3 • ponto de vista *Leonardo Medeiros
A Última Música dos Primeiros Ídolos
Saiu a última música dos Beatles. Na semana subsequente só se falou nisso no universo musical. Passada a primeira semana, como sempre acontece nesses tempos líquidos, era assunto ultrapassado. Andy Warhol, que aliás é tema de um documentário espetacular que está no streaming da sua SmarTV, mediunicamente vislumbrou nosso futuro. Um tempo quando a fama duraria 15 minutos. Conheço o assunto. Lido com jovens artistas. A ambição das novas gerações não é ser bom no que se faz, é ser famoso. Essa premissa não gera bons resultados. Tá aí o Neymar pra me confirmar.
mos que a revolução criada pela primeira banda pop do universo era baseada na suprema sofisticação da simplicidade. Quem é artista sabe. O simples é sempre o melhor e o mais difícil. Desde sempre queremos emplacar sucessos, mas a fórmula conhecida por todos é traiçoeira e até hoje ninguém sabe por que uma música, um filme ou uma peça de teatro faz sucesso. Não tem matemática nesse assunto. É sempre um tiro no escuro. O fato é que os Beatles alcançavam o sucesso em 10 de cada 10 músicas que lançavam. Um fenômeno nunca mais alcançado.
Voltando à última música dos Beatles. Todo mundo que gosta da banda torceu o nariz, mas secretamente verteu lágrimas ao assistir o vídeo clip dirigido pelo mesmo cara que dirigiu Titanic. Todos os envolvidos são especialistas em arrancar nossas lágrimas. Principalmente o fantasma pungente da voz de John Lennon. Esperávamos algo espetacular? Nunca antes ouvido? Esquece-
A música simples nasceu um clássico e ficará celebrizada para a eternidade em playlists infinitamente re-escutadas. A mágica dos quatro garotos de Liverpool aconteceu de novo. Links: “Diários de Andy Warhol” Netflix https://www.youtube.com/watch?v=Opxh h9Oh3rg
arte: jornal360comCanva
*ator, escritor e vocalista de banda de rock
Dinheiro não é tudo, mas tudo é dinheiro * Fernanda Lira
Você contrata uma pessoa para ajudar no seu trabalho, na sua casa. A pessoa não faz o que você pediu e você avisa que o trabalho precisa ser refeito. De novo, você ouve um “não precisa pagar”.
arte: jornal360comCanva
O cliente chega à loja insatisfeito com o resultado do conserto feito na roupa nova que comprou e precisou de ajustes. Impaciente, a proprietária avisa que pode devolver o dinheiro, sem problemas. O cabeleireiro corta o seu cabelo diferente do que você pediu. Você reclama e ele diz: “Não precisa pagar”. A empresa manda o pedido de produtos e falta um. Você liga avisando e informam que você deve aguardar até o próximo pedido, você diz que não pode esperar e eles então lhe oferecem a alternativa de um novo boleto, com o valor do item ausente descontado.
Isso vale hoje em dia pra tudo: contratação de serviços, compra de objetos, pedido de alimentos. As pessoas não estão nem aí com a sua expectativa e muito menos em lhe causar alguma frustração. Aliás, elas não estão nem aí com você. Você que se lixe, que se dane. Que importa se você ficou decepcionado, desapontado, triste? Isso não tem a menor importância nos tempos atuais. Quanto mais as empresas crescem, menos elas se importam com seus clientes. Quando mais as pessoas precisam trabalhar, menos elas estão preocupadas com a satisfação de seus empregadores. Tudo é na base do dinheiro, que vai e vem. Esse é o cenário mais comum do novo século, da nova era. E também aí reside a chave de tantos transtornos que nos abatem desde 2020. A falta de empatia. De se colocar no lugar do outro e entender
que nada substitui o brilho nos olhos de quem está satisfeito, ou a dor na expressão de quem está frustrado. Em 2023, que seja diferente. Que todos despertem da intolerância, da indiferença e reavaliem seu agir. PS: Tenho a sensação de que já abordei esse assunto aqui. Se o fiz, vale o reforço!
Dinheiro não é tudo, mas tudo é dinheiro Se você tem, você pode conseguir o melhor do que há no mundo. Já se você não tem e precisa, que pena, mas vai ter o que tiver disponível. O que muitas vezes significa NADA. Ninguém. Essa é a realidade do valor do, à mercê da falta dele. O que pode ser fatal. E cruel.
*jornalista paulistana que adora o interio