Pinheiro Machado, a Nossa Senhora da Luz das Cacimbinhas 1851 - 2016
Mãe da Luz, Nossa Senhora, esta gente calma e franca tem a alma leve e branca como a renda do teu véu. Ouve a prece que te implora por teu nome abençoado seja Pinheiro Machado tua casa, nosso céu! Delci José Oliveira
QUANDO, no teu dia a dia, vires que as cidades estão se transformando em selvas de pedra, impregnadas de poluição, convence-te de que Deus destinou para ti um paraíso verde, onde sopra o Minuano, às vezes, fraco, parecendo brisa a embalar sonhos que buscam, sempre, dias melhores, às vezes, forte, querendo despertar o “Homem das Cacimbinhas” para a realidade presente, confiando na pujança de sua tradição. Zoé Terezinha P. Velleda
POSTAL DE CACIMBINHAS Delci José Oliveira
O amigo sabe adonde é Cacimbinhas?... Eu sou cria de lá, com muito orgulho. Nossa Senhora da Luz das Cacimbinhas, a vila que nasceu por um milagre. Faz um século e picos. Um bom homem, estancieiro José Dutra de Andrade, tinha léguas de campo e gadarias, quando aos olhos faltou-lhe a claridade. Nessas paragens de água farta e boa acampavam caravanas de carretas que vinham de Pelotas à Campanha, pesadas de fazendas e esperanças, ferramentas, espelhos e remédios, e pólvora, e chupetas p’ras crianças, livros de reza, histórias e canções. E, dos campos ao mar, voltavam nelas o couro, o charque, o trigo e a notícia de que era bom de se viver aqui.
As pequenas cacimbas cristalinas dessedentam os homens e seus bois e a sede de horizontes e fortunas timbra a coragem dos que vêm depois. O estancieiro José, devoto homem, a Maria pediu, olhando o céu, lhe devolvesse a luz e seus olhos banhou nos olhos d’água e viu de novo o campo que era seu. À graça merecida e recebida, mais alto que o tinido dos cincerros ergueu-se a voz do sino da capela, e a vila que se fez em torno dela chamou-se Nossa Senhora da Luz das Cacimbinhas
Então, em Mil Novecentos e Quinze o Excelentíssimo Senhor Interventor decretou que esse nome era prolixo, nada tinha de histórico e... aí já é outra história... O que eu queria era dizer ao amigo que hoje ainda é bom viver em Cacimbinhas As águas permanecem quase puras, os guris correm livres e felizes e até, para quem gosta, há uma fartura de tatús, de capinchos e perdizes.
Campos finos, cerros brabos, pedra e mato, assombrações e cobras e lagartos. O inverno é frio - a lenha é corunilha. As vez’o ferro come e corre bala em nome da cachaça ou da família. O vigário esconjura a astrologia e, da vida alheia, quase nem se fala. Não há rádio - ou jornal - nem é preciso porque a notícia corre entre as vizinhas... tem flor na praça, e pássaros e risos na Vila de Nossa Senhora da Luz das Cacimbinhas.
Trocaram o nome lindo do meu pago Não sei se houve razão ou houve motivo Mas tudo ainda continua vivo Naquele rincão hospitaleiro Tá bonita a cidade de Pinheiro com um pouco de progresso que chegou mas aquele povo Bueno conservou as raízes de gaúchos e campeiros. Gargione Ávilla
Adão Valério
Valdir Rosa
Uly Machado Dias
Dona Zaira Dias da Rosa
Osvaldo e Maria Fagundes Ernesto Moraes Maciel Flor de Liz Tavares Fontena
Elaine Santos Silveira
Cleber Acosta
QUANDO, tu, forasteiro, aqui aportares, faze de Pinheiro Machado o teu porto seguro, confiando em seu chão e em sua gente, para que possas realizar, aqui mesmo, muitos dos teus sonhos e aspirações. Zoé Terezinha P. Velleda
Pinheiro Machado cidade de cĂŠu azul, de ruas floridas e avenidas faceiras Quem visita a Feovelha leva histĂłria para contar, mas tambĂŠm leva saudade e, uma imensa vontade de um dia poder voltar. Estela Garcia
Pinheiro Machado, a Nossa Senhora da Luz das Cacimbinhas 1851 - 2016
Aportes para a aprendizagem do patrimônio ambiental de Pinheiro Machado: Uma visão multidisciplinar. UFPEL
“Pinheiro Machado é um dos municípios mais antigos do Rio Grande do Sul (RS), no Brasil. Cada fase da evolução histórica da cidade apresenta edificações significativas do momento que a sociedade vivenciou, ou vivencia, caracterizando diversas correntes arquitetônicas, tanto nacionais como internacionais, revelando tipologias e estilos, que de certa maneira, a partir de seu valor, histórico e artístico, farão parte do patrimônio arquitetônico local. Dessa forma, esses exemplares necessitam ser devidamente reconhecidos, valorizados e salvaguardados pela sociedade e pelo poder público.
“Pinheiro Machado é cheio de Particularidades.É um dos municípios mais antigos do Rio Grande do Sul, estando a uma altitude de 436 metros. Na sua praça principal existe um ponto singular de onde é possível se observar os limites da cidade nos quatro pontos cardinais. Sua floresta nativa continua vigorosa e praticamente intacta, demonstrando que o progresso desenfreado ainda não chegou. Quando está amanhecendo, caminhando por suas ruas, é comum escutar-se o bonito canto do Bico Duro (Saltator aurantirostris ) – algo comprovadamente raro nos dias atuais. Em 2014, com um comprimento aproximado de 2000 metros e uma largura de 1700 metros, a planta urbana não supera os 350 ha, o que contribui para a conservação da natureza…”
A cidade de Pinheiro Machado/RS é rica em bens edificados. Pode‑se afirmar que conta com importantes exemplos que estão vinculados à formação histórica, à identidade e à memória local...” Patrimônio arquitetônico cultural: o caso de Pinheiro Machado/RS - Claure Morrone Parfitt Ana Lúcia Costa Oliveira, Dionis Mauri Penning Blank, Universidade Federal de Pelotas (Brasil)
Ignacio Pablo Traversa Tejero
Fotografia Nilton Santolin Projeto Gráfico Ana Remonti Rossi Seleção Poética Maria Luiza Dutra Farias Coordenação Eulália de Souza Anselmo