Capital da Notícia - Zona Leste #12

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Capital Jornal laboratório do curso de Jornalismo do UniBrasil - Centro Universitário

da

Notícia Informativo que faz jornalismo comunitário em Curitiba

Curitiba Novembro de 2018

Zona Leste

DENÚNCIA

TRÁFICO NAS ESCOLAS Reportagem investigou o tráfico de drogas que ocorre em escolas no bairro Cajuru. Pag.3

ASSALTOS A ÔNIBUS GERAM INSEGURANÇA EM MORADORES DO CAJURU PáG. 5

AUTOESCOLAS ATRAPALHAM TRÂNSITO NO CAPÃO DA IMBUIA PáG. 7


EDITORIAL Precisamos de mais áreas verdes

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O crescimento populacional e a urbanização das cidades vem fazendo com que a administração pública se esqueça cada vez mais da importância de manter a natureza por perto mesmo nas grandes cidades. As áreas verdes contribuem, além da saúde física, com a saúde mental da população e manutenção da sustentabilidade. O bairro Cajuru, localizado na zona leste de Curitiba, possui 599,49 m² de área verde em sua extensão. Isso equivale a pouco mais que 5% do território do bairro. O local é o que conta com menos áreas verdes se comparado aos outros três bairros da região – Capão da Imbuia, Tarumã e Bairro Alto. A presença de áreas verdes em regiões urbanas está diretamente ligada com a qualidade de vida da população, promovendo locais de lazer e educação ecológica para os moradores. A falta dessas áreas, além de contribuir com desastres naturais – como as enchentes, pois a água não tem para onde escoar pelo excesso de calçadas e asfaltos - prejudica a saúde da população, fazendo com que doenças respiratórias sejam agravadas pelo excesso de poluição.

No Cajuru, o maior bairro da zona leste em extensão territorial e que conta com mais 96 mil habitantes, há apenas um parque e 19 praças ao ar livre. Ou seja, a área verde pública disponível é ainda menor do que os 5% levantados pelo Ippuc – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba.

O Parque Linear Cajuru tem uma área de 104 mil metros quadrados. O espaço possui campo de futebol, vestiário, canchas esportivas, equipamentos de ginástica, 4 mil metros de ciclovia, pistas de skate e patinação.

Com o parque, a Prefeitura preserva a faixa de drenagem do rio, como a do Rio Atuba. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA) vem resgatando a função ambiental do Rio Atuba desde 2002/2003, quando começaram as obras com a participação de outras entidades municipais.

Na maioria dos casos as áreas verdes são vistas pela administração pública como algo que apenas gera gastos para o município, pois pedem manutenção constante. Porém, espaços em que a natureza se faz presente são essenciais para manter a qualidade de vida da população e para que a saúde ecológica do planeta seja mantida, mesmo que os esforços para esse fim sejam mínimos da maioria dos órgãos governamentais.

Como um bairro de grande população a Prefeitura poderia dar uma atenção maior a essas áreas verdes, para incentivar os moradores, especialmente os jovens, tenham mais incentivo para sair de casa, sem precisar sair do bairro. Essa atitude pode refletir também na movimentação que existe na região, e que possivelmente ajudará no comércio e na economia local.

EXPEDIENTE UniBrasil Centro Universitário Rua Konrad Adenauer, 442, Tarumã, Curitiba – PR - 82821-020 Telefone: (41) 3361-4200

Presidente: Clèmerson Merlin Clève

Reitor: Sergio Ferraz de Lima

Pró-Reitora de Graduação: Lilian Ferrari Coordenadora do curso de Jornalismo: Maura Oliveira Martins.

Capital da Notícia Zona Leste: produto laboratorial do curso de jornalismo do UniBrasil Centro Universitário.

Editores e repórteres: Carolini Déa, Matheus Ribeiro, Giancarlo Mazza, Leticia Milani e Juan Lamonatto Professor responsável: Rodolfo Stancki. Site: capitalzonaleste. wordpress.com/

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Instagram:/Zonalestecuritiba Dúvidas e sugestões: jornalismo@unibrasil. com.br

Material integrante da disciplina de Redação Jornalística IV.


Colégios estaduais do Cajuru sofrem com o tráfico de drogas A questão do tráfico em Curitiba é delicada, especialmente quando envolve jovens. Em Curitiba, a facilidade para o tráfico nas escolas estaduais é maior pelo fato delas oferecerem aulas pela noite. Nos arredores dos colégios, podem ser encontrados maços de cigarros, e muita sujeira. No período da noite é quando os traficantes de drogas ilícitas podem ser identificados. Alguns usam uma linguagem corporal específica que não deixa claro quem são, mas é reconhecível por aqueles que consomem drogas. O problema é frequente há anos e está fora do controle das escolas, que só podem cuidar dos estudantes que entram. Segundo a diretoria do Colégio Estadual Olivio Belich, do Cajuru, não é mais permitido na lei revistar alunos durante a entrada, mas quando um aluno é identificado portando algo não permitido, a escola deve chamar a Patrulha Escolar. Porém, os pedidos nem sempre são atendidos. “Ontem tivemos um aluno portando uma arma branca, mas ninguém veio”, comenta. Um inspetor da escola que cuida do portão de entrada, relata que a concentração do consumo de drogas acontece em pontos próximos à escola. A presença delas só diminui quando policiais estão por perto. Ele faz contato com a diretoria sempre que vê um aluno menor de idade em contato com as substâncias ilícitas, para que ela possa chamar as famílias. No entanto, a realidade do bairro Cajuru com as drogas envolve fortemente as famílias. Com um número alto de pessoas em baixa situação econômica, muitos jovens ficam desprotegidos aos estímulos para usálas. Cristiane Osiecki, assessora da

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Por Giancarlo Mazza

Foto por Giancarlo Mazza Promotoria de Justiça do Adolescente, afirma que a maconha e o crack são as substâncias mais consumidas no bairro. Segundo ela, essa situação pode ser resolvida com a renovação das políticas públicas e incentivos a uma mudança de cultura dentro de famílias em baixa situação econômica.

Ontem tivemos um aluno portando uma arma branca, mas ninguém veio.

“Muitos pais não se abatem por seus filhos saírem da escola para trabalhar, e

ajudar na renda da família. Porém, muitas vezes é o tráfico que está ajudando a colocar pão na mesa todo o dia”, afirma Osiecki. Esta realidade coloca muitos jovens estudantes em risco. Paulo Sérgio Sinatti, investigador da Delegacia do Adolescente, explica que a sedução das drogas vinda de colegas nas proximidades dos colégios públicos é um dos primeiros passos. Após entrar no vício por uma droga, os jovens são aliciados por traficantes a vender em troca de uma quantia menor para consumo. Muitas vezes, o usuário consume a quantia recebida para vender também, o que coloca a sua vida ameaçada pelos grandes traficantes.


TRANSPORTE

Terminal do Vila Oficinas deve ser reformado para comportar novas linhas de ônibus Além do Ligeirão Leste-Oeste, ainda passarão pela estação o ligeirinho Centenário e novas linhas vindas de São José dos Pinhais

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Por Juan Lamonatto

A Prefeitura de Curitiba anunciou, no último dia 15 de agosto, que o terminal de ônibus do Vila Oficinas deve passar por reformas para receber novas linhas de transporte. A informação foi divulgada um mês depois da assinatura de um convênio com o Governo do Estado para fortalecer a integração da capital com a Região Metropolitana. A reforma ainda está em fase de licitação e receberá cerca de R$ 1,57 milhões em recursos do PAC Mobilidade, do Orçamento Geral da União (OGU). As obras devem incluir serviços de pavimentação em con-

creto e novas plataformas. Segundo o presidente do do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Luiz Fernando Jamur, o terminal do Vila Oficinas não possui parada para linhas diretas. “A reforma vai possibilitar a operação do Ligeirinho Centenário que fará a ligação com o Centro da cidade, atendendo a uma demanda existente que não é coberta por outras linhas”, explicou em nota oficial. O estudante Antony Correia Maciel, 15, estuda no Sesc São José, localizado na Praça Rui Barbosa, e utiliza o terminal todos os dias. O adolescente afirmou que o Ligeirão

vai reduzir seu tempo de trajeto e o fará chegar ao destino mais rápido. Já sobre as linhas integradas, disse: “não irá influenciar em nada para nós que não precisamos dessas linhas, mas para quem precisa deverá ser muito útil”. O engenheiro André Cansian, especialista em transportes, apontou que não há dados técnicos que apoiem a vantagem do Ligeirão em relação a outras linhas expressas, a não a questão da agilidade, e que o transtorno pode acabar sendo maior que os benefícios. Ele comenta: “o atual prefeito quer restaurar a visibilidade do transporte de Curitiba ao

Foto: Juan Lamonatto

Jardinete Rosário Farani Mansur sofre com áreas de lazer deterioradas.

que era na década de 90. Tem muito de interesse político aí, e pouca preocupação com os aspectos técnicos da obra”. Perguntada sobre os transtornos, a cozinheira Jussara Cardoso, 46, afirmou: “fora o barulho e a poeira da construção, ainda vai atrapalhar a passagem dos ônibus que já atrasam normalmente. Espero que, pelo menos, facilite o trânsito depois”. As linhas que vão trafegar pelo terminal são o Expresso São José via Centenário, o ligeirinho Centenário e o Ligeirão Leste Oeste. A reforma ainda está em fase de licitação e recebe recursos do PAC mobilidade, do Orçamento Geral da União (OGU).


SEGURANÇA

Frequentes assaltos a ônibus no Cajuru colocam em evidência crise na segurança pública do bairro A principal causa dessa crise é a desigualdade social, que coloca todos os bairros, até mesmo os de classe média, como reféns do problema

Por Leticia Milani

beu alta, decidi adotá-lo.

O cão, na tentaviva de defender a cobradora, acabou levando um tiro do assaltante

Ele está comigo há cinco anos. Às vezes quando eu saio para trabalhar, às 4h30 da manhã, ele me acompanha de casa, também no Cajuru, até a estação. Depois ele volta sozinho. É meu companheirinho”, relatou Eliane sobre Branquinho, como foi batizado o cão. O fato que chama a aten-

ção é que, mesmo sendo um bairro de classe média, o Cajuru não está livre de ser afetado pela crise da segurança. Segundo a socióloga Nicolly Araújo, o problema não é uma surpresa para a sociologia. “A sociedade é como um organismo. Se algo não está funcionando como deveria, afeta o funcionamento de todo o corpo. Nesse caso específico, a doença é a desigualdade social. É normal que os assaltos atinjam também os bairros de classe média, já que em algum momento a desigualdade social deve ser sentida por todos. O caso da cobradora mostra como todos estão sujeitos à insegurança de viver em um país tão

desigual”, explicou Nicolly. Sobre a segurança no transporte coletivo e arredores, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Curitiba se pronunciou dizendo que a Guarda Municipal trabalha a Patrulha do Transporte Coletivo, nome dado pela gestão ao policiamento preventivo em estações-tubo e em terminais de ônibus. “Esse trabalho tem tido resultados efetivos, com prisões constantes de suspeitos de vandalismo e de furto. Este é um trabalho conjunto, que envolve ações ostensivas das polícias Militar e Rodoviária Federal, além de atividades para identificação e prisão de suspeitos pela Polícia Civil. As informações foram dadas pela assessora de imprensa Luciana Cristo.

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Foto: Giancarlo Mazza

Segundo um levantamento da prefeitura de Curitiba do ano de 2017, a média de assaltos a ônibus na cidade é de seis ocorrências diárias. Com isso, motoristas e cobradores do transporte público são expostos ao perigo diariamente. Eliane Diniz, de 37 anos, trabalha na estação tubo do Cajuru há 7 anos. Em 2013, ela foi vítima de um assalto enquanto trabalhava no tubo. Segundo ela, logo que o assaltante fez a abordagem, um cão de rua que estava no local avançou no homem. Ele acabou atirando no animal. “Por sorte, o tiro pegou de raspão. Levei-o ao veterinário e, quando ele rece-

Estação tubo onde ocorreu o assalto


CAPA

Moradores do Capão da Imbuia enfrentam dificuldades para caminhar nas calçadas do bairro 06 Já há algum tempo os moradores do bairro Capão da Imbuia vem sofrendo com a falta ou irregularidades nas calçadas do bairro. Esse problema se dá pelo fato de as calçadas serem antigas, desde a fundação do bairro em 1955. A moradora Sionara Feijó, representante comercial, conta que já fez reclamações sobre o assunto. “Sempre foi assim. A maioria das ruas não tem calçadas. Já fiz reclamações sobre algumas ruas na Central 156 e não tive sucesso. Eu passei o endereço das ruas e eles me disseram que não conseguiram localizar o endereço”, comenta. A moradora tambem reclama da falta de estrutura para receber idosos e deficientes fisicos. “São muito

poucas as calçadas que possuem rampas para cadeirantes. Isso compromete muito a mobilidade das pessoas com deficiência física, dos idosos, das pessoas que têm dificuldades para andar”, conta. Além da má qualidade das calçadas, há o problema de algumas ruas não possuirem calçamento. “Aqui no bairro nós temos muitas ruas sem calçadas. Isso nos deixa muito vulneráveis a atropelamentos, pois acabamos sendo obrigados a andar na beirada do asfalto”, completa Emanuelle Veiga. Segundo o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) a ausência de pavimento para pedestres ocorre pela falta de conhecimento da legislação e da importância

das calçadas no ambiente. De acordo com o Código de Posturas - Lei Municipal nº 11.095, de 21 de julho de 2004, art. 86 a construção e reconstrução das calçadas é de responsabilidade dos proprietários das residências. Desde 2004, as calçadas feitas devem ser adaptadas às pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. De acordo com o Ippuc, nem sempre se exige calçadas em ruas de pavimentação provisória, considerando que as mesmas seriam danificadas durante as obras de pavimentação definitiva, o que causaria novos custos para a sua reconstrução. O Ippuc está estudando um modelo de avaliação das calçadas quanto ao atendimento mínimo das condições de acessibilidade, baseando-

se em normas técnicas e em literatura científica. A ideia é possibilitar um diagnóstico e mapeamento que orientem o município quanto à priorização de intervenções que possibilitem o caminhar seguro e a melhorias das condições de acessibilidade. Segundo a Prefeitura de Curitiba, a Prefeitura só faz calçadas nas chamadas obras de “implantação”, que além da pavimentação, incluem drenagem,


SOCIAL

Mercado imobiliário: é viável negociar imóveis no Bairro Alto?

um valor mais alto que o sugerido pela imobiliária e diz não ter pressa para vender: “Acredito que um ano é o mínimo que vou esperar”. Ele diz que existem vários motivos para não se comprar uma casa na região, como o comércio de baixo nível e insegurança, mas afirma que o principal motivo pelo qual acredita que será difícil convencer um comprador é o estereótipo que o bairro carrega no imaginário dos curitibanos. “Ninguém paga 1 milhão de reais por uma casa no Bairro Alto. O bairro foi de classe média-baixa no passado e ainda carrega essa fama”. A aposentada Delair Soares colocou seu sobrado em condomínio fechado à venda depois de 30 anos morando no local. Ela pro-

cura uma casa espaçosa, com amplo terreno. O valor pedido por ela (que é discreta na divulgação da casa, com apenas uma pequena placa em um poste do outro lado da rua) é superior ao que normalmente é pago no bairro por residências de construção tão antiga: quase meio milhão de reais. O corretor de imóveis Miguel Pazdziora é enfático ao dizer que o mercado no bairro está difícil. Ele culpa os bancos públicos e governo incapaz de manter estabilidade pela dificuldade de fazer uma venda. Pazdziora desacon-

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Por todo o país, a situação do mercado de imóveis é muito diferente da que havia num passado relativamente recente, o que há hoje são edificações com preços incompatíveis com o poder de compra do cidadão médio e o crédito imobiliário sendo visto como uma alternativa mais arriscada, com altas chances de gerar dívidas. Em Curitiba, o preço médio do metro quadrado aumentou no início de 2018 e está cotado em R$ 4603, o que aparentemente não afetou certas políticas de preço das imobiliárias, que ainda trabalham com valores bem inferiores ao metro quadrado médio. O funcionário público Daniel Montanher colocou sua casa à venda no Bairro Alto há cerca de dois meses por

selha negociar: “colegas aqui da região estão até desistindo da profissão. Conheço uma mulher que está com nove sobrados e não consegue vender nenhum”. Imóveis disponíveis para venda não faltam no Bairro Alto. Existe - verificar mais de 600 unidades, com preços de até 2,5 milhões de reais, com todas as opções de tamanho, configuração e disponibilidade de itens como garagens para até dez carros e dimensão para motorhome, piscinas, edículas, spa privativo, cocktail cabinets e outros itens para atender as demandas de quem pretende investir seu dinheiro em um novo lar. As negociações de imóveis são um termômetro em qualquer economia. No Brasil, a crise de 2014 não foi exceção e afetou as vendas de edificações. Segundo o Índice FipeZap, os preços de imóveis caíram 17% no país em 4 anos, acompanhados por um aumento no número de unidades em estoque. A motivação das mudanças é clara: desemprego e instabilidade econômica fizeram as pessoas adiarem gastos de grande volume.


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