas deram frutos. Hoje, a instituição possui 1323 alunos,
Apesar dos escassos investimentos, a arte ainda pulsa em Bagé
divididos entre os cursos regulares e as oficinas, além de uma numerosa lista de espera por vagas, com mais de 300 nomes. O IMBA é uma das raríssimas instituições artísticas
públicas brasileiras que ainda permanece em funcionamento. A comunidade precisa ajudar a preservá-lo, apropriando-se deste espaço, desabafa Renata.
Novos espaços para o 5º FIMP
1º Encontro de
O Grupo Da Maya apoia o Festival Internacional Música no Pampa (FIMP) desde a primeira edição. Agora, além de receber os concertos comunitários no Da Maya Espaço Cultural, oferece também Concertos à beira do Arroio Bagé e apresentações da Da Maya Orquestra Filarmônica. O que se configura em outra ação dentro do projeto Percurso da Maya, conversas entre o arroio e a cidade.
E, paralelo a realização do 5º FIMP, o Da Maya Arte, Cultura & Turismo em conjunto com a Associação Vinhos da Campanha e Universidade Federal do Pampa (Unipampa) promove o 1º Encontro de Enologia no Pampa. Com o objetivo de promover o desenvolvimento local e regional. Ao mesmo tempo, representa um incentivo às vinícolas e vinhedos do pampa, estimulando a procura pelo Roteiro Vinhos do Pampa.
O FIMP acontece de 27 de julho a 2 de agosto
Enologia no Pampa
O evento está vinculado à Carta de Vinhos Regionais do Restaurante Da Maya Porão, que congrega 10 empreendimentos vitivinicultores dos municípios de Bagé, Candiota, Pinheiro Machado, Pedras Altas, Dom Pedrito e Santana do Livramento.
Na região do pampa são cultivadas as variedades de merlot, cabernet sauvignon, sauvignon blanc, chardonnay, pinot noir, gewürztraminer, tannat e tempranillo
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A PRAÇA DAS BANDEIRAS Cachorros, mendigos, prostituição adulta e infantil, traficantes, drogados, jogos ilegais e muitos vendedores informais. Há anos esses grupo povoam a Praça das Bandeiras - o Calçadão - no coração de Bagé. Uma realidade que - na década de 50 - foi o principal argumento para a demolição do Mercado Público e que daria lugar a um conjunto de edifícios modernos, garagens, salas comerciais e um grande complexo cultural. Os prédios destinados à classe A bageense foram erguidos e comercializados. À época, a população chegou a comemorar a modernização e o saneamento do centro da cidade. Hoje, seus moradores estão acuados e temem circular pelo local. O que seria um grande complexo cultural deteriora-se há décadas, além de servir como um grande criatório de pombos. Enquanto os projetos de revitalização do espaço - estimados em torno de R$ 1 milhão - tramitam na administração municipal e a atenção dos órgãos de segurança é escassa, os moradores e comerciantes tentam encontrar saídas. A loja Salim Kalil completa 104 anos, em 2014, e para o empresário Ricardo Nocchi Kalil, esse momento é decisivo para evitar que a Praça das Bandeiras desapareça.
Acampamentos improvisados e muito lixo acumulado
Nilton Santolin
Um espaço onde a desordem é lei e o policiamento é deficiente
_ A nossa preocupação é que, se forem instaladas essas 48 bancas no espaço público, vai ficar difícil retirá-las depois, alerta. Por sua vez, o produtor rural Pedro Afonso Salles considera que a alternativa proposta pelo executivo não vai resolver o problema dos camelôs nas ruas da cidade. _ Se tirarem aqueles, vem outros. Eu tinha um ótimo funcionário lá fora que resolveu largar o emprego para viver no Calçadão. Quando não está ele, está a sua esposa, complementa Salles. O Mercado Público começou a ser construído em 1861 e seis anos depois estava pronto, sendo considerado um dos mais bonitos do interior do Estado. No entanto, as torres somente foram incluídas em 1914. Quarenta anos depois, ele era vendido à iniciativa por Cr$ 12 milhões. O técnico em eletrônica e fotógrafo aposentado, Luiz Pedro Pulino, 78 anos, recorda que as promessas não foram totalmente cumpridas.
_ E, na verdade, junto com a “bomba progresso” que destruiu o Mercado ruíram muitos sonhos. O que vemos hoje é uma população com medo de andar no centro e um “elefante branco” que abrigaria atividades culturais, critica. Para o membro do Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda, Hamilton Caio Vaz, 69 anos, o que faltou, mesmo, foi a população ter se levantado contra a decisão, se discordava das determinações de seus representantes legais. _ Se fizessem uma simples manifestação na frente da prefeitura, tomando todo quarteirão, será que o Prefeito e os vereadores não iriam mudar de idéia? No entanto, é importante lembrar que, na época, não havia, ainda, esse sentimento de conservação do patrimônio histórico. Além disso, deve ter havido uma euforia nos meios comerciais, pelo “belo” (?) edifício que seria erguido naquele “local feio e arcaico”, com centenas de apartamentos, com um hotel cinco estrelas e garagens, no lugar daquelas “horrorosas torres”. Hoje só temos a lamentar.
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OS MORADORES REAGEM E RECORREM
ao ministério público Cansados de um cotidiano dominado pelo medo e preocupados com a implantação do projeto proposto pelo Executivo - que pode transformar a área num grande camelódromo - um grupo de moradores e comerciantes recorreram ao Ministério Público, no dia 29 de abril. O promotor da 1ª Vara Especializada de Bagé, Everton Luís Resmini Meneses, recebeu um documento com mais de 160 assinaturas onde é solicitado que a Prefeitura de Bagé não autorize a instalação de um novo camelódromo na Praça das Bandeiras. E, também, pede a retirada de construções privadas que ocupam o espaço público.
Pelotas e Porto Alegre conservaram os seus belos e antigos mercados públicos, constata Vaz. O Secretário do Planejamento, Jorge Pradié, que assumiu em abril deve analisar as possíveis alterações do projeto. Mercado Público de Bagé, trabalhada no GIMP pelo JL Salvadoretti
Fotos Ana Remonti
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pede paz
O presidente o Sindicato do Comércio Varejista de Bagé (Sindilojas), Nerildo Lacerda, observou que o poder executivo está valorizando o comércio informal em detrimento daqueles que pagam impostos. O advogado e síndico do Condomínio José Carrion Móglia, Antônio Strada, lembrou que a própria existência dos quiosques já consistem numa irregularidade e ferem o Direito Administrativo.
O grupo entregou um abaixo assinado denunciando o problema
O Promotor oficiou o Prefeito de Bagé Eduardo Colombo, argumentando que essa possibilidade de invasão do espaço público - está tombado pelo Patrimônio Histórico - e precisa de licença do IPHAE para sofrer novas intervenções. _ Após receber a denúncia, o Prefeito tem 10 dias para se pronunciar. O que deve ocorrer, no máximo, no início da próxima semana, calcula Meneses.
O promotor acatou a denúncia e pediu explicações ao Executivo
PARECE PIADA,
mas não é...
O programa CQC que vai ao ar às segundas-feiras, à noite, pela TV Bandeirantes, fez uma enquete para saber se os brasileiros preocupam-se com o patrimônio Histórico (21 de abril). O resultado não foi nada engraçado:
MUITO 9% POUCO 39% NADA 52%
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O Porão com cheirinho de mãe Fotos Nilton Santolin
Mães merecem espaços especiais. Foi pensando nisso que o Da Maya Porão organizou um brunch recheado de carinho e com desconto de 20% para aquelas criaturas que não economizam amor. Os chefs Marcos Souza e Oseias Cavalcante garantem um almoço para ficar na história (Confira o cardápio).
BRUNCH ESPECIAL
E, como coração de mãe sempre tem espaço, o brunch desse domingo vai ser estendido até a Pérgola da Pousada. Contando ainda com a alegria de Niandra Lacerda e IgorCougo, interpretando o melhor da MPB.
mães
dia das
11.05 (12h às 15h)
Local: Pérgola Da Maya Pousadas (General Sampaio, 300) Reservas: (53) 3312.1203 / 3312.1204 (após 16h) (53) 3311.1967 (horário comercial) Maiores informações: www.damayapousadas.com.br
A pérgola foi preparada para quem mais chegar ao Da Maya Porão nesse Dia das Mães. Um ambiente, ao ar livre, que valoriza o caminho entre a arquitetura dos casarões que guardam muitas memórias e a construção contemporânea. Um simbolismo que faz uma homenagem ao afeto e ao bom senso.
Uma festa na pérgola
E, mesmo estando a oeste, valoriza os dois vértices que costumam ser o norte dos corações de todas as mães.
Domingo é dia de buffet no Da Maya Porão. Os chefs Marcos de Sousa e Oséias Cavalcante apresentam vários tipos de saladas, pratos quentes e muitas sobremesas (R$ 49/pessoa).
www.damayapousadas.com.br/porao
Saladas
Pratos Quentes
Sobremesas
Carpaccio Salada de Maionese Caprese Salada Waldorf Tabule Salada de Manga Mix de Folhas Tábua de Queijos Tábua de Pães
Pernil de Cordeiro Paella Tradicional Crepe de Vegetais Frango Recheado Salmão Grelhado Abóbora Caramelizada Legumes Salteados Carne Assada Arroz Branco Feijão Farofa
Cheesecake de Doce de Leite Cheesecake de Frutas Vermelhas Cheesecake de Goiabada Quindão Torta Mousse de Chocolate Torta de Limão Torta de Nozes Compotas, Doce de Leite, Baunilha, Ameixa com Coco, Chantilly, Frutas Vermelhas, Manga, Ovos Moles
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Uma referência no tratamento do câncer Dia 13 de junho assinala o início das atividades do Centro Integrado Oncologia e Mama(CIOM) na cidade de Bagé. De lá para cá, foram realizadas cerca de 12 mil consultas e 24 mil exames para pacientes do Sistema Único de Saúde(SUS) atendidos pela 7ª Coordenadoria Regional de Saúde do estado do Rio Grande do Sul que abrange os municípios de Bagé, Aceguá, Candiota, Hulha Negra, Dom Pedrito e Lavras do Sul. O atendimento realizado pelo CIOM coloca Bagé em posição de destaque no tratamento de câncer em relação às demais cidades do Brasil. Enquanto o Governo Federal determina que o início do tratamento contra o câncer pelo SUS não pode ultrapassar 60 dias, esse prazo no CIOM não chega a 15 dias. E, como se não bastasse, o trabalho da equipe representa outro diferencial em relação à realidade brasileira. O coordenador do CIOM, o médico mastologista Mario Mena Kalil, enfatiza que houve uma mudança de cultura no tratamento do câncer. _ Nós investimos na humanização do atendimento e acolhimento dos pacientes de uma multidisciplinar e a comunidade da região já reconhece e valoriza o nosso trabalho, observa Kalil.
ENDEREÇO Rua Carlos Mangabeira n° 519 - Bagé/RS (ao lado do SAMU) / Bairro Menino Deus - CEP 96402.100 ATENDIMENTO GRATUITO 7h30 às 17h30 (sem fechar ao meio dia) TELEFONES (53) 3312.3003 / (53) 3312.2900
Em menos de 365 dias de funcionamento, o CIOM só acumula avanços. Tudo começou com uma equipe que não chegava a 15 profissionais, entre médicos, psicóloga, enfermeira, nutricionista e corpo administrativo. Hoje, o grupo recebeu o reforço de mais nove médicos para atender às necessidades das três áreas em que mais cresce a incidência de câncer no Brasil: pele, mama e próstata.
é uma referência no tratamento de câncer no Brasil. E, por último, a entrada em funcionamento da bobina de ressonância magnética que facilita o diagnóstico do câncer de mama.
Nessa trajetória, foi implantado também o serviço de Telemedicina que liga o CIOM à equipe do Doutor Buzaid- no Hospital São José da Beneficência Portuguesa de São Paulo - que
_ Mas para que comecem as obras, é necessário que a equipe do SAMU seja transferida para outro local. O que deve ocorrer dentro dos próximos dias, calcula o coordenador do CIOM.
O crescimento da equipe e serviços exige que o espaço físico do CIOM seja ampliado em mais 400m², abrigando sete novas salas, um auditório e uma sala de espera maior.
A eleição da coragem Deise Quadros
O nome do Centro de Referência da Mulheratende mulheres vítimas ou em situação de violência e seus familiares, disponibilizando serviços de orientação, informação e apoio psicossocial e jurídico vai ser escolhido com uma eleição. A coordenadora da entidade, Lélia Lemos de Quadros, informa quea ideia foi homenagear àquelas mulheres que enfrentaram o câncer de mama com coragem.
_ Para participar, a comunidade deve escolher um nome de mulher, já falecida, e elaborar um documento com a história de vida dessa mulher. Receberemos as indicações durante todo o mês de maio, explica Lélia. O documento deverá ser entregue no Centro de Referência da Mulher, Rua João Telles, nº 864-Centro-Bagé/RS. Telefone: (53) 32426551 e-mail: coord.mulher@bage.rs.gov.br
Lélia e o médico Mario Kalil unindo esforços contra o câncer
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Nas pegadas do Da Maya A programação no Da Maya Espaço Cultural e, também, fora dele é intensa. O Percurso Da Maya, um diálogo entre a cidade e o arroio é um passeio semanal que começou a ser desenvolvido em novembro de 2013 e deve estender-se até o final do ano. Desde o dia 5 de maio a exposição Êxodos, do fotógrafo Sebastião Salgado, tornou-se itinerante. A primeira parada é no Museu da Gravura Brasileira, na rua Coronel Azambuja nº 19, e junto com a mostra acontece a apresentação do filme Revelando Salgado, de Betse de Paula. A primeira itinerância encerra no dia 30 de junho. Rompendo os limites geográficos, já está online o Caderno de Atividades da exposição Êxodos (leia mais na página 11).
maio
8 Exposição “Um homem a caminho”, de Iberê Camargo Local: Da Maya Espaço Cultural Horário: 19h Endereço: Rua General Osório, 572
15, 22 E 29 Ação educativa Êxodos e Percurso da Maya Hora: 7h30 Local: Da Maya Espaço Cultural
20 E 27 Ação educativa Percurso Da Maya Curso de Fotografia Analógica - Percurso Da Maya, conversas entre o arroio e a cidade. Fotógrafos: Lala Pêgas e Júlio Pimentel Local: Laboratório de Fotografia do Museu da Gravura Brasileira.
AÇÃO EDUCATIVA IBERÊ CAMARGO Encontro para Educadores O objetivo estimular e preparar o retorno dos professores com suas turmas à
exposição, assim como incentivar o desenvolvimento em sala de aula de projetos interdisciplinares criados a partir do contato com as mostras. A atividade é voltada para educadores de todas as áreas do conhecimento, pessoas ligadas à instituições educativas ou culturais e demais interessados. Consiste na introdução à obra de Iberê Camargo e uma conversa sobre a mostra com o coordenador do Acervo da Fundação, Eduardo Haesbeart. Após o encontro, os participantes realizam uma visita mediada à exposição conduzida pela equipe do Programa Educativo e o grupo debate as possibilidades de uso em sala de aula. Data: 9/05 Horário: 9h às 12h Local: Da Maya Espaço Cultural 30 vagas OFICINA DE GRAVURA Oficina com o coordenador do acervo da Fundação Iberê Camargo, Eduardo Haesbeart, dentro da Ação Educativa. Data: a ser definida Local: Oficina de Gravura do MGB 20 vagas
FORMAÇÃO DE MEDIADORES É uma atividade que visa preparar osprofissionais que vão trabalhar na exposição para o atendimento dos diferentes tipos de públicos, considerando as especificidades
dessa mostra. A ideia é promover uma maior interação dos mediadores,estimulando a reflexão e a participação dos visitantes. Além disso, potencializar o papel do público como agente da arte. As atividades vão ser conduzidas pela coordenadora do Programa Educativo daFundação Iberê Camargo, Camila Schenkel, e também conta com a participação da equipe de mediadores da Fundação. Data: 9/05 Horário: 14h às 17h 30 vagas
junho
4 e 5 Atividade com a comunidade na Rua dos Sargentos Começa a 2ª parte da Itinerância da exposição Êxodos. Um recorte do acervo desloca-se para a área ribeirinha do arroio Bagé e acontece uma festa junina diferente. O Da Maya Espaço Cultural vai desenvolver ações dentro daquela comunidade. Com produção de imagens em diversas técnicas: desenho, fotografia, pintura e gravura. Além de projeção de filmes e apresentações musicais. A Itinerância prossegue ao longo de todo ano, obedecendo o traçado do Percurso Da Maya.
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ÊXODOS: Caderno de Atividades online Sebastião Salgado
O Da Maya Espaço Cultural apresentam um novo recurso para os professores trabalharem em sala de aula e também fora dela. Trata-se do Caderno de Atividades online produzido a partir da exposição Êxodos, do fotógrafo Sebastião Salgado. O curador educativo, Igor Simões, fala com entusiasmo dessa nova ferramenta. _ A ideia é aproximar a exposição do fotógrafo Sebastião Salgado do contexto de trabalho do Da Maya Espaço Cultural como o desenvolvimento do projeto Percurso Da Maya, o diálogo entre o arroio e a cidade da realidade das salas de aula, explana.
O Percurso Da Maya propõe um diálogo entre o arroio e a cidade
Um bote, ou “patera” com imigrantes ilegais marroquinos a bordo, é detectado por um helicóptero da patrulha da alfândega espanhola. Estreito de Gibraltar. 1997. Nilton Santolin
Para ilustrar, Simões comenta o exercício 3 onde a atividade é sugerida a partir da imagem de um bote com muitas pessoas no mar. O Caderno de Atividades apresenta questionamentos a partir do trabalho do fotógrafo. _ A imagem sugere percursos, êxodos, hábitos, culturas...De onde eu saí? Como cheguei aqui? Houve algum deslocamento para que esse seja o meu lugar e o meu contexto?, enumera o professor. O tema principal é o deslocamento e o diálogo entre a exposição Êxodos e o olhar para a cidade proposto pelo Percurso Da Maya (Exercício 4). Diante desse quadro, a ideia é que as ações educativas não se restrinjam às artes visuais. Por exemplo, são propostas algumas leituras como “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, para dialogar com a literatura, a fotografia e também com as outras disciplinas.
A literatura conquista espaço nas ações educativas
Assim, o Caderno de Atividades propõe que a partir das imagens de Sebastião Salgado alunos e professores repensem as suas relações com o mundo. - Tanto em relação às imagens quanto a nossa forma de lidarmos com o mundo. Afinal, o que fizemos com uma reserva infinita de recursos da natureza diante da falência desse projeto de desenvolvimento? E como nos relacionamos com a nossa cidade? Com os arroios que a cortam?, questiona o curador educativo.
* Acesse o Caderno de Atividades: www.damayaespacocultural.art.br/acoeseducativashome.aspx
PATRIMÔNIO DA COMUNIDADE Bagé, Sexta-feira, 9 de maio de 2014
Fabio Del Re
12 Informe Comercial
IBERÊ CAMARGO:
Um homem a caminho,
EM BAGÉ
Com a exposição Iberê Camargo: Um Homem a Caminho, a Fundação Iberê Camargo apresenta, da maneira mais fiel possível, a concepção do próprio artista sobre a sua obra. E potencializa as ações e o seu alcance junto ao público, no ano do centenário do nascimento de Iberê.
Mendigos do Parque da Redenção *
O recorte escolhido destaca a passagem do viés abstrato alcançado a partir da observação de carretéis para o protagonismo da figura humana. Ciclistas, manequins, modelos, mendigos e músicos são personagens com os quais o artista se deparou pelas ruas de Porto Alegre quando retornou do Rio de Janeiro, em 1982. O curador da Fundação Iberê Camargo, responsável pelo acervo da Instituição e coordenador do Programa Artista Convidado do Ateliê de Gravura, Eduardo Haesbaert, observa que são 63 trabalhos. Entre desenhos, gravuras em metal, guaches, serigrafias e litografias, produzidas do final da década de 60 até 1994, quando faleceu. _ Ele fazia os esboços na rua mesmo para depois criar as obras. O interessante é esse olhar sobre a cidade e as figuras se transformando em personagens. E que, agora, estão cada vez mais se proliferando pela cidade, são de fato, “homens a caminho”, complementa Haesbaert. Vernissage: 8 de maio, às 19h Local: Da Maya Espaço Cultural (General Osório, 572) Visitação: Terça a Sexta 14h às 18h30 Sábado e Domingo 15h às 18h30 Luiz Eduardo Achutti
O Projeto Itinerâncias é uma parceria com o Sistema Fecomércio/ Sesc-RS, integrando o centenário do Iberê
“
Eu pintei a morte
Os motivos de meus quadros são visões do cotidiano, que transporto para o mundo das lembranças sob a inspiração da fantasia. Certa vez, decidi pintar uma cena que via diariamente a caminho do ateliê: um cego, tocador de sanfona, sentado em um tamborete, com a bengala encostada ao muro, um pires sobre a calçada para recolher as esmolas e um velho cão deitado a seus pés. Nada mais prosaico do que essa cena que mais move à caridade do que provoca emoção estética. Mas por que não fazer com ela uma obra de arte? Foi a pergunta que me fiz e o desafio que me coloquei. Numa das minhas passagens pelo local, fiz um rápido croqui do modelo e me pus a executar o quadro. Partindo dessa realidade de escasso valor plástico – considerava o modelo inexpressivo – e sem recorrer a fontes ancestrais, a arquétipos, como faz Picasso, porfiei, em vão, interpretá-lo com vigor e verdade. Sempre, ao colocar a última pedra, a construção desmoronava. Com a teimosia que alimenta o criador, varei a noite fazendo e refazendo a obra, até a exaustão. O primeiro clarão da manhã veio iluminar uma tela – O sanfoneiro – lívida de cor: cinza sobre cinza, branco sobre branco. A figura de mulher que nascera, que ali estava sentada, era esquálida, de aspecto so-
turno e inquietante. A sanfona, que de início repousava sobre o regaço, deixara apenas vestígio. Longos dedos descarnados tamborilavam sobre as costelas à mostra. Era a morte que tocava na sua própria caixa torácica, emitindo um som cavernoso, abafado. Reconheci de imediato o cão que a acompanha, esse que, por certo, devora os cadáveres. O quadro foi exposto sem nenhuma probabilidade de venda, tal sua mórbida expressão. Porém, inesperadamente, à véspera do encerramento da mostra, um jovem o adquiriu e prometeu retornar no dia seguinte para apanhá-lo. Nesse dia, o comprador foi encontrado morto sobre o piso ensanguentado de seu apartamento.
”
A morte se antecipara.
Iberê Camargo Porto Alegre, 7 de agosto de 1993
* “Mendigos do Parque da Redenção”, 1987, caneta esferográfica e grafite sobre papel, 21,5 x 32,5 cm, col. Maria Coussirat Camargo, Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre