1ª 240 dias em busca do Sol

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240 dias em busca do Sol Rosana Sun ensina o que fazer antes de realizar o sonho de dar a volta ao mundo

Escolha a

mochila certa e garanta o sucesso da sua aventura

Haja fôlego!

A importância de preparar o corpo antes de viajar

Exclusivo: Heloísa Schürmann e os três destinos inesquecíveis que não podem faltar em seu roteiro


Índice lugares encantados

06

A China de todos os travellers

16

Palermo, o meu recanto em Buenos Aires

20

Atenas, berço da civilização

24

África do Sul, amor eterno

28

Acontece em Nova Iorque

32

Gastronomia de qualidade

36

Comprando a mochila cargueira

40

240 dias em busca do Sol

44

18 meses mochilando

72

Corpo são, viagem sã

80

Viaje com a saúde em dia

84

Para ler e sonhar

87


Editorial Navegar é preciso. Por Rodrigo F. de Oliveira Não sei se o poeta português Fernando Pessoa tinha em mente o ato de viajar pelo mundo quando escreveu um de seus mais famosos textos, “Mar Português”, do qual fazem parte os dizeres que intitula este editorial, no entanto, empresto-os para meus próprios fins, se o leitor me permitir. Nunca se viajou tanto como hoje em dia. Em parte, pelas grandes facilidades (no preço também), no que se refere aos transportes, em parte pelo crescimento econômico que o país alcançou e manteve nos últimos anos, bem como pelo fato de que as viagens deixaram de ser meros divertimentos para serem encarados como possibilidades de crescimento pessoal e, porque não, profissional, uma vez que as empresas cada vez mais acham desejável que seus funcionários sejam pessoas multi-experimentadas. Nesse nicho de viagens “descobridoras” e recheadas de aventuras é onde a Volta ao Mundo se encaixa. Uma revista moderna, que dispensa papel, cosmopolita, plural que traz para o viajante ou o futuro viajante um pouco do universo das viagens ao redor do mundo. Aqui, leitor, é onde a sua viagem começa. Abra as páginas a seguir e prepare-se para saber como, quando, porque, com qual equipamento, o que fazer o que não fazer e até o que comer e onde, etc. Mas faço uma advertência: uma vez que entrar neste mundo, não será possível sair, jamais. Bem, navegar é preciso... Boa leitura!



Heloísa Schürmann

Lugares encantados

Após percorrer mais de 118 milhas náuticas, navegar três oceanos e visitar 54 países, Heloísa Schürmann elege três destinos que devem estar em qualquer roteiro de volta ao mundo.

F

ã de Julio Verne, professora formada pela New York University, proprietária de uma escola de inglês que chegou a ter mais de mil alunos em Florianópolis (SC) e dona de um sorriso cativante, a “Formiga” da Família Schürmann — ela não para quieta nunca — atualmente escreve livros, coordena o planejamento dos projetos da “trupe” na área educacional e dá palestras no meio empresarial. Entre um compromisso e outro, a traveller nata escolheu, com exclusividade para a revista Volta ao Mundo, três lugares inesquecíveis. “São os que mais me encantaram e marcaram e gostaria de compartilhar com as pessoas”. E é ela mesma quem dá detalhes de cada um desses paraísos. Confira!


Cocos Keeling, destino ímpar

Quando imagino o paraíso, logo penso em Cocos Keeling, uma das mais remotas ilhas tropicais do mundo. Chegamos a bordo do veleiro “Aysso” e ficamos deslumbrados com a cor da água transparente, as praias branquinhas e a paisagem de coqueiros ondulando ao vento. Ancoramos e tivemos a surpresa de encontrar em uma das ilhas, uma base construída pelo governo australiano para os veleiros que visitam o arquipélago. Parecia um iate clube com água potável, um abrigo com mesas, cadeiras e churrasqueiras para encontros dos velejadores. Os dias que passamos em Cocos Keeling foram só aventuras e descobertas. Sem resorts, com uma vida pacata, logo fizemos novos amigos. O serviço de ônibus da ilha principal é gratuito e, ao pedir informações, conhecemos Fatma, uma mulher malaia que se encantou ao saber que éramos brasileiros e nos convidou para irmos O melhor programa almoçar em sua casa. Com sua família, seu marido, Abudlah, e seus filhos, aprendemos foi mergulhar e fazer um pouco sobre a história e cultura desse lugar snorkeling. Não dava fascinante, um mix de malaios muçulmanos e australianos protestantes, descendentes de vontade de sair da escoceses. Ela nos explicou que tínhamos de água morna, com uma entrar descalços em sua casa, nunca tocar na cabeça das pessoas e somente utilizar a mão visibilidade de 20 a para comer à mesa. 30 metros, parecia um direita O melhor programa foi mergulhar e fazer verdadeiro aquário. snorkeling. Não dava vontade de sair da água morna, com uma visibilidade de 20 a 30 metros, parecia um verdadeiro aquário, com peixes tropicais coloridos, raias mantas, enguias e muitos tubarões. Gostamos tanto do paraíso que voltamos a Cocos Keeling em nossa segunda volta ao mundo. Para quem quer conhecer, a viagem é longa, mas o viajante encontrará um lugar sem turismo em massa, sem correrias e com infraestrutura simples, mas confortável, de pequenas pousadas e restaurantes. O pessoal local é super-hospitaleiro e, como existem somente 700 habitantes nas ilhas, você se torna parte da ‘família’ deles. Mayotte, a ilha dos perfumes

Comores foi mais do que uma surpresa em nosso roteiro. Foi um lugar onde fizemos amizades, descobrimos como as pessoas vivem e participamos ativamente do dia a dia dos nativos.



A Mayotte de hoje é um local em que a cultura impede que as tradições sejam esquecidas e sofram a influência do mundo moderno. Chegando lá, timidamente disse: ‘jeje’ (como vai você), e as mulheres, surpresas, responderam ‘ndjema!’ (muito bem, obrigada). Com largos e lindos sorrisos, elas começaram a falar em Mahore, um idioma quase cantado e muito melodioso. A língua comoriana é uma mistura do bantu africano, árabe e swali. No entanto, geralmente, eles falam o dialeto shindzuani. Conhecemos Atoumani, jovem mahore (nativo de Mayotte) e ficamos encantados pela carinhosa acolhida que nos deu e pelo orgulho que tem de sua pátria. Ele nos convidou para participar de uma tradicional festa de casamento em Mayotte. Eles normalmente não gostam que estrangeiros e turistas participem de sua vida familiar, mas o nosso bom amigo nos abriu as portas da cultura do arquipélago Comores. Primeiro, fomos visitar sua casa, onde Marie, a esposa, Chamsyat, a mãe, e sua irmã, Fátima, me levaram para o quintal onde nos sentamos para conversar. Elas me preparavam para que eu pudesse me vestir e Para pintar os olhos maquiar como uma autêntica nativa. e as sobrancelhas, Enquanto preparava a mistura, Chamsyat me explicou que a máscara, chamada de m’sidzanou usaram um produto (máscara amarela de beleza), é usada pelas feito com óleo de coco mulheres das ilhas Comores para manter a e uma semente escura. pele do rosto bonita e protegê-la do sol. Elas uma pasta de sândalo bem amassado Quando terminaram, fizeram num coral, misturado com água. Quando a eu parecia e me sentia colocaram em meu rosto pude sentir o frescor, o efeito calmante e um doce perfume. Então, com outra pessoa. movimentos suaves dos dedos, massagearam minha face, formando pequenos desenhos. Para pintar os olhos e as sobrancelhas, usaram um produto feito com óleo de coco e uma semente escura. Quando terminaram, eu parecia (e me sentia) outra pessoa. Vesti um colorido traje com o qual elas me presentearam e fomos para o casamento. A cerimônia, que já incorpora alguns traços da cultura moderna mesclados aos da antiga tradição é o acontecimento mais importante na vida desse povo. De acordo com o costume dessas ilhas, o homem pode ter quantas mulheres quiser desde que tenha dinheiro para sustentá-las. E o melhor modo de exibir sua riqueza é na festa de casamento. Quanto mais elaborada, mais dinheiro ele gasta, mais importante ele se torna e mais respeito recebe do povo de seu vilarejo. A cerimônia, chamada de milelezi, é muito organizada. O noivo veste-se como um Príncipe, em trajes tradicionais (m’ruma). Acompanhado por dois amigos e embaixo de sombrinhas, ele desfila pelo vilarejo, precedido por um grupo de mulheres que



cantam e dançam, marcando o ritmo com dois bambus com os quais fazem um som de pequenos tambores. À frente do cortejo, mulheres exibem as jóias que o noivo deu à futura esposa. Os presentes – também oferecidos à moça – são levados em malas, numa procissão, com as mulheres cantando e dançando. No dia seguinte, acontece a dança “bihou” só para as mulheres. Dentro de uma tenda, todas nós nos sentamos tocando os pauzinhos de bambu. Elas me ensinaram a dançar. É muito difícil, porque você só pode mexer os quadris, sem movimentar os pés ou os ombros. Durante todos esses dias é servida muita comida na casa da noiva. O pai da moça tem de dar a casa nova como dote da filha e, aconteça o que acontecer, divórcio ou separação, a moradia sempre pertence à esposa e aos filhos dela, nunca ao homem - Muito sábia essa tradição. Richard’s Bay, habitat misterioso

“Desde pequena sonhava em conhecer a África. Por isso, assim que chegamos ao Porto De acordo com o Richard’s Bay, fomos conhecer as reservas, costume dessas ilhas, de pertinho da marina. Foi só desembarcar para o homem pode ter encontrar os avisos nas estradas: ‘Hipopótamos cruzando a pista’, ‘Cuidado, crocodilos!’, ‘Proibido quantas mulheres nadar! Área infestada por tubarões.’ quiser, desde que Para completar, bandos de macacos azulados corriam pelas ruas, escorregavam pelos telhados tenha dinheiro para e se penduravam nas árvores da praça principal sustentá-las. E o da cidade fazendo a maior algazarra. Difícil saber quem de nós não virou criança. melhor modo de Partimos, eufóricos e felizes, para nossa exibir sua riqueza é aventura pelas reservas de Hulwehluwe-Umfolozi na festa de casamento. e Tembe. Estas são algumas das maiores áreas de preservação natural do país, onde os animais selvagens vivem livres no seu habitat. A terra no entorno da reserva é toda cultivada, com plantações diversas. E são muitas as vilas dos nativos zulus. E dizer que, num passado recente, toda essa região era o território onde centenas de rebanhos de animais selvagens podiam andar livremente. Com a caça predatória, algumas espécies estavam condenadas a desaparecer. A criação das reservas e parques salvou essas espécies da extinção. Fundada em 1895, Hulweluwe se estende por 96.000 hectares. Podemos encontrar leões, rinocerontes, búfalos, leopardos, girafas e centenas de outras espécies em um espetacular cenário de savana. Só se entra no parque depois de assinar uma declaração atestando que somos responsáveis, estamos visitando o local por vontade própria, cientes dos riscos envolvidos e que nos comprometemos a obedecer às normas da reserva: Não dar


comida aos animais, não gritar com eles, permanecer dentro do carro e não sair dos alojamentos à noite. “Se os animais nos atacarem, podemos tentar fugir?”, brinquei com o risonho guarda. A reserva oferece todo tipo de acomodações - desde uma simples barraca até quartos com padrão de hotel cinco estrelas. Também é possível alugar uma casa sobre palafitas no rio, uma mansão com quatro quartos, sala, bar, cozinheiro particular ou se acomodar numa barraca de acampamento. Acordar antes do amanhecer, tomar café da manhã e sair num jipe aberto pela reserva é excitante. Mas, na madrugada fria, os estranhos sons, uivos e rugidos da floresta tornam-se assustadores. Na escuridão, a luz de nossas lanternas iluminava olhos vermelhos que nos espreitavam, dando ao local um clima de filme de suspense. Era esquisito saber que sorrateiramente, os animais se moviam ao nosso redor. Estávamos descendo por uma ravina, quando Hannes, nosso guia, fez um sinal


com a mão, apontando para a esquerda. Na resplandecente luminosidade do amanhecer, entre o capim e arbustos, vimos uma hiena pintada, com a cauda abaixada, andando de modo engraçado, meio de lado. Ela farejou o ar e parou. Por perto, um rebanho de impalas ficou paralisado. Assustados, os animais não moviam nem as orelhas. Permaneceram assim até que a hiena seguisse o seu caminho. Na sequência, galoparam rápido na direção oposta à do predador. Encontramos também os mais diferentes animais da família dos antílopes, desde o pequeno duiker até ao grande kudu e o soberbamente belo antílope negro, além de muitas zebras. Certo dia, dirigimos a manhã inteira pela reserva. No nosso caminho, girafas – meu animal favorito – caminhavam elegantes com seus filhotes e mais adiante, manadas de búfalos e zebras. Na beira do rio Nzimane, paramos em um refúgio para fazer um piquenique à sombra de uma frondosa árvore. Hipopótamos semi-submersos nos observavam, só com os olhos fora da água. Vez ou outra, um crocodilo subia à tona, para desaparecer Sabíamos todos logo em seguida. estar presenciando Eu me assustei com os gritos estridentes dos um fato inédito: o bugios, que passavam pelas árvores a caminho do enorme animal numa rio. “Fiquem bem quietos”, sussurrou Hannes. “O elefante está ‘nervoso’’. Com sua tromba, ele demonstração de ‘pega’ o chifre do rinoceronte e busca erguê-lo. Quando vê que o esforço é inútil, tenta empurrá-lo carinho, delicadeza, com as patas. Os minutos fluem lentos. Sabíamos dor e solidariedade todos estar presenciando um fato inédito: o enorme animal numa demonstração de carinho, com outro bicho, que delicadeza, dor e solidariedade com outro bicho, nem era da própria que nem era da própria espécie. espécie. A emoção tocou-nos profunda e indelevelmente. Só se escutavam dois sons: o grunhido do elefante e a câmera de filmar de David, que registrava tudo atentamente. Uma mudança na brisa, e o elefante pressente a nossa presença. Sentindose ameaçado, ele coloca suas patas, uma de cada vez, em volta do animal morto, cobrindo-o com seu corpo, sem machucá-lo. Ao mesmo tempo, levanta suas grandes orelhas abanando-as e emitindo sons hostis. “Vamos embora, ele está muito agressivo”, sentenciou o guia. Saímos devagar do Local enquanto uma equipe de guardas do parque chegava e isolava a área, por medida de segurança. Durante muito tempo – acredito que a vida toda – me lembrarei dessa cena. Quem disse que a África é selvagem? Misteriosa, sim.


Não deixe de ler!

Heloísa Shürmann escreveu três livros: Dez Anos no Mar, Um Mundo de Aventuras e Em Busca do Sonho (editora Record). Nesse último, ela divide com os leitores situações divertidas sobre diferenças culturais, fala de amor, paciência, coragem, medo, conquistas e faz uma síntese de duas décadas de experiências em alto-mar.


Conexão SHangHai por

Carlos Meinert

A China de todos os travellers Quer curtir a natureza, fazer um tour cultural e explorar a culinária típica? Então, inclua no seu roteiro esse imenso país asiático, que está de braços abertos para receber gente de todo o mundo

T

enho a felicidade de ser um traveller. Conheci a nossa América do Sul, a América do Norte, África, Oceania e Europa. Em 2010, vim para uma jornada na China, que estava no fim da lista de viagem. A maioria de vocês, assim como eu, deve ter a imagem de um país pobre, muito populoso e com um big brother espiando tudo o que fazemos. Depois de estar mais de oito meses por aqui, descobri uma China encantadora, cosmopolita, conectada (embora com restrições), cheia de tradições e contrastes. Acredite: todo e qualquer traveller dar-se-ia bem por aqui. Para o “sndnb” (sem nenhum dinheiro no bolso), a China é perfeita! Nas esquinas, existem barraquinhas com as mais diversas comidas a partir de 50 centavos de real. É possível também viajar entre as grandes cidades de trem ou ônibus (muito acessíveis) e ficar num albergue (hostels) ou em hospedarias no interior — opções

muito em conta para ficar perto de todos os cantos da China. Já o traveller cabeça vai tomar um banho de cultura. Vale lembrar que o papel, a pólvora e até o macarrão foram inventados na China, que também era o início (ou final) da rota da seda. É difícil descrever a emoção ao caminhar pela Grande Muralha, pela Cidade Proibida e por entre os guerreiros de Xian. Museus de alto nível estão à disposição em todas as grandes cidades. Culinária diversificada

Você é um traveller glutão? Dos pratos super-hiper apimentados da culinária de Hunan até o famoso frango xadrez de Guandong, passando pelos dumplings, frutos do mar, hot-pots, risotos, etc. Fica


Abaixo a Grande Muralha, nesta página, Shanghai by night.

“Dá para escalar o lado norte do Himalaia, andar os 6 mil km da Muralha da China, mergulhar nas ilhas tropicais do sul, esquiar nas montanhas geladas do norte, cavalgar na Mongólia, passear de iaque em Xining ou simplesmente alugar uma bicicleta em Pequim.”


difícil lembrar de toda a diversidade de sabores, mas para aqueles com restrição a comida chinesa, a boa notícia é que Shanghai e Pequim têm muitas e excelentes opções de restaurantes ocidentais e orientais. Ontem mesmo, almocei num restaurante italiano e jantei num vietnamita. Hoje, vou a um australiano. E têm muito mais, inclusive as famosas churrascarias — a nossa comida é amada em todos os cantos do mundo! Caso seja um traveller bem de vida, saiba que o luxo é uma obsessão dos chineses. Ao contrário dos endinheirados brasileiros, os ricos chineses fazem questão de mostrar que são abastados. À noite, é comum ver lindas mulheres dirigindo suas Lamborghinis e Ferraris para a balada mais próxima. Muitas, desfilam por Shanghai, que possui tantas lojas de grifes francesas como Paris e todas as grandes bandeiras de hotéis, inclusive o Waldorf Astoria. Quer ir a um show de jazz ou um de salsa? A um baile da década de 1930 ou a uma balada techno? Se você é um traveller da noite, vai se dar bem! As opções são ilimitadas, e os lugares usualmente não cobram para entrar. Basta entrar, curtir ao máximo e pagar o que consumiu. Cansou? Troca de lugar sem pôr a mão no bolso. Em Shanghai, o Parque Fuxing oferece quatro diferentes casas noturnas. Em Pequim, há um lago cercado por bares, restaurantes, clubes e danceterias que brilham a noite inteira. Natureza e muita aventura

Para o traveller natureba, recomendo

Você sabia? Em fevereiro de 2011, a China viveu a maior migração da história da humanidade: mais de 800 milhões de pessoas estão viajando dos grandes centros – Pequim, Shanghai e Guangzou – para províncias distantes, como Sichuan, Xining e Shanxi. É a celebração do ano novo chinês, principal festividade deste país.


Na página ao lado, a cidade saúda os visitantes. Acima, Bell Tower - Xian. Abaixo, a Cidade Proíbida - Pequim.

as províncias mais distantes. Não deixe de visitar as colinas de Gui Lin, o lago Oeste em Hangzhou e as montanhas e lagos gelados do Tibet, pois são experiências que não têm preço. Na província de Sichuan, há tours organizados e super exclusivos para encontrar os ursos Panda em seu habitat. Se paga caro, mas é inesquecível. A fim de adrenalina? Sim, traveller aventureiro, aqui também dá! Você pode escalar o lado norte do Himalaia, andar os 6 mil km da Muralha, mergulhar nas ilhas tropicais do sul, esquiar nas montanhas geladas do norte, cavalgar na Mongólia, passear de iaque em Xining ou simplesmente alugar uma bicicleta em Pequim. Para quem não consegue ficar longe da praia, eis a dica! A província de Hainan, cuja capital é Sania, possui praias tropicais maravilhosas e vários resorts para curtir dias pertinho do mar no maior conforto. Epa! Preocupado com a comunicação? Ler ou falar o mandarim em pouco tempo é quase impossível. O inglês pode ser usado nas grandes cidades, mas é raro nos lugares mais longínquos. Por isso, traga um pequeno dicionário, prepare-se também para usar e abusar da linguagem corporal e... divirta-se! O traveller autor Carlos Meinert mora em Sanghai e está numa jornada profissional de três anos pela China. Como ele mesmo diz, é difícil explicar todas as atrações da China em um só texto. Por essa razão, Carlos vai estar com a gente em vários momentos dessa jornada em volta ao mundo, explicando um pouco mais do que acontece lá do outro lado do planeta.


Conexão ArgentinA por

Cristiano Garcia

Palermo, o meu recanto em Buenos Aires Com lugares excelentes para comer, beber e se divertir, o bairro também oferece um local tranquilo para ler, relaxar ou apenas descansar a alma

O

começar é sempre difícil, mas nada se consegue se não se coloca a primeira palavra. Então vamos por ela. Recebi um convite para trabalhar em um projeto que duraria mais de um ano, envolvendo sete países. Parte de minha equipe ficaria em Buenos Aires, supostamente para onde eu deveria viajar de tempos em tempos. Duas semanas depois de minha primeira vinda, já procurava um apartamento por mudanças de planos e por aqui estou há quatro meses — pensando em ficar por mais um ano! Desde então, tento encontrar nessa cidade charmosa os “meus cantos”, lugares onde veja minha alma e faça minha história. Mas confesso que não é preciso se mover tanto por aqui para se enamorar pela cidade. Moro no bairro de Palermo, próximo a um parque lindo e encostado em várias regiões new boêmias da cidade, ou seja, bares, restaurantes e gente nova circulando. Um dos meus lugares favoritos para jantar, chama-se Las Cañitas. Não muito próximo à zona turística da

cidade, como Puerto Madero, ou mesmo o Microcentro, onde a maior parte dos brasileiros que visita a cidade se perde nas compras, Las Cañitas é ótima para comer, beber ou simplesmente circular com os olhos bem abertos, para não perder de vista os que por ali circulam. É possível decidir por comer uma parrilla argentina, beber umas cervejas comendo frios defumados da melhor qualidade e ainda aproveitar as poucas lojas fashion que se encravam entre os bares e ficam abertas até tarde. Um banco, um livro...

Mas uma alma não busca só agitação. É preciso ter seu lugar de paz, para apenas relaxar. Um dos meus cantos preferidos para isso é o Jardim Botânico. Também cravado em Palermo, esse cantinho charmoso, com árvores e plantas de várias regiões da Argentina, traz um pouco de sombra numa cidade que arde como fogo no verão. Ali, podemos visitar o museu ambiental, caminhar entre os gatos que vivem no local e sentir o ar fresco. No entanto, o que mais me agrada é que sempre


Jardim Bot창nico


Jardim Botânico

existe um banco livre para sentar e ler um bom livro. Pode ser que visitando ali e, por pura sorte — ou sabe se lá porque — se veja lendo um livro de contos que contenha algum do escritor argentino Eduardo Wilde. Mas aí já é tema de novas histórias...

O traveller autor O brasileiro Cristiano Garcia é consultor de sistemas que atua na América Latina. Por causa do trabalho, já morou na Venezuela, Colômbia e Holanda. Atuou também em Equador, Peru, Chile, Espanha e EUA. Adora a cultura latina, viajar, mergulhar e comer um ótimo doce. Escrever é uma grande paixão e cozinhar outra. Sendo assim, encontrar a história perfeita acompanhada de um ótimo jantar e um bom vinho é o maior sonho.

Alguns detalhes O Jardim Botânico de Buenos Aires, também conhecido como Jardim Botânico Carlos Thays da Cidade Autônoma de Buenos Aires, foi inaugurado em 7 de setembro de 1898. Sua área atualmente é de 69.772 m², onde se encontram, além de 5.500 espécies vegetais, diversas esculturas. Cravado entre a Avenida Santa Fé e Cerviños, está localizado ao lado do zoológico da cidade e do Parque 3 de Fevereiro. Muitos gatos abandonados por seus donos vivem no local e uma ONG local (Comisión Proteccionista Gatos Botânico - http://gatosbotanico. com.ar/), trata de buscar pessoas que adotem os bichanos.


“Las Cañitas é ótima para comer, beber ou simplesmente circular com os olhos bem abertos, para não perder de vista os que por ali circulam.”

Jardim Botânico




Conexão atenas por

Sônia Decoster

Atenas, berço da civilização Capital da Grécia tira o fôlego pela herança histórica, mas é preciso atenção e bom humor para dirigir pelas suas inusitadas ruas


Q

uando digo aos brasileiros que moro em Atenas, Grécia, todos esboçam uma expressão mista de surpresa e fascínio. A reação típica é: “que delícia! Deve ser uma maravilha morar lá, não?”. É claro que, quando as pessoas fazem esse comentário, estão pensando no mar azul profundo que circunda as ilhas paradisíacas de Santorini, Paros e Mykonos e nos deuses da mitologia grega, como Apolo, Hércules, Poseidon etc. Sem dúvida, quando penso que ando pelas ruas da mesma cidade em que

Templo de Poseidon

viveram os grandes pensadores Sócrates, Platão e Aristóteles, que construíram os pilares da filosofia e da ética, entre tantos outros assuntos, não dá para não ter uma sensação de deslumbramento. Porém, essa sensação é logo desfeita quando me deparo com o trânsito caótico de Atenas. Nesse exato momento, vocês devem estar pensando: “Imagine, olha só quem fala. Logo uma paulistana!”. O ponto é que, na capital paulista, temos o que chamo de caos organizado, porque bem ou mal, existe uma fiscalização e não dá para comparar uma megalópole de quase 20 milhões de pessoas, com Atenas, que possui em torno de 4 milhões de habitantes. Quando pensamos que a Grécia faz parte da Europa, logo vem a mente aqueles países mais próximos do Mar do Norte que transpiram organização. Porém o que se vê geralmente por aqui é o não cumprimento das regras básicas


de trânsito. O respeito aos limites de velocidade é, na maior parte do tempo, inexistente. Uma sinalização de sentido proibido é facilmente ignorada, e quando você percebe que alguém está andando mais lentamente é porque está utilizando o telefone celular. Isso, sem mencionar a utilização de duas vagas no supermercado ou no Mall para estacionar um único veículo. Ou ainda, o carro estacionado em esquinas ou nas calçadas. Por fim, o mais perigoso, a não utilização de capacetes no verão por um grande número de motociclistas. Já que me dediquei ao assunto, existem duas particularidades aqui que não percebi em qualquer outra cidade do mundo que já tenha visitado: A primeira é o uso do pisca-alerta de maneira intensiva como sinalização de que vai parar o veículo em vez dos sinais de seta. A segunda, mais peculiar, é o fato de que numa rotatória, a preferência não é a de quem está na rotatória e sim de quem está entrando, ou seja, você precisa reduzir a velocidade o tempo todo e ficar muito atento para não provocar uma colisão. Bem, o conselho que eu dou para quando você se locomover de carro aqui em Atenas e ficar irritado após verificar que são verdadeiros os pontos que mencionei é sempre se lembrar que, após alguns quilômetros e brecadas, poderá ainda se extasiar com a cor do mar e, que, apesar de tudo, estará pisando o chão do berço da democracia.

Acrópolis

Parlamento

“Aqui se usa o pisca alerta de maneira intensiva como sinalização de que vai parar o veículo em vez dos sinais de seta.”


Centro Olímpico

Centro Olímpico

Vista do Templo de Poseidon

A traveller autora Formada em Matemática, mestre em Administração de Empresas pela USP, atualmente cursando o Doutorado, passou a se dedicar de forma integral à área acadêmica após 20 anos atuando na área de Tecnologia da Informação em empresas do segmento de prestação de serviços, financeiro e industrial. É casada com Alexander, um belga que conheceu no Brasil e mãe de uma linda filha. Mudou-se para a Grécia em 2007, ficando meio cá, meio lá.


Conexão ÁFRICA por

Amelia Dimle

África do Sul, amor eterno País repleto de história e tradição que oferece hospitalidade ímpar em seu imenso território, além de um visual deslumbrante para onde quer que se olhe

C

omeço o texto fazendo uma declaração: a África do Sul é maravilhosa. Sua beleza natural é deslumbrante. Com formações geográficas interessantíssimas, montanhas imponentes, quedas d’água divinas e praias sem fim, isso sem contar os safáris e a vida dos animais selvagens, que proporcionam uma experiência tão única e profunda, incomparável a qualquer outro sentimento. Esse lugar realmente mudou minha vida, valores e referências, mais do que qualquer outro pais. É claro, todos têm coisas boas e ruins e a África do Sul não é exceção. Tem problemas sociais, de segurança, corrupção e burocracia. Inclusive, foi onde realmente entendi o significado de pobreza, racismo e tribos. Mas, ao mesmo tempo é um local apaixonante, intenso, cheio de vida, de uma beleza crua e selvagem, que fez com que eu tivesse vontade de morar lá para sempre. A sociedade é bem complexa e

está tentando deixar para trás as cicatrizes deixadas pelo Apartheid e olhar para o futuro. É interessante que apesar das diferentes línguas e dialetos, dos variados estilos de vida entre os descendentes de europeus e a população nativa, é interessante ver que todos são nacionalistas, orgulhosos do país, de suas culturas e tradições. Serviço e gastronomia de primeira

No momento, o Black Economic Empowerment tem causado alguns problemas. Os profissionais qualificados estão deixando o país e os não qualificados ocupam posições que eles não têm competência para assumir. Espero sinceramente que isso seja somente um processo de transição e que em breve, a África do Sul encontre o equilíbrio natural na sociedade. Enquanto isso... Destaco o nível de serviço disponível em todos os negócios. Às vezes há cinco pessoas nos servindo quando colocamos


Destaco o nível de serviço disponível em todos os negócios. Às vezes há cinco pessoas nos servindo quando colocamos gasolina no carro.

Garden Route


gasolina no carro. Uma vez tive problemas num parque de diversões e dez homens vieram me ajudar. Nos restaurantes, o serviço também é rápido, abundante e o melhor: a culinária na África do Sul é deliciosa. A carne é de primeiríssima, as receitas tradicionais são bem interessantes e a comida do mar, no litoral, é inesquecível. Os sul-africanos gostam de comer em grandes quantidades e geralmente ficam até ofendidos quando as porções são pequenas. Acredite: mesmo as entradas podem ser escandalosas de vez em quando, suficientes para um jantar para dois — palavras de uma pessoa que tem fama de comer muito. Mas, tanto os restaurantes quanto as lojas fecham cedo. O horário comercial é curto com muitas empresas começando o dia cedo e encerrando por volta das 17 horas. Isso porque o povo costuma dormir e acordar cedo. Um dos motivos é o estilo de vida ativo deles. Eu nunca vi um povo tão engajado em atividades físicas ao ar livre como os sul-africanos! Eles adoram visitar parques nacionais para fazer piquenique ou churrasco, pescar, andar de bike, de caiaque, a cavalo, jogar golf e se divertir com família e amigos em meio à natureza. Esse é um mercado grande na África do Sul, não só em termos comerciais, com inúmeras lojas de equipamentos e vestuários especializados, mas também com frequentes competições de ciclismo na serra e a longa distância, natação em alto mar, maratonas e

Você sabia? O Black Economic Empowerment – BEE é um programa social destinado a inserir a maioria negra na economia capitalista. Para vender para o governo ou participar de concorrências públicas, as empresas tem de ter o certificado de adequação ao BEE. Para isso, precisam cumprir sete critérios, entre eles cotas de negros na média e alta gestão, fornecer cursos de formação para gerentes e executivos negros e comprar produtos ou serviços apenas de outras empresas igualmente certificadas com as normas do BEE.

Hotel Sun City


triátlons para a população em geral — não somente esportistas profissionais. É um povo que gosta de se exercitar e aproveitar o dia, mais do que a noite. Hospitalidade e muita beleza natural

Sun City Dining Room

A segurança também é um dos fatores que influência esse estilo de vida. As pessoas possuem automóveis. Não é comum caminhar pela cidade, e o transporte público é limitado e usado principalmente pela população mais carente. As residências têm muros, guardas e sistemas de segurança. Algumas até possuem portões entre os aposentos, entre a cozinha e os quartos, por exemplo. A África do Sul é grande e o povo está acostumado a dirigir longas distâncias nos fins de semana. As acomodações self-catering, bed & breakfast e guest houses são os preferidos pela população local nos principais destinos turísticos e no litoral. No interior do país, as fazendas locais oferecem comida caseira e hospitalidade. Os huts (tipo de cabana de praia) também são muito populares nos Parques Nacionais.

A traveller autora Amelia Dimle é brasileira, com pais japoneses e marido sueco. Atualmente mora na Croácia. Antes morou na África do Sul por 4 anos e meio. Na época, trabalhava como Gerente de Web contratada na Suécia e utilizando as facilidades locais do escritório na Africa do Sul. Porém, o motivo da mudanca foi o trabalho de seu marido. O casal fixou residência em Sandton, subúrbio ao norte de Johannesburg,


Conexão nova york por

Sun Chen Leng

Acontece em Nova Iorque Filmes, concertos, óperas e peças de teatro: incremente seu conhecimento cultural e artístico indo aos lugares certos em uma das maiores metrópoles do mundo

A

As atrações de Nova Iorque são infinitas, e o número de guias disponíveis é enorme. Como todos sabem, esta é uma das principais metrópoles mundiais e a maior parte dos turistas vem para fazer compras, assistir a um show da Broadway e conhecer os grandes pontos turísticos: Estátua da Liberdade, Empire State Building, etc. Então, o que posso acrescentar com uma coluna sobre Nova Iorque aos viajantes? Para aqueles que procuram atividades culturais e artísticas além das tradicionais já mencionadas a cidade oferece muitas opções que podem ser exploradas

por meio de diversos websites. Mas, ao invés de ter de garimpar informações, há vantagens em se poder ler e explorar as dicas de alguém que mora na cidade ou nas imediações. Daí esta coluna, onde pretendo cobrir eventos em Nova Iorque e arredores e eventualmente, em outras partes dos Estados Unidos. Nova Iorque oferece muitas atividades culturais gratuitas ou de baixo custo aos visitantes – acidentais ou não. Apresentamos aqui algumas dessas atrações.


“A cidade oferece muitas opções que podem ser exploradas por meio de diversos websites. Mas, ao invés de ter de garimpar informações, há vantagens em se poder ler e explorar as dicas de alguém que mora na cidade ou nas imediações.”

Grand Central Station


De junho a agosto Durante o verão, o Festival River to River traz filmes, concertos, dança, etc. Tipicamente, os eventos estão programados para acontecer do final de junho até o final de agosto. Vários eventos ocorrem em Manhattan, mas há também outros programados nos outros boroughs de Nova Iorque. Exemplos recentes incluem tantos nomes famosos como desconhecidos no Brasil: filme de Woody Allen e dos Muppets, concerto do Eroica Trio, festival de danças, walking tour de Manhattan, etc. Para você saber como tem opções para todos os gostos, segue o link para o guia do festival de 2010: http://www.rivertorivernyc.com/ events/R2R_2010_ProgramGuide.pdf. De setembro a maio Uma tradição iniciada pelo atual diretor geral do Metropolitan Opera, Peter Gelb, após assumir o cargo em 2006, é a apresentação da estréia da temporada de ópera em telões instalados na Times Square e na praça, no Lincoln Center, em frente à entrada do Metropolitan Opera, com direito a tapete vermelho àqueles que assistem à performance dentro do prédio. Além disso, há um número limitado de tickets disponíveis para as performances durante os dias de semana por 20 dólares cada. A temporada de ópera normalmente dura do final de setembro até maio. Junho e julho Shakespeare in the Park é um festival de peças apresentadas no Delacourte Theater, no Central Park,

nos meses de junho e julho. A maior parte delas é de Shakespeare, porém textos de outros dramaturgos têm sido incluídos no repertório. Além disso, atores famosos, como Al Pacino e Meryl Streep, participaram de montagens nos últimos anos. O paulistano Cacá Rosset também montou o Sonho de uma Noite de Verão em 1991. Neste ano, serão montadas as seguintes peças do autor inglês: Tudo Está Bem Quando Acaba Bem e Medida por Medida. Apresentarei mais detalhes sobre cada uma dessas atividades em futuros artigos. Aguardem!

O traveller autor Sun Chen Leng formou-se em Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e fez MBA em Finanças pela New York University. É vice-presidente da BNY Mellon em Nova Iorque, após passagens pelo Banco Francês e Brasileiro, Otis Elevator, Metlife, Citigroup e Alliance Bernstein. Reside com sua família em Long Island há mais de 12 anos.

Uma curiosidade O Lincoln Center, onde o Metropolitan Opera está localizado, é também palco de atrações populares em suas praças, como o New York Fashion Week (desde 2010) e a imersão em uma bolha de água por uma semana pelo mágico David Blane, em 2006.


Museu Metropolitan

Jardim de Inverno World Financial Center

Wall Street Bull

Brooklin Bridge Times Square


Conexão londres por

Rina Gioia

Gastronomia de qualidade Vale conferir os pratos oferecidos na sala de jantar da casa de anfitriões que prometem oferecer o que há de melhor na culinária londrina

H

á tempos a Inglaterra cultiva a paixão pela alta gastronomia. Chefs conceituados ou não, estão o tempo todo na TV, nas livrarias, em eventos e feiras — é uma verdadeira febre na ilha. Porém, a forte recessão ameaçou o hábito de jantar ou almoçar fora nos diversos bons restaurantes distribuídos pelo país. Na terra das inovações, nada mais natural do que o surgimento de uma solução rápida à recessão nessa área. Foi assim que nasceram os Supper Clubs, um fenômeno socialgastronômico

interessantíssimo que cresceu muito nos últimos dois anos. Como funciona? O Supper Club reúne pessoas desconhecidas na casa de um “chef” para saborear um menu caprichado e diferente a cada noite. Simplificando: é como se fosse um restaurante na sala de jantar de sua casa. Mas, em vez de cobrar a refeição, pede-se uma “doação”. É uma maneira de driblar a lei e não precisar registrar o negócio como um restaurante. Para todos os gostos

A propaganda, além de ser feita boca a boca, chega às pessoas por meio dos sites sociais, tipo


Parlamento - Londres

A intenção dos Supper Clubs Ê deliciar os convidados/ clientes com pratos sofisticados, confeccionados com ingredientes frescos e da mais alta qualidade num clima acolhedor


Facebook. A ideia é tão agradável e rentável que rapidamente se proliferou. Hoje, existem Supper Clubs para todos os gostos. Diferentes em tamanhos e propostas, variando de um flat em Brixton, bairro boêmio de Londres, até um loft no Norte, lado mais rico da cidade. Os “chefs” também têm experiências diferenciadas: uns foram treinados em restaurantes três estrelas Michelin, outros simplesmente gostam e são bons na cozinha. Mas a intenção é sempre a mesma: deliciar os convidados/clientes com pratos sofisticados, confeccionados com ingredientes frescos e da mais alta qualidade num clima acolhedor. A exclusividade é o ponto forte desse

modo originalmente londrino de incrementar a gastronomia local. Tanto que alguns anfitriões/cozinheiros vão buscar seus ingredientes em mercados especializados, outros colhem nos allotments — espaços públicos onde os ingleses podem plantar as próprias frutas e verduras. Aliás, vou falar mais sobre os allotments na próxima edição. Preço em conta

O movimento Supper Clubs cresceu tanto que já está segmentado: você pode encontrar diferentes níveis de preço e locação para o seu jantar. Os mais baratos ficam na faixa de 20 libras (cerca de R$ 54) por uma refeição com três pratos e cafezinho. O segmento


mais premium da iniciativa pode até cobrar taxas de associação para quem quiser participar. Pessoas famosas também aderiram ao movimento: Jo Wood, ex-mulher do Rolling Stone Ronnie Wood, recebe convidados na sua casa de campo. O lucro arrecadado destina-se à criação de hortas para escolas da cidade. De qualquer maneira, é uma boa forma de administrar a crise tanto para os “anfitriões”, que podem gerenciar um negócio dentro de casa sem pagar altíssimos impostos, quanto para os “convidados”, que podem se deliciar com a alta gastronomia sem precisar fazer um rombo em seus bolsos.

A traveller autora Rina trabalha em Marketing e há cinco anos e meio mora em Londres, onde iniciou novo capítulo na sua vida. Apaixonada por viagens, ela está sempre com o pé na estrada. Mesmo que seja só a trabalho.

Dica: Fique de olho no Facebook para descobrir quais Supper Clubs estão com novidades! Confira alguns: - Fernandez & Leluu Supper Club; - Saultoun Supper Club; - The Friday Food Club.


equipamento por

Luís Fernando Carbonari

Comprando a mochila cargueira Para garantir o sucesso da sua volta ao mundo é preciso saber escolher aquela que será a sua companheira inseparável de viagem

D

estino escolhido, data marcada, chegou a hora de se preparar para a grande viagem. Um dos primeiros passos é ir a uma loja especializada em equipamentos de aventura, para, sem pressa, escolher os itens necessários. E, sem dúvida, um deles é a mochila, companheira inseparável e testemunha silenciosa da nossa empreitada. O problema começa quando você depara com uma parede cheia de mochilas de todas as formas e tamanhos. Diante de tantas opções, fica-se sem saber o que fazer — seja por não conhecer nada sobre esse novo mundo, seja pela vontade de levar tudo para casa! Por isso, vale à pena conhecer os tipos de mochilas, cuja classificação é feita quanto ao volume de carga, tomando-se como critério o litro (L). Vamos lá? A mochila de cintura (pochete) possui uma cinta para ser colocada na cintura. É extremamente prática para caminhadas curtas, nas quais se leva pouca carga.

Existem modelos que além das cintas abdominais, têm alças e permitem carregar mais peso. São extremamente confortáveis e dão grande mobilidade, pois concentram o peso na cintura, mantendo o centro de gravidade baixo e distribuindo-o também nos ombros. A mochila de hidratação, como o próprio nome diz, tem a finalidade de transportar líquidos. É composta por bolsa plástica, e uma mangueira que leva o líquido até a boca, sem a necessidade de remover a mochila das costas. Porém, a bolsa, por si só, não é capaz de carregar nada além de líquidos. Por isso, começou-se a fabricar mochilas que trazem, além do compartimento de carga, outro para a bolsa de hidratação com isolamento térmico, visando manter o líquido fresco. Normalmente as bolsas de hidratação variam de 1,5 a 3 litros, e a mochila como um todo comporta em média 10 litros. Vale lembrar que, caso opte por uma bolsa de hidratação de 3 litros, por exemplo, você está adicionando cerca de 3 kg ao peso do equipamento. Portanto,


a capacidade da bolsa de hidratação vai depender da frequência com que será possível reabastecê-la. A mochila de “ataque” é utilizada para passeios de curta duração — de até um dia — em que o retorno para casa ou acampamento base acontecerá após período curto de tempo e por isso, não é preciso levar saco de dormir, isolante, fogareiro, panelas, barraca, etc. Proporciona menos desgaste, mais mobilidade e seu volume varia de 15 a 35 litros. A mochila cargueira média apresenta volume de 35 a 60/70 litros. Considerada um meio termo entre a cargueira e a de ataque, também é indicada para uma caminhada de um dia, mas que exige levar mais equipamento. Possui cinta abdominal para aliviar o peso depositado sobre os ombros. A mochila cargueira, com volume variando de 60/70 litros ou mais, é projetada para carregar todo o equipamento necessário para semanas de expedição. Traduzindo: ela é a parceira ideal para a sua volta ao mundo! Atenção: beleza não é tudo! Vale destacar que a aquisição de equipamentos de aventura deve-se pautar essencialmente pela técnica, pois, na trilha ou no mochilão pela Europa, o que vai fazer a diferença é o desempenho do equipamento, e não o apelo estético. Sei que essa é uma péssima notícia aos fashionistas de plantão, mas acredite você irá me agradecer muito no futuro se trocar a beleza pelo desempenho.


As mochilas estão cada dia mais bonitas mas, nem sempre beleza equivale qualidade. No entanto, infelizmente, na maior parte das vezes, as mais caras são mesmo as melhores. Entretanto, cuidado, o preço não é (o único) critério para a compra. O que deve guiar a aquisição são os itens que compõem a mochila. Por isso, os pontos principais a serem observados em uma mochila cargueira são:

Estrutura interna: mochilas grandes possuem armação interna, em geral de alumínio composta de “talas” removíveis, ou não, que ajudarão a manter a estrutura da mochila e adequá-la a curvatura da coluna; Alças dos ombros: de fundamental importância, são dimensionadas de acordo com a capacidade de carga, ficando em contato direto com o corpo. É importante que sejam confeccionadas com um sistema que faça o transporte


do suor para longe da pele; Estabilizador peitoral: tem a finalidade de para evitar que puxem o ombro demasiadamente para trás, ou provoquem assaduras nos braços, por conta do atrito com a parte externa das alças, provocado pelo movimento natural da caminhada. Apoios lombares: são porções acolchoadas localizadas na parte da mochila que fica em contato com as costas, cuja finalidade é adequar ainda mais a sua curvatura à coluna. Existem diversos sistemas no mercado que, além de proporcionarem extremo conforto, contam, ainda, com sistemas eficientes de ventilação e ajuste de altura. Barrigueira: uma das partes mais importantes da mochila, pois faz com que seu ombro seja poupado, distribuindo o peso da mochila sobre os quadris; Ajuste de altura das alças dos ombros: permite que a mochila seja posicionada na altura correta nas costas, possibilitando que o apoio lombar e a barrigueira fiquem na posição correta; Estabilizador superior: traz a carga para próximo das costas, melhorando o equilíbrio e a estabilidade; Cintas de compressão: servem para diminuir o tamanho da mochila quando não está plenamente cheia, fazendo com que a carga não fique solta em seu interior; Matéria-prima de confecção: procure fabricantes conceituados, que trabalhem com marcas renomadas, como DuPont, Zippers ,YKK, etc. Fique atento ao acabamento externo e interno das mochilas compararando-as entre

si: materiais e fabricação de qualidade fazem mochilas de excelência, as quais, normalmente, têm preços um pouco maiores. Mas valem a pena, tendo em vista o desempenho superior. É hora de experimentar. A essa altura do campeonato, você já deve ter solicitado ao vendedor meia dúzia de modelos, baseado na quantidade de objetos que levará. Lembre-se de que o peso total da mochila carregada não deve exceder 30% do peso da pessoa que a carregará. Se ultrapassar este percentual, reveja os itens e esvazie a mochila, ou então passe o excedente para um companheiro mais pesado.” Selecionadas duas ou três opções, iniciemos os ajustes básicos: coloque a mochila nas costas com as fitas das alças dos ombros soltas e com peso dentro. Posicione a barrigueira sobre os “ossinhos” da bacia e faça o ajuste, de tal modo que sinta o peso da mochila apoiado suavemente sobre o quadril — mas não aperte demais! O passo seguinte é ajustar as tiras dos ombros até que o acolchoado contorne os ombros, tocando a axila. Por fim, ajuste o estabilizador peitoral para retirar a parte externa das alças do contato com os braços. Feito isto, verifique qual ficou mais ajustada às costas, levando em conta o conforto e a mobilidade. Pronto! É só levar a companheira inseparável para casa e boa viagem!


240 dias em busca do Sol Oito meses valorizando cada segundo vivido. E tudo isso bem longe de casa. Essa ĂŠ a experiĂŞncia de Rosana Sun, que revela os detalhes da sua volta ao mundo


Camiseta que acompanhou Rosana em toda sua viagem foi dada de presente por seu amigo de colĂŠgio, Carbonari, antes de ela embarcar.


A

administradora de empresas Rosana Sun, hoje com 38 anos, realizou um sonho que começou a se esboçar em sua mente em 1995. Na época, ela era estagiária e havia decidido dar a volta ao mundo. A inspiração? Seus pais, Maria e José, que sempre incentivaram a jovem e seus irmãos a conhecerem países diferentes e aprender outras línguas. Mas foi em agosto de 2009 que o sonho começou a se concretizar. Depois de alguns imprevistos, incluindo perdas pessoais, Rosana bateu o martelo, arregaçou as mangas e fez o projeto ganhar vida. Apostando num planejamento antecipado, porém flexível, ela foi “moldando” o sonho à medida que ia descobrindo um universo novo que estava à sua espera. A viajante não teve medo de encarar a empreitada de sua vida sozinha. “Acredite! Tem sempre alguém para conversar, desde que fique em albergues. Procure conhecer as pessoas e a história do lugar. Aproveite o tempo para curtir. É uma experiência inesquecível. Foi o melhor investimento que fiz em toda a minha vida”. Acompanhe abaixo o passo a passo vivido pela traveller antes de colocar a mochila nas costas.

1º passo: roteiro sob medida

A primeira providência foi grudar o mapa-múndi na parede da sala de TV. “Marquei os países que já tinha visitado e os que gostaria de conhecer”, relembra. Depois, tentou, sem sucesso, traçar uma rota por meio dos sites que vendem passagens de volta ao mundo, devido à quantidade de lugares. “Deu trabalho, mas encontrei uma agência, a ADJ, onde já tinha feito um orçamento da passagem de volta ao mundo.” E foi o Daniel da ADJ que a ajudou a definir as passagens e o tempo adequado em cada lugar. Foi nessa fase de elaboração do roteiro que tomou uma decisão certeira. “Escolhi viajar no sentido anti-horário para chegar aos países no verão, pois não queria carregar roupas de frio.” Uma bela sacada que reduziu o peso e ainda evitou o frio.

A viagem da Rosana teve duração de oito meses. Depois, ela viajou por mais 30 dias com os pais. Sozinha, ela visitou Chile, Taiti, Cook Islands (NZ), Nova Zelândia, Austrália, Fiji, Cingapura, Malásia, Vietnã, Camboja, Laos, Tailândia, Grécia, Croácia, Bósnia Herzegovina, Hungria, Espanha, Portugal e EUA. Na segunda etapa, a viajante e seus pais visitaram a China, onde José reencontrou amigos de infância. Na sequência, o trio conheceu a França e a Suíça. “Eles nunca tinham pisado em solo europeu e era um sonho meu e de meus irmãos poder levá-los um dia ao Mont Blanc e a Paris”, explica Rosana.

Acesse o site http:// adjtur.com.br/index. htm e veja tudo o que agência ADJ pode oferecer para você, traveller!


Sempre gostei de aventuras em grupo. Olhar “fora da caixa” ajuda na criatividade e redução do stress.


2º passo: na ponta do lápis

Uma pergunta sempre ouvida por Rosana é sobre o quanto ela gastou em sua viagem ao redor do mundo. “Todos acham que é um absurdo, que nunca conseguirão fazer isso. No meu caso estimei um gasto de em torno de 80 a 100 dólares por dia.” Por isso, é sempre bom planejar quanto pretende gastar, deixando um extra para emergências. Outra medida é organizar as contas pessoais no Brasil, que, no caso de Rosana, ficaram nas mãos de uma pessoa responsável. Na sequência, ela conversou com o gerente do banco para saber como poderia sacar dinheiro para a viagem. “Fui orientada para pedir os cartões necessários com no mínimo dez dias de antecedência. ”Recebi também a sugestão de desmembrar o cartão internacional em dois: cartão de crédito e cartão de saque.” O cartão de saque possibilita a retirada de dinheiro nos caixas ao redor do mundo mediante uma taxa de utilização de cada banco. “Consegui sacar moeda local em todos os países que visitei.” Mais uma dica: Ela conta que, se você comprar a passagem com o cartão de crédito terá direito a um seguro-viagem e seguro-saúde. “Dependendo do cartão, a validade é de 30 a 60 dias. Meu pai, por exemplo, ficou doente na China e foi muito bem atendido com o cartão Visa”, explica a administradora de empresas, que devido à extensão da viagem teve de adquirir um seguro-viagem com adicional para esportes radicais. Isto é, ela não estava disposta a perder nenhum passeio, sobretudo os mais emocionantes e perigosos! 3º passo: vacinação em dia

Depois de definir o roteiro, o próximo passo foi agendar um horário no Ambulatório dos Viajantes do Hospital das Clínicas. “O serviço é excelente. Atende com hora marcada, oferece uma palestra sobre cuidados básicos e depois, uma consulta individual.” E é nessa consulta que se analisa quais países serão visitados, as vacinas a serem tomadas e medicamentos para serem levados na bagagem. “A maioria das vacinas é dada no local gratuitamente”, comenta Rosana.

Segundo o Tratado de Schengen, alguns países da Europa exigem que você tenha um segurosaúde. Se fizer a compra da passagem no cartão, você tem direito a ele. É só ligar na companhia de cartão de crédito e solicitar para que enviem por e-mail. “Solicite com antecedência e leve uma cópia com você. Nunca me pediram, mas já ouvi muita gente dizer que foi solicitado na entrada do país”.

Ambulatório dos Viajantes - Rua Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 155 - Prédio dos Ambulatórios – 4º andar - sala 8 – São Paulo - SP. Agendamento de orientação préviagem deve ser feita pessoalmente ou pelo telefone (11) 30696392, das 8h30 às 10h30. Há também o Núcleo de Medicina do Viajante do Instituto de Infectologia Emílio Ribas - Av. Doutor Arnaldo, 165. O agendamento de consultas pode ser feito pelos telefones: (11) 3896-1400 e 3896- 1366, de segunda a sexta-feira, das 12 às 16 horas. Rosana destaca que “nos dois locais é imprescindível levar a carteirinha de vacinação”. Recado dado!


Mochila de ataque: é a mochila menor que carreguei na frente. Nela, coloquei todos os itens de maior importância para que fosse possível carregá-los diariamente: minha passagem, câmera fotográfica, uma troca de roupa, GPS, escova e creme dental, colírio, notebook, etc.


4º passo: preparo físico em dia

Dependendo do objetivo de cada um é aconselhável ter um preparo físico adequado. Se seu objetivo é fazer uma escalada, caminhada mais longa ou esportes radicais, prepare o corpo. Além dessas atividades, terá de carregar sua mochila pelo menos até os albergues, hotéis, etc. Em alguns países, até é possível encontrar ajudantes para carregar as mochilas, mas em outros não. “Como fiz uma cirurgia 2 meses antes de partir, tive apenas 1 mês para me preparar fisicamente. Acho que foi pouco, mas ajudou.” 5º passo: guarda-roupa adequado

“Decidi apostar na mochila, pois, apesar de a mala de rodinhas ser prática, para uma viagem mais longa ela se torna de difícil locomoção. Muitas vezes tem de subir e descer escadas ou andar em locais com calçadas ruins ou no meu caso, até em ruas de terra, onde as malas de rodinhas tornamse inviáveis”, esclarece Rosana, que, na hora de separar as roupas, verificou o clima de cada país a ser visitado para levar peças adequadas. Será que algo fez falta ou ela exagerou em alguns itens? “Confesso que me esqueci de levar uma sapatilha preta para usar em alguns lugares. Fui barrada no Cassino de Brisbane, por exemplo.” A traveller também conta que se arrependeu de levar camisetas de algodão e o tênis. “Mandei tudo de volta. As camisetas são quentes demais para o clima quente e úmido e demoram muito para secar. Uma bota de caminhada era o suficiente, não precisei do tênis.” É hora de viajar

Depois de definir o roteiro, planejar financeiramente, checar os vistos, atualizar a carteira de vacinação, escolher a mochila, selecionar as roupas e se preparar fisicamente, Rosana embarcou rumo a um período maravilhoso em sua vida. O ponto de partida foi a Ilha de Páscoa. “Sempre quis conhecer um pouco mais dessa ilha mística. Ela ‘fica’ no sentido antihorário que foi o plano traçado para minha viagem para ir sempre a caminho do Sol.” Confira o depoimento da viajante, que depois seguiu para Taiti e Cook Islands. Na próxima edição, Rosana dá detalhes de sua estadia na Nova Zelândia, Austrália e Fiji.

Veja mais na matéria assinada por Ítalo Lourenço na página 80.

Não deixe de conferir as dicas do consultor Luís Fernando Carbonari sobre a mochila mais adequada para se usar na volta ao mundo. Veja página 40.


Essa foi a casa de Rosana por 8 meses. Duas mochilas e muita disposição


1ª parada: Ilha de Páscoa

“Tudo começou às 9h50 de domingo, 13 de dezembro de 2009. Meu voo faria escala em Santiago do Chile, com previsão de pouso na Ilha de Páscoa às 21 horas. Quando cheguei a Santiago, fui avisada de um atraso de cinco horas. Normalmente isso me deixaria no mínimo incomodada, mas apenas recebi a informação e fui curtir o almoço oferecido pela companhia aérea. Foi quando vi um rapaz tirando foto de seu enorme prato de sobremesa e me ofereci para fotografar. Assim começou uma grande amizade. Felipe, um chileno Rapa Nui criado na Ilha de Páscoa, também aguardava o mesmo voo para iniciar suas férias em sua tão amada Ilha. Não acreditamos na coincidência e logo começamos a conversar. Fomos a uma lanchonete com wi-fi, ligamos nossos computadores e, no meio de conversas, checávamos e-mails e Facebook. Surgiu o momento em que precisava ir ao banheiro. Eis uma desvantagem de viajar sozinha, pois não sabia se ele era uma pessoa confiável ou não. Várias vezes pensei: “hum, será que guardo meu computador e levo a mochila ao banheiro ou deixo tudo aqui e levo só a carteira e o passaporte? Optei pela segunda alternativa e correu tudo bem. Logo em seguida, ele também foi ao banheiro e tenho certeza que pensou o mesmo.” (risos). Chegamos à Ilha de Páscoa por volta das 3 horas da madrugada e graças a Deus, o Lionel (dono da pousada) estava lá para me recepcionar. Felipe foi embora com seu tio, e combinamos de tentar fazer um passeio no dia seguinte. Passei sete dias nessa Ilha mágica. Foram dias especiais, principalmente porque tive a oportunidade de conhecer a ilha por meio de uma pessoa que cresceu lá. Fui à festa de formatura de sua prima e vi legítimas danças locais, além de descer na cratera do vulcão (proibido para turistas). Eu achava que a Ilha só tivesse alguns Moais. Na verdade, aprendi que ela é cercada pelas esculturas, que representam pessoas importantes da tribo. Após sua morte, seus corpos secavam sob a base e eram enterrados abaixo do boneco, pois acreditava-se que seu espírito continuaria protegendo a tribo. A Ilha tem um vulcão maravilhoso, Orongo, praias, a montanha onde os Moais eram confeccionados, as cavernas de ‘duas ventanas’ e muitos outros encantos.

Felipe Geldres vestido para o Tapati


Passei sete dias nessa ilha mรกgica. Foram dias especiais, principalmente porque tive a oportunidade de conhecer a ilha por meio de uma pessoa que cresceu lรก.



Na foto maior, Vulcão Orongo. De cima para baixo: cruz católica adaptada para a cultura da ilha com os peixes para proteger os pescadores. Cenário ao lado do vulcão onde ocorria a competição da lenda do “Homem Pássaro”. Primos do Felipe. Rano Raraku, local onde as estátuas eram esculpidas.


Se quiser saber um pouco mais sobre a Ilha, assista ao filme Rapa Nui, dirigido por Kevin Costner, ele dá uma boa ideia sobre a história e as crenças da Ilha de Páscoa.” Para você se situar

A Ilha de Páscoa é uma ilha da Polinésia Oriental, localizada no sul do Oceano Pacífico. Está situada a 3.700 km de distância da costa oeste do Chile e sua população em 2002 era de 3.791 habitantes, 3.304 dos quais viviam na capital Hanga Roa. Famosa por suas enormes estátuas de pedra, faz parte da Região de Valparaíso, pertencente ao Chile. Dicas de Rosana para...

... Hospedagem: fora do Tapati, evento de grande importância — uma mistura de carnaval e eventos esportivos que acontece em fevereiro — é fácil conseguir acomodações mais simples. Caso não faça nenhuma reserva, existem várias pessoas oferecendo um quarto em sua chegada. Mas o ideal é sempre marcar com antecedência. “Eu fiquei hospedada na Pousada Tita et Lionel — Tita é uma Rapa Nui muito simpática, que se casou com Lionel, um francês apaixonado pela ilha”, explica. A pousada fica a uns 10 minutos do centro a pé e é como se estivesse em um sítio. O quarto é simples, amplo e confortável. Contato: titaellionel@entelchile.ne – Tel.: 005 63 2255-1279. ... usar a internet: existem lan houses na rua principal, mas o acesso é limitado, bem lento e caro. ... comer bem: há restaurantes bons e em sua maioria, com um preço semelhante aos de São Paulo. Grande parte fica nas duas principais ruas. “Felipe me apresentou os ‘carritos’, que chamamos de quiosques”, esclarece Rosana. Eles ficam praticamente de frente para a praia do centro, ao lado do campo de futebol, e oferecem PF (pratos feitos) e cachorro quente. “O lugar é bem simples. Eu experimentei. A comida é simples, mas boa e barata.” ... aprimorar o paladar: “não deixe de experimentar o ceviche. Prato típico do Chile e da Polinésia francesa de peixe cru, com limão, leite de coco, cebola, tomate, sal e outros ingredientes. Delicioso!”


Na foto maior, o único Moai com os olhos pintados na ilha. De cima para baixo: trilha do vulcão Rano Raraku. Piscina natural utilizada em cerimoniais. Puohiro, uma espécie de apito que era utilizado para chamar as diversas tribos para uma reunião, era o e-mail dos tempos antigos. Centro da ilha, este local representa o umbigo.


2ª parada: Taiti

Depois de uma semana na maravilhosa Ilha de Páscoa, o mais novo desafio era ao Taiti, destino preferido dos pombinhos recém-casados. O Taiti é um destino caro, mas tem como torná-lo mais acessível, pois existem pousadas e albergues. Ele entrou no meu roteiro por ser conhecido como um paraíso de praias, um “protetor de tela de computador”. O Taiti fica na Polinésia Francesa e sua capital é Papeete. Existem muitos resorts internacionais em Papeete e cheguei aterrissando no Aeroporto Internacional Faa, de madrugada. O táxi é caríssimo e o transporte público não estava funcionando. O jeito foi ficar no hotel do aeroporto que fica no morro em frente. Um hotel bastante simples e caro pelo que é oferecido. Mas, se contasse o táxi e a estadia, sairia mais caro. Na manhã seguinte, tomei o ônibus rumo ao porto, a fim de pegar o Ferry para Moorea. Moorea quer dizer lagarto dourado e fica a 17 km a Noroeste de Taiti. Diz a lenda, que um lagarto gigante dourado partiu com a cauda as duas baías do norte. Conhecidas como Opunohu e Cook, onde acabei me hospedando, na Pension Motu Iti, uma pensão com bangalôs e um dormitório bem básico no forro da casa principal. Motu Iti fica à beira-mar e é muito tranquila, com um restaurante. Fiz dois tours, um pela lagoon e outro pelo interior da Ilha. O passeio pela lagoon foi incrível! Eles chamam de lagoon a área que fica dentro dos corais, onde se forma uma lagoa de água do mar. O passeio para em um local em que praticamente “da pé” no meio da lagoa, onde raias (stingrays) e tubarões galha preta (black tip sharks) estão acostumados a serem alimentados. Foi uma grande emoção literalmente beijar uma raia praticamente selvagem. Esse tipo de raia é da mesma espécie que matou Steven Irwin. Além disso, foi fantástico nadar entre diversos tubarões. Foi um dos passeios mais emocionantes que fiz. Paramos numa ilha e eu ajudei a cozinhar o ceviche, ou como é chamado lá, prato de peixe cru. O peixe foi pescado na hora, cortado em cubinhos, misturado com leite de coco, limão, cebola, tomate e pepino. Hummm, uma delícia! Outro passeio menos popular é o passeio de caminhonete


O Taiti entrou no meu roteiro por ser conhecido como um paraĂ­so de praias, um protetor de tela de computador.

Vista de um resort em Moorea.



Na foto maior, Resort & Spa Intercontinental. De cima para baixo: Albergue Pension Motu Iti. Abacaxi e Grapefruit plantados na ilha. Vista do Albergue Pension Motu Iti. Laurence, professora francesa que realizou o sonho de conhecer o Taiti.


pelo interior da Ilha. Tivemos a oportunidade de chegar ao mirador da Ilha, onde é possível ver as duas praias e a incrível cor turquesa do mar. Passamos por plantações de abacaxi, abacate, grapefruit e outros. Foi o melhor abacaxi que comi em toda minha vida. Alguns casais em lua de mel de vários países do mundo fizeram o passeio comigo. Dia lindo e quente! Conheci também um grupo de idosos americanos, que me convidaram para passar o Natal no hotel deles. Como não tinha uma lambreta, não pude ir e festejei o Natal vendo as estrelas do deck da pensão. A ceia? Uns biscoitinhos e frutas que comprei no mercadinho. Meu presente de Natal: mergulhar com um golfinho em um dos hotéis mais chiques de lá. Foi outra experiência fantástica. Eu e uma francesa, nadamos e mergulhamos com o golfinho, um sonho de criança. A francesa não parava de chorar, e eu a abracei e entre mímicas, nos tornamos amigas. Ela me contatou meses depois para me enviar fotos dessa experiência maravilhosa. Foi lá que conheci o cameraman francês Alan, que falava português. Namorou uma brasileira e morou no Brasil por dois anos. Eita mundo pequeno!” Sugestões de Rosana

- Para ir a Bora Bora, mais barato voar para Maupiti e de lá velejar até Bora. - Aprenda a andar de scooter, é a forma mais efetiva de se locomover por lá. - Visite as outras ilhas: Huahine, Raiatea, Taha, Maupiti, etc. - Experimente o raw fish (ceviche) - Use muito protetor solar. - As pérolas negras são lindas. Existem designers que fazem lindos colares. - Para dormir em Moorea, acesse o site www.pensionmotuiti. com. - Para dormir em Papeete, confira o endereço www. tahitiairportmotel.com. “Podem existir albergues por perto, mas este é só atravessar o estacionamento do aeroporto e subir o morro.”


Na foto maior, Dolphin Center no Resort & Spa Intercontinental. De cima para baixo: mergulhando com raias e tubarões “Black Tip” na Lagoon. Passeio na Blue Lagoon. Pension Motu Iti.


3ª parada: Cook Island

“O maravilhoso arquipélago fica no Pacífico Sul a 2.700 km a Nordeste da Nova Zelândia. Possui 15 ilhas e divide-se em dois grupos: ilhas do norte (seis atóis) e ilhas do sul (oito ilhas vulcânicas). A capital, Avarua, fica em Rarotonga, a maior ilha (67 km2). Desde 1901 fazem parte da Nova Zelândia, sendo sua população Maori. Eu nunca tinha ouvido falar dessas ilhas até meu agente de viagens, Daniel, sugeri-las em meu roteiro. Consultei a internet, vi as primeiras fotos, e o arquipélago tornou-se obrigatório em meu itinerário. Passei 15 dias bem relaxantes e maravilhosos, incluindo o Ano-Novo! Após 2h40 de voo vindo de Papeete, cheguei em Rarotonga no dia 26 de dezembro. Até o réveillon fiquei no Backpackers International Hostel, bem básico e barato, onde conheci dois grandes amigos: Martina, da Alemanha, e Piotr, polonês que mora na Nova Zelândia. A Ilha oferece diversas opções de atividades. Eu realizei quatro delas. A primeira foi dar a volta pela Ilha de Rarotonga de bicicleta. Quem me conhece tem a noção exata do que foi esse desafio para mim, pois — pasmem! — aprendi a andar de bicicleta há apenas três anos! Foram 32 km de pura emoção. Sai às 9 horas e voltei às 17. Aluguei o banco de gel, mas mesmo assim fiquei com o quadril doendo. Quando comecei a aventura, estava quase chovendo e... adivinhem? Cerca de 20 minutos depois abriu um sol de rachar. Quase morri de calor! Ia parando de 10 em 10 minutos em cada sombrinha que aparecia, e olha que não tinha muita sombra, não! Passei por uns lugares paradisíacos e — ah!!! — o bom é que não tinha subida, mas também não tinha descida. Portanto, tive que pedalar o tempo todo. Parei no supermercado para comprar protetor solar. Detalhe: estava sem óculos de sol. Quase no final do passeio, um bicho entrou no meu olho. (risos) Quase cai… Minha segunda escolha foi fazer um trekking de travessia da Ilha pelo meio do mato, literalmente! Tudo começou com uma carona na caçamba de uma caminhonete. Os ônibus não funcionavam naquele dia, pois era feriado. Foram quase cinco horas de caminhada ao lado de Kevin (canadense), Kai (alemão), Piotr e Martina.


Eu nunca tinha ouvido falar dessas ilhas atĂŠ meu agente de viagens, Daniel, sugeri-las em meu roteiro. Passei 15 dias bem relaxantes e maravilhosos, incluindo o Ano-Novo!

One Foot Island Aitutaki. Nesta ilha vocĂŞ carimba seu passaporte com o carimbo do pezinho.



Foto maior: Por do sol em Rarotonga De cima para baixo: Muri Beach, Chicken Satay, carona para “Cross the island Walk”, e dança típica da ilha.


Caso contrário, estaria perdida na selva até hoje. Se bem, que acabei encontrando uma japonesa, sozinha pela trilha e nem quis saber de se juntar a nós! Fomos até o Cume de Cook Island (The Needle). Aí percebi quanto estou ficando velha e o quanto precisava estar melhor fisicamente. Da próxima vez, espero ter mais tempo para malhar, mas no fim das contas, dei conta! Tinha uma cachoeira ao final da caminhada mas, como chegamos acabados nem vimos. Era só adentrar um pouco mais, apenas há uns 5 metros de onde chegamos, mas só descobrimos depois. Contemplar a vista e a diversão, com meus novos amigos valeu a caminhada! A terceira atividade, por sugestão da família do albergue, foi ir à igreja gospel no domingo. Foi uma das melhores experiências que tive. A missa foi fantástica! Quem já foi a um culto gospel sabe do que estou falando. Foi uma experiência incrível e recomendo a todos. Um senhor, que acabei encontrando no caminho de ida me deu uma moeda para colocar na coleta do dinheiro (fui sem um tostão) e me convidou para um lanche. Descobri que o lanche é para todos os turistas que participam da igreja. Ou seja, um lanche de boas-vindas incrível! Todos foram muitos simpáticos, e o culto bastante animado. Já a quarta opção envolveu visitar o Highland Paradise, centro cultural que fica nas terras altas de Cook Island. Pertenceu ao avô da atual dona, que foi expulso da Tribo. Mais um montão de histórias e tradições de um povo que decapitava os guerreiros inimigos e devorava sua carne. Era, além de uma mensagem de força para as outras tribos, uma maneira de homenagear o derrotado, pois apenas os mais valorosos guerreiros eram canibalizados. Um programa bem interessante! Algumas vezes por semana, durante a noite, acontece um jantar com apresentação das danças típicas, outro programa fantástico da ilha. Além dessas atividades, existe o mergulho, kite surf, noites de danças locais ou simplesmente, pode-se alugar uma scooter e ir parando de praia em praia. Outra dica é ir ao deck do Paradise Hotel e ver os peixes nadando atrás de pedaços de pão que são jogados pelos visitantes e pelos funcionários do hotel. Eles aglomeram-se em bloco e nadam rapidamente em direção à comida. Não deixe de ver, parece até um desenho animado! Passei o Ano-Novo em Muri Beach, em minha opinião, a praia mais bonita da Ilha. A praia fica lotada — veja bem,


Na foto maior, lanche do passeio de barco em Aitutaki. De cima para baixo: Highland Paradise. Igreja CICC, Hermit達o de Aitutaki.


lotada para os padrões da Ilha, mas muito tranquila para quem conhece as praias brasileiras, durante o réveillon. Existem bares com música (balada mesmo) e fogos, tudo com o pé na areia. Lá pelas 2 da manhã é hora de voltar para o albergue, pois a festa termina. Foi uma virada de ano com alto-astral e com pessoas do mundo todo! Na sequência, eu, Martina e Piotr decidimos mudar para o albergue Vara’s, de frente para a Muri Beach. - ‘Ah, agora sim!’ Vista para uma praia paradisíaca e um albergue muito animado. Por lá, relaxei até conseguir uma passagem para Aitutaki, um atol com uma lagoa gigantesca. Lá existem diversos lugares para velejar e mergulhar em um cenário típico de Survivors (série americana). Se você quer tranquilidade e contato com a natureza, Aitutaki é um prato cheio. Na ‘One foot Island’, você pode carimbar seu passaporte com o famoso carimbo em formato de pezinho. Poucas pessoas no mundo têm esse carimbo. Na ilha, fiquei na pousada Matriki, cujo dono é Mathias, um alemão, criado na África que morou na Austrália, Nova Zelândia e agora, casado com Riki, uma nativa. Um detalhe interessante é o fato de que nenhum estrangeiro pode comprar terras ou casas no local. Ou seja, se Mathias se separar de Riki, fica sem casa e não tem a possibilidade de comprar uma para ele. É um casal fantástico, que faz passeios de mergulho e de vela com grupos bem pequenos, coisa rara na ilha. ‘One Foot’ É um lugar tranquilo e paradisíaco e dizem que se compara à famosa Bora-Bora, no Tahiti, porém, mais barato. Esses foram dias fantásticos, onde fiz grandes amizades que, tenho certeza, durarão para sempre. Onde ficar?

Existem acomodações para todos os gostos. “Consulte o Guia Lonely Planet. Em minha opinião, o melhor em relação à informação. Todo mochileiro tem um. Perde um pouco na quantidade de fotos, mas, se as tivesse, seria grande e pesado demais”,

rarotongabackpackers.com. - o Vara’s, em Muri Beach. “É confortável e tem um deck.” Acesse www.varas.co.ck - o básico Backpackers International Hostel: confira detalhes no site www. backpackersinternational.com.

Rarotonga: - o Rarotonga Backpackers. “É mais caro, mas os bangalôs de frente para a praia são bem confortáveis.” Veja o www.

Aitutaki: - Matriki: “Ainda não está nos guias. Mas atenção: não oferece alimentação.” Conheça melhor acessando www.matriki.com.


Se você quer tranquilidade e contato com a natureza, Aitutaki é um prato cheio. Existem vários locais de mergulho e para velejar.


perfil do viajante Kat Chiam

18 meses mochilando Junto com a amiga Clare, Kat Chiam realizou o sonho de conhecer alguns países da Ásia e da América do Sul, com toda a diversidade cultural que tanto encanta

D

ar a volta ao mundo em 18 meses? Sim, foi o que fez Kat Chiam, uma assistente social australiana com sede de conhecer sempre mais. Sua aventura, começa lá atrás. Caçula de quatro irmãos — duas meninas e um menino —, Kat, hoje com 32 anos, nasceu em uma família que conjuga o verbo viajar antes mesmo de ela nascer. A mãe, Chris, é escocesa e viajou pelo Velho Mundo pilotando uma lambreta antes de voltar para o Reino Unido e se apaixonar pelo seu futuro marido, Kee. Ele, natural da Malásia, fez cursos de extensão em Melbourne, Austrália, que acabou sendo o lugar escolhido pelo jovem casal para começar uma nova vida. “Desde pequena, eu lia uma porção de livros que citavam lugares incríveis, e sentia também, vontade de viajar para encontrar meus parentes escoceses”, conta a traveller. Ela, que visitava a Malásia a cada quatro anos para o AnoNovo Chinês destaca: “acho que morar em Melbourne, uma cidade bastante

multicultural, me expôs a diferentes culturas e eu sempre quis conhecer mais e mais”. E foi o que ela fez. Já adulta, fez planos, escolheu o roteiro, colocou a mochila nas costas e ao lado da amiga, Clare, realizou seu sonho. É a própria Kat quem conta o que aconteceu e dá dicas preciosas para quem quer colocar o pé na estrada. Sonho sul-americano “Eu viajei bastante pelo Sudeste da Ásia, mas queria realmente ter a experiência de visitar a América do Sul. Eu e Clare não tínhamos uma rota específica, além de voar da Austrália para Bali e depois, para alguma cidade da Ásia. Na sequência, iríamos para algum lugar não determinado da América do Sul.” Antes da viagem “Fiquei pensando sobre a viagem por um longo tempo, mas comecei a economizar seriamente mais ou menos 18 meses antes da data de partida. Cerca de seis meses antes do início, o plano


Clare & Kat em Kuang Si Waterfalls, Luang Prabang, Laos.


começou a criar forma. Eu e Clare fizemos as reservas, reservamos as passagens seis semanas antes do início fomos às consultas médicas para vacinação necessária e pesquisamos a respeito de vistos e sites.” Começo de tudo “A viagem teve início em Bali, mais perto da Austrália. Eu nunca tinha ido lá antes e realmente queria conhecer Jacarta e Sumatra.” Inesquecível “É difícil descrever um ponto alto da viagem. A Grande Muralha da China foi um deles, mergulhar em Sipadan (Malásia) foi fantástico. Tem o festival local da Bolívia, as pessoas em Laos, que nos convidaram para casamentos, aniversários e festividades locais.” Amigas para sempre? “Viajar com um amigo pode destruir ou firmar de vez uma amizade. Eu acho que você tem de ser flexível, saber perdoar e permitir as diferenças. Acredite, independentemente do tempo de amizade, viajar junto é totalmente diferente. Você tem de estar preparado para os defeitos e as dificuldades de cada um, mesmo quando você não sabe quais são. É preciso também estar preparado para as diferenças no estilo de viajar. Algumas pessoas amam ler seu guia de viagem e outros ficam felizes que outros leiam por eles. Uns ficam felizes em ser guiados por guias locais e outros gostam de não ter nada planejado.”

Nesta foto, Angkor Wat, Cambodia. Abaixo, Peixe Palhaço em Singamata, Borneo, Malásia. Na outra página, Crianças brincam também em Singamata. Na outra foto, Danau Toba, Indonésia.


Acho que morar em Melbourne, uma cidade bastante multicultural, me exp么s a diferentes culturas e eu sempre quis conhecer mais e mais.


Uso tudo o que levo?

“Em certo estágio, eu me arrependi de levar quase tudo que estava na mochila. Mas meus dois itens favoritos foram o cachecol e a canga. Vale à pena ter uma canga de boa qualidade. A minha era de algodão pesado — suficientemente light para vestir na praia, pesada para ser usada como um cobertor, e absorvente para fazer, às vezes de uma toalha, além de também secar rápido. Era imprescindível em ônibus noturnos, lugares onde não ofereciam toalhas, etc. O mesmo aconteceu com o cachecol. Eu usava para prender meu cabelo quando estava ventando ou quando molhado — eu não queria que os fios ficassem pingando em minhas costas. Em dias frios, eu também o usava quando não queria que meu nariz ficasse congelando. Ao final da viagem, as coisas que não usei foram a rede de proteção para mosquitos e a toalha.” Posso ou não posso?

“Acho que viajar sozinha ou ser mulher faz com que você tenha mais cuidado. Quando estava com minha amiga, não me senti ameaçada. Mas algumas vezes, nós nos sentimos perseguidas ou pouco confortáveis, quando, por exemplo, éramos rodeadas nas estações de trem ou ônibus por pessoas oferecendo táxis, hotéis, passagens, etc. Outras ocasiões, fiquei incomodada em algumas situações específicas, como por exemplo, quando não tinha certeza se podia entrar num local religioso, se estava propriamente vestida, se deveria dar uma oferenda mesmo não acreditando nos deuses deles, se deveria participar

Acima, Chris e Kee, pais de Kat em Machu Picchu, Peru. Nesta foto, final de tarde em Taganga, Colômbia. Ao lado, os caminhos de barco de Kong Lo Cave, Laos.


Acho que viajar sozinha ou ser mulher faz com que você tenha mais cuidado. Quando estava com minha amiga, não me senti ameaçada, mas algumas vezes nós nos sentimos perseguidas ou pouco confortáveis.


de uma cerimônia quando não entendia completamente o propósito, etc.” Para viajar, é preciso...

“... fazer um esforço para aprender um pouco a língua de cada país que for visitar; ser flexível; não esperar que as coisas saiam exatamente como planejado, pois ônibus nunca partem na hora marcada e nunca chegam na hora marcada; ser paciente — sempre haverá momentos em que você terá de se entreter com algo por muitas horas em uma estação de ônibus, um barco ou uma fila que nunca anda: leve cartas ou um livro.” Gastos planejados

“Programei gastar cerca de 1.000 dólares por mês, por país. Esse valor inclui transporte e a maioria das atividades — passeios caros, como Galápagos e a Trilha Inca, foram planejados separadamente. A passagem não estava incluída. Em alguns países, como na Indonésia e no Laos, gastamos abaixo do planejado. Em outros, gastamos mais e ficamos dois ou três meses.” O que mudou após a viagem?

“Nessa viagem, vi minha vida em perspectiva. Sou grata pelo que tenho e reconheço que tenho muito mais que muitas pessoas no mundo. Nós não precisamos de dinheiro ou bens para ser felizes. Eu acho que eu levo comigo a importância de encontrar um trabalho que eu ame e goste e ter certeza que terei tempo e ‘farei ter tempo’ para fazer as coisas de que gosto, assim como não deixar que o estresse comande minha vida.”

Nesta foto, Trilha Inca, Machu Picchu, Peru. Abaixo, os pais de Kat, com o grupo na trilha Inca.


Programei gastar cerca de 1.000 dólares por mês, por pessoa, por país. Esse valor inclui transporte e a maioria das atividades — passeios caros, como Galápagos e a Trilha Inca, foram planejados separadamente.

Países visitados por Kat nessa viagem: Indonésia, Singapura, Malásia (principalmente Borneo), Tailândia, Laos, China, Argentina, Bolívia, Peru, Colômbia e Brasil (em apenas 5 dias).

África (especificamente África do Sul e Zimbabue), Madagascar e América do Sul (especificamente Brasil, Patagônia, na Argentina, e Bolívia).

Países que ainda quer visitar: Rússia, Mongólia, Croácia, Ilha de Páscoa, outras ilhas da Indonésia, Canadá,

P.S.: Nesse exato momento, Kat está na Inglaterra, buscando um trabalho como assistente social.


preparação física por

Ítalo Lourenço

Corpo são, viagem sã Antes de colocar o pé na estrada, é preciso seguir um programa de preparo físico para que um músculo dolorido ou a falta de fôlego não atrapalhe a sua jornada

Q

uando as pessoas decidem realizar uma viagem mais radical, acabam se preocupando mais em traçar roteiros e consultar guias turísticos. O que elas não sabem é que, para fazer uma viagem desse tipo não basta ter o melhor guia — ele está lá para guiar e não para lhe carregar nas costas pelas trilhas, rios, montanhas e tudo mais que deseja conhecer. Por isso, você tem de se preparar, não só psicologicamente ou financeiramente, como também fisicamente! Ter um bom preparo físico para realizar uma viagem radical é muito importante, e vai ajudá-lo em diversos aspectos, como: conseguir caminhar por longo período sem ter de parar no meio do caminho por causa do cansaço ou até mesmo lesões por fadiga muscular. Ter uma musculatura dorsal fortalecida ajuda a carregar mochilas pesadas, evitando o risco de dores nas costas ou lesões e, por fim, membros inferiores e superiores fortes e resistentes não servem só para ficarem durinhos e mostrar na praia, mas para conseguir realizar toda aquela trilha

que você planejou, enfrentando subidas e descidas sobre pedras e barrancos, sem correr o risco de machucar articulações e tendões devido às irregularidades dos lugares por onde pisar. Portanto, para realizar uma viagem longa, que requeira muito esforço físico, prepare seu corpo fortalecendo todos os grupamentos musculares através da musculação, antecipando em, pelo menos, de 4 a 6 meses da viagem para preparar seu corpo. Faça também exercícios aeróbios para melhorar toda a sua capacidade cardiovascular e pulmonar. Consulte um educador físico e não esqueça que, para fazer tudo isso, você precisa adquirir estratégias de alimentação com o auxílio de um nutricionista. Faça uma ótima viagem!

Ítalo Lourenço é preparador Físico e Personal Trainer – Graduado em Educação Física e Especialista em Biomecânica da Atividade Física e Saúde



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saúde por

Dra. Glaucimar Basaglia

Viaje com a saúde em dia Enquanto pensa no roteiro e escolhe a mochila, vá ao médico, faça um check-up e atualize a carteira de vacinação. Não sabe como? Aprenda na matéria a seguir

P

egar a estrada pode ser um dos maiores prazeres para quem tem o bichinho da viagem no DNA, mas inúmeros cuidados devem ser tomados principalmente em relação à saúde para que a empreitada não se transforme em um verdadeiro pesadelo. O maior aliado do viajante é a informação e a prevenção. O primeiro passo é conhecer as normas internacionais de saúde pois alguns países exigem certificados, como o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP). Este é um documento

que comprova a vacinação contra a febre amarela e/ou outras doenças e a possibilidade de exigência do CIVP é prevista no Regulamento Sanitário Internacional (RSI). A lista com os países que exigem o certificado está disponível na internet no endereço da Organização Mundial de Saúde e vale à pena consultar. O segundo passo é visitar núcleos especializados em Medicina do Viajante (vide box), durante a fase de planejamento da viagem. Esta é uma maneira eficaz de diminuir os riscos de aquisição e transmissão de doenças durante sua volta ao mundo.

Clique aqui - Consulte o guia de bolso Viaje Legal, lançado pelo Ministério do Turismo pelo www.viajelegal.turismo.gov.br - A Anvisa disponibiliza em seu site www.anvisa.gov.br as principais orientações ao viajante. Se preferir, ligue 0800 642-9782. - Vale ler também o guia de bolso de saúde do viajante, que está no link www.anvisa.gov.br/paf/guia_viajante.pdf.


O maior aliado do viajante é a informação e a prevenção. O primeiro passo é conhecer as normas internacionais de saúde.

C

onfira, a seguir, 11 dicas valiosas de saúde: 1. Se você tiver algum problema de saúde, consulte seu médico e discuta as atividades a serem praticadas durante a viagem, para saber da possibilidade de realizá-la; 2. Evite viajar na vigência de qualquer doença infecciosa aguda; 3. Se sua viagem é internacional, informe-se se o país para onde irá exige o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP) e confirme se será necessário tomar vacina contra alguma doença em particular; 4. Atualize sua carteira de vacinação com antecedência de 30 a 40 dias; 5. Verifique se a região que for visitar é endêmica para alguma doença contagiosa e informe-se sobre as medidas de prevenção;

6. Providencie os medicamentos

de uso rotineiro ou crônico e leve-os em sua bagagem, sempre acompanhados de receita médica traduzida para o inglês; 7. A diarreia é o problema médico mais frequente entre os viajantes e é geralmente provocada pela ingestão de alimentos ou bebidas contaminados. Certos cuidados em relação à água e alimento ainda são a principal forma de evitar esse desconforto. Confira: _ lave as mãos antes e depois das refeições sempre com água e sabão; _ não consuma água e principalmente gelo e sorvetes de origem duvidosa; _ mesmo as águas engarrafadas comercialmente podem ter origem em fontes contaminadas. Utilize, então, métodos físicos (como a fervura) ou químicos (como


doenças como esquistossomose e Atualize sua carteira de com animais aquáticos; vacinação com antecedência 9.acidentes use sempre preservativos, de 30 a 40 dia, verifique se prevenindo as doenças sexualmente transmissíveis, incluído AIDS e a região que for visitar hepatites; não compartilhe seringas; é endêmica para alguma 10. em regiões de clima quente, lembre-se de usar protetores solares, doença contagiosa e chapéus e roupas leves; informe-se sobre as medidas 11. algumas doenças como malária, febre amarela, dengue, doença de prevenção. a adição de cloro em diluição adequada) para higienizar a água; _ chás e cafés preparados com água em ebulição e na hora costumam ser seguros. _ só consuma frutas devidamente higienizadas (por você). Em casos de dúvida, remova as cascas; _ não consuma alimentos crus como carnes, peixes, verduras, etc; 8. não ande descalço nem nade em lagoas e igarapés (pequenos córregos) de água parada, evitando

de chagas, dentre outras, são transmitidas pela picada de insetos infectados. Alguns cuidados contra a picada de insetos poderão reduzir os riscos de aquisição: - utilize roupas que cubram a maior parte da superfície do corpo. O uso de roupas claras reduz a chance de aproximação de alguns mosquitos; - evite sair no horário de crepúsculo. - nas áreas expostas do corpo, use sempre repelentes. Evite ingestão, contato com os olhos e retire o repelente com o banho após sair de área de risco. Não use repelentes em pele lesada.

Centros médicos de atendimento ao viajante • Núcleo de Medicina do Viajante – IIER do Hospital Emílio Ribas em São Paulo. Acesse www.emilioribas.sp.gov.br/ viajante.php. Para marcação de consultar, basta ligar para 11 3896-1366 • Ambulatório dos Viajantes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP em São Paulo. (11) 3069-6392. Local: Prédio dos Ambulatórios: Av. Dr Enéas de

Carvalho Aguiar, Cerqueira César - São Paulo – SP. Aberto das 8 às 16 horas. Emergência 24 horas. • Centro de Informação em Saúde para Viajantes - Cives agenda@cives.ufrj. br – Rio de Janeiro. Cidade Universitária da UFRJ (Ilha do Fundão), 5º. andar do prédio do Hospital Universitário - Ala Sul, sala 2.


cultura dicas de

Rosana Sun

Estes valores são para simples referência. Os valores estão sujeitos à mudanças conforme cada fornecedor.

Para ler e sonhar Sua viagem começa pelos livros 1001 maravilhas naturais para ver antes de morrer Ricamente ilustradas, as 1001 resenhas deste livro abrangem todos os continentes e oceanos do planeta, trazendo fatos sobre a história geológica, plantas e animais endêmicos, costumes e folclore locais. FNAC, R$ 50,90

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The Earth

1001 comidas para ver antes de morrer Deliciosos, extravagantes, populares e irresistíveis sabores encontrados na culinária de todo o mundo. FNAC: 50,90

Versão em portugues (A Terra). Este livro apresenta os mais maravilhosos padrões e formas que a Terra apresenta vistos de cima. Aqui, você encontra imagens de todos os continentes que só fazem aumentar nosso encantamento pelo planeta Terra. Livraria Saraiva, 24,90


EDIÇÃO #1 ABRIL 2011 EXPEDIENTE Diretores Executivos: Rosana Sun e Johnny Wang editores: Ana Neiva e Rodrigo Ferreira de Oliveira Diretor de Arte: Dalton Flemming Colunistas: Heloísa Schürmann, Carlos Meinert, Cristiano Garcia, Sônia Decoster, Amelia Dimle, Sun Chen Leng, Rina Gioia, Luís Fernando Carbonari, Rosana Sun, Kat Chiam, Ítalo Lourenço, Dra Glaucimar Basaglia Fotógrafos: Heloísa Schürmann, Carlos Meinert, Cristiano Garcia, Sônia Decoster, Amelia Dimle, Sun Chen Leng, Rina Gioia, Luís Fernando Carbonari, Rosana Sun, Kat Chiam, Ítalo Lourenço, Dra Glaucimar Basaglia Participe da Revista Volta ao Mundo com seus comentários, críticas, sugestões e elogios. Escreva e nos envie um email: contato@revistavoltaaomundo.com Para você leitor que gosta de viajar, escrever e dividir experiências, seja nosso correspondente. Se você é brasileiro(a) que mora fora do Brasil e gostaria de dividir suas experiências com os outros leitores viajantes, entre em contato conosco através do email: correspondente@revistavoltaaomundo.com E se você for nativo de algum país fora do Brasil e quiser ser nosso correspondente também poderá entrar em contato conosco através do email: correspondente@revistavoltaaomundo.com. Obrigado e boa leitura!

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