Revista Ler - nº13

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Revista do Sistema de Bibliotecas Vera Cruz

Pelas ondas do feminismo Março de 2019 Número 13


EXPEDIENTE

DIRETOR GERAL

Heitor Fecarotta DIRETOR DE GESTÃO

Marcelo Chulam DIRETORA PEDAGÓGICA

Regina Scarpa

REVISTA LER CONCEPÇÃO E PESQUISA

Alexandre Leite e Sandra Salgado (Biblioteca Geral) PROJETO GRÁFICO

Kiki Milan e Juliana Lopes (Casa Vera Cruz) TEXTOS

Priscila Pires e Renata Blois (Comunicação) EDIÇÃO FINAL DE TEXTO

Claudia Cavalcanti (Casa Vera Cruz) REVISÃO DE TEXTO

Iara Arakaki e Laís Alcantara (Casa Vera Cruz)


Sumário Apresentação..................................................................................................... 5 As feministas pré-feminismo.............................................................................. 6 A primeira onda: o voto feminino..................................................................... 6 A segunda onda: “o âmbito pessoal é político”............................................. 7 A terceria onda: gênero e sexualidade........................................................... 8 E daqui pra frente?............................................................................................ 9 Indicações do Sistema de Bibliotecas Vera Cruz......................................... 10 Fontes................................................................................................................ 30 Agradecimentos pelas doações..................................................................... 33



Apresentação Embora tenham ganhado força nas últimas décadas, as ideias feministas são muito mais antigas do que se pode imaginar, desde as antigas civilizações da Grécia e da China. Mas, afinal, como e em que circunstâncias surgiu o termo “feminismo”? Como ele ajudou você, mulher, que nos lê agora, a conquistar o direito ao voto, por exemplo? Como ele ensina você, nosso leitor homem, a se solidarizar com as causas e os anseios feministas e desconstruir uma visão machista do mundo, muitas vezes imposta ainda na infância? Antes de falar sobre as origens do feminismo e seus reflexos na sociedade dos dias atuais, é preciso deixar clara a definição do termo: um movimento que luta por direitos iguais entre homens e mulheres. Não prega a superioridade do sexo feminino em relação ao masculino (femismo) e nem o comportamento que privilegia um gênero ou orientação sexual em detrimento de outro (sexismo). Para mostrar como o conceito de feminismo evoluiu ao longo da história e destacar a biografia de mulheres que subverteram leis e costumes e lutaram por uma sociedade com mais igualdade, o Sistema de Bibliotecas Vera Cruz convida leitoras e leitores a fazerem uma viagem no tempo. Nesta edição da Revista Ler, percorremos as três ondas do pensamento feminista, da forma como ele é organizado por diversos estudiosos, para promover uma contextualização histórica. Boa leitura!

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As feministas pré-feminismo Publicado na Itália, em 1405, o livro A cidade das mulheres, escrito por Cristina de Pisano, já anunciava muitas das ideias do feminismo tal como ele é conhecido hoje, com façanhas de mulheres célebres e, também, com a defesa do direito à educação e à influência política. Considerada uma das precursoras do feminismo, a autora também foi, possivelmente, a primeira a ganhar a vida como escritora. Mas foi Mary Wollstonecraft quem ficou reconhecida como a primeira grande pensadora da condição social e política da mulher na sociedade. Seu clássico A reinvidicação dos direitos das mulheres, publicado na França em 1792, denunciou a exclusão das mulheres do acesso a direitos básicos no século 18. Wollstonecraft defendeu que as mulheres deveriam ter o mesmo di-

Retrato de Mary Wollstonecraft, por John Opie

reito à educação que os homens, que não estudassem apenas para se tornarem “esposas ideais”. “É assim, por exemplo, que a demanda por educação tem por objetivo exclusivo permitir o livre desenvolvimento da mulher como ser racional, fortalecendo a virtude por meio do exercício da razão e tornando-a plenamente independente”, escreveu a autora. O texto trouxe à tona um alerta sobre a necessidade da igualdade entre homens e mulheres e foi celebrado como obra precursora da teoria política feminista. Algumas décadas mais tarde, mais precisamente em 1869, o filósofo inglês John Stuart Mill, em A sujeição das mulheres — escrito com a colaboração de sua esposa, Harriet Taylor —, propôs que a sociedade fosse organizada de acordo com o princípio da razão e que determinados fatores da vida, como o gênero, deveriam ser considerados irrelevantes.

A primeira onda: o voto feminino Em diversos países, durante meados do século 19 o movimento feminista teve um foco: a campanha pelo sufrágio feminino. A luta pela igualdade de direitos para homens e mulheres foi impulsionada pela reivindicação de que elas deveriam ter os mesmos direitos legais e políticos que os homens – já que eram submetidas às mesmas leis, mas não participavam do seu processo de elaboração. 6


O período, que ficou conhecido como “primeira onda feminista”, teve seu marco em 1893, quando as mulheres da Nova Zelândia foram às urnas pela primeira vez na história. No Brasil, elas só conquistaram o direito ao voto 39 anos depois, em 1932.

A segunda onda: “o âmbito pessoal é político” Mais radicais, os argumentos femininos ganharam ainda mais força a partir do lançamento da obra O segundo sexo, de Simone de Beauvoir, publicada em 1949. O livro defendia que a hierarquia entre os sexos era uma construção social, o que acabou por incorporar ao movimento o questionamento das raízes culturais que levavam às desigualdades entre homens e mulheres. Do início da década de 1960 ao fim da década de 1980, o foco de luta do movimento voltou-se para as questões de igualdade e para o fim da discriminação entre gêneros, o que impulsionou o surgimento daquilo que ficou conhecido como a “segunda onda do feminismo”. Carol Hanisch, ativista e autora estadunidense, criou o slogan que caracterizou essa fase: “o âmbito pessoal é político”. A frase se lê em um manifesto publicado na década de 1970, no qual foram rebatidas as argumentações de que as ideias do movimento feminista não deveriam ser colocadas como questões políticas. Autoras como Kate Millett e Germaine Greer também constribuíram para ampliar as fronteiras do que antes se considerava político, e chamaram atenção para os aspectos pessoais, psicológicos e sexuais da opressão feminina. As feministas acreditavam que a libertação feminina – objetivo da segunda onda – não poderia ser alcançada por meio de reformas políticas ou mudanças na lei, mas por um processo mais abrangente, talvez revolucionário, de mudança social. 7


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Outra publicação que marcou o período foi A mística feminina (1963), de Betty Friedan, ativista política e feminista estadunidense, ao atacar os mitos culturais que mantinham o caráter doméstico da mulher, e ressaltou o sentimento de frustração e desespero que afligia as estadunidenses de classe média, confinadas aos papéis de esposa e mãe. No entanto, Friedan, que lutava pela ampliação das oportunidades educacionais e profissionais das mulheres, acabou criticada por feministas radicais, que a acusavam de se concentrar nas necessidades das mulheres de classe média e ignorar as estruturas patriarcais da esfera privada. Durante todo esse período, as campanhas pela legalização do aborto, equiparação salarial, direitos trabalhistas, contra a discriminação, o assédio sexual e a violência doméstica, dentre outras, obtiveram êxito em diversos países.

Betty Friedan

A terceira onda: gênero e sexualidade A chamada “terceira onda feminista” começou no final da década de 1980 e, segundo grande parte dos teóricos, perdura até hoje. Essa fase do movimento é caracterizada por uma nova interpretação do gênero e da sexualidade, e suas representantes focam na mudança de estereótipos, nos retratos da mídia e na linguagem usada para definir as mulheres. Duas grandes transformações caracterizam esse novo estágio. A primeira é um recuo do radicalismo e de posicionamentos inflexíveis do feminismo no período anterior. A segunda é a fragmentação do movimento: o pensamento feminista passou por um grande processo de diversificação que o tornou cada vez mais complexo e dificultou a identificação de um princípio comum dentro dele. Além das correntes feministas fundamentais — radical, liberal e socialista/marxista —, surgiram o feminismo pós-moderno, o psicanalítico, o negro e o lésbico, dentre outros. Aqui, é importante citar a ideia do transversalismo como oposição ao universalismo e ao particularismo, com o surgimento da possibilidade de diálogo entre as condições enfrentadas pelas mulheres no mundo, ao levar em consideração raça, etnia, classe social, sexualidade, nacionalidade, idade e religião. Embora as novas vertentes do feminismo sejam baseadas em uma ampla variedade de influências, elas refletem um interesse comum na questão da diferença e, em particular, no desejo de aplicar essa diferença às mulheres, e não apenas na relação entre homens e mulheres. A ideia é fazer o 8


exercício de colocar-se no lugar da outra pessoa para perceber suas demandas e pontos de vista, antes de traçar estratégias e políticas.

E daqui pra frente? Mas será que um movimento como esse ainda é significativo nos dias atuais? Será que todos os seus objetivos originais já foram atingidos? Para alguns, a vitória do feminismo pode ser vista no surgimento de uma nova espécie de homem: não mais o homem intolerante de antigamente, mas, o que está preparado para dividir as responsabilidades domésticas e familiares. Já a escritora australiana Germaine Greer, reconhecida como uma das mais importantes feministas do século 20, em seu livro A mulher inteira, de 1999, atacou a noção de que as mulheres conseguiram tudo. Para ela, houve o abandono do objetivo de libertação, e a classe se conformou com uma falsa igualdade. Outras pensadoras feministas, no entanto, atacam a imagem da mulher como vítima. Camille Paglia, ensaísta, crítica de arte e professora estadunidense, por exemplo, insiste na necessidade de que a mulher assuma mais responsabilidade pela própria conduta pessoal e sexual.

Germaine Greer

Para o autor Andrew Heywood, em cujo texto o Sistema de Bibliotecas Vera Cruz se baseou para escrever esta introdução da Revista Ler, o principal desafio do feminismo no século 21 é “estabelecer uma onda viável e coerente, que seja capaz de decifrar a natureza mutante das relações de gênero e de destruir o mito do pós-feminismo”. Muitas mulheres que lutaram e continuam lutando por essa causa — mulheres que subverteram leis e costumes, que lutaram por menos desigualdade entre gêneros e que ajudaram a construir um futuro melhor — estão presentes em nosso acervo. Que tal conhecer a história delas? 9


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Indicações do Sistema de Bibliotecas Vera Cruz Textos teóricos sobre o feminismo GARCIA, Carla Cristina. Breve história do feminismo. São Paulo: Claridade, 2015. 120 p., il. (Saber de tudo). O feminismo pode ser definido como a tomada de consciência das mulheres, como coletivo humano, da opressão e exploração por parte dos homens no seio do patriarcado, sob suas diferentes fases históricas. Dessa forma, o feminismo se articula como filosofia política e, ao mesmo tempo, como movimento social. É, ainda, uma consciência crítica sobre as tensões e contradições que encerram todos esses discursos que, intencionalmente, confundem o masculino com o universal.

SANDBERG, Sheryl; SCOVELL, Nell. Faça acontecer: mulheres, trabalho e a vontade de liderar. Traduzido por Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. 288 p. Sheryl Sandberg investiga as razões pelas quais o crescimento das mulheres em suas carreiras está estagnado há anos, identifica a raiz do problema e oferece soluções práticas e sensatas para que elas atinjam todo seu potencial. A autora encoraja as mulheres a sonharem alto, assumirem riscos e se lançarem em busca de seus objetivos sem medo, porque acredita que um maior número de mulheres na liderança levará a um tratamento mais justo para todas. Faça acontecer é um manifesto feminino que debate os impasses e as questões de gênero no mercado de trabalho. HEYWOOD, Andrew. Ideologias políticas 2: do feminismo ao multiculturalismo. Revisão de Isabel de Assis Ribeiro de Oliveira. Traduzido por Janaína Marcoantonio, Mariane Janikian. São Paulo: Ática, 2010. 144 p. (Fundamentos). Desde os anos 1960, o noticiário político mundial é frequentemente dominado por assuntos, como: a luta do movimento feminista; a defesa do “desenvolvimento sustentável”, pregada pelos ecologistas; os ataques terroristas de fundamentalistas religiosos; e a política de multiculturalismo, que busca o reconhecimento dos direitos das minorias. Nas últimas décadas, o mundo ocidental se viu às voltas com novas correntes ideológicas que refletem as mudanças da sociedade. Este livro estuda as quatro ideologias mais recentes da história política: o feminismo, o ecologismo, o fundamentalismo religioso e o multiculturalismo. O autor examina as origens e a evolução histórica de cada ideologia, bem como seus princípios e valores.

COLASANTI, Marina. Mulher daqui pra frente. 2. ed. Rio de Janeiro: Nórdica, 1981. 197 p., il. A autora analisa o comportamento da mulher no trabalho, no lar, nos momentos de lazer etc., mergulha fundo nos problemas e contradições que resultam dessa busca por liberdade e volta à tona com soluções prontas, mas com a possibilidade de novos caminhos e novos questionamentos.

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VENTURI, Gustavo; GODINHO, Tatau (Org.). Mulheres brasileiras e gênero nos espaços público e privado: uma década de mudanças na opinião pública. São Paulo: Sesc, 2013. 504 p., il. Pesquisadores e estudiosos refletem sobre diversos aspectos relativos ao debate das desigualdades de gênero no Brasil contemporâneo, e discutem questões, como feminismo, machismo, violência, mídia, saúde, sexualidade, aborto, trabalho e política. Expressam a diversidade de olhares acerca do inegável avanço das mulheres na última década, do elevado grau de satisfação com a condição feminina, da confiança na progressiva melhoria do estatuto das mulheres e da adesão ao feminismo, baseados em uma série de indicadores resultantes da pesquisa nacional Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado, de 2010, da Fundação Perseu Abramo, em parceria com o Departamento Nacional do Sesc. O livro explora as possíveis relações entre essas percepções e o quadro mais amplo de transformações sociais no País, que implicaram em reais benefícios para as brasileiras. CARVALHO, Marília Pinto de; PINTO, Regina Pahim (Org.). Mulheres e desigualdades de gênero. São Paulo: Contexto, 2008. 208 p., il. (Justiça e desenvolvimento / IFP-FCC). Das histórias e nuanças regionais da cultura e das relações sociais no Brasil à presença feminina em centros rurais e urbanos, incluindo memórias, lutas, sofrimentos e conquistas de mulheres negras, parteiras e educadoras —, esta obra mostra diversos nichos de estudo que vêm sendo explorados e amplia o acesso a essas pesquisas.

EQUIPO PLANTEL. As mulheres e os homens. Ilustrado por Luci Gutiérrez. São Paulo: Boitatá, 2016. 52 p., il. (Livros para o amanhã, 4). As conquistas no campo político e social levaram as mulheres a ganharem espaço em várias esferas da vida pública, mas ainda falta muito para alcançarmos a igualdade de gênero. Elas continuam sofrendo muita discriminação no mundo todo; são poucas ocupando cargos de grande responsabilidade e liderança, mesmo tão bem preparadas quanto os homens. Neste contexto, como as crianças estão sendo educadas e o que significa, para elas, ser homem ou mulher? O livro procura analisar as questões de gênero por um viés de igualdade e respeito à pluralidade. ESTÉS, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem. Traduzido por Waldéa Pereira Barcellos. 11. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. 628 p. (Arco do tempo). Ao investigar o esmagamento da natureza instintiva feminina, a analista junguiana Clarissa Pinkola Estés aponta, nesta obra, a chave da sensação de impotência da mulher moderna. Ela apresenta 19 mitos, lendas e contos de fada, como a história do patinho feio e do Barba-Azul, e mostra como a natureza instintiva da mulher foi sendo domesticada ao longo dos tempos, num processo que punia todas aquelas que se rebelavam. Segundo a analista, a exemplo das florestas virgens e dos animais silvestres, os instintos foram devastados, e os ciclos naturais femininos, transformados à força em ritmos artificiais para agradar aos outros. Mas sua energia vital, segundo ela, pode ser restaurada por escavações “psíquico-arqueológicas” nas ruínas do mundo subterrâneo. Até o ponto em que, emergindo das grossas camadas de condicionamento cultural, apareça a corajosa loba que vive em cada mulher.

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PINSKY, Carla Bassanezi; PEDRO, Joana Maria (Org.). Nova história das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 2016. 548 p., il. O que aconteceu com as mulheres no século 20 e o que está acontecendo no século 21? Essas são questões que as autoras — pesquisadoras das áreas de História, Ciências Sociais, Educação e Direito, de todo o Brasil — respondem neste livro, destinado a homens e mulheres que acreditam que compreender as relações sociais por meio da história contribui para melhorar o entendimento entre as pessoas. Estudantes, professores e pesquisadores se beneficiam de uma obra abrangente e atualizada sobre o assunto. Responsáveis por políticas públicas encontram, no livro, um material para ajudar a executá-las. Ativistas, militantes de movimentos sociais, feministas e ONGs podem, com este livro, alicerçar melhor suas demandas. Jornalistas e profissionais das áreas do Direito, Saúde e Educação ganham subsídios para desenvolverem com mais qualidade seu trabalho. ALVES, Branca Moreira; PITANGUY, Jacqueline. O que é feminismo. 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991. 77 p., il. (Primeiros passos). Feminismo — termo que traduz um processo que atravessou a História e que continua a ser debatido diariamente em todos os espaços da vida social. Como grande parte dos movimentos de transformação, contém contradições, avanços, recuos, medos e alegrias. Para entendê-lo, é preciso confrontar as condições das mulheres na sociedade antiga, medieval e moderna, buscar suas raízes como movimento político e desvendar a ideologia que, ainda hoje, outorga direitos, deveres e comportamentos diferentes para homens e mulheres.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento, 2017. 112 p. (Feminismos plurais). Questionando como quem tem direito à voz numa sociedade que apresenta como norma a branquitude, a masculinidade e a heterossexualidade, o conceito de lugar de fala é importante para desestabilizar as normas vigentes e trazer à tona a importância de se pensar no rompimento de uma voz única, com o objetivo de propiciar uma multiplicidade de vozes. Partindo de obras de feministas negras, como Patricia Hill Collins, Grada Kilomba, Lélia Gonzalez, Luiza Bairros, Sueli Carneiro, o livro trata, pela perspectiva do feminismo negro, da urgência pela quebra dos silêncios instituídos, e explica didaticamente o que é conceito, ao mesmo tempo em que apresenta produções intelectuais de mulheres negras ao longo da História.

ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Para educar crianças feministas: um manifesto. Traduzido por Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. 96 p. Escrito no formato de carta a uma amiga que acaba de se tornar mãe de uma menina, o livro dá conselhos simples e precisos de como oferecer uma formação igualitária a todas as crianças, a começar pela justa distribuição de tarefas entre pais e mães. Partindo de sua experiência pessoal para mostrar o longo caminho que ainda temos a percorrer, o livro de Chimamanda é uma leitura essencial para quem deseja preparar seus filhos para o mundo contemporâneo e contribuir para uma sociedade mais justa.

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RIBEIRO, Djamila. Quem tem medo do feminismo negro? São Paulo: Companhia das Letras, 2018. 148 p. O livro reúne um longo ensaio autobiográfico inédito e uma seleção de artigos publicados no blog da revista Carta Capital, entre 2014 e 2017. No texto de abertura, a filósofa e militante recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que chama de “silenciamento”, processo de apagamento da personalidade por que passou e que é um dos muitos resultados perniciosos da discriminação. Também mergulha em temas, como os limites da mobilização nas redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil, além de discutir a obra de autoras de referência para o feminismo, como Simone de Beauvoir. COSTA, Albertina de Oliveira; BRUSCHINI, Cristina. Uma questão de gênero. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1992. 336 p. O livro se compõe de ensaios que derivam do encontro entre pesquisadoras brasileiras que iniciam um balanço de teorias e conceitos para o estudo das diferenças sociais entre homens e mulheres, nos âmbitos da Antropologia, Sociologia, História, Letras, Ciências Políticas e Educação. O conceito de gênero refere-se às combinações possíveis que formam a constituição da identidade de homens e mulheres, a sexualidade, a reprodução humana, e as expectativas de comportamento, orientadas pela cultura. Na sociedade, as análises de gênero referem-se às relações hierárquicas ou à igualdade entre homens e mulheres, e ao entrelaçamento dessas relações com as de raça e classe, dentre outras. BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. Traduzido por Sérgio Milliet. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009. 936 p. Escrito por Simone de Beauvoir e publicado em 1949, O segundo sexo pode ser considerado, hoje, o marco inicial da prática discursiva da situação feminina. No primeiro volume, a autora apresenta fatos e mitos da condição da mulher numa reflexão apaixonante que interessa a todos os gêneros humanos.

WOOLF, Virgínia. Um teto todo seu. Traduzido por Vera Ribeiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2004. 140 p. Baseado em palestras proferidas por Virginia Woolf nas faculdades de Newham e Girton, em 1928, o ensaio Um teto todo seu é uma reflexão sobre as condições sociais da mulher e sua influência na produção literária feminina. A escritora pontua em que medida a posição que a mulher ocupa na sociedade acarreta dificuldades para a expressão livre de seu pensamento, transformando-a em uma escrita sem sujeição para, finalmente, ser recebida com consideração, em vez da indiferença comumente reservada à escrita feminina na época.

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Histórias de vida de mulheres, jovens e adultas, que subverteram leis e costumes, lutaram por menos desigualdade entre gêneros e ajudaram a construir um futuro melhor. THOMÉ, Débora. 50 brasileiras incríveis para conhecer antes de crescer. Rio de Janeiro: Galera Record, 2017. 124 p., il. Livro sobre heroínas da vida real, reúne as biografias de grandes mulheres brasileiras. Com histórias cheias de aventuras e desafios, não faltam mulheres fortes, fabulosas e fantásticas para inspirarem meninas e meninos a não desistirem de seus sonhos, independentemente das dificuldades.

LACERDA, Lilian de. Álbum de leitura: memórias de vida, histórias de leitoras. São Paulo: Unesp, 2003. 504 p., il. Conquistar o direito à alfabetização, escolarização, profissionalização e participação na vida pública foi uma dura batalha para a mulher. Para conhecer a fundo esse universo, o livro se debruça sobre 12 depoimentos produzidos por escritoras nascidas entre 1843 e 1916, de várias regiões do Brasil e com diferentes experiências socioculturais, como Carolina Nabuco, Maria José Dupré e Zélia Gattai. A história da constituição dessas e de outras mulheres, como leitoras e produtoras de textos, é fundamentada pela autora, que investiga as muitas dificuldades que enfrentaram para construírem seu repertório cultural e para escreverem a própria trajetória. A obra enfoca a literatura feminina e autobiográfica para identificar o percurso dessas mulheres. Graças aos retratos de vida e de leitura de cada memorialista investigada, reconstituem-se condições, situações, pessoas e contextos que influenciaram a formação das leitoras nos espaços intra e extradomésticos.

MARKUN, Paulo. Anita Garibaldi: uma heroína brasileira. 4. ed. São Paulo: Senac, 2000. 376 p., il. Órfã e muito pobre, Anita Garibaldi (1821-1849) entusiasmou-se, ainda jovem, com as teses republicanas que agitavam o Brasil imperial; cedo, tornou-se também precursora na defesa da igualdade de direitos entre homens e mulheres. Participou da Guerra dos Farrapos, da proclamação da República Juliana, da luta pela República uruguaia e pela unificação da Itália. Foi, ainda, protagonista de uma bela história de amor — a que viveu com o marido Giuseppe Garibaldi. Este livro, que acompanha as ideias, lutas, prisões, fugas espetaculares e o crescimento intelectual de Anita, oferece um retrato multifacetado de uma mulher movida pela paixão: uma heroína disposta a viver e morrer por seu sonho de liberdade e justiça.

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WALLACH, Janet. Chanel, seu estilo, sua vida. Traduzido por Aulyde Soares Rodrigues. São Paulo: Saraiva, 2009. 184 p., il. Paradigma da mulher moderna, Coco Chanel foi uma das principais responsáveis pela mudança do papel feminino no século 20. Apesar de sua infância pobre, tornou-se a maior estilista de todos os tempos, numa época predominantemente masculina. Chanel jamais teve medo de ser ela mesma: nenhum estilista impôs tanto de seu próprio estilo em suas criações. Milionária por mérito próprio, contou apenas com o talento e a ajuda de amantes e amigos influentes para conhecer as pessoas certas da alta sociedade e do meio artístico.

DINIZ, Edinha. Chiquinha Gonzaga: uma história de vida. Rio de Janeiro: Zahar, 2009. 316 p., il. Figura emblemática da inquietação feminina, Chiquinha Gonzaga (1847-1935) rompeu tabus em toda sua existência e teve que enfrentar os preconceitos de uma sociedade patriarcal e colonizada. A obra fala da transformação de uma sinhazinha em uma mulher independente, dos embates que enfrentou no âmbito familiar e no meio musical, das incompreensões que soube contornar e dos efeitos de suas ações como mulher e compositora nos ambientes que frequentava. Chiquinha, ao contrário das mulheres de sua época, não estava a serviço da pátria, da humanidade, ou de um marido. Estava apenas a serviço de si mesma, de suas vontades e desejos, coisa não permitida a uma mulher daquele período.

IGNOTOFSKY, Rachel. As cientistas: 50 mulheres que mudaram o mundo. Traduzido por Sonia Augusto. São Paulo: Blucher, 2017. 128 p., il. O livro destaca as contribuições de 50 mulheres notáveis para os campos da ciência, tecnologia, engenharia e matemática, desde o mundo antigo até o contemporâneo. Dentre as perfiladas, estão figuras bem conhecidas, como a primatologista Jane Goodall, a química Marie Curie, e Katherine Johnson, física e matemática afro-americana que calculou a trajetória da missão Apolo 11, em 1969, à Lua. As cientistas celebra as realizações de mulheres intrépidas que abriram caminho para a geração seguinte de engenheiras, biólogas, matemáticas, médicas, astronautas, físicas e muito mais.

SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Érico Vital (Org.). Dicionário mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade: biográfico e ilustrado. Rio de Janeiro: Zahar, 2000. 568 p., il. Com cerca de 900 verbetes, 270 ilustrações e índice cronológico, este dicionário traz a biografia de diversas mulheres — de Abigail Andrade a Zuzu Angel, incluindo Bertha Lutz, Clarice Lispector, Escrava Anastácia, Princesa Leopoldina e inúmeras outras, até então atrás dos panos, e resconstitui 500 anos de luta e conquista de direitos.

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SHETTERLY, Margot Lee. Estrelas além do tempo. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2017. 344 p., il. Durante a Segunda Guerra Mundial, a incipiente indústria aeronáutica americana contratou matemáticas negras para suprirem a falta de mão de obra. Esses “computadores humanos” continuaram trabalhando para o governo e passaram a fazer parte da Nasa, numa época em que ainda havia segregação racial. Elas colaboraram para que os Estados Unidos ganhassem a corrida espacial contra a União Soviética e lutaram para realizar o sonho americano.

ANGELOU, Maya. Eu sei por que o pássaro canta na gaiola. Traduzido por Regiane Winarski. Bauru: Astral Cultural, 2018. 336 p. Racismo. Abuso. Libertação. A vida de Marguerite Ann Johnson foi marcada por essas três palavras. A garota negra, criada no Sul dos Estados Unidos por sua avó paterna, carregou um enorme fardo, aliviado apenas pela literatura e por tudo aquilo que ela pôde lhe trazer: conforto pelas palavras. Maya, como era carinhosamente chamada, escreve para exibir sua voz e libertar-se das grades que foram colocadas em sua vida. Suas lembranças dolorosas e as descobertas estão eternizadas nas páginas desta obra.

YOUSAFZAI, Malala; LAMB, Christina. Eu sou Malala: a história da garota que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã. Traduzido por Caroline Chang et al. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. 344 p., il. Quando o Talibã tomou controle do Vale do Swat, uma menina levantou a voz. Malala Yousafzai recusou-se a permanecer em silêncio e lutou pelo seu direito à educação. Em outubro de 2012, ela quase pagou o preço com a vida, pois foi atingida na cabeça com um tiro à queima-roupa dentro do ônibus no qual voltava da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria. Mas a recuperação milagrosa de Malala a levou para uma viagem extraordinária de um vale remoto no norte do Paquistão para as salas das Nações Unidas, em Nova York. Aos 16 anos, ela se tornou um símbolo global de protesto pacífico. Escrito em parceria com a jornalista britânica Christina Lamb, o livro é uma janela para a singularidade poderosa de uma menina cheia de brio e talento, e também para um universo religioso e cultural repleto de interdições e particularidades, muitas vezes incompreendido pelo Ocidente. SOUZA, Duda Porto de; CARARO, Aryane. Extraordinárias: mulheres que revolucionaram o Brasil. São Paulo: Seguinte, 2017. 208 p., il. Dandara foi uma guerreira negra fundamental para o Quilombo dos Palmares. Bertha Lutz foi a maior representante do movimento sufragista no Brasil. Essas e muitas outras brasileiras impactaram nossa história e, indiretamente, nossas vidas. Este livro, resultado de uma extensa pesquisa, é o reconhecimento que elas merecem. São perfis de revolucionárias de etnias e regiões variadas, que viveram do século 16 à atualidade, e os retratos de cada uma delas, feitos por artistas brasileiras. O que todas essas mulheres têm em comum? A força extraordinária para lutarem por seus ideais e transformarem o País.

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KOOFI, Fawzia; GHOURI, Nadene. A filha favorita. Traduzido por Camila Mello. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013. 276 p. Filha de uma das sete esposas de seu pai, Fawzia Koofi relata que, em sua casa, as mulheres não eram bem-vindas, e compartilha sua história, pontuada por uma série de cartas comoventes que ele escreve às filhas antes de cada viagem a trabalho. Seu pai foi membro do parlamento afegão durante 25 anos e era um homem incorruptível e muito apegado às tradições do país. Depois de seu assassinato pelos mujahidin, sua mãe, analfabeta, tomou a iniciativa de mandá-la para a escola. A vida de Fawzia se confunde com a história social e política do Afeganistão.

DIRIE, Waris; MILLER, Cathleen. Flor do deserto. Traduzido por Ricardo Lísias. São Paulo: Hedra, 2001. 246 p. Relato de Waris Dirie, modelo de projeção internacional e atualmente embaixadora especial da ONU na luta pela erradicação da mutilação genital feminina. Nascida numa família nômade no deserto da Somália, foi mutilada como muitas outras de sua tribo. Fugindo de um casamento não desejado, atravessa a pé o deserto africano até chegar à capital, Mogadíscio, e partir para Londres. De empregada doméstica ao mundo das passarelas, a trajetória de Waris poderia ser a mesma de tantas outras modelos, não fosse a causa que passou a representar.

HESSE, María. Frida Kahlo: uma biografia. Traduzido por Alexandre Boide. 3. ed. Porto Alegre: L&PM, 2018. 150 p., il. A mexicana Frida Kahlo, hoje uma artista popular com quadros que atingem valores astronômicos, tem seu rosto reconhecido em todo o planeta. Sua vida foi fascinante e cheia de acontecimentos. Ela teve de lidar, desde muito cedo, com uma deficiência física congênita, e, adolescente, sofreu o conhecido acidente que quase a matou e a deixou meses numa cama, onde então começou a pintar quadros deitada, muitos deles autorretratos. Apesar da saúde fragilizada, seguiu em frente e casou-se com o pintor Diego Rivera, vinte anos mais velho, com quem teve uma relação intensa e turbulenta. Bebeu na fonte da rica cultura tradicional mexicana e, com roupas longas e coloridas, disfarçou seu passo manco, reinventando-se constantemente como mulher e artista. Sofreu vários abortos, viu frustrado seu desejo de ser mãe, viveu traições indizíveis, teve muitos amores — e se relacionou, inclusive, com mulheres. Foi feminista numa América Latina machista e ganhou o mundo com sua arte e sua história.

OFOEGO, Obioma. Funmilayo Ransome-Kuti. Ilustrado por Alaba Onajin. Traduzido por Sérgio B. Alves. São Paulo: Cereja, 2016. 112p., il. (Grandes mulheres da história africana). Funmilayo Ransome-Kuti (1900-1978) foi uma líder ativista durante as lutas anticoloniais na Nigéria. Ela fundou a Associação das Mulheres de Abeokuta, uma das mais impressionantes organizações do século 20 (com mais de 20 mil participantes ativas), que lutou para proteger e avançar na luta pelos direitos das mulheres na África e no mundo.

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GOLDSMITH, Barbara. Gênio obsessivo: o mundo interior de Marie Curie. Traduzido por Ivo Korytowski. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. 222 p., il. (Grandes descobertas). A cientista franco-polonesa Marie Curie (1867-1934) tornou-se mundialmente famosa por ter aprofundado, ao lado do marido Pierre, as descobertas sobre a radioatividade. Sua antevisão lhe valeu dois Prêmios Nobel, em 1903 e em 1911, e abriu as portas para a era atômica e avanços cruciais no tratamento de muitas doenças. Mas tamanha celebração esconde uma história de penúria e obstinação: a vida de uma imigrante pobre que chegou a Paris determinada a continuar os estudos e que teve de realizar boa parte de suas pesquisas em laboratórios improvisados. Além de acompanhar o dia a dia dessas descobertas, a obra desvenda a trajetória de uma mulher obstinada, que enfrentou forte preconceito para se tornar bem-sucedida e independente num mundo dominado por homens.

FAVILLI, Elena; CAVALLO, Francesca. Histórias de ninar para garotas rebeldes: 100 fábulas sobre mulheres extraordinárias. Traduzido por Carla Bitelli, Flávia Yacubian, Zé Oliboni. São Paulo: Vergara & Riba, 2017. 210 p., il. Um livro com histórias de vida de 100 mulheres extraordinárias do passado e do presente. A obra conta as histórias de Elizabeth I a Serena Williams e Maya Gabeira; todas ilustradas por artistas de diversos lugares do mundo.

FAVILLI, Elena; CAVALLO, Francesca. Histórias de ninar para garotas rebeldes 2. Traduzido por Carla Bitelli, Flávia Yacubian, Zé Oliboni. São Paulo: Vergara & Riba, 2018. 214 p., il. O livro celebra mais 100 mulheres excepcionais, da jogadora Marta à cantora Beyoncé, da revolucionária Anita Garibaldi à escritora J. K. Rowling. Rainhas e ativistas, bailarinas e advogadas, piratas e cientistas, astronautas e inventoras — experiências de vida incríveis para a construção de um mundo melhor.

DEL PRIORE, Mary. Histórias e conversas de mulher. 2. ed. São Paulo: Planeta, 2014. 304 p., il. Este livro instigante revela como evoluiu — e se revolucionou — a vida das brasileiras, dos tempos da Colônia portuguesa aos dias atuais.

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SANTOS, Joaquim Ferreira dos. Leila Diniz. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. 288 p., il. (Perfis brasileiros). Leila Diniz foi uma das maiores atrizes brasileiras dos anos 1960, protagonista de novelas do início da Rede Globo e de filmes que marcaram época. Num período de forte repressão, cercada por todos os lados pela ditadura militar, Leila desafiou os tabus com um comportamento original. Pautava-se pela liberdade, na contramão dos pudores de grupos moralistas que chegaram a condená-la, num julgamento durante um programa de TV. Sua imagem grávida, de biquíni, na praia, é um dos ícones das mudanças trazidas por sua época. Leila apostava na alegria e na espontaneidade, assumindo uma sexualidade regida pelo compromisso com seus próprios valores. NAFISI, Azar. Lendo Lolita em Teerã: uma memória nos livros. Traduzido por Tuca Magalhães. São Paulo: A Girafa, 2004. 504 p. O livro conta a experiência de Azar Nafisi, professora iraniana de literatura inglesa, hoje radicada nos Estados Unidos. Azar desafiou o cerceamento da teocracia no Irã, assim como os adeptos do fundamentalismo islâmico, ao reunir um pequeno grupo de alunas em sua casa para ler e discutir obras como Lolita, de Nabokov, além de outros clássicos ocidentais.

WESTOVER, Tara. A menina da montanha: a trajetória real da americana que pisou numa sala de aula pela primeira vez aos 17 anos até a conquista do doutorado em Cambridge. Traduzido por Angela Lobo de Andrade. Rio de Janeiro: Rocco, 2018. 336 p. Tara Westover tinha 17 anos quando pisou pela primeira vez numa escola. Criada nas montanhas de Idaho, nos Estados Unidos, ela cresceu preparada para enfrentar o fim do mundo. Sua casa era praticamente um abrigo antiaéreo com estoque de comida. Tara também nunca foi a um médico. Sua família vivia totalmente isolada da sociedade, sem ninguém para oferecer a ela uma educação formal, ou para protegê-la em casos de violência. Quando um dos irmãos da jovem conseguiu chegar à universidade, e trouxe notícias sobre como era o mundo além das montanhas, Tara decidiu tentar um novo estilo de vida. Aprendeu Matemática, Gramática e Ciências para prestar o vestibular, e foi admitida na Universidade Brigham Young. Sua busca pelo conhecimento a transformou, e fez com que atravessasse oceanos e continentes, até chegar às universidades de Harvard e Cambridge, na Inglaterra. Foi quando ela notou para quão longe tinha viajado, e refletiu sobre se ainda existiria um caminho de volta para casa. BEAUVOIR, Simone de. Memórias de uma moça bem-comportada. Traduzido por Sérgio Milliet. 5. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017. 320 p. (Clássicos de ouro). Autobiografia de Simone de Beauvoir, uma das maiores escritoras do século 20. Dona de um espírito inconformado e autêntico, ela nos mostra sua infância religiosa numa família de classe média parisiense, a adolescência rebelde e a posterior devoção à literatura. Simone evoca vividamente suas amizades, interesses amorosos, mentores e o início da duradoura relação com o escritor e filósofo existencialista Jean-Paul Sartre. Uma obra para quem deseja conhecer um pouco mais sobre a vida de um dos principais ícones do feminismo até hoje.

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PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. Traduzido por Angela M. S. Côrrea. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2016. 192 p. Esta obra nasceu de um programa de rádio francês que fez enorme sucesso ao divulgar, com clareza e entusiasmo, para um público de leigos, o conteúdo de mais de 30 anos de pesquisas e reflexões acadêmicas. Transformado em livro, narra em cinco capítulos o processo da crescente visibilidade das mulheres em seus combates e conquistas nos espaços público e privado. Mães e feiticeiras, trabalhadoras e artistas, prostitutas e professoras, feministas e donas de casa, dentre muitas outras personagens femininas que fazem parte deste relato sensível e atual de uma das pesquisadoras mais conceituadas da história.

REZZUTTI, Paulo. Mulheres do Brasil: a história não contada. São Paulo: Leya, 2018. 320 p., il. O livro apresenta a história de mais de 200 mulheres, das mais variadas épocas, que tiveram suas biografias alteradas, deturpadas ou que sequer constaram dos registros convencionais. O escritor e pesquisador Paulo Rezzutti se dedica a estudar figuras femininas célebres ou ignoradas pela história do Brasil: das guerreiras às vilãs, das mulheres de poder a artistas. A obra também ilumina trajetórias pouco conhecidas de indígenas e negras escravizadas e avança pelos dias de hoje. O autor refaz acontecimentos da História do Brasil com essas personagens finalmente reinseridas nos papéis de destaque que lhes foram negados pela narrativa oficial. SCHATZ, Kate; FARIA, Jules de. Mulheres incríveis: artistas e atletas, piratas e punks, militantes e outras revolucionárias que moldaram a história do mundo. Ilustrado por Mirian Klein Stahl. Traduzido por Regiane Winarski. Bauru: Astral Cultural, 2017. 128 p., il. 44 perfis de mulheres excepcionais, uma coleção de histórias que começa em 430 a.C. e alcança os dias de hoje. De presidentes a escritoras e cantoras, o livro tem nomes como o da cientista Marie Curie, a educadora Maria Montessori e a ganhadora do Nobel da Paz Malala Yousafzai, além de cinco brasileiras: a jogadora de futebol Marta, a cantora Elza Soares, a farmacêutica e ativista Maria da Penha, a antropóloga Debora Diniz e a líder indígena Sonia Bone Guajajara. Mulheres incríveis narra a história de vida de jovens e adultas transgressoras, que subverteram leis, lutaram por menos desigualdade entre gêneros e ajudaram a construir um futuro melhor para todos nós. XAVIER, Giovana; FARIAS, Juliana Barreto; GOMES, Flávio dos Santos (Org.). Mulheres negras no Brasil escravista e do pós-emancipação. São Paulo: Selo Negro, 2012. 320 p., il. Os temas da escravidão e da presença africana tiveram destaque no chamado pensamento social brasileiro desde o início do século 20. Por meio de inúmeras publicações, sabemos cada vez mais sobre as estruturas sociais, demográficas, econômicas e culturais de várias regiões, assim como a respeito de sua população de africanos e descendentes. Mas ainda há muitas indagações. Como foi a participação das mulheres cativas na organização da sociedade escravista e nas primeiras décadas do pós-emancipação? Como elaboraram sociabilidades, modificando a própria vida e a de seus familiares? Como protestaram com obstinação, minando a escravidão e contrariando a ideia de que aceitaram com passividade a opressão imposta? Os vários ensaios passeiam por cidades, áreas agrícolas e de mineração de norte a sul do Brasil, nos séculos 18, 19 e primeiras

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décadas do século 20. Com pesquisas originais, temos um quadro amplo e fascinante sobre as experiências das mulheres africanas, crioulas, cativas e forras — primeiras agentes da emancipação da comunidade de africanos e de seus descendentes na diáspora. ALI, Ayaan Hirsi. Nômade. Traduzido por Augusto Pacheco Calil. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. 388 p. A autora, reconhecida crítica do Islã, defensora dos direitos das mulheres e autora do bestseller Infiel, conta a história de sua viagem aos Estados Unidos em busca de uma vida melhor e de sua tentativa de criar raízes em algum lugar. Narra, também, sua mudança para os EUA, longe dos islamitas europeus que a ameaçaram de morte. Ela apresenta, ainda, o retrato de uma família dilacerada pelo choque de civilizações. Ayaan convoca instituições ocidentais — como o movimento feminista e as igrejas cristãs — a colocarem em prática ações de apoio a outros imigrantes muçulmanos na superação dos obstáculos que ela vivenciou em sua assimilação à sociedade ocidental e na resistência à sedução do fundamentalismo. NAFISI, Azar. O que eu não contei. Traduzido por Mauro Pinheiro. Rio de Janeiro: Record, 2009. 378 p., il. Autora de Lendo Lolita em Teerã, Azar Nafisi, que mora nos Estados Unidos desde 1997, retorna à sua infância para narrar a história de sua família. O que eu não contei é uma profunda reflexão sobre as escolhas das mulheres, e sobre como Azar Nafisi achou a inspiração para levar uma vida diferente. Ao voltar no tempo para refletir sobre outras gerações dos Nafisi, o livro é também um vigoroso retrato de uma família que abrange vários períodos de mudanças que levaram à Revolução Islâmica em 1978-1979, transformando o amado Irã de Azar Nafisi numa ditadura religiosa. GALVÃO, Patrícia. Paixão Pagu: a autobiografia precoce de Patrícia Galvão. Organizado por Geraldo Galvão Ferraz. Rio de Janeiro: Agir, 2005. 160 p., il. Apesar de seu subtítulo, o livro explora uma longa carta-depoimento que Pagu escreveu ao jornalista e crítico Geraldo Ferraz. Ela revela detalhes de sua vida agitada como ativista política, escritora e jornalista, que a levou 23 vezes à prisão; além de relatar pormenores de sua vida sexual e do casamento com Oswald de Andrade — que deixou Tarsila do Amaral para ficar com ela. Esses temas são narrados com dura autoanálise e com o lancinante desejo de desvendar o que aconteceu com essa mulher revolucionária e singular.

GESSEN, Masha. Palavras quebrarão cimento: a paixão de Pussy Riot. Traduzido por Eni Rodrigues. São Paulo: Martins Fontes, 2016. 316 p. Em 21 de fevereiro de 2012, cinco moças entraram na Catedral do Cristo Salvador, em Moscou. Usando vestidos, leggings e balaclavas de cores vivas, elas apresentaram uma “oração punk”, suplicando à “Mãe de Deus” para “livrá-las de Putin”. Foram rapidamente interrompidas pela segurança do local, e, nas semanas e meses que se seguiram, três delas foram presas e julgadas, sendo que duas foram enviadas a colônias penais em locais remotos. No entanto, o incidente foi estampado em manchetes internacionais e seus vídeos se tornaram virais. Pessoas do mundo inteiro reconheceram não apenas a ferocidade de um ato de confrontação política, mas também uma inspirada obra de arte que, em um momento e local repletos de mentiras, encontrara uma nova maneira de manifestar a verdade.

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VARGAS LLOSA, Mario. O paraíso na outra esquina. Traduzido por Wladir Dupont. São Paulo: Arx, 2003. 494 p. A história, narrada por Vargas Llosa é baseada em fatos e personagens reais. Ele alterna a história de Flora Tristán, feminista e marxista, uma mulher muito à frente de seu tempo, com a de Paul Gauguin, seu neto, pintor famoso que descobriu tardiamente sua vocação artística. Os dois levam uma vida muito diferente, mas o objetivo a ser alcançado é um só: encontrar a felicidade e fazer com que todos ao redor tenham acesso a ela. Mas eles compreendem, com o passar do tempo, que isso não é fácil, principalmente devido às circunstâncias sociopolíticas da época, o final do século 19.

SATRAPI, Marjane. Persépolis. Traduzido por Paulo Werneck. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. 4 v. Marjane Satrapi tinha apenas dez anos quando se viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita — apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão do povo persa. Vinte e cinco anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que se transformou, Marjane emocionou leitores de todo o mundo com essa autobiografia em quadrinhos.

SASSON, Jean P. Princesa Sultana: sua vida, sua luta. Traduzido por Sylvio Deutsch, Therezinha Deutsch. Rio de Janeiro: Best Seller, 2004. 304 p. Completando a trilogia da princesa, em que a escritora Jean P. Sasson apresenta o depoimento de uma nobre árabe, Sultana, que nos primeiros livros relembra sua juventude e suas angústias como mãe, neste ela narra os acontecimentos de sua maturidade. Sentindose pouco importante para os filhos, distante do marido e impotente diante das injustiças que testemunha, ela quase sucumbe à depressão e ao alcoolismo. Ao presenciar cenas de horror e injustiça em todas as camadas sociais, Sultana sai do torpor e assume um corajoso compromisso de luta pela dignidade feminina no mundo árabe, o que pode lhe custar a própria vida.

MERNISSI, Fátima. Sonhos de transgressão: minha vida de menina num harém. Traduzido por Carlos Sussekind. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 280 p., il. Marrocos, década de 1940 — um país dividido entre práticas ancestrais e hábitos europeus revolucionários. Entre os muros altos de um harém, uma menina marroquina inicia lentamente seu aprendizado sobre a vida, as fronteiras que dividem o sagrado do profano, o masculino e o feminino. Misturando fábula e documento à maneira de uma Sherazade moderna, Fatima Mernissi, uma das grandes escritoras do mundo árabe, e também uma das mais ardentes defensoras dos direitos da mulher muçulmana, oferece uma visão nova, envolvente e desafiadora dos dilemas, complexidades e riquezas das milenares culturas islâmicas.

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ALI, Ayaan Hirsi. A virgem na jaula: um apelo à razão. Traduzido por Ivan Weisz Kuck. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. 224 p. Nascida na Somália, exilada na Arábia Saudita, Etiópia e no Quênia, Ayaan Hirsi Ali sobreviveu a culturas que tradicionalmente reservam um papel inferior às mulheres. Na Holanda, para onde fugiu depois de escapar de um casamento arranjado pela família, ela entrou em contato com as tristes histórias de outras vítimas, exiladas ou não, e viu, mesmo em países ocidentais, famílias muçulmanas que mantêm costumes e maus-tratos às mulheres. Neste livro, uma coleção de escritos que resume sua indignação e visão de uma política eficaz contra os abusos, Ayaan ataca a política oficial do Ocidente e o multiculturalismo como poucos ocidentais ousaram. Partidária do iluminismo ocidental, ela clama por um Voltaire para o mundo muçulmano e volta suas esperanças para os exilados: dos muçulmanos em países ocidentais é que pode, para Ayaan, vir o sopro de renovação que vai oxigenar as sociedades islâmicas e acabar com a rotina de humilhações, espancamentos e mutilação das mulheres. LEMASSON, Alexandra. Virginia Woolf. Traduzido por Ilana Heineberg. Porto Alegre: L&PM, 2011. 192 p. (L&PM pocket). Virginia Woolf (1882-1941), uma das mais prestigiadas romancistas de seu tempo, revolucionou o mundo literário do século 20 ao escrever sobre a mulher na sociedade; seus livros também tratam da questão homoafetiva. Ela fundou, com o marido, uma das mais influentes editoras britânicas do século 20, a Hogarth Press, que se notabilizou por publicar autores como Katherine Mansfield e Freud. Foi na casa de Virginia, ainda, que aconteceram as primeiras reuniões do famoso grupo de Bloomsbury, que influenciaria a intelectualidade da época. A autora de Mrs. Dalloway viveu e escreveu suas obras atormentada por alucinações e sucessivas crises depressivas. Em março de 1941, decidiu abreviar sua vida deixando-se levar pelas águas geladas do Rio Ouse. FURLANI, Lúcia Maria Teixeira; FERRAZ, Geraldo Galvão. Viva Pagu: fotobiografia de Patrícia Galvão. São Paulo: Imprensa Oficial, 2010. 348 p., il. O livro Viva Pagu: fotobiografia de Patrícia Galvão retraça a trajetória de Patrícia Galvão a partir de materiais iconográficos e documentos. A obra tem fotos, desenhos e cartas, além de textos como Microcosmo, que ela escreveu na prisão, em 1939, e duas peças teatrais — Parque industrial e Fuga e variações. Esta fotobiografia busca recuperar as oscilações de uma vida tumultuada e contraditória, ao destacar a intensidade com que Pagu abraçou diversas causas.

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Audiovisuais A CASA e o mundo. Direção: Satyajit Ray. Índia, 1984. 1 DVD (140 min), NTSC, son., legendado, dolby digital 5.1, color. Bengala Ocidental, início do século 20. A linda e jovem Bimala recorda os acontecimentos que mudaram sua visão de mundo. Seu marido, proprietário de terras culto criado no Ocidente, desafiou a tradição e decidiu educá-la e fazer com que saísse do isolamento ancestral das mulheres casadas da época, para a consternação de seus parentes mais conservadores. Assim, Bimala participa das reuniões de seu marido com um amigo e líder da rebelião contra os britânicos, e acaba por aderir à causa da independência. O filme é uma adaptação do livro de Rabindranath Tagore.

COCO antes de Chanel. Direção: Anne Fontaine. França, 2009. 1 DVD (105 min), NTSC, son., legendado, color. De sua origem humilde em um orfanato na França até as extravagâncias da alta sociedade parisiense, o espírito criativo e indômito de Chanel se expressou por meio da música, de sua rebeldia social e, principalmente, da moda. Determinada a criar uma vida independente para si própria, Coco Chanel desafiou as convenções sociais com o seu excepcional olho para a moda e tornou-se ícone inconteste para as mulheres modernas de todo o mundo.

A DAMA de ferro. Direção: Phyllida Lloyd. Estados Unidos, 2011. 1 DVD (105 min), NTSC, son., legendado, color. O filme conta a história de Margaret Tatcher, uma mulher que “esmagou” as barreiras de gênero e classe social para ser ouvida em um mundo dominado pelos homens. Este longametragem relata o poder e o preço que a primeira-ministra britânica teve que pagar por seu pulso forte. É um surpreendente e íntimo retrato de uma mulher extraordinária e complexa.

ERIN Brockovich: uma mulher de talento. Direção: Steven Soderbergh. Estados Unidos, 2000. 1 DVD (131 min), NTSC, son., legendado, color. Cinebiografia de Erin, uma mulher que, em meio a uma separação, à penúria e às extremas dificuldades para criar, sozinha, os três filhos pequenos, consegue um emprego em uma firma de advocacia. Neste ofício, a protagonista enfrenta uma empresa multimilionária que polui as águas de uma pequena cidade da Califórnia, provocando câncer em seus moradores. Apesar de não ter estudado Direito, Erin empenhou-se tanto no caso que sua vitória nos tribunais surpreendeu os Estados Unidos.

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FEMINICES. Direção: Domingos Oliveira. Brasil, 2005. 1 DVD (72 min), NTSC, son., color. O filme acompanha uma tarde na vida de quatro atrizes na faixa dos 40 anos, que se juntam para redigir um texto de teatro. O título, Confissões das mulheres de 40, desperta certa desconfiança no diretor da peça, que argumenta que as mulheres nessa faixa etária não fazem qualquer tipo de confissão. Esse embate é permeado pela preocupação com os maridos e filhos e com o envelhecimento, dentre outros assuntos, que se fundem em um quase documentário sobre o comportamento feminino. Baseado na peça Confissões das mulheres de 40, de Clarice Niskier.

A FONTE das mulheres. Direção: Radu Mihaileanu. Bélgica : França : Itália, 2011. 1 DVD (125 min), NTSC, son., legendado, dolby digital 5.1, color. A história se passa nos tempos atuais, em uma pequena aldeia em algum lugar entre o norte da África e o Oriente Médio. As mulheres buscam água de uma nascente no topo de uma montanha sob o sol escaldante, e o fazem desde o início dos tempos. Leila, uma jovem noiva, instiga as outras mulheres a lançarem uma greve de amor: sem mais abraços, sem mais sexo, até que os homens levem água para a aldeia.

FRIDA. Direção: Julie Taymor. Estados Unidos, 2002. 1 DVD (123 min), NTSC, son., legendado, dolby digital 2.0, color. De sua relação complexa e duradoura com seu mentor e marido, Diego Rivera, a seu controverso e ilícito caso com Leon Trotsky e seus provocantes envolvimentos românticos com outras mulheres, Frida Kahlo levou uma vida intensa e sem limites como uma revolucionária política, artística e sexual. O filme é a história da vida que ela compartilhou abertamente e sem medos com Rivera, com quem ela revolucionou o mundo artístico.

GAROTAS. Direção: Céline Sciamma. França, 2014. 1 DVD (112 min), son., legendado, dolby digital 5.1, color. Marieme é uma menina de 16 anos que vive cercada de proibições: a censura do bairro, a lei dos meninos, os impasses da escola. Entretanto, as coisas parecem mudar quando ela se junta a uma gangue de garotas de sua vizinhança que resolveu lutar por sua própria liberdade. Isso faz com que Marieme mude o jeito de se vestir, seu comportamento e até que saia da escola. Com elas, a jovem aprende, de fato, a aproveitar sua juventude, mas descobre que o caminho mais fácil nem sempre é a melhor opção.

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HISTÓRIAS cruzadas. Direção: Tate Taylor. Estados Unidos : Índia : Emirados Árabes Unidos, 2011. 1 DVD (146 min), NTSC, son., legendado, dolby digital 5.1, color. Eugenia 'Skeeter' Phelan, jovem que acabou de se graduar e quer virar escritora, encontra a resistência da mãe, que deseja vê-la casada. Para escrever sobre o que a incomoda, 'Skeeter' encontra um tema na vida de duas mulheres negras — Aibileen, empregada que já ajudou a criar 17 crianças brancas, mas chora a perda do próprio filho, e Minny, cozinheira de mão cheia que não arruma emprego porque não leva desaforo dos patrões para casa. O filme é um olhar sobre o que acontece quando regras e comportamentos de uma cidade do sul dos Estados Unidos são questionados por três mulheres corajosas que iniciam essa improvável amizade. Baseado no romance A resposta, de Kathryn Stockett.

AS HORAS. Direção: Stephen Daldry. Estados Unidos, 2002. 1 DVD (115 min), NTSC, son., legendado, dolby digital 2.0, color. Em três épocas diferentes, três mulheres se encontram ligadas de alguma forma ao livro Ms. Dalloway, uma das obras-primas da escritora inglesa Virginia Woolf. Uma delas, a própria Woolf, se vê enclausurada por uma depressão e pela incompreensão de todos à sua volta. Por meio da literatura, ela expressa a inconformidade com a sociedade que a cerca. As outras duas mulheres — a dona de casa Laura Brown, nos anos 1940, e a editora Clarissa Vaughan, nos dias de hoje — se relacionam com o livro de formas diferentes, mas sempre iluminando a história de Clarissa Dalloway, protagonista da obra, com suas próprias vivências e anseios como mulheres. ROSTAMI-POVEY, Elaheh. Mulheres afegãs: relatos de vida e luta pela igualdade feminina na cultura muçulmana. Narração de Valma Ruggeri. Traduzido por Michelle Jacques. Curitiba: Nossa Cultura, 2009. 1 CD MP3 (5 h 36 min), estéreo. Nos anos de opressão do Talibã, durante a invasão das forças americanas e a constante insurgência, às mulheres no Afeganistão sempre coube um papel simbólico. Mulheres afegãs conta como elas têm enfrentado a repressão e desafiado a imagem estereotipada criada em torno delas, seja no Afeganistão ou em outros países para onde têm migrado, como o Irã, Paquistão, os Estados Unidos e a Inglaterra. Rostami-Povey analisa temas como a violência gerada pelo regime Talibã, e o impacto do ataque de 11 de setembro, até o papel das ONGs nas questões femininas e o crescimento do mercado de ópio na economia daquele país, e apresenta uma imagem da vida dessas mulheres. A autora reflete, ainda, sobre o futuro dos direitos delas no Afeganistão, que não depende somente da superação da dominação masculina local, mas também da dominação imperial, que ameaça tornar menos nítido o crescente vazio entre o Ocidente e o mundo muçulmano. MULHERES do Brasil. Direção: Malu De Martino. Brasil, 2006. 1 DVD (111 min), NTSC, son., dolby digital 5.1, color. Conheça as histórias de cinco mulheres brasileiras, vindas de diferentes partes do país — e toda a sua luta, alegria e esperança que, em algum momento, acabam se cruzando no meio do caminho. São trajetórias que poderiam muito bem representar as histórias de muitas outras brasileiras. Humor, charme e sensualidade num filme divertido e emocionante sobre o cotidiano da mulher.

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O OLMO e a gaivota. Direção: Petra Costa, Lea Glob. França : Dinamarca : Brasil : Portugal, 2015. 1 DVD (82 min), son., legendado, dolby digital 5.1, color. Olívia é uma atriz que está ensaiando a peça A gaivota, de Anton Tchekov, quando descobre que está grávida. Enquanto a produção avança, o bebê dentro dela cresce e um acidente a afasta da montagem, que tem seu companheiro como protagonista. De repouso em casa por semanas, ela lida com as bruscas mudanças em sua rotina, seu corpo e sua vida em geral. Entre o documental e a ficção, a história escancara as dores e o sofrimento da gestação do ponto de vista da mulher.

ORGULHO e preconceito. Direção: Joe Wright. Estados Unidos : Grã Bretanha, 2005. 1 DVD (127 min), NTSC, son., legendado, dolby digital 5.1, color. Inglaterra, 1797. As cinco irmãs Bennet foram criadas por uma mãe obcecada em encontrar para elas maridos que garantissem seus futuros. Porém, Elizabeth deseja ter uma vida mais ampla, em vez de apenas se dedicar ao esposo. O título da obra está relacionado a como seus protagonistas se conheceram; Elizabeth e Fitzwilliam Darcy tiveram uma péssima primeira impressão mútua, mas, ao superarem não só os próprios orgulhos e preconceitos, como também os da própria sociedade, passaram a enxergar como ambos realmente são. O feminismo é um tema constante na obra, pois as personagens femininas são independentes, e a submissão das mulheres é tratada com muito desprezo – algo incomum e revolucionário na época. A NÚMERO um. Direção: Tonie Marshall. França : Bélgica, 2017. 1 DVD (110 min), son., legendado, dolby digital 5.1, color. Emmanuelle Blachey é uma brilhante e determinada engenheira que subiu na hierarquia da sua empresa, uma gigante francesa de energia, para o comitê executivo. Um dia, uma rede de mulheres influentes pede para ajudá-la a ser a chefe de uma das maiores empresas da França. Seria a primeira mulher a ocupar tal função. Mas em áreas ainda amplamente dominadas por homens, as barreiras à natureza profissional e privada se multiplicam. A conquista promete ser emocionante, uma guerra de verdade.

PERSÉPOLIS. Direção: Marjane Satrapi, Vincent Paronnaud. França : Estados Unidos, 2007. 1 DVD (95 min), NTSC, son., legendado, dolby digital, color. Ganhador de muitos prêmios internacionais, Persépolis conta a história de Marjane, uma jovem que cresceu no Irã durante a Revolução Islâmica. É por meio dos olhos precoces e sinceros de uma menina de nove anos que vemos as esperanças de um povo golpeado pela tomada do poder pelos fundamentalistas — que obrigam as mulheres a usarem o véu e encarceram milhares de opositores. Marjane cresce e vai estudar em uma escola de Arte, na França. Sem esquecer o que está acontecendo na sua terra natal, ela dá a volta por cima.

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SIMONE de Beauvoir e o feminismo. São Paulo: Versátil Home Vídeo, 2016. 1 DVD (142 min), NTSC, son., legendado, color. Três documentários inéditos com raras entrevistas com a filósofa, escritora e ativista política francesa Simone de Beauvoir (1908-1986). Simone de Beauvoir e o feminismo apresenta o panorama da vida e da obra dessa pensadora essencial de nosso tempo em suas mais diversas facetas: o existencialismo, a relação com Jean-Paul Sartre, o ativismo político, o feminismo, os romances e a análise sociológica.

O SONHO de Wadjda. Direção: Haifaa Al Mansour. Arábia Saudita : Alemanha, 2012. 1 DVD (98 min), son., legendado, dolby digital 2.0, color. Wadjda é uma menina de 12 anos que mora no subúrbio de Riad, capital da Arábia Saudita. Embora ela viva em uma cultura conservadora, Wadjda é uma garota cheia de vida, que usa calça jeans, tênis, escuta rock’n roll e deseja apenas uma coisa: comprar uma bicicleta para poder disputar uma corrida com seu melhor amigo, Abdallah. Mas em uma sociedade que diz que as bicicletas são apenas para os meninos porque podem ser perigosas para a virtude das meninas, ela enfrentará muitas dificuldades para realizar seu sonho.

O SORRISO de Monalisa. Direção: Mike Newell. Estados Unidos, 2003. 1 DVD (119 min), NTSC, son., legendado, dolby digital 5.1, color. O filme recria a atmosfera e os costumes do início da década de 1950 e conta a história de uma professora de arte que, educada na liberal Universidade de Berkeley, Califórnia, enfrenta uma escola feminina, tradicionalista. Na Wellesley College, as melhores e mais brilhantes jovens dos Estados Unidos recebem uma dispendiosa educação para se transformarem em cultas esposas e responsáveis mães. Na obra, a professora vai tentar abrir a mente de suas alunas para um pensamento liberal, ao enfrentar a administração da escola e as próprias garotas.

AS SUFRAGISTAS. Direção: Sarah Gavron. Grã Bretanha : França, 2015. 1 DVD (107 min), NTSC, son., legendado, dolby digital 5.1, color. No início do século 20, após décadas de manifestações pacíficas, as mulheres ainda não possuem o direito de voto no Reino Unido. Um grupo militante decide coordenar atos de insubordinação, quebrando vidraças e explodindo caixas de correio, para chamar atenção dos políticos locais à causa. Maud Watts, sem formação política, descobre o movimento e passa a cooperar com as novas feministas. Ela enfrenta grande pressão da polícia e dos familiares para voltar ao lar e se sujeitar à opressão masculina, mas decide que o combate pela igualdade de direitos merece alguns sacrifícios.

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THELMA & Louise. Direção: Ridley Scott. Estados Unidos, 1991. 1 DVD (129 min), NTSC, son., legendado, dolby digital 5.1, color. A quarentona Louise Sawyer e a dona de casa Thelma estão cansadas da vida monótona que levam. Juntas, elas partem furtivamente em um Thunderbird 66 conversível para uma pescaria de três dias. No entanto, as coisas não acontecem exatamente como elas haviam planejado. Um encontro com um bêbado, desbocado e com ares de estuprador, transforma essa “fugidinha de fim de semana” em uma fuga pelo país que muda suas vidas para sempre.

TERRA fria. Direção: Niki Caro. Estados Unidos, 2005. 1 DVD (126 min), son., legendado, dolby digital 5.1, color. O que Josey Aimes mais quer é um trabalho decente para que possa trazer comida para casa e criar bem seus filhos. Mas o que ela consegue, na verdade, é ser ameaçada, insultada, cobiçada, desprezada, atacada e chamada dos piores nomes. “Encare isso como homem”, lhe diz seu chefe machista. Em vez disso, ela encara tudo como um ser humano – e contra-ataca. Charlize Theron interpreta Josey, protagonista da história desconfortavelmente verdadeira de uma mulher que quebrou a barreira da discriminação sexual ao trabalhar nas insalubres minas de ferro de Minnesota, nos Estados Unidos. Além disso, a protagonista quebrou barreiras legais, movendo a primeira ação trabalhista por assédio sexual da nação.

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Revista Ler março

Fontes BONI, Gabriela. A evolução do feminismo no cenário mundial. Revista Jus Navigandi. Teresina, 23 abr. 2015. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/38447/a-evolucao-do-feminismo-no-cenario-mundial>. Acesso em 12 fev. 2019. D’ÂNGELO, Helô. Quem foi Mary Wollstonecraft, autora dos documentos fundadores do feminismo. CULT: revista brasileira de cultura. São Paulo, 5 set. 2017. Disponível em: <https://revistacult.uol. com.br/home/mary-wollstonecraft-220-anos-de-morte/>. Acesso em: 25 fev. 2019. FRIKLADNICKI, Fábio. O papel do homem no feminismo é se desconstruir, diz Heloísa Buarque de Holanda. Geledés: Instituto da Mulher Negra. São Paulo, 11 abr. 2018. Disponível em:<https:// www.geledes.org.br/o-papel-do-homem-no-feminismo-e-se-desconstruir-diz-heloisa-buarque-de-hollanda/>. Acesso em: 25 fev.2019. GASPAR, Ana Filipa. O defensor das mulheres. Publico. Lisboa, 1 jun. 2018. Disponível em: <https:// www.publico.pt/2008/06/01/jornal/o-defensor-das-mulheres-263321#gs.NCv9WNkS>. Acesso em: 25 fev. 2019. . Ideologias políticas 2: do feminismo ao multiculHEYWOOD, Andrew. Feminismo. In: turalismo. Revisão de Isabel de Assis Ribeiro de Oliveira. Traduzido por Janaína Marcoantonio, Mariane Janikian. São Paulo: Ática, 2010. 144 p. p. 21-43 (Fundamentos). MONTEIRO, Gabriela. O que é feminismo. Superinteressante. São Paulo, Editora Abril, 31 ago. 2018. Disponível em: <https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-feminismo/>. Acesso em: 25 fev.2019. Questão do mundo estranho MUND, Sarah. Vivemos no pós-feminismo? Revista Azmina. São Paulo, 29 mar. 2017. Disponível em: <https://azmina.com.br/colunas/vivemos-no-pos-feminismo/>. Acesso em: 13 fev. 2019. O QUE são as ondas do feminismo? QG Feminista. 07 mar. 2018. Disponível em: <https://medium. com/qg-feminista/o-que-s%C3%A3o-as-ondas-do-feminismo-eeed092dae3a>. Acesso em: 12 fev. 2019. FRIKLADNICKI, Fábio. O papel do homem no feminismo é se desconstruir, diz Heloísa Buarque de Holanda. Geledés: Instituto da Mulher Negra. 11 abr. 2018. Disponível em:<https://www.geledes.org.br/o-papel-do-homem-no-feminismo-e-se-desconstruir-diz-heloisa-buarque-de-hollanda/>. Acesso em: 26/02019. TRAMONTINA, Mariana. Liberdade, igualdade, fraternidade. UOL TAB. Disponível em: <https:// tab.uol.com.br/feminismo/>. Acesso em: 26 fev. 2019. 30


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AGRADECIMENTO PELAS DOAÇÕES Ana Lúcia Faria e Silva Azevedo do Amaral Andréa Luize Celso Mendes Christiane Joseph Khatchadourian Claudia Cavalcanti Edna Ramos Pessel Mendes Giselda Beatriz Bueno do Prado Luciana Hubner Márcia Godoy Gowdak Mirella de Castro Marins Monica Reiche Paula Monteiro de Carmargo Regina Scarpa Renata Blois Tatiana Fecchio Gonçalves



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