Arquitetura jesuítica no Brasil Colonial

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Professora

ARQUITETURA JESUÍTICA NO BRASIL

Anne Camila Cesar Silva


APRESENTAÇÃO “A arquitetura jesuítica representa, antes de tudo, a bandeira da Contra-Reforma“ "O jesuíta era um 'soldado' da Igreja Católica, que tinha como objetivo se aproximar do povo, tanto que no interior da Igreja construída pelos jesuítas, por exemplo, a capela-mor (onde fica o padre durante a missa) se aproximou da nave (onde ficam os fiéis).” "A maior parte da documentação que há sobre eles foi produzida pelos próprios jesuítas”

Arqueóloga Rosana Najjar

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Professora: Anne Camila Cesar Silva


ATIVIDADES DOS JESUÍTAS NO BRASIL - Início 1549 e prosseguiu até 1759. - Como em outros lugares do império português, os jesuítas foram os primeiros missionários enviados aos nativos. - Os indígenas brasileiros eram nômades e dispersavam com facilidade, o que era um problema para fixação dos colonizadores (baixa interatividade) e sobretudo para catequização dos nativos. - Prioridades do estilo de colonização e conquista por parte jesuítica: - Preservação da liberdade do índio; - Ajustamento ao novo modo de vida; - Aumento gradual da sua resistência às novas doenças.

- Após assentamento dos índios, os jesuítas voltaram-se para educação – fator essencial para a ‘conversão’.

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Professora: Anne Camila Cesar Silva


ATIVIDADES DOS JESUÍTAS NO BRASIL - Graças ao seu prestígio e habilidades, tornaram-se os principais expoentes do desenvolvimento da arte e arquitetura brasileira durante os dois primeiros séculos da colonização. - Expressão: ‘Estilo Jesuítico’ (são as composições mais moderadas, regulares e frias imbuídas do espírito da contra-reforma/ aproximação do barroco) – primeira fase do período colonial; com o tempo essa expressão foi se desgastando.

- Tratava-se de uma ordem nova e sem a tradição monástica e medieval seria mais maleável com as novas culturas tendo espírito moderno, pós-renascentista e barroco. - A partir da segunda década do século XVIII, em Lisboa, e da quarta década, no Porto, chegam à Portugal o barroco italiano (tardio) e em seguida, até mesmo ao Brasil, seguido pelo rococó francês. - Em 175, por hostilidade do Marquês de Pombal, a Companhia de Jesus é expulsa dos domínios de Dom José I.

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A ARQUITETURA DO MANEIRISMO - A arquitetura jesuítica foi aquela que antecedeu o barroco: o maneirismo, feito à maneira do artista, onde o mesmo se reaproxima do misticismo religioso. - Devemos lembrar que tanto o Maneirismo, quanto o Barroco, vieram posteriores ao Renascimento. Então, ambas foram uma proposição contrária aos ideias abruptamente racionais. - O Estilo Jesuíta estava nesta transição entre o renascimento e suas formas clássicas e o exagero do barroco. - Assim, os arquitetos do Renascimento visavam estabelecer - uma correlação entre as proporções familiares e satisfatórias do corpo humano e as construções; - Plantas e proporções espaciais eram baseadas nas figuras geométricas regulares mais simples (quadrado, círculo, cubo, cilindro e esfera); - Tinha como objetivo ser simples e direto, sendo seus resultados racionais, simétricos, harmoniosos, estáticos, limitados e, acima de tudo, serenos.

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Professora: Anne Camila Cesar Silva


A ARQUITETURA DO MANEIRISMO - Ainda que aproximado das formas racionais, o maneirismo não visava cumprir com fidelidade a arquitetura greco-romana pagã, mas transformar de forma deliberadas os princípios do humanismo, gerando uma espécie de ‘campanha contra-renascença’. - A serenidade da renascença ganhava inquietação com o maneirismo. - Criaram a planta elíptica e certas revivescências medievais, como a proporção alongada, em posições dinâmicas, contorcidas, a planta em cruz latina e a fachada com duas torres. - Era necessário usar mais os sentidos do que o intelecto, na assimilação do cristianismo, e a arquitetura, juntamente com outras artes, se tornou um veículo prático para a educação cristã e os empreendimentos missionários.

- Empregadores do Estilo Jesuítico: Filippo Terzi (Portugal) e Juan de Herrera (Espanha).

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Monasterio de São Lorenzo de El Escorial, Madrid, por Juan de Herrera

Igreja de São Roque em Lisboa, por Filippo Terzi

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A PRIMEIRA FASE DA ARQUITETURA JESUÍTICA NO BRASIL - No século XVI, o Brasil foi bastante negligenciado pelos portugueses, pois sua madeira e açúcar não se equiparavam às especiarias do Oriente e nem mesmo ao ouro e escravos da África. - A guerra contra os holandeses pelo Oriente (China), e a perda do tráfico de especiarias, além da ruína de seus centros comerciais (como Goa – Índia), obrigam Portugal a voltar sua atenção as suas possessões no continente americano.

- Assim, no século XVI e XVII as principais obras coloniais portuguesas estavam em Goa e ao final do século XVII e no século XVIII estavam em Salvador-BA. - Para os Jesuítas vemos suas primeiras (e menores) obras em: Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo. As obras de dimensões maiores tem data mais recente e localizam-se no litoral do nordeste, ou mesmo do norte do Brasil. - Com a expulsão dos jesuítas muitas de suas obras foram perdidas, destruídas a fim de ‘apagar’ a presença da ordem religiosa em solo colonial.

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A PRIMEIRA FASE DA ARQUITETURA JESUÍTICA NO BRASIL - A arquitetura simplista não apresentava torres, mas um grande frontão triangular, cercado de outros elementos decorativos de fachada, envolvidos em linhas retas e sem paralelismo. Ex. Igreja de Jesus, Roma. - Com o aparecimento das torres o frontão tende a desaparecer; entretanto as ditas torres fazem parte da composição formal da obra, não ganhando mais destaque que o restante dela. - Ex. Igreja São Vicente, Lisboa.

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A FASE FINAL DA ARQUITETURA JESUÍTICA NO BRASIL - A arquitetura que era somente monumental, o que nos remete realmente a arquitetura greco-romana, passa então a ganhar elementos arquitetônicos de expressão: torres e frontões (recortados, que junto com as torres compunham o frontispício da igreja). - Exemplo: Catedral de Salvador-BA.

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EVOLUÇÃO ARQUITETÔNICA DOS JESUÍTAS - Os jesuítas são inovadores na sua construção por estabelecer um edifício multifunções. - O programa das construções jesuíticas era relativamente simples. Pode ser dividido em três partes, correspondendo cada uma destas a uma determinada utilização: para o culto, a igreja com o coro e a sacristia; para o trabalho, as aulas e oficinas; para residência, os "cubículos", a enfermaria e mais dependências de serviço, além da "cerca", com horta e pomar. - Outro traço característico imposto pela técnica são os grandes beirais, precaução esta indispensável - já que não havia calhas - para evitar que a água despejada dos telhados fosse aos poucos desagregando o barro das paredes e comprometendo assim, com o tempo, a estabilidade do edifício. - O partido arquitetônico tradicionalmente empregado pelas ordens religiosas nos seus mosteiros e conventos, ou seja, o de dispor os vários corpos da construção em "quadra", como então se dizia, formando-se assim um ou mais pátios, foi mantido também pelos jesuítas.

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- Convém, entretanto, desde logo notar que, em consequência talvez da vida ativa dos padres, atividade esta decorrente do "espírito" mesmo da Companhia e da sua Regra, faltam quase sempre nesses pátios nos colégios brasileiros, pelo menos aquela atmosfera de sossego e de recolhimento, peculiar aos claustros dos conventos das demais ordens religiosas. - Os jesuítas não se atinham a ajardinamento, como por exemplo, os carmelitas. - No que se refere à planta baixa das igrejas, o partido aqui adotado pelos jesuítas foi, quase exclusivamente, o de uma só nave. Exceções conhecidas: igreja de São Pedro d'Aldeia (RJ); na antiga Reritiba (ES).

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EVOLUÇÃO ARQUITETÔNICA DOS JESUÍTAS

- Complexidade na evolução das formas e acréscimo de elementos decorativos (detalhes). - Depois da fase inicial, caracterizada por construções simples, de utilização transitória, podemos descrever dois sistemas construtivos principais utilizados nas igrejas missioneiras: o das estruturas independentes de madeira e o das paredes portantes, em pedra.

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EVOLUÇÃO ARQUITETÔNICA DOS JESUÍTAS - No primeiro caso o processo construtivo consistia em montar uma estrutura de madeira, composta por quatro carreiras paralelas de pilares alinhados entre si, que sustentam caibros nas duas laterais e tesouras de linhas altas, na cobertura da nave central.

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EVOLUÇÃO ARQUITETÔNICA DOS JESUÍTAS - No segundo caso, a edificação se apoiava em paredes portantes (Estruturas onde as paredes são responsáveis por suportar as cargas da edificação e sua cobertura) - A maior parte das igrejas missioneiras possuía apenas uma torre ou campanário, que se localizava independentemente no lado oposto ao batistério.

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A CIDADE ERGUIDA PELOS JESUÍTAS - A tipologia urbana missioneira se organizava a partir de um traçado viário estruturado por duas ruas principais que se encontravam no centro da praça, formando uma cruz e por dois conjuntos básicos, dispostos no entorno da grande praça central.

- O primeiro, um conjunto de edificações dominado pela Igreja que geralmente ocupava o ponto mais alto do sítio urbano. O segundo, se desenvolvia a partir das três outras faces da mesma praça, em blocos de edificações regulares, com uma mesma tipologia arquitetônica.

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A CIDADE ERGUIDA PELOS JESUÍTAS: COMPOSIÇÃO URBANA MISSIONEIRA - O primeiro conjunto era uma grande estrutura, com a igreja ao centro e de um lado o cemitério e do outro, o claustro e as oficinas e depósitos ao redor de dois pátios. No primeiro pátio, ficava a residência dos padres. Atrás deste bloco e cercada por um muro de pedra, localizava-se a quinta dos padres, com pomar, horta e jardim. - O segundo conjunto era estruturado a partir da praça e das vias principais, ao redor das quais se organizam, em lugar de quarteirões, grandes pavilhões avarandados, ortogonalmente distribuídos, com as habitações coletivas utilizadas pelos índios. - Plano São Miguel Arcanjo, Rio Grande do Sul. - Plano Candelária, Rio Grande do Sul.

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A CIDADE ERGUIDA PELOS JESUÍTAS: COMPOSIÇÃO URBANA MISSIONEIRA - Elevação da fachada da Igreja de São Miguel em 1756, projeto do padre Giovanni Battista Primoli.

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ARQUITETURA DOS JESUÍTAS CHEGA ÀS GERAIS - Na província de Minas Gerais, região montanhosa a noroeste do Rio de Janeiro, onde se descobriu ouro na década de 1690, as grandes igrejas paroquiais da primeira metade do século XVIII continuaram a ser tratadas em estilo maneirista. - Importantes Igrejas do barroco tardio foram construídas no Rio de Janeiro (São Pedro dos Clérigos, 1733) e em Mariana (São Pedro dos Clérigos, depois de 1748). Entretanto, seriam as influências do rococó e não as do barroco que, a partir de 1760, coincidindo com a partida dos jesuítas, finalmente superariam o maneirismo colonial brasileiro.

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