AS CONSTRUÇÕES RELIGIOSAS NO BRASIL
Professora
Anne Camila Cesar Silva
APRESENTAÇÃO - Ao contrário da arquitetura urbana e civil, as capelas e matrizes mineiras seguiram uma evolução arquitetônica própria, ou seja, apesar de terem raízes portuguesas, tiveram um padrão muito diverso dos padrões usuais. - Isto se devia porque: - Obras de conjunto da própria população; - Ordens terceiras e irmandades religiosas marcam o território mineiro visto sido proibida a permanência das ordens religiosas regulares (fato isolado Brasil); - Metas das Ordens terceiras e irmandades: catequese dos gentios, difusão educação católica, prática da caridade cristã através das Santas Casas Misericórdia.
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- Não são encontrados nas Minas Gerais os grandes conjuntos de conventos e colégios religiosos que vemos das demais localidades da colônia.
AS CONSTRUÇÕES RELIGIOSAS NO BRASIL
Professora: Anne Camila Cesar Silva
APRESENTAÇÃO
“Em Minas Gerais, por ordem de Sua Majestade D. João V, determinou-se que não assistiriam ordens religiosas, masculinas e femininas, com o intuito de que as moças “casáveis”, de boa família, não fossem enviadas a conventos por seus pais, prática valorizada por muitas famílias na América Portuguesa, por ser um sinal de status social o fato de ter uma filha integrante de uma ordem regular. A proibição foi necessária para evitar os excessos que ocorriam, principalmente o concubinato, prática recorrente na região mineradora. Estava se tornando comum, devido à falta de mulheres brancas, a relação entre mulheres negras, pardas e mulatas com homens brancos, casados ou solteiros. Isso preocupava a Igreja Católica, que preconizava a união matrimonial, e essa união deveria ocorrer entre pares, ou seja, brancos com brancos, negros com negros” Paola Cunha.
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Professora: Anne Camila Cesar Silva
MINAS É DOS TERCEIROS - Se aqui não existiram os grandes conjuntos de conventos e colégios, também não estiveram presentes os arquitetos e construtores que pertenciam ao quadros das Ordens Religiosas portuguesas (soluções arquitetônicas bastante consagradas e com indiscutível erudição no tratamento das edificações). - Ausência compensada pelas chegada dos mestres-de-obras portugueses atraídos pelo enriquecimento fácil e pela possibilidade de exercerem seus ofícios de ‘homens de bem’. - Os mestres-de-obras não detinham tanto conhecimento técnico quanto os arquitetos da coroa, e tinha como grande preocupação atender os anseios das lideranças das ordens terceiras, tomando como modelo formal as igrejas das freguesias que seguiam os cânones das pátrias distantes.
- Assim, desenvolvia-se uma liberdade muito maior para as construções, tendo em vista a ausência das “escolas arquitetônicas” (ausência de restrições, imposições formais ou de programa a serem seguidos).
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Professora: Anne Camila Cesar Silva
MINAS É DOS TERCEIROS - A ausência da austeridade das Ordens Religiosas e por conseguinte de seus técnicos especializados, favoreceram o desenvolvimento do ‘gênio criativo’, eliminando os elementos tradicionais. - A rivalidade existente entre as Ordens Terceiras enriqueceu a diversidade arquitetônica e principalmente a decoração interna com magnificas obras em talha e pintura, em sua riqueza e ostentação.
- Este enriquecimento local deveria ser refletir no cuidado e requinte com os quais eram tratadas as obras arquitetônicas (não se investia em obras particulares, mas naquilo que representasse um grupo, o coletivo – as edificações terceiras): não havia restrição de gastos e eram contratados os melhores artistas da região. - Ressalta-se também que: - Nas Minas Gerais a presença do engenheiro militar era restrita; - Pouco encontramos a utilização dos azulejos, em grandes painéis que recobriam as paredes internas dos conventos do Rio ou Nordeste brasileiro.
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Professora: Anne Camila Cesar Silva
EVOLUÇÃO E TIPOLOGIA BÁSICA - As edificações religiosas das Minas Gerais desenvolveram-se da mesma forma que para o resto da colônia: inicialmente de forma simples com ‘palha, feitas em barro com cobertura vegetal’. - Apresentavam um vão único – a nave principal, e uma porta na parte frontal – que poderia ser uma sequência de tábuas de madeira ou mesmo almofadadas. Caso a celebração tivesse maior porte, algumas pessoas ficariam a fora da capela.
- Estas primitivas igrejas foram ganhando elementos decorativos e durabilidade de material com o passar do tempo, entretanto, seu tamanho pouco mudava. Por isto, ela serviria mais para “Passos” (capela que só abre na sexta-feira santa) do que para igrejas. - Exemplos: Capelas de Ponte Seca e Bom Jesus da Pedra Fria, ambas em Ouro Preto.
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Professora: Anne Camila Cesar Silva
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EVOLUÇÃO E TIPOLOGIA BÁSICA - Sequentemente, o primeiro modelo efetivamente definitivo foi o que não só ampliou a área destinada aos fiéis como a ela agregou outro cômodo: a sacristia (espaço lateral à nave principal ou atrás do altar – capela-mor). - Passa a se diferenciar também a nave principal (onde ficavam os fieis) e capela-mor (parte destinada ao altar principal). - Esta tipologia básica, com uma planta simples e lógica, havendo nítida preferência pela sacristia ao lado da capela-mor, para que se evitasse a inserção de um corredor dentro da edificação, necessário para quando a sacristia fica aos fundos da edificação.
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EVOLUÇÃO E TIPOLOGIA BÁSICA - Com o tempo, a evolução urbana e econômica do lugar, as edificações (religiosas) vão a acompanhar o quadro. Acrescentam-se à planta básica... - O coro: elevado de madeira logo na entrada da nave principal, destinado ao coral litúrgico. Seu acesso é feito por uma escada na lateral direita de quem entra, este lado se denomina como Epístola, enquanto o esquerdo é chamado de Evangelho. - Ao meio da nave encontramos os púlpitos que encontrados em duplicada, localizavamse um de cada lado da nave principal. Sua utilidade era as leituras dos textos sagrados e as pregações. Seu acesso era feito por escadas portáteis ou fixas, localizadas na sacristia ou externas à edificação. - Entre a capela-mor e nave principal, comumente se inseria um arco (cruzeiro), para marcar a transição espacial entre o presbitério (parte elevada) e a assembleia. - A nave principal deveria ter duas águas e a sacristia lateral, um única água.
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EVOLUÇÃO E TIPOLOGIA BÁSICA - A esse tempo, a fachada permanecia simples, mas ganhava novos elementos. Agora não somente apresentava uma porta mas também, duas janelas sacadas para iluminação do coro. - A fachada apresentava um frontão delimitado da parte das janelas e porta além de um cunhal em pedra. - Neste primeiro momento não observamos torres sineiras nestas capelas. Assim, o sino poderia ser incluído de outra forma na fachada ou mesmo seriam construídos campanários a parte à edificação. (Isto divergia de todo barroco português, sendo então uma proposição mineira) - As variações de fachada começaram a acontecer com a partir da inserção da torre, que poderia ser (próprias da vila do ouro): - Central e única (fruto de um acréscimo posterior à fachada simples) com fachada plana; - Única ou dupla, com fachada chanfrada (inicio do jogo de volumes).
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Capela do Padre Faria, Ouro Preto
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Capela das Mercês, São Luiz do Paraitinga, SP
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Capela N. S. do Ó, Sabará, MG.
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EVOLUÇÃO E TIPOLOGIA BÁSICA
- Com o enfraquecimento do ouro, as localidades mineiro se reduzem a esparso e edificações religiosas.
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- Estas edificações geralmente localizavam-se nas partes altas da cidade. - As edificações, com o passar dos anos, eram mais bem estruturadas com técnicas construtivas mais complexas e materiais mais duráveis. - As torres laterais dividiam-se para abrigar a escada do coro e o batistério.
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Professora: Anne Camila Cesar Silva
EVOLUÇÃO E TIPOLOGIA BÁSICA - A tendência da cidade mineira é, evolutivamente, aumentar as edificações religiosas já existentes, ou mesmo construir novas. - Estas novas construções iriam marcar a libertação dos esquemas mais limitados e sóbrios das matrizes. - As formas e princípios rígidos, foram amolecendo e se arredondando, ao mesmo tempo que as proporções, de pesadas, robustas, foram se tornando mais delgadas, adquirindo elegância. - As plantas começam a se tornar mais cursas e próximas das vistas na Europa, bem como o frontão que ganha um estilo mais ‘amolecido’ pelas formas sinuosas e decoradas. - As torres laterais também ganham formas curvilíneas, deixando de ter planta quadrada. - A fachada ou frontispício ganha formas curvas com a inserção de volutas (que delimitam, muitas vezes o frontão).
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Professora: Anne Camila Cesar Silva
Igreja São Francisco de Assis, Ouro Preto, MG
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Professora: Anne Camila Cesar Silva
Igreja São Francisco de Assis, São João Del Rey, MG
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Professora: Anne Camila Cesar Silva
Igreja do Rosário dos Pretos, Ouro Preto, MG
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Igreja do Rosário dos Pretos, Ouro Preto, MG
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Igreja do Rosário dos Pretos, Ouro Preto, MG
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FINALMENTE... - A arquitetura Mineira difere do resto do Brasil por ser mais sóbria e ter elementos próprios. - Sua fachada em alvenaria com elementos decorativos em pedra demonstram sua dissonância em relação as edificações do nordeste, por exemplo, que com cores amareladas, em virtude da pedra calcária própria da região, e com uma robustez exacerbada.
- Para o Nordeste ainda teremos o barroco tropical com a inserção de elementos típicos do local: frutas, flores, conchas, ícones indígenas, místicos e africanos. - A arquitetura religiosa mineira constituiu o último grande exemplo do barroco no Brasil já que, logo depois, se iniciaria o período do neoclassicismo, consolidado com a vinda da Missão Artística Francesa de 1816 sob o patrocínio de Dom João VI.
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REFERÊNCIAS - LEMOS, Carlos. Arquitetura brasileira. São Paulo: Melhoramentos: Edusp, 1979. - OMEGNA, Nelson. A cidade colonial. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1971. - REIS FILHO, Nestor Goulart. Quadro da Arquitetura no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1978 - BAZIN, Germain. A arquitetura religiosa barroca no Brasil. Rio de Janeiro: Record, 1983.
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