Capital Jornal laboratório do curso de Jornalismo do UniBrasil - Centro Universitário Curitiba | Segunda Quinzena de Outubro Edição II
da
Notícia Informativo que faz jornalismo comunitário em Curitiba.
Zona Leste
MORADORES DO CAPÃO DA IMBUIA RECLAMAM DA DEMORA NO ATENDIMENTO DA UNIDADE DE SAÚDE IRACEMA PÁG. 05
BAIRRO TARUMÃ ESTÁ FICANDO MAIS VELHO
HORTAS COMUNITÁRIAS NO BAIRRO CAJURU
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EDITORIAL Esta edição do Capital
da Notícia, jornal laboratório do curso de Jornalismo do Centro Universitário UniBrasil, tem como tema os bairros da Zona Leste de Curitiba. O material publicado aqui foi pensado com o objetivo de ampliar o olhar do leitor sobre os cenários atuais dos bairros Capão da Imbuia, Cajuru, Tarumã e Bairro Alto A informação pode ser o que separa os cidadãos de
darem uma atenção também para esses bairros. Em nossas reportagens, buscamos problematizar as questões sociais, de segurança, economicas. Afinal, defendemos que uma das grandes funções de um jornal é dar ferramentas para que o público reflita sobre o mundo em que vive. O senso crítico, as informações precisas e a independência são valores que defendemos para nos ajudar a viver em uma sociedade mais justa e democrática.
OPINIÃO
Crônica: A contradição do ser humano Parece piada essa coisa de ser humano. O pai de família que não tem “nada contra” os homossexuais, quando vê seu filho brincar de boneca manda o garoto sumir com aquilo e virar “macho”. A senhora graduada, quando vai ao restaurante do shopping, ao ser servida por um negro, olha com desdém. No hospital, a mãe entra desesperada, pede atendimento para o seu filho, mas quando se depara com uma equipe de residentes estagiários solicita “um médico de verdade”. Na TV, a realidade explicita nas novelas, “desliga isso, coisa do diabo”, diz a avó que está
de costas para os problemas da família. Garota popular, posta textão no facebook contra o suicídio, vários likes... “Meu primo tá chato, vive dizendo que se sente sozinho, a professora dele disse que é depressão, minha avó disse que isso é folia de rico“. Admirar as missões do Haiti é bonito, sonhar em fazer o bem é “cool”, difícil mesmo é passar por um morador de rua e não sentir nojo. “Odeio esses políticos corruptos” diz o rapaz sagaz que adora furar uma fila, sonegar imposto e pular a catraca do ônibus. “Não tenho nada contra você e as suas escolhas, só não chegue perto de mim
Por Yasmin Ferreira
e dos meus filhos”. “Quer ser gay seja, só não fique expondo isso na rua”. “Bem que eu desconfiei que ele fosse o ladrão, preto é sem vergonha”. A contradição é um fato. O preconceito é uma doença que tomou conta da sociedade e a apodrece com o passar dos anos. Olhar para lado e perceber a vontade do outro? Impossível num mundo imediatista que visa somente suas próprias vontades. Parece piada essa coisa de ser humano. Piada sem graça, que faz o mundo regredir e a violência aumentar. Doença escondida é mais difícil de curar.
PROCURA-SE
Cachorro labrador perdido na região do Cajuru no dia 22/09/17. Contato: 99871-5406
Perdido no bairro Tarumã dia 14/09/17. Contato: 98765-5874
Assaltos aumentam sensação de insegurança de moradores no bairro Capão da Imbuia Apesar de reclamação de moradores, Polícia Militar diz que houve uma queda nos furtos e roubos nos bairros da capital Por Thais Vieira Foto: Thais Vieira.
Uma das grandes reclamações dos moradores do Capão da Imbuia é a falta de segurança no bairro. A sede da Secretaria Estadual de Esporte e Turismo (SEET), por exemplo, fica entre as ruas Araguaia e Antônia Reginato Vianna. O terreno, que já abrigou a Universidade do Esporte, está hoje coberto por mato alto, acúmulo de lixo e entulhos. Quem passa por ali, sente medo de um local que já foi referência para os visitantes da cidade. A professora Cristina Cordeiro, 40, conta que tem medo de passar pela região por causa da falta de iluminação e das condições de manutenção da SEET. Ela revela que sai cedo para trabalhar, por volta das 6 horas, e constantemente teme ser assaltada ou violentada. Na região da Avenida Presidente Affonso Camargo, uma das mais movimentadas do bairro, os assaltos se tornaram muito frequentes. A comerciante Eliane Martins, 35, reclama da ausência de forças de segurança. “Não temos módulos policiais nem
Número de lojas com anúncios de venda do ponto aumentou em Curitiba.
Cameras são uma alternativa para melhorar a segurança do bairro.
Guarda Municipal na praça principal. Estamos abandonados”, desabafa. De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Militar de Curitiba, o bairro e a cidade fecharam o primeiro semestre de 2017 com uma queda nos furtos e roubos na capital paranaense. Além disso, novas estratégias de controle da criminalidade estão sendo traçadas para Curitiba, que aumentou o efetivo de segurança, com a
contratação de 11 mil policiais e a aquisição de 3 mil viaturas. O Presidente da Coordenação Estadual Dos Conselhos Comunitários (Conseg) do Capão da Imbuia, Luis Arnaldo, conta que o bairro é visado pelos bandidos. Segundo ele, os assaltos aumentaram, mas a população não registra as ocorrências, o que dificulta a ação da polícia. “Vez ou outra, mediante solicitação nas reuniões públicas da Conseg estão ocorrendo abordagens [da Polícia
Militar] no bairro e até mesmo blitz”, conta. Arnaldo diz que o Conseg tem organizado iniciativas para aliviar a sensação de insegurança no Capão da Imbuia. O “Vizinhos em Alerta” é um grupo no whatsapp no qual moradores do bairro e policiais se juntam para monitorar a casa de seus vizinhos e avisam quando algo suspeito está acontecendo. As reuniões do conselho acontecem mensalmente na Rua da Cidadania.
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SEGURANÇA
Hortas comunitárias no bairro Cajuru são uma nova opção para moradores obterem alimentos Alface, rúcula, escarola e ervas são alguns dos produtos cultivados pela população no Canteiro da Cidadania Por Marieli Prestes
Foto: Marieli Prestes
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COMUNIDADE
Horta comunitária no bairro Cajuru
Na metade deste ano, o Cajuru recebeu a sua primeira horta comunitária em parceria com a prefeitura de Curitiba. O espaço está sendo cuidado e cultivado por 24 famílias da vila Oficinas e da vila Betel. As hortas são chamadas de Canteiros da Cidadania além de receber os cuidados dos moradores da região, técnicos agrônomos da Secretaria Municipal de Abastecimento, t a mbém irão realizar uma supervisão. O espaço, que atualmente ocupa uma área de mil metros quadrados, fica localizada ao longo da linha férrea que sai da sede de uma companhia de trens. Durante a construção, os moradores realizaram um mutirão no qual cada um participou conforme sua disponibilidade de tempo. Para os canteiros foram utilizados dormentes retirados da linha férrea e que foram cedidos pela
empresa que cuida do local. Cercas também foram construídas para evitar a entrada de animais que possam prejudicar o bom andamento dos cultivos. O autônomo Manoel Alves da Silva é morador da região e participa ativamente da produção e dos cuidados com a horta desde a sua fase de construção. “Acho a iniciativa excelente. Além de aproveitar espaços ociosos que estavam servindo como depósito de lixo e que eram frequentados por usuários de drogas, servem também para fornecer à mesa dos moradores locais alimentos saudáveis”. Rodolfo Queiroz éresponsável pelo setor de agricultura urbana da Se-cretaria Municipal de Abastecimento e conta que atualmente na horta do Cajuru já se tem mais de quinze variedades plantadas entre verduras, legumes e ervas. “As hortas comunitárias de Cu-
ritiba não têm um objetivo principal. Para nós da secretaria, o principal objetivo é a produção de alimento e para os moradores vai muito além disso, como a geração de renda e também atividades terapêuticas”. A horta não atende todas as famílias do bairro e existe uma lista de espera, para que se houver a desistência de alguma família do seu canteiro outra possa plantar no lugar. Para participar da lista de espera, os moradores devem procurar pelo coordenador da horta. A primeira colheita da horta do Cajuru foi realizada no dia 22 de agosto e vários pés de alface, rúcula, escarola e ervas foram levadas para casa pelos moradores que ajudam nos cuidados e no plantio das especialidades. Atualmente Curitiba possui 24 canteiros da cidadania que beneficiam mais de 900 famílias. Nesses locais são construí-
dos canteiros e plantadas até mais de trinta variedades de verduras, legumes e ervas, que devem ter cuidados diários para que se tenha um bom desenvolvimento dos produtos. A associação de moradores do conjunto de moradias do Cajuru em parceria com uma ONG está testando uma horta comunitária de iniciativa própria. Ela está localizada no terreno de uma escola da região e ainda ocupa um espaço muito pequeno. Vilma dos Santos é presidente da associação de moradores e conta que no começo as crianças ganhavam mudas de verduras e legumes para plantar em casa, e depois disso um pequeno espaço dentro da escola foi disponibilizado para o plantio. Hoje, a horta recebe cuidados voluntários e o os alunos e seus pais levam os produtos colhidos para suas casas. O objetivo é que esse canteiro cresça cada vez mais para que se possa abrir para toda a comunidade participar.
Moradores do Capão da Imbuia reclamam da demora no atendimento da unidade de saúde Iracema Em nota, Prefeitura de Curitiba diz que o posto tem cerca de 50 profissionais da saúde e que não existe demora
Por Thais Vieira pacientes reclamam do tempo de espera e da disponibilidade dos médicos para atender a demanda do local. Na plataforma “Dados Abertos Curitiba”, mantida pela prefeitura, foram registradas 32 reclamações do local entre os meses de maio e julho de 2017. A dona de casa Cristina Santos, 56, que vive no bairro há 35 anos, conta que quando o posto ficava na esquina das ruas Clavio Molinari e Jorge Luis Della Colleta, o acesso para as pessoas que moram perto da divisa com Pinhais, onde ela mora, era mais fácil. Agora, que o posto fica na Rua Professor Nivaldo Braga, próximo ao Pinheirão, ela precisa pegar ônibus. “Quando chegamos, várias vezes não encontramos atendimento ou remé-
dios”, reclama. Um dos problemas apontados pelos moradores é que com a mudança do endereço, a UBS passou a atender moradores de outras regiões. Isso tornou o agendamento de consultas mais difíceis. Outra reclamação da população é que no primeiro dia do mês, as filas dobram de tamanho e as pessoas precisam chegar mais cedo para conseguir atendimento. A aposentada Maria Lima, 45, frequenta o posto e disse que no último dia 1º foi até lá para marcar uma consulta. Não conseguiu senha e foi orientada por uma atendente a chegar mais cedo no próximo dia. “Retornei no dia seguinte como fui orientada, mas, quando chegou a minha vez de ser atendida, a moça que estava distribuindo as senhas
Unidade Básica de Saúde Iracema é a única voltada para os moradores do Capão da Imbuia.
disse para voltarmos na sextafeira o mais cedo possível, pois o médico só atende oito pessoas por dia.” O Capital da Notícia Zona Leste questionou a Prefeitura de Curitiba sobre o tema. A resposta veio por uma nota assinada pela assessoria de imprensa, que disse que os moradores não precisam ir no primeiro dia do mês, mas fazem isso por uma questão cultural. O texto também ressalta que não há defasagem na equipe de funcionários, que conta com 50 profissionais, e que as consultas podem ser marcadas pelo aplicativo “Saúde Já Curitiba”. Na reunião do “Fala Curitiba” realizada no mês de junho, moradores do Capão da Imbuia apresentaram as prioridades do bairro para 2018. Uma delas é a implementação de mais uma unidade de saúde na região. Foto: Thais Vieira
A Unidade Básica de Saúde (UBS) Iracema é a única voltada para os moradores do bairro Capão da Imbuia. Inaugurada em 2007 com a promessa de atender até 14 mil pessoas por mês, o espaço hoje tem dificuldades para conseguir se livrar das filas de espera. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região possui cerca de 21 mil moradores. As reclamações sobre o posto vão desde erros em fichas de pacientes até falta de remédios básicos, como paracetamol e outros analgésicos para dores de cabeça. A unidade de saúde é um dos principais alvos de páginas administradas por moradores do bairro no Facebook. Nas contas “Reclame aqui Capão da Imbuia” e “Capão da Imbuia”,
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CAPA
Bairro Tarumã está ficando mais velho Aumento do número de idosos implica em mudanças profundas em políticas públicas de saúde, assistência social e urbana Por Marcela Detoni Um levantamento recente mostrou que os idosos cresceram em uma taxa de cerca de 37% em Curitiba. Desse índice, bem mais da metade dos novos moradores da cidade com mais de 60 anos, cerca de 20% estão localizados no bairro Tarumã. Os dados são do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). A mesma pesquisa revela que a taxa de natalidade no Paraná deve reduzir gradativamente, passando de 1,2% ao ano entre 2000 e 2010 para 0,6% ao ano entre 2010 e 2020. Nos próximos dez anos, a expectativa é que o índice de novos nascimentos no estado seja de 0,4%. Daniel Nojima, diretor de pesquisas do Ipardes, explica que isso acontece em todo Brasil e está associada ao declínio da natalidade e à ampliação da expectativa de vida, mas em Curitiba essa taxa está mais acentuada. “A capital já é uma cidade madura, passou por vários ciclos demográficos, apresenta queda de natalidade e maior
Foto: Marcela Detoni
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SOCIAL
Lar dos Idosos Tarumã
expectativa de vida”, comenta. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostra que, em 40 anos, a população idosa vai triplicar no País e passará de 19,6 milhões (10% da população brasileira), em 2010, para 66,5 milhões de pessoas, em 2050 (29,3%). Uma das maiores preocupações será com a adaptação do bairro para esses idosos. O Tarumã é conhecido por ser agitado, ter um comércio local e abrigar uma das vias principais de Curitiba. A necessidade de rampas, calçadas boas, sinalizações e comércio apto
para atender esses idosos devem ser levados em conta. Nos meses de junho e julho deste ano, ocorreu o 1º Seminário Metropolitano de Acessibilidade e Direitos das Pessoas com Deficiência, com parceria da Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc) e com apoio da Prefeitura de Curitiba, focando principalmente em projetos de acessibilidade para idosos e pessoas com deficiência. Antonio Borges dos Reis, diretor de Políticas Institucionais da Secretaria de Urbanismo e Assuntos Metropolitanos da Prefeitu-
ra, comentou que a adequação das calçadas curitibanas, incluindo as do Tarumã, é uma demanda antiga da população. Ele também afirma que, ao melhorar o padrão das calçadas, é possível garantir um meio urbano mais seguro e acessível para idosos e pessoas com deficiência. Em Curitiba, existem dezoito asilos e socorro aos necessitados. A quantia de lares mostra um possível preparo para receber esse grupo que, como previsto, vai mudar nossa pirâmide etária. Atendendo atualmente 85 pessoas, o Lar dos Idosos Recanto do Tarumã conta com atendimento médico, enfermagem, nutrição, serviço social, psicologia, entre outros.Muitas atividades recreativas são programadas mensalmente para estimular os idosos. Os que têm dons como pintura, marcenaria e artesanato podem pôr em prática os conhecimentos. Um médico atende pessoalmente três vezes por semana os abrigados pelo lar de idosos, que também tem o apoio de psicólogos e enfermeiros.
Capital da Notícia Zona Leste EXPEDIENTE UniBrasil Centro Universitário
Rua Konrad Adenauer, 442, Tarumã, Curitiba – PR - 82821-020 Telefone: (41) 3361-4200
Presidente: Clèmerson Merlin Clève Reitor: Sergio Ferraz de Lima
Pró-Reitora de Graduação: Lilian Ferrari Coordenadora do curso de Jornalismo: Elaine Javorski (interina). Capital da Notícia - Zona Leste: produto laboratorial do curso de jornalismo do UniBrasil Centro Universitário. Repórteres: Amanda Ramos, Bruna Gazabin, Felippe Salles, Gabrielle
Sversut, Joao Emanoel, Leonardo Gomes, Marcela Detoni, Nycole Soares, Thais Mendes, Yasmin da Silva, Yasmin Ferreira. Professor responsável: Rodolfo Stancki.
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