2ª Edição - Revista Volta ao Mundo

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Amyr Klink “Um oceano de um homem Só”

Express 48h na terra de Todos os Santos

Photo Profile Don Briggs

Transiberiana Conheça a Sibéria de trem

Novas matérias a cada semana!


Índice Um oceano de um homem só.............04 Músicas...........................................44 Don Briggs.......................................46 Xangai..............................................56 Afternoon Tea...................................64 Mi Buenos Aires Querida..................68 Austrália..........................................72 Livros.............................................112 Volta ao Mundo...............................116 Express Bahia..................................124 Como arrumar a sua Mochila..........142 Transiberiana..................................148 Corpo são, viagem sã.....................166


Viajar, por quê?

D esde

tempos imemoriais, quando em lugar de Armani, Nike e afins a última moda era vestir-se com a pele de animais e o fogo um luxo moderno, temos a necessidade de nos movimentarmos de um lugar para o outro. O nomadismo foi a primeira forma utilizada pelo ser humano para reunir-se em agrupamento, comunidade. De alguma forma, esse “gosto” parece ter resistido ao passar dos séculos e milênios. Não se defenderá aqui que as viagens de nossos ancestrais fossem motivadas pelo turismo ou pelo desejo de relaxar ao sol ou sob a sombra das palmeiras numa praia qualquer, longe disso. Sabemos que era um caso literal de vida ou morte, uma vez que as técnicas de agricultura não eram dominadas, etc. Mas o que parece, haja vista a quantidade de pessoas que viajam para todos os cantos do planeta, é que essa necessidade ancestral, transmutou-se em uma outra necessidade – que pode-se entender também como vital – do mundo moderno: A de alimentar a alma. Viajar (e não se trata aqui dos pacotes turísticos comuns, com city tour, etc.) é a melhor forma de desbravar o mundo e (sim!) de entrar em contato consigo mesmo. Muitas situações o levarão ao limite e por piores que elas aparentem ser, mais tarde em sua vida agradecerás por cada uma delas, pois são estes momentos que acabarão definindo muito sobre você e muitas vezes forjarão quem você passará a ser. Mochilando, andarilhando, velejando, de avião, carro, moto ou bicicleta. A verdade é uma só: Caia na estrada e perigas ver. Have a Nice trip.

O Editor


Um oceano de um homem só. Por Rodrigo Oliveira Fotos: AKPE/Divulgação.


“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”

A

frase acima definiria bem o homem se ele fosse definível. Se há uma coisa que se pode perceber ao falar com o Amyr Klink, é a simplicidade. Sabe aquele raro tipo de pessoa que tem tanta percepção do que sabe e do que é capaz, que não precisa da afirmação de ninguém? Este é um exemplar dessa rara estirpe de gente.


Longe de ser aquele estereótipo de aventureiro, Amyr é uma pessoa extremamente centrada e sensata. Ao mesmo tempo em que fala com sinceridade inequívoca, parece medir as palavras cuidadosamente. Todavia, não pense você que é um artifício para lapidar as respostas, pois é apenas aparência. Com a certeza de quem não deve nada a ninguém, Amyr fala o que pensa. E o que sente. A admiração que ele exerce (e exerceu) em gerações de pessoas advém de, como ele mesmo gosta de se referir, não apenas de uma boa dose de coragem, mas de uma enorme porção de iniciativa. Palavra esta que o acompanha durante toda a vida, desde a infância, descobrindo o mar e as embarcações nas águas de Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro, quando começava a dar seus “primeiros” passos no que se tornaria a grande paixão, quase que obsessiva, da sua vida. Ele acredita que pode fazer o que quiser – e acredita que qualquer um pode também – desde que se esforce para realizar. Nestas linhas que se seguem você descobrirá um homem dedicado a ser o melhor no que faz e que considera a coisa mais importante da sua vida, fazer o que gosta e ser feliz.



Quem é o Amyr Klink? Rapaz, eu não faço a menor ideia (risos). Sou habitante do planeta Terra, tenho quase 60 primaveras. Não sei dizer muita coisa. Quem tem que dizer é quem tá olhando, quem tá em volta. Quem se define se limita... (risos) É a tua obra que define quem você é. Eu não estou muito preocupado em me definir, não. E no que você acredita? Eu acredito em um monte de coisas desde que a gente se dedique a elas e faça. Então, não acredito muito em religião. Não acredito que Deus fará nossas vontades e essas coisas todas. Esse tipo de credo eu não tenho. No mar, aliás, eu nem permito a bordo esse negócio de “Deus me ajude”. “Ele” não ajuda coisa nenhuma, “e se ajudar eu proíbo” (risos). Você tem que resolver com tua competência, teu talento, com o que você faz. Coragem? Não só coragem, mas iniciativa, certa vontade de fazer as coisas acontecerem. Infelizmente a gente vive numa cultura engraçada onde muita gente acha que merece, fica esperando as coisas acontecerem... Então, na minha atividade, tem um lado bacana que é quando a gente tá viajando, mas tem outro lado difícil que quando tem que fazer acontecer. Ter de construir estaleiro, barco, fazer a parte financeira, burocrática, humana, ter que preparar pessoas e tomar decisões difíceis. Então, tem um monte de ações complicadas para serem feitas antes de poder fazer uma viagem ou pôr em prática uma idéia nova. Eu não fico esperando que alguém vá me ajudar, pois não acredito que isso virá sozinho.



“O que me motiva é uma brutal curiosidade de conhecer lugares diferentes, de aprender um pouco mais e conhecer pessoas”

O que faz um homem deixar sua vida em terra, sua mulher e filhas e adentrar no “mar sem fim”? É uma resposta difícil. Eu poderia dizer que é o desafio de fazer alguma coisa diferente, no entanto, eu sei que no meu caso, não é assim tão diferente. Eu sei que os lugares que eu visito a cada ano, quando retorno pra Antártica, não sou novidade, estão apenas distantes e dá um baita trabalho para chegar lá. Então, eu gosto do desafio não apenas de chegar lá, mas de solucionar todos os problemas relativos


a esse objetivo. O barco, o tempo que você tem que construir para poder viajar, as soluções, a autonomia... Então, para mim é uma tarefa bastante rica, complexa, onde você é obrigado a entender de assuntos diferentes. O que me motiva é uma brutal curiosidade de conhecer lugares diferentes, de aprender um pouco mais e conhecer pessoas.

Como assim?

São pessoas muito especiais as que desejam conhecer lugares como a Antártica. Não tem nenhum parâmetro comum a todas elas. Alguns são vagabundos do mar, bilionários, alguns são caras meio perdidos na vida, mas apaixonados pela natureza, alguns são achados na vida, mas amantes da natureza também. Gente de todo tipo, credos e posturas políticas. O meio ambiente lá é tão extremo que acaba aproximando essas pessoas. E eu gosto dessa convivência. O Paratii II já fez mais de uma dúzia de viagens pra lá, e é um barco muito carismático e talvez seja um dos únicos que vai regularmente pra Antártica, há mais de 10 anos e não vai lá pra ganhar dinheiro. Eu vou pra lá pra ganhar patrocínio, vender bilhete de passageiro ou para fazer turismo. Vou lá porque gosto profundamente.


Isso gera também uma convivência muito bacana com as pessoas que tão lá trabalhando. Vários outros projetos de outros barcos e outras bases. A despeito de nacionalidade, cultura ou idioma, nos sentimos mais ou menos iguais nesse ambiente. Meio que uma riqueza natural e a riqueza humana... Exatamente, é um lugar rico pelos dois aspectos. Mesmo um lugar como a baía Dorian, que eu conheço há mais de 20 anos, dependendo da meteorologia é um lugar completamente novo e sempre tem novas surpresas. Ontem achei uma foto no Google Earth e lá estava meu barco, plantado em pleno inverno e aí eu descobri que o mar não estava congelado no inverno. Para você ver como as coisas mudam por lá. Mais que abandonar a família, o que te fez deixar a economia, administração, carreira em banco e afins pela liberdade do oceano? Tem uma fase da vida onde você precisa se consolidar. Precisa ter sua independência econômica e (a minha demorou pra acontecer) e depois chega uma fase em que você tem que escolher o que você gosta de fazer. Quando


“Ch ““Chegou um ponto onde d eu resolvi, digamos, sacrificar uma perspectiva profissional, de ganhos, por uma coisa que eu gosto de fazer. É difícil você fazer o que você gosta e ainda sobreviver disso.” .”

eu me formei acabei indo trabalhar em banco, essas coisas todas e depois me envolvi com projetos burocráticos, contábeis e financeiros. Eu detestei e decidi que não faria carreira em algo que eu não gostava. Foi esse o dia do meu grande salto. Chegou um ponto onde eu resolvi, digamos, sacrificar uma perspectiva profissional, de ganhos, por uma coisa que eu gosto de fazer. É difícil você fazer o que você gosta e ainda sobreviver disso. Eu tenho esse privilégio hoje, mas foi (e é) uma operação trabalhosa. Eu sou obrigado a fabricar os barcos, a me


envolver e por em prática tudo o que eu aprendi no banco. Eu achei que não serviria pra nada, mas acabou me ajudando. Estudei economia, porém, não gostei do curso. Apesar de ser o melhor curso de São Paulo, em minha opinião era um curso vagabundo. Pois durante 4 anos de estudo aprendendo como se administra uma empresa ninguém ensinou como abrir uma empresa. E o cara que não sabe abrir uma empresa hoje, tá pelado no inverno. Eu fui aprender na prática quando eu decidi montar o estaleiro. Quando você tem a família constituída você tem menos medo. Em uma de suas entrevistas anteriores, você nega o rótulo de aventureiro. Por quê? Porque quando eu estou indo para a Antártica ou voltando de lá, ou da África ou em qualquer expedição eu não quero


“No mar não tem espaço para aventura. Se atirar sem rumo, sem saber quando vai voltar é irresponsabilidade.”

correr riscos, quero saber que tal dia eu estarei aportando em tal lugar e ponto. No mar não tem espaço para aventura. Se atirar sem rumo, sem saber quando vai voltar é irresponsabilidade. Eu gosto da experiência de fazer um troço difícil, emocionante, longo e do desafio de fazer isso dando risada, mas não gosto de ficar sofrendo em alto mar, perdendo unhas e dedos. Infelizmente tem muita gente que confunde um pouco as coisas e fala do espírito aventureiro quase como uma qualidade irresponsável que eu não tenho. É difícil fazer o que eu faço eu tenho muito prazer em fazer, mas eu sei que basta uma escorregadela para acabar tudo e nessa hora que você está com o controle, não se pensa em aventura festiva. Eu gosto muito de estar no mar, mas ele exige muito respeito, muito preparo e uma capacidade de sacrifício pra você ter um certo conforto, se você ficar acomodado, torcendo para a sorte virar essas coisas, você tá frito.



Você sempre reitera em suas entrevistas que “dentro de um barco, no mar, têm-se pouco tempo ocioso, pouco tempo para “filosofar”. Mas, em trechos de 100 dias entre o céu e o mar, principalmente quando descreve o fato de nomear peixes, e até reconhecer o mesmo animal ao lado do barco e as sensações... Enfim, realmente parece que houve um tempo para a contemplação. Essa viagem foi diferente? Você não pode fazer uma viagem para ficar contemplando, mas é claro, existem momentos em que se pode dar uma paradinha de alguns minutos e pensar na vida, todavia o objetivo não era esse, era chegar ao outro lado. Essa experiência de conviver com a fauna é muito mais forte hoje, quando vou para a Antártica, porque você tem uma natureza extremamente exuberante, um número grande de animais com os quais você convive quando está em determinado lugar e é mais fácil até para identificar aqueles que, com o tempo, vão se tornando mais próximos, familiares. Mas de fato a primeira viagem foi uma experiência marcante porque nunca imaginei ter uma convivência tão próxima assim com peixes, tubarões ou tartarugas então acho que foi uma experiência bastante forte para um iniciante. “A maior obsessão é pelo sono” – Poderia explicar um pouco sobre essa afirmação? Esse é o problema do barco a vela. Num barco a remo ou nas viagens normais que a gente faz você tem uma dieta mais ou menos normal de sono. Mas, quando você está sozinho num veleiro voltando da Antártica ou com apenas um tripulante, o problema é mais grave porque você nunca pode dormir mais que uma hora e meia e tem que aprender


“Eu sempre enfatizo que eu tenho um prazer muito grande de voltar melhor do que eu saí. Você perde peso, limpa o barco, organiza a sua vida a bordo...”


a domesticar o sono, que é uma tarefa chata e estressante. Você fica de mau humor no começo, mas são os pequenos sacrifícios que um barco te cobra.

A circum-navegação Antártica, descrita em Mar Sem Fim, é considerada uma expedição extremamente arriscada, mesmo com os mais modernos equipamentos. De onde surgiu a Ideia? É engraçado porque a maior façanha que já fiz foi essa primeira circum-navegação. A segunda foi até mais difícil, só que eu já tinha mais conhecimento. Mas, de fato, essa foi uma viagem extremamente exigente. A façanha foi voltar pro Brasil depois de 5 meses com o barco em perfeito estado, intacto. Eu sempre enfatizo que eu tenho um prazer muito grande de voltar melhor do que eu saí. Você perde peso, limpa o barco, organiza a sua vida a bordo... A idéia da viagem nasceu de uma brincadeira. Eu disse que eu gostaria de fazer uma volta ao mundo mais rápida do que o normal por conta do nascimento das gêmeas (Tamara e Laura), e de certo modo, foi a Marina, minha mulher quem deu a idéia. Ela disse: “puxa vida Amyr, então é só dar uma volta naquela bola branca lá embaixo!”. Respondi: ”Ta louca mulher, tá querendo me matar, é?” (risos) – “É a volta mais terrível que tem para um barco, tanto é que nenhum barco fez até hoje.”. Todos os barcos que haviam circum-navegado a Antártica fizeram durante os meses de verão porque você tem que ter 24 horas de luz pra navegar no meio do gelo com ondas grandes. E eu comecei a fazer contas e vi que dava pra fazer em um verão só, mas teria que andar muito rápido. Eu conclui que ia dar e no final, aconteceu.


Um trecho do livro retrata uma tempestade monstruosa, que parece interminável. O relato descrito já é suficiente inferir, no mínimo um sentimento de desconforto no leitor. Como foi estar lá, “in loco”? Qual a sensação de estar tão à mercê do oceano? Eu não gosto de fazer relatos de tempestades... A pior da minha vida aconteceu agora, voltando e eu nem faço disso um drama porque acho que fica piegas, mas no livro escapou mesmo uma descrição de mau-tempo que foi bastante difícil. Isso faz parte do dia a dia e o fato é que estar in loco é um privilégio. Quem é que pode estar 15.000 km de casa, num lugar distante, dependendo apenas de si mesmo, dos nós que você faz com os próprios dedos? A experiência de viver isso, é gratificante. Se eu tivesse certeza de que eu sairia vivo, como quando se desce numa montanha russa, eu diria até que é uma experiência extremamente divertida. O problema é que você não sabe se você vai aguentar, se vai errar em algum momento, mas a graça é essa. Se eu tivesse certeza de que tudo daria certo eu ficaria em casa não iria fazer essas coisas (risos).


Como você convive e o que acha do medo? O Medo é uma preocupação que paira sempre ou já está acostumado a isso?

O medo existe sempre. Na verdade eu não gosto de viajar com quem não tem medo. Aliás os caras mais corajosos que eu conheço têm medo, mas levam o medo como um dos problemas com os quais você tem que lidar. Ele ensina bastante e nos reeduca um pouco... Eu acho que o medo me obrigou a fazer barcos bem feitos e fazer as viagens direitinho... Simplesmente não ter medo e se atirar é uma coisa perigosa. Eu admito que seja preciso uma boa dose de coragem para se expor ao medo e essa coragem eu tenho. O medo não me afasta do que eu gosto de fazer. E sua esposa, como se sente e o que ela pensa sobre essas longas ausências? Acho que ela gosta também, porque ela vai junto! (risos). Para mim é mais difícil quando as crianças estão junto


comigo e estão com medo. Eu entro num extremo bomhumor nessas situações de medo extremo e isso também me diverte um pouco. Teve uma situação no ano passado quando encalhamos numa pedra em alto mar e as crianças começaram gritar “Papai, vou morrer, papai vou morrer, vou morrer!” e eu, claro que estava impressionado, foi um acidente muito violento que poderia ter danificado o casco do Paratii e afundado o barco. Mas, depois que eu chequei e vi que não tinha furo eu disse “Calma filha não vai morrer não. Todo mundo vai morrer um dia, mas não vai ser aqui nem agora!” (risos)


Em “Entre dois Pólos” você retrata vários meses de viagem em solitário, alguns, por opção, preso no gelo Antártico. Se n’outros casos o homem do mar não tem muito tempo ocioso. No entanto, nesse caso específico, acredito que houve bastante tempo para a contemplação. No que você concentrava o pensamento? Eu fiquei 13 meses nessa época na Antártica e no total, fiquei 22 meses, sozinho no barco, navegando, até voltar pro Brasil. Eu já tinha alguma experiência e eu queria ser dono do tempo. Eu nunca liguei pra ser dono de casa, empresa, carro, avião, mas eu queria possuir o tempo. E ai decidi “bom, agora eu vou ter um ano só meu, quero ser proprietário do tempo, do meu próprio ano”. E aí veio a


surpresa quando o barco ficou preso e eu descobri que não sobrava tempo pra fazer nada. Você não lava a tua roupa todo dia, você não cuida do teu esgoto, você não faz a eletricidade da tua casa e nem fornece a água no teu quarteirão, mas quando você esta na Antártica, num barco, você tem que fazer isso todo dia, o tempo inteiro. Três refeições, consertar as roupas, lavar, fabricar água, manter a temperatura, gerar energia, fazer os comunicados, tirar a neve do convés e ai eu comecei a enxergar as pessoas que ninguém nunca vê ou pensa nelas. Então foi uma experiência engraçada porque eu achei que tinha ficado dono do ano e no final eu trabalhei que nem um cavalo, não sobrou muito tempo. Claro que deu tempo pra contemplar, nos momentos de tempestade quando a gente fica preso no barco, naqueles dias de calmaria quando você pode esquiar 10, 20 km sem camisa, tomando sol, as vezes pelado, mas foi engraçado. Os momentos assim de contemplação foram poucos, mas valeram a pena. No ano passado o meu barco ficou na Antártica com um casal e o filho deles tinha de 3 pra 4 anos de idade e o engraçado foi que eles tiveram a mesma experiência, eles acharam que o tempo não ia passar, “o que nos vamos fazer pra matar o tempo?” e de repente, quando eu fui buscar eles em novembro eles falaram “puxa vida, mas acabou o ano e a gente não fez tudo o que a gente queria”. Então, no fim das contas, o tempo de contemplação foi uma ilusão? Foi uma ilusão... Mas uma ilusão bem estimulante. (risos)


“o barco ficou preso e eu descobri que não sobrava tempo pra fazer nada.”


Falando de literatura. Mesmo evitando se colocar como um escritor, seu texto é muito bom, conciso e objetivo e literário na medida certa. Essa paixão (e a habilidade) para com as letras, de onde e como apareceram? Esse foi o maior elogio que você poderia me fazer. A verdade é que eu também morei na beira da praia, colado na água, eu falo de brincadeira que eu tinha ostras nos calcanhares de tanto que eu ficava na água, em Paraty não tem onda né, então cresce ostra. Mas eu só descobri o mar lendo,


através da literatura. Meus pais falavam, acho que uns 11 ou 12 idiomas diferentes e tinham um grande apreço pela capacidade de se expressar e pela escrita. Infelizmente no Brasil a gente trata muito mal a língua e são poucos os brasileiros que de fato sabem usar bem a própria língua. E essa primeira era uma pressão que a gente tinha em casa e depois foi uma paixão que eu tive. Eu gosto de escrever de maneira concisa e é difícil, principalmente como no meu caso, dos livros que ficaram conhecidos, escrever uma história pessoal sem cansar o leitor, falando da sua experiência. É um desafio fantástico porque é fácil virar um troço chato. Como eu já li muitos livros chatos, de grandes histórias, como também li livros maravilhosos de histórias completamente esdrúxulas, quando eu percebi que eu tinha uma história bacana, pela experiência no Atlântico, eu me esforcei a fazer um texto que não cansasse que não entojasse o próprio leitor. Mas é um desafio fantástico, foi muito mais difícil escrever o livro do que remar o Atlântico. O Atlântico precisou de um pouco de logística e bastante esforço, mas descrever bem é um desafio fantástico e eu prezo muito isso. Fiquei muito orgulhoso no ano passado, quando, depois de 5 ou 6 viagens à Antártica com a gente, as nossas meninas


resolveram fazer um livro. E aí eu falei “bom não quero nem ver a cara do que vocês estão escrevendo e nem vou ajudar. Eu quero que vocês sintam como é difícil fazer um livro”. E o livrinho delas, que se chama “Férias na Antártica”, ficou um trabalho muito bacana. Eu fiquei muito surpreso quando eu vi o livro pronto, de elas terem encontrado uma editora. Minha mulher está com dois livros maravilhosos prontos e não está conseguindo encontrar uma editora, nem eu to conseguindo, é difícil. Eu tenho editora para os livros que eu faço normalmente, mas para um livro diferente é difícil. Eu não esperava o de assistir ao nascimento de um livrinho delas. É um orgulho, não? Deu orgulho, mas não é por elas. Não sou um pai muito coruja não. Eu achei muito interessante a experiência de três meninas, de 09 a 13 anos, escreverem um livro e hoje este livro estar sendo adotado. Todos os dias

“Fiquei muito orgulhoso no ano passado, quando, depois de 5 ou 6 viagens à Antártica com a gente, as nossas meninas resolveram fazer um livro.”


tem convites para elas irem falar nas escolas no Brasil, em lugares completamente distantes do nosso dia-a-dia, das nossas expectativas e ver a reação dos alunos quando passam um semestre inteiro fazendo trabalhos sobre a foca leopardo, sobre o pinguim papua, sobre a vida dentro de um barco, sobre as raspadinhas do gelo e neve e os problemas do clima, o perigo de você contaminar uma colônia de papuas tendo pisado no cocô dos Pigocelis adelia e essas coisas todas elas captam com muita sensibilidade, com muita naturalidade, coisa que grandes pesquisadores que trabalham lá não tem. Outro dia fiquei muito impressionado quando visitei o colégio Miguel de Cervantes. Quase 500 alunos fizeram 500 trabalhos diferentes, uma réplica dos bichos, do barco, do ambiente antártico, dos problemas do planeta, dos erros e dos acertos. Então, eu acho que essa experiência de você transmitir teu conhecimento, tua vivência pelos livros, é uma experiência



mágica. Teve uma menininha de 4 anos que disse: “quero ser exploradora também”. Eles fazem umas perguntas, que jornalistas experientes da “Veja”, do “O Estado de São Paulo”, não fazem, pois não sabem o que perguntar. Não sabe a diferença entre Pólo Sul e Antártica, perde até a graça de conversar com um cara desses. Aí vem umas criancinhas de 5 ou 6 anos de idade fazendo cada pergunta inteligente sobre quanto você gasta de água pra tomar um banho, como é que esquenta, o cocô vai pra onde, então é uma experiência muito gratificante. Soube que um de seus escritores prediletos é o Campos de Carvalho. Essa admiração tem uma causa explícita? O texto dele o influenciou? É difícil gostar do Campos de Carvalho. Tem obras dele que eu não gosto. Mas eu adoro “A Lua vem da Ásia” por duas razões: uma é a qualidade primorosa do texto, e a outra o jeito irônico e conciso que ele tem de escrever onde ele acaba demonstrando o seu domínio da língua pelo o que não diz. E outra coisa interessante são as construções alucinadas e a atualidade do modo dele pensar. Dois escritores que eu sempre gostei muito são: Hemingway, pois “O Velho e o Mar” me influenciou muito, e outro cara foi o Kerouac, que li quando adolescente. Gosta destes caras também? Quais suas predileções literárias? Gosto dos dois. Fui de certa maneira também influenciado pelo “O Velho e o Mar” e pela obra do Kerouac, mas eu queria fazer uma viagem menos ficcional e mais real. Por


exemplo, eu gostei durante muito tempo de ler Júlio Verne, mas chegou um momento em que eu comecei a sentir uma sede de experiências reais e tive a felicidade de poder ler em francês a obra do Bernard Montessier, que era mais ou menos o oposto, era uma experiência escrita de uma maneira quase que singela, mas de uma riqueza absurda e literariamente muito bem escrita. Parecia uma obra de ficção. Então, sem querer, eu fui me interessando pelas experiências vividas e não imaginarias.

Como navegador e expedicionário quem são suas referências? Puxa vida rapaz! Eu não sou expedicionário, mas se eu fosse, uma referência da minha infância seria... Jacques Cousteau. (juntos) Eu quase tive o privilégio de conhecê-lo. Foi um cara impressionante. Se você estudar a vida dele e compreender que, ele ficou por um triz de ser envolvido com o nazismo. O


irmão dele teve obras cinematográficas financiadas pelo nazismo. Nos dias de hoje, eu tenho quase certeza que ele teria sido execrado em praça pública. Ele nunca teve esse envolvimento. Imaginar que num país extremamente crítico como os EUA, ele se tornou a segunda pessoa mais querida do país. Ele foi o segundo homem mais querido dos EUA depois do Kennedy. Então é uma pessoa impressionante por, de certa maneira, ter revertido uma situação que seria hoje, eu acho até, irreversível porque a gente gosta de procurar defeitos nas pessoas que fazem coisas diferentes. Uma pessoa que muito me marcou é o Jerome Poncet, um navegador

“fato é que a experiência de estar embarcado nesses lugares te proporciona esses privilégios de você poder chamar de amigos pessoas que normalmente seriam muito difíceis de conhecer.”


francês completamente desprendido de qualquer espécie de valores materiais ou de medo. Por uma felicidade da vida, eu pude conhecê-lo quando eu mexia com vacas e não sabia a diferença entre um cocho e um veleiro, uma banheira e uma baleeira. Pra mim era tudo a mesma coisa. (risos) Eu o conheci em Paraty, antes dele fazer sua invernagem na Antártica, quando estava juntando comida pra levar. E hoje, eu posso dizer que é um dos meus grandes amigos. O fato é que a experiência de estar embarcado nesses lugares te proporciona esses privilégios de você poder chamar de amigos pessoas que normalmente seriam muito difíceis de conhecer. O Jerome é um espírito que eu gosto, é um cara que não tem nada dessas palhaçadas de logomarca, site, patrocinador, assessoria de imprensa e todas essas bobagens que movem a humanidade hoje. Ele vive e trabalha lá porque


ama profundamente estar lá e é um tipo de ser humano que está em extinção completa. O que viajar representa em sua vida? Viajar é uma das experiências que talvez mais valorize o ser humano. O ser humano é um viajante por natureza. Nós temos grandes dificuldades para viajar, não temos asas, não sabemos tirar oxigênio da água, temos uma habilidade física muito limitada sob certos aspectos, dependemos de roupas e artefatos. Mas viajar é que traz a tona todas as habilidades maravilhosas do ser humano. E dentre essas habilidades, a maior não está na tecnologia ou nas facilidades que o homem é levado a criar pra compensar as suas deficiências físicas, mas a de se comunicar entre os seus, mesmo que outros animais da terra até façam isso uma maneira mais sofisticada que nós.


Qual a prisão mais temida. A prisão física ou a mental? Não tenha dúvida que a prisão mental é difícil, mas eu também tenho medo da prisão física. (risos) Então eu usaria a liberdade mental pra escapar da prisão física o máximo que eu pudesse.(risos) O Amyr Klink é um homem entre dois mundos? Preso entre dois mundos? Cacilda, eu acho que eu to livre entre uns 200 mundos! (risos) Eu to tentando entrar neles e não me deixam entrar viu, é duro. Eu deveria ser um escritor e não sou. Deveria ser um economista profissional e não sou. Deveria ser um empresário e não sou. Deveria ser um navegador profissional e eu sou um amador. Eu transito entre muitos mundos que às vezes me fecham as portas, mas eu gosto muito disso e não to reclamando não. (risos)


Em linha d’água, além da construção do último e mais moderno Paratii, o Você retrata a construção de um homem, de um caráter. Era essa a intenção? Seria pretensioso eu afirmar isso, mas foi uma experiência onde eu fui obrigado a acreditar nos valores que eu tenho. Pois chegou uma hora em que a desgraça ficou tão grande, que eu precisei lutar pelos meus princípios. Porque, se você começar a abrir conceções e vender suas crenças por qualquer troquinho pra cobrir qualquer etapa das suas contas, você deixa de ser um homem e se torna um bicho. Então, foi engraçado “mandar pros diabos” patrocinadores, brigar com fornecedores, bater cabeça, recomeçar... Eu não gostaria de passar novamente pelo que passei, mas foi uma experiência gratificante, não por poder contar histórias sobre as viagens, mas por saber que existem centenas de outros caras melhores do que eu, que passaram

“se você começar a abrir conceções e vender suas crenças por qualquer troquinho pra cobrir qualquer etapa das suas contas, você deixa de ser um homem e se torna um bicho.”


“pode-se dar a volta ao mundo sem necessariamente fazer isso geograficamente.�


pelo mesmo que eu passei e não chegaram nem na beira d’água. E eu não desisti, escapei dessa “morte em vida” que, infelizmente, neste mundo dos que querem se atirar no mar é muito frequente. Aliás, me lembra quando o Bernard Montessieu desistiu de uma regata, em que ele ia vencer, só para dar outra volta ao mundo e depois, escreveu uma maravilhosa obra chamada “O Longo Caminho”, obra que incentivou muitos na década de sessenta, a irem para o mar. Mas no fim, poucos barcos saíram dos quintais. Por que a volta ao mundo, seja de avião, embarcação ou outros meios é tão ambicionada pelas pessoas? Eu acho que é um exercício simbólico sair para uma volta ao mundo. E ela às vezes acontece de maneiras muito peculiares, diferentes do que se pode pensar que seria. Esse mesmo Júlio Fuad, que talvez seja o único Brasileiro vivo que pisou nos dois pólos, começou ficando ancorado na Bahia por um ano. Eu o sacaneei muito por isso, mas no fim, ele começou a volta ao mundo dele ficando um ano na Bahia, morando no barco. Essa história me mostrou que se pode dar a volta ao mundo sem necessariamente fazer isso geograficamente. Você se sente realizado? Quando eu paro pra olhar o que já realizei, a verdade é que eu paro e penso: “Será que fui eu mesmo que fiz essa encrenca toda?” Quando eu olho para o Paratii, um baita barco de 120 toneladas que poderia continuar encalhado na Av. Castelo Branco, preso embaixo de uma ponte, como ele ficou uma vez... Mas currículo não é um a coisa que realiza a gente. Nesse mundo dos viajantes, continuar é o que nos


realiza. Então, eu continuo viajando. Mas o fato é que eu não me sinto realizado. Tem sempre um caminho adiante, uma “cenoura” mais para frente... O lance da “goiaba do vizinho”... (risos) (mais risos) Isso! A goiaba do vizinho é sempre mais gostosa. Qual a fase mais importante de uma expedição? Não existe uma fase mais importante. Uma não vale nada sem a outra. Mas a mais gostosa realmente é por a coisa em prática. Planejar minuciosamente e por em prática.


Uma fase completa a outra. No fim você fecha o conjunto. O importante a longo prazo é continuar tirando os sonhos da cachola. O que mais te importa, hoje? É claro que com a idade, você acaba enxergando um horizonte mais curto. (risos) Hoje eu tenho menos preocupações com quanto vou ganhar e essas coisas. Eu tenho é uma preocupação em sentir um brutal prazer. Eu acho que os cabelos brancos que vão chegando fazem você se dedicar ao que você gosta de fato e passa a deixar de se preocupar em agradar os outros. Ao menos é assim que eu penso. Alguns não entenderam, mas é isso, eu consigo rir da vida com mais autenticidade.


Uma última mensagem para esse mundo maluco da internet, dos poucos livros, respeito? Olha, se eu fosse dar a mensagem que eu queria, acho que acabaria levando um tiro (risos gerais), mas quero dizer que hoje, com tantas opções de conhecimento, informações à disposição, e as pessoas acabam não conhecendo realmente nada. Se eu fosse deixar uma mensagem, seria: “Seja autentico naquilo que você faz em lugar de ser uma vitrine e se preocupar em mostrar aos outros que está feliz e essas coisas. Seja autêntico e construa uma história própria, acho que é isso o mais importante”.


Foi um prazer Amyr, agradeço em meu nome e de toda a equipe da Volta ao Mundo. Realmente um grande prazer. Foi um grande prazer conhecer vocês e dar essa entrevista. Muito interessante a revista e desejo muito sucesso para vocês. Estamos às ordens. Tchau!


Road Music AC/DC, Música para cair na estrada. Já que nesta edição fomos até a terra dos cangurus, vamos indicar uma banda que, apesar de ter nascido no mesmo lugar, curte mesmo é uma boa cerveja. Se você é daqueles que curte um bom hard rock, sem muita firula já deve imaginar quem são os caras. O AC/DC foi fundado nos idos dos anos setenta pelos irmãos Malcom e Angus Young junto com o amigo Bom Scott. A banda faz um cruzamento de Led Zeppelin com muita cerveja, bastando tocar uma de suas músicas para qualquer lugar emanar instantaneamente uma atmosfera de bar de beira de estrada com os amigos. A banda saiu da escola para os pequenos inferninhos e não demorou muito para romper as fronteiras do país. A banda ia de vento em poupa, shows lotados com o recente lançamento de seu primeiro grande disco, “Highway to Hell” até que uma tragédia quase detona a banda de vez. Bon Scott é encontrado morto no fim dos seventies,, dentro de um carro. O laudo da seventies autópsia dizia que o carismático vocalista havia sufocado com o próprio vômito após uma bebedeira homérica. O que para muitas bandas poderia ser o fim para o AC/DC foi apenas um grave contratempo. A banda, mostrando realmente ter no espírito a alma casca-grossa que seu


som demonstra, depois de uma procura minuciosa, aceitou o também “figuraça” Brian Johnson, que com sua cara de caminhoneiro afeito a muitas geladas e uma boa briga, caiu como uma luva para a banda mais perigosa das paragens australianas. Quem conhece, já sabe. Todavia, para quem não conhece, desafio a por nos fones de ouvido ou no estéreo do carro “TNT”, a homônima do disco “highway to hell”, “Hells Bells” (tocada na etapa do campeonato mundial de surf na praia de Bells Beach, na aussie land, “It’s a long way to the top if you wanna rock ‘n’ roll”, “jailbreaker”, “back in black” dentre outras, de preferência com uma longa estrada pela frente, e não sentir a empolgação tomando conta. Uma boa dose de asfalto pela frente, muita vontade e coragem e – não ao volante, por favor – uma boa geladinha nas mãos. Se viajar, pra muita gente é a receita da juventude eterna, os aussies do AC/DC são a trilha sonora mais que perfeita. Agora basta aumentar o volume.


Don Briggs:

Lentes mรกgicas


D

on Briggs é um americano que ama fotografar. Apesar de não creditar-se profissional, poderia facilmente ser, tal é a sua desenvoltura técnica com as lentes. O Sr. Briggs mora em Seattle, no estado de Washington, EUA e foi por este motivo que nesta profile session, foram selecionadas fotos de sua cidade natal e arredores.

Skaget Valley Tulips, by moonlight, Washington State


Ruby Beach Sunset with red log, Twilight, Forks area, Washington


Ruby Beach Long Exposure, Forks Area, Washington, State

Discovery Park Sunset, North Beach, Seattle, Washington


Don é eclético nos objetos que suas fotografias retratam, portanto, uma variedade de belos pores-do-sol, lagos, imagens urbanas e outras que mais parecem quadros, de tão belas, como do monte Rainier e os vales próximos, das florestas, do lago e das residências ao longo de suas margens.

Skaget Valley Tulip Fields Foggy Farmhouse, Washington State


Skaget Valley Tulip Fields with Sun, Washington State

Skaget Valley Tulip Fields with fog, just before sunrise, Washington State


Mineral Lake, Mt Rainier area, Washington State

LeMay Museum, Spanaway, Washington State


Mount Rainier, Sun Behind Fog, On the way to the Paradise Lodge


Infrared, Chambers Creek Golf Course

Moun Mo oun unt Ra R aiin nie ierr,, R iiver ive iv ver eer, r, On On tthe he he Mount Rainier, River, way to wa to P arad ar adis adis ise Lo ise LLodge odg dge way Paradise


Chambers Creek Park Sunset Tree, Tacoma Washington

Dizem que fotografar é a arte de escrever com a luz. Outros, a técnica de congelar a realidade. Sendo uma ou outra, o segredo de imagens impressionantes é ter técnica, amor e paixão pelo que se faz. Isso, com toda certeza, Don Briggs tem de sobra. Texto: Rodrigo Oliveira Fotos: Don Briggs Setting Sun Behind Fog, On the way to the Paradise Lodge, Mount Rainier, Washington State

Chambers Creek Park Sunset Bridge, Tacoma, Washington


Conexão:

CHINA

Viagem no tempo por Xangai

X angai, 23 milhões de habitantes, a segunda cidade mais populosa da China é repleta de atrações para se ver. Eu os convido a fazer uma jornada pela história, aproveitando para conhecer os principais pontos turísticos da cidade.


Loja em Xintiandi


Yuyuen Market

A nossa jornada começa por volta do ano de 1.500, quando a pequena cidade de pescadores na foz do rio Huangpu era constantemente atacada por piratas japoneses. Para se proteger destes assaltos, um muro de 10 metros de altura e 5 quilômetros de circunferência foi construído em volta da chamada “old town” - é possível visitar seu ultimo pedaço no pavilhão Dajing na Dajing lu.


Dentro da parte protegida pelo muro, uma parada obrigatória é o Jardim YuYuan e seu bazar que, além de possuir dois belos templos e um jardim belíssimo com mais de 450 anos, possui um “shopping center” especializado em pérolas, sedas e outros produtos chineses para agradar a todos os tipos de turistas. É imperdível parar para tomar um chá na Huxinting tea house, no meio do lago e fitar o movimento das pessoas em volta.

Yuyen Garden


Foto panorâmica de Bund

Prédios históricos de Bund


Saindo do mercado, há três quadras em direção ao Bund, à beira do Rio Huangpu é possível ver os prédios históricos que foram sedes de bancos e empresas de trading nos séculos XIX e XX, depois que a Inglaterra recebeu a concessão de Xangai (e também Hong Kong) depois da 1ª Guerra do Ópio, com a China. Naquela época, Xangai foi apelidada de Paris do Leste, pois contava com muitos salões de dança, cabarés, clinicas de ópio e as primeiras lojas de departamento da Ásia. Todas as tentações do mundo eram saciadas por aqui – o porto era um dos mais movimentados do mundo, levando mercadorias chinesas e trazendo as mercadorias, prazeres e vícios ocidentais para o oriente. Ainda é possível visitar e sentir o clima da época no Hotel Peace, recém renovado, com seus shows de jazz, ou através de uma caminhada na Nanjing East Road e seu comercio pulsante. Outro ponto imperdível é a Praça do Povo, que foi o hipódromo dos ingleses durante o período das concessões e hoje conta com o Museu de Xangai, o Museu de Planejamento Urbano e o Teatro de Xangai – todos valem uma visita e mostram como a cultura e a historia da China são valorizados pelos habitantes locais.



Ainda no século 19, a França ocupou a parte ao sul da Praça do Povo e até hoje é possível sentir a influência francesa na arquitetura do Fuxing Park e nas mansões da chamada “Concessão Francesa”. Visite a Rua Changle e a Rua Julu para ver as lojas de grife que se instalaram em algumas destas mansões, e visitar o mercado de artes na rua Taikang é um passeio imperdível , pois dá para sentir as vibrações da classe artística da cidade e saborear uns aperitivos locais.

O traveller autor Carlos Meinert mora em Shanghai e está numa jornada profissional de três anos pela China. Como ele mesmo diz, é difícil explicar todas as atrações da China em um só texto. Por essa razão, Carlos vai estar com a gente em vários momentos dessa jornada em volta ao mundo, explicando um pouco mais do que acontece lá do outro lado do planeta.


Conex達o:

INGLATERRA


Afternoon tea, tão tradicional quanto gostoso. D

entre os muitos estereótipos sobre a Inglaterra, e os ingleses, o chá da tarde é um dos mais conhecidos e não poderia estar mais próximo da realidade. Os ingleses realmente adoram chá e apesar de um inglês médio normalmente não ter tempo de realizar o ritual do ‘chá da tarde’, frequentemente, as casas de chá (tea rooms) tem vivenciado um rápido crescimento nos últimos dois anos. Alguns comentaristas dizem que esse crescimento está relacionado à crise pela qual a Inglaterra passa e ao fato de que não há nada mais reconfortante do que um delicioso chá da tarde para levantar os ânimos. Portanto, contrariamente ao que algumas pessoas acham - que as casas de chá são lugares destinados apenas aos turistas - a frequência dos nativos vem aumentando dia após dia.


A história desses estabelecimentos remonta ao século XIX, quando o famoso afternoon tea virou moda. Elas podem ser encontradas em qualquer parte do país e variam de tradicionais e charmosas, localizadas em pequenas cidades – ótimas opções para quem pretende realmente viver o país e experimentar o que um verdadeiro inglês faz – até as mais famosas. O chá é uma presença permanente na rotina de um inglês, que consome uma média de 2,5 Kg por ano, o maior consumo per capita no mundo. Portanto, é natural que as casas de chá tenham surgido e continuem fortemente fazendo parte da vida deste povo. Apesar da sua grande variedade na Inglaterra, na maioria das casas de chá o menu do afternoon tea é bem similar: diversos tipos de chá para escolher – desde os pretos como o English Breakfast ou o Earls Grey até os herbais como a camomila. Para comer, os scones – típicos pães ingleses –, geléia e creme. Claro que além dessas opções, também existem algumas outras, normalmente pequenos sanduíches (finger sandwiches) e


muffins. Mas, chá com scones, geléia e creme são definitivamente a atração principal, conhecidos como cream tea. Inclusive, suscitam uma discussão muito peculiar para os forasteiros, porém comum para os ingleses, sobre quem vai primeiro sobre os scones, o creme ou a geléia. De qualquer maneira, quando estiver na Inglaterra, juntese aos nativos e experimente ir a uma casa de chá. E, faça como os ingleses, após uma gostosa discussão, decida qual a melhor opção: passar a geléia ou o creme primeiro no scone. Londres The Goring 15 Beeston Place, SW1W 0JW - $$$ The Wolseley 160 Picadilly, London, W1J 9EB - $$ Fortnum & Mason 181 Picadilly, W1A 1ER - $$ Betty Blythe 73 Blythe Road, Brook Green, W14 0HP - $ Countryside Harlequin House – Stowmarket – Suffolk - $$

A traveller autora Rina trabalha em Marketing e há cinco anos e meio mora em Londres, onde iniciou novo capítulo na sua vida. Apaixonada por viagens, ela está sempre com o pé na estrada. Mesmo que seja só a trabalho.


Conex達o:

ARGENTINA


Mi Buenos Aires Querida! M

Livraria El Ateneo Grand Splendid

ais uma vez escrevo desta cidade, onde moro desde outubro e da qual tive a chance de falar sobre meus cantos preferidos na edição passada. Com mais alguns meses vivendo em Buenos Aires e integrado a esta capital cosmopolita, já me sinto completamente envolvido com a vida cultural vibrante, que exala por aqui. Uma visita turística muito interessante é a livraria El Ateneo Grand Splendid. Esse antigo teatro que ainda conserva sua estrutura original, localizado na charmosa Avenida Santa Fé, está aberta ao público e indica que ali, o espetáculo são os livros e os próprios leitores.


Livraria El Ateneo Grand Splendid

Se o viajante gosta de ler, deve ir e considerar que o período para se deleitar entre uma e outra obra deve ser programado para o passeio. Para os que não têm tanto interesse em livros quando numa viagem, a visita é válida pela beleza do lugar. Então, aproveite e tome um café no palco do antigo teatro. A noite cultural de Buenos Aires também é mágica. Existe sempre o clássico Teatro Colon com concertos, óperas, ballets, etc. Espalhados pela cidade existem espetáculos incríveis, que um amante do teatro não deve perder. Uma ácida comédia argentina deve ser considerada opção, mas apenas se o viajante já está mais familiarizado com as gírias argentinas, mas os musicais, muitos de grande qualidade,


como Chicago ou Drácula, por exemplo, são possíveis de serem compreendidos para qualquer um que “habla un poco” de espanhol. A Avenida Corrientes, na região mais próxima do congresso, concentra um grande número de teatros e fica bem agitada nos finais de semana. Bem próximo a Av. Corrientes e à Av. Nove de Julho, ainda do lado do congresso, existe uma bilheteria de descontos, onde é possível comprar bilhetes com até 50% de desconto, mas a compra precisa ser feita com antecedência. Um espetáculo imperdível, eletrizante e onde o público é parte integrante do show, sem dúvida nenhuma é o “Fuerza Bruta”. Tive a oportunidade de vê-los no verão passado, no espetáculo que hoje está em Nova York e virei fã. Em junho eles iniciam um novo espetáculo e a estréia mundial será aqui, sua terra natal. É possível ter maiores informações em: www.fuerzabruta.net

Multiteatro O traveller autor O brasileiro Cristiano Garcia é consultor de sistemas que atua na América Latina. Por causa do trabalho, já morou na Venezuela, Colômbia e Holanda. Atuou também em Equador, Peru, Chile, Espanha e EUA. Adora a cultura latina, viajar, mergulhar e comer um ótimo doce. Escrever é uma grande paixão e cozinhar outra. Sendo assim, encontrar a história perfeita acompanhada de um ótimo jantar e um bom vinho é o maior sonho.


Por Rosana Sun Fotos: Rosana Sun.

L ocalizada na Oceania, entre o Oceano Índico e o Oceano Pacífico Sul. Muitos dizem que a Austrália é o Brasil que deu certo. Dizem isto, por ser um território com grande quantidade de praias e por ser um país quase do tamanho do nosso e com a economia bastante sólida e próspera.


ilustraçþes: Richard Porcel


NO TE R TER

W E STE S TE R N AUSTR AU S T R A L I A

Foi neste país que escolhi passar 2 meses da minha volta ao mundo. Era minha segunda vez na Austrália. Tive a oportunidade de encontrar e re-encontrar pessoas muito especiais que fizeram ou fazem parte de minha vida. Foi lá que Mergulhei na Grande barreira de Corais pela segunda vez, caminhei em trilhas, vi cânions, nadei em lagos, andei no deserto, abracei um coala, vi crocodilos, mergulhei com uma água viva gigantesca e entrei em contato com sanguessugas pela primeira vez.


Cairns

Townsville

RT H EN R ITORY I TORY

Mackay

QUEENSLAND

Rockhampton Bundaberg M Maryborough Brisbane

SSOO UTH AUS TR AL IIAA

Gold Coast Lismore Coffs Harbour

NNEE W S O U T H WA L EESS

Port Macquarie Newscastle Sidney Wollongong

V ITO I TORR I A elbourn lbour Melbourne Devonport De

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Launceston HHobart Ho o

Canberra Ca aanberra n

Australian Capital Territory Bairnsdale


Tasmânia Foto panorâmica de Bund

A Tasmânia está localizada a 240 km da costa sudeste australiana. Ouvi muitas pessoas dizerem que esta ilha é muito parecida com a Nova Zelândia, no entanto, ela se assemelha no clima, por ser um pouco mais frio que no continente, mas não achei muitas semelhanças. Ela tem um pouco de tudo. Montanhas, praias, floresta, cidades interessantes e muito mais. Não podemos nos esquecer do famoso “Diabo da Tasmânia”. Vale à pena visitar a Ilha. Se tiver tempo alugue uma van, do contrário, existem tours bem estruturados. Eu fui com o Adventure Tours (www.adventuretours.com.au) que dá opção de acomodação mais simples ou acomodação em hotéis. Eu recomendo ficar nas acomodações mais simples, pois você tem a possibilidade de ficar o tempo todo com o grupo principal. Prédios históricos de Bund





Melbourne e a Great Ocean Road

Melbourne é a capital, maior cidade do estado de Victória e a segunda maior região metropolitana do país. Está localizada na costa sul e é um grande centro industrial, com indústrias de construção naval, de maquinaria agrícola, têxtil e de objetos elétricos. Comercialmente falando, exporta algodão e bens agrícolas, agro-industriais e de transportes o que a caracteriza como um dos principais pólos econômicos do país.







Cairns

Cairns está no estado de Queensland, a cerca de 1.720 km ao norte de Brisbane e 2.500 km, ao norte, de Sydney. Cairns é um popular destino turístico por conta da sua proximidade a diversas atrações, principalmente a Grande Barreira de Corais.








Magnectic Island A Ilha Magnetic (em inglês: Magnetic Island) é uma ilha localizada em frente a Townsville, no estado de Queensland. Com 52 km 2 e 2.107 habitantes e é acessível apenas por via marítima. Seu nome foi-lhe dado devido ao aparente efeito “magnético” que exercia na bússola do navio de James Cook quando passou pelo local em 1770. Em Townsville, a ilha é chamada carinhosamente “Maggie”.




Ilha Fraser

A Ilha Fraser está situada em Queensland, a aproximadamente 300 km ao norte de Brisbane. Com cerca de 120 km de comprimento ela é a maior ilha de areia do mundo. São achados trechos de uma majestosa floresta tropical alta que cresce na areia e em meio aos lagos de água doce no interior das dunas. A combinação de dunas de areia inconstantes, florestas tropicais úmidas e lagos fazem da ilha um local excepcional, tanto que em 1992, foi declarada Patrimônio Mundial.






Byron Bay Byron Bay fica em Nova Gales do Sul, no ponto mais oriental da AUS continental, o Cabo Byron. A cidade é o núcleo do Byron Shire Council. James Cook deu nome ao Cabo Byron em honra do circum-navegador John Byron, avô do poeta inglês Lord Byron. Suas praias de areia branca, muito procuradas por surfistas, por causa de suas águas quentes e selvas tropicais naturais.




Sydney Sydney é a cidade mais populosa da Austrália e a capital do estado de Nova Gales do Sul. Foi o local escolhido para a primeira colônia britânica no país. A cidade fica a 300 km da capital do país, Camberra e está na costa sudeste da Austrália. A cidade é construída em torno de Port Jackson, que inclui Sydney Harbour, dando-a o apelido, o “Cidade Porto”.



Sydney é muito conhecida pela Opera House e pela Harbour Bridge, além de suas belas praias. A área metropolitana é rodeada por parques nacionais e muitas baías, rios e enseadas. É considerada como uma cidade global beta pelo inventário da Loughborough University. Sydney é uma das mais multiculturais cidades do mundo, o que reflete o seu papel como um importante destino imigratório na Austrália.



É muito fácil viajar pela Austrália. A maior dificuldade ao alugar um carro, costuma ser o fato de lá o trânsito ser em mão inglesa. Ou seja, com o motorista ao lado direito do carro. Portanto, nós brasileiros, precisamos ter o dobro de cuidado ao dirigir e principalmente ao atravessar as ruas. É muito comum estar em um cruzamento e olhar para o lado errado. Mas, nada que algumas horas e dias não resolvam. Como dizem, o ser humano se adapta a quase tudo e em poucos dias já estará acostumado. Lembre-se que, como o Brasil, este país tem grandes extensões e dependendo de onde quiser ir (e de quanto tempo se tenha) é interessante utilizar-se do meio aéreo. Você também pode viajar pela Austrália de Van. Existem diversas empresas que as alugam, e fazem passeios onde você dorme no veículo. Vale lembrar que não basta apenas encostar a Van em qualquer lugar e dormir. Existem albergues e locais apropriados onde você paga uma taxa para usufruir de toda a infraestrutura de estacionamento, banheiros, refeitórios, etc. A van é um serviço muito utilizado pelos Europeus e sua grande vantagem


é poder ir parando de cidade em cidade e dirigirse para onde achar mais interessante. Além disso, você economiza com estadia, pois as taxas são menores que o aluguel de um quarto. Existem vans divertidíssimas, com diversos temas e decorações. Vi vans com Darth Vader, vans com piadas, umas super coloridas com pichações, etc. Além das vans, existe o aluguel de carros. Recomendo pernoitar em albergues, pois os albergues da Austrália são, em geral, excelentes e existem vários com quartos individuais ou de casal. Claro que custam mais caro, mas é muito mais divertido que dormir em hotéis, pois sempre existe uma área de convivência, onde você pode conhecer pessoas interessantes e que podem até dividir com você parte de sua viagem. É muito comum ver anúncio de pessoas que buscam pares ou grupos para dividirem as despesas de transporte para viajar pelo país. Outro método bastante usado é viajar de ônibus. Existem diversos tipos de passes com diferentes validades. Alguns são mensais e você pode ir de ponto a ponto em uma direção parando onde quiser, por um valor único. Existem até passes com validade anual onde você pode ir para qualquer destino. Eu utilizei o passe da Greyhound (www. greyhound.com.au), que permite que reservas de trechos online e por telefone. Os ônibus são geralmente bons e você sempre terá principalmente travellers


como companheiros de viagem. Falando de aviões, a Qantas, Jetstar e outras companhias fazem voos internos. É sempre bom perguntar nos hotéis e albergues quais os sites de venda de passagem com desconto, faz muita diferença. Existem vários tours, variando de grupos pequenos a grandes e tudo vai depender da região e de seu budget. Todos os tours que comprei em minhas duas viagens a Austrália foram excelentes. Os guias são os motoristas e sempre eram todos muito bem preparados. Dependendo do tour escolhido, você terá que ajudar nos serviços de limpeza, na cozinha e em outras atividades. Mas animese, faz parte da experiência. Conheci pessoas que compraram vans usadas, as usaram para viajar e depois a venderam para outros viajantes ou moradores. É um meio econômico, mas exige planejamento para lidar com a documentação e para não ter problemas na hora de vender a van. Recomendo esta opção apenas para quem vai morar por um tempo e está disposto a perder algum tempo com a compra e venda do veículo. A princípio, nossa carteira de motorista é valida na Austrália, mas é sempre bom checar as regras de aluguel de veículo antes de viajar.



Livros

SETE ANOS NO TIBET Por Rodrigo Oliveira

U

ma boa pedida de livroinspiração para os viajantes é “Sete Anos no Tibet” de Heinrich Harrer conta a história de um homem que conheceu a redenção e encontrou-se consigo mesmo num dos lugares mais extraordinários e místicos do planeta. Por volta de 1943, o então jovem alpinista Heirich Harrer e seu companheiro Peter Aufschnaiter embarcam numa escalada com um grupo de montanhistas para escalar um dos mais altos picos da cadeia do Himalaia. Estoura a Segunda Guerra e o grupo, em terras indianas, sob o domínio da Inglaterra, é aprisionado em um campo. Enquanto o grupo planeja uma fuga em conjunto, Harrer, egomaníaco e arrogante pretende apenas utilizarse dois companheiros para escapar, e depois pretende seguir viagem sozinho, acreditando dessa maneira ter mais chances de manter-se em liberdade. A fuga é bem sucedida, mas apenas Peter e Heinrich seguem livres, cada


um por sí em direção a Lhasa, a cidade proibida do Tibet. Por força das circunstâncias, Harrer e Peter acabam tornando-se realmente companheiros de jornada, e enquanto avançam pelos platôs himalaios, algo dentro de ambos começa lentamente a mudar. Eles passam por toda a sorte de privações e perigos. Inacreditavelmente ultrapassam todos os perigos em sua caminhada rumo à liberdade e chegam a Lhasa, a Cidade Sagrada, na época, ainda proibida para ocidentais. Contra toda as probabilidades os viajantes (nesse momento,mais parecendo vagabundos nômades) são aceitos e convidados por um dos cidadãos proeminentes da sociedade a permanecerem em sua casa, como convidados. Heinrich e Peter, aos poucos, adaptamse aos costumes e modo de vida dos tibetanos e Heinrich, através de suas habilidades com construção, acaba fazendo trabalhos para o palácio. Lá ele acaba conhecendo o pequeno Kundum, mais conhecido hoje em dia como Sua Santidade, o Dalai Lama, de quem acaba se tornando, de forma totalmente incomum, tutor e amigo. Enquanto ensina ao pequeno meninorei-santo sobre o mundo exterior o Harrer arrogante aprende lições extraordinárias


Livros sobre bondade, espiritualidade e sabedoria. Um ensina o outro e quando a China, em plena revolução comunista invade o Tibet, Harrer ajuda o Dalai Lama a escapar. Este livro delicioso é um relato de três viagens completamente diferentes, mas que acontecem congruentemente. Numa delas, um homem atravessa, fisicamente um dos planaltos mais perigosos de um dos cantos mais misteriosos do planeta. N’outra ele aprende a real importância da amizade, da bondade e do amor por si e pelo próximo. A terceira jornada é a na que o leitor é transportado por um tour numa época da história que possivelmente mudou o mundo e o tornou o que é hoje. Sete Anos noTibet é um livro mágico da aventura definitiva do século vinte, que transporta o leitor a cada sentença mais fundo nos prórios sentimentos e de forma discreta instiga cada um tomar as rédeas de sua vida nas prórias mãos. Prepare a mochila e pé na tábua. Boa Leitura! *Heirich Harrer, ao retornar para sua terra natal expôs suas fotos em museus e foi aclamado por suas qualidades como fotógrafo e ficou famoso por retratar um modo de vida até então desconhecido do mundo ocidental pouco antes de sua transformação, após a invasão chinesa. Harrer e o Dalai Lama permaneceram amigos até sua morte em 2006.



Volta ao Mundo Os primeiros passos. Por Fabio Zunhiga Ilustrações: Richard Porcel.

A

ideia de fazer uma viagem de volta

ao mundo pode até surgir de repente, mas provavelmente é algo com o qual já se sonhava há muito tempo – mesmo que não se tenha consciência disso – e a decisão deve ser bem pensada, pois além de dinheiro, muitos outros fatores fazem parte dessa equação. Essa é a primeira parte do relato de como surgiu a ideia da nossa viagem e como ela aconteceu, desde o início até o fim.



Eu tinha uma viagem marcada com um amigo para o leste europeu, mas semanas antes, por motivo de saúde, meu companheiro de trip teve de cancelar os planos e acabei tendo de mudar de rumo, indo parar na Ilha de Páscoa. Depois de contemplar os Moais, vulcões e todo o bucolismo da paisagem daquele lugar, bebia um vinho enquanto pensava na vida, planejando o que queria para meus próximos anos. Eu tinha uma vida profissional bem encaminhada. Era gerente de uma multinacional farmacêutica, com um futuro promissor dentro da empresa, tudo que se poderia desejar, ou quase. Naquele dia, assim como que de repente, percebi que se havia conquistado muitos de meus objetivos profissionais, na minha vida pessoal havia algo que desejava muito e ainda assim nunca havia realizado: Morar fora do país e conhecer outras culturas. Quando criança, sempre gostei de mapas e de viajar. Tinha um interesse em destinos exóticos acima do normal e já havia encontrado uns 4 ou 5 “malucos” que faziam uma viagem de volta ao mundo por 6, 9 ou 12 meses, o que pra mim era ainda um sonho não concretizado.


Por que não realizar o sonho? Rapidamente, percebi que o que me impedia de tomar tal decisão era apenas o meu emprego, já que possuía condições financeiras, saúde, ainda não tinha filhos e minha namorada, que também tinha um sonho parecido, possivelmente abraçaria a ideia de ser minha companheira de viagem. Avaliei rapidamente os riscos de deixar um bom emprego e cheguei à conclusão que poderia me recolocar no mesmo patamar quando retornasse. E exatamente no mesmo dia, comecei o planejamento básico, no verso de um cartão de visitas da locadora de automóveis da ilha. Naquele cartão, que guardo até hoje, imaginei os países por onde gostaria de passar e estimei o custo diário de hospedagem e alimentação, bem como os custos com transporte - naquele momento nem imaginava sobre a passagem “Round the World”. Curiosamente, os valores estimados naquele planejamento de “papel de pão” ficaram bem próximos aos números do planejamento final, e melhor do que isso, bem próximos aos realizados na viagem.


Planejar, amar e viajar. Mas é claro que o planejamento de uma viagem pelo mundo, que durará um ano não é tão simples e por isso, assim que cheguei elaborei um cronograma das ações que deveriam ser realizadas, desde pesquisa de custos, vistos e vacinas necessárias em cada um dos países escolhidos, como também o planejamento financeiro. Para juntar grana, montei uma planilha de controle de gastos e estipulei valores máximos que eu, a partir dali, gastaria mensalmente com cada item (alimentação, moradia, lazer, etc.) Assim, como tinha um salário fixo, eu podia saber o quanto eu juntaria por mês. Além disso, eu estava com 30 dias de férias vencidas e somadas aos 30 dias de férias que eu iria ter direito um ano adiante isso me daria direito a mais 2 salários no momento da rescisão. Percebam que até então a narrativa está em 1ª. pessoa, pois apesar da Cintia – minha namorada ser parte fundamental dessa viagem, eu ainda não havia falado com ela, tudo estava apenas na minha


cabeça (e na minha planilha de Excel). Foi difícil falar com ela, apesar da ideia da viagem ser maravilhosa, era quase como um pedido de casamento, ou melhor, um pedido de casamento em que ela também deveria estar disposta a “largar tudo”, família, trabalho, amigos, etc. Em alguns momentos, tentei falar mas não consegui, até que finalmente num domingo de manhã consegui expor a ideia, e ela, apesar de inicialmente surpresa, logo abraçou a causa e a partir daí dividimos as tarefas do planejamento.

Obviamente a Internet é a principal fonte de informações e o TripAdvisor o maior companheiro dessa fase. Para facilitar, o planejamento inicial foi desenvolvido de maneira menos detalhada e dividido nos seguintes grupos de ações: -

Roteiro e transporte aéreo Hospedagem e Vistos Custos Saúde (vacinas, seguro e cuidados) Obtenção de Recursos


Outro ponto que estava presente no meu planejamento era o momento em que eu iria comunicar a empresa onde trabalhava sobre essa decisão. Eu já trabalhava lá a mais de 8 anos, sendo os 3 últimos anos numa importante posição gerencial onde, além de excelentes resultados eu possuía um ótimo relacionamento com meu chefe, que ainda hoje é um grande amigo. Havia decidido informar a empresa sobre minha saída com 4 meses de antecedência, para que houvesse tempo suficiente para a escolha de um bom substituto. Novamente tive alguma dificuldade em contar sobre a minha decisão, planejei umas 3 ou 4 vezes e não consegui entrar no assunto em nenhuma das vezes em que conversei com meu chefe. Não porque tivesse alguma dúvida ou medo de deixar o emprego, mas tinha certo receio de como minha decisão seria vista pela empresa. Um dia, num daqueles em que trabalhamos até tarde e todos já haviam saído do escritório, por volta das 8 da noite, eu o chamei para uma conversa e sem muita enrolação fui direto ao assunto. Ele ficou surpreso naquele momento mas me disse que imaginou que eu iria comunicar que estava indo trabalhar em outra empresa e me deu o maior


apoio. Disse que também tinha um sonho como o meu, mas não teve oportunidade ou quem sabe coragem suficiente de tomar a mesma decisão. Ele me disse um monte de coisas bacanas sobre o tempo que havíamos trabalhado juntos e isso me deu um baita apoio, principalmente por ter dito que eu conseguiria me recolocar facilmente quando retornasse, inclusive na mesma empresa. Esse fator foi muito importante pra mim, já que apesar de ter certeza que era exatamente aquilo que eu gostaria de fazer, em nenhum momento eu queria jogar tudo pro alto ou sair sem saber quando ou o que fazer ao retornar. Ter a confiança de que poderia me recolocar no mercado “facilmente” ao retornar me dava mais certeza de que tinha tomado a melhor decisão de minha vida. Bom, quase todas as etapas estavam cumpridas, faltava agora nossa festa de despedida e depois arrumar as malas. Realizamos uma daquelas. Fizemos uma “festa do branco” na casa onde eu morava. Foram mais de 130 amigos presentes, 2 DJs (também amigos) e muito champanhe para brindar aquela aventura que estava prestes a começar.


Conexão:

BRASIL

Express

Por Mari Fonseca. Fotos: Rodrigo Oliveira e Marcia Fonseca. Ilustrações: Richard Porcel

V

isitar

cada

belo

fragmento

da Bahia requer muitos dias. Mas, isso não é motivo para desanimar e riscar do planejamento um final de semana na terra dos orixás. Com

uma

câmera

na

mão

e

exatamente 48h, consigo provar que é possível conhecer maravilhas baianas nesse curto período de tempo. Basta planejar, saber o que quer ver e se abrir para o novo. Na Bahia, tudo é diferente, tudo é cultura, tudo é “fotografável”.



Vôo de Campinas a Salvador: Desembarque às 2h30min da sexta para o sábado.

Aeroporto de Salvador A cultura baiana dá as boas-vindas logo no desembarque. Uma baiana do acarajé te saúda oferecendo parte de sua comida típica, mesmo que o cartaz não passe de um enorme papelão estampado no corredor do desembarque ainda assim, dá um gostinho do que está por vir. O

calor

é

explícito.

Mesmo

deixando a sub-capital paulista com 10 graus, 2h30min de voo distantes, foram suficientes para nos fazer sentir desespero e, ao pisar em terras baianas, tirar os casacos que nos envolviam. Sim, é mais do que possível acompanhar o letreiro “sorria, você está na Bahia!”


Cá estamos. O cheiro de dendê parece surgir de todos os cantos, ao mesmo tempo em que nota-se uma infecção de alegria condicionada ao poder do turismo! O longo arco moldado por bambus finaliza a experiência de dentro do aeroporto e inicia a chegada a Salvador.


Foto: Marcia Fonseca Igreja do Nosso Senhor do Bonfim. Considerado o maior centro católico baiano, erguida a partir de 1745 tendo sua arquitetura em estilo neoclássico.

Foto: Marcia Fonseca


Depois de dormir um bocado, fomos visitar a praia de Guarajuba e partir para o centro histórico. Horas restantes de visita: 40h

Ahhh Salvador! Cumbuca que abriga o Pelourinho, Farol da Barra, Mercado Modelo, Igreja do Bonfim, barracas e mais barracas de cocada, tabuleiros de acarajé, abará, vatapá, entre outras relíquias alimentícias que nos enchem a boca d’água. Apesar de todas as maravilhas que atraem os turistas, Salvador também tem seu lado negativo, como toda grande cidade. A cada fitinha do Bonfim que amarramos no pulso ou tornozelos para nos trazer boa sorte e força a cidade em si parece não poder desfrutar do mesmo. Praias impróprias para o banho, esgoto que atravessam a cidade e desembocam no mar são fatos ignorados, mesmo que estejam incrustados ao lado de um grande cartão postal da cidade e a violência é também um dos fatores muito comentados. Como toda cidade praiana, a vida noturna desperta a malícia e o abuso alcoólico, tornando algumas ruas perigosas para se caminhar. As diferenças sociais podem ser vistas mesmo a luz do dia dentre os morros e bairros do centro. Falta de planejamento, falta de segurança, falta de cuidado para com as crianças, uma judiação.


Foto: Marcia Fonseca Farol da Barra O farol está localizado no interior do Forte de Santo Antonio da Barra, o primeiro do Brasil e o mais antigo do continente (1698). Erguido em 22m de altura para auxiliar as embarcações que chegavam à Baía de Todos os Santos, no século XVII.


Depois de passar o dia batendo perna, nada mais merecido do que parar para uma farta e tardia refeição. Horas restantes de visita: 34h30min

As “Lambretas” recém devoradas.

Indicando com tom de turista sabida, vale a pena almoçar no restaurante Barravento, localizado na Avenida Oceânica, bairro da Barra e com uma bela vista da praia e do Farol da Barra. Ao mesmo tempo em que a atmosfera do local é composta por um atendimento de primeira, deixando-se levar pela constante brisa e calor agradável, você se sente tão à vontade quanto se estivesse estirada na areia. Não deve deixar de experimentar uma porção (pedida por dúzias) de lambreta (foto acima), um marisco, que é absurdamente suculento. Muito apreciada na culinária baiana, a lambreta é proveniente do mangue, sendo encontrada em abundância. Ela é tipicamente servida mergulhada em um caldo rico em temperos.


Faça em casa: Em uma panela acrescente ¼ de xícara de azeite de dendê, 1 cebola grande picada, 2 tomates cortados em pedaço, suco de 2 limões, sal e pimenta a gosto. Refogue tudo na panela, acrescente ¼ de xícara de coentro picado e 4 xícaras de água. Misture tudo e adicione as lambretas (3 kg). Tampe a panela e deixe ferver até as conchas se abrirem. Sirva os mariscos com o caldo ainda quente, usando as conchas de colher. Se a preferência for preparar algo tipicamente baiano adaptado ao gosto paulistano, de origem italiana, que tal um belo spaghetti acompanhado pelas belas primas da ostra?

Sirva os mariscos com o caldo ainda quente, usando as conchas de colher.


Seria um erro não mencionar a baiana que fica ao lado do Barravento. Fontes confiáveis me disseram que ela tem o tabuleiro montado ali, naquele mesmo local, há pelo menos 30 anos. A pedida clássica para qualquer turista esfomeado, inclusive de curiosidade, é o acarajé com vatapá, camarão e salada. Aquele bolinho crocante misturado aos sabores mais divinos me dá vontade de voltar àquela terra só para satisfazer minhas lombrigas.

Acarajé. - É dos deuses, eu admito.


Depois de conhecer um pouco de Salvador, na parte da noite ainda dá para fazer um churrasco na casa de amigos, acompanhado por bom papo, deitada na rede. Hora de dormir e me preparar para o próximo dia. Para o último dia, considerando que me restavam 14h30min (excluindo o tempo de vôo) até que eu retornasse a São Paulo:

Portanto, os destinos escolhidos foram os locais próximos a Lauro de Freitas (antiga Santo Amaro de Ipitanga). Cidade mais tranqüila que foge um pouco do foco turístico que tem Salvador. Fora de temporada, as praias em Lauro de Freitas tornam-se verdadeiras riquezas particulares aos moradores da região. Casas grandes, abrigando árvores frutíferas, faz de Lauro de Freitas um lugar altamente residencial e tranquilo para se morar.


Praia do Forte Antigo vilarejo de pescadores, Praia do Forte é hoje uma junção de belezas naturais e história, urbanizadas em pousadas de alto luxo, lojas de grife, barzinhos e restaurantes. A melhor forma de trafegar de Salvador a Praia do Forte é pela estrada do Coco, mas mantenha as moedinhas no console do carro, pois o trajeto apresenta pelo menos um pedágio a ser pago na ida e na volta. Confesso que a primeira impressão ao chegar é de tamanha organização paisagística que cada coqueiro ornamentadamente colocado de forma a compor um visual decorativo, causa bem-estar e uma vontade de relaxamento imediato. As lojinhas de artesanato vendem de tartarugas marinhas a quadros que expressam o dia-a-dia da cultura baiana. Se deixarse tomar pelo desejo de obter cada objeto, Na linha verde rumo à Praia do Forte.


Chegando à Praia do Forte.

acredite, deixarás uma boa quantidade de verdinhas no vilarejo. Se observar bem ao caminhar, por detrás das lojas de grifes e dos painéis convidativos dos restaurantes, ainda se pode notar parte das raízes do local. Em um canto aqui, n’outro ali, baianas fazendo tererês e aplicando miçangas em cabelos que visivelmente estranham aquele pedaço de cultura. Côcos fresquinhos, recém-tirados do pé, adoçam os lábios das crianças que correm para lá e para cá, descalças, pela Praça São Francisco, a principal do vilarejo. Preciso mencionar as cocadas que derretem na boca?


Entrada do Eco Resort Praia do Forte Hotel.

Lagoa - Praia do Forte.


Projeto Tamar

Mas nem só comércio, beleza, recifes de coral e ótimos serviços a Praia do Forte fornece, lá é possível conhecer de perto um dos projetos mais bem estruturados quando o assunto é proteção da vida marinha, mais especificamente as tartarugas marinhas. O projeto TAMAR, nascido em 1982, possui mais de 20 bases, sendo a da Praia do Forte a melhor equipada. É um verdadeiro museu a céu aberto. Entre tanques e aquários, são mais de 600 mil litros de água salgada onde habitam diversos exemplares de peixes, tubarões, arraias e tartarugas marinhas em diferentes estágios do ciclo de vida. A interação com o projeto é permitida através do próprio museu bem como pelas salas multimídias, vídeos, painéis fotográficos e lojas. O custo para a visita


é um pouco salgado, 15 reais por adulto, sendo meia-entrada para os estudantes. Entre os meses de dezembro e fevereiro, é possível acompanhar os biólogos soltando tartaruguinhas recém-nascidas na areia, de volta ao mar. Cerca de 600 mil pessoas visitam o local, entre membros da comunidade, estudantes, pesquisadores, turistas de diversas partes do Brasil e do mundo. Um projeto que não só visa a conservação marinha em 1.100km de praias brasileiras, como também dá aulas de educação ambiental, garante o desenvolvimento sustentável da comunidade local e abastece os centros de estudo com pesquisa aplicada.

Tanques das Tartarugas


Tartaruga

Raia Lixa

Tanque de peixes


Dentro das 48 horas, ainda restam alguns momentos para contemplar e agradecer por tudo que a “Terra de Todos os Santos” ofereceu tomando um delicioso sorvete de mangaba e rezar para o Senhor do Bonfim para o mais cedo possível poder retornar. Axé.

A traveller autora Mari Fonseca é paulistana, cosmetóloga, ama fotografar e conhecer novas culturas. Por isso, sempre que pode, mesmo que por 48 horas, viaja para lugares diferentes.


Como arrumar a sua mochila Por Luís Fernando Carbonari Ilustração: Richard Porcel.

Carregue apenas o necessário. Olá caros leitores, Na matéria anterior falamos em como comprar uma mochila cargueira. Nesta edição, daremos seqüência mostrando como arrumá-la. Assim como uma mochila mal ajustada, uma mochila mal arrumada trará uma série de contratempos à sua viagem, desde a perda de tempo buscando algo no seu interior até dores nas costas e perda de equilíbrio. É muito importante lembrar também, que todo espaço é precioso e deve ser aproveitado quando se pretende mochilar. O primeiro passo é decidir o que será ou não será necessário.



Lembre-se: Itens colocados sobre seus ombros que não forem utilizados apenas acrescentarão peso desnecessário ao seu equipamento. (Tal informação parece óbvia, porém é um dos principais erros cometidos por quem se aventura com um mochilão nas costas).

Se necessário, faça uma lista por escrito de tudo o que necessitará. Costumo fazer um exercício mental, imaginando cada dia e cada atividade da minha viagem e escrevo na minha lista os itens que realmente precisarei. Com a lista feita, reveja os itens, repense o seu uso e caso tenha que ir até uma loja e adquirir alguma coisa, escolha sempre a opção mais leve, sem esquecer a qualidade, lembrando sempre de não estourar o orçamento, tarefa difícil quando se trata de comprar equipamentos.

Lembre-se: A mochila não deve ultrapassar 30% do peso corporal de quem a carrega.


Nesta altura, você já deve ter certeza de tudo que precisará. Chega então o momento de colocar tudo para dentro. Faça isto alguns dias antes da partida e separe um bom tempo para a atividade, pois sua mochila será montada e desmontada diversas vezes ao longo da viagem e treinar um pouco este processo é fundamental. Com a prática tudo ficará mais fácil. Para começar, separe seu equipamento em 3 grupos: peso leve (saco de dormir, isolante e roupas), peso médio (fogareiro, canivete, calçados, luvas, etc), peso pesado (barraca, água, comida e afins). O

equipamento

mais

pesado

deve

sempre

estar

posicionado próximo as costas, os intermediários logo a frente destes e os mais leves na parte mais afastada do corpo. Quanto à altura dos materiais mais pesados, estes podem variar um pouco de acordo com o tipo de terreno. Para terrenos pouco acidentados ou urbanos, vale colocar o maior peso na altura das escápulas e no caso de terrenos mais acidentados desloque o peso mais para o centro das costas. Coloque os produtos químicos (combustível líquido) mais baixo que a comida ou, melhor ainda, em bolsos externos perfurados pois se o mesmo vazar não contaminará os alimentos. Tente não prender nada pelo lado de fora da mochila, mas se tiver que fazê-lo, prenda-os para que não balancem e prejudiquem o equilíbrio.


Os itens de uso freqüente (GPS, Mapas, Bússola, Protetor solar, etc) devem ficar em bolsos externos, de acesso mais fácil. Algumas mochilas possuem pequenos bolsos nas barrigueiras ótimos para este fim. Cuide para que os equipamentos não formem protusões na parte externa da mochila, pois podem perfurar o tecido ou danificá-lo no caso da mochila raspar contra uma superfície mais dura, além do fato de ser extremamente desconfortável caso algumas destas protusões esteja na região das costas. Ao final da arrumação faça uso das cintas de compressão para que os volumes não fiquem soltos no interior da mochila, estes quando soltos, dependendo do terreno, provocam quedas, coisa que não desejamos quando carregamos tanto peso nas costas. Sacos plásticos, zip locks, capas e bolsas estanque nunca são excessivas, pois mesmo utilizando uma boa capa de chuva para mochila, proteção contra água nunca é demais. Quem já passou a noite em um saco de dormir úmido sabe bem o que estou falando. Não se esqueça da roupa suja...Sacos e mais sacos.


Lembre-se: Não deixe os sacos plásticos pelo caminho e sempre reutilize os que estiverem em condições para tal, para os demais: RECICLAGEM!

Estas são regras básicas que não podem faltar. No mais, arrumar uma mochila é um trabalho muito individual, um processo de tentativa e erro, no entanto, uma vez encontrado o ponto ideal, não bagunce o sistema, tente arrumar tudo sempre da mesma forma, deste modo você sempre saberá onde estão cada um dos seus itens e diminuirá muito a chance de perder algo pelo caminho. Boa Viagem!


TRANSIBERIANA Por Roberto Endo. fotos: Roberto Endo.

C

orria o ano de 1994 e eu acabara de pedir as contas e

do meu emprego no Japão e ia voltar ao Brasil. Mas sempre tive vontade de passar um tempo “mochilando” pela Europa, assim resolvi tirar um ano sabático e comecei a buscar informações sobre a Europa.


Entrei numa livraria de Tóquio para comprar alguns guias para a Europa. Procurando nas estantes … Europa, Europa … Eis que acho um guia da “Transiberiana”. Hein, o que é isso? Dei umas folheadas e o trajeto me fascinou. Uma viagem de trem saindo do extremo oriente e indo para Moscou, com duração de cinco dias. Comprei o livro e comecei a planejar a minha viagem.


Preparando a viagem Por

qual

rota

ir?

Existem

três rotas da Transiberiana, todas terminando em Moscou. A primeira sai de Vladisvostok (quem já jogou War, se lembra desse nome). Fica no extremo oriente da Rússia, um pouco ao norte do Japão. As duas outras rotas saem de Beijing (ou Peking, como queiram), uma seguindo para Ulan-Bator, capital da Mongólia e a outra sobe para Manchúria, ambas se juntam à primeira rota na altura do Lago Baikal, no meio da Sibéria. Depois de pensar muito, resolvi pegar a rota Beijing - Manchúria Moscou. A minha decisão se baseou no fato de (1) querer conhecer Beijing (2) fiquei com um pouco de receio de passar pela Mongólia, coisa da qual me arrependo hoje.


O guia em japonês, indicava algumas agências de viagens em Tóquio especializadas em pacotes para a Transiberiana. Resolvi contratar uma delas para providenciar as passagens terrestres e aérea de Tóquio até Beijing, bem como os hotéis em Moscou e Irukutsk. Eu fiz a viagem em maio, ou seja, um pouco antes do verão, em plena primavera. O guia mostrava muitas fotos impressionantes da travessia durante o inverno. Até pensei “Já que vou para a Sibéria, vou no inverno”, mas dado as minhas limitações de tempo, resolvi ir na primavera mesmo. Comprei uma mochila, alguma comida desidratada e levei um único livro para o caso de ficar entediado.


Começando a viagem Após alguns dias em Beijing, vou eu para a estação de trem, a noite, com a passagem na mão. Sem grandes problemas, achei o trem, o meu vagão e finalmente a minha cabine. A cabine é bem confortável porém austera, somente com o mínimo necessário. São dois bancos, um de frente para o outro, que a noite são usadas como camas. Existem mais dois beliches sobre os bancos. Assim, um total de quatro pessoas podem dormir em cada compartimento. Sob os bancos, existe um compartimento para colocar as bagagens e ao lado, uma pequna mesinha dobrável. Em cada vagão existe um banheiro, tipo de avião, mas nenhum chuveiro a vista. Cada vagão também


tem uma pequena cabine para o “comissário de bordo”, “ferromoço”, ou seja lá como chamam … um funcionário da ferrovia que toma conta de nós durante a viagem. Embora o trem saia da China, eles são russos.

os “ferromoços”

Na hora prevista, pontualmente o trem inicia a jornada rumo ao norte. Minutos depois entra um russa como o uniforme da ferrovia e vomita palavras que por mim poderiam ser em klingon. Falei a única frase que sabia em russo … “Não entendo!”. Gestos para lá e para cá e mostrei o visto, passagem e ela foi embora. OK,


primeiro obstáculo, check! Não sei se é bom ou ruim, mas a viagem começou comigo sozinho na cabine. Como estava exausto, peguei um dos bancos e dormi profundamente. Me lembro vagamente do trem parar em algumas estações, mas ninguém entrou na minha cabine. Acordei ainda na China, vendo uma paisagem rural, bem pobre. Afinal a China ainda não era a potência que é hoje. Depois de um dia, o trem parou por algum tempo na fronteira entre a China e a Rússia. Entram tres homens mal encarados e tome mais dessa língua maldita que não entendo nada. Mostra visto, passagem e tudo bem. O trem ia demorar um bom tempo para sair e resolvi esticar as pernas um pouco pela estação. Foi ai que eu descobri que existem vários estrangeiros viajando no mesmo trem. Eles acabaram ficando concentrados em outros vagões, após o vagão-restaurante e eu era o único deste lado. Nunca soube exatamente o horário que esse maldito vagão restaurante estava aberto, sempre que ia tentar passar para o outro lado, ele estava fechado Iniciamos a viagem. Olhando pela janela, vejo um pequeno bimotor sobrevoando o trem. Sensação estranha, parece que voltei uns 50 anos no tempo. Vendo essa relíquia voando e junto com a paisagem camponesa, que não devia ter mudado nada da época do Stalin.


Numa das paradas do trem vejo pela janela um trem parado na outra linha. Trem militar, carregando tanques russos. Pensei em tirar uma foto, mas pensei melhor e acabei desistindo. “Caldo de galinha e cautela não fazem mal a ninguém”. Em uma estação entram dois camponeses russos na minha cabine, c arregando sacolas e falando de novo essa língua maldita. Um deles coloca várias coisas na mesinha da cabine e fala algo que deve ser “Olha, pode comer o que quiser aí. Depois ele insiste que eu tome o vinho que ele tira da sacola. Vinho marrom? Pus dois dedos no meu copo, por educação, e mandei ver. Prezados leitores, nunca tive uma ressaca tão rápida. Uma hora depois, a minha cabeça estava latejando.

Eu e a japonesa


Estação de Irukstk, com o trem na frente.


Parando em Iruktsk Sabia que o trem não tinha chuveiro, assim programei uma parada de alguns dias em Iruktsk, uma cidade grande para os padrões siberianos, com mais de meio milhão de habitantes. mais ou menos no meio do caminho. Tinha curiosidade também, em conhecer o Lago Baikal, famoso por ser o lago com a maior profundidade do mundo. Cheguei

ao

hotel

com

alguma

dificuldade, pois é um pouco longe da estação. Larguei as minhas coisas e, depois de alguns dias sem, fui tomar um merecido banho. Depois liguei a televisão só para ter algum ruído, uma vez que obviamente nada de CNN ou algo em outra língua que senão o famigerado russo. De repente, começa um programa e na tela aparece “Riacho Doce”. Peraí, estrelando uma tal de “Fernanda Montenegro”. O que? Coisas dessa uma tal de globalização - que nem existia na época.


Obviamente, não entendi nada, pois estava dublado. Aliás, não sei se “dublado” é a palavra correta, uma vez que eu ouvia uma única voz. Acho que “narrado” deve ser o mais correto. Depois desse “choque” cultural, abri a janela para ver a paisagem. O sol estava perto do horizonte e imaginei que ia dar uma bela foto do por do sol em alguns minutos. Câmera na mão esperei o sol ser pôr… esperei, esperei… E o maldito sol não desce! Ele vai rastejando junto ao horizonte… Demorou quase uma hora para o sol se por, no Brasil demoraria alguns minutos! Nessa hora me lembrei da Dorothy no Mágico de Oz: “Toto, we are not in Kansas anymore!”. Sim, Dorothy, estamos na Sibéria. Passeando pela cidade, vi uma coisa inusitada. Como era início de verão, tem uma árvore que joga uma espécie de “paino” no ar, parece uns tufos de algodão. Ela está por toda a parte, no ar, amontoados nas calçadas. Vi adolescentes acendendo uma camada dessas no chão e ela queima como se fosse aqueles “caminhos de rato” que fazia com pólvora quando criança.



Vi

também

pela

primeira vez uma estátua do “camarada” Lênin. Lembre-se que estamos em 1994, quatro anos após a queda do muro de Berlim e do esfacelamento da antiga União Soviética. E, diga-se de passagem, foi a única que vi em toda a viagem pela Rússia. Outra

coisa

que

me

impressionou,

foi

um

grafite do Jim Morrison em uma parede. Lenin e o vocalista do Doors, me pareceu algo estranho, incompatível. Paguei um tour para ver o lago Baikal, que é bonito, mas nada de extraordinário. Na volta, batendo uma conversa com a guia, que graças a Deus falava inglês, perguntei como é o inverno. Ela, falou que o último não foi tão severo. -“Severo” quanto? - Na


maior naturalidade ela falou que “só” fez menos 35 (trinta-ecinco!) graus negativos. “Ah, tá. Que bom, né!” Apenas como curiosidade, o ano 1994 era o ano de copa do mundo nos Estados Unidos. Comecei a minha viagem assistindo o primeiro jogo do Brasil em Beijing, no segundo jogo estava exatamente em Irukutsk. Para descobrir a hora e o canal que ia transmitir o jogo foi uma novela. Só faltou eu fazer embaixada com uma laranja para o sujeito do hotel entender que queria saber de futebol!

Lago Baikal.


Destino … Moscou Depois dessa parada em Irukutsk, peguei o trem na manhã seguinte para a segunda metade da minha travessia pela Rússia. E lá vem a “ferromoça”, bonitinha por sinal, falando essa língua maldita e eu falando a famosa frase “Não entendo”. Eis que ela abre os lindos lábios e me pergunta “Hablas Español?”.

Não

acreditei

no

que

ouvi, mas respondi em uma fração de segundo. “SI! Por supuesto!”. Obiviamente conversamos muito durante a viagem, ela me falou que todos os “ferromoços” do trem são estudantes de uma escola de línguas de Irukutsk. E que falou sobre mim para um colega dela que trabalha em um outro vagão, que também estudava espanhol e que ele estava louco para me conhecer.


Fui lá encontrar o tal amigo dela, o Anton. Nem se eu fosse o czar seria tão bem recebido. Me levou para a cabininha dele no vagão, me ofereceu chá, pães fritos (pirosk), e conversava, conversava.

Notava

que

ele

tinha

uma demanda reprimida de treinar o espanhol dele. Coitado, se ele achou que o meu “portunhol” é a língua que ele estudou com tanto afinco, deve ter ficado decepcionado. No final, ele até me deu um emblema da ferrovia russa que ele usava na lapela. Até hoje tenho esse emblema e me lembro do carinho com que fui recebido.

Em uma das estações que desci para esticar as pernas vejo uma banquinha vendendo de tudo. Tudo mesmo, pois tinha latas de café Iguaçu. Óia a globalização de novo! Ao longo da transiberiana, junto aos trilhos existe uma marcação da quilometragem que falta para Moscou. É desesperador você ficar vendo os números caindo lentamente, 4756, 4755, 4754 …


Marco de divisテ」o entre テ《ia e Russia.


Segundo o meu guia, existe um marco que mostra a divisão entre a Ásia e a Europa que é imperdível. Estava com a minha japonesa no vagão restaurante aguardando ansiosamente o tal marco, contando os quilometros que faltavam como se fosse a contagem regresiva do lançamento do ônibus espacial. Máquina pronta e passa o famigerado marco. Um olha para a outro com uma cara de .. “É isso?”. Anticlímax total!

Uma vez que entramos na Europa, as cidades vão ficando mais comuns, maiores e modernas. Depois de dias na Siberia, diria até que são cosmopolitas.

O trem chegou a Moscou e o mais incrível é que depois de milhares de quilômetros, com apenas alguns minutos de atraso. Mesmo eu que estava acostumado com a pontualidade até doentia dos trens japoneses, fiquei impressionado. E assim termina a minha viagem pela Sibéria. Passei alguns dias em Moscou e depois fui para São Petersburgo, antiga Leningrado. As duas cidades são belíssimas, mas aí é outra história para outra edição.


Corpo são, viagem sã Por Ítalo Lourenço Fotos: Karina Magosso

Na edição anterior, falamos sobre a importância que a prática de uma atividade física tem para que sua viagem corra bem. Nesta edição, será dada uma explicação mais específica, tentando esclarecer a maneira mais coerente de se preparar para a trip. Vamos falar desta vez sobre uma parte importantíssima para o bom transcorrer de qualquer viagem, mas que não raro é tratada com pouco ou nenhuma preocupação. Durante todo o trajeto da viagem estamos sujeitos a carregar nossa própria bagagem para todos os cantos. Seja na praia, mochilando numa grande cidade ou em trilhas, para transportar nossa bagagem, lá estão as mochilas, imensas, carregando tudo o que se possa imaginar. No entanto, não é o tamanho da mochila com o que deve preocupar, mas sim o que as está suportando: nossas costas.



Existem inúmeras variações de sobrecarga nas costas, e a lombalgia é o fato mais comum de acontecer, no caso da região posterior do tronco não estar muito bem preparada.

Para que se possa realizar todo o trajeto da viagem sem um grande desconforto ou mesmo desenvolver uma lesão, mostraremos a seguir alguns exercícios que poderão auxiliar no trabalho de fortalecimento da área posterior do tronco:

Pulley Frente Partindo de uma posição sentada, seu tronco deverá estar levemente inclinado para trás. Ao pegar na barra posicione suas mãos de forma que seus braços, ao trazer a barra em seu peitoral, formem um ângulo aproximadamente de 90 graus. Traga a barra até que ela esteja bem próxima do peitoral. Seus braços deverão estar bem abertos. Depois, retorne-a a posição inicial. Esse exercício estará fortalecendo, principalmente o grupamento muscular do Grande Dorsal. Secundariamente, outros músculos serão envolvidos, como o Deltóide Posterior, Bíceps Braquial, Trapézio porção Descendente e Rombóides.


1

2


Remada Pulley com Triângulo

Na posição sentada, posicionar-se de maneira que seus joelhos fiquem quase estendidos. Ao pegar o triângulo, certifique-se que seu tronco esteja bem ereto. Para executar esse movimento, se deve trazer o triângulo até a altura do umbigo, sendo que seus braços nesse momento estejam com um ângulo um pouco menos inferior a 90 graus. Retornar o triângulo à posição inicial. Tome cuidado para que seu tronco não realize nenhum tipo de movimento, só os braços deverão se mover. O exercício mencionado estará recrutando os músculos Rombóides, Trapézio Porção Média. Deltóide Posterior, Redondo Maior e Bíceps Braquial são músculos secundários.


1

2


Hiperextensão do Tronco Posicionar-se em Decúbito Ventral - mais popularmente falando – deite-se de barriga para baixo, coloque suas mãos atrás da cabeça. Posicione as pernas estendidas e unidas e depois faça um movimento de extensão da coluna para cima. Tire seu peitoral do chão o mais alto que conseguir, elevando juntamente suas pernas ao mesmo tempo. Retorne a posição inicial. Esse exercício trabalhará todo o grupamento muscular denominado músculos “eretores” da coluna ou músculos paravertebrais, responsáveis no auxílio da sustentação e estabilização de sua coluna. Tome muito cuidado em realizar todos esses exercícios. Executem-nos em velocidade moderada. Conduza os movimentos evitando “trancos”.


1

2

Preferencialmente consulte um Educador Físico para que ele explique e organize melhor esses exercícios. Não os faça de maneira aleatória, pois para realizá-los é preciso uma coerência que só seu treinador saberá indicar. Com essas dicas de exercícios, você conseguirá fortalecer todo seu tronco de maneira que ele suporte grandes cargas evitando futuras complicações durante a viagem. Boa viagem e até a próxima! Ítalo Lourenço é preparador Físico e Personal Trainer – Graduado em Educação Física e Especialista em Biomecânica da Atividade Física e Saúde.


EDIÇÃO #2 JUNHO 2011

EXPEDIENTE Diretores Executivos: Rosana Sun e Johnny Wang Editor: Rodrigo Ferreira de Oliveira Diretor de Arte: Richard Porcel Colunistas: Carlos Meinert, Cristiano Garcia, Fábio Zunhiga, Ítalo Lourenço, Luís Fernando Carbonari, Mari Fonseca, Rina Gioia, Roberto Endo, Rosana Sun

Fotógrafos: AKPE/Divulgação, Carlos Meinert, Cristiano Garcia, Don Briggs, Fábio Zunhiga, Ítalo Lourenço, Marcia Fonseca, Mari Fonseca, Marina Klink, Rina Gioia, Rodrigo F. de Oliveira, Rosana Sun. Participe da Revista Volta ao Mundo com seus comentários, críticas, sugestões e elogios. Escreva e nos envie um email: contato@revistavoltaaomundo.com Para você leitor que gosta de viajar, escrever e dividir experiências, seja nosso correspondente. Se você é brasileiro(a) que mora fora do Brasil e gostaria de dividir suas experiências com os outros leitores viajantes, entre em contato conosco através do email: correspondente@revistavoltaaomundo.com E se você for nativo de algum país fora do Brasil e quiser ser nosso correspondente também poderá entrar em contato conosco através do email: correspondente@revistavoltaaomundo.com Obrigado e boa leitura! copyright 2011 revista volta ao mundo | todos os direitos reservados.


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