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Carcassonne

Por Paulo Teixeira, 1.º Vice-Presidente do Conselho Geral da Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução A tarefa que me foi pedida revelou-se deveras árdua, não pelo tema, nem pela paixão envolvidas, mas seguramente pelas limitações de extensão do texto. Tanto haveria para dizer, mas por ora tentarei dar a conhecer esta maravilhosa cidade do sudeste francês, marco indelével em diversos aspetos.

Carcassonne encontra-se no cruzamento entre Toulouse e Narbonne, entre os Pirenéus e o Maciço Central Francês e é na margem direita do rio Aude, na região de Languedoc-Roussillon, que se situa o conjunto arquitetónico medieval. O traçado irregular das ruas estreitas não faz jus à sumptuosidade das muralhas e castelo, suas torres e barbacãs.

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Apesar da grandiosidade da cidade, várias outras fortificações foram erigidas, conhecidas como “filhos de Carcassonne”, que ainda hoje podem ser contempladas. Refiro-me aos castelos/fortificações de Aguilar, Peypertuse, Puilaurens, Queribus e Termes.

Em 1067, Carcassonne foi oferecida, por dote de casamento, a Raimond Bernard Trencavel, visconde de Albi e de Nîmes.

Lugar de culto, mas de visita obrigatória, ainda dentro das muralhas encontra-se a majestosa Basílica de Saint Nazaire e Saint Celse,

um monumento de arquitetura gótica românica, com os seus vitrais fabulosos, altares e gárgulas. Ainda que possa passar despercebida, se o leitor estiver de costas para o altar e na parede direita, ao fundo, encontrará uma placa em mármore branca, assinalando a presença, em 1213, do fundador da Ordem dos Pregadores, mais conhecida por Ordem Dominicana.

Ao que se sabe, a igreja original foi contruída no século VI durante o reinado de Teodórico, o Grande, governante dos Visigodos, embora a construção da Basílica tenha sido iniciada em 1096, com a primeira pedra a ser abençoada pelo Papa Urbano II.

Circunstância incontornável a respeito de Carcassonne e à sua importante posição geopolítica e estratégica, é o combate à suposta heresia do movimento Cátaro. É precisamente entre 1209 e 1244, a propósito da cruzada Albigense, que o Papa Inocêncio III, com o apoio dos reis da França, consegue quase na totalidade exterminar o catarismo, culminando com uma fogueira coletiva no sopé da montanha, na qual se situa o castelo de Montségur (hoje em ruínas) e onde foram queimadas cerca de 200 pessoas, apenas pelo arrojo de pensar de modo diferente.

Para quem tiver curiosidade, recomendo a leitura dos relatos inquisitoriais de Jacques Fornier.

Ao longo dos séculos, a cidade sofreu inúmeros ataques e destruições, mas foi no domínio do Rei Luís XIV que adquiriu a forma que hoje vemos.

Muito há para dizer e sempre para ver, mesmo sendo um local visitado por mim anualmente, de há uns 20 anos para cá.

Quando avistamos Carcassonne, a sensação é colossal e à medida que percorremos as ruelas até à ponte levadiça parece que nos transportamos para outra dimensão.

Em 1997, Carcassonne obteve o estatuto de Património Mundial da UNESCO.

Sou mesmo muito suspeito, mas tenho a firme convicção que não darão por perdido o tempo que dedicarem a visitar este pedaço vivo de história, aqui bem perto. : :

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