Capital Jornal laboratório do curso de Jornalismo do UniBrasil - Centro Universitário
da
Notícia Informativo que faz jornalismo comunitário em Curitiba.
Curitiba Outubro de 2018
Edição Especial Impressa
Zona Leste
Horta comunitária beneficia moradores do Cajuru PÁG. 5
CRAS DO BAIRRO ALTO TEM OBRA ADIADA NOVAMENTE
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LIXOES A CÉU ABERTO NO TARUMÃ PREOCUPA MORADORES
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EDITORIAL Interesse Público de quem?
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A construção de um shopping traz, de fato, muitos benefícios para o local em que é construído. Como poderia ser o caso do Shopping Plaza, no Tarumã, que desde 2016 começou a fazer parte da paisagem para os passantes da rua Konrad Adenauer e da Avenida Victor Ferreira do Amaral. O empreendimento dos grupos Tacla, Paysage e Casteval Construções e Incorporações, conta com 220m² de área construída e será o maior shopping da cidade. Empreendimentos gigantes assim trazem muitas consequências, entre elas, o grande número de vagas de emprego, ou a valorização do bairro, o maior fluxo de veículos... Pensando nisso, a Prefeitura impôs como medida compensatória aos empreendedores que ficassem
responsáveis pela revitali-zação das ruas no entorno do shopping. Mais um ben-efício para a região. Ao longo da rua Konrad Adenauer há alguns comércios, de pessoas que tra-balharam ali por anos. Em especial, três comércios no final da rua, uma pastelaria, uma borracharia e uma loja de pneus e acessórios. O que esses três pequenos empreendimentos têm em comum? Longe de toda a discussão de legalidade (que certamente se aplica nesse caso), os três comércios estão numa área que a pre-feitura ficou responsável por desapropriar. Para que a obra seja concluída, o processo segue os burocráticos trâmites na justiça, que, ou se resolvem em meses ou em anos, não há meio termo.
Além das ações de despejo em nome do “interesse público”(privado, no caso), na frente do shopping também há um terreno ocioso, por vezes podia-se observar vacas pastando no local). Enfim, o terreno está sendo usado pela empreiteira responsável pelas obras na rua como depósito de entulhos. É pos-sível ver uma montanha deles. Entulhos em terrenos sem utilidade, em geral, não causam problemas. Mas, nesse caso, os passantes do local podem frequentemente ver ratos passando de um lado para o outro do muro. E o pior disso tudo, ao lado do terreno, há uma escola pública, o Colégio Estadual Paulo Leminski. Alguns comerciantes que ficam no entorno do terreno também reclamam constantemente da presença das pragas no local. Pragas à parte, a empre-iteira responsável também “passou o trator” sem seq-uer um aviso prévio para os comércios ambulantes que ficavam na rua. O descaso
foi tão grande que nem se deram o trabalho de arrumar outro local para que mãe e filho, sócios no negócio, armassem a barraquinha de cachorro-quente, que tiraram dinheiro do bolso para concretar uma área de terra. Tudo em nome do “interesse público”, em nome do progresso, dos empregos a serem gerados, da milionária cifra investida ali, e ter, de contrapartida, so-mente uma rua revitaliza-da, que a empresa não faz mais do que a obrigação, visto que é a principal in-teressada, mas que peca ao tratar os “peixes pequenos” da economia macro, mas que tem histórias, tem cli-entes e sim, tem futuro. Queremos o progresso do nosso bairro, mas, acima de tudo, queremos respeito pela história daqueles que construíram, e constroem, que educam, que vendem, que vivem e sentem na pele o grande abismo que se forma entre o Jockey Plaza e a comunidade do bairro Tarumã.
Pró-Reitora de Graduação: Lilian Ferrari
Editores e repórteres: Amanda Koiv, Caroine Bispo, Daniel Liz, Fernanda Facchini e Juan Lamonato. Professor responsável: Rodolfo Stancki.
Instagram:/Zonalestecuritiba
EXPEDIENTE UniBrasil Centro Universitário Rua Konrad Adenauer, 442, Tarumã, Curitiba – PR - 82821-020 Telefone: (41) 3361-4200
Presidente: Clèmerson Merlin Clève
Reitor: Sergio Ferraz de Lima
Coordenadora do curso de Jornalismo: Maura Oliveira Martins.
Capital da Notícia Zona Leste: produto laboratorial do curso de jornalismo do UniBrasil Centro Universitário.
Site: capitalzonaleste. wordpress.com/
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Dúvidas e sugestões: jornalismo@unibrasil. com.br
Material integrante da disciplina de Redação Jornalística IV.
Cidadania
Adiada pela segunda vez, obra do Cras Bairro Alto permanece sem previsão de entrega A construção está praticamente finalizada, mas falta a instalação de telefones e redes de comunicação para o funcionamento da unidade
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Por Amanda Koiv
Foto: Amanda Koiv
Curitiba conta atualmente com um total de 45 Centros de Referência e Assistência Social (Cras), que atendem por unidade mais de 2.800 famílias em situação de vulnerabi-lidade social. No ano passado, o pre-feito Rafael Greca, junto à Fundação de Ação Social (FAS), autorizou a con-strução da nova unidade, que garan-tiria a melhoria no atendimento a 10 mil famílias na região do Bairro Alto. As obras, iniciadas em julho de 2017, previam término determinado para novembro do mesmo ano, conforme o anúncio da Prefeitura. A conclusão da construção foi adiada para março de 2018, porém o local permanece inativo. De acordo com a Assessoria de Comunicação da FAS, não existe ônus à população atendida na região, pois ela vem sendo acolhida normalmente no espaço de Liceu de Ofícios do Bairro Alto, que também é uma unidade da FAS e funciona no mesmo endereço onde a nova unidade foi construída. Já a estudante Letícia Fernandes, 17 - que possui cadastro único no Cras Bairro Alto por baixa renda - afirma que não há suporte no local para o número de pessoas que procuram os cursos gratuitos que são oferecidos. “O local é pequeno e as vagas são muito limitadas”, diz. Para a diarista Eliza Fernandes de Almeida, 33, o atraso de entrega de uma nova unidade reflete as dificuldades no atendimento. “São pouquíssimos funcionários para fazer o cadastro único. Para conversar com a assistente social, distribuem apenas quatro senhas de manhã e à tarde”, relata. Além da falta de recursos
Estabelecimento tem conclusão prevista para abril de 2018 e será o maior shopping do sul do Brasil.
para o funcionamento da nova unidade na região do Bairro Alto, recentemente Greca propôs o fechamento de sete unidades do Cras, com a justificativa de reordenamento da rede. Renata Witsuba, assistente social, trabalhou durante anos em institu-ições de acolhimento, admite que as políticas públicas não são ruins, mas na prática não ocorrem como deveria. “Querer inaugurar novas unidades prevendo o fechamento de outras põe às claras a falta de organização com o dinheiro público”, afirma. Questionada, Sandryanna Fernandes,
assessora da FAS, informou que o atraso do novo Cras Bairro Alto ocorreu porque foi preciso fazer serviços extras, mas a pre-visão da inauguração está pre-vista para o dia 14 de outubro, localizado a Rua Jornalista Al-ceu Chichorro, 323. O CRAS terá capacidade de atendimento de mais de 7 mil famílias em situ-ação de risco e vulnerabilidade social moradoras do Bairro Alto e do Tarumã.
ECONOMIA
Baixa no valor do metro quadrado dos imóveis não assusta moradores e corretores do Capão da Imbuia No mês de agosto, o preço dos imóveis no bairro caiu 0,26% Por Fernanda Facchini Foto: Fernanda Facchini
04 Número de casas à venda aumentou. 4,26%.
O valor pedido no mercado imobiliário no mesmo período do preço médio dos imóveis à venda reduziu de 3,18%. O número total de casas aumentou 4,26% com um total de 169 residências divulgadas para venda. Mesmo com essa redução no valor, não é apresentado riscos para moradores ou imobiliárias que pretendem comercializar no bairro, e faz parte de uma estabilização no custo ofertado. O Economista Marcos José Valle afirma que, nem sempre uma baixa no valor significa desvalorização, pois depende de como está a de-
manda da região. É normal que a quantia baixe num primeiro momento, porque o local está tendo uma valorização do investimento de um grande empreendimento que é o shopping. Valle ainda complementa: “os preços tendem a baixar, porque se o proprietário tinha um imóvel e não pretendia vender, ele pode se sentir tentado a fazê-lo”. No caso se todos tentarem comercializar simultaneamente então a busca vai ser por consumir a melhor quantia. Caso todos os proprietários tentem vender simultaneamente
seus imóveis, a tendência é a queda do custo. O corretor de imóveis Wellington Magno Lorusso diz que o valor das casa aumentou, mas de uma forma ilusória: “o pessoal viu que o imóvel subiu e gerou uma bolha de custo muito mais elevado, chegou uma hora que o aumento estrangulou o preço”. Com ajuda de corretores, lentamente o proprietário entendeu que deveria ser reavaliado o valor. Lorusso afirma que a construção do shopping é, negativa “o fluxo de carros dos bairros vizinhos, somado a quem precisa
se deslocar para a faculdade, implica no transtorno e movimento que não agrada quem pretende morar na região”. A moradora Josiane Menon colocou seu imóvel à venda há 30 dias. A casa é localizada próxima ao Detran e a procura por compradores está grande. Ela comenta: “eu não coloquei preço para ganhar em cima e sim para vender justamente”. Uma residente do condomínio de Josiane vendeu sua casa em apenas 3 meses, a média para a finalização de uma compra é de até 12 meses, conforme Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias.
SAÚDE
Vila Camargo, no bairro Cajuru, tem hortas para atender à comunidade Grande parte das plantações são de iniciativa particular dos moradores e não recebem incentivo público Por Juan Lamonato
A Vila Camargo, no Bairro Cajuru, pode ser considerada uma referência em hortas comunitárias. Em uma caminhada de dez minutos pela região, é possível encontrar ao menos cinco locais de plantio de orgânicos abertos ao público. Entre essas plantações, a maior é cultivada pelo pedreiro Antônio José Pereira, 47, que tem cerca de 45 metros quadrados e fica ao lado da linha férrea administrada pela concessionária de transportes ferroviários Rumo. O cultivo é feito em frente à casa do pedreiro, na Rua Pedro Violani, 1955. Além da roça do seu Antônio, há outras quatro na região. Uma ao lado dela e outras três a menos de cinco quadras dali. As duas mais próximas têm cerca de vinte metros quadrados cada. As mais distantes são menores, menos de cinco metros quadrados. Os
cultivos, porém, são semelhantes: repolho, couve, almeirão, alface e serralha, na maioria. Os produtos podem ser conseguidos facilmente por qualquer morador da comunidade, basta falar com os responsáveis pelas hortas. A manicure Raquel Ribeiro, 53, mora a duas quadras da horta do seu Antônio e diz que se preocupa somente se os produtos não são perigosos para a saúde por ficarem tão próximos do trem, mas que gostaria de saber como pode ter acesso. “Se não fizer mal, vai ajudar bastante. Além de ser orgânico, ainda vai diminuir os custos aqui em casa. Vai ser uma mão na roda”. Diferente dessas iniciativas particulares, a Rumo, em parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (Smab), já abriu 2 hortas comunitárias com infraestrutura e planejamento técnico. Uma delas é próxima ao
Serviço
A instituição que tiver interesse em participar do programa deverá levar para a Regional da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento, na Rua da Cidadania correspondente à sua localização, um ofício com a solicitação de inclusão. Horários de Atendimento: Manhã: 8 às 12h Tarde: 13 às 17h
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Foto: Bruna Gazabin
Qualquer instituição, escola. associação de moradores pode fazer parte do programa. Foto: Juan Lamonato
terminal Vila Oficinas, a cerca de 2,5 quilômetros da Vila Camargo. Com aproximadamente mil metros quadrados, ela atende em torno de 100 famílias da região. Além disso, a administração municipal mantém outras 23 plantações. De acordo com a engenheira agrônoma Carla Cristina Jaremtchuk, 39, os riscos são baixos. “Não conheço o projeto da Rumo, mas como a passagem do trem é rápida e não tem tanta frequência, não vejo problemas em desenvolver uma horta próxima à ferrovia.” “Também é uma atividade terapêutica, de relaxamento e de convívio social. Pode gerar ainda renda extra com a venda de excedentes, economia na compra desses produtos e até alguns outros benefícios, como educação ambiental e educação alimentar”, disse Luiz Gusi, secretário municipal de abastecimento. A Smab informou que qualquer pessoa pode abrir um cultivo comunitário. Basta procurar as administrações regionais e levar a documentação exigida.
CAPA
Problema Ambiental: Tarumã sofre com lixões a céu aberto. Moradores do Tarumã sofrem com falta de cuidados com o bairro Por Daniel Liz
Foto: Daniel Liz
06 O lixo jogado em céu aberto favorece a aparição de criadouros de mosquitos que transmitem doenças infecciosas.
A falta de cuidado com o ambiente é um problema cíclico e de danos irreparáveis. Lixões clandestinos, hoje, são uma realidade no Brasil e são caracterizados por serem depósitos irregulares ao ar livre de lixos, desde orgânicos até eletrônicos, que demoram de dez a centenas de anos para se dissolver na natureza. En-
trando na parte residencial do bairro Tarumã, localizado em Curitiba, vemos como o descaso com o lixo em lugares indevidos é comum. Mesmo não tendo lixões clandestinos localizados e registrados pela prefeitura, o Tarumã, passa longe de ser um bairro ecológico. Ao sair da Rua Rua Victor Ferreira do Amaral, coração do
comércio no bairro, não imaginamos como o Tarumã pode ter tantos problemas relacionados ao acúmulo de lixo. Entrando na área residencial do bairro vemos a fragilidade de sua saúde ambiental e a falta de cuidado que os próprios moradores tem com seu ambiente, jogando lixo em áreas verdes do bairro (áreas geralmente usadas para o descarte clandestino de lixo). Andando pelo bairro foram encontrados aproximadamente 10 lugares aonde o lixo é descartado de forma irregular e estão na parte residencial do Tarumã. Hoje, o bairro conta com 20 áreas verdes, tendo 58 metros quadrados de área verde por pessoa, índice quase 5 pontos menor do que o ideal, segundo a prefeitura de Curitiba. Para os moradores do bairro, o descaso com o lixo jogado se torna cada vez mais preocupante. A professora Joyce Ribeiro acredita que o problema não tem diminuído. “Moro há dez anos no bairro e de cinco anos para cá, tenho visto o aumento de lixo aglomerado, tanto na minha rua quanto na rua de vizinhos”. Para ela, “os moradores tem muita culpa disso, na verdade a maioria joga lixo em lugares indevidos, temos que mudar nossa mente em relação ao ambiente” . A preocupação a respeito
destes lixões clandestinos também diz respeito às doenças que possam vir por meio deles. Estes lixões favorecem o aparecimento de doenças infecciosas, acumulam água e são propícios para a reprodução de insetos, como, por exemplo, o mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, zika e chikungunya. Outra preocupação é com a doença causada pelo rato, que vive nestes ambientes. Segundo a infectologista Priscila Ceolin, “o problema destas áreas é principalmente a leptospirose, vinda do rato pela sua urina e pelo contato humano com os lixos destas áreas, que são extremamente contaminados”. No Paraná, 98 municípios ainda tem lixões e aterros irregulares, ação ilícita e cabível a multa. Segundo dados, os estados brasileiros somam uma multa com o IBAMA de 8,485 milhões de reais. O bairro Tarumã vive o espelho do descaso do Brasil com o meio ambiente. Em contato com a acessória de Rafael Greca, as instruções foram, “caso a área seja pública, reportar conosco (Prefeitura de Curitiba). Se for área particular o lixo pode ser levado auto de infração, multar os proprietários, e até entrar na Justiça para exigir correção urbanística” e anda disse seu lema “#XôTranqueira”.