EDITORIAL
“Photography implies that we know about the world if we accept it as the camera records it. But this is the opposite of understanding, which starts from not accepting the world as it looks. All possibility of understanding is rooted in the ability to say no. Strictly speaking, one never understands anything from a photograph.”
SUSAN SONTAG ( “ON PHOTOGRAPHY” )
WHAT IS ANCESTRY?
The Michaelis dictionary defines ancestry as a “line of previous generations of an individual or a family” or “the origin of a population”. It means that they are those who lived before us and who, consequently, are perpetuated in our society both by their descendants and the people through cuisine, culture, religion, or even a photograph. A photo is not only a vision; it also tells a story. This is the goal of PEBA project, which connects photographers from the Brazilian states of Pernambuco and Bahia around a common theme: their own historical and social heritage from the African people.
The creator of this project, Sérgio Figueiredo, wanted to unite the two states, which have a well-known rivalry, to fight for a greater cause: eliminating racism. In a survey carried out jointly with Grupo Bandeirantes, the news site Poder360 found that, in 2,500 interviews carried out in 501 municipalities, 13% of the respondents still do not believe that racism exists in Brazil, even with legislation in force and all the reports we have witnessed on a daily basis whether on the internet, on television or in everyday life. This kind of visual proposal idealized by Sérgio is one of the ways to expose a portion of the population that is often discredited (as the research shows us), so that the photographers themselves could get in touch with their roots and with their way to show themselves to our society. This is the desire of all the artists you will see throughout this exhibition, now virtual, of this exceptional work.
The project travels through the cities of Recife, Gravatá, Triunfo, serving the Quilombola community Sítio Águas Claras, the Federal Institute of Sertão, Campus Salgueiro, all located in Pernambuco. In Bahia, it visits the municipality of Lençóis, the city of Palmeiras, both in the Chapada Diamantina National Park, contemplating the Quilombola do Remanso community. Here we see not only the need to be seen by society, but also by people who fiercely carry the history of their own fellows and who are
often forgotten and segregated, like their ancestors. The philosopher and contemporary activist Djamila Ribeiro, in her book “Quem Tem Medo do Feminismo Negro” (Who is afraid of Black Feminism?), says that “we must think about a reconfiguration of the world from other perspectives and question what was created from an Eurocentric language”, and this is exactly what the eyes of all twenty-four photographers want to express: a vision that we don’t usually talk about, and nothing better than portraying moments and telling stories through photographs. Society, in general, is used to experiencing these historical-social portrayals in songs, articles, samba school parades and even audiovisual products, but as citizens we often do not seek our own culture either through its presence in places such as those reached by the project or even in exhibitions, especially in the photographic ones. The great artists are always remembered, but those who mark their identity, who experience the subjects portrayed in the works, often do not have any space, and to show their work is the goal of both the PEBA project and Carcará Photo Art.
RAFAEL LIRA
Genival Paparazzi
Helia Shepa Heudes RegisRodrigo Wanderley
Rose Gondim Saulo DinizEDITORIAL
“A fotografia dá a entender que conhecemos o mundo se aceitamos tal como a câmera o registra. Mas isso é o contrário de compreender, que parte de não aceitar o mundo tal como ele aparenta ser. Toda possibilidade de compreensão está enraizada na capacidade de dizer não. Estritamente falando, nunca se compreende nada a partir de uma foto.”
SUSAN DONTAG ( SOBRE FOTOGRAFIA )
O QUE É ANCESTRALIDADE?
O dicionário Michaelis define ancestralidade como “linha de gerações anteriores de um indivíduo ou uma família” ou “proveniência de um povo”, ou seja, são aqueles que viveram antes de nós, e que, por consequência, são perpetuados em nossa sociedade tanto por seus descendentes quanto pelo povo através da culinária, cultura, religião, ou até mesmo uma fotografia. Uma foto não é só uma visão, mas também uma história. Esse é o objetivo do projeto PEBA, que conecta fotografes pernambucanos e baianos em um tema comum: a sua própria herança histórico-social proveniente do povo africano. O idealizador do projeto, Sérgio Figueiredo, quis unir dois estados com uma rivalidade bem conhecida ao combate de uma causa maior: o racismo. Em pesquisa feita em conjunto com o Grupo Bandeirantes, o portal jornalístico Poder360 constatou que em 2.500 entrevistas realizadas em 501 municípios, 13% do total de entrevistados ainda não acredita que exista racismo no Brasil, mesmo com legislação em vigor e todos os relatos que presenciamos diariamente seja pela internet, televisão ou no próprio dia a dia. Esse tipo de proposta visual idealizado pela Sérgio é uma das maneiras encontradas de expor uma parcela da população que é muitas vezes desacreditada como a pesquisa pode nos mostrar, de forma com que os próprios fotografes pudessem entrar em contato com suas raízes e com o seu jeito de se mostrar para a nossa sociedade. É com esse anseio que todos os artistas que vocês verão ao longo dessa mostra, agora virtual, desse trabalho excepcional.
O projeto percorre Recife, Gravatá, Triunfo, atendendo a comunidade Quilombola Sítio Águas Claras, o Instituto Federal do Sertão, Campus Salgueiro, todos localizados em Pernambuco. Na Bahia, ele viaja para o município de Lençóis, a cidade de Palmeiras, ambos no Parque Nacional da Chapada Diamantina, contemplando a comunidade Quilombola do Remanso. É aqui que vemos não só a necessidade de serem vistos pela sociedade, mas também pelos povos que carregam com unhas e dentes a história de seu próprio semelhante e que muitas vezes são esquecidos e segregados como
seus antepassados.
A filósofa e ativista contemporânea Djamila Ribeiro, em seu livro “Quem tem medo do Feminismo Negro?”, diz que “devemos pensar uma reconfiguração do mundo a partir de outros olhares, questionar o que foi criado a partir de uma linguagem eurocêntrica”, e é exatamente isso que os olhares de todos os vinte e quatro fotografes querem expressar, uma visão que na maioria das vezes não se é falada, e nada melhor do que retratar momentos e contar histórias através da foto.
A sociedade, de modo geral, é acostumada a ver esses tipos de retratações histórico-sociais através de músicas, artigos, desfiles de escola de samba e até mesmo em produtos audiovisuais, mas enquanto cidadãos muitas vezes não buscamos a própria cultura seja pela presença em locais como os alcançados pelo projeto ou até mesmo em exposições, no foco em questão as fotográficas. Os grandes artistas sempre são lembrados, mas aqueles identitários, que vivenciam os assuntos retratados nas obras, muitas vezes não ganham espaço, e é essa a proposta tanto do projeto PEBA, quanto da Carcara Photo Art.
RAFAEL LIRA
Credits
Publisher:
Alaide Rocha
Editor: Carlo Cirenza
Research and text: Rafael Lira
Graphic Project: Marcelo Pallotta
Designer Assistant: Katharina Pinheiro
Translation:
Bruna Martins Fontes
Acknowledgements: Companhia das Letras, Projeto PEBA, Rafael Lira, Sergio Figueiredo
1 - Suggestions, complaints and praises should be sent by email to: contact@carcaraphotoart.com
2 - Portfolios should be submitted in the following format: JPG ( 20 x 30 cm ), RGB, 300 dpi, by email to: contact@carcaraphotoart.com
ISSN 2596-3066
www.carcaraphotoart.com.br