CAPITAL DA NOTÍCIA Jornal laboratório do curso de Jornalismo do UniBrasil - Centro Universitário.
Curitiba. Novembro de 2016.
Edição número 9.
Foto: Bruna Aliane.
MERCADO DE TRABALHO
sem saída, profissionais
Transexuais desafiam
apostam em qualificação
preconceito no trabalho
Pág. 5.
Pág. 8.
EDITORIAL
OMBUDSMAN
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Esta nova edição do Capital da Notícia, jornal laboratório do curso de Jornalismo do UniBrasil – Centro Universitário, tem como tema o Mercado de Trabalho. O material publicado aqui foi pensado como uma maneira de ampliar o olhar do leitor sobre o atual cenário profissional em Curitiba e Região Metropolitana. O debate nos parece fundamental, pois passamos por um delicado momento de crise, em que a oferta de emprego é afetada continuamente. A informação pode ser o que separa os cidadãos de uma oportunidade de emprego, de uma boa ideia de empreendimento individual ou de uma abordagem mais humana com o próximo no mundo profissional. Em nossas reportagens, buscamos problematizar
a ideia de trabalho. Afinal, defendemos que uma das grandes funções de um jornal é dar ferramentas para que o público reflita sobre o mundo em que vive. O senso crítico, as informações precisas e a independência são valores que defendemos para nos ajudar a viver em uma sociedade mais justa e democrática. Diante desse tipo de discussão, queremos propor um veículo que nos ajude a passar pelo período da crise, compreendendo a complexidade do mercado de trabalho. Num momento em que tanto se fala sobre demissões, reduções de salários e reformas trabalhistas, este jornal se propõe ser um guia para mostrar as diferentes relações profissionais que compõem esse tecido econômico e social do mundo moderno.
Por Shelbert Braz
EXPEDIENTE
nalismo: Maura Oliveira Martins.
Armênia Louisi, Cris Souza, Vinicius Frois, Wagner Dias, Shelbert Braz, Rafaela Barros, Giana Meirelles, Lana Carvalho, Clayton Rucaly, Mellanie Anversa, Jenyfer Martins, Lucyo Pinheiro, Ricardo Alcantara, Carlos Lader, Bruna Aliane, Jennifer Thereza, Vitória Berveglieri Martins, Marcela Detoni, Alexandre Pereira Da Silva Grecco, Pamella Garcia, Victória Fontana, Paulo Metling, Sirlene Araujo, Fernanda Alves, Leandro Cordeiro, Natanny Carvalho, Michelle Gaio Machado, Aléxia
HUMOR: MERCADO DE TRABALHO
UniBrasil Centro Universitário
Rua Konrad Adenauer, 442, Tarumã, Curitiba – PR - 82821-020 Telefone: (41) 3361-4200
Presidente: Clèmerson Merlin Clève Reitor: Sergio Ferraz de Lima Pró-Reitora de Graduação: Lilian Ferrari Coordenadora do curso de Jor-
Capital da Notícia - Mercado de Trabalho: produto laboratorial do curso de jornalismo do UniBrasil Centro Universitário. Editores chefe: Camila Souza e Tom Schiebel. Edição de imagens: Armênia Louise e Aléxia Lopes. Ombudsman: Shelbert Braz. Repórteres: Adriana Arruda, Ana Luiza Sant’Ana, Daniel Alvarenga,
Elaborar um jornal sobre o mercado de trabalho atual não tem sido uma das tarefas mais fáceis. As dificuldades começam ao se decidir o que é mais importante, filtrar pautas relevantes e próximas, e separar daquelas que possuem caráter secundário. Como ponto positivo deste jornal, temos a preocupação com a inserção social de alguns trabalhadores que até então não possuíam visibilidade. É o caso da matéria na editoria Direito e Socialização, feita sobre travestis e transexuais que conseguiram destaque no mercado de trabalho, em suas respectivas áreas. Outro texto que chama a atenção é sobre depressão e suicídio no mercado de trabalho. O tema, por si só, é obscuro no meio jornalístico, ao não ser divulgado sob o argumento de não incitar suicidas. É preciso cuidado ao se falar em empreendedorismo. É imprescindível encontrar dados e fontes do Sebrae, autarquia integrante do “Sistema S” do Governo Federal (ao lado de Senai, Sesi, Sesc), que recebe verbas de tributos incidentes na folha de salários das empresas, com um primeiro passo para o empreendedor. Uma
questão que deveria ser revista é quanto a temas que trabalham com crescimento e decrescimento. São dados, números, percentuais, gráficos, que devem aparecer na matéria. E isso faltou na reportagem sobre o mercado imobiliário, que ficou apenas na opinião da fonte. Por outro lado, a matéria sobre tecnologia e mercado de trabalho possui dados defasados do IBGE, de fevereiro de 2016. O instituto calcula trimestralmente seus principais dados da série histórica O jornal também precisa se atentar para as omissões ou critério de noticiabilidade. Mesmo que a linha editorial tenha como meta mostrar um lado mais positivo, matéria sobre a construção civil, um dos principais segmentos do setor industrial afetados pela crise, com 40% de trabalhadores na informalidade, deveria aparecer no jornal. Bem como segmentos com demissões em massa, como montadoras de automóveis, que afetam pequenas e médias empresas fornecedoras, provocam demissões em cadeia e agravam fortemente a crise econômica. O segmento de varejo, que emprega (e desemprega) milhares de trabalhadores, deveria também ter espaço no jornal.
Lopes, Franciele Farias Machado, Keimilin Campos,Beatriz Santana e Thays Zeni. Professor responsável: Rodolfo Stancki. Site: https://goo.gl/ULA5kV Facebook: on.fb.me/1KR3z2u Twitter: https://goo.gl/foD7Sx Instagram: https://goo.gl/fp2pu5 Dúvidas e sugestões: jornalismo@unibrasil.com.br Material integrante da disciplina de Redação Jornalística IV.
MERCADO IMOBILIÁRIO
Oferta de vagas para corretores volta a crescer
Após período de estagnação, setor prevê novos empreendimentos para Curitiba nos próximos anos Por Mellanie Anversa
Gerente de vendas, Grazielle Machado incentiva novos corretores imobiliários.
de maneira adequada os colegas. “Há corretores realizando vendas sem licenciamento”, comenta. Quem atua legalmente, precisa pagar anuidade. Para a assessoria do Creci, o conselho apura irregularidades, mas cada corretor deve se registrar sozinho.
Para adquirir a licença, é preciso realizar um curso de transações imobiliárias à distância. A partir do momento que o curso tem início, a pessoa passa a ter de nove meses a dois anos para concluir as provas e tirar o registro do Creci definitivo.
Profissionais com Ensino Superior lideram demissões
Levantamento considera período de recessão econômica de março de 2015 a março deste ano Por Vinicius Frois Os profissionais com Ensino Superior lideram o ranking de demissões, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A entidade afirma que o principal motivo dos desligamentos é a diminuição da confiança do empresariado no momento econômico que o país enfrenta. O ranking dos cortes de vínculos empregatícios é liderado pelos administradores de empresa, com 26,2 mil demissões. Os resultados das pesquisas consideram o período de março de 2015 até março
deste ano. Na sequência, professores de Ensino Superior (21 mil), programadores e avaliadores de ensino (17,6 mil) e advogados (10,6 mil). Os dados são da Previdência Social e do Ministério do Trabalho. Em algumas empresas, os
“
Profissionais com graduação têm sido trocados por outros recém-formados ou em formação.
profissionais com graduação têm sido trocados por outros recém-formados e/ou em formação. A administradora Jandaia Baptista trabalhou por 15 anos como gerente administrativa em uma empresa de comunicação e foi demitida em janeiro deste ano. Ela diz que esperava pelo desligamento, pois a companhia atravessava um momento financeiro crítico e vários colegas já haviam sido dispensados. “Eu era gerente administrativa e sabia que a empresa não daria conta de pagar o meu salário por muito
tempo. De certa forma, era um valor alto para os novos padrões econômicos”, lamenta a administradora. Igor Maia, coordenador administrativo do Banco Nacional Empregos (BNE), confirma a tendência de demissões de profissionais com formação. Segundo ele, as empresas podem encontrar trabalhadores sem Ensino Superior que consigam ocupar cargos anteriormente preenchidos por pessoas com experiência acadêmica. Porém, sempre existe o risco de não obter retorno satisfatório com a substituição.
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GRADUAÇÃO
novos lançamentos. Como o estoque de mercado está acabando, as construtoras pretendem comprar novos terrenos para a realização de construções com valores mais altos, o que elevará o preço final do imóvel. Com a crise, advogados, arquitetos, designers de interiores e profissionais de diversas áreas passaram a atuar como corretores em busca de salários melhores. Fiscalização A profissão é regularizada pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci), que fiscaliza profissionais da área. Lisyane Federovickz, corretora licenciada há sete anos, avalia que o órgão não fiscaliza
Foto: Mellanie Anversa.
As unidades à venda no mercado imobiliário de Curitiba estão se esgotando. O cenário fez com que aumentassem as vagas para corretores na cidade. Grazielle Machado, gerente de uma imobiliária, diz que o comprador não teria oportunidade de adquirir um imóvel de alto nível com um preço tão baixo em outro momento. Isso facilita as negociações. “A maior parte das vendas é para o consumidor final e não para revender.” Curitiba teve um boom imobiliário de 2008 a 2009 quando foram lançados muitos empreendimentos. Passado o estouro, a capital ficou lotada de obras, o que brecou
EMPREENDEDORISMO
Falta de planejamento faz com que empresas fechem precocemente Mesmo com saldo positivo, cerca de 2,5 mil novos negócios fecharam em Curitiba somente neste ano
Por Beatriz Santana Foto: Bruna Aliane.
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Abrir um negócio pode ter riscos que nem sempre são previstos pelo empreendedor. A falta de pesquisa e preparo são fatores que levam ao fechamento de empresas, segundo o portal Empresômetro das Micros e Pequenas Empresas. Somente neste ano, foram fechadas 2.465 empresas em Curitiba. Angela Welters, economista da Universidade Federal do Paraná, diz que os riscos de abrir um negócio são sempre grandes. “Durante a crise, as pessoas mudam os hábitos de consumo. Uma análise do mercado é necessária, pois o empreendedor precisa trazer algo inovador para somar com suas capacidades e ex-
Número de lojas com anúncios de venda do ponto aumentou em Curitiba.
QUALIDADE DE VIDA
periências.” O curitibano Richard Boltão abriu uma loja de produtos de limpeza que logo foi fechada, pois teve problemas em conciliar pagamentos. “A crise financeira afetou bastante. Eu tinha poucos dias para pagar meus produtos, mas esperava muito até as empresas
me pagarem, porque também tinha que entrar dinheiro no caixa deles’’, relata. Apesar do índice de fechamento das empresas ser grande, Curitiba registrou um saldo positivo na abertura de negócios em 2016. Segundo a prefeitura, foram emitidos 5.984 alvarás, no primeiro trimestre
de 2016. A decoradora Eliane Cagé deixou a segurança de um emprego em bufê infantil para trabalhar como sua própria chefe. Ter mais liberdade para trabalhar e tempo para se dedicar à família foram fatores importantes para a escolha. Hoje, produz e aluga bolos cenográficos para festas e diz que não foi atingida pela crise. No entanto, ao aconselhar novos empreendedores, Welters avalia que permanecer no emprego é a opção mais segura. “O emprego deve ser preservado, pois garante uma renda fixa todo final de mês. O retorno de um investimento pode ser demorado”.
Profissionais deixam o escritório para trabalhar em casa
Pesquisa revela que 54% das pessoas que optam pelo home office são mais produtivos no lar Por Jennifer Thereza Bueno Um estudo recente mostra que metade das pessoas que trabalham em casa sentem menos estresse, pois dirigem menos, dormem mais e tem mais tempo para a família. A pesquisa, realizada pela Dell e Intel, ainda revela que 54% desses indivíduos são mais produtivos ao realizar o trabalho no ambiente doméstico. Para economizar com a própria empresa, o publicitário curitibano André Brik criou um escritório
em casa. Ao perceber que a lista de clientes só crescia, procurou se informar sobre home office. “Eu percebi que não importava onde eu estava trabalhando, contanto que entregasse o produto final no prazo e com qualidade”. Hoje,
“
Quem trabalha em casa sofre menos de estresse e insônia.
atua há 13 anos em casa e não abre mão da opção. Esposa do publicitário, a jornalista Marina Brik também decidiu trabalhar em casa e criou a empresa Jornalismo Corporativo. O casal percebeu a carência de informações sobre home office no Brasil, o que levou ao projeto Go Home, um site de compartilhamento de experiências sobre o tema. Profissional da área financeira, Ana Carolina Pereira foi demitida do emprego
por causa da crise. A dificuldade a fez repensar a atuação no mercado. “Por que não tentar trabalhar em minha própria residência como prestadora de serviço? Posso oferecer às empresas o mesmo atendimento que ofereço como funcionária, só na minha casa”. A nova rotina exige regras rígidas de horário de trabalho e um equilíbrio com os afazeres domésticos, mas a deixou mais próxima da família.
EMPREENDEDORISMO
Aumenta busca por qualificação durante a crise
Desemprego leva trabalhadores a buscar aprimoramento para ter destaque na hora da contratação Por Victória Fontana
SAÚDE DO TRABALHADOR
Aumento na procura por cursos de informática deixou turmas cheias em Curitiba.
nos de até 35 anos no curso de Web Design. No curso de Hardware, o crescimento foi de 8% de alunos. Para Cristiane Hanser, da direção dessa escola, a informática ajuda o público a lidar com os aparatos tec-
nológicos do cotidiano. “Houve maior procura por qualificação na informática. Isso ocorre não apenas pela demanda do mercado, mas também pelas necessidades de conhecimentos para o dia a dia.”
Auxílio doença por depressão sobe 9% no país Tempo para recuperação em casa é fundamental para o tratamento de transtornos depressivos Por Ana Luiza Sant’Ana O número de auxílios doença concedidos pela Previdência Social em casos de depressão cresceu 9% no Brasil no primeiro semestre de 2016, em relação ao mesmo período de 2015. A doença atinge 121 milhões de pessoas pelo mundo, segundo uma pesquisa epidemiológica publicada pela revista BMC Medicine. Entre as pessoas que mais sofrem da doença, estão milhões de trabalhadores. A comerciante Jeniffer Sampaio, 30 anos, teve depressão enquanto trabalhava em um escritório de contabilidade, em 2006. Ela realizava mais
tarefas do que estava encarregada. Com a pressão, teve crises de pânico. A profissional ignorou os sintomas até ser aconselhada a buscar ajuda psiquiátrica. “Achei que fosse só preguiça”, diz. Em casos de depressão, dar um tempo no trabalho para se recuperar é indispensável. “Os afastamentos são necessários para estabilizar a medicação e prosseguir com o tratamento até que o trabalhador esteja novamente apto a realizar suas tarefas normalmente”, explica a psiquiatra Tássia Lopes. Um dos primeiros sintomas dessa enfermidade é a per-
da de interesse e prazer em fazer as coisas. A profissional afirma que outra característica é a acomodação com o novo comportamento. “O paciente tenta minimizar seu problema ou cria mecanismos de aceitação.” Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma morte por suicídio acontece a cada 40 segundos no mundo. Só no Brasil, são 32 mortes por dia. Muitas empresas convidam ONGs de apoio à vida para esclarecer dúvidas sobre tratamentos psiquiátricos e diminuir o preconceito sobre o assunto. O respeito por quem tem
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milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo. transtornos mentais é essencial para a reabilitação. Claudiane Araújo, do Centro de Valorização da Vida (CVV), lembra a importância de falar sobre o suicídio dentro das instituições. “A mídia achava que falar sobre suicídio serve como incentivo, mas a divulgação de dados é importante e aumenta o número de pessoas buscando ajuda.”
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mos em média 500 ligações neste período”, diz uma auxiliar da empresa. O curso mais procurado é o de Excel. Segundo o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), 300 mil matrículas na área de informática foram feitas em 2015. Em 2016 foram quase 200 mil só no primeiro semestre. A costureira Izabel De Melo, 71 anos, fez um curso de informática para terceira idade. “Me ajudou a conhecer mais pessoas e a receber encomendas de costura pelo celular”. Em uma escola de informática de Curitiba, entre janeiro e agosto houve um crescimento de 7% de alu-
Foto: Victória Fontana.
Em 2015, o medo do desemprego cresceu 36,8%. Com isso, cerca de 24% dos brasileiros resolveram buscar qualificação, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Especializado em ensino profissionalizante, o Centro de Integração EmpresaEscola do Paraná (CIEE-PR) foi uma das entidades que sentiu a mudança no comportamento do público, especialmente na procura pelo curso de informática básica. Em agosto, as 90 vagas disponíveis para o curso gratuito que ensina as pessoas a usarem computador foram preenchidas em um intervalo de 4 horas. ”Tive-
CARREIRA
Estágios são entrada para o mercado de trabalho Apesar da crise, setor passa por período de crescimento de vagas, contratos e efetivações em Curitiba
Por Wagner Dias
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A taxa de desemprego no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), teve um aumento de 8%, em 2015, e 11%, em 2016. Os números são alarmantes para o mercado de trabalho. Nesse mesmo cenário, a taxa de contratos de estágios sobe a cada semestre. Segundo o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), o número de contratações subiu 4,5% nesse primeiro semestre, comparado com o último semestre de 2015. O índice é considerada alta para o período.
IMIGRAÇÃO
4,5%
de novas vagas de estágios foram criadas em Curitiba em 2016.
A coordenadora de estágios do CIEE no Paraná, Silmara Santos, explica que a situação em Curitiba é melhor que a média nacional. “Com a crise, não sentimos nenhum impacto negativo nas novas contratações. A procura está grande e a nossa oferta de
vagas supre a demanda”. Além da descoberta de novos talentos, o órgão auxilia os empregadores nos procedimentos legais. A estudante de Pedagogia Mariane Santana, 25 anos, é estagiária remunerada na Escola Municipal Ivaiporã, no Capão Raso. Para ela, o estágio é fundamental para a carreira. “Agora vejo como é a realidade em sala de aula, consigo pensar se é isso que quero para o meu futuro”. A estudante Lorena Perpetuo, 19 anos, cursa Licenciatura em Química
e faz estágio na Escola Estadual Flávio da Luz. “Consigo ampliar meu conhecimento e minha visão sobre estar à frente de uma sala de aula”. O economista Everton Andrade, consultor de negócios, aconselha que as pessoas que querem buscar destaque no currículo e procura efetivação de contrato. “Realizar atividades voluntárias, promover o ‘networking’ e desenvolver habilidades profissionais e comportamentais são bons diferenciais no ambiente profissional”.
Curitiba é cidade que mais emprega estrangeiros no PR De janeiro a julho deste ano, já são mais de 4 mil trabalhadores, dos quais 1.716 são haitianos Por Michelle Machado Foto: Michelle Machado.
Apesar da queda no número de pessoas registradas formalmente por causa da crise, Curitiba emprega o maior número de imigrantes do Paraná. São 4.081 estrangeiros trabalhando, dos quais 1.716 são brasileiros. Os imigrantes encontram mais oportunidades nos setores de construção de rodovias e ferrovias, limpeza e montagem de instalações industriais, entre outros. A haitiana Charlimene Philippe, de 28 anos, é uma exceção. Ela veio para o Brasil em busca da sonhada formação em Enfermagem. Após concluir a graduação em Uberlândia (MG), visitou Curitiba com um grupo de amigos e decidiu ficar.
O haitiano Biclet Dorzona trabalha em um mercado e espera novas oportunidades.
As oportunidades de emprego foram surgindo. “Não tive muitas dificuldades.” O francês Sylvain Deloraine, de 40 anos, veio para prestar serviços para diversas companhias brasileiras. Engenheiro de robótica, está
em Curitiba há dois anos. “O trabalhador estrangeiro precisa se adaptar à cultura local, além de compreender o complexo sistema de trabalho”, observa. Biclet Dorzona, de 42 anos, está no Brasil há um ano e
meio. Ele veio do Haiti em busca de novas oportunidades após o país ser devastado por um terremoto em 2010. Atualmente, trabalha em um mercado à espera de novas oportunidades. Para contratar um imigrante é preciso passar por um longo processo, da entrevista até a concretização do emprego. Depois, ele deve se dirigir até o Ministério do Trabalho para obter uma autorização. Com o documento em mãos, basta ir até o consulado de seu país e requerer o visto para o tempo de trabalho. “Após o processo, o imigrante está resguardado pelas leis trabalhistas brasileiras”, comenta o advogado Jonas Albertini de Moura, especialista no tema.
TRABALHO RURAL
Falta de mão de obra especializada preocupa produtores rurais
Admissões na área caíram 45% de 2012 para 2016, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego Por Carlos Lader
Experiência com o campo é essencial na Colônia Murici, em São José dos Pinhais.
pecialização aos empregados. “Os empregadores não investem na capacitação de seus próprios funcionários, preferindo contratar pessoas capacitadas”. O produtor rural Laudenir Lazarotto diz que para realizar a colheita é preciso um profissional que saiba
trabalhar com plantas. “A colheita requer experiência por parte do trabalhador.” A complicação não é de hoje. O veterinário aposentado Angelo Garbossa trabalhou na fazenda de sua família durante muitos anos e conta que era mais
fácil encontrar gente para trabalhar antes da modernização do campo. “A mão de obra no meio rural era toda no braço. Depois dos anos 70, passamos a precisar de mão de obra especializada, porque ficou tudo mecanizado.” Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego, as admissões no setor agropecuário estão em queda. De julho de 2012 até o mesmo mês deste ano, a redução nas contratações foi de 45%. Foram contratados 3.483 trabalhadores rurais em Curitiba e Região Metropolitana entre julho de 2015 e julho de 2016. O número é baixo se comparado com o mesmo período de 2012, quando foram contratados 6.355.
Cresce busca por headhunters e consultores de carreira
Profissionais servem como ponte entre empregador e futuros funcionários de grandes empresas Fernanda Alves Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) constatou que o percentual de empresas paranaenses que utilizam a terceirização para contratação de mão de obra estratégica cresceu 2% este ano em relação a 2014. O número indica um aumento na procura por headhunters. Esses profissionais são uma espécie de caçatalentos, que servem de ponte entre o empresário e o futuro funcionário. Eles
são contratados por instituições de grande porte, geralmente multinacionais, para buscar no mercado alguém que tenha as características que o empregador procura. Para a headhunter Michele Carvalho Gelinski, consultora de carreira há mais de doze anos, a grande dificuldade encontrada na prestação dessa consultoria é unir o útil ao agradável. “Um profissional que tenha exatamente 100% das características e dos pré-requisitos que
a empresa está buscando”. O executivo Darley Dias, 36 anos, foi recolocado no mercado de trabalho há dois meses, mas ficou desempregado por quase um ano. Hoje é responsável de vendas na empresa THX Transportes e conta que conheceu o serviço de consultoria e headhunter por meio de pesquisas na internet e por indicação de conhecidos. “Valeu a pena investir na consultoria levando em conta as perspectivas de crescimento. Mas
tem que tomar cuidado, pois há muitas empresas sem credibilidade neste ramo.” O valor mínimo cobrado pela prestação desse serviço é de R$ 1.500, mas varia de acordo com o nível hierárquico que o profissional desempenhará na empresa. No ato da contratação, o proprietário do estabelecimento é obrigado a pagar 50% dos dois primeiros salários. A porcentagem corresponde ao valor que é registrado em carteira.
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CAPACITAÇÃO
Foto: Carlos Lader.
Encontrar trabalhadores com especialização no setor agrícola tem sido um desafio para os produtores rurais. No mercado, faltam empregados capazes de operar máquinas cheias de aparatos tecnológicos, como computadores de bordo e GPS. O secretário de assalariados rurais da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (FETAEP), Carlos Gabiatto, explica que o grau de instrução dos trabalhadores rurais é historicamente baixo. “O trabalhador rural encontra dificuldades até mesmo de ler o manual de um maquinário.” Gabiatto pontua que existe falta de incentivo dos produtores em oferecer es-
DIREITOS HUMANOS
Preconceito afasta travestis e transexuais do mercado de trabalho no Brasil
Ambiente costuma ser hostil para esses profissionais, mas é possível vencer dificuldades e prosperar Por Tom Schiebel
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De acordo com dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), apenas 10% dos travestis e transexuais brasileiros estão no mercado de trabalho formal. Apesar de não existirem pesquisas oficiais referentes à situação na capital paranaense, representantes do Transgrupo Marcela Prado defendem que Curitiba acompanha o panorama nacional. “A estrutura da sociedade brasileira é sabidamente preconceituosa. É possível afirmar que o preconceito contra transexuais e tra-
GÊNERO
vestis têm dimensões muito maiores do que a ‘simples’ hostilidade ou ridicularização, acaba empurrando essas pessoas não somente para a informalidade, como também para o risco”, analisa o professor de Sociologia Benito Eduardo Maeso. Histórias de superação Para Gisele Alessandra Schmidt e Silva, a primeira advogada transexual do Paraná, o preconceito não é a única barreira encontrada por transexuais e travestis. “A falta de informação também é um problema. Os transexuais sofrem tanto preconceito desde novos
que acabam desistindo dos estudos, não tendo formação. E isso dificulta muito”. Ela conta que o momento mais difícil de sua vida foi durante o período escolar, em que chegou a sofrer bullying por parte de um professor. Mas, com o passar do tempo, Gisele encontrou uma fórmula para deixar isso para trás e buscar seus objetivos. “Eu tracei um caminho e fui estabelecendo metas: entrar na faculdade, passar na monografia e, enfim, passar no exame da Ordem dos Advogados e conquistar o meu espaço
no mercado”. Hoje, a advogada é especialista em Direito Criminal, trabalha em um escritório de advocacia e atende clientes particulares. Outro caso de sucesso é o de Laysa Machado, a primeira transexual professora e diretora de escola do Brasil. Assim como Gisele, Laysa também teve que lidar com o preconceito durante a vida, e se considera mais do que vitoriosa. “Nessa sociedade transfóbica, preconceituosa e discriminatória em que vivemos, nós somos sobreviventes”.
Salários de mulheres serão mais baixos por 70 anos
Conquistas na guerra dos sexos não se traduziram em igualdade e melhorias nas oportunidades
Por Armênia Louisi Paraná, é importante lembrar que existem diferenças salariais entre funções. “O empregado doméstico recebe remuneração inferior ao trabalhador industrial. A grande maioria dos servidores domésticos são mulheres, reduzindo o ganho médio de todo o gênero. Uma maior igualdade de salário entre os gêneros será alcançada nas funções desempenhadas por homens e mulheres”. Segundo dados de 2014 do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a diferença salarial entre homens e mulheres é
Foto: Armênia Louisi.
Um relatório divulgado este ano pela Organização Internacional do Trabalho revela que são necessários 70 anos para se atingir igualdade salarial de homens e mulheres. A pesquisa estima que elas recebem 23% a menos que eles no mercado de trabalho. Os números são mundiais. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforça os dados, pois afirma que as brasileiras recebem, em média, R$ 470 a menos que os brasileiros. Para Josué Alexandre Sander, economista da Universidade Tecnológica Federal do
Vanessa Passos largou o emprego em que ganhava menos que um colega homem.
de R$ 565 na capital paranaense. A dentista Vanessa Leite Passos, 46 anos, permaneceu oito anos recebendo menos que seu colega de trabalho para exercer a mesma fun-
ção. “Não quis mais aguentar essa situação. Sentia-me diminuída e desprestigiada. Resolvia problemas, dava retorno financeiro e era tão boa quanto o colega. Não aceitei mais e saí”.
INVESTIMENTO
Cresce procura por microcrédito Em Curitiba, de janeiro a setembro de 2016, foram mais de 69 mil novos microempreendimentos
Por Paulo Metling
SERVIÇO
Região Metropolitana de Curitiba. O espaço recebeu equipamentos e vai ganhar uma nova fachada para chamar a atenção. “Queremos ganhar mais clientes e obter mais ganhos nos próximos meses até o Natal, quando a procura por esse tipo de serviço aumenta em até 20%”. O crédito concedido ao microempreendedor é feito pela análise do Cadastro de Pessoa Física (CPF). Após o interesse do cliente, um orientador de crédito vai até microempresa para comprovar a atividade. O
crédito fica disponível no prazo máximo de 15 dias. Com valores que variam de R$ 300 a R$ 15 mil, o Microcrédito da Caixa Econômica tem a menor taxa juros do mercado, de 2,95% ao mês. “Com a menor taxa de juros, crédito facilitado e a atual situação do país, crise econômica, leva a procura pelo microcrédito”, explica Maria Helena Kerscher, supervisora de crédito da Caixa Crescer. Outro meio de microcrédito é o do Programa Banco do Empreendedor Microcrédito, da agência
Fomento Paraná. A iniciativa é administrada pelo governo estadual, que visa dar crédito aos microempreendedores com juros menores, vinculados à participação em cursos de capacitação. Abrir uma empresa ou legalizar o negócio como microempreendedor é um processo feito pelo Portal do Empreendedor. Depois de se tornar um empreendedor individual é possível contratar um microcrédito com limite, que varia de acordo com a empresa.
Trabalhadores levam meses para obter seguro-desemprego Desinformação e problemas no sistema são dificuldades enfrentadas para conseguir o benefício Por Shelbert Braz Uma das medidas de austeridade do governo federal provocada pela crise é a revisão no sistema de pagamento do seguro-desemprego. Em votação no Congresso, a Medida Provisória 665, transformada na Lei 13.134/2015, mudou o sistema de pagamento do benefício, gerou confusão e provocou demora para pagamento dos beneficiados. Silvanir Braga, desempregada, conta que a empresa em que trabalhava foi à falência em dezembro e não pagou nenhum dos funcionários. Ela precisou de assistência jurídica, por intermédio de um advog-
ado, para conseguir sacar o Fundo de Garantia por tempo de Serviço (FGTS) e o seguro-desemprego. No entanto, recebeu apenas o FGTS. Para receber o seguro-desemprego deverá aguardar até cinco meses. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego
“
Para solicitar o beneficio, o empregado deve agendar atendimento pela internet, que pode ter erro no sistema.
(MTE), é necessário que o empregado agende o atendimento pela internet. Antes, o beneficiado precisaria apenas se dirigir à Caixa Econômica Federal com o número do Programa de Integração Social (PIS) e a Carteira de Trabalho para pedir o benefício. Para um funcionário que trabalha no MTE, existe erro no sistema de informação. “Todos os requerimentos que dou entrada geram recursos de vínculo não encontrado, absurdo isso. Sem contar que já faz uns 20 dias que está assim”. Além do grande contingente de desempregados
que devem ser atendidos com o mesmo quadro de servidores públicos e do erro do sistema de informação, existe também o desconhecimento em relação ao procedimento, e até mesmo à legislação em vigor, que é recente. De acordo com informações do MTE, tem direito ao benefício trabalhadores formais da iniciativa privada e trabalhadores domésticos, quando dispensados sem justa causa, inclusive por meio de dispensa indireta, ou seja, todos aqueles que possuem registro na carteira profissional.
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No Brasil, a média de juros para o microcrédito tem variação de 2,5% a 4%. É a menor taxa de juros do mercado para investimentos em pequenos negócios, segundo o governo federal. De janeiro a setembro deste ano foram mais de 69 mil novos microempreendimentos em Curitiba e região metropolitana. Cabeleireiro desde 2002, Anderson Sales, de 25 anos, conheceu o microcrédito quando foi ao banco fazer empréstimo para reformar o salão de beleza em que trabalha em Pinhais, na
FORMAÇÃO
Programa Jovem Aprendiz é porta de entrada para mercado de trabalho
Jovens desenvolvem competências e têm oportunidade de inclusão social com primeiro emprego Por Cristhine Souza
DEMANDA
Foto: Cristhine Souza.
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Pessoas entre 14 e 24 anos entram no mercado de trabalho em busca do desenvolvimento profissional, técnico e comportamental para garantir sucesso no mundo corporativo. Esses objetivos ficaram mais fáceis com a criação da Lei do Jovem Aprendiz, que reforça um compromisso entre empresa e instituição de ensino. As inscrições no projeto são feitas em uma instituição cadastrada no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e o curso deve ser reconhecido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Em Curitiba existem opções como a Ensino Social Profissionalizante (ESPRO), Gerar Educacional, ABC Vida,
Vagner Filipake fez o curso de aprendiz e foi efetivado após o fim do contrato.
Universidade Livre para a Eficiência Humana (UNILEHU) e Elo para o jovem se inscrever e as empresas captarem seus aprendizes. A Elo foi criada com o propósito de oferecer oportunidades para aprendizes por 16 meses. Neste período realizam 400 horas
de treinamento teórico em salas de aulas e 880 horas de prática na empresa. De acordo com Nereu Juvenal Segundo, professor das disciplinas de Comunicação e Marketing do grupo, “muitas empresas preferem contratar ex-aprendizes, por já possuírem conhecimento
da empresa”. Curitiba tem quatro mil adolescentes no programa e mais de dois mil na fila de espera. “Ao recebermos as vagas das empresas parceiras, a área de Triagem e Encaminhamento busca os jovens por meio desse sistema. Quando um candidato não é aprovado, o seu cadastro continua ativo para que possa concorrer a oportunidades futuras”, explica Soraia Melchioretto, gerente Regional da ESPRO. Para Vagner Filipake (19), que fez o curso de aprendiz e foi efetivado após o final do contrato, a experiência é boa. “Assim, vamos nos adaptando aos poucos com a vida corporativa evoluindo como profissional e pessoa.”
Aumenta procura por cursos técnicos gratuitos Nos colégios estaduais de Curitiba e região metropolitana, buscas subiram 100%, segundo o MEC Por Giana Meirelles Desde 2014, a procura por cursos técnicos gratuitos nos colégios estaduais em Curitiba e região metropolitana aumentou 100%, segundo dados do Ministério da Educação (MEC). O crescimento de matrículas é resultado da preocupação com o mercado de empregos e a busca por remunerações mais altas no período de crise. “Em 2016 houve aumento na busca por cursos téc-
nicos, principalmente na modalidade subsequente”, explica Sabrina Cardoso, coordenadora do Colégio Estadual Leôncio Correia, em Curitiba. O curso subsequente é feito após o Ensino Médio regular. “Há um alto número de alunos que fazem o curso e realizam estágios na área em que estudam. A coordenação de estágios da escola disponibiliza para orientar os alunos na busca por um tra-
balho, estabelecendo parcerias para ofertas de vagas.” O estagiário Leonardo da Silva (18) cursou durante quatro anos o Técnico de Administração no Colégio Estadual Leôncio Correia. Após a formatura em 2015, conseguiu uma vaga na Prefeitura de Colombo. “O estágio exigia algum curso e facilitou minha adesão no técnico por ser gratuito. Ele abrirá muitas portas profissionais, além de ter me preparado para o
mercado de trabalho”, avalia. Os cursos podem ter carga horária que variam de 800 a 3 mil horas, dependendo da grade. As inscrições para os cursos integrados iniciam no fim de cada ano. Para 2017, os interessados em fazer a inscrição devem apresentar RG, CPF, histórico escolar ou declaração de conclusão do Ensino Médio e comprovante de renda familiar nos colégios que ofertam os cursos.
CONTAS PESSOAIS
Em tempos de crise, consumidores recorrem à planilha para economizar
Agendas, cadernos e aplicativos onlines são saídas para manter o controle dos gastos e finanças Por Clayton Rucaly
VOLUNTARIADO
cativo chamado Controle Financeiro Mobills que tem me ajudado muito”. O aplicativo que Gabriela cita é apenas uma das ferramentas disponíveis para smartphones. Pelo aparelho, uma pessoa consegue anotar tudo que entra e sai de sua conta. Hoje, são mais de 30 opções de programas com a mesma função e muitos são gratuitos. A contadora Melissa Chinolli conta que há outros procedimentos que os consumidores podem adotar para economizar. Um dos mais simples é construir a própria planilha. “A partir do momento que se anota todos os gastos é mais fácil de se identificar o problema que possa estar fazendo o indivíduo continuar atolado em dívidas”, diz.
Trabalho voluntário desenvolve profissionais para o mercado Responsabilidade social e liderança são as características mais procuradas por recrutadores Por Rafaela Barros Segundo o IBOPE, cerca de 15 milhões de pessoas exercem alguma atividade voluntária no momento. A atividade não é garantia de uma vaga no mercado de trabalho, mas pode agregar no desenvolvimento profissional. Business partner de uma montadora de veículos, Giovana Vizentin, 22 anos, fez intercâmbio social para Europa direcionado ao voluntariado. Ao voltar, parti-
cipou do Teto, uma organização não-governamental que constrói casas para
“
Quem apresenta um bom histórico de trabalhos voluntários deixa transparecer sua fidelidade com as responsabilidades.
moradores de comunidades carentes. “É possível desenvolver um senso de liderança e aprendizado que contribuiu positivamente para a vida profissional e para meu amadurecimento.” A analista de recrutamento Aline Falcão diz que um funcionário que utiliza o tempo livre para ajudar os outros será mais acessível no tratamento com as outras pessoas na empresa. “O candidato que apresenta
um bom histórico de trabalhos voluntários, deixa transparecer sua fidelidade com as responsabilidades, sejam remuneradas ou não.” Segundo o IBOPE, um a cada quatro brasileiros com mais de 16 anos fez algum tipo de trabalho voluntário. “É importante que o candidato coloque as principais ações em que já participou ou que participa em seu currículo, de forma que sejam mais um atrativo’’, diz Aline.
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Foto: Clayton Rucaly. A estudante Gabriela Camargo usa um aplicativo para manter saúde financeira.
Em períodos de aperto financeiro, tudo é válido para economizar. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Curitiba continua uma das capitais com os maiores preços de cestas básica e de outros produtos. Para fugir dos preços altos, os consumidores estão apostando em planilhas e aplicativos para controlar as finanças. Gabriela Camargo é estudante de Direito na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e conta que controla os gastos pessoais com o uso da tecnologia. “Enfrento algumas dificuldades em me organizar financeiramente, pelo fato de gostar de comprar roupas e acessórios. A solução que encontrei foi baixar um apli-
CRISE
Queda na produção industrial provoca demissões em massa no Paraná
Pequenos avanços nos últimos meses não foram o suficiente para diminuir índice do ano passado Por Sirlene Araújo
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A produção industrial apresentou queda de 10,1% no acumulado dos últimos 12 meses no Paraná. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o avanço de 3,5% de agosto não foi o suficiente para diminuir o índice de queda comparado com o ano anterior. As indústrias que produziram menos foram as dos setores automobilísticos com 27%, moveleiro com
MODERNIDADE
22%, além de indústrias de fabricação de máquinas e equipamentos com 19%. O menor impacto no índice foi das indústrias alimentícias, que apresentaram apenas 0,2% de recuo. Também com índice baixo estão as indústrias de fabricação de produtos de madeira com 2,5% e papel e celulose com 5,4%. “Apesar de a indústria local apresentar produtividade acima da média nacional a competitividade
externa depende de outros fatores (custos de produção, transporte, impostos, câmbio), que nos últimos meses foi desfavorável aos produtos brasileiros”, diz Guilherme Amorim, do Núcleo de Macroeconomia e Conjuntura do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES). Com essa baixa produtividade, indústrias adotam medidas para readequar a
produção em relação à demanda do mercado. Férias coletivas, redução nos salários e até mesmo demissões em massa são as estratégias de grandes e médias empresas para manterem um mínimo de produção em atividade. Uma dessas indústrias foi a Eletrolux que demitiu 540 funcionários em dezembro de 2015. Outra foi o frigorífico Averama que demitiu mais de mil funcionários.
Empresas trocam funcionários por novas tecnologias
Processo incentiva que empresas busquem formas de aumentar a produtividade e diminuir custos
Por Pamella Garcia Foto: Pamella Garcia.
Com a crise financeira, as empresas passaram a investir mais em tecnologia para se estabilizar economicamente e reduzir gastos. Entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2016, o número de desempregados no Brasil atingiu a marca de 10,2% da população - o equivalente a 10,3 milhões de pessoas sem emprego. Os dados são da última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre emprego formal. Segundo a psicóloga e proprietária da RH Saúde Recursos Humanos, Alda Gilda Glaser, o mercado está mais exigente com as competências comportamentais. “As máquinas substituem o homem na linha de montagem e de produção, mas a maior riqueza de uma
Catraca eletrônica faz o trabalho dos porteiros no Detran-PR, em Curitiba.
empresa é o potencial humano. O homem não poderá ser substituído na íntegra”. Para o gerente do Centro Internacional de Inovação do Senai Paraná, Felipe Cassapo, a automação não é um dos motivos para o aumento nos índices de de-
semprego. “Para mim, é um mito. A substituição do trabalho manual por sistemas ou por robôs é, na verdade, uma substituição do nível de qualificações da mão de obra. O que ocorre nas indústrias não é uma redução de trabalho
e, sim, a adoção de padrões cada vez mais altos”. Ao invés de imaginar que os efeitos de modernização substituem os seres humanos por máquinas, Cassapo diz que temos que reconhecer que na realidade eles permitem que as pessoas tenham a oportunidade de se desenvolver. Com dúvidas em relação à substituição pelas novas ferramentas, trabalhadores investem em treinamento e capacitação. “Trabalho em uma empresa de segurança que está trocando os funcionários por sistemas eletrônicos. Sinto que preciso me requalificar para atender aos novos requisitos da empresa, senão serei substituído”, diz o segurança Valmir Marques da Silva.