Revista do Sistema de Bibliotecas Vera Cruz
Romances que são filhos únicos Junho de 2018
Número 11
EXPEDIENTE
DIRETOR GERAL
Heitor Fecarotta DIRETOR DE GESTÃO
Marcelo Chulam DIRETORA PEDAGÓGICA
Regina Scarpa
REVISTA LER CONCEPÇÃO E PESQUISA
Alexandre Leite e Sandra Salgado (Biblioteca Geral) PROJETO GRÁFICO
Kiki Milan e Juliana Lopes (Casa Vera Cruz) EDIÇÃO DE TEXTO
Priscila Pires e Renata Blois (Comunicação) REVISÃO DE TEXTO
Iara Arakaki e Laís Alcantara (Casa Vera Cruz)
Sumário Apresentação........................................................................... 5 Imortalidade literária num único romance.................................... 6 Indicações do Sistema de Bibliotecas Vera Cruz........................... 8 Fontes...................................................................................... 23 Agradecimento pelas doações.................................................... 27
Apresentação O Sistema de Bibliotecas Vera Cruz dedica o 11o número da revista Ler aos escritores de um único romance. O romance é o gênero literário que, desde o século XIX, mais atrai público, sendo também o mais frequente dentre os escritores. Uma das causas desse fascínio dos leitores são os seus temas, que tratam de situações universais, como o amor, a tristeza, a família, a justiça e a moral, dentre outros. Para prestigiar escritores que, por diferentes motivos, escreveram um único romance, o Sistema de Bibliotecas Vera Cruz o convida a navegar por esta edição. Nas próximas páginas, apresentamos a origem do romance e suas características. Em seguida, fazemos um recorte específico sobre escritores conhecidos e prestigiados que, apesar da fama e da importância de sua obra, tiveram somente um romance publicado: seja devido à preferência pelo conto ou outros gêneros, seja por morte prematura, ou porque canalizaram toda sua inspiração e energia numa única história — e não voltaram a publicar outra. Trata-se, aqui, de escritores de talentos singulares, muitas vezes até incomparáveis, eternizados na cena literária com romances que transcendem gerações, são redescobertos por novos leitores e podem ser interpretados com outros sentidos e visões diferentes. Na parte final, destacamos, como de hábito, as doações recebidas nos meses de abril e maio de 2018. Conheça as biografias dos autores e escolha um ou mais romances para leitura. Todos estão nos acervos do Sistema de Bibliotecas Vera Cruz. Desfrute! Boa leitura!
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Revista Ler junho
Imortalidade literária num único romance O romance, herdeiro da epopeia (poema extenso que narra as ações e os feitos memoráveis de um herói histórico ou lendário), é um gênero da literatura que pertence ao modo narrativo. É uma história que se conta, em geral, por meio de uma sequência de eventos que envolvem personagens em um cenário específico. As possibilidades do romance são quase infinitas. As histórias podem ser lineares, cronológicas, ou ir e voltar no tempo. Os romances também podem tratar de uma época passada ou ser uma narrativa sobre os nossos dias. Narrativa contínua ou colcha de retalhos, o romance pode combinar cartas, diários, depoimentos, notícias de jornal, confissões, monólogo interior de um personagem etc. A história contada não precisa ter cunho amoroso: nem sempre o romance falará sobre amores impossíveis e paixões fulminantes. Romances envolvem histórias sobre qualquer assunto: aventura, guerra, crime e fatos históricos contados à maneira de ficção, dentre outros temas. Podem ser episódios baseados na realidade ou inventados, de caráter realista ou fantástico, com qualquer tipo de personagem, de qualquer classe social. São histórias que oferecem ao leitor experiências nas quais os personagens vivenciam as reais emoções da vida, retirando da narrativa sua cortina da ilusão. Muitos foram os autores que limitaram suas carreiras a um único romance, por diferentes causas. John Kennedy Tool, por exemplo, escreveu o cômico A confraria dos tolos; porém, acabou se suicidando em 1969. Beleza negra, um dos grandes best-sellers da literatura mundial, alcançou sucesso assim que foi publicado, e sua autora, Anna Sewell, morreu por hepatite cinco meses após o lançamento da obra. Já Margaret Mitchell foi apanhada de surpresa pelo enorme sucesso de seu livro de estreia, passando sua vida a lidar com a imprensa e a responder aos inúmeros pedidos que lhe chegavam. “Ser a autora de E o vento levou é um trabalho em tempo integral e, na maior parte dos dias, precisa de horas extraordinárias”, disse Mitchell a certa altura, para justificar o fato de não publicar nada novo. Giuseppe Tomasi di Lampedusa, por sua vez, nunca publicou um livro. Só depois de sua morte, seu único romance, O leopardo, se tornou uma das mais importantes obras da literatura italiana. Já Manuel Antônio de Almeida, médico e professor, foi outro nome a publicar tão somente um romance, que marcou a literatura nacional. Memórias de um sargento de milícias tornou-se um dos principais clássicos da literatura brasileira.
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Ao escolhermos 15 romances para esta edição da revista Ler, seguimos alguns critérios: incluímos obras presentes nos nossos acervos; e não incluímos autores vivos, pelo motivo óbvio de que ainda poderão publicar uma obra no gênero. Vale esclarecer que não consideramos novelas como romances ao contrário do Sistema de Bibliotecas Vera Cruz — e, por fim, elencamos somente os romances publicados num único volume. Abaixo você tem a seleção desses romancistas singulares, em ordem cronológica de publicação. Sua próxima leitura pode estar aqui!
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Indicações do Sistema de Bibliotecas Vera Cruz: Escritores de um único romance Edgar Allan Poe (1809 – 1849)
A narrativa de A. Gordon Pym / O relato de Arthur Gordon Pym (1838) Edgar Allan Poe é certamente um dos maiores especialistas na arte do conto e da poesia. Contudo, escreveu um único romance, considerado uma introdução ao seu universo criativo. A narrativa de A. Gordon Pym inicia-se com um tom sóbrio e verídico, passando por uma atmosfera de horror crescente, quando, finalmente, adquire tons fantásticos e metafísicos. O livro narra a odisseia do capitão de um veleiro americano, Gordon Pym, que passa por um motim e o respectivo massacre da tripulação, ocorrido em seu navio durante uma viagem cruzando os mares do sul. O mistério espreita nos abismos dos mares agitados, nos navios que vagam tripulados por cadáveres, nas torturantes horas de fome e sede passadas nas tempestades e nos horrores das terras desconhecidas e selvagens. O autor que melhor soube representar o mistério da morte na literatura, e que também morreu solitário e em circunstâncias misteriosas, como a maioria de seus personagens, não gostava de escrever romances. Suas narrativas curtas de terror e mistério e as policiais são marcos na história da literatura, com influência sobre grandes autores. Um espírito desequilibrado e uma alma atribulada fizeram Poe levar uma vida de miséria e desespero. Ainda assim, foi, ao mesmo tempo, a maior figura do Romantismo estadunidense e o mais universalmente conhecido de seus escritores. Sua vida pode ser considerada um desses romances vividos, os quais fornecem alta matéria para os escritores. Devido a excessos alcoólicos, Poe morreu em 7 de outubro de 1849, em Baltimore.
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Emily Brontë (1818 – 1848)
O morro dos ventos uivantes (1847) A inglesa Emily Brontë foi a quinta de uma família de seis filhos. Sua infância foi difícil e sofrida: primeiro houve a morte de sua mãe, depois, a partida para um colégio interno em Cowan Bridge, onde dois de seus cinco irmãos vieram a falecer devido a maus tratos, alimentação inadequada e noites mortificantes sem dormir por causa do frio. Após esses trágicos acontecimentos, seu pai resolveu trazer os filhos sobreviventes de volta para casa. O ambiente de seu lar, segundo a irmã Charlotte escreveu mais tarde, ao recordar a sua infância, tinha poucos atrativos para as crianças. Dessa forma, principalmente ela e suas duas irmãs, Charlotte e Anne, se dedicaram ao mundo inventivo da escrita. Brontë iniciou-se nessa arte por meio da poesia. Até que, em 1847, sob o pseudônimo de Ellis Bell, publicou seu tempestuoso e singular romance: O morro dos ventos uivantes. Trata-se de uma história de amor muito avançada para a Inglaterra do século XIX, na qual a paixão impossível de Heathcliff por Catherine, devido aos preconceitos sociais, se transforma em uma violenta obsessão por vingança. Emily Brontë criou um mundo próprio, perpassado pelo sobrenatural, para escrever uma das mais trágicas — e igualmente românticas — histórias da literatura inglesa. A força desse livro está na descrição dos personagens, na carga emocional das tramas, na tensão permanente — sobretudo na relação entre Catherine e Heathcliff — que a todo momento parece poder tornar-se um amor luminoso e absoluto, para logo cair na escuridão e na violência. A história se desenrola numa atmosfera incômoda e densa, na qual uma catástrofe é esperada a qualquer virada de página. O romance foi muito criticado, uma vez que sua narrativa não era comum para a época, ao apresentar um protagonista com tantos desvios de caráter quanto Heathcliff. Emily Brontë não conheceu o sucesso de sua obra, tampouco conseguiu escrever outros romances, pois morreu aos 30 anos por tuberculose, um ano após o lançamento de seu livro. Com sua gótica e pesada narrativa, O morro dos ventos uivantes continua sendo uma obra arrebatadora e impressionante, mesmo nos tempos atuais.
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Manuel Antônio de Almeida (1831 – 1861)
Memórias de um sargento de milícias (1852) O romance de Manuel Antônio de Almeida, escrito no período do Romantismo, retrata a vida no Rio de Janeiro durante o início do século XIX e reproduz, pela primeira vez na literatura nacional, a figura do malandro. Considerado um livro à frente do seu tempo, de caráter urbano e realista, Memórias de um sargento de milícias apresenta críticas à sociedade carioca da época, apesar de estar inserido cronologicamente na Escola Romântica. Por ser originariamente um folhetim, publicado semanalmente, o enredo necessitava prender a atenção do leitor com capítulos curtos e, até certo ponto, independentes, em geral, contendo um episódio completo. A trama, por isso, é complexa, formada por histórias que se sucedem e nem sempre se relacionam por causa e efeito. Memórias de um sargento de milícias é um dos principais clássicos nacionais e leitura obrigatória na maioria das escolas brasileiras. A obra foi publicada de forma anônima, sob o pseudônimo de "Um Brasileiro". Manuel Antônio de Almeida marcou a literatura nacional, inclusive com adaptações de sua obra para outras mídias. Filho de pais portugueses pobres, e órfão paterno desde os dez anos, o autor teve uma infância carente, contrária à de muitos escritores de seu tempo, o que o inspirou, na juventude, a escrever sobre a vida e os costumes da classe média baixa. Começou a trabalhar muito cedo e, ainda assim, conseguiu o diploma de médico. Mas sua paixão já se havia estabelecido: o jornalismo. Jamais exerceu a profissão para a qual havia estudado. Escreveu ainda uma peça, Dois Amores, além de diversos contos, crônicas, poesias e ensaios. Manuel Antônio de Almeida não conseguiu, no entanto, escrever outros romances porque morreu muito cedo, aos 30 anos, vítima do naufrágio do vapor Hermes, no litoral de Macaé (RJ). Na terceira edição de Memórias de um sargento de milícias, publicada postumamente, em 1863, o nome verdadeiro do autor passou a constar na obra.
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Anna Sewell (1820 – 1878)
Beleza negra / Diamante negro (1877) Beleza negra, um dos grandes best-sellers da literatura mundial, levou seis anos para ser finalizado. O romance foi escrito com a intenção de denunciar os maus-tratos contra os animais. A história é contada em primeira pessoa: trata-se da autobiografia do cavalo Black Beauty, algo inovador para a literatura da época. Anna Sewell nos revela o olhar do animal, que narra sua própria história desde potro, quando vivia em liberdade em uma fazenda com sua mãe. Black Beauty passou por dias difíceis, puxando carruagens e trocando de donos, até sua aposentadoria. Apesar de o romance ter se popularizado como literatura infantil, Anna Sewell o imaginou para todos os públicos. Seu objetivo era estimular as pessoas a lidarem com os cavalos com bondade e compaixão. A escritora, que aos 14 anos sofreu um acidente que deixou sequelas para o resto de sua vida, tornou-se dependente dos transportes puxados por cavalos. Seu constante contato com esses animais lhe possibilitaram ter um profundo conhecimento e respeito por eles. Anna Sewell escreveu o manuscrito de Beleza Negra entre 1871 e 1877. Nessa época, sua saúde estava cada vez mais debilitada; muitas vezes, a autora estava tão fraca que ficava confinada à cama, e escrever era um desafio. Ela acabou por vender o romance para uma editora em 1877, aos 57 anos de idade, e o livro foi publicado no mesmo ano. Anna morreu devido a uma hepatite cinco meses após a publicação de Beleza Negra, mas teve tempo de ver seu único romance tornar-se um sucesso. O livro vendeu mais de 50 milhões de cópias ao redor do mundo e se tornou uma das obras mais vendidas de todos os tempos, com várias adaptações para o cinema.
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Oscar Wilde (1854 – 1900)
O retrato de Dorian Gray (1891) Exímio dramaturgo e poeta, Oscar Wilde publicou seu único romance, O retrato de Dorian Gray, em 1890, como uma história publicada em episódios, na revista mensal Lippincott’s Monthly Magazine. Alvo de severas críticas morais em sua época, o romance foi acusado de violar as leis que protegiam a moralidade pública. Os críticos especializados brindam-no com adjetivos como “impuro”, “venenoso” e “nauseante”. Também os leitores se apressaram em condenar a imoralidade do romance. A discórdia foi significativa, a ponto de a editora responsável pela publicação do livro acabar por ordenar a retirada dos exemplares das bancas de jornal, apesar de, anteriormente, ter havido a censura de cerca de 500 palavras do texto original. Mas Wilde lutou pela obra e, em 1891, ampliou e revisou a versão publicada na revista, transformando a história em um romance independente. Mas, se é verdade que O retrato de Dorian Gray é um espelho da sociedade da época, também é, principalmente, um espelho do próprio autor. Oscar Wilde chegou a admitir que os três personagens principais não passavam de reflexos de si próprio. O protagonista do romance é um belo jovem, que vivia entre o hedonismo de Lord Henry Wotton, aristocrata que o incentiva a viver sem limites, e a paixão de Basil Hallward, pintor que se deixa arrebatar pela sua beleza. Numa incessante busca pelos prazeres da vida, Dorian Gray celebra, de certo modo, um acordo faustiano que lhe permite manter inalterada sua beleza e juventude ao longo dos anos. Mais de um século depois, porém, o único romance de Oscar Wilde continua sendo lido e debatido no mundo inteiro, para tornar-se um clássico de todos os tempos.
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Zelda Fitzgerald (1900 – 1948)
Esta valsa é minha (1932) Zelda Fitzgerald foi romancista, contista, poetisa, dançarina, pintora, socialite norteamericana e esposa do escritor F. Scott Fitzgerald. Esta valsa é minha, seu único romance, fornece um poderoso retrato de uma época e da vida de um dos casais mais fascinantes do século XX. Enquanto socializavam com grandes nomes da literatura, como Ernest Hemingway, seu casamento era uma mistura de ciúme, ressentimento e amargor. A tensão da união tempestuosa, o alcoolismo crescente de Scott Fitzgerald e a instabilidade cada vez maior de Zelda pressagiaram sua admissão, em 1930, num hospital psiquiátrico, onde foi diagnosticada com transtorno bipolar. Escrito no sanatório em apenas seis semanas, Esta valsa é minha é, ao mesmo tempo, um texto autobiográfico e um irrecusável convite para penetrar num universo feminino alegre e sensível, mas também carregado de desilusões. Zelda reordena suas ideias por meio da personagem Alabama Knight: fala da infância à sombra de um pai austero, dos namoros e da adolescência no sul dos Estados Unidos no período entre guerras, da vida com um artista na era do jazz, do sonho de se tornar uma bailarina profissional, das viagens à Europa, das festas e do álcool. Imagens inusitadas e a visão de um vazio cortante pontuam a narrativa de Zelda, mulher fascinante que, a exemplo de seu alter ego, jamais se conformou em ser apenas esposa de F. Scott Fitzgerald. Enquanto ele trabalhava em sua obra-prima, Suave é a noite, ela preparava sua própria versão daquela mesma história. Zelda é citada de forma pouco elogiosa por Hemingway em Paris é uma festa, como um impasse para a carreira de Fitzgerald. A obra de Zelda é, assim, uma boa chance de conhecermos sua versão dos fatos.
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Elias Canetti (1905 – 1994)
Auto-de-fé (1935) Elias Canetti era judeu búlgaro de nome italiano e origem espanhola que viveu na Inglaterra e escrevia em alemão. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1981, e iniciou a carreira literária com seu único romance: Auto-de-fé. Existem obras que já nascem surpreendentemente maduras na cabeça de um jovem escritor estreante como Canetti. E tampouco faltaram autores que, após uma estreia notável, não conseguiram, seja por falta de talento ou sorte, seja simplesmente porque morreram em seguida, repetir seu primeiro feito. Mas um caso como o dessa obra-prima, escrita por alguém que, após ter posto no papel sua grande narrativa ficcional, deixou a ficção de lado, beira a excentricidade. Pois, se Canetti a abandonou, ainda assim continuou praticando a literatura por mais meio século. Eis aqui o que havia de realmente peculiar na trajetória desse autor: ele se dedicava a um gênero e compunha, sem tentativas e erros aparentes, algo notável para, logo depois, mudar para o gênero seguinte. Centrada nos temas do isolamento, fanatismo, destruição e autodestruição, a obra foi banida pelo nazismo. Peter Kien, seu protagonista, é filólogo e sinólogo, grande conhecedor de línguas antigas, embora incapaz de penetrar nos problemas contemporâneos. Kien é proprietário da mais importante biblioteca privada de toda a sua cidade, levando consigo uma pequena porção dela aonde quer que vá. Temendo contatos físicos e sociais, Kien desposa, entretanto, sua velha governanta — ignorante e mesquinha —, que acaba por tirar dele tudo o que possui. O tema de Canetti é o embate entre o totalitarismo e a liberdade intelectual, descrita numa linguagem colorida e com farpas para todos os lados. Os personagens da obra interagem entre si, mas não dialogam efetivamente, pois cada um deles está fechado em seu próprio mundo e em suas metas individualistas. Falam e não ouvem uns aos outros. Eles não conseguem, em momento algum, estabelecer uma compreensão concreta do próximo ou do mundo.
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J. D. Salinger (1919 – 2010)
O apanhador no campo de centeio (1951) O livro narra um final de semana na vida de Holden Caulfield, jovem de 16 anos. Estudante de um pomposo internato para rapazes, Holden volta para casa mais cedo no inverno, depois de ser reprovado em quase todas as matérias. Durante o regresso ao seu lar, preparando-se para enfrentar a inevitável repreensão da família, Holden vai refletindo sobre tudo o que viveu. Ele repassa sua peculiar visão de mundo e tenta enxergar alguma diretriz para seu futuro. Antes de se defrontar com os pais, procura algumas pessoas importantes para si e tenta explicar a elas sua confusão mental naquele momento. O romance tornou-se um clássico inspirador para as gerações futuras, além de ter sido considerado mítico ao longo dos anos, fazendo de seu autor um dos maiores mistérios da história literária recente. Foi a primeira vez na literatura norte-americana que o universo juvenil foi estudado a fundo e exposto de maneira absolutamente natural, sem qualquer pretensão ou didatismo. As ideias, conceitos, tolices e as ditas loucuras da juventude nunca haviam sido traduzidas de maneira tão profundamente sintonizada com a realidade. O mesmo sucesso que consagrou de vez o talento de Salinger — que já vinha, desde os anos 1940, publicando contos em revistas — foi, sem dúvida, o responsável pelo rumo inesperado que sua carreira e sua vida tomaram desde então. Depois de vender 15 milhões de exemplares e virar uma celebridade mundial, Salinger — notoriamente tímido e agressivamente modesto em relação a seu talento – isolou-se em uma casa no topo de uma montanha, em uma cidadezinha de mil habitantes. Depois, foi diminuindo o ritmo de produção, e, por fim, cortou qualquer contato com a imprensa. Nos 50 anos seguintes, o autor escreveu muito pouco: apenas quatro livros, todos eles reunindo contos ou novelas, publicados entre 1953 e 1963. Desde então, até sua morte, nada mais foi publicado.
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Ralph Ellison (1914 – 1994)
O homem invisível (1952) Quando foi publicado, o único romance de Ellison provocou surpresa e polêmica por mostrar o sofrimento de um jovem negro nos Estados Unidos. A obra denuncia o racismo no país por meio da história de um jovem afrodescendente do Harlem, em Nova York, no início do século XX. O protagonista se descobre invisível para os brancos racistas e para os negros radicais. O personagem principal dessa história nunca revela seu nome. Porque ele é invisível — ou assim o fizeram acreditar —, uma invisibilidade como sinônimo da total falta de importância. Como negro e de origem pobre, ele não é ninguém. O livro é uma narrativa em primeira pessoa e traça a jornada física e psicológica do narrador, um jovem com nível universitário, lutando para sobreviver e ter sucesso em uma sociedade racialmente dividida, que se recusa a vê-lo como um ser humano. O livro está situado no período da era pré-direitos civis, quando as leis de segregação proibiam os negros norte-americanos de desfrutarem dos mesmos direitos humanos básicos com os brancos. Ellison nasceu em Oklahoma e chegou a ser trompetista, mas quando se mudou para Nova York, em 1936, descobriu a literatura. Ele já havia lido as obras de Ernest Hemingway, George Bernard Shaw e T.S. Eliot, que o impressionaram profundamente. O autor serviu na Marinha Mercante durante a Segunda Guerra Mundial, quando começou a escrever O homem invisível. Apóstolo da harmonia racial como condição para a existência de uma democracia americana, Ellison recebeu, por sua obra, o National Book Award — mais importante prêmio literário de seu país. Por toda a vida, trabalhou em organizações de direitos dos negros. Ellison publicou também dois livros de ensaios. Morreu aos 80 anos, quando escrevia seu segundo romance, lançado postumamente e ainda inacabado.
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Juan Rulfo (1917 – 1986)
Pedro Páramo (1955) O mexicano Juan Rulfo publicou, oficialmente, apenas dois livros — o romance Pedro Páramo e uma coletânea de contos – permancendo em silêncio literário pelo resto de sua vida. O reconhecimento de Pedro Páramo como uma das maiores obras literárias latino-americanas do século XX demorou para acontecer. Rulfo recebeu duas distinções notórias: o Prêmio Nacional de Literatura do México e o Prêmio Príncipe de Astúrias. Além disso, em sua homenagem foi criado, em 1991, o Prêmio Juan Rulfo, que laureia os grandes nomes da literatura latino-americana. Os pais do autor eram proprietários de terra, mas perderam tudo o que tinham na Revolução Mexicana — fato que serviu de inspiração para o livro. No contexto violento da Revolução Mexicana, Rulfo teve de se mudar para um orfanato na Cidade do México. Ainda que a profundidade da obra extrapole qualquer sentido autobiográfico, é sensível no romance a constante alusão à realidade violenta da Revolução. Pedro Páramo é um romance para se ler e reler; e, mesmo breve, tem histórias intermináveis. Às voltas com a mãe moribunda, Juan Preciado promete a ela que irá atrás de seu pai, Pedro Páramo, na distante cidade de Comala, para reaver o que é seu de direito. Ao chegar lá, se vê diante de um lugar quase abandonado, destruído pela revolução. Juan Preciado descobre que seu pai está morto há anos e que Comala deixou de existir quase que por completo, não fossem pelos defuntos que lá vagam sem rumo. O texto começa com um estilo realista e um tom mais neutro e descritivo; com o passar dos episódios, a linguagem vai se tornando mais poética e os narradores vão se multiplicando e se contradizendo, até que, por fim, o romance se torna fantástico. A busca de Juan Preciado por seu pai, Pedro Páramo, motivo central da narrativa, acaba se tornando mais uma dentre as dezenas de buscas do romance, narrado em um ambiente desolado e triste.
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João Guimarães Rosa (1908 – 1967)
Grande sertão: veredas (1956) O romance Grande sertão: veredas é considerado uma das mais significativas obras da literatura brasileira. Guimarães Rosa fundiu nesse livro elementos do experimentalismo linguístico da primeira fase do modernismo e a temática regionalista da segunda fase do movimento, com uma narrativa única e inovadora. Guimarães Rosa fez uso do material de origem regional para uma interpretação mítica da realidade, por meio de símbolos e mitos de validade universal —a experiência humana pensada e recriada mediante uma revolução formal e estilística. Nessa tarefa de experimentação e recriação da linguagem, o autor usou diversos recursos: desde a invenção de vocábulos até arcaísmos e palavras de origem popular; invenções semânticas e sintáticas, que resultam, assim, numa linguagem que não se acomoda à realidade, mas que se torna um instrumento de captação dela mesma. Seria mesmo impossível para João Guimarães Rosa escrever outro romance depois da catedral linguística denominada Grande sertão: veredas. Ele publicou novelas, contos e até mesmo poemas, mas nunca mais escreveu outro romance. A obra é elogiada pela originalidade de estilo no relato de Riobaldo, que repassa sua experiência de vida como jagunço, na saga que se inicia em seu encontro com Reinaldo, cujo apelido é Diadorim. Ainda adolescentes, ambos travam uma amizade que cruza toda a trama, em meio a aventuras de tiros e sossegos de um amor silencioso por fora, mas revolto por dentro. Conteúdo e forma se abraçam de modo rico e profundo nessa narrativa. Tempo e espaço se esgarçam e se costuram, se dilatam e se comprimem, ora buscando o sertão de fora, ora penetrando o sertão de dentro de cada um — em meio ao espanto de questionamentos sobre amor, amizade, morte, vida, loucura, bem e mal, Deus e o diabo, violência, coragem, desalento, sobrevivência, ciúme, dor, tristeza, esperança, erros e acertos. Na obra, todos esses elementos atravessam o corpo e a alma de Riobaldo. Do mesmo modo, evidentemente, esses fatores perpassam a contingência de vida presente no romance, bem como o corpo e a alma do leitor sensível.
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Boris Pasternak (1890 – 1960)
Doutor Jivago (1957) Boris Pasternak, judeu moscovita, é considerado um dos maiores poetas russos do século XX, que se limitou a escrever apenas um romance, o épico Doutor Jivago. Pasternak não pôde publicá-lo na então União Soviética devido ao teor anticomunista do livro. Os originais foram contrabandeados e editados na Itália, em 1957, tornandose um best-seller e fazendo com que o autor russo recebesse o Prêmio Nobel de Literatura, em 1958. As autoridades soviéticas tentaram impedir a publicação da edição italiana, dentre outras, sem sucesso. Pasternak passou a ser considerado um traidor e foi expulso da União dos Escritores. Para não ser desterrado, forçaram-no a renunciar ao Nobel e a se recolher em um exílio interno em Peredelkino, datcha localizada perto de Moscou – onde morreu de câncer, em 1960. A adaptação para o cinema também ajudou a popularizar a obra e o autor em todo o mundo. Na então União Soviética, Doutor Jivago só foi publicado em 1988, depois da reabilitação de Pasternak pela União dos Escritores. No livro, o autor traz à tona o drama e a imensidão da Revolução Russa pela história do médico e poeta Iúri Andréievitch Jivago, em seu constante esforço de se colocar em consonância com a Revolução. Por meio de seu olhar hesitante, o leitor testemunha a eclosão e as consequências de uma das insurreições mais decisivas do século passado. Em tempos em que a simples aspiração a uma vida normal é desprovida de qualquer esperança, o amor de Jivago por Lara — e sua crença no indivíduo — ganham contornos de um ato de resistência. Seguindo a grande tradição do romance épico russo, Pasternak evoca um período historicamente crucial, e nele retraça um panorama completo da sociedade da época.
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Giuseppe Tomasi di Lampedusa (1896 – 1957)
O Gattopardo / O Leopardo (1958) Único romance do escritor italiano Giuseppe Tomasi di Lampedusa, O Leopardo foi recusado por duas editoras, e só veio a ser publicado um ano depois da morte do autor, quando ganhou atenção da crítica e se transformou num cultuado best-seller na Itália. O aristocrata Giuseppe Tomasi di Lampedusa era um homem letrado. Admirador de Stendhal, sobre quem escreveu um ensaio, conhecia Freud e Joyce, mas preferiu contar a história de Gattopardo, príncipe siciliano inspirado em seu bisavô e em si mesmo, à maneira de um romance do século XIX. A obra trata da decadência da aristocracia siciliana, tornando famosa a seguinte citação: “Algo deve mudar para que tudo continue como está”. Ambientado num universo intensamente melancólico e sensual, repleto de elementos de ironia e humor, O Leopardo narra a história do príncipe Dom Fabrizio Salina e de sua decadente família aristocrática siciliana – cujo brasão carrega inscrito o leopardo que dá nome ao livro –, ameaçados pelas forças revolucionárias e democráticas durante os embates dessa transição. Na Itália dos anos 1860, os fragmentados Estados italianos viviam um tormentoso processo de unificação, e o estabelecimento de uma nova ordem se mostrava cada vez mais pungente. Nesse intrincado contexto, o príncipe Salina precisa decidir como encarar as novas mudanças que se impõem tanto em sua vida pública como em sua vida privada. O príncipe é um homem de visão, além de grande conhecedor de astronomia, que vê seu passado aristocrático se dissolver. Ele percebe que não tem outra escolha senão apoiar o processo irreversível de unificação da Itália e o casamento do sobrinho — que é nobre, mas não possui um tostão — com a filha de uma família de camponeses, cujo pai fez fortuna.
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Sylvia Plath (1932 – 1963)
A redoma de vidro (1963) No dia 11 de fevereiro de 1963, a escritora Sylvia Plath se suicidou. Não demorou para que ela se tornasse uma espécie de mártir: além de sua obra poética ter cativado muitas pessoas de modo profundo, veio à tona o relacionamento abusivo com seu marido Ted Hughes, também escritor. A morte de Sylvia aconteceu poucas semanas após a publicação de seu único romance, A redoma de vidro. O livro foi publicado pela primeira vez em Londres, em janeiro de 1963, sob o pseudônimo de Victoria Lucas, devido às dúvidas da autora sobre seu valor literário. Além disso, ela temia os possíveis transtornos que seu livro poderia causar à vida das pessoas com quem ela se relacionava — já que se trata de uma obra abertamente autobiográfica. O romance conta a história da jovem Esther Greenwood, habitante de uma cidade pacata no interior dos Estados Unidos, e aluna exemplar que vê sua vida mudar por completo ao trabalhar como estagiária em uma revista de moda, em Nova York. O que prometia ser uma experiência enriquecedora, se torna um pesadelo para Esther — ao passo que convergem aflições passadas e presentes, além de uma série de angústias com relação ao futuro. O fluxo mental da personagem, ininterrupto e pessimista, é uma representação precisa das sequelas de sua ansiedade. A melancolia parece emanar de qualquer situação vivida por Esther. A redoma de vidro permanece atual, inclusive como retrato sociopolítico. Os períodos de transição na vida da personagem são tratados como ritos de passagem violentos, como se dissessem que, por trás da beleza de cada metamorfose, existe um grande processo doloroso. Ser uma pessoa diferente, muitas vezes, exige a remodelação de traços pessoais, bem como o abandono da zona de conforto em que se vive. O respaldo afetivo e econômico para fundamentar esse transcurso mostrava-se inconsistente. As expectativas se transformam em fardo ao vislumbrar um futuro ideal, além de pesarem ainda mais, conforme este é demolido pela realidade amarga. O sonho de Esther em ser poeta não só reitera o teor autobiográfico da trama, como é pontual ao remeter à desvalorização e dificuldades intrínsecas das profissões voltadas para a arte.
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John Kennedy Toole (1937 – 1969)
Uma confraria de tolos (1980) John Kennedy Toole foi o ganhador do Prêmio Pulitzer póstumo, em 1981, pelo romance Uma confraria de tolos. Pouco conhecido no Brasil, o autor escreveu seu único romance na década de 1960. Porém, incapaz de conseguir uma editora para publicar o livro e sofrendo graves crises de depressão, Toole cometeu suicídio em 1969, aos 31 anos. Sua mãe, Thelma, encontrou uma cópia do manuscrito em meio aos pertences do filho e lutou por muitos anos para conseguir uma editora. Em 1980, o livro foi finalmente publicado nos Estados Unidos. Desde então, tornou-se um cult da literatura satírica estadunidense, frequentemente comparado com as obras de Mark Twain. O personagem principal do livro, Ignatius J. Reilly, é um homem de cerca de 30 anos, obeso, glutão, flatulento e mal-humorado, que mora com a mãe e vive reclamando do mundo moderno. Ignatius é um anti-herói solitário e deslocado do mundo, que se considera sempre perseguido por idiotas. Como um Dom Quixote do século XX, Ignatius desbrava as ruas de Nova Orleans dos anos 1960 e enfrenta todo tipo de malandros, aproveitadores e policiais desonestos. Por insistência da mãe, busca um emprego, mas todas as suas tentativas o levam a uma sucessão de desventuras. O personagem foi supostamente inspirado em um professor de Toole, mas tem muitos traços autobiográficos. O autor também sofreu com uma mãe dominadora, e tinha uma visão ácida e pessimista do mundo. A obra pode ser considerada uma metáfora do deslocamento que muitos jovens estadunidenses vivenciavam naquela época de conflitos sociais intensos no país.
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