As construções religiosas no Brasil Colonial

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AS CONSTRUÇÕES RELIGIOSAS NO BRASIL

Professora

Anne Camila Cesar Silva


APRESENTAÇÃO Até 1580 somente os jesuítas tinham autorização para estabelecerem-se na Colônia, mas isso mudou nas seis décadas seguintes com a chegada de algumas antigas ordens religiosas fundadas ainda no período medieval. Esta “liberação”, se deu sobretudo graças a anexação de Portugal à Espanha, o que propiciou a vinda de Franciscanos, Carmelitas, Beneditinos, etc. Não é por acaso que até o século XVIII os principais edifícios eram religiosos, pertencentes principalmente aos beneditinos, franciscanos, carmelitas... Como relata Azzi, “em São Paulo, o centro antigo da cidade era marcado pelo mosteiro de São Bento, no largo São Bento, pelo convento de São Francisco, no largo São Francisco e pelo convento e igreja do Carmo. A construção desses e outros conventos trazia grande prestígio aos centros urbanos em formação. Daí a disputa para tê-los, surgindo com frequência a pouca distancia um do outro”.

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Professora: Anne Camila Cesar Silva


AS BANDEIRAS A partir de 1619, observa-se a intensa formação dos assentamentos jesuíticos, comunidades de índios catequizados que trabalhavam para a igreja mediante pagamento. As chamadas "Bandeiras" foram movimentos exploratórios que partiram sobretudo do atual estado de São Paulo (inicialmente a capitania de São Vicente) em direção ao interior do Brasil, em busca de ouro e escravos (indígenas).

As bandeiras passaram a acontecer quando Portugal em crise e pressionado pela França (tropas napoleônicas) e Inglaterra (dívidas mediante a revolução industrial – produtos brasileiros como o algodão produzido no nordeste era redirecionado para pagamentos), busca interiorizar seu território numa busca desesperada por riquezas. Para financiar esta busca surge a ‘bandeira de preação’, que tomavam os assentamentos jesuítas de assalto e capturavam os índios conversos para servir de mão de obra. Isto também se devia aos altos valores apresentados pelos escravos africanos e aumentada a necessidade de mão de obra.

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Professora: Anne Camila Cesar Silva


AS BANDEIRAS Diferença entre Entradas e Bandeiras: - Entradas: movimentos promovidos pelo governo de Portugal com objetivo de expandir o território; - Bandeiras: expedições particulares, financiadas com dinheiro próprio, com objetivo de obter lucros. As bandeiras eram especialmente locadas no sudeste, região demarcada pela presença dos jesuítas. As localidades em que mais se destacou foi São Vicente (atual SP), São Sebastião (RJ) e Espírito Santo. A partir de São Vicente, tomou-se o rumo ao ‘sertão’ do sudeste, chegando até Vila Rica (atual Ouro Preto - MG) e Arraial do Tejuco (Diamantina – MG) onde se encontraram as principais fontes de Ouro e Diamante, respectivamente. A terceira localidade mais próspera da época foi São João Del Rey – MG.

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AS MINAS GERAIS Início do Ciclo do Ouro – descoberta das riquezas no interior do sudeste. Minas Gerais fez com que a Colônia fosse um local desejado: ‘homens de qualidade’ vem à colônia (artistas, artesões e artífices) rumo ao seu interior. A região de Minas Gerais oferecia as condições necessárias para o trabalho de marceneiros e carpinteiros, que formavam o maior grupo de artistas.

Seus trabalhos em madeiras se destacavam nas construções dos templos religiosos e elementos que compõe o seu interior. Não se pode esquecer outra profissão fundamental para a construção das igrejas: Pedreiros ‘oficial que trabalha em obra de pedra e cal, em obras de alvenaria ou cantaria’. Quase 400 desses oficiais trabalharam em Minas Gerais, apenas no século XVIII. [...] foram eles responsáveis tanto e tão expressivas construções religiosas. (BOSCHI, 1988, p. 20.).

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AS MINAS GERAIS As edificações barrocas existentes (e surgidas) em Minas Gerais foram “primeira grande cristalização artística de uma autêntica cultura brasileira” (BOSCHI, 1988, p. 07). As construções mineiras eram construídas pelo povo da região para o povo da região. Em seu desenvolvimento histórico, Minas Gerais configurou-se a partir da busca pelo ouro. Porém, os que lá estavam, em sua maioria, eram negros e pela falta de mulheres brancas ocorreu o crescimento de mulatos. As ordens religiosas se aproveitaram desta disponibilidade de mão de obra, pois havia concorrência entre elas e a maneira de apresentar suas grandezas foi através da arquitetura das capelas.

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A NOVA CAPITAL DA COLÔNIA Com a descoberta das riquezas tão esperadas, a capital da colônia muda: a fim de se aproximar da região das minas gerais e não se afastar da margem marítima de acesso português, surge o Rio de Janeiro, em 1763 - mudança do eixo econômico e administrativo do Nordeste para o Sudeste. Acentua-se o declínio do nordeste e a expansão do centro-sul – ainda que a Bahia ainda tivesse considerável importância para a Coroa Portuguesa. O Brasil fica ‘desobrigado’ a exportar seus produtos, exclusivamente para a Coroa, tendo em vista sua transferência para a colônia (1808) e a pressão comercial de seus ‘parceiros’: o algodão passa a ser diretamente exportado para a Inglaterra, a fim de suprir as necessidades da Revolução Industrial.

Sai de cena o Marquês de Pombal e entra o próprio Príncipe Regente, Dom João. O Brasil se encontrava desestruturado, suas vias eram quase inexistente, mas a experiência dos jesuítas com os indígenas havia ensinado muito ao colono. – Propõe-se a libertação do povo nativo e não mais sua escravização.

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A (NOVA) COLÔNIA Abrem-se os portos para a participação e atuação de nações “amigas”.

Miscigenação do povo, com a libertação dos escravos indígenas. A abolição da escravatura só será assinada 80 anos depois com a Lei Áurea pela princesa Isabel. Após o declínio do ciclo do ouro ao final do século XVIII, temos a retomada da agricultura e pecuária como atividades econômicas. Entretanto, agora, o algodão e o açúcar não tem mais tanto destaque, mas sim o café – o ouro negro. Para mostrar um aparente fervor religioso, o indivíduo não media recursos. A sua vaidade e o exibicionismo de sua generosidade faziam dele um contribuinte permanente das receitas financeiras das irmandades. Com isso, parece não ter havido limite para as encomendas de construção, pintura e esculturas, [...] furto da própria evolução social, criavam-se novos tipos dessas associações, como as ordens terceiras, a partir da década de 40. (BOSCHI, 1988, p. 36.).

Observamos a rivalidade entre as irmandades, ou mesmo quanto às edificações pertencentes aos povos (brancos, negros, índios). As igrejas deveriam ficar afastadas umas das outras (sobre a etnia), ainda assim, geograficamente eram relativamente próximas.

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