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MENDES DOS SANTOS NÃO VIRA COSTAS A QUEM PRECISA

LUÍS SANTOS/JOANA ALVIM

Desde 2012, Henrique Mendes dos Santos ocupa o cargo de presidente da direcção da Obra de Promoção Social do Distrito de Coimbra (OPSDC), uma instituição que foi fundada em 14 de Outubro de 1968 com o objectivo de ajudar famílias, crianças, jovens e mães que se encontram em situações vulneráveis. Ele é um dedicado membro da instituição desde 19 de Março de 1979, sendo actualmente o sócio número um e mantido uma vida de dedicação a estas causas.

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Campeão das Províncias [CP]: Como é que o sócio número um se aventura ainda nesta missão?

Henrique Mendes dos Santos [HMS]: Ontem completei 44 anos como membro desta instituição. Foi em 19 de Março de 1979 que me tornei sócio e desde então tenho dedicado todas as minhas forças a esta missão. Ao trabalhar numa organização dedicada às necessidades básicas da sociedade, acredito que estamos a defender o bem comum e que a solidariedade deveria estar mais enraizada no nosso distrito. Ainda que seja uma missão, é uma missão gratificante em termos pessoais, pois todos somos voluntários e trabalhamos movidos pelo amor à causa, sem outros interesses.

[CP]: Tomou posse recentemente com muitas entidades presentes. Isto tem significado.

[HMS]: É com grande satisfação e honra que colaboramos com várias entidades e mantemos uma excelente relação com cada uma delas. Estamos localizados nos Concelhos de Coimbra e Mira, e por isso, quisemos convidar todas as entidades com as quais temos laços e onde estamos integrados para participar na nossa tomada de posse. Para isso, contámos com a presença das Câmaras Municipais de Coimbra e Mira, que nos têm apoiado imensamente. Além disso, também quisemos contar com o Instituto de Emprego e Formação Profissional, a Segurança Social, as Juntas de Freguesia de Seixo Mira, Mira, União de Freguesias de Santa Clara e Castelo Viegas e Eiras, bem como a União de Freguesias de Coimbra. A presença da União das IPSS também foi importante, já que mantemos um diálogo institucional muito produtivo com esta entidade.

[CP]: O que é actualmente a Obra de Promoção Social do Distrito de Coimbra?

[HMS]: A Obra de Promoção Social do Distrito de Coimbra é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, sem fins lucrativos, que emprega 105 trabalhadores e é responsável por cerca de 340 crianças e jovens. Actualmente, a OPSDC é composta por cinco casas na área da Infância e Juventude, sendo três no Concelho de Coimbra: Creche e Jardim de Infância da Sé Velha, Centro Cultural e Infantil “O Paraíso da Criança”, em Eiras, e Creche e Jardim Infantil “Passo a Passo”, em Cruz de Morouços. E outras duas no Concelho de Mira: Casa da Criança de Mira e Centro de Bem-Estar Infantil do Seixo de Mira. A instituição possui ainda duas casas na área da Família e Comunidade, ambas no Concelho de Coimbra: Casa da Mãe, uma comunidade de inserção que acolhe menores e jovens adolescentes, grávidas ou com filhos, assumida a partir de 1 de Maio de 2008, no âmbito de um Protocolo de Transferência celebrado com a Fundação Bissaya Barreto; e o Centro de Acolhimento do Loreto, uma resposta de Acolhimento Temporário para crianças e jovens em risco/perigo de ambos os sexos, sem família de retaguarda disponível ou que seja capaz de atender adequadamente às necessidades destas crianças/jovens, do qual nos tornámos entidade de gestão em Dezembro de 2010.

[CP]: Fale-nos de cada uma das casas da OPSDC.

[HMS]: Os estabeleci- mentos “Creche e Jardim de Infância da Sé Velha” , “O Paraíso da Criança” em Coimbra, “Passo a Passo” em Cruz de Morouços, “Casa da Criança de Mira” e “Centro de Bem-Estar Infantil do Seixo de Mira” têm como objectivo responder às necessidades das famílias que residem ou trabalham na área, proporcionando uma conciliação plena entre a vida profissional e familiar.

Estas cinco casas integram as respostas sociais Creche e Pré-Escolar da OPSDC e recebem crianças com idades compreendidas entre os três meses e a idade de ingresso no ensino básico. Queremos que os pais sintam que somos parceiros na educação das suas crianças.

Depois temos o Centro de Acolhimento do Loreto –CAL, que para além do Centro de Acolhimento Temporário, o CAL integra uma Unidade de Emergência, que é um recurso para situações que carecem de intervenção imediata. A missão é acolher gados a frequentar a escola e contam com o apoio de técnicos e psicólogos. Em 2012, tínhamos cerca de 30 jovens, mas o número tem dimi- que é compreensível, já que tenho glaucoma (risos). Falando a sério agora, quando somos contactados porque há uma menina de 13 anos na maternidade que acabou de se tornar mãe e o pai do bebé é o próprio pai dela, não posso permitir que ela volte para casa nessa situação. Não consigo dizer não. Esse é um dos casos mais chocantes, mas infelizmente temos outros. Conseguimos gerir tudo isto com a certeza da qualidade dos nossos colaboradores.

[CP]: A preocupação social da OPSDC não se fica por aqui, também se solidarizou com a Ucrânia.

[HMS]: Quando começaram a chegar imigrantes e já foram executadas duas gerações do programa CLDS (CLDS+ em 2013 e CLDS 3G em 2016), e a quarta geração está em andamento até Junho de 2023. A Câmara Municipal de Coimbra é a entidade promotora, enquanto o Programa CLDS 4G Coimbra - Concelho Solidário e Saudável é coordenado e executado pela Obra de Promoção Social do Distrito de Coimbra, em 17 das 18 unidades territoriais, com excepção da União de Freguesias de Coimbra. nuído devido à existência de famílias de acolhimento.

[CP]: Como é que as pessoas podem ajudar a Obra de Promoção Social do Distrito de Coimbra?

“Quando somos contactados porque há uma menina de 13 anos no hospital que acabou de se tornar mãe e o pai do bebé é o próprio pai dela, não posso permitir que ela volte para casa nessa situação” crianças/jovens em perigo com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos. As crianças e jovens acolhidas são aqui colocadas por uma entidade judicial (Tribunais ou Comissões de Protecção de Crianças e Jovens e EMAT).

As crianças e jovens que são acolhidos aqui são obri-

Finalmente, a Casa da Mãe que, desde 1996, tem servido como uma Comunidade de inserção para jovens adolescentes grávidas ou com filhos. Estas meninas chegam até nós através de diferentes mecanismos de apoio social, como o CPCJ, Tribunais, Maternidades, EMAT e linhas de apoio. Algumas têm apenas 13 anos e, além de estudar, também precisam aprender a ser mães e cuidar de uma criança, enquanto elas próprias ainda são crianças. Actualmente temos cerca de 20 utentes, entre as jovens e os seu filhos. Infelizmente, às vezes temos dificuldades em acomodar casos urgentes que surgem, pois já temos um acordo estabelecido para o número de utentes. Com certeza, quando ocorrem casos que não deixam ninguém indiferente e não há mais vagas disponíveis (não por falta de camas, mas por conta do acordo estabelecido), às vezes tenho dificuldades em acertar o número exacto - o foi pedido à população em geral que os acolhesse, nós propusemo-nos a acolhe-los. Tivemos e temos algumas crianças nos nossos infantários, também acolhemos alguns no CAT e colocámos alguns ucranianos a trabalhar connosco. Fomos solidários e acho que fizemos bem aquilo a que nos propusemos.

[CP]: Para além de gerirem estes equipamentos, ainda gerem o programa CLDS 4G Coimbra, em que consiste?

[HMS]: Os Programas CLDS foram criados para combater a pobreza, a exclusão social e os desafios sociais emergentes, como o desemprego. A implementação deste novo modelo de gestão envolve a transferência de responsabilidades sociais do Estado para o Terceiro Sector (por exemplo, Associações, IPSS, Misericórdias, Mutualidades e sector privado), o que resulta em respostas sociais descentralizadas mais próximas dos territórios e das comunidades. Programa CLDS é um exemplo de instrumento de política social de proximidade, financiado por fundos europeus e pelo orçamento do Estado.

No concelho de Coimbra,

[HMS]: Existem diversas maneiras de contribuir. Uma delas é tornando-se sócio, para isso é necessário contactar a instituição e preencher a ficha de associação e pagar uma quota anual de 12 euros. Também é possível ser benfeitor, fazendo doações de dinheiro ou equipamentos variados. Por exemplo, o CEARTE actualizou os seus computadores e cedeu-nos os antigos. Recentemente a Fundação Mater Christi, uma organização sem fins lucrativos que ajuda crianças em risco, ofereceu-nos uma carrinha para transporte de crianças. Outra maneira é através do IRS. Na época de entrega da Declaração de IRS, é uma excelente oportunidade de ajudar. Esta acção não tem custos para o contribuinte, o valor é retirado do imposto total pago ao Estado.

Gostava de referir que a acção da Obra de Promoção Social do Distrito de Coimbra foi reconhecida pela Câmara Municipal de Coimbra, com a Medalha de Mérito da Solidariedade Social, Grau Ouro e pela Câmara Municipal de Mira, com a Medalha de Mérito Municipal de Mira - Grau Ouro. Por tudo o que foi dito quero fazer jus ao nosso lema “Por ti Obra, enfrentaremos a tormenta” e reforço as palavras de Winston Churchill “Vivemos com o que recebemos, mas marcamos a vida com o que damos!”

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