Jornal Português Vivo Junho 2019

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Ano 1 • Junho 2019 • Jornal Mensal Gratuito

Ana Paixão Casa de Portugal André Gouveia A lusofonia aberta ao mundo

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© CATARINA JOÃO VIEIRA


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Maison Ô Grain D’Or Ferreira Boulangeire-Patisserie QUALITÉ ET TRADITION FRANÇAISE FABRICATION D’AUTHENTIQUES GÂTEAUX PORTUGAIS

44 Rue Léon Gambetta 76800 Saint-Étienne-du-Rouvray Téléphone : 02 35 65 13 33 Horaires Du mardi au vendredi: de 6h15 à 19h30 Samedi : de 7h à 19h30 Dimanche : de 7h à 13h www.facebook.com/maisonograindor/


EDITORIAL

JUNHO 2019

Editorial

Indíce

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Editorial

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Mensagem

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Tradições e solenidades ALICE GERMANO, editora

O

mês de Junho é rico em comemorações. Arraiais dos Santos Populares, Casamentos de Santo António, festas associativas... É tempo de marchas e manjericos, martelinhos e alhos porros, partir pucarinhos de Bisalhães, Vila Real... Estas tradições festejadas em todo o país principalmente em Lisboa, Porto e Braga, quer pela animação nas cidades quer pela originalidade, levam milhares de pessoas à rua. No dia 10 de Junho cele-

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bramos o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Até ao 25 de Abril de 1974, este dia era conhecido como o Dia de Camões, de Portugal e da Raça, este último epíteto criado por Salazar na inauguração do Estádio Nacional do Jamor em 1944 em memória das vítimas da Guerra Colonial Portuguesa. Mas quando nasceu este feriado? O 10 de Junho nasceu com a República quando Lisboa escolheu para feriado municipal o 10 de Junho, em honra do poeta Camões. Camões representava o génio da pátria, representava Portugal na sua dimensão mais esplendorosa e mais genial. O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas é pois um tributo à data do falecimento de Luís Vaz de Camões em 1580. É utilizada para relem-

brar os feitos passados do povo lusitano e também os milhões de Portugueses que vivem fora do seu país natal. Todos estes eventos são, pois, também lembrados na diáspora onde as associações e entidades oficiais, não esquecem e os comemoram a cada ano com grande fervor, sem deixar de marcar presença no gosto de uma sardinha assada ou de outras iguarias que a saudade faz salivar na comemoração deste dia e das tradições populares. Esta é uma ocasião para reviver e juntar toda a comunidade. O Jornal Português Vivo, assinala esta data com uma edição especial. Em destaque a casa de Portugal André Gouveia, no nome da sua diretora, Ana Paixão e com uma mensagem especial, do Senhor Embaixador de Portugal em França, Jorge Torres Pereira.

Tradições e solenidades. O mês de Junho é rico em comemorações. Arraiais dos Santos Populares, Casamentos de Santo Antônio, festas associativas...

Mensagem do Senhor Embaixador de Portugal em França, Jorge Torres Ferreira. Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Grande Entrevista Ana Paixão. Directora da Casa de Portugal, André Gouveia, na Cidade Universitária de Paris. Uma missão lusófona aberta ao mundo.

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Opinião Pública

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Amour et Glamour

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Especial Noivas de Santo António

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Actualidades

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Dia da Língua Portuguesa

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O que é para si ser Feliz? Nathalie Oliveira e António Cristóvão, abrem o seu coração.

Especial Dia do pai Produtos portugueses são referência neste dia.

Grandes criadores portugueses mostram todo o seu saber.

Eleições europeias no Consulado Português em Paris.

Humor e música nas comemorações da lusofonia, na UNESCO.

Publireportagem Publireportagem de Fernando Martins. Um Beirao que faz champagne, oferece turismo de habitação e vende móveis importados de Portugal.

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Regiões

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Literarte Brasil

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Fundação O Fiel Amigo “o Bacalhau”

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Agenda Cultural

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Tópicos da Beira Litoral de um Portugal desconhecido.

LU Mourelle fala-nos de museus e faz um convite de visita à sua galeria em Cascais.

Viagem à Haute-Savoie, organizada pela Fundação O Fiel Amigo “o Bacalhau”.

Perfumes de Lisboa em Paris...

Destinos Visita ao Arquipélago da Berlenga. Área protegida que integra as reservas naturais pelo Instituto de Conservação da Natureza e Floresta (ICNF) e considerada reserva da Biosfera da UNESCO desde 2011.

FICHA TÉCNICA Propriedade: Português Vivo – Associação cultural, recreativa e de lazer; registo na Bibioteca nacional com o n° 441009/18; SEDE 15 Rue de l’eau – 78840 FRENEUSE – FRANCE; CONTACTOS – E-mail: portuguesvivo17@gmail.com / Telefone +33 1 34 78 35 37; PRESIDENTE João Germano (E-mail: joaogermano61@gmail.com / Telefone +33 7 58 37 73 79); DIRECTORA Alice Barros (E-mail: alice.barrosgermano@gmail.com / Telefone +33 6 04 45 04 21); NOME DA PUBLICAÇÃO: Português Vivo; PLANIFICAÇÃO GRÁFICA: REDACÇÃO João Silvestre (Telefone +351 937 405 029); COLABORADORES: Jorge Campos, Nuno Pires, Ana Pestana, Joana Verissímos, José Vaz, Cristina Torrão, Matthieu Dos Santos, Alexandre Dos Santos, Helena Abreu Ferreira, Paula Francisco, Rachel do Vale, Artur Barth, Elisabeth Piquet, Benjamin Tricotaux, José Barroca, Silvania Alves; Paginação e Grafismos: Cátia Mingoyte e Manuel Gomes; Tiragem média: 10.000; Periodicidade: Mensal; Preço de Capa: Gratuito; Impressão Nacional: Unipress - Centro Gráfico, Lda, Travessa Anselmo Braancamp 220, 4410-359 Arcozelo - Vila Nova de Gaia – Porto. O Jornal “PORTUGUÊS VIVO” declina toda a adesão ideológica, politica e responsabilidades legais. Assim, todos os artigos (opiniões emitidas e teses expostas) serão sempre, exclusivamente, da inteira responsabilidade dos seus signatários.


04 MENSAGEM

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MENSASSEM DO SENHOR EMBAIXADOR DE PORTUGAL EM FRANÇA, JORGE TORRES FERREIRA

C

elebraremos, a breve trecho, o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Um dia que nos lembra donde viemos, a nossa terra, a nossa maneira de sentir o Mundo deste ângulo de termos Portugal nas veias, fazendo de nós todos uma Comunidade, onde quer que por acaso ou necessidade estejamos a viver. A História do nosso País, mais de 900 anos depois da sua fundação, é uma herança comum para qualquer coisa como 15 milhões de cidadãos-doMundo, vivendo dentro e fora do jardim à beira mar plantado. A nossa história futura joga-se na Europa a que também sempre pertencemos, e não quero deixar de saudar, dias depois das eleições europeias, todos aqueles que foram votar, não se resignando a que outros escolham por si os caminhos a trilhar. Assinalo que o número de cidadãos que, em França, foram às urnas para votar nas listas portuguesas quase quadruplicou face às Eleições Europeias de 2014. Estas eleições foram as primeiras em que os Portugueses residentes no estrangeiro foram inscritos nos cadernos eleitorais da mesma forma que o são os residentes em Portugal: automaticamente, com um mínimo de burocracias. É uma medida importante, mas que não nos faz esquecer que devemos

continuar a trabalhar para aproximar de Portugal toda a Comunidade aqui residente. É também com esse empenho que o Ministério dos Negócios Estrangeiros organizará, já nos dias 13 e 14 de Julho, o 1.º Congresso Mundial das Redes da Diáspora Portuguesa. Mas no sentido inverso também se aplica: há muito a fazer para estreitar a distância de lá para cá, de Portugal com os Portugueses aqui residentes, ganhando-se também com isso que em França se conheça melhor o nosso país (É uma faceta muito importante da minha missão enquanto Embaixador de Portugal em França). Aqui cabe todo o trabalho de promoção do nosso País: a sua beleza, as suas potencialidades, as metas a que nos propomos e que paulatinamente vamos atingindo. (É com justificado orgulho que passamos em frente ao grande armazém de Paris “BHV-Marais” e vemos os sinais familiares e tudo engalanado sob a frase-tema “Sous le Soleil du Portugal”.) Por fim, o dia de Portugal é também o dia de Camões, a celebração dum poeta. Honrar esta memória é continuar a lutar por este belo património que é a Língua Portuguesa, que não é só nossa mas de muitos, e que, transcendendo o nosso País e a nossa Comunidade, mais confirma que as nossas definições

de vida são sempre inclusivas: “há sempre lugar para mais um”. Resta-me reconhecer e agradecer o grande trabaPUB

lho das associações, como a Vossa. Viva Portugal! A todos, desejo-vos um feliz Dia de Portugal, de

Camões e das Comunidades Portuguesas. Jorge Torres Pereira Embaixador de Portugal em Paris


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06 GRANDE ENTREVISTA

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ANA PAIXÃO

Uma missão lusófona aberta ao mundo

“Estamos numa cidade internacional. A ideia não é só mostrar a língua portuguesa e as diferentes culturas associadas a ela, mas mostrar a forma como ela pode dialogar com as culturas do mundo”. Neste âmbito dirige o programa mulheres no mundo, uma permanência que já dura há 3 anos, feito em parceria com outras casas da cidade universitária. Eleita por unanimidade, pelos seus colegas, como sua representante, Ana Paixão, tem também, outras responsabilidades, não só na casa de Portugal, mas também no campus inteiro. Neste momento preparase também para receber uma das maiores bibliotecas de língua portuguesa fora de Portugal e do Brasil a partir de Janeiro de 2020. Nascida em 1967 esta instituição no coração da cidade internacional universitária de Paris por iniciativa de José de Azeredo Perdigão então Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian tornou-se ao longo do tempo um verdadeiro lugar de referência da cultura lusófona em Paris.

Texto: ALICE GERMANO

À

parte um curriculum preliminar deixo que o meu descobrimento seja sempre uma surpresa. De Ana Paixão (como quer que a chame), conhecia unicamente o cargo de diretora que ocupa na Casa de Portugal – André Gouveia, o de professora de literatura e língua portuguesa, na universidade Paris 8 e por fotografia na entrega da medalha da ordem do mérito, devido ao seu trabalho pela comunidade portuguesa. Mas confesso que por mais que me queira abstrair desse conhecimento preliminar existe sempre uma imagem que se forma. E a minha, era, uma imagem professoral, directorial e um poço de cultura. Foi, pois, uma imensa e agradável surpresa descobrir que para além da sabedoria, a sensibilidade e a humildade também moram no seu seio. Que para além da imagem de dirigente, existe pedagogia e feminilidade. Uma alma de missionária posta a tributo da cultura lusófona. Uma humanista extraordinária que tenta por todos os meios criar pontes, redes..., abstraindo-se assim de apoios institucionais estabelecidos e do guichet bilheteira. Quando se fala com Ana Paixão, há três palavras, que ao longo da nossa conversa, repetidamente se cruzam, entre sinónimos, analogias e compa-

A nossa missão é educar para os valores humanos. rações, envolvendo-me, no discurso de uma verdadeira empreendedora dedicada; missão, abertura e parcerias. Trabalhando em artes desde muito jovem, entra aos quatro anos, no conservatório e segue sempre uma formação artística.

Foi pianista durante muitos anos fazendo centenas de concertos tanto como acompanhadora, como solista, sendo também professora acompanhadora dos alunos de canto no conservatório nacional em Lisboa, fundamentalmente música francesa, tendo pa-

ralelamente dado aulas de francês, acabando por ter uma ligação muito forte. Com um duplo diploma na área da literatura comparada, em França e Portugal, a música e a literatura portuguesa, são as suas duas áreas de investigação sobre as quais continua a escrever e a fazer projetos. Em 2010, a experiência profissional no mundo da música e das artes conferem-lhe o perfil certo para ser a diretora da casa de Portugal.

Ana, porquê ter aceite estes cargos? Tenho uma história curiosa com a cidade universitária porque a primeira vez que vim a Paris, foi com a minha mãe. Tinha 11 anos e fiquei alojada na cidade universitária. Fiquei absolutamente fascinada. Lembro-me de ter saído de Paris dizendo que era a cidade que eu gostaria de viver e por isso logo de muito pequena fiquei com essa apetência por França, por Paris, pela língua, pela música. Sempre tive essa ligação forte, tanto a nível pessoal como pelo meu


GRANDE ENTREVISTA

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percurso profissional. Quis muito voltar a Paris depois da primeira experiência que tinha tido entre 2002 e 2004. Voltar para aqui em 2010, foi para mim relativamente óbvio. Porque é uma missão. Não só na parte cultural pois ser directora da casa não implica um trabalho a tempo inteiro; todos os directores tem paralelamente uma actividade académica o que significa que estamos partilhados entre esta missão na cidade universitária e o trabalho na universidade. Estas missões, faço-as com muito gosto! Costumo dizer que tenho 180 filhos para além da minha. Que actividades desenvolve na casa de Portugal? A nossa principal missão é receber estudantes, não só estudantes portugueses, que vêm completar uma formação ou iniciar uma carreira artística, mas do mundo inteiro. Recebemos 40 nacionalidades, no máximo durante 3 anos. Realizamos também 100 actividades culturais por ano. Essas actividades são sempre em dialogo com a língua portuguesa, fundamentalmente, não forçosamente com a

O nosso objectivo não é fazer eventos para portugueses estritamente, mas sim fazer dialogar a nossa cultura e as culturas de língua portuguesa com as culturas de outros países e estabelecer pontes aqui nesta Casa.

cultura portuguesa, mas com as culturas lusófonas. O nosso objectivo não é por exemplo fazer eventos para portugueses estritamente, mas sim fazer dialogar a nossa cultura e as culturas de língua portuguesa com as culturas de outros países e estabelecer pontes aqui nesta Casa.

Outra área de ação que temos aqui é relacionada com as mulheres e é uma missão pedagógica. Recebemos aqui no campus pessoas do mundo inteiro; temos todas as nacionalidades do mundo na cidade universitária, e comecei a aperceber-me que havia bastante dificuldade

de integração numa sociedade por vezes tão diferente da delas. Neste momento Portugal dirige, porque está na origem do projeto, mas fazemos também parceria por exemplo com a Suíça, com o Líbano, Estados Unidos, que estão neste momento com imensos

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ariano Aux caves du Portugal

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problemas relacionados com o género, com a Argentina que teve um referendo há pouco tempo muito complicado, e com o teatro da cidade universitária porque há muitas peças que colocam em cena a questão das mulheres e a identidade feminina. De que maneira atingem o público? Actualmente a programação da casa tem bastante divulgação. Muitas vezes o público vem aqui ter porque encontrou a programação sem saber da existência prévia da Casa. É uma situação que se cria a si própria: basta manter um padrão de qualidade. Apesar de tudo, a programação é feita com poucos meios e os músicos e artistas aceitam vir tocar e apresentar espetáculos sem qualquer cachê, porque não temos bilheteira. Mantemos o princípio da ideia universitária, pondo os eventos à disposição de Paris e destes 6000 mil jovens, desta minialdeia, que podem vir assistir a toda a programação. É uma missão em contínuo. Estamos constantemente a receber novas pessoas a fazer novas actividades.


08 GRANDE ENTREVISTA

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É uma missão em contínuo. Estamos constantemente a receber novas pessoas e a fazer novas actividades.

A partir de janeiro de 2020, por exemplo, a Casa de Portugal var receber a Biblioteca da Fundação Gulbenkian, com cerca de 55 mil livros, aberta ao publico. Será uma mais valia para a Casa. Que apoios tem a casa de Portugal para desenvolver as actividades a que se propõe? A Casa não tem apoios institucionais estabelecidos e tem um pequeno orçamento para actividades culturais muito residual, mas fazemos imensas parcerias, e é isso que é importante. Com o meu colega José Manuel Esteves da Cátedra Lindley Cintra da Universidade Paris Nanterre, com quem toda a programação desta Casa é feita em parceria, para cada projeto tentamos encontrar formas de financiamento. A programação dentro da cidade universitária é gratuita e por vezes esses meios passam pela disponibilidade dos artistas que aqui vêm e que aceitam estas condições. É preciso dizer que temos a possibilidade de termos neste momento duas salas abertas na Casa de Portugal: a Sala Vieira da Silva e a Sala Fernando pessoa, que foram financiadas graças à generosidade da comunidade portuguesa aqui da região de Paris e, portanto, se temos esta possibilidade de ter estes dois espaços é graças a mecenas dessa mesma comunidade, nomeadamente ao Senhor

Cândido Faria, o nosso maior grande mecenas. Qual o valor da cultura portuguesa? Há um valor identitário muito forte. Nós sabemos que a comunidade tem uma identidade forte, mesmo que muitas vezes essa identidade esteja dissimulada. Aconteceram-me situações interessantes desde que cheguei aqui à Casa por exemplo encontrar jovens criadores que estão inseridos nos grandes circuitos franceses, mas que se desligaram de alguma forma de Portugal. A missão desta Casa tem sido também de ir buscar essas pessoas e

de as reunir, dando-lhes aqui um espaço de ensaio, de apresentação de espectáculos, um espaço que podem utilizar como deles. Estamos a falar de jovens. E comunidade mais idosa? Há todo um trabalho que é de ir buscar essa comunidade que não está habituada muitas vezes a determinados circuitos culturais que agora se

criaram. Esse é um desafio conseguirmos muitas vezes captar esse interesse através das parcerias que fazemos com a coordenação do ensino, as entregas de prémios... Progressivamente estamos também a chegar a essa comunidade mais antiga dos anos 60. Tentamos fazer as nossas actividades no fim de semana para pudermos ter um público mais abrangente.

O objectivo do campus é verdadeiramente fazer com que as pessoas contactem umas com as outras, estabeleçam amizades e laços com pessoas do mundo inteiro.

O que lhe traz mais felicidade? Pessoalmente o que me traz muita felicidade é poder ter os pequenos almoços de domingo com todos os residentes, sentir que se ajuda verdadeiramente, que se muda a vida das pessoas. É uma missão exigente, que obriga a trabalhar 24 por dia. Os residentes não desaparecem, eles continuam na Casa e, por isso, o meu telefone nunca está desligado. Estou constantemente a trabalhar mesmo quando não estou fisicamente presente na Casa ou não estou em França. É muito gratificante para mim, poder ajudar para que talentos não se percam devido à falta de apoios e vê-los sair daqui com uma profissão, um diploma, com uma vida já organizada. Estou neste momento num recrutamento de colegas e insisto que virão para o campus para estar ao serviço. O título de “diretor” pode ser enganoso: terão muitas vezes de aspirar o chão, levar residentes ao hospital e ter uma missão de acompanhamento.


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10 OPINIÃO

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Isto da bola!... NUNO PIRES

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uando estamos a iniciar mais um período do designado “defeso” da bola, seria justo que ficássemos “aliviados” do bombardeamento de notícias, reportagens, entrevistas e comentários com que somos brindados repetidamente pelos meios de comunicação, dizendo quase sempre a mesma coisa e pouco acrescentando ao nosso saber, não obstante muita outra, pouco clara, que ficará por dizer. Até a comunicação social regional propagandeia e dá tanto espaço a “boleiros”, como se de qualquer coisa de muito interessante se tratasse e dela dependesse o desenvolvimento da vida social, desportiva, ou económica de uma cidade, vila, aldeia, região, ou mesmo de uma nação. Penso até que, nalguns casos, se tratará de um pouco claro “sorvedouro” de dinheiros públicos sem retorno ou mais valias positivas. Estou até em crer que se tivermos em conta as verbas

© DIREITOS RESERVADOS

DESPENDIDAS e não investidas, bem como os resultados globais daí derivados, o saldo seria francamente negativo, nomeadamente no contexto da sustentabilidade associativa e formativa. Também por isso, e não só, entendo que deveria haver umas merecidas férias, para deixarem de nos impingir, mediática e massivamente, “coisas da bola”, melhor dizendo, da “boleirice”, por vezes tão vazias de conteúdo e tão pouco pedagógicas para qualquer miúdo, ou graúdo. E digo da bola, porque me parece que o futebol na sua pure-

za como desporto e com as suas virtudes está, nestes ambientes ditos desportivos, muito longe de o ser. Na verdade, o futebol propriamente dito é, ou deve ser, algo muito mais dignificante e interessante, fundamentado em valores cívicos, morais e de desenvolvimento físico e educativo harmonioso, que potencie o crescimento integral de quem o pratica e de quem nele se movimenta. Acontecendo nesta perspetiva, trata-se de uma atividade que deve ser apoiada e desenvolvida, sobretudo em termos de forPUB

mação séria e devidamente orientada. Todavia, a “boleirice” parece ser uma outra bem diferente, que até pode rimar com palermice, aldrabice, para além de outros adjetivos tão desprovidos do valor da honestidade, bem como da ética e da moral. Mas a verdade é que alguns meios de comunicação, jornais, rádios, televisões e revistas não desarmam no seu encantamento com a bola. Massacram-nos com todo o tipo de mediatização decorrente da bola, valorizando, muitas vezes, tipos que de

homens e atletas GENUÍNOS pouco têm. Impingem valores que, de VOLORES nada têm, e exemplos que não devem ser exemplos para ninguém. A política mercenária e do vil metal impera, assim, nestes ambientes, imoral e desaforadamente, sem controlo e longe dos princípios da justiça e equilíbrio social. Isto para não falar na injustiça salarial e FISCAL. Seria, com efeito, interessante poder fazer-se uma reflexão séria, transversal e moral. O que não me parece fácil, já que da forma como este mundo se movimenta e é conduzido, parece ser disto que o povo gosta, que consome e aplaude, mesmo que a vida esteja má e se constate muita fraude. Neste contexto, também não menos lamentável, deparamo-nos com políticos que se “vergam” a poderes da bola, alguns até comentadores de refinado despudor. A sociedade não se educa, nem se desenvolve desta forma mediatizada e protetora, fazendo do púlpito da bola uma tribuna de afirmação de muitos incompetentes e, em nalguns casos, desonestos eficientes, bem como de “boleiros” transformados em “deuses” encantados, pouco educados e honrados, mas encantadores de incautas gentes.


PALAVRA PÚBLICA

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O que é para si ser feliz? NATHALIE OLIVEIRA Vereadora da Câmara de Metz. Vive em Metz

Texto: ALICE BARROS RAFAEL 17 anos, Estudante 1ere Freneuse Para mim ser feliz é ter uma casa, uma família que eu amo, uma vida sem problemas eu muita boa saúde para poder ser contente todos os dias. mas também um pai e uma mãe que me amo.

SAMANTHA 17 anos, estudante, Limay Para mim ser feliz é passar tempo com a minha família na alegria. Partilhar as tradições portuguesa à traves do rancho dos bailes e também na pratica do acordeão.

NEYDE FERNANDES 20 anos, Bois d’Arcy. Estudante no 1º ano de LEA inglês e português na Universidade de Nanterre É uma pergunta um pouco difícil. Ser feliz é uma mistura de muitos sentimentos, e não somos totalmente felizes porque sempre podemos o ser mais. Mas, ser feliz, para mim, é estar bem, estar num estado de serenidade na nossa vida que seja com os amigos, família... e quando a relação que tenho com eu mesma, está ótima, não posso ser feliz sem esses dois elementos que são muitos importantes.

CÉCILE DOS SANTOS PINTO 18 anos, estudante em terminal. Ecquevilly Para mim, a felicidade é uma filosofia de vida. A felicidade é saber apreciar cada pequeno momento da vida cotidiana e deixar as pequenas preocupações de lado. Ser feliz não significa ter muito dinheiro, roupas de luxo ou qualquer coisa. Significa saber estar satisfeito com o que se tem, ter tempo para as pessoas que ama e realizar os sonhos. ANDREIA 17 anos, estudante em 2nde Freneuse Para mim ser feliz é poder viver da minha paixão que é: o cavalo. Conseguir atingir o meu objetivo ser cavaleira profissional. Ter dinheiro e viver com as pessoas que amo. PUB

Ser feliz é um mistério grande demais para conseguir uma resposta do tamanho da pergunta inicial. Talvez a pergunta até nem tenha resposta alguma ou muitas, muitíssimas... Em poucas palavras, para mim, ser feliz é aprender humilde e sinceramente a colher a substância das coisas da vida. A substância do tempo, a substância das pessoas também. Isso é tarefa árdua, mas fascinante, pertence a cada dia que se acende e se apaga repetindo a promessa de ser feliz. Só promessa? Há dias mais cúmplices da minha felicidade do que outros, há dias quando

aparece um poema suspenso no ar ou no rosto de alguém trazendo respostas perdidas há muito, Acreditem, há dias quando a justiça acontece de verdade, nas ruas e nas casas, no coração dos homens da minha cidade porque lutei, lutei muito. Então acontece na minha rua, na minha casa, no meu coração de mulher. Pois a resposta é pequenina... mas assim sou feliz, muito feliz.

ANTÓNIO CRISTOVÃO Mestre Pintor Cascais, Portugal Ninguém nos pode fazer felizes. Apenas nós o podemos fazer. Esperar isso de alguém é colocar um grande fardo nessa pessoa. Sendo assim, para mim ser feliz é uma coisa pessoal. E como tal depende de nós mesmos, do que somos, do que queremos ser, dos nossos sonhos, das nossas expectativas. Pessoalmente, não é o dinheiro nem o poder

que me fazem feliz. A primeira coisa que preciso é estar em paz. O amor é outro aspeto importante. Sobretudo o amor próprio, e se por sorte tiver o amor de alguém querido, tanto melhor.


12 AMOUR E GLAMOUR

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Dia do pai

Se não quer deixar passar este dia em branco é está sem ideias para prendas, inspire-se nas nossas sugestões de artigos de Marcas portuguesas E para terminar em beleza? Uma prova de degustação de vinhos! Textos: ALICE GERMANO

COMODORO

Artigos que primam pela irreverência dos padrões e materiais Gravata de Seda Vila Viçosa Vermelho Gravata feita à mão em Portugal. 100% em seda de Como (Itália)

Livro «A Casa dos Espiões» Romance Pleno de mistério de Daniel Silva

Laranjinha

T-shirts em JERSEY 100% Algodão Se quer tornar o dia um bocadinho mais divertido e deixar pai e filho(a) a condizer.

Tiffosi

35 anos na arte de criação dos jeans perfeitos A qualidade superior dos materiais, a originalidade e a atenção aos detalhes fazem parte do ADN da Tiffosi assim como a incontornável preocupação em transformar um par de jeans numa peça de roupa distintiva e especial.

Quatro meses depois do maior atentado ocorrido em território americano desde o 11 de Setembro, os terroristas deixam um rasto de morte no exclusivo West End londrino. O atentado é fruto de uma brilhante proeza de planificação levada a cabo no mais rigoroso sigilo, com um único erro: uma ponta solta.

Cálem Porto

Uma visita privada com o Pai ao universo do vinho do Porto. Na presença de um guia privado, esta experiência inclui a visita ao museu interativo, a possibilidade de assistir ao cinema 5D e ainda de explorar as caves Cálem. No final o Pai poderá visitar a mítica “Sala Inglesa” onde está presente o quadro original que inspirou a imagem da marca “Cálem Velhotes”.

Antiga Barbearia de Bairro

Inspire o aroma, feche os olhos e viaje até aos bairros de outros tempos Mais do que uma Marca Os verdadeiros must-have contemporâneos do barbear clássico com o requinte de outrora.

Molkot

Coleção Natural Habitat De uma ligação profunda com a natureza, a Molkot tem uma nova linha de swimwear para todas as aventuras e gostos do homem moderno.


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14 ELA, ELE E A MODA

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Os segredos de casar em Junho

Junho é sem sombra de dúvidas um mês concorrido no que diz respeito a casamentos. Quem já não foi convidado para mais do que uma cerimónia neste mês? Será mera casualidade, ou dever-se-á ao facto de estarmos no mês de Santo António o Santo Casamenteiro? AC Alfaiates

Texto: ALICE GERMANO

Pureza Mello Breyner Atelier

Cada vestido que sai do atelier é único, tem uma história para contar e é personalizado ao máximo. Cada prova é mais um passo num percurso tão seu, tão nosso. As linhas gerais da colecção de vestidos de noiva 2019 têm como tema a década de 70. Foi na década de 70 que a moda se tornou realmente individual, que a roupa serviu verdadeiramente como forma de expressão e afirmação. E um vestido de noiva exclusivo, feito à medida, completamente personalizado e transformável não é isso mesmo?

A nossa coleção é composta por dez looks que na realidade são vinte. Todos se transformam numa segunda versão, todos são personalizáveis até ao mais pequeno pormenor. Todos visam ser um espelho da personalidade de quem o veste.”

Atualidades

Casamentos de Santo António

F

oi em 1958 que, pela primeira vez, 26 casais ficaram unidos pelo matrimónio na Igreja de Santo António. O objectivo da iniciativa, então patrocinada pelo Diário Popular, era possibilitar o casamento a casais com maiores dificuldades financeiras. Hoje, não há como fugir aos fa-

Joana Montez

Há cerca de sessenta anos exercendo a arte de cortar e coser tecido, orgulhamo-nos de manter viva, em Viseu, a profissão tradicional de alfaiate, sempre atentos aos mais recentes materiais – os tecidos.

mosos Casamentos de Santo António, uma marca incontornável na tradição popular de Lisboa, marcada para 12 de Junho, às 12.00, na Sé de Lisboa e Paços do Concelho. São 16 os casais lisboetas a celebrarem a boda – se quiser, pode ir atirar umas pétalas e um arrozinho em jeito de celebração.

Madbridal

Mas porque é que afinal Santo António é casamenteiro?

Algumas lendas populares dizem que o popular santo certa vez ajudou uma moça que queria se casar, mas não tinha dote. Ela foi orientada a ter muita fé e, em poucos instantes, moedas de ouro surgiram diante dela. Assim, a donzela pôde finalmente se casar. Outra história muito popular que tenta ilustrar o assunto é a da moça devota que, cansada de esperar anos por um marido, se irritou com a imagem do santo e atirou-a pela janela. A imagem, por sua vez, atingiu a cabeça de um rapaz que estava de passagem, e a donzela revoltada foi pedir desculpas ao moço. Os dois, naturalmente, apaixonaram-se, casaram-se e viveram felizes para sempre.

A Madbridal nasce em 2015 pelas mãos de Madalena Braga. Caracterizada por um gosto pessoal e uma criatividade nata, trabalhou em vários projectos e marcas que a ajudaram a traçar o seu estilo tão próprio. Em 2016 conhece Inês Freitas, inspirada por um estilo intemporal que se traduz no seu trabalho de forma singular e criativa. Em conjunto, desenvolvem colecções e projectos exclusivos de vestidos de noiva. Toda a confecção é feita em Portugal de forma cuidada e com muita atenção aos pormenores, pois acreditam que é isso que faz a diferença.

O processo criativo de Joana Montez tem sempre em consideração a personalidade da noiva, o local onde decorrerá o casamento e a época do ano. O produto criado por Joana Montez é procurado por noivas modernas que procuram design, dentro de um estilo boho e muito feminino. Todos os vestidos são feitos por medida. O atendimento no atelier é totalmente personalizado. Os vestidos são desenhados e construídos um de cada vez, tornando cada um deles numa peça única e original.

Guilman’s

Guilman’s é uma marca de roupa e também um espaço Pronto a Vestir dedicado. Estão situados no coração de Leiria, Dispõem de tudo o que um homem de bom gosto procura, desde a roupa de cerimónia à casual e aos acessórios. Para eles o cliente é importante e é para ele que trabalhamos com muito gosto.


ATUALIDADES

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Eleições Europeias

Consulado Geral de Portugal em Paris, transformou-se em muro de lamentações “Viemos de tão longe e agora não podemos votar!!! E agora como fazemos para ir para Portugal? Dizem-me que eu escolhi votar pelos franceses. Nunca fiz tal coisa nem nunca farei! Quero lá saber deles! Nunca renegamos a nossa pátria! Sou portuguesa, adoro o meu querido Portugal! Coitadinho do meu Portugal! Estou doente! Doí-me a cabeça! Nunca me rejeitaram para votar! Não entendemos o que isto quer dizer”!

Texto: JOÃO GREMANO

O

jogo da final da taça de Portugal no sábado e o dia das mães no domingo, eram possíveis justificações para a fraca adesão ao cumprimento do dever cívico, facto, é que pouco mais de 200 eleitores compareceram no sábado e um pouco mais no dia seguinte. Em jeito de brincadeira, diz-se que Paris é a segunda maior cidade portuguesa e por tal, o consulado, à espera de um mar de gente, dividiu as listas dos eleitores por quatro mesas de voto, sendo que a quinta era para a região de Rouen que dista 200 km de Paris e que felizmente não se enterrou virgem a urna, porque um eleitor cumpriu o seu dever cívico e que por ser único, não teve o seu voto anónimo. Tratando-se de uma abstenção superior a 80% deduz-se que os emigrantes portugueses em França não quiseram viver a sua Portugalidade. Hoje não falamos apenas de porteiras

José Alfredo Martins Maria Sofia Lopes

e pedreiros, pois aqui vivem também portugueses contabilistas, advogados, bancários, gestores, professores, actores, padres, deputados, médicos, e muitos outros que possivelmente fizeram outras opções eleitorais e até mesmo geográficas. O jornal Português Vivo

pôde ainda constatar que uma grande maioria de portugueses não pôde votar, porque segundo indicação das listas, estavam os seus nomes assinalados com asteriscos que segundo os responsáveis, se tratava de uma sinalética em que os eleitores tinham optado por votar para as eleições em França. PUB

Conforme alguns depoimentos, confirmou-se o desagrado dessas pessoas, uma vez que afirmavam não terem feito qualquer opção dessa natureza. Tal facto também aconteceu em casais, em que um deles tinha o dito asterisco e o outro não. Foram momentos de perplexidade e descontenta-

mento que obrigavam o acompanhamento dos responsáveis presentes nos esclarecimentos devidos. De referir que uma boa parte da Portugalidade, veio da comunidade Afro -Portuguesa, em grande representatividade que felizmente não encontrou entraves com os asteriscos.


16 ATUALIDADES

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“Não posso votar porque tenho um asterisco no meu nome no caderno eleitoral. Dizem-me que eu pedi na “Mairie” para votar pela França, mas eu nunca fiz tal coisa”.

“O meu descontentamento é sobretudo pelo facto de em 2019 ainda termos que recorrer aos cadernos eleitorais em papel, pelo desperdício físicos papel em si, e pelo desperdício dos recursos humanos na impressão, acresce ainda o tempo que demora a procura do nome nos cadernos que em mesas mais concorridas permite

Jorge Manuel Almeida

“Não posso votar!? Como não!? Isto é uma vigarice! Venho aqui votar há mais de 50 anos. Há tantos quantos vivo na França e agora dizem-me que tenho asterisco no nome!!! É uma vigarice! Chamem lá o Dr. ou lá quem é, para me vir explicar a situação. Isto vai para a assembleia”.

o atraso com filas de espera. Outras das razões é pelo facto de não haver alternativa de escolha de outros locais pois por vezes o cumprimento de obrigações profissionais não permite votar. Creio que esta razões desmotivam as pessoas a virem votar”. Cláudio

Francisco Lopes

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18 ATUALIDADES - LUSOFONIA

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Humor, música e solenidade no dia da lingua portuguesa e da cultura na UNESCO do. Ela tem que estar também nestas organizações multilaterais, com força, com impacto, com tradição, com inovação, com as coisas do passado e com as coisas do futuro. Foi isso que procuramos fazer neste dia da língua portuguesa”.

Texto: ALICE BARROS

O

dia 5 de maio foi instituído como o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2009 e, desde então, tem sido celebrado um pouco por todo o mundo. Neste âmbito e presidido por Cabo Verde, a sede da UNESCO, um local particularmente apropriado, que se reveste de um especial simbolismo, pela sua missão e valores fundacionais, foi palco de celebração do Dia da Lingua Portuguesa e da Cultura na CPLP, dia 22 de maio de 2019, valorizando a sua universalidade e a diversidade das culturas no seu seio.

Instituto Lusófono

gua portuguesa não tem tido na minha opinião espaço suficiente neste multilateralismo. No fundo com esta iniciativa quisemos chamar a atenção para isso. A língua portuguesa é a mais falada no hemisfério sul. É uma língua com um impacto enorme no mun-

“O português já foi melhor e é isso que acontece com Cabo Verde e todos os outros países. Quando alargamos a base de ensino a todo o mundo, perde-se a qualidade, mas ganha-se em quantidade. O desafio do futuro é que se tenha mais quantidade e qualidade. A língua portuguesa é o nosso grande património”, disse Hércules Cruz, embaixador de Cabo Verde em França e junto da UNESCO. Para o embaixador de Portugal na UNESCO, Sampaio da Nóvoa, em conversa com o Português Vivo, este evento representa a vontade de valorizar a língua portuguesa numa organização Multilateral. “A UNESCO é uma das grandes organizações multilaterais do mundo, e a lín-

António Sampaio da Nóvoa

Com apresentações dos alunos do Instituto Lusófono e do Liceu Internacional de Saint Germain-en-Laye, em homenagem a a Sophia de Mello Breyner e declamações de textos de Germano Almeida, momentos musicais, desde o DJ Stereossauro, passando pelo grupo moçambicano Kakana ou os brasileiros Bateria Show, tendo havido ainda intervenções institucionais, pelos altos representantes presentes. O programa incluiu também, mesa redonda com os humoristas Ricardo Pereira e o Fary Lopes. “Eu acho a língua portuguesa óptima. O meu tra-

Hércules Cruz, embaixador de Cabo Verde em França e junto da UNESCO


ATUALIDADES - LUSOFONIA

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balho é quase todo sobre a linguagem. Essa é a minha matéria prima, o meu tema principal. É aquilo que eu mais gosto de falar. É a maneira como a gente através das palavras diz que diz o que não queria ou revela mais do que queria dizer, ou então o contrario, falar durante imenso tempo sem dizer coisa nenhuma. É mais ou menos o que tenho estado a fazer”. Disse Ricardo Pereira.

mos da reforma do ensino médio e do bacharelado em França. Pior, a implementa-

ção anunciada é um perigo real de erradicação das chamadas línguas “raras”,

particularmente portuguesa e que a lista de cursos de especialização em LLCE

Este evento ocorreu numa altura em que, o futuro da educação portuguesa parece estar em risco pelos ter-

Ricardo Pereira e o Fary Lopes

Brasileiros Bateria Show

DJ Stereossauro

Grupo moçambicano Kakana

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contém apenas inglês, alemão, espanhol, italiano e idiomas regionais.


20 PUBLIREPORTAGEM

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FERNANDO MARTINS

Beirão que pelos valados de Châtillon-sur-Marne, faz reluzir o ouro francês Texto: JOÃO GERMANO

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ma chamada comprometeu a minha viagem. O convite foi feito nesse único contacto. Viajei no dia seguinte para a região do champanhe e foi um prazer imenso degustar uma taça à conversa com quem há mais de 20 anos domina o conhecimento do ouro francês. Falo-vos de Fernando Martins. Natural de Aguiar da Beira. Cedo deixou a sua terra natal, um pequeno paraíso onde o meio natural é um privilégio e do qual ainda hoje, lamenta: “é um crime. Não é? Tiraram-me da minha terra, abandonei a escola aos 11 anos e

vim para a França trabalhar! Deviam ser presos. Não acha”? Este desabafo persegue-o, mas hoje aceita-o porque à cerca de 20 anos atrás deu um novo rumo à sua vida, começando juntamente com a sua mulher a trabalhar as vinhas, especificamente as que se transformam em néctar cobiçado por todos em todo o mundo. A vida foi-se alterando e face ao esforço e dedicação conseguiu a confiança dos grandes produtores da região que lhe entregavam os seus hectares para cuidar. Cria a sua própria empresa e à vários anos que é responsável por alguns trabalhadores efectivos e sazo-

nalmente recorre a mais de 250 pessoas, habitualmente portugueses. Homem de desafios e pela necessidade das suas estruturas cria mais uma empresa na área da construção, a SARL MAÇONGites des Sablons

NERIE MARTINS. Através deste serviço para além de todo o conhecimento, oferece aos seus clientes a qualidade e as garantias dos materiais portugueses que importa directamente. A vinha


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22 PUBLIREPORTAGEM A simpatia dos seus genes e o gosto por receber leva-o a criar em Châtillon-sur-Marne um verdadeiro paraíso para quem procura descanso e lazer – GITES DES SABLONS. Um espaço dividido em verdadeiras casas familiares de diversas tipologias, com capacidade para 40 pessoas onde se pode desfrutar de todos os confortos e apoios. Os casamentos, batizados, seminários e outro tipo de festas também não foram esquecidos e aqui encontram um salão com capacidade para 250 pessoas com todas as infra-estruturas de apoio. A marca e o cunho dos móveis portugueses são também uma referência a visitar no show-room permanente da sua empresa CM DESIGNER MEUBLES, com sede também nesta região. Ao Senhor Fernando Martins e família agradecemos a hospitalidade e desejamos os maiores sucessos e votos de que continuem como verdadeiros embaixadores de Portugal.

Sobreiro, a unica arvore desta espécie em França e que aqui se tem desenvolvido. Segundo Fernando Martins trata-se da aproximaçao da cortiça à regiao do champanhe.

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Antigos tuneis onde o champanhe se purificava, deixando o resíduos nas paredes da madeira


SALÃO IMOBILIÁRIO

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8ª edição do Salão do Imobiliário e Turismo Português Um show de oportunidade para projetos pessoais, profissionais ou de investimento

Texto: ALICE BARROS

P

ara quem procura sol, praia e mar, um património histórico importante, uma boa acessibilidade e um país seguro, Portugal não só é bom para viver, investir, empreender e trabalhar, mas também para apreciar. De 17 a 19 de maio de 2019, decorreu a 8ª edição do Salão do Imobiliário e Turismo Português, no Parc Expo Porte de Versailles.

Com 120 expositores e mais de 40 conferências dedicadas a este evento, este Salão é um encontro incontornável para descobrir as oportunidades do mercado imobiliário português, uma oferta ampla e diversificada, acessível a todos os orçamentos e enquadrado por um ambiente legal e fiscal favorável. Do apartamento até a casa através das propriedades excepcionais no interior ou à beira-mar, todos poderão encontrar

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24 SALÃO IMOBILIÁRIO a propriedade que lhes corresponde. O público-alvo do salão são essencialmente: a comunidade lusófona radicada em França, particulares franceses, ou não fossem eles os que mais investem no sector imobiliário em Portugal, seguidos dos brasileiros,

empresários e Fundos de Investimento Imobiliário Franceses. Os expositores são oriundos de vários sectores: Imobiliário, Turismo, Construção, Banca, Serviços, Gastronomia, Actividades turísticas, Institucionais, Câmaras Municipais, Regiões.

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26 REGIÕES - BEIRA LITORAL

Beira Litoral

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Licor de Merda

Beira Litoral é uma província histórica (ou região natural) situada na região do Centro de Portugal, abarcando porém três municípios situados na região do Norte. É, constituída por 38 concelhos, integrando a maior parte dos distritos de Aveiro e Coimbra, metade do distrito de Leiria, e ainda um concelho do distrito de Santarém.(Ourém). Fátima o maior centro religioso de Portugal.

Labirinto do Minotauro

Perto de Coimbra, junto às ruínas romanas de Conímbriga, encontra-se na Casa dos Repuxos a nossa versão do Labirinto do Minotauro, semelhante ao que a mitologia aponta em Creta, datado do século II d.C., sobre a qual é possível caminhar. O labirinto é quadrangular e composto por lajes de duas cores, formando quatro espirais nos quatro cantos do quadrado. No meio, a cabeça de um touro, representação em busto do Minotauro. Este tipo de ornamento, de óbvia origem grega, foi-se reproduzindo noutras zonas da europa através da expansão do Império Romano, que o adoptou, quase sempre através de mosaicos, e que explica como é que tal obra aqui chegou.

Originário de Cantanhede no ano de 1974, e resultado da bem humorada imaginação de um dos seus habitantes, Luís Nuno Sérgio, o Licor de Merda é, graças ao seu escatológico nome, conhecido nacional e internacionalmente. Ingredientes do Licor A base dele é o leite, ou o leite já transformado em licor, embora haja uma exótica fusão de outro tipo de alquimias, maioritariamente de frutos, dando-lhe uma coloração amarelada.

Santuário de Nossa Senhora da Candosa Entre Góis e a Lousã, no Cerro da Candosa: numa colina feita em quartzo que o rio Ceira, num trabalho quase impossível e de imbatível paciência, apercebemos uma capela, É na ermida que se alça na penedia que, a 15 de Agosto, por tradição se juntam as gentes de cá, numa celebração colectiva à sua Senhora. Em torno, a vegetação. As mimosas, as giestas, se a época for de floração, e as urzes serranas. A lenda da Senhora da Candosa Diz que à beira do monte da Candosa vivia um mouro. Mouro, convertido à fé cristã, muito abastado, explorando ouro no rio, colhendo frutos de várias árvores, trabalhando em prolíficas terras agrícolas. Numa altura em que os sarracenos ainda predominavam nesta zona da península, nada poderia causar mais inveja. Primeiro, um homem tão afortunado que fazia todos os outros parecerem pobres. Segundo, um homem dos seus que renegou o Deus do Islão se entregou ao Deus do inimigo. A invídia ganhou con-

tornos de malvadez quando um outro mouro, com um certo poder na região, resolveu projectar a construção de um muro de pedra e terra, impermeável ao curso do Ceira, que obrigasse a água a acumular-se a montante, alagando solos e, por fim, afogando o cristão-novo. Assim foi, e durante dias, com a ajuda fervorosa de outros defensores da causa islâmica, o muro foi-se fazendo, grosso, de alicerces fundos, intransponível. Todos se preparavam para finalizar aquela enorme parede e estancar o avanço da corrente. No entanto, numa noite de descanso, algo aconteceu. Não se sabia bem porquê, mas na manhã seguinte não havia muro. Todas as pedras vieram parar ao chão, e o rio Ceira corria livremente. O mouro, embora furioso, não desistiu, e tornou a chamar as suas tropas para que uma nova barreira, ainda maior, fosse construída. Novamente, o muro foi erigido. E novamente, numa noite, sem razão aparente, caiu. À terceira vez o mouro não quis ouvir mais desculpas. Prendendo quem achava irresponsável ou

possivelmente culpado das desfeitas anteriores, seleccionando os seus melhores homens e chamando outros mais, edificou uma autêntica muralha. Coisa digna de castelo. Foi para casa no último dia de trabalho, com a certeza de que desta vez não haveria falhas. E nessa noite teve um sonho que nunca lhe tinha passado pelo sono. Uma senhora, sentada num burro, passeava morosamente pelo muro, e por cada passo dado pelo burro, pedras atrás caíam, sem esforço, como que por magia. Acordou sobressaltado o mouro e pôs-se a caminho da sua obra. Quando lá chegou, viu a mesma senhora com que tinha sonhado. Os seus pés colaram ao chão e não conseguiu aproximar-se dela. O muro, tal qual como previra o seu inconsciente, desabava à passagem da mulher sentada no animal. Não tinha dúvidas que estava na presença de um milagre, e no dia seguinte, humildemente, foi ter com o cristão novo para lhe dizer que queria adorar o seu Deus. E juntos, construíram uma capela no cimo do monte. Conta-se que as pegadas do burro lá estão, na pedra, junto ao miradouro.

Origem do nome Parece haver duas explicações. Luís Nuno Sérgio, o seu criador, disse ter um garrafão de 20 litros para onde costumava mandar resíduos de outros licores que ia fazendo, dando o nome de licor de merda. Este será o embrião de tudo. Depois houve uma segunda aplicação do nome quando se resolveu cristalizar a receita e avançar oficialmente com o produto. Neste caso política, que, segundo se diz, é um repto a esta classe e à desordem partidária, quando Esquerda e Direita não se entendiam numa altura de pós-revolução, e o país andava a poucos metros de uma guerra civil. O comerciante não vai de modas e dirige-se directamente ao então Primeiro-Ministro Vasco Gonçalves, como também pode ser lido no rótulo: “um produto de alta qualidade, cuja fórmula pertenceu no final do séxulo XX ao Frade maluquinho Basku Gonsalbes”. A marca foi ainda alvo de uma pequena rábula feita por dois conhecidos apresentadores televisivos espanhóis, que, ao saberem que Cantanhede tinha feito um licor com tal nome, resolveram telefonar para a pequena cidade Beirã a pedir mais informações sobre a dita merdalicorosa.

Fonte: portugalnummata.com

Texto: ALICE BARROS

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REGIÕES - BEIRA LITORAL

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Castelo da Lousã Densa floresta cobre um pequeno castelo que uma lenda diz ter sido construído para proteger ouro e uma princesa moura – e conta-se que ainda hoje a podemos ouvir chorar Também conhecido como Castelo de Arouce, data do século XI a primeira vez em que ele é mencionado em papel. Passou para mãos cristãs em definitivo quando D. Afonso Henriques lhe entregou foral. Foi peão importante no avanço além Coimbra.

Lenda do Castelo da Lousã Não é de espantar que um sítio destes, sacado a uma fábula medieval, tenha sido alvo de lendas. O mais antigo documento veio de Frei António Brandão. Aqui vivia, nestas terras que um dia foram moçárabes, um rei mouro, de nome Arunce, muito protector da sua filha, Peralta. Tão protector que lhe resolveu construir fortaleza no meio dos bosques, como refúgio para cenários imprevistos. A paz por este burgo foi-se evaporando à medida que

Ovos Moles de Aveiro

Começou como muitos doces – um aproveitamento da parte dos ovos que não servia para nada. Mais tarde, essas sobras resultaram naquele que é, provavelmente, o mais famoso doce do país. Origem dos Ovos Moles É a primeira coisa que nos lembramos quando falamos de Aveiro, a par da Ria e dos Moliceiros. Desde o início do século XVI que as freiras do Convento de Jesus de Aveiro (hoje convertido em museu), fizeram experimentações com o açúcar doado pela Casa Real, originário da Madeira. Primeiramente, era usado como curativo para os doentes que lá entravam. Mas quando os ovos e galinhas de uma aristocrata, Dona Brites, começaram a ser fornecimento habi-

tual do convento, o açúcar ganhou uma outra finalidade. As claras dos ovos tinham vários usos, o mais conhecido deles era a sua utilização como forma de engomar os vestidos das freiras. Mas as gemas, que como é óbvio, também fazem parte do pacote, não serviam para nada. Além do mais, as gemas tinham um prazo de validade curtíssimo, depois de aberta a casca e retirada a clara. E aí entrou a doçaria, quando, depois de diversos testes, se confirmou que juntando açúcar às gemas elas duravam mais tempo do que o normal. Não sabemos exactamente quando apareceram os primeiros Ovos Moles, mas, dado o contexto, podemos afirmar com alguma dose de segurança que o embrião deles apareceu aqui. No fundo, com uma receita com base em água, ovos e açúcar que se foi actualizando, juntando-se posteriormente a capa actual, feita de uma finíssima massa de farinha –

os exércitos cristão chegavam, vindos do norte. E chegou um liderado por Lausus, invadindo a zona setentrional do que hoje é a Lousã, obrigando o rei e a princesa a retirarem-se até ao castelo agora acabado. Mas a meio da fuga, Peralta avistou Lausus, e Lausus avistou Peralta. A paixão, ainda que improvável, ou sobretudo por isso, aconteceu. Lausus, vitorioso nas últimas batalhas, resolveu ir à procura da mulher por quem se apaixonou, vasculhando em todo o canto da serra. Sabendo Arunce que, mais dia, menos dia, o seu inimigo iria dar com o castelo, resolveu ele passar ao ataque, e ir enfrentar Lausus cara a cara, deixando todo o seu tesouro, bem como Peralta, na fortaleza. No dia em que encontrou o líder cristão, travou com ele violento combate, saindo vitorioso. Peralta soube da morte do homem que viu uma só vez e desatou a chorar. Um choro tão prolongado que, conta-se, ainda pode ser ouvido. a mesma usada nas hóstias ou como cápsula comestível de alguns medicamentos. Hoje há quem coloque os ovos em pequenas barricas de madeira, devidamente ilustradas com imagens alusivas à cidade de Aveiro. Conta-se que foi mesmo a empregada da última freira que por lá viveu que, sabendo do segredo, o levou consigo para a rua. Lenda dos Ovos Moles Diz-se que uma freira, ao cometer o pecado da gula, foi castigada pela sua superior. Aparentemente, a freira era de gancho, porque nem o castigo a demoveu e começou ela mesma a fazer um doce com os ovos e o açúcar que se produzia no convento. Um dia, ouvindo passos e percebendo que seria apanhada em flagrante, decidiu esconder o preparado no meio da farinha usada para as hóstias. No dia seguinte, as freiras, quando olharam para a massa das hóstias, viramnas recheadas de um doce tão bom que facilmente o adjectivaram de divinal, uma bênção enviada lá de cima.

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Bairrada

História da Região A Bairrada, como o próprio nome indica isso, bairrada, zona de terrenos barrentos ou de barro, enquanto região vinícola, conta com uma história longa e instável, de altos e baixos. É sabido que se fazem vinhos nesta vasta área desde, pelo menos, o século X – isto é, ainda antes da fundação do país. Conhece-se, a atestá-lo, a autorização dada por D. Afonso Henriques ao cultivo de vinha na Herdade das Eiras, já no século XII. Contudo, o reconhecimento chegou novecentos anos depois, na segunda metade do século XIX quando a Bairrada começou a chegar aos ouvidos dos consumidores como produto

de qualidade. Definiramse oito concelhos (Anadia, Cantanhede, Águeda, Aveiro, Mealhada, Coimbra, Vagos e Oliveira do Bairro). E foi também aí que se fundou a Escola Prática de Viticultura da Bairrada, fundamental para o desenvolvimento técnico dos seus vinhos, e responsável pelo primeiro espumante da zona, aquilo que, a par com a casta Baga, se tornou objecto identificador da região. Os vinhos Bairrada A Bairrada é conhecida pelo seu espumante, mais do que qualquer outra coisa, mas os seus tintos têm conquistado bocas em todo o país, invadindo agora novos mercados – França, Canadá, China, Brasil, entre outros.

Leitão da Bairrada Uma confecção rigorosa e que exige dedicação e tempo vale a despesa – o Leitão da Bairrada é uma das Sete Maravilhas da gastronomia portuguesa. Da Mealhada ou da Bairrada? Esta é a pergunta que alguns ainda fazem quanto ao nome a dar, e se, porventura, há diferenças entre eles. No fundo, estamos a falar do mesmo modo de preparação do leitão, sendo que quando fala-

mos do Leitão da Bairrada estamos a ser mais inclusivos, já que esta região abrange vários concelhos – e a Mealhada é apenas um deles. Contudo, a contribuição da Mealhada na questão do cozinhado de leitões e, mais que tudo, o número de restaurantes que começaram a abrir exclusivamente por causa deste famoso prato fez com que, na maior parte dos casos, especificássemos a cidade da Mealhada em detrimento de outras.


28 REGIÕES - BEIRA LITORAL

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Dunas de Vagos

Moliceiro Ícone de Aveiro e da famosa ria que lhe entra terra adentro – do seu extremo norte, em Ovar, ao seu ponto mais a sul, em Mira -, o moliceiro é um dos barcos mais peculiares de Portugal. O moliceiro e o trabalho em Aveiro O seu nome revela a sua função primórdia: usavamno na recolha e transporte do moliço, a vegetação dos rios, como algas e limos, utilizado posteriormente como fertilizante natural da terra nas actividades agrícolas. Os tempos modernos chegaram e a agricultura passou, ficando o moliço relegado para segunda categoria, virou-se para o turismo, como o atesta a regata feita anualmente, entre a Murtosa e Aveiro.

Características do Moliceiro De cores vivas e quentes, guardam-se os melhores painéis para a proa, onde o espaço é mais amplo e menos escondido pela água, arranjando-se até uns centímetros para se escrever um chavão associado à ilustração. Aqui, na frente, desenha-se alguma coisa que reflicta o proprietário do barco e do qual este se orgulhe. Em muitos casos, estas autênticas e literais figuras de proa têm motivos eróticos, quando não nitidamente grosseiros. Noutros, mais púdicos, saúdam-se símbolos nacionais e religiosos. Para a ré é guardado um desenho menor, muitas vezes reproduzindo o trabalho da faina ou do campo.

Mata da Margaraça A Mata da Margaraça é a jóia da coroa da Serra do Açor, uma floresta que representa um dos últimos redutos do que foi em tempos a flo-

resta autóctone das zonas serranas beirãs, e que agora apenas sobrevive em algumas áreas de matagal como é o caso desta mata.

Origem Em 1928, o município de Vagos entregou um terreno ventoso e desguarnecido ao Estado Português. Imediatamente a oriente deste, encontravam-se terras

férteis nas imediações de Vagos, fornecidas de água pelo Rio Bouco. Os ventos Atlânticos de noroeste, eram uma ameaça à agricultura local. Tornouse uma condição necessá-

ria do Estado proteger os solos mais fecundos. Foi então que se decidiu criar uma barreira de dunas e vários tipos de acácias e, sobretudo, de pinheiros bravos.

Fraga da Pena A Fraga da Pena é a pérola da Mata da Margaraça, uma zona onde abundam os cursos de água em harmonia com a vegetação rica e frondosa da mata. Na zona da fraga podemos encontrar diversas casca-

tas de grande beleza. Uma destas cascatas dá o nome à Fraga da Pena e jorra de uma altura de 19 metros de altura, sendo uma das atracções paradisíacas do património natural da região. Caracterizada

como uma zona de recreio e de lazer, contendo mesas de merenda feitas em xisto, pontes de madeira, passadiços, escadas feitas em pedra ou xisto e antigos moinhos feitos inteiramente de xisto.


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30 REGIÕES - BEIRA LITORAL

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Costa Nova Vale das Buracas do Casmilo Perto da aldeia do Casmilo há paredes de rocha esburacada. São grutas que exploram as deficiências do calcário, que aqui é rei. As Buracas do Casmilo estão perto de Condeixa -a-Nova, As covas são de desenho vagamente horizontal, de média profundidade – podem chegar à dezena de metros, mas não muito mais do que isso.

Piodão Piódão ou, de outra forma, aldeia presépio, como passámos a classificá-la, carinhosamente. Percebemos esse presépio quando lá entramos pelo lado oeste, vindos de Coja, Arganil, ou Tábua. Uma mancha de casario de um ou dois ou três andares, com uma cor próxima da cor da terra, feito em xisto, apenas interrompido por um estranho percalço em cal: a igreja, uma extravagância a confundir a solenidade do lugar. Conta a lenda que aqui se

Baú de tesouros Conta-se, a par com muitas outras grutas que existem em Portugal, que dentro daquelas buracas se esconde ouro. Ouro antigo, de posse moura. Veio todo do Castelo de Soure, ali ao lado, numa altura em que os sarracenos tiveram de se retrair para sul como consequência das investidas cristãs vindas do norte. Verdade ou mito, não sabemos.

A praia da Costa Nova, ou da Costa Nova do Prado, em Ílhavo, coladinha a Aveiro e aos seus moliceiros, deverá ser das poucas mais conhecidas. Isto porque a surpresa está nas costas do casario balnear. Um alinhamento de casas, que obedecem a um padrão decorativo invulgar. São casas de pescadores, ou pelo menos eram-no na altura da construção, com um sentido apurado no uso das cores. Estas encontram-se tão bem pintadas e conservadas que parecem

montagem para um filme. Várias viveram já mais de duzentos anos. Serviam de arrecadação para os materiais da pesca. Começaram a ser construídas nos inícios do século XIX, quando os homens do mar se viram obrigados a uma deslocação para sul. Com o tempo, tornaram-nas espaço para viver. Diz uma lenda local que a primeira surgiu de um pescador que avistou uma sereia entre a ria e o mar, e que lá montou uma casa para a voltar a ver – essa,

pintou-a de uma cor intercalando-a com branco, por recomendação de uma bruxa que lhe disse que o branco afastava o mau olhado. Para tornar a ver a amada, teria de recolher o reflexo que a lua fazia no mar, numa noite em que ela estivesse cheia, e recorrendo a redes de pesca, tudo isto em total silêncio para que o desencantamento da mulher-peixe funcionasse. Não funcionou e o pescador nunca mais a viu, mas a casa lá se fixou, dando o mote às outras.

por gente. Caso não procure, a pouca gente que lá está encarrega-se-à de procurar o visitante. É uma terra de montanha, a mais de setecentros metros de altitute. O traçado de Aigra Velha Uma aldeia ímpar quando olhamos para a sua planta, de casas concêntricas, a olharem umas para as

outras e de costas voltadas para o exterior, numa quase fortaleza civil, sem muralha. As casas têm a particularidade de comunicarem entre si através de corredores internos, isolados da vida lá de fora – mais um exemplo de comunitarismo em território português, como aliás se pode ver no tanque e forno públicos. O xisto, vence por maioria face a qualquer outro material. A vegetação rasa que se vê à volta de Aigra Velha é pensada e executada por mão humana, que no Verão queima os campos para que nasça vegetação nova a partir daí.

Aigra Velha escondeu um dos assassinos mais famosos do país, Diogo Lopes Pacheco, um dos carrascos de Inês de Castro, na fábula real que foi esse amor impossível de Pedro e Inês. Tendo em conta o quão oculta está, num aconchego serrano difícil de chegar, parece ter escolhido bem. Até porque não foi o único – testemunhos do Piódão ser esconderijo de outros salteadores são frequentes aqui em volta. É agora parte do Roteiro das Aldeias Históricas de Portugal.

Aigra Velha é uma pequeníssima aldeia do centro de Portugal, atarraxada na Serra da Lousã e pertencente à extensa caminhada que se pode fazer através da Rota das Aldeias do Xisto. A mais alta das xistosas Apoximamo-nos dela quando subimos, a apontar ao cume, passando por Comareira e por Aigra Nova. À chegada vêem-se os quartzíticos Penedos de Góis, que contrastam o seu cinzento com o acastanhado próprio do xisto. Quem lá for, que procure


REGIÕES - BEIRA LITORAL

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Drave «Aldeia Mágica» com o belo cenário natural que a rodeia. É ainda percorrida por um belo rio que resulta da afluência dos ribeiros de Palhais, Ribeirinho e Ribeiro da Bouça. O rio culmina numa pequena cascata, no coração da aldeia.

Entre a Serra da Freita e de São Macário, após um caminho que, vindo de Arouca e passando pelo Portal do Inferno, se adivinha pedestre dado o mau estado das estradas, e no qual se podem avistar imponentes águias a sobrevoar as serras, avista-se numa cova do sopé de ambas as serras uma aldeia de xisto de

seu nome Drave, que é também conhecida como a “Aldeia Mágica”. A atmosfera da aldeia atribui-lhe este nome, visto ser desabitada. É composta por imensas casas de xisto em tudo semelhantes às históricas aldeias de xisto que abundam nas Beiras, em harmonia com a bonita Igreja, os tradicionais espigueiros, e

A vida em Drave Drave é desabitada, mas não abandonada, sendo objecto de visita frequente de escuteiros e exploradores agrícolas que lá mantém alguns cultivos. Pensa-se que os últimos habitantes terão saído da aldeia há cerca de duas décadas, mas a origem da aldeia é desconhecida, tendo-se no entanto a noção de que terá bastantes séculos devido à presença de castanheiros centenários na aldeia, e sabendo-se que é o berço da família de sobrenome Martins. Os seus habitantes dediPUB

cavam-se à agricultura de cultivo e pastoril, e também à exploração mineira de volfrâmio. A atmosfera misteriosa da aldeia ganha ainda mais um toque de magia ao ser considerada assombrada. A lenda do menino Carlitos Conta-se que os últimos habitantes na aldeia da família Martins, o Sr. Joaquim e a Dª. Aninhas, já com avançada idade, receberam um dia na aldeia a visita de um rapazinho de 10 anos chamado Carlitos, de proveniência desconhecida, e aparentemente abandonado. O casal, que vivia sozinho, afeiçoou-se à criança e adoptaram-no, e o Carlitos passou a ajudar o Sr. Joaquim a arranjar lenha. No entanto, num trágico dia, o Sr. Joaquim estava com dificuldades em cortar um velho castanheiro, e pediu ajuda ao Carlitos. Por azar do destino, quando o rapazito chegou, foi quando a árvore

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finalmente cedeu, tombando em cima da perna do Carlitos e esmagando-lhe o joelho e o fémur. Em grande aflição, o Sr. Joaquim percebeu que era grande a hemorragia, e que o Carlitos iria morrer ficando ali, e viu-se obrigado a cortar a perna do rapazito com o seu machado de forma a conseguir transportá-lo até casa. Apesar deste esforço, a meio do caminho o rapaz faleceu da perda de sangue. O Sr. Joaquim, com grande agonia, percebeu que não poderia levar o Carlitos de volta, pois a sua esposa nunca mais ficaria bem, e decidiu carregar o corpo até perto de Palhais e ai enterrá-lo. E assim foi. Diz-se que o choque foi enorme para o casal, e acabaram por falecer semanas mais tarde. Mas conta a lenda que o Carlitos ficou a assombrar Drave, em busca de um corpo para habitar, e que o seu sangue ainda pode ser encontrado no trilho entre Drave e Palhais.


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NELSON RAMOS Homenagem à avó cria “Justelinda”. A alheira de Mirandela certificada – A mais tradicional que ela pode fazer. cida, que foi para a fabrica desenvolver o produto mais tradicional, para eu puder trazer; feito à mão, com os produtos, métodos e a fumagem indicadas, como se fazia tradicionalmente na aldeia. Num percurso lento e difícil, Nelson tenta fazer o trabalho de pedagogo para que este produto tenha uma maior aceitação. “É um trabalho longo. Tenho-me esforçado em detrimento da minha família, mas é um trabalho que tem de ser feito. Mostro às pessoas como deve ser cozinhado, como deve ser consumido. Aí quando provam associam o produto e a aderência é maior. Com outros produtos em carteira, nomeadamente, os azeites transmontanos que por si só, são uma referência de qualidade, o trabalho é mais fácil, prin-

Texto: ALICE BARROS

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e gosta de produtos autênticos regionais, tais como alheiras de Mirandela, azeites ou da região de Trás-os-Montes e se ainda por cima gosta dos três, tem de conhecer Nelson Ramos; o embaixador dos pequenos produtores, biológicos se possível. Empreendedor lusodescendente, nasceu em Tours há 34 anos, indo bem cedo para Portugal onde ficou por mais de quatro anos. Primeiro os estudos e depois o trabalho, seguindo os passos do seu pai na área da construção civil, acabou por abrir um restaurante, privilegiando os produtos da terra. Na lida de vinhos e enchidos, reparou que o grande problema destes pequenos e médios produtores era tirar os bons produtos que têm lá, muitas vezes barrados pela incapacidade de cargas e um número de situações que dificulta muito o escoamento dos seus produtos para o exterior. “Este problema despertou-me algum interesse. Como nunca esqueci a língua francesa, lancei-me num desafio de voltar à França. Sem conhecer ninguém na região parisiense, comecei a fazer prospeção e vi que havia mercado. Fiz uma aposta há quatro anos. Uma aposta difícil porque nunca tinha trabalhado aqui e foi muito difícil abrir a minha empresa, alugar uma casa ou um armazém para os meus produtos”.

alheira de Mirandela foi “oAseu produto de aposta. Nelson achava que era um dos produtos chave.

A alheira de Mirandela foi o seu produto de aposta. Nelson achava que era um dos produtos chave, por todo o trabalho que estava a se feito a nível de certificação, o que hoje já é uma realidade. Neste sentido criou uma alheira certificada em parceria

com a marca Eurofumeiro. “É um produto que eu tento aqui, ao máximo desenvolver, explicando às pessoas a diferença de uma alheira certificada. Nós para salvaguardar o nosso produto, criamos a marca “Avó Justelinda” em honra à minha avó, já fale-


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O primeiro vinho “ espumante português em

lata no mundo. Esta é uma inovação nacional. cipalmente com o azeite mais básico, já conhecido e apreciado pelo mercado da saudade. O mercado francês está no seu horizonte, mas com azeites mais picantes, característica do azeite transmontano, mais de acordo com o paladar dos franceses. Exemplo disso são os azeites Premium da Casa de Santo Amaro premiada internacionalmente.

“São azeites fantásticos, que estão a entrar pouco a pouco. O mercado da saudade quer um azeite mais básico, com um palato mais suave, contrariamente ao que deveríamos consumir”. Dedicou-se também à parte dos vinhos de várias regiões, tais como de Trás-os-Montes, vinhos verdes, do Douro, da Bairrada, tendo aceitado a aposta no vinho em lata.

O primeiro vinho espumante português em lata no mundo. “Esta é uma inovação nacional. A vantagem é pudermos beber quantidades pequenas, contrariamente com a garrafa que perde qualidades senão for bebida integralmente, num curto espaço de tempo. A lata vem revolucionar este conceito. Nelson quando fala dos seus produtos fá-lo com conhecimento de causa. PUB

“A primeira avaliação é feita por mim, para eu ter a certeza daquilo que falo aos meus clientes”. Dando um passo de cada vez, mas seguramente,

vai conseguindo alargar e conquistar um mercado à partida conhecido, por ter uma certa desconfiança a provar e arriscar um produto novo. PUB

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Você costuma ir ao museu? Texto: LU MOURELLE

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omeço este meu artigo com uma pergunta. Se estiver na dúvida, então faço uma outra mais simples (provavelmente acompanhada do seu levantar de sobrancelhas): quando foi a última vez que esteve em um museu? No meu caso, vou sempre. Faz parte do meu trabalho de pesquisa. A cada cidade que visito, mesmo a turismo, procuro um museu ou centro cultural para conhecer. O que acontece comigo também é comum com outros turistas. Veja o caso do Museu do Louvre, o mais visitado do mundo e com recordes puxados pelo turismo. Somente no ano passado foram pouco mais de 10 milhões de visitantes. É certo: vai a Paris, vai ao Louvre. A mesma coisa acontece com o Museu Van Gogh (Amsterdã), o Guggenheim (Nova Iorque) e por aí vai. Apesar da possível ló-

gica – quanto mais turistas, mais filas nos museus, não é bem isso que está a acontecer em Portugal, pelo menos de acordo com os números oficiais. Os dados do governo português mostram que o número de visitantes de museus, palácios e monumentos administrados pela a Direção-Geral do Patrimônio Cultural (DGPC) caiu cerca de 9% entre 2017 e o ano passado. A queda interrompeu a frequente alta anual desde 2014. O que será que aconteceu se todos os indicadores mostram que o turismo em Portugal está a bater recordes? Não é surpresa para ninguém. Em 2017, Portugal contabilizou 20,6 milhões de turistas, conforme os números do Instituto Nacional de Estatística. No ano passado, a marca ultrapassou os 21 milhões. Fui então procurar especialistas que pudessem me esclarecer o assunto. Para Jaime Silva, vice-presidente da Sociedade Nacional de Belas Artes de Lisboa, trata-se de problemas pontuais. Ele cita o exemplo do Museu dos Coches, que perdeu 8,6% de público no ano passado. O museu foi aberto em 1905 e ganhou um novo edifício, também no Belém, em 2015. “O antigo Museu dos

A Torre de Belém, um dos monumentos mais emblemáticos de Portugal está a perder frequência em suas visitações.

Segundo dados oficiais, diminui o número de visitantes nos museus portugueses.

No Porto, como por todo o país, percebe-se uma queda em visitação aos museus e monumentos, com relação aos dois últimos anos.

Coches era o museu de Portugal mais visitado. Entretanto, construiu-se um novo museu. Mereceu um prêmio de arquitetura, mas do ponto de vista funcional, não o é. Há dificuldade de acesso e há condicionantes para o público. Estamos a falar do museu mais importante de Portugal e que deixou de ser o museu mais popular e rentável. Deixou de ter frequência”, cita Jaime Silva. Logo ali, perto dos Coches, a Torre de Belém recebeu 23% de público

a menos em 2018. Já o Mosteiro dos Jerônimos apresentou uma queda de 7,5% e o índice do Museu do Chiado despencou 37%. Curiosamente, o Museu do Azulejo, que fica mais distante da principal zona turística da cidade, teve um aumento de 13% na frequência entre 2017 e 2018. Na opinião da curadora Helena Mendes Pereira, os museus estão a perder a oportunidade fixar seus públicos com a alta turística. “Há espaços que não têm

conteúdos em duas línguas, os recursos humanos não são suficientemente formados para informar, cativar, esclarecer. Do ponto de vista da experiência nós somos muito clássicos, muito conservadores. Então, se a experiência não é valorosa o suficiente, naturalmente registra-se uma queda. Isto não tem a ver só com a falta de investimentos do Estado, tem a ver com a criatividade, com muitos fatores combinados”, comenta a curadora, a ressaltar ainda que as experiências consideradas não-culturais, como o seightseeing e a gastronomia têm mais capacidade de comunicação, marketing e podem ser mais divertidas para o turista – tornam-se uma opção. Caro amigo leitor, antes de terminar, chego à conclusão de que museus não podem viver somente de um passado preservado. Devem olhar para o futuro, exatamente como nós.


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Lu Mourelle inaugura galeria na Cidadela Art District em Cascais

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Obras da artista brasileira apostam na exaltação do feminino e desconstrução das formas

om criações em torno da mulher contemporânea, Lu Mourelle abre no próximo dia 8 de junho sua galeria na Cidadela Art District, em Cascais, em uma parceria com o Grupo Pestana. Na inauguração, a exposição “Madames em turnê” exibe as personagens inquietantes e enigmáticas que já foram vistas pelo público em exibições em França, Alemanha, Luxemburgo e Brasil. Lu Mourelle Art Gallery terá ainda um espaço dedicado a outros artistas em projetos que buscam aproximar o público das artes plásticas. A obra de Lu Mourelle retrata personalidades que transmitem diferentes temperamentos e índoles, sempre com olhares e semblantes capazes de atrair a atenção do público. A beleza atípica, mas contemporânea, é apresentada sob formas e proporções originais, marcas registradas e impressas no percurso da artista brasileira. “Todas as criações são baseadas na minha bagagem emocional, pois desde criança estive a morar em diferentes cidades entre a Europa e o Brasil. Assimilei características sociais e culturas distintas. Então, são personagens reais, embora estilizadas, mas sempre com algo importante a acrescentar. Cabe ao visitante interpretá-las”, comenta Lu Mourelle, que este ano é presença confirmada no elenco da Bienal de Florença, que acontece em outubro. Com experiência ainda no mundo das passarelas, já que trabalhou no ramo

arte é para todos e torna a nossa vida mais alegre, mais saudável. Cabe aos profissionais e entidades estimularem a difusão artística com propostas que facilitem o diálogo e o contacto com a população. Aqui na Cidadela, isso acontece”, define a artista. Lu Mourelle Art Gallery está situada na Fortaleza da Cidadela de Cascais, no Bairro dos Museus. O complexo abriga hotel, ateliers, restaurantes, livraria, local para shows e ainda o Museu da Presidência da República. A galeria é um projeto em parceria com o Grupo Pestana, que também administra outros espaços destinados aos artistas no projeto Cidadela Art District.

da moda de luxo, as criações da artista trazem o magnetismo de personagens impactantes, mas que fogem ao realismo. A coleção de “Madames” da artista já pode ser apreciada em exposições em Paris, Toulouse, Stuttgart, Luxemburgo, São Paulo, Rio de Janeiro e, recentemente, em Albufeira, no Algarve. Agora, chega a Cascais. “O projeto da galeria vai abrigar não somente as Madames, mas também trabalhos de diferentes artistas e que o visitante precisa ter acesso. A galeria tem a missão de

aproximar artistas e público”, ressalta Lu Mourelle, a reforçar a ideia de que

é preciso cada vez mais tornar os espaços de arte menos excludentes. “A

Lu Mourelle Art Gallery abertura: 08 de junho de 2019, às 18h Horários: de terça a domingo, das 11h00 às 20h00 Fortaleza da Cidade de Cascais Av. Dom Carlos I 2750-310 Cascais

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Academia do Bacalhau de Lyon O que fazemos e quem somos...

JORGE CAMPOS

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m Lyon um grupo de amigos reuniu no ano 2003 para projetarem a criação de uma Academia de Bacalhau. E durante três anos jantares e encontros, levaram-nos finalmente a tomarem a decisão da criação e oficialização da Academia do Bacalhau de Lyon. Precisamente no dia 23 de junho 2006 nasceu esta associação “filantrópica” onde a camaradagem, e a amizade tem grande lugar, e sendo também estes valores as “fundações “ da academia de Lyon. Todos os meios sociais e profissionais aí se encontram representados, desde empresários, bancários, artesãos, entre outros, mas todos com os mesmos objetivos de solidariedade, de ajuda, e sentimentos com base nos valores humanos de entre ajuda. O principal objetivo, é de angariarem fundos, para depois se distribuírem aos necessitados, como pessoas deficientes, instituições caritativas seja em

França como em Portugal, e também as vitimas de catástrofes naturais. Também viverem momentos de partilha em jantares mensais que determinaram serem em todas as terceiras sextas feiras do mês. Decide-se da escolha do restaurante, e o menu, como não podia deixar de ser, o Bacalhau nas suas diferentes formas de ser cozinhado. José Luís Proença durante anos teve ao seu encargo dirigir esta associação como presidente do ano 2006 ate 2017 e na data de hoje Américo Jesus é o novo presidente. A direção de 2019 é composta por dois vice-presidentes José Luís Proença e Mário Almeida, secretárias Emília Silva e Célia Silva, e finalmente os tesoureiros José Brás e Mickael Santos. Hoje a Academia conta também com a presença das comadres ao nível da direção, assim como no decorrer dos seus jantares. Durante estes treze anos a Academia distribuiu cerca de sessenta mil euros a varias instituições assim como a pessoas singulares. Em França o “ Restaurant du Coeur” “Dr.Clow”, e famílias em dificuldades financeiras assim como ajudas para tratamentos de saúde. Recentemente ajudaram as populações sinistradas de Moçambique e no passado os Bombeiros de Portugal, e as populações da Madeira vitimas dos incêndios.

Todos os anos é organizado um jantar de “gala” que reúne alem dos compadres e comadres os amigos e seus familiares. A data para 2019 esta agendada para 16 de novembro. Quem somos nós? Um Pouco de História das Academias do Bacalhau no mundo. A primeira Academia do Bacalhau, fruto de uma velha e curiosa história de amizade lusófona, nasceu em 1968 em Joanesburgo, África do Sul, onde na altura viviam e trabalhavam cerca de um milhão de portugueses. A ideia de se criar tal Academia surgiu num jantar, oferecido em março de 1968, no Hotel Moulin Rouge, em Hillbrow, Joanesburgo, ao jornalista Manuel Dias de «O Primeiro de Janeiro», que na altura se encontrava de visita àquele país e durante o qual se discutiu, entre outros assuntos relacionados com a comunidade portuguesa, como comemorar naquele

país o dia 10 de junho, Dia de Portugal. Foram quatro amigos, entre os quais Durval Marques, Presidente Honorário das Academias, que em boa hora tiveram a feliz ideia de fundar a «Academia do Bacalhau de Joanesburgo», iniciando assim um movimento de que não imaginavam as repercussões, não suspeitando terem criado uma gigantesca onde de choque no domínio da amizade, portugalidade e solidariedade social. Depois desse histórico jantar, tiveram lugar algumas reuniões para se estabelecerem os respetivos princípios e normas e se pôr a ideia em marcha. Foi assim que, no dia 10 de junho de 1968, se realizou o primeiro jantar-tertúlia no Restaurante «Chave d’Ouro» para se comemorar pela primeira vez na África do Sul o dia de Portugal e se inaugurou oficialmente a Academia do Bacalhau

de Joanesburgo, hoje chamada de «Academia-Mãe», tendo como primeiro presidente José Ataíde. A primeira Academia criada em Portugal foi na Ilha da Madeira. Atualmente existem 59 Academias do Bacalhau em todo o mundo, todas ostentando a mesma designação, os mesmos objetivos, a mesma base de encontro entre compadres, e comadres, e funcionando em termos gerais de forma semelhante. No entanto, cada Academia é totalmente independente. A mais recente criação foi em África na cidade de Nelspruit a 24 de Outubro 2015. Com o nome de Academia pretendeu dar-selhe um significado de mais uma Tertúlia que congregava pessoas ligadas por uma sólida amizade e que pretendiam valorizar-se e obter o merecido reconhecimento no país de acolhimento e não qualquer convecção com habilitações académicas, que os seus membros pudessem ou não possuir. De resto, como na Academia os títulos, as posições sociais e de negócios não tinham cabimento nas salas das nossas reuniões, uma tal ligação com habilitações escolares estaria totalmente fora de qualquer contexto. Decidiu-se pelo nome de Compadre e comadres, porque é assim que se chama ao melhor amigo ou amiga e que se escolhe para ser padrinho dos nossos filhos, e na Academia o denominador comum de união era exatamente a amizade. O congresso anual das academias ao nível mundial terá lugar neste ano 2019 em novembro nos dias 16 a 20 de outubro em Portugal na cidade do Porto. Este evento reunira os membros compadres/comadres de todo o mundo.


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Culto de Nossa Senhora de Fátima em Rhône - Alpes 69 e L’Ain 01

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entro da vaga de imigração, que aconteceu nos anos cinquenta e sessenta, vinda de Portugal, e tendo como destino a região Rhône-Alpes 69 e a região vizinha Ain 01, o povo português trazia também nas suas bagagens muitas tradições populares e também as religiosas. Tradições estas, que rapidamente fizeram florir nestas regiões, muitas associações, que hoje contamos perto de quinze, onde o folclore era, e é, a principal atividade, mas também na fé, na religião católica, mas aqui é sobretudo o culto a Nossa Senhora de Fátima. A primeira organização das peregrinações, e encontros aconteceram nos anos sessenta, em 1965 precisamente, onde algumas famílias pedem a diocese, a autorização de se encontrarem no domingo mais próximo do treze de Maio e de homenagearem assim a Virgem de Fátima na basílica de Fourviere, ponto culminante da cidade de Lyon, com uma celebração Eucarística e procissão. Desde essa data, e sem interrupção, a basílica de Fourviere na cidade de Lyon, tem sido um ponto de encontro diocesano, e de culto Mariano em terras gaulesas, e onde também foi erigido um altar na cripta de S. José nos anos oitenta, em honra de Nossa Senhora de Fátima. Nos dias de hoje são cerca de quatro a cinco mil devotos que se reúnem nestes dois dias, sábado e domingo, agradecendo a Virgem as múltiplas graças recebidas, e pedindo novas graças. Duas vezes no ano, em Maio e Outubro, a comunidade reúne-se nesta grande devoção e homenagem a Virgem Maria. Percorrendo a região Rhône-Alpes, podemos encontrar o mesmo fervor Mariano em Neuville s/Saone,

onde a comunidade honra a Virgem Maria no primeiro domingo do mês de Outubro, com missa e procissão, e que reúne mais de mil peregrinos. Mais a norte, na vila de Bourgoin Jallieu o mesmo fervor e culto a Nossa Senhora se vive com missa e procissão e que reúne perto de um milhar de devotos. Na vila vizinha, em Belleville, e aqui é no ultimo domingo do mês de Maio que

se venera a Virgem Maria. Varias famílias, e a associação portuguesa local, organizam estas festividades onde a comunidade residente nesta região vinícola do “ Maconais” adere e participa com fervor na fé Mariana, num numero superior a duas mil pessoas. Vindo para sul, no mês de Maio e Outubro, encontramos também a mesma fé mariana, nas vilas de St. Fons, e Feyzin, onde varias famílias, nestas duas paróquias, organizam missas, e a recitação do terço e procissões. São, pois, aqui feitos dois encontros anuais. No centro da cidade no bairro da Croix Rousse na paróquia de S. Bruno varias famílias oriundas da região transmontana também

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convidam a comunidade nos mês de outubro a celebrarem e a venerarem a Virgem Maria num domingo mais perto do treze. E continuando mais para sul, na vila de St Genis Laval encontramos o mesmo fervor e festejos em honra de Nossa Senhora de Fátima que animam a comunidade portuguesa vindos de todos os pontos da diocese. Continuando mais a sul, encontraremos na vila de Brignais, um altar em honra de Nossa Senhora de Fátima na igreja paroquial, criada em 1990, onde uma organização de culto mariano cheio de vitalidade, e de fé, aqui é preparada pela associação que ofereceu a Imagem a paróquia e com a participação de varias famí-

lias que mantém o altar florido durante todo o ano. Um projeto de criação de um altar na vila de Ternay onde a associação portuguesa, e muitas famílias alimentam este projeto com reuniões e pedidos de autorização da parte da diocese de Lyon. Esta homenagem será para ser feita no mês de outubro. No final do mês de Maio, uma das mais importante, visto o numero de “peregrinos “ a participarem nos dois dias de festejos, vindos mesmo da Suíça vizinha .Aqui a homenagem a Virgem Maria anima a vila de Montluel(01), e tem também um ar de arraial minhoto que se produz no final da festa religiosa . São perto de duas mil pessoas a marcarem presença nesta vila, onde a fé Mariana e o folclore vão lado a lado nas ruas da velha vila onde a comunidade vive desde há longos anos. A fé Mariana vivida na comunidade portuguesa nestas duas regiões, teve e tem, sempre um grande interesse para a comunidade pois por vezes nestes meses, maio e outubro a comunidade percorre todas estas vilas e cidades, pontos de celebração em honra a Nossa Senhora de Fátima. Encontramos por vezes as mesmas caras, as mesmas famílias a prestarem homenagem, reconhecimento e a testemunharem da sua fé a Virgem Maria.


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ANTÓNIO PINTO

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Apresenta-nos vinhos de Portugal, da região do Douro e do Minho

jornal Português vivo foi ao encontro de António Pinto, que, na região de Lyon desde há já uns anos, apresenta e tem sido um verdadeiro “embaixador” dos vinhos de Portugal assim como de produtos “Gourmet” da gastronomia portuguesa. António Pinto pode no falar de onde é oriundo, a sua terra natal e a região? Eu nasci no ano 1965, no mês de Agosto, na linda terra, e que tem grande nomeada “Vista Alegre”, onde se trabalha a cerâmica e o cristal, isto perto de Ílhavo distrito de Aveiro. Os meus pais imigraram, para região de Lyon, e eu vivi e fiz os meus estudos ate a idade de catorze e anos em casa dos meus avos paternos. E no ano 1979 vim viver com os meus pais para França em Lyon. Já em terras de França como iniciou a sua vida de jovem imigrante e quais eram os seus sonhos de jovem adolescente? Recomecei a estudar, agora em francês, que já conhecia um pouco do colégio português; mais tarde apos o “brevet” fiz uma orientação para uma formação profissional, na área do mobiliário e agenciamentos de espaços. Mais tarde parei estes estudos, seguindo uma proposta de um diretor de hipermercado, isto ocupando seis anos da minha vida. A que momento você viu que poderia trabalhar por conta própria ser empreendedor e criador da sua empresa ou negócio? Para fizer viver minhas ideias, assim foi em 1989 que criei “AMS” que existiu ate 2005; empresa especializada em agenciamentos de espaços profissio-

nais com grandes marcas francesas e internacionais, sendo também um dos primeiros a propor às empresas clientes, a gestão externalizada de serviços gerais, gerindo assim os serviços de manutenção dos prédios, dos espaços interiores, exteriores, das limpezas, mudanças e vários agenciamentos. Em 2005, aos quarenta, tive vontade de mudar da área dos serviços para a área de outros produtos, dos vinhos em particular e para ter mais contato comercial com o publico. Habituado aos vinhos franceses, fiz a escolha de reviver com Portugal, através dos vinhos e produtos “gourmets” do nosso país. Assim transformei esta paixão pelos vinhos e a gastronomia em atividade profissional. Criei então “Lusiprod”, que viveu de 2005 a 2007, mudando de nome para “Milesimes et Gourmandises”, mais francês, mais gourmet, mas sempre com mesma paixão. A sua estratégia nestes domínios foi então, de se apropriar uma cultura vinícola e gastronômica para melhor cativar os seus clientes. Como procedeu? Pois eu sou o que se chama uma pessoa muito curiosa e dai nasceu o “oenofile” que sou. E o que me facilitou nas minhas pesquisas sobre o vinho em Portugal e em França. Sou autodidata, mas com fontes de informação sérias, e foi visitando esses produtores de vinho e regiões, e de conviver com eles, que assim obtive todos os meus conhecimentos amizades e afinidades, e isto de todas a s regiões de Portugal e em França. Hoje muitos deles são os meus fornecedores. Escolhi o rumo dos eventos comerciais em França,

como os salões gastronómicos, feiras internacionais, e outras manifestações, para mostrar assim o “meu” Portugal. Assim andei por França inteira ao contato de potenciais clientes, e foram eles portugueses e franceses. Poderia citar alguns viticultores com quem trabalha, e nos dizer os critérios que o levou a essa escolha? No inicio, era com a vontade de mostrar toda a riqueza de Portugal, tinha vinhos e produtos de todo o país, mas rapidamente deime conta que não poderia assim ser, sendo um conjunto muito importante. A nossa produção vinícola é muito rica, mesmo sendo um pequeno país. Então optei por duas regiões bem particulares, e que mais me agradavam em termos de qualidade e de diversidade para as “propor” aos meus clientes. A região DOC Douro e meus excelentes parceiros, Vieira de Sousa, Vasques de Carvalho, Boeira, Portal, Quevedo. A região do Minho e os “Vinhos Verdes”, representada por Miguel Queimado “Vale de Ares” e a Quinta da Lixa. Além destas duas regiões em destaque, também faço a proposta de vinhos de um amigo viticultor da Doc Trás -os-Montes, o José Preto, e de vez em quando de outras regiões, como o Alentejo e Península de Setúbal. Além dos vinhos também dou a conhecer o famosa licor “Ginja de Óbidos”, colaborando com a excelente casa e marca “Mariquinhas”. Na sua carta de visita também se apresenta como criador de eventos, podia nos falar uma pouco dessa sua faceta. Quais são as suas propostas? Sim, hoje considero que sou um “Embaixador” de

Portugal nestes domínios, e isto à minha maneira . A minha paixão pelos vinhos e a gastronomia, fazem que proponho formações e apresentações dos vinhos portugueses e também da nossa gastronomia. Faço então apresentações temáticas para empresas, associações, e particulares, sejam só com os vinhos, ou sejam acompanhadas com produtos da gastronomia portuguesa, estes sendo sempre feitos com produtos frescos do dia, por uma cozinheira e um pasteleiro, escolhidos por razão do grande profissionalismo e a qualidade com que eles os preparam. Por exemplo, fiz ultimamente uma apresentação descoberta dos vinhos do Porto, dando a conhecer e a provar os diferentes estilos e texturas deste espetacular vinho. Ainda participo de vez em quando a um ou dois pequenos salões gastronómicos, para representar Portugal no meio dos viticultores e vinhos franceses. Estou também sempre presente nos eventos do ILCP (instituto da língua e cultura portuguesa de Lyon), onde a amizade e a vontade de ajudar domina esta relação, mas também para informar sobre a grande qualidade dos nossos vinhos e gastronomia, utilizando mesmo certas vezes o vinho e a gastronomia para falar português com os alunos adultos. Muito gosto de falar e dar a conhecer os nossos vinhos que nada têm a invejar aos vinhos franceses. Falar dos mais conhecidos, como “Barca Velha”, Pera Manca”, “Auru”, mas também de muitos outros com preços mais razoáveis que são verdadeiramente excelentes. Falamos dos vinhos e agora ao nível da gastronomia

“gourmet”, poderia falar do que mais o apaixona? Sim, tenho varias propostas, como os Pasteis de nata (Belém) em confeitaria e os salgados como os “Bolos de Bacalhau” que são dois fortes e saborosos representantes da nossa “identidade portuguesa” mais fáceis de mostrar e degustação. Para mais gourmet, tenho vários excelentes produtos, como “Mel com ouro”, “Caviar de vinho Porto” e os “Doces de vinho porto”, deliciosos chocolates “Trufas ao vinho do Porto” e “Trufas com Ginja”. Todos estes produtos estão presentes nas minhas propostas em relação direta e durante as exposições e feiras onde eu participo. Em conclusão, assim é o António Pinto, que tem grande paixão pelos vinhos, a gastronomia e nosso Portugal, e que continua com motivação a apresentar à população francesa, um Portugal mais gourmet, sendo ele assim um verdadeiro embaixador das nossas qualidades portuguesa, que os franceses, estão cada vez mais a descobrir, e cada vez mais... a gostar. “Um brinde para todos”, diz para terminar António Pinto, para assim cumprimentar todos aqueles que nos vão ler e descobrir assim este “embaixador” dos nossos produtos vinícolas e de doçarias . Antoine Pinto – 06 11 03 61 61 antoinepinto@millesimesetgourmandises.fr


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À conversa com: Amizade Portuguesa de Normandie

GLÓRIA SILVA

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uma associação muito «fresca» criada em março de 2019 por 4 pessoas, Isabelle Rodrigues, Christelle Ferreira, David Ferreira e Michel Firmino. A criação desta associação surge assim, como um dever/necessidade, pois o primeiro evento foi realizado um ano antes da criação da mesma... complicado? Não, passo a explicar. A Festa de Nossa Senhora de Fátima em 2018, primeira festa, surge de uma proposta feita pelo Sr. Padre de Grand-Couronne que com o intuito de animar, como bem se usa em françês «booster» a vila e vendo um dia o rancho português a actuar, a alegria, o gosto e a animação propôs trabalharem em conjunto e assim surgiu a recreação da ideia da antiga festa de Montligeon(61), que foi um sucesso e que trouxe bastantes donativos aos quais foi necessário dar um fim,

daí a criação da Associação Amizade Portuguêsa de Normandie, em respeito a todos os que participaram presencialmente e monetáriamente. No fim de semana do 11 e 12 de maio realizaram assim a segunda festa de Nossa Srª de Fátima na Bouille, esta com mais sucesso ainda, tendo vários pontos altos, a missa, a procissão de velas, seguida de uma noite bem animada e dançante com presença de Tony & Sónia e ainda Nelson Costa. Dia 12 Domingo, missa, procissão pela vila, fantásticos comes e bebes bem portuguêses e uma fantástica animação com os Bombos Os Zés Pereiras, Grupo Folclórico Tradições de Portugal de Bouafle(78), Rancho da ACLPAR e a grande Lusibanda, todos no seu melhor, e ainda um espaço de divertimento para os mais jovens. Na conversa a direção explicou que o que sentiram mais foi como que um relembrar o passado «ainda não muito longínquo» cheio de festas, salas cheias como acontecia nas várias associações portuguêsas da região e de jeito que não tendo a pretenção de voltar a um tempo que não volta, mas sim que o tempo vindouro traga as coisas boas e importantes para a comunidade portuguêsa...

apelam aos portuguêses e às associações existentes que se unam, apoiem, participem nos eventos uns dos outros, pois é bonito e importante ter a comunidade em sintonia para o bem da PUB

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nossa cultura. A direção diz-se satisfeita com a festa, o tempo ajudou e surgiram assim momentos importantes de convivio, alegria, amizade e dinamismo, e foi uma

alegria ver acorrer pessoas de mais longe como Paris, Gaion, Evreux, Havre, Caen etc... O maior objectivo da Amizade Portuguesa da Normandie é sem dúvida a união da comunidade portuguesa na região. Muito mais haverá a acrescentar, pois em novembro havera mais festa, ainda em estado de organização e que a tempo será comunicado, vão passando pelo facebook da associaçao para ver fotos e notícias. A direção agradece a todos os contribuiram na organização, a Mairie de la Bouille, os artistas que embelezaram e animaram a festa os que apoiaram financeiramente como Lesueur TP – Entreprise Unoule et Martineau– A Taberna Portuguesa – Jean -Philippe dos Santos LUSO BAT – Bar Le Progès – LUSO – Couronne Automobiles – Isa Fleurs – DME Electricité – Alé’Grill’a – SARL Nuno Ferreira Menuiserie Isolation – CJDservices – SARL CM – Maison o Grain D’or e a todos os participantes, pois a organizaçao de uma festa é feita essencialmente para os que a visitam. Obrigada portuguêses. Eu cá digo em jeito de conclusão, corajosos são os que dedicam do seu tempo em prol de um bem comum.


40 REGIÃO DE ROUEN

F

oi no passado dia 27 de Abril que a ACLPAR em Petit Quevilly, juntamente com os seus sócios festejou os 45 anos do 25 de Abril e os seus 44 anos da sua existência. Presentes estavam mais de 50 sócios, a direção e representando a Mairie de Petit Quevilly a Sra Charlotte Goujon 2a adjunta e uma simpatia, e um pouquinho mais tarde, mas o importante é que compareceu o 2o adjunto o Sr Martial Obin,para brindar com um portinho, foi uma honra tê-los connosco em representação da Vila e do Maire Sr. Frédéric Sanchez. É para a associação um prazer receber assim todos os sócios e convidados e a todos agradece a disponibiliadade por vir comemorar mais um ano da existêcia da associação, bem como a importância da LIBERDADE para um País e para um Povo. Um momento bem passado, convívial e instrutivo, pois foi lido um texto explicativo sobre o porquê como, o antes e após 25 de abril, sobretudo para os mais jovens para conhecerem a história das suas raízes e que saibam ser adultos responsáveis e certos das suas decisões no futuro. Relembrar o 25 de Abril de 74 é um orgulho e um dever de todos os portuguêses, pelo que foi conseguido nesse dia e sem violência, que torna o acto ainda mais valioso. Houve tempo para um petiscos bem portuguêses, jeito de estar mais pertinho de Portugal. Pena foi não ter sido possível arranjar os cravos vermelhos para a ocasião, a direção é novata nisto, mas para o ano vai precaver-se e encomendar com antecedência ( digo isto

JUNHO 2019

ACLPAR

para os mais atentos que vão ver nas fotos alguns presentes com rosas vermelhas...e podem pensar outras coisas...bem foi o possível para trazer o ver-

melho à cerimonia nada mais e agradecer assim os presentes). O 25 de Abril pôs fim a 48 anos de ditadura, ganhamos Liberdades...ainda

bem, mas convém não esquecer-mos dos deveres! Viva Portugal Vivam os Portuguêses A associação agradeçe a todos os que nestes

44 anos de existência participaram e contribuiram para a continuidade da ACLPAR. E obrigada ao rancho da ACLPAR pela presença.


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42 REGIÃO DE TOURS

JUNHO 2019

Tours o Jardim da França o queijo de cabra, que se declina em Apelações de Origem Controlada (AOC), sendo os mais conhecidos o Sainte-Maure de Touraine (tronco famoso pela palhinha que o atravessa) e o Selles-sur-Cher (um outro tronco conhecido, que tem uma crosta finamente azulada).

Texto: JOANA VERÍSSIMO

T

ours é uma cidade da região central da França, situada no departamentode Indre-et-Loire, do qual serve de capital. Possui 142 000 habitantes, sendo que sua área metropolitana tem 297 631 habitantes. Era chamada de Cesaroduno (em latim: Caesarodunum) durante o período romano. É conhecida por abrigar o túmulo de São Martinho de Tours, assim como por ter sido o palco da Batalha de Poitiers. É a cidade natal do escritor Honoré de Balzac e da cantora Zaz. É conhecida como o Jardim da França.

Gastronomia A Touraine e suas especialidades Para quem sonha fazer uma viagem desfrutando de belezas naturais, de lindas cidades, de muita história, dos castelos mais deslumbrantes do mundo, e que é amante de uma boa mesa, nada se compara à um passeio gastronômico pelo Vale do Loire. A cidade de Tours faz parte da seleta lista “Cité de la Gastronomie” desde 2013. Ao atravessar as portas do Vale do Loire, prepare-se à um desfile de sabores inimagináveis: aqui, a gulodice é uma arte de viver!

galinha preta) e o cordeiro de Touraine, completam o leque de carnes saborosas, com o famoso selo de qualidade “label rouge”. Quanto aos “rillons” e “rillettes” de Tours, eles representam a excelência dos frios do Vale do Loire há vários séculos. E claro, não podemos esquecer dos deliciosos peixes do rio Loire. Para os amadores de queijo, a Touraine enaltece

Uma profusão de especialidades no cardápio A cozinha da região é uma verdadeira instituição: carnes e frios estão no alto do pódio! A géline (raça de

“Hotel de Ville” de Tours

Terra de harmonia e equilíbrio entre o homem e a natureza, a horticultura é uma antiga tradição da região. Os pomares do Vale do Loire estão sempre cheios de frutas: destaque para as maçãs, pêras e cerejas. Outra ocasião de descobrir a riqueza e os sabores do “terroir”, são as feiras livres. Os “marchés gourmands”, localizados em diversos pontos da cidade, são lugares únicos e ponto de encontro entre os produtores locais e consumidores. À procura de um toque açucarado para finalizar uma refeição ou um lanche? Você encontra no Vale do Loire, uma grande variedade de guloseimas e massas finas (pâtisseries) : nougat de Touraine, fouaces e para a sobremesa, a incontornável tarte tatin!

Fonte:www.valedoloireturismo.com.br

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O “Terroir” do Vale do Loire


DEPART. 75

Chaussures M.C.Lefevre 01 30 93 05 34

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A TABERNA PORTUGUESA

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DEPART. 91

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DEPART. 94


44 REGIÃO DE TOURS

JUNHO 2019

6 razões para visitar a cidade de Tours Texto: ALICE BARROS

L

ocalizada no coração do Vale do Loire, excepcionalmente rico em património encontra-se a cidade de Tours. Além de constituir uma verdadeira porta de entrada para os prestigiados castelos do Loire por muitos destes se encontrarem a uma curta distância, Tours consegue igualmente captivar viajantes de todo o mundo ao combinar um património cultural e um centro medieval bem preservados a uma atmosfera moderna e dinâmica!

A ponte sobre o rio Loire Tours encontra-se situada entre os rios Loire e Cher, os quais influenciam em muito

A Place Plumereau e a antiga Tours Apesar de esta praça ser o símbolo da parte antiga da cidade ou Vieux Tours, a verdade é que proporciona

igualmente uma atmosfera amigável que atrai não só os estudantes das universidades próximas como também turistas de todo o mundo.

O Jardim Botânico Além de uma extensa área de árvores e recursos hídricos, o jardim

inclui ainda uma quinta de animais, pelo que vale a pena o desvio nem que seja para relaxar um pouco!

A Basílica de São Martinho Tours tem sido um importante centro religioso desde a época romana. No século IV, São Martinho viveu em Tours e foi o bispo

da cidade, ajudando a difundir o cristianismo na França. As histórias dos seus milagres espalharam-se e uma grande basílica foi construída em sua honra.

a sua paisagem. Uma das melhores formas de passar tempo em Tours é atravessar a Ponte Wilson. A Catedral Saint-Gatien Catedral, dedicada a Saint-Gatien, primeiro bispo da cidade, levou cerca de quatro séculos a ser construída (de 1170 a 1547), o que explica a grande variedade de estilos arquitectónicos que aqui poderão observar, os quais vão do românico ao gótico flamboyant, passando inclusivamente pela adição de duas torres renascentistas de 70 metros de altura!

O Museu de Belas-Artes Admiráveis colecções, as quais incluem obras de antigas abadias e conventos (entre as quais quadros dos séculos XVII e XVIII), quadros de Delacroix, Monet, Rembrandt ou Degas e ainda uma secção de pinturas e mobiliário provenientes do desaparecido Château do cardeal Richelieu.

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46 FIEL AMIGO

JUNHO 2019

60 anos e ainda muitos desafios a conquistar Texto: ALICE GERMANO

J

osé Dias Fernandes recebe em sua casa pelo seu 60° aniversario, parentes e amigos, numa grande festa, organizada pela sua mulher, Ana Fernandes e a sua filha, Mélissa da Silva. “Estes 60 anos representam a juventude. Uma segunda vida. Passei quase a vida toda a trabalhar. Agora vou pensar na minha família. Vou desacelerar. Vou continuar a ajudar aqueles que mais precisam. Ser justiceiro para quem procura a justiça. Quis ser, não um exemplo de trabalho, mas trabalhar com exemplo e transmitir às pessoas que podem vir e também dar o exemplo. Transmitir o que eu fiz. Talvez não tenha sido o melhor que nós pudemos pretender, mas trabalhar com honestidade a vida inteira, faz-nos sentir realizados e não só; concretizados. Em relação ao trabalho que me propus, ao projeto que abracei na igreja de Gentilly, temos uma semana de atraso. Será feito! Fiz tudo! Fiz do meu melhor para ser feito ontem, no dia do meu aniversario. Mas não consegui. Há coisas que não se conseguem, porque não dependem de nós”. Disse José Dias ao Jornal Português Vivo. Emocionado com a surpresa da chegada do seu cunhado, da sua cunhada e do sobrinho, vindos expressamente de Portugal para esta ocasião tão especial, José Dias exclamou que foi “brutal”. O seu sonho é de fazer a união de todos os portugueses na comunidade,

onde o individualismo e sentimentos nefastos não tenham lugar. “Gostava de fazer de coração a união entre todos. Há 45 anos que aqui cheguei e nunca vi os portugueses unidos. Vi sempre uns a puxar, cada um para o seu lado. Este é o nosso maior erro. Consciente de que para mudar as coisas há um trabalho pedagógico a fazer, muita garra e audácia, José Dias, está a tentar criar um movimento, o qual acha que fará a diferença. “É um circulo vicioso que existe na comunidade

portuguesa. É preciso encontrar audácia para provar o contrário. E eu estou cá para isso. Temos de criar um movimento para partir esse circulo onde meia dúzia de associações, controlam a Diáspora Portuguesa. Hoje tenho tempo! Vou ter tempo! Eu já fiz o que tinha a fazer e já provei o que tinha a provar, mas eu quero ser pioneiro como vocês para essa mudança, pelo bem da nossa comunidade. Juntos vamos conseguir! O Português Vivo deseja-lhe, muita saúde, coragem e um feliz aniversário.


FIEL AMIGO

JUNHO 2019

5° Encontro da Fundação O Fiel Amigo «O Bacalhau»

T

ony do Porto, é o mais recente Timoneiro. Por unanimidade foram integrados na Fundação O Fiel amigo «o Bacalhau», Tony do Porto e outros três Timoneiros como novos membros. O jantar mensal que teve lugar no restaurante o Bussaco em Saint Maur, serviu também para a definição das condições e confirmação da viajem de 3 dias que se irá realizar à Haute Savoie.

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DEPART. 95

47


48 FIEL AMIGO

JUNHO 2019

O Fiel Amigo em viagem

à Haute Savoie Tarentaise e Albertville Texto: JOÃO GERMANO

ALBERTVILLE Albertville (Sabóia: Arbèrtvela) é um município francês, localizado no departamento de Savoie, na região Auvergne-Rhône-Alpes. Localizado no coração dos Alpes, a cidade está na confluência do Isere e seu afluente, o Arly, marcando também a junção dos vales da Tarentaise, Beaufortain e Val d’Arly, a montante do Combe de Savoie.

Albertville desenvolveuse no curso do rio Arly, antes da sua junção com o Isère, localizado em parte no sudoeste do conselho. Os maciços circundantes são os Bauges (a oeste), Beaufortain (ao norte), Lauzière (ao sul) e o Grand Arc. Os picos observáveis desde Albertville são o Belle Etoile, o Dent de Cons, o Negress, Roche Pourrie, Mirantin, o ponto do Grande Journée e a cadeia do Grand Arc.

TARENTAISE O Tarentaise é um vale alpino alto onde Isère flui através de vários limiares também chamados de “verroux”, o maior dos quais está localizado em

Notre-Dame-de-Briançon sob a sombra das ruínas do castelo do visconde de Tarentaise que controlava acesso ao meio e ao vale superior, ao vale de Savoie que começa em Albertville. Isère tem sua

origem na geleira de Isère sob a Great Needle Rousse, perto do Cow Pass. A distância entre Moûtiers e Bourg-Saint-Maurice é de 25 quilômetros, e 26 quilômetros entre Moûtiers e Albertville.

PARC DE VANOISE

tinha vocação para salvaguardar o íbex dos Alpes. O Parque Nacional do Vanoise continua a honrar a sua missão histórica de proteger a riqueza biológica e cultural de uma rara herança alpina. Íbex, camurça, marmota, ptarmigan, galo silvestre preto que se encontram lá para o deleite dos caminhantes!

Jóia do Savoy, ao longo dos seus 1 979 km2 distribuídos entre Maurienne e Tarentaise, o Parque Nacional do Vanoise é assim o primeiro parque nacional criado em França. Sua história está relacionada à de Gran Paradiso, sua prima fronteiriça, cuja fundação em 1922, na Itália,


FESTIVAL

JUNHO 2019

49

3 edição do Festival das Crianças e da Sardinha no Parque du Plateau a

Texto: ALICE BARROS

E

nem os balões faltaram! O parque municipal de Champigny-sur-Marne, dia 2 de junho, foi palco de um festival que logo do exterior, o cheiro da sardinha e os balões na entrada deram a mostra do que se perfilava no seu interior. A vontade de um momento de partilha e e a procura de um ambiente bem português, levou centenas de pessoas num dia de sol radiante, a se reunirem em grande, numa festa conjunta de crianças e adultos. A abertura com os bombos dos grupos de Montesson e Sartrouville, deram o pontapé de saída para uma programação vibrante de danças da capoeira e ranchos folclóricos. Ao som do grupo musical, fechou-se em beleza este evento com um pezinho de dança. Um dos pontos curiosos deste festival foi a gravação de um clip musical animado por Valdemar Francisco que nos encantou com o seu jeito todo especial. O jornal Português Vivo em jeito de rescaldo quis conhecer a opinião de Joaquim Barros, presidente da associação organizadora, “Les Amis du Plateau”. “Este ano é 3a edição. Tivemos muita gente, um bocadinho mais do que estava previsto. As boas condições meteorológicas foram também um chamariz. Há sempre alguma coisa que falha, mas somos amadores, temos

só a força e a vontade de fazer, pois o nosso objetivo, o nosso lema, é o de angariar fundos para que possamos ajudar o máximo de crianças possível. Este Festival foi bem concebido. São 19 horas e o parque continua cheio. Acho que isso é a prova de que conseguimos. Agradeço ao Jornal Português Vivo, pela presença. Podemos ter força, mas a comunicação social é importante, assim esta informação vai mais longe. Obrigada.

Joaquim Barros presidente da associação “Les amis du Plateau”


50 AGENDA CULTURAL

Santos Populares

© José Manuel

PORTUGAL – SANTOS POPULARES

JUNHO 2019

‘SÁBADOS DO CARAPAU’ CHEGAM ÀS FESTAS DE LISBOA A PONG-Pesca volta a apoiar o Arraial mais sustentável das Festas de Lisboa, que este ano conta com um novo cabeça de

cartaz: o carapau. Todos os sábados, a partir de 8 de junho, a Mouraria traz um novo protagonista às festas de Lisboa que é um recurso sustentável, saudável e saboroso e que se pode comer todo o ano.

FESTAS DE SANTO ANTÓNIO DE LISBOA Sardinhada, e muita música, do fado ao jazz. Desocupe a sua agenda e junte-se às Festas de Lisboa 2019 As Festas de Lisboa arrancam oficialmente a 1

de Junho até ao final do mês. Um concerto de despedida a cargo de Manuela Azevedo, Ana Bacalhau, Conan Osiris, Lena D’Água, Paulo Bragança e Selma Uamusse, num tributo

SÃO JOÃO BRAGA 14 a 24 de junho

FESTA DE SÃO JOÃO DO PORTO Celebre o São João, o santo mais venerado

do Porto, que põe toda a cidade em festa na noite de 23 de junho. Música, dança, petiscos e fogo-de-artifício

marcam as festas de São João, com origem pagã, ligadas à celebração do solstício de verão.

a António Variações. A entremear, bandas filarmónicas, exposições, uma trezena ao santo casamenteiro, fado no Castelo e coros a soar pela cidade, não faltando arraiais infinitos e as marchas populares.


JUNHO 2019

AGENDA CULTURAL

51

FRANÇA

13A EDIÇAO DO FESTIVAL PARFUMS DE LISBONNE Festival de urbanidades cruzadas entre Lisboa e Paris.

REGARDS SUR LE CINÉMA LUSOPHONE: Ciclo de projeções, encontros e debates à volta do cinema lusófono. Le 15 juin, à 11h, Diamantino de Gabriel Abrantes et Daniel Schmidt (2018) Cinema MK2 Beaubourg, 50, Rue Rambuteau, 75003 Paris


52 CULTURA E SOCIEDADE

JUNHO 2019

Escolha uma árvore e descubra

Texto: ALICE BARROS

A

s árvores simbolizam muitas coisas, inclusive o crescimento, a natureza e a própria vida. Com seu apelo universal, todos nós temos nossas árvores favoritas, mas você sabia que selecionar um tipo de árvore pode revelar boa parte sobre sua personalidade? Depois de estudarem vários indivíduos, seus traços de personalidade dominantes e quais árvores eles se viram atraídos, foi montado um teste para indicar de forma geral a personalidade de cada pessoa. Embora haja muitos fatores a considerar, os detalhes das folhas, seu tronco, as cores refletidas na imagem e mais, esse teste pode dizer boa parte sobre seu verdadeiro eu. Escolha a árvore pela qual você está mais atraído e leia para descobrir seus tipos de personalidade: Árvore n° 1 – Responsabilidade e tranquilidade Se você se sentir mais atraído pela primeira árvore, então você é uma pessoa naturalmente responsável. Você é capaz de enfrentar todos os desafios que são jogados no seu caminho com um toque de humor e inteligência. Por outro lado, o fato de que a tranquilidade também é uma das suas características dominantes, você acha que muitas vezes faz as pazes com uma situação, mesmo quando

sente profundamente que deveria estar lutando pela justiça. Seja cauteloso para que você não se sacrifique demais na busca da paz! Este lado tranquilo ajuda você a manter relacionamentos saudáveis em todas as áreas da sua vida. Árvore n°2 – Cooperação e consideração Você é um indivíduo muito cooperativo, capaz de se dar bem com quase qualquer um que você possa encontrar na vida. Você muda e se molda conforme necessário para garantir que você seja mais adequado para qualquer tarefa que venha em seu caminho, trabalhando com qualquer pessoa que você precise, independentemente de seus pontos individuais fortes e fracos. No entanto, tenha cuidado para não permitir-se mudar demais, pois

você pode perder a sua originalidade! Você é incrivelmente paciente e ouve a todos os que vêm buscar ajuda e orientação, ouvindo verdadeiramente seus problemas e tentando fornecer soluções. Árvore n°3 – Generosidade e intelecto Você sempre é a primeira pessoa em sua comunidade que está disposta a se oferecer para dar uma ajuda a todos os que precisam. Sua generosidade é incomparável, sempre colocando os outros em primeiro lugar. Combinando isso com seu intelecto, você acha que é capaz de criar uma solução para quase qualquer problema que alguém possa encontrar em suas vidas. Você também pode imaginar o que acontecerá no futuro próximo e, assim, planejar as etapas necessárias PUB

para proteger você e seus entes queridos. Árvore n°4 – Sensibilidade e criatividade Você exala sua criatividade e não passa despercebido, o que faz com que você se destaque na multidão! Você mostra essa mentalidade criativa em cada coisa que faz, nunca se contentando com uma forma rápida e fácil de completar qualquer coisa. Essa criatividade irá ajudá-lo a trabalhar com as dificuldades da vida com um sorriso no seu rosto. Você também é incrivelmente sensível, consciente do impacto de cada uma de suas ações. Você está em sintonia com a importância da criatividade no seu dia a dia, o que ajuda a motivá-lo. Árvore n°5 – Trabalho duro e eficiência Sua ética de trabalho é

incomparável, e quando você pensa em completar algo, não há nenhum obstáculo que possa estar entre você e seu objetivo final. Esta determinação inabalável garante que você não deixe nenhum detalhe para trás para alcançar o sucesso. Você também é altamente eficiente, não só completando qualquer trabalho à sua frente, mas também fazendo isso rapidamente e com uma atenção cuidadosa aos detalhes, garantindo que todo seu trabalho seja impecável. Não importa o que você tenha decidido, você terá sucesso em tudo o que escolher. Árvore n°6 – Imaginação e precisão Sua imaginação prossegue você, criando uma reputação pela sua capacidade de ver e criar o que outros consideram impossível. Você não toma o caminho fácil em qualquer jornada da vida, em vez disso, pode ver um mundo completamente novo além da grama alta ao lado do caminho. Você deseja compartilhar esses sonhos com os outros. No entanto, às vezes eles podem acreditar que você está simplesmente vivendo com a cabeça nas nuvens. Certifique-se de tomar o tempo ocasionalmente para se concentrar no aqui e agora, a fim de manter-se fundamentado. Então, qual é a sua personalidade dominante?

Revista Prosa Verso e Arte

os traços dominantes da sua personalidade


VAMOS BRINCAR

JUNHO 2019

53

Vamos Brincar

LÊ, PESQUISA E ESCREVE

em Português

POESIA

Matthieu DS

© ceiling@Flickr

Painel evocativo da Batalha de Aljubarrota

Mosteiro da Batalha

FICHAS DE PORTUGUÊS PRÁTICO

Alexandre dos Santos, 14 anos, mora em Freneuse (78) - França email: portuguesvivo17@gmail.com

à (+ Complément de lieu)

b) Pour indiquer la distance. Coimbra fica a cerca de 150 quilómetros do Porto. Coimbra est à environ 150 kilomètres du Porto.

Se traduit par: 1 – em – après un verbe n’exprimant pas de mouvement. A Florinda mora em Paris A Florinda habite à Paris 2 – Par a a) pour indiquer une situation dans l’espace à direita · à esquerda · ao longe · ao pé de · ao meu lado à droiteà gauche · au loin · à côté de · à côté de moi Estavamos à mesa quando a trovoada rebentou. On était à table quando l’orage à eclaté.

En portugais tous les nom propres ou communs, ont un article derrière qui parfois sont sous-entendus. C’est pour cela qui existe ces contactions en portugais. à ao às aos

= = = =

a a a a

(preposition) + a (article défine feminin) (preposition) + o (article defini masculin) (preposotion) + as (article défini feminin pluriel) (preposition) + os (article défini feminin pluriel)

Plus je rêve Plus je t’entends Plus je rêve Plus je te vois Entend La douce musique de ta voix Cette symphonie aux divins accords, Ce Verbe gracile et léger, Me charme et m’enivre, Faisant de toi seule obsession. Dans mon cœur des milliers de paroles se noient Elles me paraissent impossible à te dire. Amour, tu me consumes et je te crains Te crains car l’on redoute la réponse, Car l’on redoute qu’il soit vain, Que ce feu vacillant, à jamais soit éteint. La plume extension de mon âme Soulage mon être de ces vers suffocants, De ces paroles qui peinent à parvenir à ton âme. Vers les éthers ils vont en volant En mon cœur et le tiens se mêlant Comme s’aiment deux amants


54 DESTINOS

JUNHO 2019

Arquipélago das Berlengas No velho Mundo, um mergulho no arquipélago, que revela os primórdios geológicos, a Reserva Natural das Berlengas, ao largo de Peniche, é um dos melhores sítios para se visitar especialmente em junho.

Texto: ALICE BARROS © DIREITOS RESERVADOS

Magnífica incursão à Ilha da Berlenga, pelas Grutas da Ilha Grande, onde a Fauna e Flora estará no seu expoente.

© DIREITOS RESERVADOS

Podemos ver e sentir as cores que só nesta altura do ano se fazem ver e sentir naquele Ilhéu lindo, no meio do Oceano.

© DANIEL RIBEIRO

© ANA MARCOS MORAIS

Fauna

É o momento também de observar a fantástica nidificação das gaivotas ali existentes e observar os répteis, como lagartixas, só existentes ali na Ilha Berlenga. A confluência dos

© DIREITOS RESERVADOS

climas Mediterrânico e Atlântico criou um ecossistema único no Mundo com fauna e flora características, a que se junta uma geomorfologia distinta da do continente europeu.


DESTINOS

JUNHO 2019

© DIREITOS RESERVADOS

Este arquipélago é composto por três ilhéus (Berlenga Grande, Estelas e Farilhões-

55

© DIREITOS RESERVADOS

Forcadas), sendo o primeiro o maior e o que merece uma visita mais aprofundada.

© RUI RAMOS © DIREITOS RESERVADOS

Reconhecido desde 1465, numa carta d´el Rei D. Afonso V – “nas Berlengas do mar

pessoa alguma vá caçar”, o arquipélago é a primeira área protegida do país,

A vista da “cabeça do elefante” na porção sul das Berlengas.

Lado Norte da Ilha da Berlenga Grande

há mais de 30 anos Reserva Natural, e reconhecida pela UNESCO desde 2011.

A riqueza biológica é de valor inestimável. A fauna e flora são únicos, o que fazem das Berlengas um património biológico de elevado interesse de conservação.

© DANIEL RIBEIRO

© DANIEL RIBEIRO

© DANIEL RIBEIRO

© DANIEL RIBEIRO

Mergulho

O mergulho é uma das atividades de lazer mais procuradas nas Berlengas e é também uma das melhores formas de explorar a

imensa biodiversidade do arquipélago e, claro está, conhecer as embarcações que repousam naquelas águas.

© DIREITOS RESERVADOS


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