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da comunidade www.damayaespacocultural.art.br
Informe Comercial
BAGÉ SEXTA-FEIRA
12/10/12
Alicerces da preservação
Q
uando o assunto é construção, em geral, o trabalho dos operários mistura-se ao concreto e quase desaparece. Mas, não é bem assim. Por trás do capricho, na preservação das estruturas e a restauração de cada detalhe, existem homens que amam e estão comprometidos com o que fazem. Herois anônimos nos alicerces da preservação do patrimônio histórico.
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Patrimônio da comunidade
BAGÉ, SEXTA-FEIRA, 12 DE OUTUBRO DE 2012
Editorial /
Herois anônimos da memória
Preservar espaços e resguardar memórias é uma construção coletiva e a sensibilidade adquire o status de artigo de primeira necessidade. Portanto, quem escolhe trilhar esse caminho, sabe que não pode ter pressa. Mas, sim, muito capricho. Uma construção não se resume a empilhar tijolos e erguer paredes. Assim, trabalham muitos homens e mulheres nas trincheiras do cotidiano para preservar o que foi construído pelos nossos antepassados. Para isso, é necessário amar a atividade cotidiana. Eles não estão na vitrine e, tampouco, aparecem nas propagandas que prometem às famílias alcançarem o abrigo para o “lar doce lar”. O que vale é a certeza do dever cumprido. Em outras palavras, que eles são responsáveis por alguns alicerces que vão sustentar a história. Independente das oscilações do mercado imobiliário e de quem esteja no poder. São herois anônimos que se orgulham em dizer: eu tenho parte nessa obra e também sou responsável por ela.
A
pedagogia é uma prática social e cultural que objetiva, através de um universo axiológico, interceder um tipo de experiência nas pessoas com vistas à construção de subjetividades. Desta forma as práticas curriculares são demarcadas por rituais que produzem determinados tipos de conhecimentos, de ensaios, de valores no sujeito, nos quais se estabelece e se modifica a experiência que ele tem de si mesmo. Nas últimas décadas discutiu-se a pedagogia através de diversos pontos de vista, às vezes como campo técnico e em outras como campo crítico. Mas o que vou propor ao leitor neste breve ensaio é explorar a pedagogia a partir de uma etopoiética da existência. Da mesma forma, vou ampliar o conceito de pedagogia entendendo que na vida sempre estamos em um processo de aprendizado: na família, na escola, assistindo um filme, em diversificadas instituições sociais, conversando com um amigo.
EXPEDIENTE
Para tanto vou abordar sobre o regime de pensamento das “tecnologias do eu” do grego antigo. A epimeleïa heautou (do
Produção
grego) e cura sui (do latim), que têm como significado e princípio “ocupar-se de si”, “cuidar de si.” Para a cultura grega antiga o exercício de cuidar de si baseava-se numa ética do sujeito de concentração, de acompanhamento de si. Portanto, cuidar de si implica prestar atenção nas ações, na conduta, nas atitudes e nas coisas consideradas importantes para a vida. Essas questões seriam de grande valia para uma existência ética e estética. Para a realização desses exercícios, o sujeito do cuidado de si busca a vigilância nos seus atos e atenção em si. O cuidado de si implicava a interrogativa: “O que você está fazendo de sua vida?” Cabe salientar que o “cuidado de si” não é uma ética fundada por um egoísmo, cuidar de si e preocupar-se consigo consistia em uma forma de viver, de compartilhar a vida com outras pessoas, com responsabilidades. Portanto, esse estilo de viver necessita de uma forma peculiar na relação com os outros, pois a ética é uma relação que se dá com o outro, no outro. Ela é a concentração atlética e vigilância atenta de si porque é a vida que assume o dever da estilização e que se faz techné. A epimeleïa heautou é uma atitude – para consigo, para com os outros, para com o mundo e sendo desta forma é uma etopoiética da existência. Uma vida sensível. Uma arte de viver.
Jornalista Responsável Angelina Quintana - Reg. Prof.5305 Fotos Capa Cristiano Lameira Projeto Gráfico Ana Remonti Impressão Gráfica do jornal Zero Hora -Av. Ipiranga 1075 Porto Alegre Tiragem 5000 exemplares
A intenção deste ensaio não é a de retornarmos à vida grega, mas sim a de refletir sobre as nossas práticas no contemporâneo. Das ações que nos dão a ver o aprendizado de uma vida, de estilos de vidas. É notória a existência de várias falas que exaltam o desenvolvimento através de discursos mofados. Assim como é notório que é inconcebível qualquer tipo de desenvolvimento sem que este seja sustentável. O conceito de sustentabilidade carrega em si a preservação e a valorização das culturas, do patrimônio, da vida. A sensação de quem escreve é de que poderia ter aprofundado mais, escrito mais. Mas como uma escrita é um caso de devir estas últimas palavras são acompanhadas por reticências, por interrogações e não por um ponto final. Deixarei o texto em movimento. Como é o nosso cuidado? Como cuidamos da cidade? Como cuidamos do patrimônio da cidade? Como fazer da pedagogia uma prática etopoiética? O que você está fazendo de sua vida? * Sandra Corrêa Vieira é Mestre em Educaçãocom ênfase em Fotografia, especialista em Filosofia – Ética e Estética, Bacharel e Licenciada em Artes Visuais, atualmente é professora de Artes do IFSul Campus Bagé. Representante, desta instituição, do Pólo Arte na Escola e no COMPREB. Desenvolve trabalho de pesquisa pelo CNPq em Educação Patrimonial.
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Uma carta desde o sensível: por uma existência etopoiética Sandra C Vieira*
Patrimônio da Comunidade é uma publicação especial produzida pelo Da Maya Espaço Cultural em apoio ao Movimento de Resistência à Destruição do Patrimônio Histórico de Bagé.
Endereço Rua General Osório, 572 / Anexo Bagé RS Brasil 96400-100 / Telefone (53) 33222874 Site www.damayaespacocultural.art.br
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icas de Saúde de
Minha luta contra o câncer
D.Zuleika
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Minha luta particular é só um exemplo para vocês entenderem que esta modernidade que estão apregoando é enganosa e traiçoeira. O marketing, a falsa propaganda que bombardeia o nosso cotidiano com produtos cheios de veneno nos colocam em situações de extremo perigo.” Como educar adultos saudáveis se minamos a formação das crianças com uma alimentação deplorável, colocando ao seu alcance guloseimas de péssima qualidade? Já começa errado com o descuido da mãe quando o feto é gerado e cresce no seu útero sem ter a consciência de, além de não fumar, deve cuidar do que ingere. Sabemos que o leite materno não pode ser substituído com qualidade pela mamadeira feita pelo badalado leite em pó. Na Inglaterra já provaram que o alumínio da lata contamina, mas o “desenvolvimento ecônomico” mascara a informação. Seria necessário um exame de consciência para vermos até onde o comodismo atual leva-nos a praticar atos displicentes contra os nossos próprios filhos.
91,8%
BATATA
3,1%
CEBOLA
6,3%
REPOLHO
4%
6,5%
FEIJÃO
MANGA
7,4%
ARROZ
8,9%
MAÇÃ
12,2%
LARANJA
16,3%
0%
TOMATE
30,4%
MAMÃO
31,9%
COUVE
32,6%
BETERRABA
32,8%
AMOSTRAS DE ALIMENTOS COM RESÍDUO DE AGROTÓXICO
ABACAXI
49,6%
CENOURA
54,2%
ALFACE
57,4%
PEPINO
MORANGO
PIMENTÃO
63,4%
Alguém comentou: Com o pequeno aumento do poder econômico das classes mais pobres, passou a
Os efeitos à saúde são cumulativos, a longo prazo, como problemas no sistema nervoso, câncer ou alterações fetais. Para proteger o organismo, deve-se higienizar bem os alimentos. FONTE: Anvisa
ser “status” consumir comida industrializada. Nossa saudável comida caseira está sendo abandonada. Devemos ter a coragem de denunciar os conservantes e o lixo da dita produção intensiva. Esse nosso comodismo apenas fornece novos pacientes para os nossos lamentáveis hospitais. Vamos tentar usar nossa inteligência e dinheiro para o desenvolvimento/fomento de pesquisas na produção alimentar? Vamos cuidar a qualidade de nossos alimentos para prevenirmos doenças? Uma parcela muito pequena de nossa população tem acesso aos grandes hospitais! Precisamos investir na prevenção! Voltamos para contar um pouco do que vivemos nos últimos meses e acreditamos que a alimentação sadia pode auxiliar na recuperação de reações sérias do tratamento de câncer. As drogas usadas são poderosas e liquidam de imediato a imunidade, qualidade do sangue e desencadeiam ataques graves à sobrevivência. No ultimo número apresentamos uma profissional nutricionista dedicada ao estudo da alimentação que hoje nos é oferecido como um auxílio para uma sobrevida de qualidade. Esta pesquisa dirigida objetiva o dia a dia, serve à defesa da saúde e, ao mesmo tempo, pretende dar o Auxílio para o Combate. Partilhamos aqui a experiência pessoal vivida no último mês e a certeza de que a boa alimentação e a postura psicológica de amar a vida são imprescindíveis à nossa sobrevivência. Estamos de passagem, e que esta tenha qualidade.
OUTUBRO ROSA
Patrimônio da Comunidade apoia essa ideia
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Herois anônimos que prese
De lá para cá, todas as obras do grupo Da Maya foram construídas sob o comando dessa dupla. Da Cabanha, passando pelo Espaço Cultural na avenida General Osório, Pousada na rua General Sampaio esquina com a avenida João Telles à construção do anexo contemporâneo que deve estar pronto em 2013. Mas Porcellis e Soares admitem que, no início, não foi fácil.
A pousada Da Maya ganha um anexo contemporâneo em 2013
“
Quem tem paixão pelo trabalho, gosta de restaurar. Só conseguimos fazer isso, porque temos um pessoal trabalhando no que gosta. Quem tem paixão pelo trabalho, gosta de restaurar. Quem não gosta de trabalhar, acha mais fácil desmanchar tudo e fazer tudo novo, alerta.” Márcio Godói Porcelis, um dos sócios da construtora Porcelis e Soares Ltda.
“Cada aquisição da Dona Zuleika, um novo desafio. E a gente sabe que vai ter de quebrar a cabeça. O bom é que, no final, fica tudo perfeito.” Wandereley Soares, um dos sócios da construtora Porsselis e Soares Ltda.
Fotos Cristiano Lameira
Para que isso acontecesse, Márcio Godói Porcellis, 34 anos, 16 de profissão, deixou de ser um trabalhador autônomo e transformou-se em empreendedor ao lado do sócio Wanderley Soares montando a empresa Porcellis e Soares Ltda há quatro anos. Tudo começou quando Porcellis foi chamado para fazer uma obra na propriedade Banhado, de Zuleika Torrealba, a 16 quilômetros de Bagé.
“
_A gente aprendeu a trabalhar assim com a Dona Zuleika. Sempre presente e atenta ao que estamos fazendo. Mesmo que esteja longe, pelo celular, ela diz como é que as coisas devem ser feitas, ilustra. Para o carioca Wanderely Soares, 52 anos, responsável pela parte elétrica de todas as obras Da Maya, trabalhar com preservação foi a primeira exigência tocar os primeiros projetos da empresa “cariúcha ou gaurioca”. Soares considera que a prova de fogo foi no Espaço Cultural. _ Nada podia ir fora. A ordem era reaproveitar tudo. Agora, a gente olha e vê como é gratificante participar de um grupo que se interessa em preservar o patrimônio de uma cidade. E, além disso, entender e colocar em prática as invenções da Dona Zuleika. Não é todo mundo que tem essa visão, analisa. Com a tranquilidade de quem sabe o que faz, Porcellis conta que o segredo é trabalhar com carinho. _É preciso trazer tudo limpo. Não desperdiçando material e cuidando do meio ambiente enquanto estamos construindo. Por isso, cada tijolo que tiramos de uma parede desses prédios antigos é limpo e reaproveitado. O madeiramento, as telhas e as aberturas também recebem uma atenção especial para que não haja desperdício. Assim, vamos dando vida à própria vida que esses lugares guardam, ensina Porcellis.
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ervam o espírito do lugar Entretanto, numa obra em que a preocupação é preservar, nem tudo é poesia. No caso da Pousada Da Maya, por exemplo, o mais importante nesse trabalho não foi somente resgatar um belo prédio. A segurança da estrutura foi um desafio constante. Porcellis observa que além das escavações, que criaram mais um espaço no porão do antigo prédio, foi necessário calçar toda a base e fazer um “sanduíche” de concreto em toda estrutura para dar base e resistência às paredes que haviam sido erguidas sobre a terra. Mas, para garantir a segurança, é preciso ir bem mais fundo. Por isso, outro trabalho importante refere-se à drenagem do terreno. _Fizemos uma drenagem com brita, bidim (material que envolve a brita para evitar que a terra se misture com a brita) e atrapalhe o escoamento da água para a tubulação e escorra para a adutora da cidade. Porcellis observa ainda que todo o trabalho de preservação é muito minucioso, lembrando que a impermeabilização também é uma etapa importante. Assim como o calçamento dos prédios antigos, o processo de cintar as vigas até tirar os rebocos antigos e reaproveitá-los é realizado com extremo cuidado. _Reaproveitamos tudo. Na preservação de um prédio, a preocupação é restaurar e fazer o resgate do antigo. Na verdade, está quase tudo bom. Na maioria das vezes, o problema é o excesso de tinta nas aberturas e forros. Tem que ter paciência. Muitos construtores acham que o tempo é mais importante do que o cuidado. Para restaurar uma parede nós levamos em torno de três semanas e um reboco novo exige apenas três dias, compara. Cerca de 30 homens trabalharam na obra da Pousada Da Maya e cada detalhe, exigiu uma atenção especial. Por exemplo, aprender a técnica de escariola (técnica de alisamento do reboco fino, com cimento e pigmentos variados ao sabor do artesão) foi outro grande desafio. Porcellis recorda que durante 20 dias saia da obra e ia até à casa de um antigo pedreiro, de 89 anos. _Se não fosse assim, essa Pousada não teria o charme que ela tem. Quando a gente preserva, tá sempre aprendendo alguma coisa com os nossos antepassados. Se não tiver
carinho, não consegue trabalhar. E não colocamos nada fora. Tudo é reaproveitado. Ao contrário dos outros, a gente sai recolhendo nas outras obras recolhendo tudo o que eles estão colocando fora. Estão sendo construídos, no total, seis apartamentos contemporâneos com mais de 50m², ampliando as acomodações da Pousada Da Maya. Toda obra é adaptado para cadeirantes. Outra característica
das construções que levam a marca Da Maya é que o jardim cresce junto com a obra. _Nós marcamos a obra e a Dona Zuleika marca o jardim. Quando entregamos uma obra, os móveis estão no lugar, o jardim está pronto e os vidros todos limpos. A restauração exige mais carinho, mais atenção. Quem tem pressa, não restaura. Destroi, alerta.
Carinho, do teto ao chão
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“ Nunca vou esquecer. Comecei trabalhando nesse forro, resgatando as flores e detalhes que estavam escondidos em várias camadas de tinta. Em alguns lugares, chegamos a tirar 16 camadas. A Dona Zuleika sentou, aqui, embaixo e me mandou raspar um cantinho do forro da sala. Apareceu a madeira. Linda. Aí, nos atraquemo. Quando terminou, nem acreditei que fiz parte dessa obra. É muito felicidade.” Anderson Jardim Morales, pintor, 27 anos, 4 de profissão, há 1,6 meses trabalhando na obra da Pousada Da Maya e foi um dos responsáveis pela restauração das peças quebradas e limpeza de 100 m 2 de teto.
“ Eu já fiz de tudo na obra, desde o telhado com madeirite, passando pelo trabalho com os tijolos, o concreto até ao assentamento desse ladrilho hidráulico. Ficou muito lindo. Além disso, aqui, aprendi a fazer escariola (técnica de alisamento do reboco fino, com cimento e pigmentos variados ao sabor do artesão). Aqui, a gente trabalha com criatividade, restauração, alegria e história.” Marcos Godói Porcellis, o Mica, pedreiro, 28 anos, oito de profissão.
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Primavera de prêmios na Expofeira
O lado cor de rosa na construção civil
Alexandre Texeira
O Projeto Mulheres em Construção foi desenvolvido, em Bagé, no ano de 2011, preparando mulheres em vulnerabilidade social, para trabalhar na construção civil. Em abril deste ano, pedreiras, pintoras e ceramistas/azulejistas receberam o tão sonhado capacete cor de rosa na formatura das Mulheres em Construção. Naquela mesma noite, quatro delas foram contratadas por empresas locais. Hoje, cerca de 100% dessas trabalhadoras estão com a mão na massa e fazendo Bagé crescer.
A proprietária da Cabanha Da Maya é uma entusiasta da raça Angus
Na 100ª Expofeira de Bagé, o Núcleo de Criadores de Angus homenageia a proprietária da Cabanha Da Maya, Zuleika Torrealba, pela ativa participação nas feiras expondo animais de alto potencial genético. O que representa o aprimoramento da raça.
_E com muita sensibilidade, comenta Bia Kern, com alegria. Agora, a engenheira Bia que idealizou e coordenou o projeto comemora a indicação a prêmio nacional de empreendedorismo em trabalho social. O projeto foi realizado através da Coordenadoria da Mulher da Prefeitura de Bagé, com verba federal e execução do Instituto de Pesquisa e Educação Antígona (São Leopoldo).
Guto Nadal
A 9ª edição do Prêmio Imprensa Troféu Mário Lopes deste ano foi entregue no Salão Nobre do Parque Visconde de Ribeiro Magalhães, dia 9 de outubro, integrando uma das atividades da 100ª Expofeira de Bagé. E, pela terceira vez consecutiva, a empresária Zuleika Torrealba foi homenageada pelos jornalistas recebendo o destaque pelo incentivo ao turismo. As Mulheres em Construção e a alegria de recomeçar
CAPELA SÃO JOSÉ: UM PROJETO RASGADO
Cristiano Lameira
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O projeto era restaurar o muro...Não demolir e copiar o antigo, estamos tristes. O muro é uma relíquia da capelinha e da cidade. Dentro do que já está feito, o ideal é deixar o construído completamente reto e liso e, pelo menos, preservar o fragmento que restou.
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Uma nova perspectiva no artesanato da Campanha Fotos Cristiano Lameira
Assim como na história da humanidade, o Da MAya Espaço Cultural vai-se construindo. Como um tapete - tecido com inúmeras vertentes e tendências - que abriga o universal e o particular. E foi a partir da Exposição de Tapeçarias de Wilhelm Horvath - que iniciou no dia 14 de agosto e estende-se até 14 de novembro - que o resgate com o trabalho com a lã da ovelha crioula toma forma.
No último final de semana de setembro, as atividades foram intensas no Da MAya Espaço Cultural com a realização da primeira Oficina de Tapeçaria de técnica Esmirna com lã de ovelha crioula. A professora da Escola Maria Rita Caminhos Culturais, Margret Spohr, orientou mais de 20 artesãos da região da Campanha. E, já nas primeiras horas, comemorava a experiência. _ Vai sair um grupo muito bom daqui. As mãos contam histórias e essas pessoas vão tecer um universo muito particular para outras comunidades, fazendo arte. A lã da ovelha crioula pode representar a marca daqui e a criatividade dessas artesãs maravilhosas, projetou a artista. E, justamente, nessa perspectiva é que o Da MAya Espaço Cultural acompanha a tendência de valorizar o artesanato da região. Ao mesmo tempo, resgata o conhecimento dos artesãos que estavam muito dispersos e, muita vezes, desmotivados.
Margret orienta o grupo de alunas no tear de penteliço
_ Quanto tu trabalhas com a criatividade, tu abres horizontes. O artesanato traz aconchego e podemos usar e ousar. Trabalhar com as mãos faz a diferença, porque elas tem memória. Carregam mais marcas do que nós temos no rosto e o artesanato revela na técnica e na criação, imagens e sonhos, ensina Margaret.
“ A lã da ovelha crioula pode representar a marca daqui e a criatividade dessas artesãs maravilhosas” Margret Spohr
Para o remate da primeira oficina, a mestre em educação e artes visuais e professora do IFSul, Sandra Vieira, fez uma sensibilização para o grupo com o objetivo de aguçar o olhar para o valor do design e também a criação de peças com valor agregado. O entusiasmo dos artesãos com a oficina foi tão grande que a primeira etapa encerrou no dia 1º de outubro e, quatro dias depois, o Grupo de Tapeçaria Da MAya já começava a trabalhar. Agora, sob a coordenação da professora Helena Vasquez, que aprendeu a tecer ainda criança e integrou grupo de artesãs que trabalhou com Wilhelm Horvath. Desde então, todas as sextas-feiras, o grupo tece memórias, fazendo história e arte com a lã da ovelha crioula. Ao mesmo tempo, vai registrando a identidade da região da Campanha.
A EXPOSIÇÃO DAS TAPEÇARIAS
WILHELM HORVATH Mãos que deslizam entre as urdiduras, traduzindo sonhos
LOCAL: Da MAya Espaço Cultural Endereço: Avenida Genral Osório, 572 HORÁRIO: Segundas a sábados, das 15h às 19h, até 14 de novembro.
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No mosaico de uma cidade,
“
vale o coletivo
Nestas linhas venho discordar de um de meus poetas maiores... Quando Aparício Silva Rillo disse, em sua liberdade poética que: “naqueles tempos sim... as casas já nasciam velhas” mesmo o respeitando, admirando e compreendendo sua manifestação - no todo maravilhoso - do poema Herança. Eu discordo! Naqueles tempos as casas já nasciam novas, fortes e prontas para a luta que imaginavam seus poetas construtores e seus donos que, traziam - do berço - o valor da construção material. Alicerçada pela obra memorial de um patrimônio. Devem estar rindo dos nossos abraços em defesa do pó que já é a memória humana. Lanço aqui a campanha: abracem a mente infantil... pois as casas de hoje estão nascendo velhas, com a poesia pobre de seus construtores cairão bem antes das que defendemos. Nestes tempos sim... as casas estão nascendo ruinas. Nestes tempos sim.” Lisandro Amaral
Edu Rcikes
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Ieda Brasiliense Marinho
Funcionária aposentada do Poder Judiciário
www.junipampa.net
Acervo Pessoal
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“Passeando pela cidade, ainda vemos alguns prédios antigos, que sobraram de um passado de lutas, fartura, glórias e romantismo. Então, pensamos na urgência de preservarmos o que ainda resta. Nossos prédios lindos, feitos com amor, arte, trabalho de mérito, onde mostram a altivez unida ao bom gosto dos seus proprietários. Engajemo-nos, pois, num projeto de revitalização dos prédios antigos do nosso Patrimônio Histórico. Urge e Bagé merece esse empenho!... Um exemplo é o prédio onde está situado o Colégio Melanie Granier, no qual está preservada a arquitetura e toda a história daquela exemplar mestra que faz parte do patrimônio imaterial de Bagé.”
“Eu saí de Alpestre com 18 anos para estudar Bagé. Deixei a minha pequena cidade, no noroeste do estado, com cerca de 8 mil habitantes, para cursar pedagogia. E se tem coisa que eu gosto mesmo é viajar. Todas as nossas economias investimos em viagens e posso dizer que já conheci muitos países. Mas, o que sempre me encantou em Bagé foram os casarios e as avenidas plantadas com palmeiras. Tudo muito conservado.E, cada vez que volto para casa, reconheço a beleza dos nossos prédios históricos e valorizo ainda mais essa luminosidade que nós temos aqui. Parece que, a cada retorno, Bagé fica mais bonita. Em nenhum lugar do mundo eu encontrei uma luz assim, o que deixa o conjunto arquitetônico com um brilho especial”
Catedral de Cuzco - Peru / Acervo pessoal
poeta e músico
Solange Strada Spentz, Professora e jornalista
O jornal virtual Junipampa também é um canal aberto aos defensores do patrimônio histórico de Bagé.