O Centro das Distâncias

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OCENTRO DASDISTÂNCIAS

e a centralidade na paisagem moderna

CAIO MONTEIRO DAMASCENO

OCENTRO DASDISTÂNCIAS

e a centralidade na paisagem moderna

Universidade de Brasília - UnB

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - FAU

Este documento apresenta o trabalho final da disciplina de Ensaio Teórico, em cumprimento aos parâmetros estabelecidos para o mesmo pelo Plano de Curso.

Autor

Caio Monteiro Damasceno

Orientadora

Luciana Sabóia Fonseca Cruz

Brasília, 2016.

Trago aqui o meu olhar

Sobre Brasília, minha cidade. Tanto termo: centro, espaço E até a tal da modernidade.

Agradeço àqueles de sangue Que no amor, em casa ajudaram E, assim como os amigos, Nessa luta me apoiaram!

Ainda à cara Luciana Me apresentando novidade Sou grato por desmistificar Minha visão sobre a paisagem.

Obrigado por todos os sonhos, Brasília!

MODERNIDADE, CENTRO E A QUESTÃO DA PAISAGEM O CENTRO E A PAISAGEM MODERNA DE BRASÍLIA VIVÊNCIA E CONFIGURAÇÕES DA PAISAGEM CONSIDERAÇÕES FINAIS 1 5 7 15 21 51 53

INTRODUÇÃO

Muito se tem produzido e discutido sobre a constituição da capital federal. Física, histórica e culturalmente, a cidade nunca perdeu, desde o seu nascimento, a curiosidade acerca da vivência de um espaço totalmente projetado e definido por parâmetros do urbanismo moderno. Com um percurso histórico que se iniciou em 1957, Brasília atualmente se apresenta como uma conurbação de cerca de 3 milhões de habitantes, a contar toda a área metropolitana que a constitui - além dos 12% do percentual habitacional que possui a área do Plano Piloto, traçado inicial da cidade. Sua trajetória enquanto espaço urbano construído e vivenciado apresenta características peculiares quanto a diversas análises levando em consideração cidades tradicionais.

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Enquanto experiência de importante expressão dentro do estudo do progresso humano na história em sociedade, tratar de temas como “cidade”, “centro” e “paisagem” em Brasília demonstra, a cada ensejo da produção teórica e acadêmica, a incerteza que sobre eles ainda repousa após o aparecimento de um vasto campo de novas possibilidades com a chegada da modernidade. Sob essa perspectiva, a busca por um entendimento cada vez mais refinado e compreensível das relações humanas e o tema da vivência urbana é uma prática. A temática encontra sua máxima expressão, e também desafio, na concentração de pluralidades de um centro urbano: local onde as multivocalidades da cidade se encontram e compartilham o espaço.

Apreendido e muitas vezes evidenciado como o local de maior número de encontros, o centro há de representar bem a coletividade do urbano e em Brasília não há de ser diferente. O encontro das distâncias lineares (eixos) que nortearam a construção da cidade, assim como muitos centros urbanos de cidades tradicionais, traz consigo uma forte carga simbólica e monumental, enquanto experiência única na história urbana. No entanto, a busca pela

definição da personalidade de um espaço como tal é um tema que gera discussões e aborda muitos elementos diversos em sua análise. Qualquer entendimento das circunstâncias que o regem colabora para a consolidação do mesmo enquanto lugar antropológico, cenário construído a partir da vivência coletiva. Vale salientar ainda a relação entre os elementos físicos e a tal vivência, ao ponto que o imaginário cultural coletivo se constrói no espaço, e muito deve à referência da paisagem que o circunda.

A definição do último termo é relativamente recente e múltipla e Brasília, como marco importante na história da narrativa da arquitetura moderna, permite contestar essa e outras questões na atualidade.

Levando em consideração todo o contexto acima citado, e a curiosidade acerca do tema, como é construída a centralidade na paisagem, física e imaterial, de uma cidade fundada sob a aplicação do urbanismo moderno?

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OBJETIVOS

01.

Brasília, como cidade antes de tudo moderna, reconfigura séculos de história em um período de tempo demasiadamente reduzido para a história do urbanismo. Na investigação dos termos “centro” e “paisagem” na modernidade, suas definições se reconfiguram e existe o esforço de entender como as novas dinâmicas sociais se relacionam a elas.

02.

O espaço urbano e sua relação de proximidade entre os indivíduos construtores de uma sociedade é o lugar onde a multivocalidade dessas iniciativas individuais se cruza. Sendo um espaço de caráter puramente coletivo, é interessante entender como a materialidade pode interferir na articulação da vivência dentro de um centro urbano.

03.

Todo ensejo de compreensão acerca de uma capital do porte de Brasília, com uma história que não chegou aos seus 60 anos mas consolida características únicas no contexto urbano, é extremamente enriquecedor. A título de estudo, busca-se a reflexão acerca da prática do urbanismo moderno na cidade e sua análise após consolidação da ocupação social e vivência urbana.

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MODERNIDADE, CENTRO E A QUESTÃO DA PAISAGEM

desde então criando a noção mais pontual da matéria, no foco de um interesse. O entendimento que se constrói do conceito encontra respaldo na análise da coletividade dos espaços “urbanos”, entendendo pelo último termo as espacialidades providas de relação e conexão entre partes individuais:

uma cidade; ponto de convergência.”¹

Surgindo a partir da ação primordial de se aproximar da origem e/ou praticar a concentração de alguma matéria (concreta ou abstrata), o termo “centro” indica a convergência desta para um ponto no espaço –virtual ou real - ao demarcar algum limite do mesmo, frente a tantas possibilidades. Possível é relacionar o início dos assentamentos humanos à relação com cursos d’água e seu acesso a estes,

A centralidade ad-vém desde o primeiro recolhimento e da primeira re-coleção de objetos dispersos na natureza, desde o primeiro ajuntamento ou amontoado de frutos. Ela anunciava sua realização virtual. Desde o princípio, reunir, amontoar, recolher é algo de essencial na prática social; é um aspecto racional da produção que não coincide com a atividade produtiva, mas dela não se dissocia. (Lefebvre, 1999)

Compreender o contexto do objeto de estudo também é base para que se referencie a problemática que está sendo apresentada. Antes de mais nada, é necessário levantar a discussão sobre o centro urbano e suas significâncias a nível de estudo. Produções mais recentes tratam sobre a transformação que os entendimentos de “tempo”, “espaço” e “lugar” sofrem desde o advento da modernidade. É inevitável tratar aqui sobre a enorme reviravolta

¹ (Bueno, S. Minidicionário da Língua Portuguesa. FTD, 2000)

“CENTRO, s. m. Parte mais movimentada de
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histórica da humanidade, em seus métodos de produção e organização sociais, cujo reflexo se percebe diretamente no espaço: a Revolução Industrial. O surgimento de distritos industriais e a consequente necessidade de concentração de matéria prima, mão de obra e distribuição da produção, resultou no crescimento da ocupação urbana em todas as sociedades que se reorganizaram a esses moldes. A ocupação deu-se a partir de locais onde a articulação social em torno da indústria pudesse ser mais eficiente e deu-se, por consequência, grande transferência dos assentamentos humanos até então majoritariamente rurais para o contexto urbano.

Essa produção de um novo espaço, o perspectivo, não se separa de uma transformação econômica: crescimento da produção e das trocas, ascensão de uma nova classe, importância das cidades etc. (Lefebvre, 1985).

O tema é recorrente em diversas leituras urbanas, impulsionadas com o crescimento do interesse sobre o assunto a partir das primeiras décadas do século XX - como pode ser visto em Lefebvre -, a questão dos centros urbanos está muito presente na discussão do que seria o

espaço nas cidades. Dentre uma série de estudos teóricos que começam a surgir com a consolidação da modernidade, muito se pensa sobre a forma como as cidades são concebidas, a definição de conceitos e os elementos presentes na vivência urbana. Não só a presença de iniciativas como os CIAM’s (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna) surge a partir dos anos 20, estendendo-se a meados dos anos 50, mas também se percebe um grande expoente de análises retrospectivas da produção arquitetônica e urbanística moderna a partir da década de 60.

Ambos são interessantes para a análise à medida que o primeiro contexto pode situar a esfera da consolidação de grandes obras e experiências modernas, enquanto o último concentra maior número de reflexões sobre os impactos do processo de evolução da sociedade. Evidência gritante das transformações modernas, os centros urbanos assumem o papel de foco de interesse e ocupação por parte da sociedade. Seu crescimento físico e social é visível à medida que o fluxo de bens, serviços e pessoas aumenta de forma drástica, transformando o espaço e reconfigurando sua organização.

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A organização do espaço centralizado e concentrado serve ao mesmo tempo ao poder político e à produção material, otimizando os benefícios. Na hierarquia dos espaços ocupados as classes sociais se investem e se travestem. (Lefebvre, 1985).

Daí para frente, a valorização do espaço da zona central cresce assim como o gabarito das edificações que o conformam, na busca por uma organização otimizada que pudesse se articular de forma mais eficiente à produtividade. O transporte se reúne ali tais quais as iniciativas comerciais e sociais de maior porte, ao aproveitarem-se do grande número de transeuntes que a nova organização espacial permitiu. Tais fatores foram decisivos para a crescente valorização financeira das áreas centrais restringindo o seu acesso àqueles com maior poder monetário. Às classes mais baixas, com menor poder aquisitivo (operários, pequenos comerciantes, pequenos agricultores etc.), restaram os terrenos mais afastados do centro, onde o acesso aos serviços e atividades principais da cidade se dificulta pela distância. Desde então a sociedade moderna vive o conflito de lidar com as problemáticas decorrentes da marginalização das classes

menos abastadas, a fim de democratizar o acesso aos bens e serviços presentes nos centros urbanos.

Para manter a salubridade das cidades, cuja estrutura não mais suportava as novas funções da sociedade industrial “era preciso reestruturar o espaço para atender à maior concentração da população trabalhadora” (Costa, 2013), e surgiu em seguida o discurso higienista cuja base de atuação estava na organização racionalizada e salubre da cidade. Muito contribuiu à disciplina do urbanismo e à ocupação de se pensar na melhor disposição do espaço urbano para fins modernos. De forma mais evidente, o centro encontra transformação e representação no espaço, nas definições de lugar e no estudo urbano que melhor se estruturaria na consolidação da Arquitetura Moderna. Iniciando-se na Europa, os reflexos do pensamento moderno no escopo de racionalizar o espaço encontram substância ao longo do território da América e, pontualmente, bastante força no Brasil. O que se percebe a seguir é um grande crescimento da disciplina entre os principais atuantes brasileiros, em uma produção que veio a receber forte reconhecimento internacional, desde o início do

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século XX à atualidade. Diversos teóricos como Marc Augé e Zygmut Baumann questionam, em suas leituras, os efeitos da modernidade na conjuntura mais atual da sociedade - em perspectiva antropológica na maioria dos casos - e levantam discussão sobre conceitos como “espaço”, “lugar”, “tempo”, “civilidade” etc. Baumann trata sobre a forma como a modernidade subverte a realidade estabelecida até então, reconfigurando conceitos e definições, em outras palavras, a modernidade não foi “fluida” desde sua concepção? (Baumann, 2000). Já na construção do conceito de não-lugares, Augé traz importantes reflexões para o estudo do centro de Brasília (reduto político e administrativo do país, que encontra semelhanças na análise do autor sobre a área de La Defense, em Paris), ao tratar, por exemplo, que a linguagem política é naturalmente espacial [...]porque lhe é necessário pensar simultaneamente a unidade e a diversidade –sendo a centralidade a expressão mais aproximada, mais cheia de imagens e mais material, ao mesmo tempo, dessa dupla e contraditória obrigação intelectual. (Augé, 1992).

Fatores inerentes na concepção da cidade, as questões sociais e simbólicas em muito determinam a reconfiguração de conceitos de caráter urbano. Por consequência, a vivência urbana também se transforma ao adaptar-se à nova tipologia de espaço, ocupando socialmente o lugar construído. Esses efeitos se estendem também à ampla investigação e atual discussão acerca do termo “paisagem”, na qual encontram-se definições interessantes sob novas perspectivas como as de Anne Cauquelin e Solá Morales. Para Cauquelin, a cidade participa da própria forma perspectivista que produziu a paisagem. Ela é, por sua origem, natureza em forma de paisagem (Cauquelin, 2000), o que contribui para a acepção dos elementos construídos de um espaço urbano como parte do conceito, independentemente da sua forma. A noção do termo se reconstrói, assim como as diversas perspectivas que criam os centros urbanos modernos. Em suas configurações, a paisagem se recria. Solá Morales traz ainda a indissociabilidade do espaço e da vivência, ao entender que para a arquitetura a noção de espaço está ligada ao desenovlivmento da cultura moderna (Morales, 1995). Não só as

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transformações físicas como a abertura de avenidas e bulevares, construção de edifícios imponentes e inovações no transporte modelam a paisagem moderna. Também é muito importante estabelecer a conexão entre as novas espacialidades e as transformações sociais que se deram ao longo da história. A paisagem da modernidade é a construção de uma identidade e relação entre o indivíduo que a experiencia, o espaço construído, e as experiências visuais coletivas da vida em sociedade. A partir daí o conceito se flexibiliza, abrindo possibilidades para o estudo analítico e a flexibilização do conceito da paisagem, tão difundido na contemporaneidade.

Como exemplo prático para analisar os conceitos supracitados, Brasília se apresenta como um ímpar. Além da vivência de mais de 20 anos na cidade, é fato que ela se estabelece como singularidade no contexto prático moderno e discorrer sobre questões como modernidade, centro e paisagem sob a análise do Plano Piloto é substancial. Os contrastes presentes na vivência ainda jovem da cidade se colocam como subsídio para analisar os efeitos da modernidade na escala urbana e seus reflexos.

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O CENTRO E A PAISAGEM MODERNA DE BRASÍLIA

pouco detalhada, a cidade nasceu com desenho e intenção. Dois eixos estruturadores da cidade se cruzam e distribuem ao longo de sua extensão funções diversas do contexto urbano. Integração e setorização marcam fortemente a organização da cidade com forma de avião, e nela a experiência do modernismo, em uma escala tão imponente, decola.

Um exemplo prático da expressão modernista, o centro de Brasília em muito difere dos exemplos que podem ser elencados e a sua aplicação física evidencia sua singularidade. No ano de 1957, o surgimento de um concurso público para a escolha do projeto da nova capital do Brasil abre espaço para que os conceitos e elementos modernos, até então bem difundidos na mentalidade vigente do período, pudessem ganhar matéria e amplitude em escala urbana. Com a vitória do Plano Piloto apresentado por Lúcio Costa, de forma simples e

Uma das prerrogativas colocadas na decisão da transferência da capital federalrealizada efetivamente durante o governo de Juscelino Kubitschek, mas proposta desde 1823 por José Bonifácio - foi o poder de integração

² desenho do Plano Piloto de Brasília por Lúcio Costa, 1957.

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²

que a mesma deveria estabelecer entre as regiões desenvolvidas do litoral Sudeste e o interior, até então pouco desenvolvido economicamente das regiões Norte e Centro-Oeste. Tal fato é importante para o estudo de Brasília pois norteou a escolha de seu terreno e localização geográfica, buscando centralidade no território brasileiro. Desde o seu surgimento, a cidade abarca a ideia de convergência, reunindo os interesses políticos do país na questão administrativa, e centralizando os ensejos populares de um país de dimensões continentais como o Brasil. A centralidade em Brasília já é parte de sua identidade desde o começo. Foi construída a partir de milhares de trabalhadores vindos de todas as regiões do país, cujo esforço foi concentrando na materialização de um desejo nacional. A cidade traz consigo o sucesso da busca pela integração dos diversos Brasis pertencentes ao território, vontade abordada em discussões políticas bem mais antigas que sua proposição. Construída por brasileiros de diversas origens (os candangos), a história da troca cultural em Brasília existe desde seu nascimento, mesclando identidades no processo de sua realização, física e social.

A atenção dada à escala humana no projeto de Lúcio Costa (ao que se podem compreender as relações físicas e perceptivas entre o indivíduo e o espaço construído), enriquece sua análise e projeto do espaço urbano enquanto partes que se relacionam e constituem o corpo íntegro da cidade. Em diversos trechos a ideia da centralidade se apresenta, principalmente no que toca à distribuição de atividades de caráter gregário e monumental, centros cívico e social da capital, respectivamente. Nessa divisão dos setores sociais da urbanidade moderna, se articulam as

³
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³ croqui: Brasília no centro do Brasil

setorizações de funções, fruto da proposta moderna de concentrar atividades similares. O

desenvolvimento simultâneo desses conceitos resultou na construção de articulações bem estruturadas a nível urbano. O próprio júri do concurso do Plano Piloto salienta, na decisão da proposta vencedora, que um centro conduz a outro, de modo que o plano pode ser facilmente compreendido*. De extremo destaque no que diz respeito ao desenho urbano estabelecido para a capital, o centro é parcela importante na construção da cidade. É significativa a análise do primeiro ponto colocado pelo urbanista no relatório do plano, que posteriormente veio a abrigar o centro da cidade:

Nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz. (Relatório do Plano Piloto, 1956).

Em Brasília, o centro é popularmente compreendido na materialidade da Plataforma Rodoviária, resultante justamente do encontro entre o Eixo Monumental e o Eixo Rodoviário, permeando o cruzamento dos níveis físicos do traçado urbano e os encontros sociais que ali se permitem. Como o restante da capital, o espaço

da Plataforma foi sendo ocupado e apreendido ao longo do tempo, na construção de sua vivência. Atualmente conta com fluxo diário de aproximadamente 800 mil passantes (quase 30% da população total), a Plataforma se encontra com o conceito de “centro” além da sua materialidade. Como em quase totalidade dos centros urbanos, o centro se encontra imbuído de simbologias cuja relação se funda na identidade cultural, política e social da sociedade que o determina. A monumentalidade do espaço da Plataforma Rodoviária e as perspectivas que ali são possíveis reconfiguram a construção mental comum ao se pensar em centro urbano, sem perder a referência com o fato de estabelecer centralidade.

Interessante também ao entendimento do conceito no contexto moderno, o estudo sobre as escalas urbanas de Brasília aparece como suporte analítico. A divisão da cidade em 4 escalas, classificadas a partir das funções que abrigam e sua conformação espacial, tem como escopo abarcar os elementos presentes na vivência urbana moderna e tendo características distintas, buscam, em um jogo de proporções e significações, se complementarem e

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interagirem (MONTE JUCÁ apud BOTELHO, 2009). A diversidade dos elementos da morfologia urbana de cada escala confere à cidade multiplicidade entre suas partes, abordando as características tanto de urbs (dimensão da vida urbana cotidiana) quanto de civitas (relações simbólicas da cidade). Para o entendimento da paisagem central, vale salientar as escalas gregária e monumental, criadas em 1987 com o tombamento patrimonial da cidade, a primeira com caráter de agregar as mais diversas culturas da cidade enquanto a segunda reforça a identidade marcante da área central simbólica.

Desenvolvida a partir da plataforma rodoviária, a escala gregária é o centro urbano de Brasília (Azevêdo; Neves; Lira, 2014). Na criação dessa escala em Brasília, Lucio Costa trata em seu relatório sobre a finalidade dessa dimensão como pontos de encontro, onde se deveriam se encontrar atividades de lazer, além das demais funções presentes na área. Há uma concordância de diversos autores sobre o fato da Plataforma Rodoviária ser o espaço onde a urbanidade da cidade melhor se manifesta, com maior número de pessoas se apropriando do espaço para algum fim. O trecho entre o

Conjunto Nacional e o Conic, delimitando um amplo vazio urbano, provavelmente estabelece o espaço onde se dá o maior número de encontros sociais na capital federal. Se observa a diversidade dos indivíduos que ali percorrem, em relação democrática com os demais, na construção da espacialidade social do lugar. Está presente também a alta densidade construtiva dos arredores do centro, com verticalização dos edifícios, preenche a área e predomina a paisagem à distância. Encontra, no entanto, contraste com a amplitude da perspectiva livre existente a partir da plataforma, onde o caráter de agregação do espaço se relaciona com a monumentalidade do mesmo.

A força visual que a horizontalidade da escala monumental dá ao espectador é certamente o aspecto mais significante em Brasília ao se tratar da paisagem. Desde seu nascimento, a visão da Esplanada dos Ministérios estabelece a imagem mais presente na memória coletiva ao se referenciar o Plano Piloto. Os simbolismos que acompanham a materialidade do espaço – levando em conta o desejo nacional que a capital representa - dão muita identidade à paisagem de Brasília, visto que a mesma se realiza também, por meio de

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evocações afetivas e simbólicas (Monte Jucá, 2009). A vista desimpedida e a perspectiva criada, cujo melhor ponto de observação global se localiza na parte superior da plataforma, figuram a vivência urbana cotidiana, independente dos espaços internos dos Ministérios, Palácios ou o Congresso Nacional. A presença da paisagem construída, como símbolo nacional, estabelece a identidade e relação no espaço ao se perceberem no cerne de todos os dispositivos espaciais estudados classicamente pela antropologia (Augé, 1992).

Na concretização de um sonho coletivo, a partir da maestria do pensamento urbano de Lúcio Costa, o centro das distâncias permite que elas se encontrem. Sociais, políticas, espaciais e culturais, todas são diminuídas na multiplicidade de um espaço como a Plataforma Rodoviária, onde a modernidade que tanto transformou a realidade humana fica frente a frente com seus reflexos: na vivência urbana social.

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VIVÊNCIA E CONFIGURAÇÕES DA PAISAGEM

Aprofunda-se o tema do espaço que não mais se limita ao projeto, ou à sua construção, mas sim à sua realidade vivenciada.

tratar sobre a forma como planos materiais e perspectivas projetadas influenciam nossa apreensão e o processo de identificação do lugar, a paisagem ainda aborda a relação com a imagem mental e a imaterialidade, presentes a partir da relação do indivíduo com suas definições de mundo e vivências. A paisagem da modernidade reconfigura, porém não destitui de fato, o centro dos elementos que o conformam e definem originalmente. Ainda se observa em Brasília a presença de atividades como a concentração de transporte e comércio informal

mas é relevante a sua diversidade de ocupação do espaço para tais fins. Percebe-se, ali, a reconfiguração de uso do espaço das atividades tradicionais de um centro urbano, adaptando-se ao espaço moderno.

A transitoriedade característica da grande Plataforma em muito se relaciona a questões do encontro de diferentes setores da sociedade, enquanto a velocidade da rotina diária configura o estabelecimento de padrões na vivência do espaço. Ela concentra muitos elementos cuja relação com os termos apresentados é possível. Transitoriedade, monumentalidade, espaço e vivência estão, ali, em constante desenvolvimento na inter-relação que os confere. Analisar os elementos –materiais e imateriais – e como se relacionam, pode demonstrar a articulação na construção do mesmo.

É interessante abordar aqui a questão da multivocalidade presente em espaços como o centro urbano. Colabora na consolidação deste enquanto lugar antropológico, ao ponto que o imaginário cultural coletivo, que muito deve à referência da paisagem, aqui se evidencia. O espaço urbano se determina nesse caráter coletivo e na convergência de variáveis como um bem comum que não pode ser reduzido ao agregado de propósitos individuais, é como uma tarefa compartilhada que não pode ser

exaurida por um grande número de iniciativas individuais (Bauman, 2000). Contribui para a construção do raciocínio acerca do centro moderno e contemporâneo a visão de Massimo Cacciari acerca do tema. O filósofo ao tratar das questões do “centro” e “periferia” (entendendo pelo segundo termo a área urbana que se situa além dos limites do dito centro urbano), mostra como os termos perdem força na contemporaneidade. Para ele, os centros remetem à uma noção que caberia às velhas cidades dos anos de 1800 e 1900, mas que perdem completamente o sentido atualmente, onde se colocam apenas como referência histórica e monumental (Cacciari, 2014). O espaço urbano que antes abrigava as “funções de excelência”, como o teatro, o tribunal a prefeitura etc, perde a força ao ponto que tais funções se encontram esparsas, distribuídas no território urbano. Cacciari coloca ainda que os termos não dizem nada mais na realidade urbana da contemporaneidade e utilizá-los seria um prejuízo na análise das cidades, cuja abordagem deveria se aprofundar na questão funcional e complexa das dinâmicas urbanas. Como lugar antropológico, no entanto, a vivência no centro de Brasília muito se identifica. A partir da compreensão do termo colocado por Sennett, vale diferenciar as definições de “lugar” e “lugar antropológico”, o segundo tratando das relações humanas com o espaço construído, ou seja, a vivência. Sennett coloca “lugar” como

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o: espaço onde um corpo é colocado. Essa corporificação se relaciona à referência criada daquele espaço como lugar de culto, experiência da valorização do corpo que ali se encontra. Quanto a isso podem se exemplificar os destinos turísticos, pontos de encontro, monumentos e similares. A partir desse ponto de vista, o autor coloca que os lugares se definem em três classificações, com relações entre si, que constroem a estabilidade mínima do espaço. Como identitários, os lugares se relacionam aos itinerários que ali se consolidam, mesclando as finalidades que levam os indivíduos a vivenciarem aquele espaço e a identidade que se cria nessa construção coletiva daquele lugar. Em afinidade, os lugares relacionais se determinam pelos cruzamentos existentes no espaço e a forma como as diversidades de finalidade, função e expressão social encontram equilíbrio a partir das iniciativas individuais do mobile vugus. Já do ponto de vista de lugar histórico, o simbolismo se faz muito evidente no entendimento. A ideia de valorização e culto do espaço que rememora eventos anteriores que sediou o posiciona no caráter de monumentalidade e referência geográfica. À essa última classificação, com capacidade de construção a partir das duas anteriores, os centros urbanos se identificam e na construção social. Toda a monumentalidade e valorização de um centro histórico no entendimento urbano permeia a identidade ali estabelecida a partir do

cruzamento das diversas iniciativas singulares. Pode-se buscar relação entre a constituição física e social da Plataforma

Rodoviária e conceitos que vêm à luz já no século XX. O caráter de transitoriedade de certos espaços levantados como aeroportos, estações de trem, supermercados e rodoviárias, podem delimitar - sob algumas perspectivasespaços que não são em si lugares antropológicos (Augé, 1992). Na construção do seu raciocínio analítico acerca da supermodernidade (conceito criado pelo autor para definir os reflexos da modernidade em um passado mais próximo), Marc Augé trata ainda sobre a dificuldade de apreensão, troca e identificação com o lugar que, no contexto atual, não apresenta, por sua conformação, identidade singular, uma vez que espaços “genéricos” como os descritos serão muito similares ainda que em localidades muito diversas. O desafio em lidar com as excentricidades do indivíduo em relação ao coletivo não encontra abrigo no estabelecimento da normalidade para Bauman, pois o projeto de esconder-se do impacto enervante da multivocalidade urbana nos abrigos da conformidade, monotonia e repetitividade comunitárias é um projeto que se auto-alimenta, mas que está fadado à derrota (Bauman, 2000), onde o entendimento do autor traz a cidade como um assentamento humano em que estranhos têm a chance de se encontrar.

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Ainda se especula o reflexo da produção dos ditos não lugares nas relações pessoais, tratando sobre o modo como o mesmo incentiva ou exclui um ou outro tipo de vivência. A supermodernidade, a partir do contexto em que Augé inicia seu raciocínio (sentado a bordo de um voo internacional, em uma companhia aérea “genérica”), reduz as distâncias físicas com adventos de novas tecnologias ao mesmo tempo que afasta as vivências. O espaço do não lugar não cria nem identidade singular nem relação, mas sim solidão e similitude. (Augé, 1992).

A rodoviária do Plano piloto pode se identificar com o termo em partes. Abraçando algumas críticas colocadas à cidade no que diz respeito ao privilégio que recebe o automóvel no desenho urbano em comparação ao pedestre. A Plataforma delimita o ponto de encontro entre vias e veículos sendo ao mesmo tempo ponto de chegada e partida de itinerários. É a estação central da rede metroviária e ponto articulador principal entre as linhas de ônibus da capital. Nesse sentido, a transitoriedade do espaço pode ser evidenciada ao longo de sua extensão, visto que quase um terço da população de Brasília atravessa esse

centro diariamente.

Na parcela inferior do edifício, o desenho privilegia os veículos e o arcabouço viário que o desenho urbano da cidade exige. O pedestre se percebe em segundo plano em um espaço hostil à caminhada e passagem para os demais setores da cidade. A acessibilidade é reduzida e o único reduto de segurança para o transeunte que percorre o espaço a pé é a estação central da rodoviária. Um amplo espaço que permite o trânsito interno de pedestres conta com a presença de quiosques, lanchonetes, serviços e demais atividades comerciais. Não deixa de ser, no entanto, um reduto isolado de livre percurso peatonal nesse nível do centro urbano, visto que é circundado por um anel viário que articula a conexão entre os eixos da cidade. Seu acesso é fácil a partir da plataforma superior, vertical apenas. No nível inferior, acessar a área requer superar a distância mínima de seis faixas de rolamento, independente do sentido de origem.

Na intenção de captar a vivência da paisagem central de Brasília, segue um ensaio fotográfico autoral que aborda os extremos do espaço urbano moderno. A análise foi dividida em dois momentos: o primeiro trata das cenas

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de transitoriedade que a vivência com o automóvel cria. A tensão entre a relação com a escala humana, a divergência de velocidades e o contraste da vivência entre os elementos criadores da paisagem, todos na parcela inferior da Plataforma Rodoviária. Em uma escala mais ampla - das vias urbanas -, compreende-se melhor a constituição do espaço físico e as relações dimensionais do centro.

Estão dispostas em sequência:

Foto 1: Ônibus e pedestres em movimento

Foto 2: Anel viário e linearidade

Foto 3: Velocidade

Foto 4: Pedestre em suspensão

Foto 5: Enquadramento do esquecimento

Foto 6: Multivocalidade às 18h

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Na parte superior da Plataforma, no entanto, as hierarquias se invertem. Em um espaço onde a série de atividades e serviços dos Setores de Diversões, Comerciais e Bancários se encontra em pleno funcionamento durante os períodos úteis da semana, o fluxo de pedestres encontra sua máxima expressão. Diferentemente da parte inferior, ali a escala humana encontra mais força que o automóvel, impondo ao veículo papel secundário no que diz respeito ao uso do espaço. Faixas de pedestre largas permitem o trânsito perpendicular da plataforma no nível superior. Lotadas durante os horários de pico, o espaço limita o uso pelos indivíduos por sua constituição física, que ainda encontra barreiras à vivência de diversas atividades de caráter coletivo. Tais atividades, como o comércio informal, apresentações artísticas, ponto de encontro de cidadãos com interesses similares, não deixam de existir, em absoluto, devido às características físicas do espaço. Ao contrário, se adaptam ao meio para que sua presença não se perca e criam identidade na multiplicidade cultural de Brasília.

Com toda a sua linearidade do caráter urbano horizontal proposto por Lúcio Costa, reforça perfeitamente as intenções do urbanista

na construção da capital. O patamar no centro da cidade permite que se criem perspectivas em qualquer direção que se observe, aproveitando-se das distâncias para conferir monumentalidade ao espaço. Sua forma curva impede o observador de visualizar seus limites e convida à possibilidade de uma paisagem infinita. No eixo Monumental, sua nomenclatura se materializa. Seja na parte superior do mesmo, ou na Esplanada dos Ministérios, cria pontos de fuga e perspectivas marcantes para quem que o vivencie. De um lado a Torre de TV esbanja a força de uma estrutura metálica de 224 metros de altura, enquanto a esplanada marca a representatividade da máxima expressão política do país com o Congresso Nacional. A singularidade de Brasília contradiz veemente a aproximação ao conceito dos não-lugares de Marc Augé. Como a maioria dos centros urbanos atualmente, é perceptível em Brasília a temporalidade do uso e a apropriação espontânea do espaço por indivíduos marginalizados socialmente, na busca de um abrigo. A transitoriedade que o espaço abarca, juntamente a seu caráter público, contribui para a possibilidade do uso genérico e acaba por dificultar em alguns momentos a apropriação

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afetiva por parte da população, o que não supera de forma alguma a singularidade do centro da cidade. O caráter monumental, histórico e social da Plataforma Rodoviária como experiência única no mundo a aproxima do lugar antropológico, contrariando a falta de identidade do não-lugar. Ali, a materialidade do espaço tão forte enquanto traço descobre sua força na vivência diária de milhares de indivíduos de diferentes origens que constroem em conjunto a paisagem da capital. No segundo momento do ensaio, sobre a plataforma superior, a escala humana prevalece em cenas da vivência cotidiana.

Estão dispostas em sequência:

Foto 1: Final de expediente

Foto 2: Brasilienses

Foto 3: Reflexo humano

Foto 4: Pedestres com voz

Foto 5: À espera

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

caracterizações projetadas da paisagem também exercem influência sobre a apropriação espacial.

É possível estabelecer diversas relações – muitas vezes contraditórias – entre o espaço de Brasília e a construção de conceitos de cunho urbano. Como fruto do pensamento moderno, a capital questiona, a partir de sua forma física imbuída de ideais sociais, preceitos norteadores e trajetória histórica, paradigmas estruturantes do espaço tradicional comum nas demais experiências mundo afora. Materialmente, o espaço construído exige adaptação por parte dos usuários na tentativa de reproduzir atividades coletivas sob uma realidade física diversa do usual, reconfigurando a forma como a mesma é realizada. A partir desse ponto de vista, é comum o entendimento no qual a cidade não possui a espacialidade bem habituada para que as dinâmicas sociais, já tão estabelecidas, se tornem fenômenos e que a força das

As questões da monumentalidade, cruzamento intencional de fluxos em determinadas áreas e setorização das funcionalidades urbanas, por exemplo, direcionam o uso da materialidade em questão, pois a cidade foi concebida a partir de ideias projetuais bem definidas. Nesse contexto, a compreensão do conceito da escala presente na construção do Plano Piloto é fundamental e muito influi.

A consolidação de um espaço urbano único historicamente, com exploração das intenções modernas, torna-se uma novidade quando se trata da vivência. É justo tratar das reconfigurações do espaço estabelecidas a partir dos indivíduos, onde o construído se adapta ao vivenciado e se relaciona com questões também presentes no ambiente projetado. Contradiz a forma da ocupação tradicional pois a mesma não cabe no ambiente inédito, exigindo assim que se reconfigure. Ao mesmo tempo, contradiz (em partes) o movimento das cidades contemporâneas de descentralização de funções essenciais da

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vivência coletiva, com a força social e ideológica presente na sua centralidade.

Como ponto mais visível da macro experiência de Brasília, o centro da cidade, presente na Plataforma Rodoviária e na centralidade cívico-monumental da Esplanada dos Ministérios, evidencia todas as questões abordadas por este texto. Em um processo contínuo e extremamente recente, as diversas distâncias presentes na sociedade encontram oportunidade para a interação e troca, ao construírem – a partir de seus encontros – a paisagem urbana mais pura da modernidade planejada. Muito se discute sobre o espaço e sua tradição nas vivências dispõe de um período de tempo muito curto para qualquer afirmação definitiva. O fato é que a Plataforma se reconstrói a cada dia e reconfigura os padrões urbanos planejados na teoria, com a vivência prática.

Eu sempre repeti que essa plataforma rodoviária era o traço de união da metrópole, da capital (...) Então eu senti esse movimento, essa vida intensa dos verdadeiros brasilienses, essa massa que vive fora e converge para a rodoviária. (...) Isso tudo é muito diferente do que eu tinha imaginado para esse centro urbano, como uma coisa requintada, meio cosmopolita. Mas não é. Quem tomou conta dele foram esses brasileiros verdadeiros que construíram a cidade e estão ali legitimamente.

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